Você está na página 1de 91

As Redes de Atenção à Saúde

Saúde Coletiva II
Dra. Phallcha Luízar Obregón
Cascavel, 2024
Objetivos
da aula:

CONCEITO LEGISLAÇÃO REDES DE


SAÚDE NO PR
 Origem das Rede de Atenção à Saúde (RAS)
 1920 – Relatório Dawson
 primeira proposta de organização de sistemas
Redes de regionalizados de saúde, cujos serviços de saúde
deveriam acontecer por intermédio de uma organização
Atenção à ampliada que atendesse às necessidades da população
Saúde de forma eficaz. Além disso, esses serviços deveriam ser
acessíveis a toda população e oferecer cuidados
preventivos e curativos, tanto no âmbito do cuidado
domiciliar quanto nos centros de saúde secundários,
fortemente vinculados aos hospitais.
É a organização horizontal de serviços de saúde,
com o centro de comunicação na atenção
primária à saúde, que permite prestar uma
A Organização assistência contínua a determinada população -
no tempo certo, no lugar certo, com o custo
das Redes de certo e com a qualidade certa - e que se
Atenção à responsabiliza pelos resultados sanitários e
Saúde econômicos relativos a essa população.

FONTE: MENDES, 2009.


 São arranjos organizativos de ações e
serviços de saúde, de diferentes
densidades tecnológicas, que integradas
por meio de sistemas de apoio técnico,
RAS segundo o logístico e de gestão, buscam garantir a
Ministério da integralidade do cuidado.
Saúde.
 (Ministérioda Saúde, 2010 – Portaria 4.279, de
30/12/2010).Decreto 7508
 Tipos de sistemas de atenção a saúde:
Sistemas de
Atenção a  Fragmentados
Saúde
 Integrados: as redes de atenção à saúde
A transição demográfica:
Envelhecimento da população
A situação
de saúde no A transição epidemiológica
Brasil  Tripla carga de doenças
 2/3 da carga da doença é
determinada por condições
crônicas
 A tipologia clássica
Uma nova  Doenças transmissíveis
 Doenças e agravos não transmissíveis
tipologia das
doenças
para a  A tipologia dos Modelos de
organização Atenção da OMS
 Condições Agudas
dos sistemas  Condições crônicas
de saúde
OMS, 2003
Modelos de Atenção à Saúde - OMS:

Condições Agudas Condições Crônicas


 Duração limitada  Duração longa
 Manifestação abrupta  Manifestação gradual
 Não autolimitadas
 Autolimitadas
 Diagnóstico e prognóstico usualmente
 Diagnóstico e prognóstico
incertos
usualmente precisos
 Intervenção usualmente Com alguma
 Intervenção usualmente efetiva incerteza
 Resultado: a cura  Resultado: o cuidado
O modelo de atenção as O modelo de atenção as condições
condições agudas crônicas
1. Fragmentação histórica do sistema de saúde
pela própria forma de constituição do SUS;
2. Concorrência entre os serviços;
3. Desorientação dos usuários;
Por que 4. Uso inadequado de recursos (elevação dos
implantar as custos);
RAS? 5. Falta de seguimento horizontal dos usuários
(aumento da prevalência das doenças crônicas);
6. As boas práticas no mundo;
7. Forma organizativa que permite monitoramento
e avaliação.
 Art. 198 da CF/88: “ As ações e os serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único organizado de acordo com as
diretrizes de descentralização, atendimento integral e
participação da comunidade”.
Legislação:  Lei 8.080, 1990:
Fundamentos  Art. 7º, inciso II: “ (...) integralidade de assistência,
da RAS entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e
serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos (....)”
 Art. 10º aponta “ arranjos organizacionais para as redes
loco-regionais através de consórcios intermunicipais e
distritos de saúde como forma de integrar e articular
recursos e aumentar a cobertura das ações.
 Portaria 4.279 de 30/12/2010 : Estabelece diretrizes para
organização da RAS no âmbito da SUS
 Portaria de Consolidação nº 03, de 28 de setembro de 2017.
Descrição dos conceitos de RAS

ORGANIZADAS por critérios


de eficiência microeconômica
na aplicação dos recursos.

INTEGRADAS a partir da
VOLTADAS para as complementaridade de
necessidades diferentes densidades
populacionais de cada REDES DE tecnológicas;
espaço regional singular ATENÇÃO À
SAÚDE

CONSTRUÍDAS mediante o OBJETIVADAS


planejamento, a gestão e o pela provisão de atenção
financiamento contínua, integral, de qualidade,
intergovernamentais cooperativos responsável e humanizada à saúde
 Economia de escala – racionalização de
custos
 Integração vertical e horizontal
 Processos de substituição – ex.: mudar
Fundamentos atenção hospitalar para domicílio.
de RAS  Região de saúde ou abrangência
 Níveis de atenção – diferentes
densidades tecnológicas (atenção
primária, secundaria e terciária)
 Diretrizes clínicas
Principais  Linhas de cuidado
ferramentas  Gestão de riscos coletivos e ambientais
de micro  Gestão de caso
gestão de
serviços  Auditoria clínica
 Lista de espera
São eles:
1. População adscrita a um determinado território (região de saúde)
2. Estrutura operacional, que inclui:
a) Pontos de atenção em saúde:
Unidades de Atenção Básica – centros de comunicação
Pontos de atenção secundários e terciários
Os elementos Sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico
constitutivos
de RAS b) Sistemas transversais que conectam os pontos de atenção
Sistemas logísticos: identificação usuário; centrais regulação;
registro eletrônico e sistema de transporte sanitário
Sistemas de governança : institucional, gerencial e de
financiamento - contrato organizativo da ação pública (COAP)
3. Modelo de atenção à saúde: modelo lógico que organiza o
funcionamento da RAS (modelo condições agudas x crônico).
boas práticas de cuidado
busca da integralidade e novo padrão e estrutura de atenção
 Ente de Governança:
CIB estadual e regionais
Comitê executivo das RAS

Sistema de  Sistemas:
Governança da Planejamento estratégico
rede SIG – painel de bordo
Contratualização
Monitoramento e avaliação
Gestão da qualidade; segurança, gerenciamento dos
processos, excelência na gestão
A regulação
assistencial na
atenção aos
eventos agudos
e na atenção as
condições
crônicas não
agudizadas
RAS com ênfase em algumas linhas de cuidado:
1. Atenção obstétrica e neonatal (Rede Cegonha –
Portaria n° 1.459/11)
As redes de 2. Rede Urgência e Emergência: IAM e AVE (portaria n°
atenção à 1.600/11)
saúde e as 3. Rede de Atenção Psicossocial (Enfrentamento do
linhas Álcool, Crack e outras Drogas) – Portaria n° 3.088/11.
temáticas (MS) 4. Rede de cuidados à Pessoa com deficiências (viver
sem limites – Portaria n° 793/12 e
5. Rede de Atenção à saúde das pessoas com Doenças
Crônicas (Portaria n° 438/14).
Redes de Atenção à Saúde no Paraná
22 Regionais

399 Municípios

04 Macro regionais
 População
 População do Paraná 11.516.840 hab. (2020)
 399 municípios.
As Redes de  312 com menos de 20.000 habitantes (77,4%).
saúde no  202 com menos de 10.000 habitantes (50,6%).
Paraná
 16 com população > de 100.000 habitantes (4,8%).

 Fonte: IBGE, 2018.


A situação
epidemiológica
no Paraná:
triple carga de
doenças
A situação
epidemiológica
no Paraná:
triple carga de
doenças
 Doenças do aparelho circulatório
 Neoplasias
Principais  Causas externas
causas de
morte no Mortalidade Geral: 70.000 óbitos/ano (2018)
Paraná Coeficiente de Mortalidade Infantil: 10,3 x 1.000 NV em 2018

Mortalidade materna: 38,4 x 100.000 NV em 2018


 Condições crônicas:
 Rede Mãe Paranaense
 Rede Saúde Mental
As redes de  Rede de Atenção à Saúde do Idoso
atenção a
saúde no
Paraná
 Condições agudas:
 Rede de atenção à urgência e emergência
 Linha de Cuidado à Saúde da Mulher e Atenção
Materno-Infantil
 Linha de Cuidado à Saúde da Criança e do Adolescente
Linhas de  Linha de Cuidado à Saúde do Idoso
Cuidado no  Linha de Cuidado às Condições Crônicas
Paraná  Linha de Cuidado à Saúde da Pessoa com Deficiência
 Linha de Cuidado em Saúde Mental
 Linha de Cuidado à Saúde Bucal

Fonte:: PLANO ESTADUAL DE SAÚDE | 2020 - 2023


 População negra
 Migrantes
 População em situação de rua
Atenção às  População indígena
populações  Pessoas privadas de liberdade
vulneráveis  Populações do Campo, da floresta e das águas
 Povo cigano
 População Lésbica, Gay, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (LGBT+)

Fonte: PLANO ESTADUAL DE SAÚDE | 2020 - 2023


Componentes:
1. Promoção, Prevenção e Vigilância
2. Atenção Primária em Saúde
3. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência / SAMU / SIATE
REDE DE 4. Atendimento Aeromédico
ATENÇÃO ÀS 5. Sala de Estabilização
URGÊNCIAS 6. 6. UPA / Unidades 24 horas
(RAU) 7. 7. Hospitais / Portas de Urgência Hospitalares
8. 8. Atenção Domiciliar
9. 9. Telemedicina / Linhas de Cuidado Cardiovascular,
Cerebrovascular e Trauma
10. 10. Complexo Regulador
Modelo de atenção as condições agudas – Classificação de risco
Resultados
Paraná
Urgência
 Em 2010, apenas 15 cidades
do Paraná contavam com
SAMU Municipal.
 Hoje são 399 municípios
cobertos pelo serviço com
100% da população do
Paraná atendida por
SAMUs Regionais.
Resultados Paraná Urgência

A frota de ambulâncias foi renovada com a distribuição de


800 veículos para municípios, consórcios, hospitais e
SIATE.

Foram criados 694 novos leitos de UTI, ampliando em 59%


a oferta disponível.

Reduziu em 17,9% a mortalidade por causas externas,


como acidentes exceto violência, e em 10,32% a
mortalidade por doenças cardiovasculares

Ampliou em 200% o número de transplantes, passando do


10º lugar em transplantes no país para o 2º.

Fonte : Rede Paraná Urgência, 2017


Meta
para
2023
Rede Mãe
Paranaense
 Objetivos:
Garantir a todas as gestantes paranaenses
assistência no pré-natal com qualidade
Rede Mãe (consultas e exames), encaminhamento para
o atendimento as gestantes de risco.
Paranaense

Monitorar as crianças de risco até 1 ano de


idade.
 Ações:
1. Captação precoce da gestante
2. O acompanhamento no pré-natal (mínimo 7
consultas e realização de 17 exames)
Rede Mãe 3. A Estratificação de risco das gestantes e das
Paranaense crianças
4. A garantia de ambulatório especializado para as
gestantes e crianças de risco
5. A garantia do parto por meio de um sistema de
vinculação ao hospital conforme o risco gestacional
 Filhos de mãe negra e indígena
Identificação de  Filhos de mãe com menos de 15 anos ou acima de 40 anos
risco de  Filhos de mães analfabetas ou com menos de 3 anos de
mortalidade estudo
infantil em  Filhos de mães com histórico de aborto, natimorto ou
menores de 1 óbito
ano  Filhos de mães com menos de 20 anos e mais de 3 partos
 Filhos de mães que morreram no parto / puerpério.
 Linhas guia

Estratificação dos riscos – Habitual, Intermediário e Alto


Risco.
Rede Mãe
Centros Mãe Paranaense – Pré-natal de risco
Paranaense intermediário e alto risco.
Vinculação da gestante com o hospital onde será
realizado o parto.
 Função de cada ponto de atenção.
Linha Guia –
Atenção
Materno
Infantil:
Gestação
Exames para
Gestantes de
Baixo risco (risco
habitual

Linha Guia
2022
Exames Gestante risco intermediário
ALTO RISCO
Exames para
Gestante
Alto risco
REFERÊNCIAS DA ATENÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADA E HOSPITALAR DA LINHA
DE CUIDADO MATERNO INFANTIL
(Quadro atualizado constantemente, de acordo com pactuações regionais).
Resultados mãe
paranaense

 A mortalidade materna
diminuiu 23,5% nos últimos
cinco anos (2017).

 87 % das gestantes do
Paraná são atendidas nos
hospitais vinculados à Rede
Mãe Paranaense.
Mortalidade
Materna
2017 a 2021
Mortalidade Materna 2019 a 2024
Resultados
mãe
paranaense

 Em 2015, o Paraná alcançou a


menor taxa de mortalidade
infantil da história (10,9/1.000
nascidos vivos).
 A redução é de 10,3% em
relação à 2010.
Meta
para
2023
Rede de
Atenção à
Saúde Mental
Estratificação de  Em saúde mental nem sempre os sinais e sintomas
risco para definidos como graves e persistentes em determinado
grupo exige que a atenção em saúde ocorra num nível
transtornos secundário ou terciário, assim como os sinais e
mentais e sintomas do grupo definidos como leves
dependência de necessariamente não excluem a necessidade de um
atendimento em nível secundário.
álcool e outras
drogas
 Fatores agravantes + fatores atenuantes – Podem
definir a gravidade ou o risco da doença
1. Relacionados a transtornos mentais comuns
2. Relacionados a transtornos mentais severos e persistentes
Grupos de 3. Relacionados à dependência de álcool e outras drogas

sinais e 4. Alterações que se manifestam na infância e/ou na


adolescência
sintomas 5. Relacionados a alterações que se manifestam nos idosos
6. Fatores agravantes ou atenuantes de problemas de saúde
mental já identificados
 Condições Especiais
Gestação
População indígena
Deficiência mental moderada ou severa

 Eventos Agudos
Ocorrência recente de Tentativa de Suicídio
Crise ou surto Psicótico
Meta
para
2023
Universidade Federal do Maranhão. UNA-SUS/UFMA. Redes de Atenção à
Saúde: a atenção à saúde organizada em redes/ Nerícia Regina de Carvalho
Oliveira. - São Luís, 2016.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Plano Estadual de
Saúde Paraná 2020-2023 - Curitiba: SESA, 2020.
Paraná. Secretaria de Saúde. Divisão de Atenção à Saúde da Mulher. Linha
Referências Guia- Atenção Materno Infantil: Gestação. 8ª edição, SESA, 2022.
Rede Paraná Urgência. https://www.saude.pr.gov.br › redeprurgencias
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS/ REDE DE ATENÇÃO
ÀS URGÊNCIAS Portaria n° 1.600 de 07/07...
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/Rede_Parana_Urgencia_
Componente_Hospitalar_Abril_2018.pdf
Mortalidade Materna.
https://www.documentador.pr.gov.br/documentador/pub.do?action=d&uui
d=@gtf-escriba-sesa@527f9db7-b6dd-44eb-b444-ef1ce805cc53&emPg=tr
ue
Linha de cuidado em saúde mental, 2021.
https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documen
to/2021-07/linha_em_saude_mental_-_projeto_de_organizacao_da_saude_
mental_por_macrorregiao_no_pr.pdf

Você também pode gostar