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AGENTE COMUNITÁRIO DE
SAÚDE
HORÁRIO DE AULA
DIA:
1ª AULA 2ª AULA 3ª AULA 4ª AULA 5ª AULA
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DIA:
1ª AULA 2ª AULA 3ª AULA 4ª AULA 5ª AULA
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1ª AULA 2ª AULA 3ª AULA 4ª AULA 5ª AULA
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Atenção à saúde das pessoas com doenças crônicas no contexto das redes
de atenção à saúde
As redes de Atenção à Saúde (RAS) são fundamentais para a coordenação e a
integração dos serviços e ações de Saúde, assim como para a integralidade e a qualidade
do cuidado à saúde. A organização dos serviços e recursos em redes em diversos países
tem demonstrado o alcance de melhores resultados em Saúde, menos internações, maior
satisfação dos usuários, melhor uso dos recursos, serviços mais custo-efetivo e de melhor
qualidade, maior cooperação entre gestores de diferentes serviços, entre outras vantagens
(MENDES, 2011; OPAS, 2010). Uma RAS consiste na organização do conjunto de serviços e
ações de Saúde de distintas densidades tecnológicas que, integrados por meio de
estruturas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do
cuidado às populações de uma região de Saúde (BRASIL, 2010).
A região de Saúde é um espaço geográfico contínuo, preferencialmente delimitado
a partir de identidades culturais, econômicas, sociais, de redes de comunicação e
infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de permitir a organização,
o planejamento e a execução das ações e dos serviços necessários à população do
território (BRASIL, 2011). Os serviços de Saúde são constituídos por pontos de Atenção à
Saúde (locais de prestação de serviços) de igual hierarquia. Como exemplos de pontos de
Atenção à Saúde, citam-se Unidades Básicas de Saúde, unidades de cuidados intensivos,
hospitais-dia, ambulatórios de cirurgia, ambulatórios de Atenção Especializada e Serviços
de Atenção Domiciliar.
Os serviços de Atenção Primária são a porta de entrada do sistema e coordenam o
conjunto de respostas às necessidades de saúde da população. Além dos pontos de
Atenção à Saúde, a estrutura operacional de uma RAS é constituída por sistemas de apoio
diagnóstico e terapêutico, assistencial-farmacêutico e de informação em Saúde; sistemas
logísticos de identificação dos usuários, de prontuário clínico, de acesso regulado à atenção
e de transporte em Saúde; e sistemas de governança da rede (MENDES, 2011).
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conceitos norteadores, foram construídas as diversas redes temáticas de âmbito nacional,
como a Rede Cegonha, a Rede de Atenção Psicossocial, a Rede de Urgência-Emergência,
entre outras.
Em 28 de junho de 2011, com a publicação do Decreto nº 7.508, que regulamenta a
Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, dá-se grande avanço para a construção das RAS
nas regiões de Saúde. A criação do Contrato Organizativo de Ação Pública (Coap), enquanto
instrumento jurídico para pactuação entre os gestores, e a constituição da Comissão
Intergestores Regional (CIR), enquanto espaço legítimo para deliberações, propiciam que
os diversos territórios no País se organizem para, de fato, estruturarem seus serviços de
Atenção à Saúde dentro de uma rede.
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OS DETERMINANTES DA SAÚDE E SEU IMPACTO NA SAÚDE DA POPULAÇÃO
BRASILEIRA
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usuários e familiares são influenciadas pelas macropolíticas. O tabagismo é um exemplo:
ainda que no nível individual as equipes de Saúde devam ofertar assistência
comportamental sempre que seja manifesto o desejo de cessação do tabagismo, é no nível
da macropolítica que se dá o maior impacto sobre o controle do tabagismo. Segundo a
OMS, para se atingir a meta “Mundo Livre do Tabaco” nas próximas décadas, as
intervenções incluem:
1. Políticas de preços: aumento de taxas e impostos que incidem sobre o custo para
o consumidor.
2. Informação e comunicação: limites à publicidade e à promoção, à exposição de
produtos e ao marketing e rotulagem obrigatória.
3. Embalagem: tamanho mínimo de maços de cigarro.
4. Distribuição: restrição das vendas a menores, máquinas de venda automática de
cigarros com tecnologia para proteção da juventude. 5. Consumo: proibição de fumar em
locais públicos, bares e locais de trabalho (GOULART, 2011).
As intervenções sobre a população que não apresenta doenças, mas com fatores de
risco para adoecer, precisam ser dirigidas a dar suporte e apoio às mudanças de estilo de
vida e das “escolhas” determinadas socialmente. Podem ser estruturadas a populações ou
a indivíduos, a partir da estratificação de risco, para que a rede de serviços da Saúde e dos
outros setores possa ofertar a atenção correta às distintas necessidades das pessoas, com
custo-efetividade e qualidade assistencial. Essas medidas precisam ser efetivas, seguras e
aceitas pelos indivíduos, e seu custo deve ser possível tanto para os serviços de Saúde
como para as pessoas (em termos emocionais, físicos ou sociais) (ROSE, 2010). A situação
de saúde no Brasil, provocada pela transição demográfica e epidemiológica, exige que o
sistema de Saúde brasileiro responda pela “tripla carga de doenças” (FRENK, 2006). Esta é
caracterizada por:
2. Aumento das doenças crônicas pelo envelhecimento das pessoas e aumento dos fatores
de risco (fumo, sedentarismo, inatividade física, sobrepeso e má alimentação); e
3. Aumento da violência e morbimortalidade por causas externas.
Às doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, renais, diabetes e cânceres são
atribuídos cerca de 70% dos óbitos em 2007 (SCHMIDT et al., 2011). Em termos de mortes
atribuíveis, os grandes fatores de risco globalmente conhecidos são: pressão arterial
elevada (responsável por 13% das mortes no mundo), tabagismo (9%), altos níveis de
glicose sanguínea (6%), inatividade física (6%) e sobrepeso e obesidade (5%) (WHO,
2009). As taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas estão
diminuindo, possivelmente como resultado do controle do tabagismo e do maior acesso à
Atenção Primária (SCHMIDT et al., 2011).
Os quatro grupos de doenças crônicas de maior impacto mundial (doenças do
aparelho circulatório, diabetes, câncer e doenças respiratórias crônicas) têm quatro fatores
de risco em comum (tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e álcool). No
Brasil, esses fatores de risco são monitorados por meio de diferentes inquéritos de Saúde,
com destaque para o monitoramento realizado pelo Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) (BRASIL, 2011).
O contexto atual clama pela estruturação do trabalho das equipes de Atenção
Básica, cujos processos de trabalho devem responder às muito prevalentes e complexas
doenças crônicas, que não “curam”, como as doenças agudas, mas permanecem ao longo
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da vida dos indivíduos. Recentes evidências mostram que equipes multidisciplinares
atuando de forma coordenada, preparadas para orientar e apoiar as pessoas a lidar com
suas condições e a responder às agudizações desses processos, alcançam melhores
resultados.
Entre as atividades a serem incorporadas destacam-se a estratificação das pessoas
segundo riscos/vulnerabilidade, com intervenções individuais e coletivas conforme o
estrato de risco; o cuidado compartilhado; o apoio ao autocuidado; a maior qualidade nos
cuidados preventivos, inclusive na prevenção de uso desnecessário de tecnologias; a
reformulação de saberes e práticas oriundas da formação, incorporando conceitos das
ciências sociais, intervenções comportamentais, neuropsicológicas, ambientais e
econômicas – que podem se dar em programas de educação permanente, cursos,
discussão de casos, consensos, aprendizagem entre pares, bem como na implementação
de ações intersetoriais.
Visando apoiar as equipes de Saúde a responder melhor ao aumento das doenças
crônicas e seus fatores de risco, às comorbidades e demais consequências do aumento da
expectativa de vida da população, o Ministério da Saúde lançou, em 2011, o Plano de
Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)
no Brasil – 2011-2022. Estruturado em três eixos (1. Vigilância, informação, avaliação e
monitoramento; 2. Promoção da saúde; e 3. Cuidado integral), esse plano sistematiza as
ações necessárias para enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (MALTA et
al., 2010).
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menores riscos à saúde têm número de consultas considerado maior que o necessário para
o adequado acompanhamento de suas condições crônicas de saúde, enquanto outras com
maiores riscos e vulnerabilidade não conseguem acesso ao cuidado. Ou, ao contrário, a
grande maioria dos recursos é utilizada em uma minoria com doenças graves. A
estratificação segundo riscos e as respostas das unidades básicas, conforme o estrato de
risco, ajudam a adequar e a ampliar o acesso (MENDES, 2012).
b) Buscar maior qualidade da Atenção à Saúde: qualidade é a capacidade dos
serviços de Saúde em responder de forma efetiva às necessidades de saúde, no momento
em que as pessoas precisam. Isso quer dizer: acesso e efetividade das ações. O uso de
diretrizes clínicas baseadas em evidências realizado conjuntamente com profissionais da
Atenção Primária está relacionado à efetividade do cuidado. As melhores recomendações,
muitas vezes com inequívocas evidências de melhores resultados, nem sempre são
utilizadas.
c) Persistir na busca à integralidade da atenção: a integralidade tem várias
dimensões e depende de um conceito amplo de saúde. Integralidade compreende
promoção da saúde, prevenção e tratamento de doenças e recuperação da saúde. Refere-
se, ainda, à abordagem integral do indivíduo (todos os sistemas fisiológicos, bem como os
aspectos psicológicos, e contexto familiar e social) e da população sob responsabilidade
das equipes básicas. Assim, o indivíduo com diabetes frequentemente é também
hipertenso, pode estar deprimido, talvez não tenha tido uma consulta odontológica há
vários anos e muito provavelmente convive com familiares com as mesmas condições
crônicas de saúde (CEPAPS, 2012).
Recepção e acolhimento
Vários termos com significados relacionados têm sido utilizados no dia a dia para
falar do mesmo assunto: a recepção, o acolhimento, a porta de entrada, o acesso, a
acessibilidade, o atendimento do dia, a demanda espontânea. Assim, ao tratar do assunto,
cabe destacar o que almejamos: que as pessoas possam usufruir dos serviços de Saúde que
necessitam, no momento em que necessitam, com qualidade e equidade. O usuário com
doenças crônicas é, usualmente, um grande frequentador da Unidade Básica de Saúde,
buscando-a por diversas razões: renovação de receitas, consulta de acompanhamento,
verificação da pressão e/ou glicemia, atendimento para agudização de sua condição
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crônica, entre outras. Os protocolos clínicos baseados em evidências são muito úteis ao
recomendar o que fazer em cada situação, a exemplo dos Cadernos de Atenção Básica.
Como estratificar
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DOENÇAS TRANSMISSIVEIS
E ENDEMICAS
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CULICÍDEOS E PSICODÍDEOS
Introdução
Os Culicídeos e Psicodídeos são artrópodes dípteros distribuídos por todo o planeta,
exceto Antártida (ALMEIDA, 2011). São insetos cuja principal relevância se deve ao fato de
serem vetores de importantes doenças à espécie humana, tais como a malária,
leishmanioses, arboviroses e filarioses linfáticas, responsáveis por elevadas cifras de
morbilidade e mortalidade (IRISH et al., 2020). As doenças infecciosas têm um impacto
significativo na saúde pública na região das Américas e em todo o mundo. As doenças
transmitidas por vetores representam mais de 17% das doenças infecciosas no mundo,
causando mais de 700 mil mortes por ano (OMS, 2018).
Milhões de casos de Malária, Dengue, Febre Amarela, Filarioses e Leishmanioses
ocorrem no mundo anualmente, com milhares de mortes (WHO, 2019; WHO, 2020ª), assim
como milhares de casos e mortes por febre amarela (WHO, 2018), a maioria concentrados
em regiãos tropicais, onde as condições ambientais favorecem a proliferação dos vetores
(CAMARGO, 2008). Visto a importância desses insetos dípteros, esta revisão caracteriza-se
pela descrição de aspectos bioecológicos, morfológicos e importância médica das famílias
Culicidae e Psycodidae em regiões tropicais.
Sub-familia Culicinae
O Aedes (Stegomyia) aegypti Linnaeus 1762 e Aedes (Stegomyia) albopictus Skuse,
1894 são espécies exóticas de culicíneos na América do Sul, homólogas e simpátricas,
coexistindo em uma mesma região e utilizando criadouros análogos (FORATTINI, 1986). São
insetos escuros e com escamas claras ao longo do corpo. A diferença entre essas espécies
de Aedes pode ser facilmente apontada ao se analisar as manchas do tórax na parte
superior. Conforme demonstrado na Figura 1 (B e C), o Aedes aegypti apresenta um
desenho branco que lembra um violão, enquanto Aedes albopictus apresenta somente
uma listra branca longitudinal no meio do tórax (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).
A espécie Aedes aegypti é a única comprovadamente responsável pela transmissão
da dengue, zika e mazonenses no Brasil e pode ser transmissora do vírus da febre amarela
em áreas urbanas. Essa espécie está distribuída geralmente em regiões tropicais e
subtropicais. No Brasil, encontra-se disseminada em todas as unidades da federação,
amplamente dispersa em áreas urbanas (BRASIL, 2019).
O Aedes albopictus é o vetor da dengue na Ásia. Embora esteja presente nas
Américas, até o momento não foi associado à transmissão de dengue, mazonenses e zika
nessa região. Apesar disso, a espécie não pode ser desconsiderada pelos programas de
controle já que demonstra competência vetorial em laboratório e está presente em todas
as regiões do Brasil. É frequente em regiões tropicais e subtropicais, podendo ser
encontrado em latitudes temperadas, preferencialmente no peridomicílio e em ambientes
naturais ou modificados (BRASIL, 2019).
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No gênero Culex a espécie Culex quinquefasciatus Say, 1823 é a mais importante,
sendo o principal vetor da Wuchereria bancrofti, agente etiológico da filariose linfática
(BRASIL, 2011). Os criadouros desse mosquito são comumente fossas sépticas, caixas de
passagem, valas e córregos contaminados por efluentes domésticos, portanto a utilização
desordenada do espaço urbano, associado à falta de infraestrutura de esgoto e drenagem,
resulta no acúmulo de águas paradas e favorecem a proliferação de C. quinquefasciatus
(ALMEIDA, 2011). Os mosquitos adultos apresentam probóscide longa, tem coloração
marrom e as pernas não possuem marcação clara. Assim como outros culicídeos, apresenta
desenvolvimento completo em quatro estágios: ovo, larva (quatro estádios), pupa e
adultos (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994). No gênero Haemagogus sp. Estão os principais vetores
dos vírus da febre amarela, Mayaro e algumas outras arboviroses em áreas silvestres
(BRISOLA; ALENCAR, 2010). As espécies Haemagogus janthinomys Dyar 1921 e
Haemagogus albomaculatus Theobald, 1903 são as principais associadas com a transmissão
do vírus da febre amarela no Brasil (BRASIL, 2004).
Podem ser diferenciados de outros mosquitos pela ausência, no mesonoto, de
cerdas acrosticais, dorsocentrais e pré escutelares, além de apresentarem escamas
prateadas nas pleuras, estendendo se do escudo até as coxas (BRISOLA; ALENCAR, 2010).
Uma característica importante da espécie H. janthinomys é que, uma vez infectado,
permanece assim por toda a vida (aproximadamente 3 meses) e pode manter o vírus por
meio da postura de ovos. Suas fêmeas podem voar distâncias de até 11 km, inclusive entre
áreas de florestas separadas por cerrados (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994). O gênero Sabethes
pertence a tribo Sabethini.
A espécie Sabethes chloropterus Humboldt, 1819 é um potencial vetor da febre
amarela silvestre e, juntamente com algumas espécies de Haemagogus, mantêm epizootias
de febre amarela em macacos (VASCONCELOS et al., 2001). Os espécimes do gênero
Sabethes são conhecidos por possuírem escamas brilhantes, com reflexos metálicos e
coloridos no corpo (HARBACH, 2007). São encontrados principalmente na região
neotropical, sendo característicos de ambientes silvestres. Apresentam hábitos diurnos e
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utilizam como criadouros naturais coleções de água que se formam em ocos de árvores,
folhas caídas e internódios de bambus, podendo também ser encontrados em criadouros
artificiais. Muitas espécies são frequentemente acrodendrófilas e zoofílicas. Reproduzem-
se em gerações rápidas com uma acelerada evolução de suas populações, principalmente
em épocas de chuvas (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).
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umbratilis Ward e Fraiha, 1977, Psychodopygus wellcomei (Psy. Wellcomei) Fraiha, Shaw e
Laison, 1971 e Brichromomyia flaviscutellata Mangabeira, 1942.
Para a leishmaniose visceral a Lutzomyia longipalpis Lutz e Neiva, 1912 é o principal
vetor (LAISON, 2010). A Ny. Intermedia e Ny. Neivai são espécies simpátricas em algumas
regiões do Brasil, tem características antropofílicas e são encontradas em vários focos de
leishmaniose tegumentar, sendo Ny. Intermedia amplamente distribuída no Brasil e Ny.
Neivai importante na transmissão de Leishmania braziliensis (L. braziliensis) no sul do país.
A espécie Ny. whitmani é ávida em picar o homem e importante como vetor de L.
braziliensis, especialmente no Nordeste e Sudeste do Brasil e Psy. wellcomei é vetor de L.
braziliensis na região Norte (BRAZIL; BRAZIL, 2014). A Brichromomyia flaviscutellata é a
espécie vetora da L. amazonensis e Ny. umbratilis da L. guyanensis Floch, 1954 (LAISON,
2010). A indicação das atividades voltadas para o controle vetorial dos flebotomíneos
dependerá das características epidemiológicas e entomológicas de cada localidade (BRASIL,
2019).
CONCLUSÃO
IXODIDEOS E SIPHONAPTEROS
Introdução
Os carrapatos são artrópodes de distribuição mundial, pertencentes a classe
Arachnida, subclasse Acari, superordem Parasitiforme, ordem Ixodida e são classificados
em três famílias, Ixodidae, Argasidae e Nuttalliedidae, das quais somente as duas primeiras
ocorrem no Brasil (NAVA et al., 2017). São parasitas hematófagos de mamíferos terrestres,
anfíbios, répteis e aves e importantes vetores de doenças causadas por protozoários, vírus,
bactérias e helmintos, além da picada ocasionar inflamação, coceira e ulcerações na pele
do hospedeiro (BARROS-BATTESTI; ARZUA; BECHARA, 2006; LABRUNA, 2009). As pulgas são
insetos hematófagos, pertencentes a ordem Siphonaptera, que na fase adulta são parasitos
obrigatórios de mamíferos e aves. O parasitismo exerce no hospedeiro ação irritativa,
inflamatória e espoliadora, além de possibilitar a veiculação de doenças ao homem e aos
animais (LINARDI; GUIMARÃES, 2000).
Algumas espécies são penetrantes e os danos causados pela sua presença no corpo
do hospedeiro, podem predispor estes a outras infecções (PAMPIGLIOME et al., 2009).
Entre as doenças transmitidas pelas pulgas destacam-se aquelas causadas por bactérias
como o Tifo murino (Rickettsia mooseri), a Bartonelose (Bartonella spp.) e a Peste (Yersinia
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pestis) (BITAM et al., 2010; CHOMEL; KASTEN, 2010). As pulgas também atuam como
hospedeiros intermediários de alguns helmintos e podem transmitir vírus e protozoários
aos animais (GUIMARÃES; TUCCI; BARROS-BATTESTI, 2001). Devido a importância dos
carrapatos e pulgas como vetores de doenças para o homem e os animais, este estudo teve
como objetivo abordar características morfológicas, biológicas e a importância na saúde
pública de espécies de carrapatos e pulgas presentes no Brasil.
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Principais carrapatos da família
Ixodidae vetores de doenças ao homem no Brasil
Esta espécie de pulga foi registrada em quase todos os estados brasileiros, tem
como hospedeiro principal o homem, embora seja relatada também em algumas espécies
animais, entre elas o cão e o gato (DOBLER; PFEFFER, 2011). Pode ser diferenciada de
outras espécies da mesma família por não possuir ctenídeos e possui uma cerda pré-ocular
e uma cerda genal (Figura 2A). Os adultos desta espécie procuram o hospedeiro apenas
para exercer a hematofagia, portanto a maior parte da população desta pulga encontra-se
no ambiente (MARCONDES, 2001; LINARDI, 2011). Exemplares de P. irritans já foram
encontrados naturalmente infectados por Salmonella enteritidis, Diplococcus pneumoniae,
Mycobacterium leprae e Yersinia pestis, assim como portando embriões de Hymenolepis
nana (LINARDI; GUIMARÃES, 2000; SERRA-FREIRE; MELLO, 2006).
Figura 2: (A) Pulex irritans; (B) Xenopsylla cheopis; (C) Ctenocephalides felis– seta escura aponta
ctenídeos nas genas e no pronoto; (D) Tunga penetrans– seta clara aponta segmentos torácicos comprimidos.
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Tunga penetrans (Linnaeus, 1758)
A Tunga penetrans é conhecida popularmente como “Bicho-de-pé”, devido a fêmea
penetrar na pele, onde se fixa e alimenta-se de sangue, aumentando várias vezes o
tamanho (GUIMARÃES; TUCCI; BARROS-BATTESTI, 2001). Estas pulgas são pequenas,
medem aproximadamente 1mm quando não alimentadas, possuem os três segmentos
torácicos juntos mais estreito que o primeiro segmento abdominal, a cabeça é angulosa e
as mandíbulas são serrilhadas, conforme pode ser visto na figura 2D (BICHO; RIBEIRO,
1998). Além do homem, animais domésticos como cão, gato, suíno, bovino, entre outros,
funcionam como hospedeiro (PAMPIGLIOME et al., 2009).
No homem o parasitismo ocorre principalmente na sola plantar, calcanhar e dedos
dos pés, além de mãos e cotovelos. A presença da fêmea na pele pode ocasionar
inflamação, úlceras locais, gangrena, linfangite e septicemia. A severidade da doença está
relacionada com a intensidade da infestação, existindo relatos de até 1300 espécimes
parasitando um único indivíduo (MILLER et al., 2019). A maior parte do ciclo biológico de T.
penetrans se passa no ambiente, onde evoluem de ovo a adulto em aproximadamente 17 a
19 dias. As fêmeas implantadas na pele iniciam a postura após 7 a 14 dias, quando
possuem de 5 a 10mm de diâmetro, apresentando-se como um cisto claro. Após 4 semanas
as fêmeas morrem e são expelidas pelo processo de reparação tecidual (EISELE et al.,
2003).
CONCLUSÕES
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27
INTRODUÇÃO
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proteção da saúde, os encaminhamentos trabalhistas e previdenciários e a notificação ao
sistema de informação em saúde.
As ações coletivas de Vigilância em Saúde do Trabalhador (Visat) no âmbito da AB
devem começar pelo reconhecimento e registro das atividades produtivas desenvolvidas
no território que está sob responsabilidade da eAB/eSF, incorporando-o em seus planos de
trabalho e incluem a vigilância dos agravos à saúde relacionados ao trabalho – os acidentes
e as doenças – que é viabilizada a partir da notificação dos casos identificados no Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e a vigilância dos ambientes e processos
de trabalho, com destaque para as atividades produtivas desenvolvidas no domicílio e no
peridomicílio no território.
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O papel do Ministério da Previdência e Assistência Social- MPAS
"Artigo 200 - Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei: (...) lI-executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como
as de saúde do trabalhador; (...).
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A Lei Orgânica da Saúde - LOS (Lei nº 8.080/90), que regulamentou o SUS e suas
competências no campo da Saúde do Trabalhador, considerou o trabalho como importante
fator determinante/condicionante da saúde. o artigo 6° da LOS determina que a realização
das ações de saúde do trabalhador sigam os princípios gerais do SUS e recomenda,
especificamente, a assistência ao trabalhador vítima de acidente de trabalho ou portador
de doença profissional ou do trabalho; a realização de estudos, pesquisa, avaliação e
controle dos riscos e agravos existentes no processo de trabalho; a informação ao
trabalhador, sindicatos e empresas sobre riscos de acidentes bem como resultados de
fiscalizações, avaliações ambientais, exames admissionais, periódicos e demissionais,
respeitada a ética. Nesse mesmo artigo, a Saúde do Trabalhador encontra-se definida
como um conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância
epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim
como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho.
No seu conjunto (serviços básicos, rede de referência secundária, terciária e os
serviços contratados/conveniados), a rede assistencial, se organizada para a Saúde do
Trabalhador, a exemplo do que já acontece com outras modalidades assistenciais como a
Saúde da Criança, da Mulher, etc., por meio da capacitação de recursos humanos e da
definição das atribuições das diversas instâncias prestadoras de serviços, poderá reverter
sua histórica omissão neste campo. Os últimos anos foram férteis na produção de
experiências - centros de referências, programas municipais, programas em hospitais
universitários e ações sindicais - em diversos pontos do país, e em encontros de
profissionais/trabalhadores ou técnicos para a produção das normas necessárias à
operacionalização das ações de saúde do trabalhador pela rede de serviços em
ambulatórios e/ou vigilância.
O artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho garante adicional de até 40 por
cento do salário no caso de o ambiente de trabalho ser insalubre. Nos últimos anos, juristas
têm considerado que o trabalhador não-fumante tem direito a esse adicional, no caso de o
fumo ser permitido no local de trabalho. Os médicos há décadas constataram que os
chamados fumantes passivos, isto é, aqueles que aspiram a fumaça emitida pelos cigarros,
charutos e cachimbos e pelos pulmões daqueles que, estando no ambiente, efetivamente
fumam, correm o risco de sofrer todos os males provocados pelo tabaco, a partir do câncer
do pulmão até ataques cardíacos. Entre fumantes e não fumantes, morrem por ano no
mundo, segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde, 3 milhões de pessoas, por
causa de males causados pelo tabagismo.
Os não-fumantes, ou fumantes passivos, correm riscos até maiores do que os
fumantes, pois inalam a fumaça saída imediatamente da ponta do cigarro, sem passar pelo
filtro que fica na boca do fumante, e assim recebem substâncias ainda mais perigosas do
que o próprio fumante. O artigo 192 da Consolidação das Leis do Trabalho foi
originalmente concebido para os casos de insalubridade provocados por substâncias
tóxicas oriundas da matéria-prima ou que surgem a partir das alterações físico-químicas
provocadas pelo processo de trabalho. Também foi concebido para o caso de ambientes de
trabalho naturalmente insalubres, como minas subterrâneas cheias de gases tóxicos, ou
ambientes em que há riscos de explosão. Afinal, quando a CLT entrou em vigor, nos anos
1940, ainda não havia consciência dos riscos em que incorrem os fumantes passivos – na
verdade nem estava prevista a insalubridade causada por agrotóxicos, sejam fertilizantes,
sejam pesticidas. Atualmente, porém, muitos juristas consideram que o tabagismo passivo
está incluído na insalubridade e dá direito ao adicional de salário.
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EDUCAÇÃO TECNOLOGICA E MIDIATICA
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Entre afetos e memórias: a televisão e os sujeitos
Você já parou para pensar sobre o impacto da chegada da televisão na vida das
famílias brasileiras? O que mudou na rotina e nos hábitos das camadas populares com a
chegada da televisão? Os adultos e idosos da EJA assistem televisão? Quais programas
assistem? Com que frequência? Que memórias possuem sobre a televisão? Já pensou em
trabalhar com a turma de EJA sobre a história da televisão? Se sim, com que enfoque e
com quais objetivos?
O ano era 1977. O pai chegou, à noite, eufórico, ansioso para apresentar aos seus
três filhos e a esposa o aparelho de tevê que acabara de adquirir depois de tanto
economizar. Minha mãe nos havia preparado para aquele grande acontecimento. Durante
todo dia, não falava de outra coisa. Contou-nos que era a realização de um desejo antigo,
de uma paixão à primeira vista. Disse-nos que conheceu, pela primeira vez, um aparelho de
televisão, na casa de um de seus patrões; como doméstica, nunca pôde, todavia,
assistiuma programação inteira: via fragmentos de filmes, novelas e propagandas somente
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no período em que limpava a sala. Agora, tudo iria mudar: ela finalmente teria a sua
disposição um aparelho de televisão.
Os filhos, movidos pelas narrativas da mãe, movidos pelas narrativas da mãe,
aguardava ansiosos conhecer o aparelho. Afinal de contas, não havia televisão nas casas de
vizinhos e de parentes. Recordo-me que tinha entrado em contato com esse fascinante
aparelho em uma única ocasião. Por alguma razão, que não me recordo, minha mãe foi
obrigada a me levar em uma das casas em que fazia faxina. Um dos filhos do patrão me
convidou para assistir a um filme que estava sendo exibido naquele momento. Era um
filme japonês em que o herói luta contra monstros, protegendo crianças, homens e
mulheres de figuras horrendas e maléficas que destroem cidades, pontes, viadutos e rios.
Por ter assistido, em uma tevê colorida, a um filme de ação, desejava mais que meus
irmãos que o dia passasse bem ligeiro. Mas não foi isso que aconteceu. A noite custou a
chegar.
Parecia que, de repente, os segundos, os minutos e horas haviam se decidido, por
alguma razão misteriosa, a conspirar contra a felicidade de minha família, retardando ao
máximo que pudessem o anoitecer daquele dia. Estávamos no portão quando avistamos,
com uma enorme e pesada caixa por sobre seus ombros, a chegada triunfal de nosso pai.
Seu olhar alegre demonstrava orgulho e satisfação, não deixando transparecer qualquer
tipo de cansaço. Finalmente, a caixa foi aberta no centro da sala. Uma tevê (marca Zenith)
apareceu deslumbrante. Tínhamos, naquele momento, um olhar somente para ela, nosso
objeto de desejo e cobiça.
As noites que se seguiriam não seriam mais as mesmas. Em primeiro lugar, porque
não interessávamos mais pelas histórias de nosso pai; sobre seu entediante dia de trabalho
como enfermeiro em um hospital psiquiátrico. Estávamos fascinados pelos desenhos
animados, contados com som e imagens em movimento. Em segundo lugar, porque a
televisão nos aproximou da vizinhança que nos rodeava. Por um período considerável, a
minha casa era um ponto de encontro de mulheres que acompanhavam novelas com
minha mãe, de homens que assistiam futebol com meu pai, de crianças que assistiam
comigo e com meus irmãos desenhos animados e filmes. Assim, a chegada da televisão em
nossa casa nos possibilitou outro tipo de relacionamento com os colegas, a inserção em
outro patamar em momentos de jogos e brincadeiras. Agora, nossos colegas queriam nos
agradar, ficar de bem conosco; seus brinquedos eram partilhados, sem problema; queriam,
a qualquer custo, evitar brigas comigo e com meus irmãos: afinal de contas, não queriam
ser impedidos de assistir televisão em minha casa.
38
ser percebidas pelas amigas de uma forma diferente. As mulheres passaram a falar dos
personagens e dos enredos das novelas. Viveram intensamente o que chamaram de
televizinho, experiência de ver televisão na casa de uma amiga., residente próxima de sua
casa. Para crianças, adolescentes e jovens, uma tevê com o formato e com a qualidade de
som e de imagem que tínhamos na infância é hoje algo impensável. Imagino que para eles,
uma tevê Zenith, de 24 polegadas, com válvulas e tubos enormes, em um museu,
provocaria um estranhamento, uma sensação de falta de senso estético. Suponho, porém,
que o nível de perplexidade deles aumentaria ainda mais, se assistisse a uma programação
com imagens em preto e branco, com grande quantidade de chuviscos e fantasmas. Não
sabendo eles que em uma época em que a televisão era um bem inacessível para as
camadas populares, possuir uma tevê era fonte de orgulho, status social e poder.
MULHERES, PATRIARCADO E TV
O texto Televizinho, uma memória de infância não é um relato ficcional, mas um
depoimento vivido por um dos autores destes cadernos. Conquanto descreva o lugar
ocupado pela televisão em sua memória infantil, seu relato não é individual, pois se situa
no campo da memória coletiva de um grupo pertencente às camadas populares que teve
acesso à televisão somente no final dos anos de 1970.
39
Dificilmente uma pessoa que viveu depois do aparecimento da televisão não tem alguma
memória marcante envolvendo o aparelho.
Estudar o impacto da chegada da televisão nas camadas populares a partir da
perspectiva das mulheres permite que exploremos aspectos da vida social e da chegada
desse aparelho desde outra perspectiva. As experiências das mulheres são diversas, mas as
narrativas coincidem em muitos pontos. Há muitas diferenças nas vivências dessas três
mulheres, mas há semelhanças, e perceber isso é muito enriquecedor, pois, a partir dessas
comparações, é possível acessar detalhes que nos ajudam a pensar e a compreender
melhor a popularização da TV nos lares brasileiros, e como isso alterou a rotina doméstica
em diferentes lugares e situações.
A televisão se popularizou nos lares brasileiros principalmente a partir da década
1970. Mas em que contexto político essas histórias se inserem? Durante a década de 1970,
o país estava sob a Ditadura Militar, que foi instaurada em 1964. Os militares fizeram
diversos investimentos para que a televisão se popularizasse e se consolidasse no Brasil, já
que era de interesse do Regime uma rede de comunicação estratégica que abrangesse o
território nacional. O chamado “Milagre Econômico”, os feitos e valores do governo eram
propagados por meio dos telejornais. Pela TV, grandes obras foram anunciadas. Vale
lembrar que durante a Ditadura Militar houve censura dos meios de comunicação, assim,
dificilmente críticas ao governo e problemas do país eram veiculados. Como dito, é
importante pensar esses relatos a partir de diferentes escalas.
Qual a relação que você tem com a televisão? Qual a relevância dela na sua vida hoje? E
no passado? você tem alguma história marcante envolvendo a TV? Você já teve ou viu as
televisões antigas em preto em branco? Como elas eram? Qual a marca? A palavra televisão
desperta que tipo de sentimento em você? Fato é que a televisão alimentou e alimenta ainda
hoje os sentimentos profundos na vida das mulheres e em todos nós. Por esse motivo, como foi a
primeira experiência com a televisão para você? Qual sua memória televisiva mais interessante
que você tem para contar?
A história da mulher brasileira não começou na década de 1960, não foi além de
1930. O ano de 1832, quando Nísia Floresta publicou Os direitos das mulheres e as
injustiças dos homens, seria um excelente ponto de partida – considerado o início de um
movimento feminista, conforme Eva Alterman Blay e Lúcia Avelar (2017). Há ainda quem
opte por marcar seu início, aqui, com mais 110 anos, em 1942; o que, a princípio, pode
parecer uma decisão arbitrária. No final, uma televisão no Brasil em 1950 (LATTMAN-
WELTMAN, 2020). Naquela época, agora, a vingança foi introduzida no Código Civil (PRIORI,
2017); e nele temos o destino específico de seguir ou anular duas diretrizes de mulheres
solteiras no Brasil, amparadas ou não pela opinião pública.
O divórcio, que só seria instituído oficialmente em 1977, ou a retaliação não
constituem ruptura do vínculo matrimonial, referindo-se à separação da casa e de dois
bens. Embora tenha sido um avanço, muitas são as condições para o processo cessar,
considerando a fama das mulheres que faleceram após sua obtenção, foi bastante
questionado: “[...] vingança equivalia a um palavrão no Brasil - significou uma derrota na
tarefa de constituir e manter uma família” (PRIORI, 2017, p. 67). Dito isso, embora durante
o Estado Novo [1937-1946], regime instituído por Getúlio Vargas, que durou de novembro
de 1937 a janeiro de 1946, apesar de muitas transformações socioculturais terem ocorrido,
seus efeitos só começaram a aparecer, de fato, nas décadas de 1950 e 1960, por exemplo,
40
só apareceu, pela primeira vez, na novela de 1969 Verão Vermelho (1969) (Tabela 1). Ou
seja, 27 anos após sua introdução na legislação brasileira. Porém, como indica Priori (2017),
ser alternativa não significa ser socialmente desejável. Não foi a primeira alternativa, mas o
último recurso.
A década de 1960 começou com um otimismo exacerbado, cujo símbolo mais
brilhante era Brasília. Segundo João Manual Cardoso de Mello e Fernando Novais (1998), a
sensação era de que “[...] estaríamos presenciando o nascimento de uma nova civilização
nos trópicos, que combinou a incorporação das conquistas materiais do capitalismo com a
persistência dos traços de caráter que nos tornam únicos como povo” (MELLO; NOVAIS,
[1998] 2007, p. 560). Afinal, em um período de tempo relativamente curto, foram adotados
os padrões de produção e consumo dos países “mais desenvolvidos” (ibdem, 2007).
No contexto sociocultural, entretanto, avanços semelhantes não foram observados.
Em The Feminine Mystique (1967), Betty Friedan questiona a representação das mulheres
na mídia e mais, o papel das mulheres na sociedade como um todo, levando à chamada
segunda onda do movimento feminista nos Estados Unidos. Enquanto as sufragistas,
intimamente associadas à primeira onda do movimento feminista, voltavam-se para o
acesso à educação, à propriedade privada e ao voto; as feministas dos anos 1960 e 1970
abordavam questões relacionadas à liberdade sexual e direitos reprodutivos, a entrada das
mulheres na igualdade de gênero no mercado de trabalho (BIROLI; MIGUEL, 2014).
No Brasil, os primeiros sinais dessa onda são percebidos na década de 1970 (BLAY;
AVELAR, 2017). A novela O outro (1987), por exemplo, fala sobre o valor da virgindade em
sua trama, tema que, em maior ou menor grau, nos foi apresentado 17 anos antes, em
“Irmãos Coragem” (1970), quando Duda Coragem é obrigada a casar com Ritinha, amiga de
infância, porque quando passam a noite juntos, ainda que de forma platônica, a
"inocência" de Ritinha é questionada. Afinal, a virgindade, como nos Anos Dourados
(PRIORI, 2018) e hoje, era muito valorizada.
Vale Tudo (1988) também abordou a questão da sexualidade feminina, mas por
outro ângulo: o da homossexualidade. Neste romance, Cecília (Lala Deheinzelin) vive um
caso com outra mulher. Porém, devido à polêmica que essa relação gerou na década de
1980, a história foi abandonada. Ainda em 2014, anos após o reconhecimento do
casamento homossexual pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a relação entre duas
mulheres não foi aceita na novela Babilônia, resultando, mais uma vez, na morte de uma
delas como solução para o problema.
Aqui, porém, havia um agravamento moral: eram duas mulheres mais velhas
(MORATELLI, 2019). Em outras novelas, antes e depois de “Babilônia” (2014), as relações
LGBTQIA+ foram apresentadas, senão com sucesso, com um mínimo de empatia e respeito
do público, como em “Mulheres Apaixonadas” (2003). Questões polêmicas, até muito
recentemente ou até hoje, podem ser abordadas de forma mais superficial para evitar
polêmicas. Foi o que aconteceu com a questão do aborto em Por Amor (1997) e do
orgasmo feminino em Páginas da Vida (2009). As questões relativas à sexualidade da
mulher ou à autonomia do corpo feminino não podem ser analisadas de forma descuidada,
pois além de multifacetadas e permeadas pelo período histórico em que se propagaram, ao
se cruzarem com outros tabus, estão sujeitas. a uma maior resistência do público.
Dito isso, se a sexualidade feminina continua sendo, de alguma forma, um campo
minado para a indústria audiovisual brasileira, o mesmo não pode ser dito para as
mulheres no ambiente de trabalho. Exemplos de mulheres que trabalham com ficção não
faltam: Somente em Fina Estampa, temos: faz-tudo Pereirão (Lilia Cabral), taxista Vilma
(Arlete Salles), médica Danielle (Renata Sorrah), professora Letícia (Tania Khalil), vendedora
41
de bolos Dagmar (Cris Vianna) etc. É importante reconhecer, porém, que, por muito
tempo, as mulheres que trabalharam em novelas sempre tiveram os mesmos papéis em
áreas relacionadas ao trabalho doméstico, como moda e culinária. E, nesses casos, estamos
falando principalmente de mulheres brancas.
As mulheres negras, com algumas exceções, costumavam ser e continuam a
ascender como empregadas domésticas ou em posições hierarquicamente inferiores às de
suas colegas. Somente em 2011, com Fina Estampa, o público acompanhou uma mulher
atuando e avançando em um campo dominado pelos homens: o da mecânica. Não passe
despercebido, porém, que se trata de uma função hierarquicamente inferior a várias outras
igualmente "masculinas" no imaginário popular.
Onde estão os engenheiros, advogados etc.? É por isso que, por um lado, se a
mulher foi trabalhar, para se satisfazer sexualmente e / ou viver seus amores livremente,
por outro lado, estruturas familiares e sociais de longa data se refletem naturalmente nas
tramas que testemunhamos. O tratamento que as novelas oferecem Entre os vários
exemplos de composição de personagens femininos na dramaturgia televisiva, os mais
recorrentes são: a mulher no papel de mãe, a mulher no papel de sofredora e aquela que
detém o poder de sedução perante os homens.
É comum usar a imagem feminina na conotação de proteção e cuidado, refletindo
um modelo preconcebido da noção historicamente construída. Tais como: Mamusca (Rosi
Campos), em Da cor do Pecado (2004); (2001); Naná (Arlete Salles) de Sol Nascente (2018)
etc. São mulheres que fazem de tudo pelos filhos, abrindo mão de sonhos particulares,
para protegê-los e criá-los. Entre os mais jovens, a imagem de uma mulher meiga e
recatada, como Açucena, de Cordel Encantado (2011); Santinha (Nathalia Dill), em Paraíso
(2009) e etc.
Ao contrário, há personagens com forte atratividade sexual para o sexo masculino,
como a egoísta Luciane (Grazi Massafera), em A lei do amor (2016); prostituta Bebel
(Camila Pitanga), do Paraíso Tropical (2007); e Clara (Mariana Ximenez), de Passione
(2010). Porém, se essas representações são comuns, é ainda mais importante não
esquecermos as mulheres que não atendem a esses padrões, como Maria Lúcia Fonseca
(Regina Duarte), de Malu Mulher (1979), e Griselda / Pereirão (Lílian Cabral), da Fina
Estampa (2011). Além disso, as representações não são estáticas, elas mudam com o
tempo.
ATIVIDADE
42
PREVENÇÃO DE DOENÇA
43
Promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças
Antecedentes e conceituação
47
5.1. Sistema de Informação O sistema de informação utilizado pela operadora
poderá ter diversas funcionalidades, que serão de suma importância para o
monitoramento e acompanhamento das atividades programadas e dos beneficiários
inscritos, podendo, por exemplo:
• controlar a entrada e a saída de inscritos.
• Identificar a frequência de participação dos inscritos nas atividades do programa.
• Emitir sinais de alerta para a busca ativa de beneficiários faltosos.
• Monitorar os resultados obtidos pelos beneficiários inscritos no decorrer do programa.
A operadora poderá utilizar como sistema de informação: software operacional,
utilizado para registro de informações assistenciais e administrativas de toda a população
para acompanhamento dos beneficiários inscritos no programa; planilha eletrônica, para
tabulação dos dados do programa em meio digital, em arquivos do tipo planilhas do
Microsoft Excel, Open Office ou compatíveis ou; software especificamente desenvolvido,
ou módulo do software operacional, para o registro e acompanhamento das informações
relativas aos Programa de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças.
6. Comunicação dos resultados: é resultante de todo o processo desenvolvido.
O relatório deve conter os propósitos da avaliação, as perguntas definidas, os
indicadores estabelecidos e a análise dos dados.
7. Utilização dos resultados: as informações devem ser úteis e críveis, de tal forma
que os resultados sejam reconhecidos como subsídios para a tomada de decisões. Nesse
sentido, é de extrema relevância estimular a incorporação da avaliação e do
monitoramento dos programas de promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças
como prática permanente realizada pelas operadoras de planos de saúde. Tal iniciativa tem
por objetivo viabilizar a tomada de decisões e a definição de estratégias de intervenção,
bem como caminhar no sentido de qualificar a atenção à saúde no setor suplementar.
49
PROMOÇÃO, DA SAÚDE DE PESSOAS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS
50
PROMOÇÃO, DA SAÚDE DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
52
sólidas, solidárias, produtoras de laços familiares dispostos às trocas mútuas entre seus
membros.
53
Lista de abreviaturas e siglas
54
SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
55
A Chegada da Criança à Família
A participação paterna
60
ambiente onde o adolescente vive; Considerando que saúde integral é o grau de bem-estar
que permite ao adolescente crescer e se desenvolver de acordo com seu potencial
biológico, psicológico e social; Considerando atenção integral como o conjunto de esforços
organizados em caráter intersetorial e interdisciplinar que visam oferecer respostas
adequadas às exigências da adolescência para alcançar e manter a saúde integral.
Considerando as Diretrizes Nacionais para a Atenção Integral à Saúde de Adolesentes e
Jovem na Promação, Proteção e Recuperação da Saúde; Considerando a Política Nacional
de Promoção da Saúde, que tem por objetivo promover a qualidade de vida e reduzir a
vulnerabilidade e os riscos relativos aos determinantes e condicionantes do processo
saúde-doença; considerando o Pacto pela Vida e o Programa Mais Saúde.
Considerando as prerrogativas legais e éticas trazidas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, pela Lei Orgânica da Saúde e pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional; Considerando a Portaria nº 1.190, de 2009, que instituiu o Plano Emergencial de
Ampliação do Acesso ao Tratamento e Prevenção em Álcool e outras Drogas no Sistema
Único de Saúde – SUS (Pead); Considerando o Programa Saúde e Prevenção nas Escolas
(SPE), instituído em 2005 por meio de trabalho conjunto entre os Ministérios da Saúde e da
Educação e organismos internacionais.
Considerando o art. 4º do Decreto nº 6.286, de 2007, que instituiu o Programa
Saúde na Escola (PSE); Considerando os programas, projetos e estratégias adotados pelos
territórios com vistas à articulação entre os setores Saúde e educação, para além dos
programas nacionais anteriormente citados; Considerando as diretrizes da Programação
Pactuada e Integrada (PPI), que estabelecem o mínimo de: uma consulta médica ao ano e 2
(duas) consultas de enfermagem ao ano, para adolescentes e jovens1 ; Cabe à Equipe de
Saúde da Família desenvolver ações de atenção primária e organizar a rede de saúde do
seu território, bem como promover articulações intra e intersetoriais, estabelecendo
parcerias e corresponsabilidades para a elaboração, condução e avaliação de ações
destinadas à prevenção de agravos, promoção e assistência à saúde de adolescentes e
jovens. Sendo assim, propõem-se as seguintes orientações básicas: É competência da rede
de atenção básica, especialmente da Estratégia Saúde da Família:
61
6. Articular parcerias e promover, junto às famílias, atividades de educação e saúde
relacionadas ao crescimento e desenvolvimento de adolescentes, à saúde sexual e à saúde
reprodutiva, à prevenção de violências e acidentes, à promoção da cultura de paz, à
redução do uso abusivo de álcool e outras drogas, dando ênfase ao diálogo familiar como
estratégia fundamental na melhoria das relações afetivas entre pais, responsáveis e filhos e
favorecendo comportamentos, hábitos e ambientes seguros e saudáveis para
adolescentes.
7. Realizar a vigilância à saúde no desenvolvimento de adolescentes e jovens identificando
fatores de risco e de proteção às doenças e agravos, identificando as desarmonias do
crescimento, os distúrbios nutricionais e comportamentais, as incapacidades funcionais, as
doenças crônicas e a cobertura vacinal, o uso abusivo de álcool e outras drogas e a
exposição às violências e aos acidentes, encaminhando o adolescente, quando necessário,
para os serviços de referência e para a rede de proteção social.
8. Desenvolver ações educativas relacionadas à saúde sexual e saúde reprodutiva baseadas
nas demandas e necessidades trazidas pelos adolescentes criando ambientes participativos
de discussões em grupo que favoreçam o exercício das relações afetivas e fortaleçam o
autoconhecimento, o autocuidado e o cuidado com o outro para tomadas de decisões
esclarecidas e responsáveis.
9. Articular parcerias e desenvolver estratégias sistemáticas de busca ativa de adolescentes
grávidas no território acolhendo-as e realizando atendimento pré-natal considerando as
especificidades e necessidades deste grupo etário, envolvendo os parceiros e os familiares
no atendimento.
62
63
Saúde da Mulher e o Enfoque de Gênero
Introdução
Mortalidade Materna
DST/HIV/Aids
72
Provavelmente, devido ao fato de ser o principal fator facilitador da transmissão
sexual do HIV, nos últimos anos o trabalho com as outras DST passaram a ter redobrada
importância. Os danos mais graves à saúde causados pelas DST, excetuando-se o HIV,
tendem a ocorrer em mulheres e em recém-nascidos. As complicações nas mulheres
incluem a doença inflamatória pélvica (DIP), tendo como conseqüência a infertilidade, a
dor crônica, a gravidez ectópica, podendo causar a mortalidade materna associada e o
câncer de colo uterino, pela estreita correlação dessa patologia com alguns subtipos do
HPV e com a imunodeficiência promovida pela infecção por HIV. As complicações em
recém-nascidos incluem a sífilis congênita, a infecção por gonococo, pela clamídia, pelo
HPV, pela hepatite B e pelo HIV.
Com relação à sífilis materna, a prevalência encontrada pelos estudos sentinela em
maternidades é de 1,7%, o que leva a uma estimativa de aproximadamente 116.000
gestantes com sífilis e cerca de 29.000 crianças com sífilis congênita (taxa média de
transmissão de 25%). É importante ressaltar que desse universo esperado de casos, apenas
são notificados cerca de 5.000 casos novos/ano, configurando problemas na qualidade dos
serviços de pré-natal e de assistência ao parto, segundo dados de 2004, do Programa
Nacional de DST/Aids. São atribuídos, em parte, a fatores relacionados a enfermidades de
transmissão sexual, um número crescente e significativo de neoplasias, tais como: o
carcinoma hepatocelular (pela hepatite B), o carcinoma espinocelular da vagina, da vulva,
do pênis, do ânus (por alguns subtipos de HPV e pela aids) e o sarcoma de Kaposi (pela
aids). Assim, prevenção e controle eficazes das DST são considerados como uma prioridade
para a promoção da saúde reprodutiva, especialmente entre as mulheres
74
assegura o planejamento familiar como um direito de todo o cidadão, inclusive os
adolescentes.
O Ministério da Saúde vem desenvolvendo, por meio da Área Técnica de Saúde do
Adolescente e do Jovem, em iniciativas integradas com a Área Técnica de Saúde da Mulher
e intersetorialmente, ações para que a atenção à mulher adolescente ocorra segundo os
parâmetros dos direitos sexuais e reprodutivos e da co-responsabilidade masculina na
reprodução e na contracepção, como no planejamento familiar. Com a progressiva
antecipação do início da puberdade, verificada desde 1940, e o conseqüente decréscimo na
idade da menarca, a capacidade reprodutiva se instala mais cedo e a competência social,
para a constituição de uma família, acontece mais tarde. Esse hiato provoca maior
exposição à maternidade precoce, considerada pela OMS como aquela que ocorre antes
dos 20 anos.
A presença de DST aumenta de três a cinco vezes o risco de transmissão do HIV.
Considerando-se o potencial de atividade sexual e reprodutiva das adolescentes e a sua
dificuldade de negociar o uso do preservativo, dentro de processos de comunicação pobres
e pouco sensíveis, aliados à falta de estímulos e suportes sociais diversos, bem como a
carência e a indisponibilidade de recursos materiais, dificultam atitudes mais seguras para
a satisfação das necessidades. Nesse contexto, correr o risco é a alternativa para quem está
vulnerável. É necessário que as estratégias de atenção à gravidez na adolescência
contemplem, dentre outros, a heterogeneidade de adolescentes nos nichos culturais,
sociais e familiares, privilegiando os grupos de maior vulnerabilidade e a atenção integral à
saúde sexual e reprodutiva, apoiando essas famílias iniciantes com ações multisetoriais
para o acesso igualitário a bens e serviços que promovam a qualidade de vida.
75
REFERÊNCIA
Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). Manual técnico para promoção da saúde e
prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar / Agência Nacional de Saúde Suplementar
(Brasil). – 4. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: ANS, 2011.
EJA, espaço e cultura: direito à cidade / Adelson França Júnior … [et al.]; Heli SaEJA, educação
midiática: direito à informação e à comunicação / Adilson dos Reis Nobre ... [et al.]; Heli Sabino de
Oliveira organizadora – Belo Horizonte: SMED-PBH, FAE/UFMG, 2021. 595 p. (Coleção EJA. Lendo
mundo, lendo palavras: Caderno Pedagógico 5).
Nota técnica conjunta 02/2022 atenção à pessoa com deficiência na atenção básica,
porto alegre, novembro de 2022.
Revista Processando o Saber (eISSN: 2179-5150) é publicada pela Fatec Praia Grande
Multidisciplinar - Revisão por pares - Acesso aberto - www.fatecpg.edu.br/revista -
revista@fatecpg.edu.b Violência contra mulher na ficção televisiva: tabus femininos em novelas
da TV Globo.
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