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05202018 1837
ARTIGO ARTICLE
Tobacco Control Policies in Brazil: a 30-year assessment
Abstract The article presents a review of Bra- Resumo O artigo apresenta um balanço da po-
zilian tobacco control policies from 1986 to 2016, lítica brasileira de controle do tabaco de 1986 a
based on contributions from political economics 2016, baseando-se em contribuições dos referen-
and analyses of public policies. The institution- ciais da economia política e da análise de políti-
alization of tobacco control in the country was cas públicas. A institucionalização do controle do
marked by more general changes in health policies tabaco no país foi marcada por mudanças mais
and by specific events related to the theme. Brazil’s gerais da política de saúde e por eventos especí-
international leadership role, a robust National ficos relacionados ao tema. A liderança brasileira
Tobacco Control Policy, the role of civil society no cenário internacional, a sólida estruturação da
and the media all contributed to the success of to- Política Nacional de Controle do Tabaco e o pa-
bacco control in this country. However, challenges pel da sociedade civil e dos meios de comunicação
remain regarding crop diversification in tobacco contribuíram para o sucesso do controle do tabaco
farms, illegal trade in cigarettes, pressure from the no Brasil. No entanto, persistem desafios relacio-
tobacco industry and the sustainability of the Pol- nados à diversificação de produção em áreas plan-
icy. This study reinforces the importance of bear- tadas de fumo, ao comércio ilícito, à interferência
ing in mind the relationship between the domestic da indústria do fumo e à sustentabilidade da Po-
and international context, and the articulation lítica. O estudo reforça a relevância de serem con-
between different governmental and non-gov- sideradas, na análise de políticas de saúde com-
ernmental sectors and players when analyzing plexas, as relações entre contexto internacional e
complex health policies. Continuity and consoli- nacional e a articulação entre diferentes setores e
dation of the tobacco control policies depend on atores governamentais e não governamentais. A
the persistence of a broad institutional framework continuidade e a consolidação da política de con-
to guide the State’s actions in social protection, trole do tabaco dependem da persistência de um
1
Escola Nacional de Saúde
Pública Sergio Arouca,
in accordance with Unified Healthcare System marco institucional amplo que norteie a atuação
Fiocruz. R. Leopoldo guidelines. do Estado na proteção social, consoante com as di-
Bulhões 1480, Manguinhos. Key words National Tobacco Control Program, retrizes do Sistema Único de Saúde.
21041-210 Rio de Janeiro
RJ Brasil.
Tobacco, Public health policy Palavras-chave Programa Nacional de Controle
leo.portes@yahoo.com.br do Tabagismo, Tabaco, Políticas públicas de saúde
2
Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes
da Silva. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
1838
Portes LH et al.
60%
14- Dependência e abandono do tabaco 78%
50%
15- Comércio ilícito 87%
63%
16- Venda a menores de idade ou por eles 83%
71%
17- Alternativas economicamente viáveis 13%
15%
18- Proteção ao meio ambiente e à saúde das pessoas 39%
39%
19- Responsabilidade penal e civil 52%
30%
20- Pesquisa, vigilância e intercâmbio de informação 87%
50%
22- Cooperação científca, técnica e jurídica 83%
41%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Américas Total %
Figura 1. Proporção de Estados Partes segundo medidas da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco
implantadas nas seis regiões definidas pela Organização Mundial da Saúdea e na Região das Américasb, 2016.
Nota: a Inclui os 133 Estados Partes que enviaram, ao Secretariado da CQCT, os seus relatórios de progresso de implantação do
ciclo de 2016: Afeganistão, África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argélia, Antígua e Barbuda, Austrália, Áustria, Azerbaijão,
Bahamas, Bahrein, Bélgica, Belize, Benin, Butão, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Burkina Faso, Burundi, Camarões, Canadá, Chile,
China, Colômbia, Congo, Cook Ilhas, Costa Rica, Costa do Marfim, Croácia, Chipre, Dinamarca, Djibouti, Dominica, Equador,
Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Eslováquia, Espanha, Estônia, Filipinas, Finlândia, França, Gabão, Gâmbia, Geórgia,
Gana, Grécia, Granada, Guatemala, Guiné, Guiana, Honduras, Hungria, Islândia, Índia, Irã, Iraque, Irlanda, Itália, Jamaica,
Japão, Jordânia, Kuwait, Letónia, Líbano, Líbia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Madagáscar, Malásia, Maldivas, Mali, Malta,
Mauritânia, Maurício, México, Micronésia, Moldova, Montenegro, Myanmar, Nova Zelândia, Nicarágua, Níger, Nigéria, Noruega,
Omã, Países Baixos, Paquistão, Palau, Panamá, Papua Nova Guiné, Paraguai, Polônia, Portugal, Quénia, Quiribati, Quirguistão,
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República da Coreia, República Tcheca, República Democrática do Congo,
Rússia, Santa Lúcia, Samoa, São Marinho, Senegal, Sérvia, Seychelles, Serra Leoa, Singapura, Sri Lanka, São Cristóvão e Neves,
Síria, Suriname, Suazilândia, Suécia, Tanzânia, Tailândia, Togo, Tonga, Trinidad e Tobago, Tunísia, Turquia, Turquemenistão,
Uganda, Ucrânia, União Europeia, Vanuatu, Vietnam, Iémen e Zimbábue. b Inclui os 23 Estados Partes da Região das Américas que
enviaram, ao Secretariado da CQCT, os seus relatórios de progresso de implantação do ciclo de 2016: Antígua e Barbuda, Bahamas,
Belize, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador, El Salvador, Granada, Guatemala, Guiana, Honduras,
Jamaica, México, Panamá, Paraguai, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, Suriname e Trinidad e Tobago.
Fonte: Elaborada pelos autores com base no relatório geral de acompanhamento da CQCT de 20161e relatórios nacionais de
implantação da CQCT2. 1. WHO Framework Convention on Tobacco Control. 2016 global progress report on implementation of
the WHO Framework Convention on Tobacco Control. 2016. 2. WHO FCTC Implementation Database [Internet]. [citado 30 de
outubro de 2017]. Disponível em: http://apps.who.int/fctc/implementation/database/
saúde – de proteção social, econômica e de po- observam-se esforços de alguns estados no em-
der20 – cabe destacar a complexidade do controle preendimento de ações de combate ao fumo e
do tabaco, que envolve diferentes organizações, acontecimentos em nível nacional que favorece-
estratégias, atores e interesses (Figura 2). ram a conformação do controle do tabaco como
O primeiros movimentos do controle do política de destaque (1979: elaboração da ‘Carta
tabagismo no país tiveram início na década de de Salvador’ e do ‘Programa Nacional Contra o
1960, a partir do debate sobre as doenças rela- Fumo’; 1980: realização da ‘1a Conferência Brasi-
cionadas ao tabaco21. Nas décadas seguintes, leira de Combate ao Tabagismo’; 1985: formação
1840
Portes LH et al.
DIMENSÃO DE PODER
Atores:
DIMENSÃO SOCIAL - Apoio às políticas de controle do tabaco (setores defensores
da saúde, agricultura familiar, direitos sociais, meio-ambiente
Saúde como direito: e de geração de receitas):
- Garantia do bem-estar de - Órgãos governamentais;
fumantes (apoio à cessação) e - Sociedade civil: associações científicas e profissionais,
de não fumantes (ambientes organizações não governamentais; profissionais de
livres do tabaco). saúde; parte dos agricultores e comerciantes;
- Tratamento de doenças - Parte do legislativo e judiciário.
tabaco-relacionadas. - Resistência às políticas de controle do tabaco (setores
ligados a cadeia produtiva do fumo):
Previdência social como - Órgãos governamentais;
direito: - Sociedade civil: associações profissionais de
- Pensões, auxílios e fumicultores e da indústria do fumo; parte dos
aposentadorias decorrentes da agricultores e comerciantes;
morbimortalidade relacionada - Parte do legislativo e judiciário.
ao tabaco.
Estratégias:
Embate: - Apoio às políticas de controle do tabaco:
- Livre-arbítrio do cidadão - Argumentação (prejuízos decorrente do tabagismo e
em relação às suas escolhas x benefícios da implantação de medidas de controle do
Dever do Estado na promoção tabaco);
da saúde, na preservação da - Práticas de influência (advocacy) nos poderes
saúde dos não-fumantes e Executivo, Legislativo e Judiciário, com protagonismo da
na valorização do bem-estar sociedade civil;
coletivo. - Articulação entre os atores (arenas: eventos científicos
e de mobilização, audiências públicas, encontros com
atores-chave).
- Resistência às políticas de controle do tabaco:
DIMENSÃO ECONÔMICA - Argumentação (aumento do comércio ilícito e
prejuízos econômicos decorrentes do controle do
Setores da economia: tabaco);
- Primário: produção do - Práticas de influência nos poderes Executivo,
fumo, sobretudo através da Legislativo e Judiciário;
agricultura familiar; - Renovação dos produtos e das estratégias de marketing;
- Secundário: indústria do - Financiamento (campanhas políticas; patrocínio
tabaco (mercado interno de eventos e programas; apoio a comerciantes e
e exportação) e indústria agricultores).
farmacêutica;
- Terciário: comércio Institucionalização da Política:
(confecção dos produtos - Estrutura governamental:
para venda, distribuição - Apoio às políticas de controle do tabaco: Comissão
e marketing envolvendo Nacional para Implementação da Convenção-Quadro
diferentes segmentos) e para o Controle do Tabaco (CONICQ) e articulação
serviços de saúde (prevenção federativa;
e tratamento nos três níveis de - Resistência às políticas de controle do tabaco: Câmara
atenção); Setorial da Cadeia Produtiva do Fumo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Embate: - Base legislativa e normativa (legislação e normas nacionais
- Livre comércio x Regulação nas três esferas de governo; Convenção-Quadro para o
do mercado; Controle do Tabaco- CQCT);
- Defesa do meio ambiente - Inserção internacional (participação ativa de atores
e da saúde do trabalhador brasileiros em organizações internacionais).
x Garantia de empregos
relacionados à economia do Relações, interesses, conflitos e disputas
tabaco; pelo poder em diversas arenas
- Defesa do consumidor:
fumantes x não fumantes.
Nota: A elaboração da figura destina-se à contextualização do controle do tabaco no Brasil, incorporando resultados de ampla
revisão bibliográfica sobre o tema e alguns resultados iniciais do trabalho de campo, que contribuíram para o aprimoramento do
referencial analítico. No entanto, a pesquisa não teve a pretensão de esgotar todas as dimensões e aspectos elencados na figura.
Plano de Ações
Estratégicas para o
Enfrentamento das
Doenças Crônicas não
Pacto pela Transmissíveis
Saúde; PNPS no Brasil (2011-2022)
Mais Saúde:
Lei Orgânica da Saúde
Direito de Todos
Criação da Anvisa
Revisão
Constituição Federal da PNPS
(criação do SUS)
1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Criação da CONICQ
Criação da CNCT
Ratificação da CQCT
Nota: Parte superior- marcos gerais da política de saúde do Brasil. Parte inferior- marcos específicos do controle do tabaco.
Legenda: Anvisa- Agência Nacional de Vigilância Sanitária; CONTAPP- Coordenação Nacional de Controle do Tabagismo e Prevenção
Primária de Câncer; CNCT- Comissão Nacional para o Controle do Uso do Tabaco; CONICQ- Comissão Nacional para Implementação
da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco; CQCT- Convenção Quadro para o Controle do Tabaco; PNCF- Programa Nacional de
Combate ao Fumo; PNPS- Política Nacional de Promoção da Saúde; SUS- Sistema Único de Saúde.
Fonte: Elaborada pelos autores.
1842
Portes LH et al.
fumo, da proteção da população contra a expo- de suas metas e prevê ações de vigilância, pes-
sição à fumaça do tabaco e do apoio à cessação quisa e promoção da saúde relacionadas ao taba-
do tabagismo28. Entre 1990 e 1993, o Programa foi gismo37. Por sua vez, a revisão da PNPS em 2014
coordenado pela direção central do Ministério manteve o controle do tabaco como prioridade,
da Saúde em Brasília, voltando então a ser gerido sendo estimuladas ações educativas, legislativas,
pelo INCA. Em 1996, foi criada a Coordenação econômicas, ambientais, culturais e sociais38.
Nacional de Controle do Tabagismo e Prevenção O arcabouço legal e normativo contribuiu
Primária de Câncer (CONTAPP), abrangendo o para a institucionalidade do controle do tabaco
Programa Nacional de Controle do Tabagismo no período. A Lei Federal no 9.294/1996 e sua re-
e demais programas de prevenção de fatores de gulamentação posterior (Decreto no 2.018/1996,
risco para o câncer29. Lei no 10.167/2000, Lei nº 12.546/2011 e Decreto
A criação da Agência Nacional de Vigilância nº 8.262/2014), permitiram avanços significa-
Sanitária (Anvisa) em 1999 possibilitou ações de tivos em relação à divulgação de advertências, à
controle e fiscalização dos produtos derivados restrição da propaganda dos produtos derivados
do tabaco mais eficazes do que as desenvolvidas do tabaco e à proibição do fumo em ambientes
até então pelo Ministério da Saúde21. Nesse mes- coletivos fechados. Destacam-se no rol de dispo-
mo ano, formou-se a Comissão Nacional para o sitivos normativos das últimas décadas diversas
Controle do Uso do Tabaco (CNCT) a fim de re- portarias do Ministério da Saúde e resoluções da
presentar o país nas negociações internacionais Anvisa (destinadas à regulação de produtos de ta-
da Convenção Quadro para o Controle do Taba- baco) e do Banco Central (voltadas à regulamen-
co (CQCT)30. tação da produção de fumo).
Nos anos 2000, os acontecimentos relaciona-
dos à CQCT marcaram a trajetória do controle Balanço das medidas da política brasileira
do tabaco no Brasil. Em 2003, com a adoção do de controle do tabaco
tratado, a CNCT foi substituída pela Comissão
Nacional para Implementação da Convenção- Várias medidas de controle do tabagismo
Quadro para o Controle do Tabaco (CONICQ), foram implementadas no Brasil nas três últimas
sendo incorporados novos órgãos de diversos décadas, em sua maioria relacionadas à redução
setores31. Com a ratificação da CQCT pelo Bra- da demanda de tabaco. Uma das principais ações
sil em 2005, e a sua entrada em vigor nacional- refere-se aos reajustes periódicos dos principais
mente em 2006, as diversas ações voltadas para o impostos sobre cigarros e dos preços da venda
controle do tabaco passaram a integrar a Política desses produtos no varejo. Ressaltam-se as mu-
Nacional de Controle do Tabaco (PNCT)32. Con- danças ocorridas em 2011 envolvendo o recolhi-
figurou-se, assim, uma política de Estado interse- mento do Imposto sobre Produtos Industrializa-
torial e articulada entre os três entes federativos33. dos e o estabelecimento de um preço mínimo de
No contexto da política nacional de saúde, venda de cigarros. Apesar do comércio ilícito de
algumas iniciativas potencializaram a implemen- produtos de tabaco, a experiência brasileira su-
tação de medidas de controle do tabaco no país. gere que o aumento dos impostos pode expandir
No Pacto pela Saúde de 2006, o combate ao taba- as receitas do governo e reduzir a prevalência de
gismo foi destacado como uma das prioridades fumantes39.
para a promoção da saúde34. No mesmo ano, a A promoção de ambientes livres da fumaça
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) de tabaco representa uma das medidas de maior
incluiu a prevenção e o controle do tabagismo, sucesso da política brasileira. A partir do fim dos
abrangendo ações educativas, legislativas, econô- anos 1980, a restrição do fumo avançou no país
micas, de promoção de ambientes livres da fuma- subsidiada por legislações nacionais, estaduais e
ça de tabaco e de apoio à cessação do tabagismo35. municipais. Desde 2011, não é permitido fumar
Medidas educativas e legislativas também foram em ambientes coletivos fechados, privados ou
pautadas no programa ‘Mais saúde: Direito de públicos, salvo algumas exceções (locais de cul-
Todos’, lançado em 200836. to religioso, tabacarias, estúdios e instituições de
Na segunda década do século XXI, o controle saúde)40,41.
do tabaco permaneceu em destaque na política As advertências sobre os malefícios do taba-
nacional de saúde. O ‘Plano de Ações Estratégicas gismo nas embalagens e publicidade dos maços
para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não de cigarros, adotadas a partir de 1988, foram
Transmissíveis no Brasil, 2011-2022’ apresenta a reformuladas com a inclusão de imagens para
redução da prevalência de fumantes como uma sensibilizar a população. Com a criação da An-
1843
2000 180.000
1600 140.602
140.000
1.557 1.557
1400
120.000
municípios/unidades
1.308
1200 101.874
100.000
fumantes
1.144
88.016
1000
75.734 71.327
80.000
71.688
800 850 63.991
60.000
600 51.532
44.933
39.096 41.773
514 40.000
400 35.475
17.489
308 20.000
200 12.914 15.002
4.787 198
76 157 247 301 496 688 848 685 604
0 0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Municípios com atendimento Unidades com atendimento Fumantes atendidos Fumantes que pararam de fumar
90,0%
40,0% 34,8%
30,0% 35,3%
30,1% 30,2% 28,5%
17,4% 26,7% 25,6% 26,7%
20,0% 24,0% 23,5%
10,0%
0,0%
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Abandono Cessação Uso de medicação
Figura 5. Evolução dos indicadores de abandono, cessação e uso de medicação de 2005 a 2013.
O estudo reforça a relevância de serem con- mídia e sociedade civil também é fundamental
sideradas, na análise de políticas de saúde com- para assegurar a institucionalidade do controle
plexas, as relações entre contexto internacional e do tabaco no Brasil.
nacional e a articulação entre diferentes setores Por fim, em meio à dinâmica da agenda gover-
e atores governamentais e não governamentais. namental e à instabilidade política e econômica
O Brasil apresentou iniciativas pioneiras e atores que periodicamente impactam o país, a sustenta-
que influenciaram negociações para controle do bilidade da PNCT configura-se como um grande
tabaco no plano internacional. No entanto, após desafio. São fundamentais a manutenção da prio-
a entrada em vigor da CQCT, a política brasilei- rização do tema na agenda do setor saúde e a ex-
ra passou a ser fortemente influenciada pelo ce- pansão de medidas legislativas, econômicas, regu-
nário internacional, estabelecendo, assim, uma latórias e educativas. O enfrentamento dos interes-
relação de “mão-dupla”57. Além disso, apesar do ses econômicos relacionados à indústria do tabaco
controle do tabaco no Brasil ter se iniciado a par- é determinante para assegurar avanços em áreas
tir de estratégias do setor saúde e seu reconheci- ainda frágeis. A continuidade e a consolidação da
mento ser pautado principalmente pelo combate política de controle do tabaco em médio e longo
à morbimortalidade relacionada ao tabagismo, prazos também dependem da persistência de um
os avanços na PNCT dependem fortemente do marco institucional amplo que norteie a atuação
comprometimento de outros setores, sobretudo do Estado na proteção social, consoante com as di-
os relacionados à economia e agricultura. A ar- retrizes do SUS, em que as necessidades sanitárias
ticulação entre Executivo, Judiciário, Legislativo, se sobreponham aos interesses econômicos.
Colaboradores Agradecimentos
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