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Políticas Públicas Voltadas para

o Controle Do Tabagismo E
Álcool
Dra. Phallcha Luízar Obregón
Cascavel, 2024
Tabaco

• Doença crônica causada pela dependência da nicotina presente nos produtos à


base de tabaco.

• Integra o grupo e transtornos mentais e comportamentais, uma vez que a nicotina


é uma substância psicoativa

• É considerado como um problema de Saúde Pública (OMS).


Tabaco
• A OMS estima:

• Um terço da população mundial adulta seja fumante, observando-se um


predomínio em adultos e mulheres.
• Maior causa evitável isolada de morbimortalidade precoce no mundo

• Mortalidade atribuídas ao tabaco:

• No mundo: mais de 8 milhões de pessoas por ano

• No Brasil: 161.853/dia

• No Brasil (2001): prevalência do uso diário de tabaco, é 17,4% da população e


a dependência foi 11,3% na faixa etária de 35 anos ou mais
Tabagismo nas Américas
• Mata uma pessoa a cada quatro segundos no mundo e
• uma pessoa a cada 34 segundos nas Américas.

• Tabaco e saúde pulmonar nas Américas em números:


 O câncer de pulmão é o terceiro tipo de câncer mais comum, com 342.518 novos casos
registrados em 2018.
 O câncer de pulmão é o tipo de câncer que mais causa morte; 65% das mortes causadas por câncer
de traqueia, brônquios e pulmão são atribuíveis ao consumo de tabaco.
 Mais de 93 mil mortes são causadas pela exposição ao fumo passivo.
 Quase metade das mortes por DPOC são atribuíveis ao consumo de tabaco e 5% ao fumo passivo.
 Em 2017, foram registrados 243 mil novos casos de TB. Cerca de 15% das mortes pela doença
são atribuíveis ao tabagismo.
 No mesmo ano, quase 13 mil pessoas morreram por asma. Aproximadamente, 12% dessas mortes
foram devidas ao consumo de tabaco.
Tabaco

• O tabaco mata até metade de seus usuários.


• O tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas a cada ano.
• Mais de 7 milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco,
• Cerca de 1,2 milhão são resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
• Quase 80% dos 1,1 bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e
média renda.
O fumo passivo mata
• Não existe um nível seguro de exposição passiva à fumaça do tabaco.

• O fumo passivo causa:


• Em adultos, doenças cardiovasculares e respiratórias, incluindo doença
coronariana e câncer de pulmão.
• Nos bebês, pode causar morte súbita.
• Em mulheres grávidas, provoca baixo peso do bebê no nascimento.

• Quase metade das crianças respiram regularmente ar poluído pela fumaça do


tabaco em locais públicos.

• A cada ano, 65 mil crianças morrem de doenças atribuíveis ao fumo passivo.


CONAD
Políticas públicas de controle do Tabaco no Brasil

• 1981 – criação da Comissão Para Estudos Das Consequências Do Fumo

• 1988 - Constituição Federal: a publicidade do tabaco estaria sujeita a restrições


legais e conteria advertências sobre os malefícios do tabagismo.

• 1999 – Comissão Nacional de controle do tabaco durante a negociação da


Convenção Quadro para o controle do tabaco – CQTC, da OMS

• 2003 – CQTC no Brasil tornou-se política de estado

• Vigente: CONAD – Conselho Nacional de políticas sobre drogas


Plano Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT)
Ministério da Saúde

PNCT

Ações educativas Ações legislativas Ações econômicas

• Estratégias (4 grupos)
• Prevenção da iniciação do tabagismo – crianças e adolescentes
• Ações para estimular os fumantes a deixarem de fumar
• Medidas de proteção a saúde dos não fumantes da exposição à fumaça do
tabaco em ambientes fechados
• Medidas que regulam os produtos de tabaco e sua comercialização
Plano Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT)
Ministério da Saúde
• Ações de âmbito legislativo e Econômico
• Leis relacionadas ao controle do tabagismo
• Sensibilizar assessores legislativos para a criação de leis voltadas para o
controle do tabagismo
• Articular mecanismos que possibilitem a fiscalização

• No âmbito econômico
• Política tributária e de preços e agrícolas
Legislação federal segundo temas
1. Proteção contra riscos da exposição à poluição tabagística ambiental
2. Prevenção a acidentes de trânsito
3. Restrição ao acesso dos produtos derivados do tabaco
4. Proteção aos jovens
5. Tratamento de apoio ao fumante
6. Publicidade e patrocínio dos produtos derivados do tabaco
7. Disseminação e informação ao público
8. Controle e fiscalização dos produtos derivados do tabaco
9. Convenção-Quadro para o controle do tabaco
10. Financiamento à cultura do tabaco
11. Taxação sobre os produtos de tabaco
12. Medidas para conter o mercado ilegal de cigarros
Plano Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT)
Ministério da Saúde
Ações educativas
1a. campanhas e disseminação da mídia
• o Programa Comunidade livre de Tabaco
• Dia Mundial sem tabaco (31 de maio)
• Dia Nacional de combate ao fumo (29 de agosto)
• Esporte sem cigarro é mais radical
• Arte sem cigarro é um show
2a. Ações informativas/educativas contínuas
• Controle do tabagismo em ambientes de trabalho
• Controle do tabagismo em Escolas – Saber saúde
• Controle do tabagismo em Unidades de Saúde – Programa saúde e coerência
Plano Nacional de Controle do tabagismo (PNCT)
Ministério da Saúde
• 2c. Programa Cessação de fumar
• Divulgação de métodos eficazes para a cessação de fumar (campanhas, mídia, serviço
gratuito de telefonia; internet)
• Capacitação de profissionais de saúde para apoio a cessação de fumar: Módulo
Ajudando seu Paciente a Deixar de Fumar; Abordagem Intensiva ou Formal –
• Inserção do atendimento para cessação de fumar na rede do Sistema Único de Saúde
(SUS) – Portaria 1575/2002 do Ministério da Saúde
• Implantação de ambulatórios para tratamento do fumante na rede SUS.
• Mapeamento dos centros de referência para atendimento ao fumante no serviço de
discagem gratuita do Ministério da Saúde, Disque Pare de Fumar.
• Articulação com outros Programas como o Programa de Saúde da Família (PSF) e
Agentes Comunitários (PACs)
• 2d. A integração do Programa em nível Nacional – INCA (Instituto Nacional de
Câncer)
Plano Nacional de Controle do tabagismo (PNCT)
Ministério da Saúde

• 2e. Parcerias com a sociedade civil organizada (organizações governamentais e


não governamentais, sociedades científicas e conselhos profissionais)
• 2f. Ação multissetorial para o controle do tabagismo (setores governamentais
como, Fazenda, Agricultura, Desenvolvimento agrário, Trabalho e Emprego e
Justiça, entre outros.
Medidas MPOWER no Brasil
• Monitorar o uso de tabaco e políticas de Prevenção
• Proteger a população contra a fumaça do tabaco
• Oferecer ajuda para cessação do fumo
• Advertir sobre os perigos do tabaco
• Fazer cumprir as proibições sobre publicidade, promoção e patrocínio
• Aumentar os impostos sobre o tabaco
• Uso de tabaco no Brasil está em declínio
Uso de tabaco no Brasil está em declínio

• Resultado de uma forte política de controle do tabagismo com enfoque


multisetorial.
• Prevalência do tabagismo 1989 e 2008 caiu de 35% para 18,5%.
• A prevalência do tabagismo entre os jovens permanece estável em torno de 5%
para ambos os sexos e a taxa de experimentação em torno de 19% para meninos e
17% para meninas.
• O consumo de cigarros também diminuiu de 812 cigarros por ano em 2006 para
500 cigarros por ano em 2013
Tendências do uso do Tabaco no Brasil

• Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) indica:


• Em 2013 a prevalência de tabagismo foi 14,9%.
• Em 2019 a prevalência de tabagismo foi 12,6% e o percentual de fumantes
passivos de 9,2%.
• Comparativo entre os dois períodos, é possível observar uma redução de 2,1
pontos percentuais.

• A maior prevalência de usuários de tabaco ocorreu na região Sul do país, com


16% e 14,7%, respectivamente.
Ações de controle e Tabagismo (Pes. Nac. de Saúde)
Prevalência do Tabagismo (Pes. Nac. de Saúde)
Série histórica de prevalência do Tabagismo no Brasil (Vigitel)
Tabaco – breve história
• O cultivo iniciou na América em 6.000 a.C
• Índios da América fumavam e usavam enemas de tabaco.
• Europa: Colombo (1492) levou as primeiras folhas e sementes
• Europa uso para dor de dente, unhas fracas, verminose, halitose e câncer
• Em 1881 invenção da máquina de fazer cigarros.
• Em 1951 Doll e Hill – estudo caso-controle sobre a relação entre tabagismo e
câncer de pulmão
• Em 1981 Hirayama comprova a associação de tabagismo passivo e câncer de
pulmão
• Em 2003 a OMS identifica a expansão do consumo do tabaco como um
problema global e adotam (192 países) a Convenção- Quadro para o controle
do Tabaco.
Tabaco

É fator de risco para o desenvolvimento de mais de 50 doenças e responsável por

200 mil mortes por ano no Brasil


Doenças relacionadas ao tabagismo

• D. respiratórias: DPOC, asma, doenças pulmonares intersticiais (histiocitose X,


fibrose pulmonar idiopática, pneumonite intersticial descamativa)
• D. cardiovasculares: doença arterial coronariana, doença arterial obstrutiva
crônica periférica, tromboangeíte obliterante.
• D. cerebrovasculares: acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi)e hemorrágico
(AVCh)
• D. neoplásicas: câncer de pulmão, de cavidade oral, de laringe, de trato
gastrintestinal, renal, de bexiga e de pâncreas e leucemia mieloide.
Doenças relacionadas ao tabagismo
• D. gastrintestinais: úlcera péptica, doença de Chron, cirrose biliar primária.
• D. do sistema endócrino: diabetes melito, osteoporose, impotência sexual
• D. renais: insuficiência renal crônica

• Gestante - maior risco de


• abortamento espontâneo,
• gravidez ectópica,
• restrição do crescimento intrauterino,
• insuficiência placentária,
• placenta prévia,
• descolamento prematuro de placenta,
• prematuridade,
• baixo peso ao nascer e
• natimortalidade.
Outros problemas relacionados ao tabagismo

• psoríase; Dismenorreia e infertilidade ocorre mais


• catarata; entre fumantes.
• leucoplasia;
Em homens maior risco de câncer de
• gengivite; próstata e o prejuízo ao desempenho sexual
• periodontite;
• dentes manchados;
• dedos amarelados;
• envelhecimento precoce
Causas para fumar: prazer, dependência e hábito
Dependência da Nicotina Hábito: associa o cigarro a determinadas situações do seu cotidiano

Prazer e dependência: relacionados a propriedades químicas da nicotina

Aspectos neuroquímicos e comportamentais da dependência da nicotina


Condicionamentos

Para um fumante de 20 cigarros ao dia, trago por trago, 70.000 vezes ao


ano, o prazer decorrente do uso da nicotina é ligado ao cheiro do cigarro,
ao pacote de cigarro, barulho do isqueiro etc.

Situações do dia-a-dia passam a agir como gatilhos para o uso da nicotina.


Tomar um café ou refeições copiosas passam a ser fatores desencadeantes
de uma forte vontade de fumar.
Os gatilhos podem ser externos (situacionais) ou internos (emoções e
pensamentos).
Nicotino-dependência

• O tabagismo foi considerado, por muito tempo, como um hábito social


aprendido e uma escolha pessoal.

• Em 1988, através do relatório do Departamento de Saúde dos Estados


Unidos da América, apontou:
• o tabagismo é a manifestação primária da dependência à nicotina, droga
presente no tabaco, e que os processos farmacológicos e
comportamentais que o determinam são similares àqueles envolvidos na
dependência de outras drogas, como a heroína e a cocaína.
Formas de uso do tabaco
• Os Cigarros de papel (96%) – fumaça inalada é absorvida nos pulmões.
• Os Charutos, cigarrillas e cachimbos – absorção pela mucosa oral
• Os Cigarros de palha – risco aumentado para neoplasias de boca,
laringe, faringe, pulmão e esôfago.
• O narguilé ou hookah – causa dependência
• Bidis são cigarros enrolados a mão – liberam quantidade maior de
alcatrão e monóxido de carbono.
• Os kreteks ou gudan-garan (mistura de tabaco e cravos)– contém o
eugenol, substância com efeitos anestésicos

O narguilé, bidis e kreteks muitas vezes são usados pelos jovens


Componentes da fumaça do tabaco

• Foram identificadas mais de 4.700 substâncias tóxicas


• A fumaça do cigarro pode ser dividida em:
• Fase particulada: alcatrão (alumínio, arsênico, cálcio, cobre, substâncias
carcinogênicas, entre outros

• Fase gasosa: monóxido de carbono

• A fumaça gerada durante a aspiração é chamada de corrente principal.


A fumaça da ponta do cigarro é chamada de corrente secundária.
• A corrente secundária apresenta três vezes mais nicotina, alcatrão e
monóxido de carbono, mas dissipa-se no ambiente.
Neurofarmacologia da nicotina

• A queima do tabaco libera nicotina


• No SNC leva a liberação de neurotransmissores como:
• Serotonina – diminui a ansiedade
• Acetilcolina - melhora a memória
• Noradrenalina - estado de alerta, melhora da atenção, aumento da frequência
cardíaca e pulso
• Dopamina – prazer, euforia

• A metabolização da nicotina ocorre principalmente no fígado e a meia-


vida de eliminação da nicotina é de aproximadamente 2 horas
Tolerância e abstinência

• Tolerância a um substância pode ser definida como a diminuição dos


efeitos físicos e psicológicos a uma mesma dose ao longo do tempo, ou a
necessidade de doses crescentes para obter os mesmos efeitos.

• Síndrome de abstinência da nicotina: é o aparecimento de sinais e


sintomas quando há interrupção no uso do tabaco, ou quando há
diminuição do consumo em 50%.
• A síndrome de abstinência se instala aproximadamente 8 horas após o
último cigarro, atingindo pico com72 horas de abstinência.
• Ela é marcada por:
 desejo forte e persistente de fumar;
 humor deprimido;
 insônia ou sonolência diurna;
 irritabilidade, frustração ou raiva;
 ansiedade, dificuldade de concentrar-se, inquietação;
 diminuição da frequência cardíaca e pressão arterial;
 aumento do apetite e/ou ganho de peso

A maioria dos sintomas da crise de abstinência persiste por 3 a 4 semanas;


entretanto, o desejo de fumar, especialmente se aliado a condicionamentos,
pode durar por alguns meses
Fases motivacionais no Tabagismo
Fase Descrição
1. Pré-contemplação O paciente não pensa em parar de fumar; embora ciente dos riscos
relacionados ao tabagismo, pode minimizá-los ou considerar-se imune
aos mesmos. Alguns consideram o aconselhamento ofensa pessoal

2. Contemplação O paciente pensa em parar de fumar algum dia na vida; nesta fase o
tabagista ora quer – motivado pelos benefícios da cessação – e ora não
quer parar de fumar – desmotivado pelo sentimento de perda ou
“barreiras” para realizar uma tentativa. Gostaria de parar nos próximos 6
meses, mas tem dificuldade de marcar uma data

3. Preparação O paciente pensa em marcar uma data, mas ainda não tem uma definida;
se prepara para realizar uma tentativa, troca de marca, procura ajuda em
profissionais de saúde, busca informações, toma atitudes em direção a
parar de fumar
Fases motivacionais no Tabagismo
Fase Descrição
4. Pronto para a ação O paciente quer parar nas próximas 4 semanas.
5. Manutenção O paciente parou de fumar.
6. Recaída O paciente parou de fumar mas recaiu. Essa fase caracteriza-se pelo uso
regular de cigarros, e o paciente encontra-se em fase motivacional
anterior, na maioria das vezes na fase contemplativa. É importante
diferenciar essa fase de lapso, que é o uso pontual, geralmente o
paciente se dá conta do risco que correu e fica frustrado com o que
aconteceu. Investigar o cenário da recaída e suas causas é fundamental
para elaborar o plano de uma nova tentativa
Abordagem breve do tabagismo

• Todo médico ou membro da equipe de saúde deve realizar uma abordagem breve
sobre o tabagismo, conhecida como os “5 As”, ou PAAPA em português.
• Essa estratégia rápida, com duração de 3 a 5 minutos, consiste em um importante
pilar para o tratamento do tabagismo.
• Uma metanálise evidenciou que seu uso aumenta as taxas de cessação em 70%
Avaliação do grau de nicotino-dependência .

Quanto maior a
pontuação, maior o
grau de dependência

Pontuação
De 0 a 4 : dependência leve
De 5 a 7: dependência moderada
DE 8 a10: dependência grave
Abordagem da cessação do tabagismo

• Aproximadamente metade dos fumantes tenta parar de fumar a cada ano; no entanto,
a taxa de abstinência espontânea é de apenas 1%.
• O simples conselho médico para deixar de fumar aumenta essa taxa para 3%.
• Pacientes que recebem suporte e tratamento adequados, esse índice pode chegar a
30%.
• O primeiro passo para o tratamento do tabagismo é sua identificação.

• Essa avaliação deve ser encarada como um “sinal vital” e ser realizada em toda
visita do paciente. Apenas essa simples prática de anotar rotineiramente o status do
uso de tabaco do paciente dobra a chance de cessação.
Parar de fumar e seus benefícios à saúde
• 1 - Há benefícios de saúde imediatos e de longo prazo para as pessoas que param de
fumar.
• Dentro de 20 minutos, o ritmo cardíaco e a pressão arterial baixam.
• Em 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue cai para o normal.
• De duas a 12 semanas, a circulação sanguínea melhora e a função pulmonar aumenta.
• Entre um a nove meses, a tosse e a falta de ar diminuem.
• Em um ano, o risco de desenvolver uma doença coronariana cai pela metade (em relação a um
fumante).
• Em cinco anos, o risco de ter um acidente vascular cerebral é reduzido ao de um não fumante –
cinco a 15 anos após parar de fumar.
• Em 10 anos, o risco de câncer de pulmão cai para cerca de metade em relação a um fumante e o
risco de câncer de boca, garganta, esôfago, bexiga, colo do útero e pâncreas também diminui.
• Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária é o mesmo de um não fumante.
Parar de fumar e seus benefícios à saúde

2 - Pessoas de todas as idades que já desenvolveram problemas de saúde


relacionados ao tabagismo ainda podem se beneficiar da cessação do
tabagismo.
• Benefícios em comparação aos fumantes:
• Por volta dos 30 anos de idade: ganha-se quase 10 anos em expectativa de vida.
• Aos 40: ganha-se nove anos em expectativa de vida.
• Aos 50: ganha-se seis anos em expectativa de vida.
• Aos 60: ganha-se três anos em expectativa de vida.
• Após o início da doença com risco de morte: benefício rápido. As pessoas que param
de fumar depois de sofrerem um ataque cardíaco reduzem em 50% as chances de ter
outro ataque cardíaco.
Parar de fumar e seus benefícios à saúde

3 - Parar de fumar diminui o excesso de risco de muitas doenças relacionadas


ao fumo passivo em crianças.
• Ex. as respiratórias (asma, por exemplo) e infecções de ouvido.

4 - Outros benefícios
• Parar de fumar reduz as chances de impotência sexual,
• Reduz dificuldade para engravidar, partos prematuros, nascimento de bebês com baixo peso e
aborto espontâneo.
Tratamento do tabagismo

1. Tratamento cognitivo-comportamental -TCC


• engajamento do paciente no processo terapêutico;
• percepção do paciente de que não está sozinho e que a sua
experiência é compartilhada;
• possibilidade de o paciente receber críticas construtivas a respeito do
seu comportamento e de abertura para questionamentos e debate
Tratamento cognitivo comportamental: estratégias

1. Oferecer orientação (estimular mudança)


2. Remover barreiras
3. Proporcionar escolhas
4. Reduzir as barreiras para parar de fumar (enfatizar os fatores favoráveis na fase
de contemplação)
5. Praticar a empatia (acolhimento)
6. Proporcionar feedback (conhecer a situação atual)
7. Estabelecer objetivos (metas realísticas)
8. Ajudar ativamente
Tratamento do tabagismo

2. Tratamento medicamentoso
• Critérios para uso de fármacos
a) Fumar 20 ou mais cigarros/dia
b) Fumar o primeiro cigarro até 30 minutos após acordar (e, no mínimo 10
cigarros por dia)
c) Fagerström ≥ 5, fumantes que já tentaram parar de fumar anteriormente apenas
com TCC sem sucesso, ou avaliação individual (critério do profissional)
Tratamento medicamentoso
• Tipos de medicamentos:
1. Medicamentos nicotínicos ou Terapia de reposição de nicotina (TRN) – forma
lenta de liberação de nicotina:
a) Adesivos transdérmicos
b) Gomas de mascar
c) Spray nasal ou para inalação (não tem no Brasil)
2. Medicamentos não nicotínicos
a) Bupropiona
b) Nortriptilina
c) Clonidina
d) Vareniclina

A TRN e a bupropiona são considerados medicamentos de primeira linha


Política pública voltada ao controle do
uso nocivo do álcool
Política Nacional sobre drogas
• o Decreto-Lei n. 891/1938, que consolidou ações de prevenção, tratamento e repressão de drogas no Brasil.
• Em 1976, o referido Decreto-Lei foi alterado pela Lei n. 6.368/1976, que dispôs sobre medidas de prevenção e repressão ao
tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que causem dependência física ou psíquica
• 1980, o Decreto n. 85.110, instituiu o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão de Entorpecentes e
normatizou o Conselho Federal de Entorpecentes - CONFEN.
• Lei nº. 7.560, foi criado o Fundo de Prevenção, Recuperação e de Combate às Drogas de Abuso
• Em 1993, foi criada o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão de Entorpecentes.
• Em 1998, o então Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) foi transformado no Conselho Nacional Antidrogas
(CONAD) e, na mesma oportunidade, foi criada a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD)
• Política Nacional Antidrogas (PNAD), por meio do Decreto nº. 4.345/2002. - reformulada em 2005
• a Lei n. 11.343/2006 que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD) e prescreveu medidas
para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.
• Em 2008, foi editada a Lei n. 11.754 por meio da qual o Conselho Nacional Antidrogas passou a se chamar Conselho
Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD)
• a Portaria Interministerial n. 2, de 21 de dezembro de 2017 criou o Comitê Gestor Interministerial com o objetivo de
coordenar ações de prevenção, pesquisa, cuidados, formação e reinserção social no âmbito do governo federal, sendo
composto, originalmente, pelos Ministérios da Justiça, Trabalho, Saúde e Desenvolvimento Social e Agrário.
• em 2019 foi editado o Decreto n. 9.761/2019, que regulamenta a Política Nacional sobre Drogas, atualmente vigente,
promovendo ajustes na Governança da Política Nacional de Drogas.
CONAD
PROBLEMAS A ENFRENTAR
1. Consumo de drogas ilícitas e consumo abusivo ou nocivo de álcool
2. Tráfico e produção não autorizada de drogas
3. Tabagismo
4. Uso prolongado de benzodiazepínicos
5. Fragilidade de governança e integração da política sobre drogas
6. Insuficiência de gestão de ativos apreendidos do tráfico de drogas
7. Baixa disponibilidade de estatísticas e avaliações
CONAD
CONAD – Eixos de atuação
1. Prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas
2. Cuidados, tratamento e reinserção social
3. Redução de oferta
4. Pesquisa e avaliação
5. Governança, gestão e integração
Desenvolvimento Sustentável – Agenda 2030
O uso do álcool como obstáculo ao alcance do
desenvolvimento sustentável (Agenda 2030)
• ODS1: ó álcool amplia s desigualdades internas no país
• ODS3: Meta- Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias,
incluindo o abuso de drogas entorpecentes e uso nocivo do álcool
• Fator de risco para doenças infecciosas (HIV, TBC, COVID-19) e não transmissíveis (Câncer,
doença cardiovascular, hepática, pancreatite e diabetes) e está associado a outros fatores de risco
(sedentarismo, tabagismo, alimentação não saudável)
• Sua ação no cérebro interfere com a capacidade de dirigir – aumenta o risco de acidentes
• ODS4: repercute negativamente na educação (aumenta a evasão escolar
• ODS5: aumenta a violência contra as mulheres
• ODS6: ameaça à segurança da água, Ex. 1 litro e vinho requer 870 litros de água
para ser produzido
• ODS8: aumenta o risco de desemprego, faltas no trabalho
Álcool

• O Álcool é uma substância psicoativa que causa dependência.

• 5,1% da população mundial têm um transtorno por uso de álcool

• Causa morte ou invalidez em pessoas relativamente jovens

• Cerca de 13,5% das mortes na faixa entre 20 a 39 anos são atribuíveis ao álcool.
Histórico
• Inicialmente usado em rituais religiosos e depois como integrador em atividades
sociais
• A partir do século XVII – foi considerado problema de saúde
• Século XIX :
• industrialização: aumento de consumo de álcool em trabalhadores.
• EEUU: lei seca (1920)
• 1935 movimento dos Alcoólicos Anônimos – AA : ação de autoajuda em que
os alcoolistas assumem o compromisso de ficar apenas um dia sem beber, em
constante autoestímulo para passar cada dia livre do contato com o álcool
• Surgimento de novos grupos
• Grupos familiares Al-Anon (para familiares e amigos de alcoólicos)
• Grupo AL-ATEN (adolescentes que convivem com alcoolistas)
Histórico

• 1950 – alcoolismo como doença


• 1980 – Heather e Robertson demostram que alcoolismo é um hábito adquirido e
há necessidade da compreensão dos fatores associados ao consumo do álcool.
Vigitel, 2021
2022
Prevalência de alcoolismo – Pesquisa Vigitel (2021)
Prevalencia de alcoolismo ao dirigir - Vigitel
Consumo de álcool e impacto na saúde

• OMS: o consumo de álcool é um dos 5 principais fatores de risco da doença,


invalidez e morte no mundo, sendo responsável por 3,3% milhões de mortes por
ano

• O consumo nocivo de álcool é a 1ª causa de morte nos homens dos 15 aos 59 anos
Malefícios do consumo de álcool

CAUSAS DE DALY MUNDO

Desnutrição

Agua e saneamento básico

Sexo desprotegido

Tabaco

Álcool

DALY : Anos de vida perdidos ajustados por incapacidade


Fatos (OMS)

• 5,3% do total de mortes no mundo são atribuídas ao álcool


• O uso nocivo de álcool é um fator causal para mais de 200 doenças e lesões.
• o uso nocivo do álcool provoca perdas sociais e econômicas significativas para os
indivíduos e para a sociedade em geral.
• A porcentagem de mortes atribuíveis ao álcool entre os homens é de 7,7% (mortes
globais) em comparação com 2,6% de todas as mortes entre mulheres.
Fatores que influenciam no consumo de álcool
• Idade: crianças, adolescentes e idosos são mais vulneráveis.
• Género: mulheres mais vulneráveis (<peso, + gordura e < metabolização)
• História familiar de alcoolismo: fatores genéticos e ambientais
• Situação socioeconômica:
• Classes altas: há mais bebedores porem de baixo risco
• Classes baixas: há mais abstémios, porém mais bebedores com distúrbios
provocados pelo álcool e mais mortalidade
• Desenvolvimento econômico: > desenvolvimento, > nível de consumo e < % de
abstêmios
• Cultura e contexto: consumo diário à refeições é considerado de < risco
• Regulação e controle do consumo: quanto + barato, disponível e tolerado, maior o
consumo
Como o etanol age no corpo humano?

• Num primeiro momento age como ansiolítico (efeito prazerosos)


• Diminuição da capacidade crítica e analítica
• Efeito depressor do SNC : sedação até a morte

• O álcool é metabolizado no fígado, sendo degradado a acetaldeído, que é


desidrogenado pela enzima acetaldeidodesidrogenase e eliminado pelos rins e
pulmões.
Álcool e Cérebro (OMS)

1. Não existe um nível seguro de consumo de álcool para o cérebro

2. Mesmo em níveis baixos, o consumo de álcool aumenta o risco de problemas de


saúde (dependência, deficiências cognitivas, demência, ansiedade e depressão.

3. O consumo de álcool aumenta o risco de problemas de saúde em qualquer


idade.

4. Qualquer episódio de intoxicação aguda é sinal de disfunção cerebral


ÁLCOOL E SAÚDE
Álcool é fator de risco para mais de 200 agravos de saúde. A maioria das
mortes relacionadas com consumo de álcool são por câncer, doenças
cardiovasculares, doenças do fígado e traumas.
Intoxicação CA de cavidade oral e
Desordens associadas ao
álcool
boca
“Blackouts”
Dano cerebral CA de orofaringe
Demência
Depressão
Ansiedade
CA de esôfago
AVE
Síndrome abstinência CA de laringe
Delirium
T. psicóticos
Suicídio
Danos a outros

Redução da imunidade CA de mama


COVID-19
HIV/aids
TB
Pneumonia
Hepatite C TRAUMAS,
Cirrose
INCLUINDO:

Pancreatite

Comportamento sexual
de risco
Gravidez não desejada
IST Gastrite
Úlcera péptica
Redução da fertilidade
Abortos, natimorto
Parto prematuro CA de cólon e
Sd alcoólica fetal reto

USO ABUSIVO DO ÁLCOOL TAMBÉM LEVA A PROBLEMAS SOCIAIS,


LEGAIS, DOMÉSTICOS, ESCOLARES, DE TRABALHO E
OPAS, 2023
OMS
OMS
Padrões aceitos de consumo de álcool

• OMS admite os seguintes parâmetros


• Homem: até 21 doses na semana , não excedendo 4 doses num dia e sem que isto ocasione
dano a sua saúde
• Mulher: até 14 doses na semana, não excedendo 3 doses num dia

• Dose: uma lata de cerveja, um cálice de vinho ou 40 ml de destilados

• Alcoolista: acima de 50 doses na semana, ou com dano físico, ou ainda com


problemas familiares e/ou laborais
Quantificação do álcool
Quantificação do álcool

75 cl de vinho é o volume do vinho – 75 centilitros ou 750ml


Padrões do uso de álcool

Uso Nocivo Qualquer consumo associado a situações de risco (operar


máquinas, dirigir) ou associado a prejuízos no trabalho,
relações familiares ou violência
Uso Abusivo Pelo menos 4 doses por dia ou 14 doses por semana para homens,
e 3 doses por dia ou 7 doses por semana para mulheres

Dependência Desejo importante e recorrente do consumo do álcool, doses cada


vez maiores para atingir o mesmo efeito (tolerância), consumo
frequente por longos períodos de tempo e sintomas de abstinência
Benefícios do consumo moderado de álcool

• Consumo ligeiro a moderado (<60g/dia no homem e < 30g/dia na mulher)


• Diminuição da mortalidade em cerca de 10%
• Diminuição da mortalidade por doença coronária ou outra doença
cardiovascular (25 a 40%)
• Diminuição da incidência de diabetes (40%) e das suas complicações.
Fases em que se encontra o alcoolatra
Pré contemplação: não identifica o problema

Contemplação: identifica como problema, mas


não está disposto a efetivar mudanças

Ação: está motivado a iniciar o processo de


mudança

Manutenção: persistência da motivação do


paciente para que não haja recaída
Intervenção nos estádios de mudança
Instrumentos de detecção do alcoolismo

• CAGE – Cut down. Annoyed by criticismo. Guilty about drinking. Eye opner
drinks
• Instrumento sensível para pacientes com mais de 30 anos e com problemas
crônicos de manejo mais difícil

• AUDIT – Alcohol use disorders identification test


• São mais sensíveis, mas exigem maior tempo de identificação e maior
compreensão do problema

• MAST – Michigan Alcohol Screening Test


Questionário Audit
Audit
Resultado do AUDIT e intervenção
Ações para intervenção breve no uso de álcool
1. Verifique quantidade e frequência da ingesta de álcool
2. Identifique fatores que levam a pessoa a beber ou cessar o uso
3. Ofereça uma devolutiva sobre o risco de problemas relacionados ao uso do
álcool
4. Mencione claramente a importância de reduzir ou cessar o uso de álcool
5. Converse sobre a responsabilidade pessoal em decidir reduzir o hábito de beber
ou interrompê-lo
6. Respeite o tempo da pessoa para a mudança de comportamento
7. Estabeleça objetivos e um acordo com o paciente
8. Proponha a realização de um diário da ingesta de álcool
9. Sugira estratégias de mudanças de comportamento, uso de materiais de apoio.
10. Promova a autonomia da pessoa, expresse apoio e empatia
Bibliografia consultada
• Ministério da Saúde, Instituto nacional de Câncer. Programa nacional de controle do tabagismo
e outros fatores de risco de câncer: modelo lógico e avaliação 2ª edição, 2003
• https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/programa-nacional-de-co
ntrole-do-tabagismo/dados-e-numeros
• https://www.paho.org/pt/topicos/tabaco
• https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-parar-de-fumar/noticias/2021/co
mo-esta-o-percentual-do-uso-de-tabaco-no-brasil
• https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/observatorio-da-politica-
nacional-de-controle-do-tabaco/dados-e-numeros-do-tabagismo/prevalencia-do-tabagismo
• https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-da-fiocruz-alerta-para-os-danos-causados-pelo-tabaco
• Pinto M, Bardach A, Palacios A, Biz AN, Alcaraz A, Rodríguez B, Augustovski F, Pichon-
Riviere A. Carga de doença atribuível ao uso do tabaco no Brasil e potencial impacto do
aumento de preços por meio de impostos. Documento técnico IECS N° 21. Instituto de
Efectividad Clínica y Sanitaria, Buenos Aires, Argentina. Maio de 2017. Disponível em:
www.iecs.org.ar/tabaco
• https://cisa.org.br/pesquisa/artigos-cientificos/artigo/item/442-novos-dados-do-ministerio-da-sa
ude-mostram-consumo-abusivo-e-beber-e-dirigir-no-brasil-em-2023

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