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Para o seu autor, Lord Dawson, a saúde só poderia ser assegurada mediante uma organização nova e
ampliada, distribuída em função das necessidades da comunidade. Tal organização é indispensável
por razões de eficiência e custos, assim como para o benefício do público e da profissão médica.
Para isso, os serviços de saúde deveriam estar localizados de acordo com a distribui ção da
população e dos meios públicos de transporte e com as correntes naturais de fluxos comerciais e de
tráfego, variando em tamanho e complexidade, segundo as circunstâncias.
Este modelo foi adotado por todos os países que instituíram sistemas nacionais de saúde,
preconizado pela Organização Mundial de Saúde e pela Organização Pan-Americana de Saúde e, faz
relação intrínseca entre os princípios e a estratégia de regionalização.
Segundo o Ministério da Saúde (2010), Redes de Atenção à Saúde são arranjos organizativos de
ações e serviços de saúde de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de
sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado
(Ministério da Saúde, 2010 – Portaria 4.279, de 30/12/2010).
População
O primeiro elemento das RAS, e sua razão de ser, é uma população, colocada sob sua
responsabilidade sanitária e econômica.
É isso que marca a atenção à saúde com base na população, uma característica essencial das RAS.
A população de responsabilidade das RAS não é a população dos censos demográficos, mas a
população cadastrada e vinculada a uma unidade de Atenção Primária em Saúde (APS).
Estrutura operacional
A estrutura operacional das RAS compõe-se de cinco componentes: o centro de comunicação, a
APS; os pontos de atenção à saúde secundários e terciários; os sistemas de apoio (sistemas de apoio
diagnóstico e terapêutico, sistemas de assistência farmacêutica, sistemas de teleassistência e
sistemas de informação em saúde); os sistemas logísticos (registro eletrônico em saúde, sistemas de
acesso regulado à atenção e sistemas de transporte em saúde); e o sistema de governança da RAS.
Observe na figura que a Rede Cegonha parte da Unidade Básica de Saúde (nível primário de atenção),
até a Maternidade (nível terciário de atenção), oferecendo assim, todo o suporte necessário para
esta linha de cuidado, em tempo e acesso igualitário dentro da complexidade de cada serviço.
Formas de organização de sistemas de saúde
Para compreendermos melhor o funcionamento da RAS, é necessário revisitar a concepção dos
níveis de atenção Hierárquica e piramidal de Atenção e a Rede Poliárquica em Rede, citado por
Mendes (2011).
Os níveis de atenção à saúde são fundamentais para o uso racional dos recursos e para estabelecer o
foco gerencial dos entes de governança das RAS.
Nas RAS a concepção de hierarquia é substituída pela de poliarquia e o sistema organiza-se sob a
forma de uma rede horizontal de atenção à saúde. Assim, nas redes de atenção à saúde não há uma
hierarquia entre os diferentes pontos de atenção, mas a conformação de uma rede horizontal de
pontos de atenção à saúde de distintas densidades tecnológicas e seus sistemas de apoio, sem
ordem e sem grau de importância entre eles. Todos os pontos de atenção são igualmente
importantes para que se cumpram os objetivos, apenas se diferenciam pelas distintas densidades
tecnológicas que os caracterizam.
Já no modelo da RAS, o modo de pensar vai para além da queixa aguda, levando em conta a
continuidade do cuidado para o enfrentamento das condi ções crônicas.
Mendes (2011) ainda complementa que doenças agudas caracterizam-se pelo binômio tempo-
resposta enquanto que as condições crônicas exige uma resposta social
Atenção Primária como ordenadora do cuidado na RAS
Como vimos, as RAS são organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados
entre si por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente,
que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela
APS – prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa, de forma
humanizada e segura e com equidade , com responsabilidades sanitária e econômica pela população
adscrita e gerando valor para essa população (MENDES, 2011).
Muito se fala em relação a Atenção Primária como "porta de entrada" e responsável por ordenar o
cuidado em saúde, mas como isso acontece?
Dentre as Diretrizes da Atenção Básica, destacamos algumas como pontos relevantes à esta
discussão, citadas na PNAB (Política Nacional da Atenção Básica), 2017.
Ordenar as redes
Reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade, organizando as
necessidades desta população em relação aos outros pontos de atenção à saúde, contribuindo para
que o planejamento das ações, assim como, a programação dos serviços de saúde, parta das
necessidades de saúde das pessoas.
A PNAB ainda destaca a Atenção Básica como primeiro ponto de atenção e porta de entrada
preferencial do sistema, que deve ordenar os fluxos e contrafluxos de pessoas , produtos e
informações em todos os pontos de atenção à saúde.
Participação da comunidade
Estimular a participação das pessoas, a orientação comunitária das ações de saúde na Atenção
Básica e a competência cultural no cuidado, como forma de ampliar sua autonomia e capacidade na
construção do cuidado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território. Considerando ainda o
enfrentamento dos determinantes e condicionantes de saúde, através de articulação e integração
das ações intersetoriais na organização e orientação dos serviços de saúde, a partir de lógicas mais
centradas nas pessoas e no exercício do controle social.
De acordo com o Art. 6º da PNAB, 2017, todos os estabelecimentos de saúde que prestem ações e
serviços de Atenção Básica, no âmbito do SUS, de acordo com esta portaria serão denominados
Unidade Básica de Saúde - UBS.
Portanto, todos estes modelos são considerados Unidades Básicas de Saúde e devem ser pautadas
nos Princípios e Diretrizes do SUS.
Todas as UBS são responsáveis por uma população adscrita, ou seja, pelas pessoas que residem no
território de abrangência da Unidade Básica de Saúde, levando em consideração o princípio da
descentralização onde, em âmbito local, corresponde à distribuição dos serviços de saúde nos
territórios, garantindo que cada pessoa tenha uma unidade de saúde de referência para o seu
cuidado.
A PNAB tem na Saúde da Família sua estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção
Básica, ou seja, há um investimento para a ampliação da ESF em todas as Unidades Básicas de Saúde,
mas outras modalidades poderão ser adicionadas a este modelo, de acordo com a A PORTARIA Nº
2.539, DE 26 DE SETEMBRO DE 2019 que veremos a seguir.
O que há de novo na PNAB?
A PORTARIA Nº 2.539, DE 26 DE SETEMBRO DE 2019 altera as Portarias de Consolidação nº
2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, e nº 6, de 28 de setembro de 2017 (PNAB), 2017), para
instituir a Equipe de Atenção Primária - EAP e dispor sobre o financiamento de Equipe de Saúde
Bucal - ESB com carga horária diferenciada de modo a atender às características e necessidades de
cada município, e deverá observar as diretrizes da Política Nacional da Atenção Básica - PNAB e os
atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde, como acesso de primeiro contato,
longitudinalidade, coordenação e integralidade.
Vejamos a seguir:
Modalidade I: a carga horária mínima individual dos profissionais deverá ser de 20 (vinte) horas
semanais, com população adscrita correspondente a 50% (cinquenta por cento) da população
adscrita para uma eSF
Modalidade II: a carga horária mínima individual dos profissionais deverá ser de 30 (trinta) horas
semanais, com população adscrita correspondente a 75% (setenta e cinco por cento) da população
adscrita para uma eSF.
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.539-de-26-de-setembro-de-2019-218535009