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CONHECIMENTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO:
1. História da Educação Brasileira
2. Filosofia da Educação
3. Sociologia da Educação
4. Antropologia e Educação
5. Psicologia da Educação
POLÍTICAS EDUCACIONAIS:
1. Função Social da Escola
2. Papel do Estado e Direito à Educação
3. Políticas Públicas e Educação
4. Financiamento da Educação
5. Formação e Valorização Docente
6. Organização Escolar e Trabalho Docente
7. Gestão Democrática
8. Inclusão Escolar, Diversidade e Desigualdade
9. Qualidade, Avaliação e Regulação da Educação
ATITUDES INICIAIS
Como já disse, “Atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença ”. A atitude é quem cria o compor-
tamento, a ação, e a ação gera resultados.
Assim, se você quer resultados, precisa trabalhar suas atitudes diante da vida e seus desafios. O prêmio por este
esforço será o sucesso em seus projetos.
isto aqui as atitudes básicas que me parecem as mais necessárias para quem tem um projeto de estudo...
MOTIVAÇÃO
COMPROMISSO
AUTODISCIPLINA
ORGANIZAÇÃO
ACUIDADE
FLEXIBILIDADE
CONSCIÊNCIA DO PROJETO
Aliás, com essas atitudes, a pessoa terá sucesso não só em provas e concursos, mas em qualquer projeto que
desejar.
Muitas mudanças ocorreram até que se chegasse à pedagogia dos dias de hoje. As principais reformas foram Ben-
jamim Constant (1890), Epitácio Pessoa (1901), Rivadávia Correia (1911), Carlos Maximiliano (1915), João Alves da
Rocha Vaz (1925), Francisco Campos (1932), Gustavo Capanema (1946) e as Leis de Diretrizes e Bases de 1961, 1971
e 1996.
Ao contrário do que diz nosso Hino Nacional, a Educação no Brasil desde o seu descobrimento não teve o mesmo
incentivo que nas demais colônias européias na América, como as espanholas. Enquanto que na América Hispânica
fundaram-se diversas universidades desde 1538 (Universidade de Santo Domingo na atual República Dominicana) e
1551 (Universidade do México e Universidade de San Marcos no Peru), a primeira universidade brasileira foi criada em
1912 (Universidade Federal do Paraná).
A educação indígena foi interrompida com a chegada dos jesuítas. Comandados pelo padre Manuel da Nóbrega,
quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador. Irmão Vicente tornou-se o
primeiro professor nos moldes europeus, em terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a pro-
pagação da fé religiosa.
No Brasil os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho educativo. Perceberam que não seria
possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se
para o sul e, em 1570, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente,
Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).
As escolas jesuítas não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar, mantinham cursos de
Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para forma-
ção de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia
estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Nesse período, os alunos eram os
índios. Filhos de comerciantes e latifundiários portugueses estudavam na Europa.
No momento da expulsão dos jesuítas, eles tinham 25 residências, 36 missões e 17 colégios e seminários, além de
seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de
Jesus. A educação brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica num processo já implantado e consolida-
do como modelo educacional.
Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais diferenças de objetivos com os dos interesses da
Corte. Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal
da decadência que se encontrava diante de outras potências européias da época. A educação jesuítica não convinha
aos interesses comerciais emanados por Pombal. Se as escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos
interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para servir aos interesses do Estado.
Portugal logo percebeu que a educação no Brasil estava estagnada e era preciso oferecer uma solução. Para isso,
instituiu-se o “subsídio literário” para manutenção dos ensinos primário e médio. Apesar disso, professores ficavam lon-
gos períodos sem receber vencimentos a espera de uma solução vinda de Portugal, assim os professores geralmente
não tinham preparação para a função. Eram nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se tornavam
“proprietários” vitalícios de suas aulas régias.
A mudança da Família Real, em 1808, permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para atender às necessi-
dades prementes da nova capital e centro do Império Português, D. João VI fundou a academia militar que havia (atual
Academia Militar das Agulhas Negras), criou duas escolas de medicina – um no Rio de Janeiro e outro em Salvador,
transferiu a Biblioteca Real para cá (atual Biblioteca Nacional), criou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e a Imprensa
Régia (primeira imprensa oficial que criou o primeiro jornal impresso do Brasil).
Há de se notar que todas essas intervenções mudariam a condição cultural do Brasil que antes era relegado à de-
pendência colonial. O surgimento da imprensa permitiu que os fatos e as idéias fossem divulgados e discutidos no meio
da população letrada, preparando terreno propício para as questões políticas que permearam o período seguinte da
História do Brasil; apesar de tudo infelizmente não se conseguiu implantar um sólido sistema educacional nas terras
brasileiras.
A educação continuou a ter uma importância secundária. O professor Lauro de Oliveira Lima disse: “A ‘Abertura dos
portos’, além do significado comercial da expressão, significou a permissão dada aos ‘brasileiros’ de tomar conhecimento
de que existia, no mundo, um fenômeno chamado civilização e cultura”. Não existiam universidades.
D. João VI volta a Portugal em 1821. Em 1822, seu filho D. Pedro I proclama a Independência do Brasil e, em 1824,
outorga a primeira Constituição brasileira. O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a “instrução primária é gratuita para to-
dos os cidadãos”.
Em 1823, tentando suprir a falta de professores, institui-se o Método Lancaster, pelo qual um aluno treinado ensina-
va um grupo de 10 alunos sob a vigilância de um inspetor.
Em 1826, um Decreto institui quatro graus de instrução: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Acade-
mias. Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em todas as cidades e vilas, além de prever o exame
na seleção de professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de escolas para meninas.
Em 11 de agosto de 1827 o imperador D. Pedro I cria duas faculdades de Direito no País. Tal empreendimento é de
ordem prática: assim não era mais necessário deslocar-se para a Europa (para a Universidade de Coimbra na época
colonial) – e estava assegurada a formação dos advogados e administradores públicos do nascente Império Brasileiro.
Por todo o Império pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim.
A República proclamada adotou o modelo político estadunidense baseado no sistema presidencialista. Na organiza-
ção escolar percebe-se influência da filosofia positivista. A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orienta-
dores a liberdade e laicidade do ensino, como também a gratuidade da escola primária. Estes princípios seguiam a ori-
entação do que estava estipulado na Constituição brasileira. Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino
em formador de alunos para os cursos superiores. Outra intenção era substituir a predominância literária pela científica.
Esta Reforma foi bastante criticada: pelos positivistas, já que não respeitava os princípios pedagógicos de Comte;
pelos que defendiam a predominância literária, já que o que ocorreu foi o acréscimo de matérias científicas às tradicio-
nais.
A Reforma Correa, de 1911, pretendeu que o curso secundário se tornasse formador do cidadão e não como sim-
ples promotor a um nível seguinte. Retomando a orientação positivista, prega a liberdade de ensino, entendendo-se co-
mo a possibilidade de oferta de ensino que não seja por escolas oficiais, e de freqüência. Além disso, prega ainda a abo-
lição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento e transfere os exames de admissão ao en-
sino superior para as faculdades. Os resultados desta Reforma foram desastrosos para a educação brasileira.
Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e Cí-
vica com a intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o governo do presidente Artur Bernardes.
A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no processo de mudança das características políticas
brasileiras. Foi nesta década que ocorreu o Movimento dos 18 do Forte (1922), a Semana de Arte Moderna (1922), a
fundação do Partido Comunista do Brasil (1922), a Rebelião Tenentista (1924) e a Coluna Prestes (1924 a 1927).
Em 1964, um golpe militar aborta todas as iniciativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que
as propostas eram “comunistas e subversivas”.
O Regime Militar espelhou na educação o caráter antidemocrático de sua proposta ideológica de governo: professo-
res foram presos e demitidos; universidades foram invadidas; estudantes foram presos e feridos nos confronto com a
polícia e alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes proibida de funcionar; o
Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores.
Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. Para acabar com os “excedentes” (aqueles
que tiravam notas suficientes para serem aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular
classificatório.
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização, aproveitando-se a “didática do
expurgado Paulo Freire”. O MOBRAL se propunha a erradicar o analfabetismo no Brasil: não conseguiu. Entre denún-
cias de corrupção, acabou por ser extinto e, no seu lugar, criou-se a Fundação Educar.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular contrária aos interesses do governo
era abafada, muitas vezes pela violência física, que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, em 1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional um cunho profissio-
nalizante.
Bibliografia :
Lima, Lauro de Oliveira. Estórias da Educação no Brasil:de Pombal a Passarinho.3.ed.RJ: Brasília, 1969.
Romanelli, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil.13.e.Petrópolis:Vozes,1991.
BELLO, José Luiz de Paiva. Educação no Brasil, a História das Rupturas. 2001.(Internet)
www.Pedagogia em Foco.com.br (site)
História da Educação, Linha do tempo(Internet)
Entre os elementos que contribuíram para a humanização e desenvolvimento do ser humano, podemos dizer que um
de fundamental importância foi o processo de transmissão dos conhecimentos acumulados. O homem não se humanizou
somente porque produziu conhecimentos, mas também porque soube transmiti-los. Desse ponto de vista tão impor-
tante quanto produzir conhecimentos é seu processo de transmissão. Talvez por esse motivo, ao longo da história hu-
mana, o processo educacional tenha recebido tanta atenção não só por parte de quem está envolvido no processo de
ensino e aprendizagem, mas também por quem estuda esse processo. Assim a história da educação é um capítulo im-
portante não só para se saber o que já foi feito, mas também para aprender, comparativamente, como agir mais eficaz-
mente no presente.
Nos primeiros milênios da história humana o processo de transmissão de conhecimentos baseava-se na convivên-
cia. As crianças conviviam com os adultos e aprendiam por imitação. Podemos dizer que nesse primeiro momento não
havia muita preocupação com as técnicas de ensinar, mas com a proximidade do grupo. Nesse contexto, se alguma
técnica de ensino havia, ela consistia em motivar as crianças e jovens a imitar os mais velhos. Do ponto de vista antropo-
lógico podemos dizer que os ritos de passagem são um capitulo à parte visto que não se caracterizam como processo
formal de educação, mas como mecanismo cultural, específico de cada agrupamento humano.
Da mesma forma que o ensino formal e a instituição escolar surgem muitos milênios depois, a preocupação mais
específica com o processo de ensino aparece somente mais tarde. Isso não significa que não tenha havido processos
formais de ensino, antes da escola,ou antes da reflexão didática. Esse processo pode ser percebido entre os monges
hindus ou budistas que se faziam seguir por um séquito de discípulos; entre os primeiros pensadores e seus discípulos;
os sofistas, e Sócrates, são exemplos típicos de processo educacional – ou de ensino – antes da institucionalização da
escola como a entendemos hoje e da reflexão sobre os métodos de ensino. E, dentro desse ponto de vista, Platão e
Aristóteles já se enquadram dentro de período da institucionalização da escola – embora a Academia e o Liceu não se
assemelhassem com o modelo de escola contemporâneo. Esses pensadores criaram suas escolas formais e mantive-
ram um método de ensino: Platão seguindo a tradição socrática priorizava o diálogo; Aristóteles se preocupava
com a pesquisa e seu método consistia em falar aos discípulos ouvintes em caminhadas pelos corredores e
adjacências do Liceu – dá a denominação de escola peripatética. Podemos dizer que o método platônico renasceu
com a dialética das tendências pedagógicas de caráter progressista, como sugeriu inicialmente D. Saviani e posterior-
mente J. Carlos Libâneo ao propor duas grandes linhas de pensamento pedagógico: a tendência liberal e a progressis-
ta. Podemos dizer que o chamado "Método Paulo Freire" é uma espécie de reedição dos diálogos socráticos, como no-
los apresenta Platão em a República, por exemplo.
Por sua vez a metodologia aristotélica, que se universalizou com mais amplidão ao longo da Idade Média européia,
de onde chegou ao Brasil, deu origem à educação tradicional ou aquilo que o professor Libâneo denominou de tendên-
cia liberal. As disputas que caracterizaram a metodologia escolástica se fundamentaram não no diálogo socrático, mas
na afirmação categórica do mestre, como havia ensinado Aristóteles.
Podemos dizer, portanto, que o método tradicional de ensino ou suas manifestações naquelas tendências que se Li-
bâneo e também Luckesi chamam de tendência liberal, não nascem com o capitalismo ou para lhe dar sustentação,
mas nascem da metodologia aristotélica, da escolástica e, posteriormente, sim, se sedimentou como metodologia edu-
cacional que pode ser usado como instrumento de manutenção da sociedade.
Isso não invalida a afirmação de que foi Comênius, com sua Didática Magna, que lançou o marco mais significativo
para a sistematização da didática. Também não se pode esquecer que Comênius produziu sua obra no século XVII.
Estamos, portanto, dentro de um contexto pós-medieval e dentro de um período humanista. Seu ponto de partida é todo
o movimento renascentista e de modo específico a reforma religiosa.
O movimento renascentista lhe permitiu imprimir um caráter humanista em sua obra e, dentro desse movimento a re-
forma religiosa teve fundamental importância sobre sua reflexão, uma vez que não a dissociou das bases espiritualistas
em que estava assentada a sociedade na qual vivia. Daí e de sua formação teológica, além de filosófica, é que desen-
volve uma perspectiva espiritualista em seu método.
Por isso podemos dizer que embora tendo dado um passo à frente do seu tempo, não quebrou a sintonia com seus
contemporâneos. E, podemos dizer, essa é uma característica importante não só na didática proposta por Comenius,
mas também de qualquer método de ensino que se preocupe, verdadeiramente com o aprendizado. Dentro dessas
perspectiva podemos dizer que a teorização piagetiana e construtivista podem ser mencionadas como exemplos de me-
todologias que privilegiam o lugar e as condições do educando.
Podemos dizer, também, que um dos grandes méritos de Comenius foi a sua preocupação em desenvolver o que
hoje chamamos de método de ensino.
E como cada método está associado à ideologia que lhe dá sustentação podemos dizer que as diferentes ten-
dências pedagógicas se fundamentam na concepção de homem e de sociedade que se pretende imprimir; e essa con-
Podemos dizer que é desse ponto de vista que os professores Saviani e Libaneo propõem a reflexão sobre as ten-
dências pedagógicas. Com base nisso, também, é que se entende a distinção das Tendências Pedagógicas em Libe-
ral e Progressista. Cada uma delas com as suas ramificações e com a especificação do papel da escola, os conteúdos
e os métodos de ação específicos.
Durante muito tempo a prática pedagógica não se alterou, mantendo-se afinada com aquilo que se popularizou como
escola tradicional, dentro da tendência "liberal tradicional".
Essa tendência recebeu inovações e se redefiniu como tendência renovada progressivista, e com o aparecimento
do movimento escolanovista, foi denominada de tendência renovada não-diretiva.
A mesma perspectiva ou tendência liberal, a partir dos anos da década de 1960 recebeu o incremento tecnicista, ori-
undo, em parte da filosofia positivista, tão a gosto do governo militar.
Da mesma forma que se desenvolveram tendências alinhadas ao capital, por isso tendência liberal, o desenvolvi-
mento e popularização da análise marxista da sociedade possibilitou o desenvolvimento da tendência progressista. Po-
demos dizer que, além dessa base materialista (histórico e dialético) a tendência progressista se desenvolve a partir de
movimentos populares e se ramifica em três correntes: a tendência progressista libertadora, a libertária e a crítico-social
dos conteúdos.
Hoje não se pode dizer que nenhuma dessas tendências e correntes sobreviva sozinha ou isoladamente na
prática pedagógica. O que podemos observar na prática cotidiana das escolas e dos professores é a mistura de ten-
dências e posturas.
Elas não se apresentam puras nas práticas pedagógicas, mas formando uma mistura formando o que é nosso sis-
tema educacional. Misturando-se não de forma dialética, pois assim teríamos um avança qualitativo, mas de forma
eclética de modo que cada um recolhe aquilo que lhe aprece conveniente. Pense nisso...
Bibliografia:
ARAÚJO Denise Silva, A construção do consenso nos anos 1990 e os organismos internacionais Disponível em:
http://professor.ucg.br/siteDocente/home/disciplina.asp
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo : Loyola, 1990.
LUCKESI, Copriano C. Filosofia da Educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 31 ed. Campinas: Autores Associados, 1997.
SILVA Delcio Barros da.As Principais Tendências Pedagógicas na Prática Escolar Brasileira e Seus Pressupostos de Aprendizagem dispo-
nível em: <http://www.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm>
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste tema é verificar os pressupostos de aprendizagem empregados pelas diferentes tendências peda-
gógicas na prática escolar brasileira, numa tentativa de contribuir, teoricamente, para a formação continuada de profes-
sores, no que se refere à História da Educação Brasileira.
Sabe-se que a prática escolar está sujeita aos condicionantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes con-
cepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da apren-
dizagem, inter alia (=entre outras coisas). Assim, justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os
professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.
Embora se reconheçam as dificuldades do estabelecimento de uma síntese dessas diferentes tendências pedagó-
gicas, cujas influências se refletem no ecletismo do ensino atual, emprega-se, neste estudo, a teoria de José Carlos
Libâneo, que as classifica em dois grupos: “liberais” e “progressistas”. No primeiro grupo, estão incluídas a tendência
“tradicional”, a “renovada progressivista”, a “renovada não-diretiva” e a “tecnicista”. No segundo, a tendência
“libertadora”, a “libertária” e a “crítico-social dos conteúdos”.
Justifica-se, também, este trabalho pelo fato de que novos avanços no campo da Psicologia da Aprendizagem, bem
como a revalorização das idéias de psicólogos interacionistas, como Piaget, Vygotsky e Wallon, e a “autonomia da
escola” na construção de sua Proposta Pedagógica, a partir da LDB 9.394/96, exigem uma atualização constante do
professor.
Através do conhecimento dessas tendências pedagógicas e dos seus pressupostos de aprendizagem, o professor
terá condições de avaliar os fundamentos teóricos empregados na sua prática em sala de aula.
No aspecto teórico-prático, ou seja, nas manifestações na prática escolar das diversas tendências educacionais, se-
rá dado ênfase ao ensino da Língua Portuguesa, considerando-se as diferentes concepções de linguagem que perpas-
sam esses períodos do pensamento pedagógico brasileiro.
O fenômeno educativo é um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Como não existe um só momento de
educação, ou uma única forma de se educar não se pode explicar a educação simplesmente por fórmulas. As diferentes
formas são aproximações que podem ser consideradas como mediações que permitem contextualizar a educação, ao
menos em alguns aspectos. Por isso, as mesmas devem ser analizadas, contextualizadas e discutidas criticamente.
Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar os indiví-
duos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo pre-
cisa adaptar-se aos valores e normas vigentes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual.
Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a
escola passe a difundir a idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tradicional se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de
cultura geral. De acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização através de seu
próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática escolar não tem
nenhuma relação com o cotidiano do aluno.
Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a idéia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o
espírito da criança é acompanhada de outra: a de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adul-
to, sem levar em conta as características próprias de cada idade.
No ensino da língua portuguesa, parte-se da concepção que considera a linguagem como expressão do pensamen-
to. Os seguidores dessa corrente lingüística, em razão disso, preocupam-se com a organização lógica do pensamento, o
que presume a necessidade de regras do bem falar e do bem escrever. Segundo essa concepção de linguagem, a Gra-
mática Tradicional ou Normativa se constitui no núcleo dessa visão do ensino da língua, pois vê nessa gramática uma
perspectiva de normatização lingüística, tomando como modelo de norma culta as obras dos nossos grandes escritores
clássicos. Portanto, saber gramática, teoria gramatical, é a garantia de se chegar ao domínio da língua oral ou escrita.
Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a tendência liberal renovada (ou pragmatista) acentua o sentido da
cultura como desenvolvimento das aptidões individuais.
A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na sociedade, adaptando as necessida-
des do educando ao meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a atividade pedagó-
gica estava centrada no professor, na escola renovada progressivista, defende-se a idéia de “aprender fazendo”,
portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural
e social, etc., levando em conta os interesses do aluno.
Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem,
sendo o ambiente apenas um “meio estimulador.” Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da
descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações.
É a tomada de consciência, segundo Piaget.
No ensino da língua, essas idéias escolanovistas não trouxeram maiores conseqüências, pois esbarraram na prática
da tendência liberal tradicional.
A função do professor nesta tendência é de investigar o desenvolvimento da capacidade que cada aluno possui,
sendo que o professor é amigo e não o conhecedor de tudo. O seu principal papel é fazer e achar fórmulas para que o
aluno desenvolva o seu raciocínio. “não há lugar privilegiado para o professor: antes, seu papel é auxiliar o
desenvolvimento livre e espontâneo da criança. A disciplina surge de uma tomada de consciência dos limites da vida
grupal”. O ensino se torna uma ‘caverna’ desconhecida, aos alunos cabe a função de desvendar os seus mistérios e
desafios. A motivação depende de como eles levantam os problemas a serem resolvidos por eles mesmos. Dessa forma
a aula se torna sempre uma busca pelo de novo, sempre está visando a novas descobertas dos alunos.
Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na formação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preocu-
pada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar a uma mudança
dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.
Aprender é modificar suas próprias percepções. Apenas se aprende o que estiver significativamente relacionado
com essas percepções. A retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a avaliação esco-
lar sem sentido, privilegiando-se a auto-avaliação.
Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. No ensino da língua, tal como
ocorreu com a corrente pragmatista, as idéias da escola renovada não-diretiva, embora muito difundidas, encontraram,
também, uma barreira na prática da tendência liberal tradicional.
A escola liberal tecnicista atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se di-
retamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnolo-
gia comportamental. Seu interesse principal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho,
não se preocupando com as mudanças sociais.”
Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem E-R(Estímulo-Resposta), vê o alu-
no como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações. Skinner
foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. Segundo RICHTER (2000), a
visão behaviorista acredita que adquirimos uma língua por meio de imitação e formação de hábitos, por isso a ênfase
na repetição, nos drills, na instrução programada, para que o aluno for me “hábitos” do uso correto da linguagem.
A partir da Reforma do Ensino, com a Lei 5.692/71, que implantou a escola tecnicista no Brasil, preponderaram as
influências do estruturalismo lingüístico e a concepção de linguagem como instrumento de comunicação. A língua – co-
mo diz TRAVAGLIA (1998) – é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que se combinam segundo regras
e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. Portanto, para os estruturalistas,
saber a língua é, sobretudo, dominar o código.
A tendência tecnicista é, de certa forma, uma modernização da escola tradicional e, apesar das contribuições teóri-
cas do estruturalismo, não conseguiu superar os equívocos apresentados pelo ensino da língua centrado na gramática
normativa. Em parte, esses problemas ocorreram devido às dificuldades de o professor assimilar as novas teorias sobre
o ensino da língua materna.
Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as tendências que, partindo de uma análise crítica das realida-
des sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.
As tendências progressistas libertadora e libertária têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o anti-
autoritarismo. A escola libertadora, também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação à luta e
organização de classe do oprimido.
Segundo GADOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel informativo, o ato de conhecimento na relação edu-
cativa, mas insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do
conhecimento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar e
reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se de outros.
Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de classes, o saber mais importante para o oprimido é a descoberta da
sua situação de oprimido, a condição para se libertar da exploração política e econômica, através da elaboração da
consciência crítica passo a passo com sua organização de classe. Por isso, a pedagogia libertadora ultrapassa os limites
da pedagogia, situando-se também no campo da economia, da política e das ciências sociais, conforme Gadotti.
Como pressuposto de aprendizagem, a força motivadora deve decorrer da codificação de uma situação-problema
que será analisada criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por meio de repre-
sentações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, “aprender é um ato de conhe-
cimento da realidade concreta”, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma apro-
ximação crítica dessa realidade.
Portanto o conhecimento que o educando transfere representa uma resposta à situação de opressão a que se chega
pelo processo de compreensão, reflexão e crítica.
No ensino da Leitura, Paulo Freire, numa entrevista, sintetiza sua idéia de dialogismo: “Eu vou ao texto carinhosa-
mente. De modo geral, simbolicamente, eu puxo uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar um diálogo
comigo”.
A escola progressista libertária parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utiliza-
do em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático.
A ênfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o desen-
volvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negoci-
ação de sentidos na leitura.
Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico-social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária,
acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as realidades sociais. A atuação da escola consiste na pre-
paração do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de
conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.
Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o alu-
no já sabe.
A transferência da aprendizagem só se realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão
parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.
Esta tendência diz que a escola deve assumir o papel de inibidora da seleção social , tornando-se assim instrumento
democratizador da sociedade. A educação é, uma das mediações pela qual o aluno passa de uma experiência inicial e
confusa a uma visão sintética mais organizada.
A escola deve praticar o “antiautoritarismo”, valorizando o aluno e as suas características vitais. A educação é vista
como um processo de correlação entre indivíduo, sociedade e escola.
O meio pelo qual se ensina o *método dialético(forma de discutir, rebater,é um método de diálogo da
contraposição/e contradição de idéias) que leva a outras idéias e que tem sido um tema central na filosofia ocidental e
oriental desde os tempos antigos. valoriza o cotidiano das pessoas. O resultado obtido com uma educação desta
maneira é uma prática social sólida e consciente.
Vemos assim que a educação pensada na forma dialética sai dos parâmetros tradicionais para ganhar vivência,
onde sociedade se transformará e assim deixará de ser teoria para ser práxis.
*Usado desde Sócrates(do grego διαλεκτική (τέχνη), pelo latim dialectĭca ou dialectĭce) é um método de diálogo, que vem do
grego diálogos e que, em latim, é dialogus
É o entendimento através da palavra, conversação, colóquio, comunicação. É também discussão ou troca de ideias, conceitos,
opiniões, objetivando a solução de problemas e a harmonia.
Para o filósofo citado, a dialética inclui três momentos: A hipótese - definição prévia e provisória do que se pretende conhecer; A
ironia - interrogatório que leva o interlocutor a reconhecer a ignorância do que pretendia saber; E a maiêutica - arte de parir, de
dar à luz as idéias adormecidas no espírito do interlocutor.
Podia ser utilizada como simples método de debate, ou para a avaliação sistemática de definições ou ainda para investigação e
classificação das relações entre conceitos gerais e específicos.
Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96, revalorizam-se as idéias de Piaget,
Vygotsky e Wallon.
Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem interacionistas, porque concebem o conheci-
mento como resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com ARANHA (1998), o conheci-
mento não está, então, no sujeito, como queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas resulta da
interação entre ambos.
Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa perspectiva interacionista, a leitura como processo permi-
te a possibilidade de negociação de sentidos em sala de aula.
O processo de leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up,(=de baixo para cima) como queri-
am os empiristas, nem no receptor, descendente, top-down,(=de cima para baixo) segundo os inatistas, mas ascenden-
te/descendente, ou seja, a partir de uma negociação de sentido entre enunciador e receptor.
Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é retirado da sua condição de mero objeto do sentido do texto,
de alguém que estava ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente, no ensino da leitura.
As idéias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da concepção que considera a linguagem como forma
de atuação sobre o homem e o mundo e das modernas teorias sobre os estudos do texto, como a Lingüística Textual, a
Análise do Discurso, a Semântica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou
seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram compromisso com as
transformações da sociedade, embora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capita-
lista.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo : Editora Moderna, 1998.
COSTA, Marisa Vorraber et al. O Currículo nos Limiares do Contemporâneo. Rio de Janeiro : DP&A editora, 1999.
GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo : Ática, 1988.
LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo : Loyola, 1990.
MATUI, Jiron. Construtivismo. São Paulo : Editora Moderna, 1998.
RICHTER, Marcos Gustavo. Ensino do Português e Interatividade. Santa Maria : Editora da UFSM, 2000.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação. São Paulo : Cortez, 1998.
Tendência Pedagógica
1. Pedagogia Liberal Tradicional.
2. Tendência Liberal Renovadora Progressiva.
3. Tendência Liberal Renovadora não-diretiva (Escola Nova)
4. Tendência Liberal Tecnicista.
5. Tendência Progressista Libertadora
6. Tendência Progressista Libertária.
7. Tendência Progressista "crítico social dos conteúdos ou "histórico-crítica"
Papel da Escola
1. Preparação intelectual e moral dos alunos para assumir seu papel na sociedade.
2. A escola deve adequar as necessidades individuais ao meio social.
3. Formação de atitudes.
4. É modeladora do comportamento humano através de técnicas específicas.
5. Não atua em escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que
vivem na busca da transformação social.
6. Transformação da personalidade num sentido libertário e autogestionário.
7. Difusão dos conteúdos.
Conteúdos
1. São conhecimento e valores sociais acumulados através dos tempos e repassados aos alunos como verdades absolu-
tas.
2. Os conteúdos são estabelecidos a partir das experiências vividas pelos alunos frente às situações problemas.
3. Baseia-se na busca dos conhecimentos pelos próprios alunos.
4. São informações ordenadas numa seqüência lógica e psicológica.
5. Temas geradores.
6. As matérias são colocadas mas não exigidas.
7. Conteúdos culturais universais que são incorporados pela humanidade frente à realidade social.
Métodos
1. Exposição e demonstração verbal da matéria e / ou por meios de modelos.
2. Por meio de experiências, pesquisas e método de solução de problemas.
3. Método baseado na facilitação da aprendizagem.
4. Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.
5. Grupos de discussão.
6. Vivência grupal na forma de auto-gestão.
7. O método parte da experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado.
Aprendizagem
Manifestações
Fonte: http://members.tripod.com/pedagogia/quadro_tendencias.htm
DELORS,. Jacques (coord.) et alii. Edujcação: um’ tesouro a descobrir; relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
Educação para o sécu1o XXI. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 1998. cap. 4, p. 89—102.
Dado que oferecerá meios, nunca antes disponíveis, para a circulação e armazenamento de informações e para a
comunicação, o próximo século submeterá a educação a uma dura obrigação que pode parecer, à primeira vista, quase
contraditória. A educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer
evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro. Simultaneamente, compete-
me encontrar e assinalar as referências que impeçam as pessoas de ficar submergidas nas ondas de informações, mais
ou menos efêmeras, que invadem os espaços públicos e privados e as levem a orientar-se para projetos de
desenvolvimento individuais e coletivos. À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e
constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele.
Nesta visão prospectiva, uma resposta puramente quantitativa à necessidade insaciável de educação — uma
bagagem escolar cada vez mais pesada — já não é possível nem mesmo adequada. Não basta, de fato, que cada um
acumule no começo da vida uma determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-se
indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e explorar, do começo ao fim da vida, todas as
ocasiões de atualizar, aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se adaptar a um mundo em
mudança.
Para poder dar resposta ao conjunto das suas missões, a educação deve organizar-se em torno de quatro
aprendizagens fundamentais que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os pilares do
conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir
sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades
humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do
saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de
permuta.
Mas, em regra geral, o ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a
conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer. As duas outras aprendizagens dependem, a maior parte das
vezes, de circunstâncias aleatórias quando não são tidas, de algum modo, como prolongamento natural das duas
primeiras. Ora, a Comissão pensa que cada um dos “quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de atenção igual
por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo
de toda a vida, no plano cognitivo como no prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade.
Desde o início dos seus trabalhos que os membros da Comissão compreenderam que seria indispensável, para
enfrentar os desafios do próximo século, assinalar novos objetivos à educação e, portanto, mudar a idéia que se tem da
sua utilidade. Uma nova concepção ampliada de educação devia fazer com que todos pudessem descobrir, reanimar e
fortalecer o seu potencial criativo — revelar o tesouro escondido em cada um de nós. Isto supõe que se ultrapasse a
visão puramente instrumental da educação, considerada como a via obrigatória para obter certos resultados (saber-
fazer, aquisição de capacidades diversas, fins de ordem econômica), e se passe a considerá-la em toda a sua plenitude:
realização da pessoa que, na sua totalidade, aprende a ser.
Aprender a conhecer
Este tipo de aprendizagem que visa não tanto a aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes o
domínio dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser considerado, simultaneamente, como um meio e como
uma finalidade da vida humana. Meio, porque se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia,
pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para desenvolver as suas capacidades
profissionais, para comunicar. Finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de
descobrir. Apesar dos estudos sem utilidade imediata estarem desaparecendo, tal a importância dada atualmente aos
saberes utilitários, a tendência para prolongar a escolaridade e o tempo livre deveria levar os adultos a apreciar, cada
vez mais, as alegrias do conhecimento e da pesquisa individual. O aumento dos saberes, que permite compreender
melhor o ambiente sob os seus diversos aspectos, favorece o despertar da curiosidade intelectual, estimula o sentido
crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição de autonomia na capacidade de discernir. Deste ponto de
vista, há que repeti-lo, é essencial que cada criança, esteja onde estiver, possa ter acesso, de forma adequada, às
metodologias científicas de modo a tornar-se para toda a vida “amiga da ciência" (1). Em nível do ensino secundário e
superior, a formação inicial deve fornecer a todos os alunos instrumentos, conceitos e referências resultantes dos
avanços das ciências e dos paradigmas do nosso tempo.
Aprender para conhecer supõe, antes tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a memória e o
pensamento. Desde a infância, sobretudo nas sociedades dominadas pela imagem televisiva, o jovem deve aprender a
prestar atenção às coisas e às pessoas. A sucessão muito rápida de informações mediatizadas, o “zapping” tão
freqüente, prejudicam de fato o processo de descoberta, que implica duração e aprofundamento da apreensão. Esta
aprendizagem da atenção pode revestir formas diversas e tirar partido de várias ocasiões da vida (jogos, estágios em
empresas, viagens, trabalhos práticos de ciências...).
Por outro lado, o exercício da memória é um antídoto necessário contra a submersão pelas informações
instantâneas difundidas pelos meios de comunicação social. Seria perigoso imaginar que a memória pode vir a tornar-se
inútil, devido à enorme capacidade de armazenamento e difusão das informações de que dispomos daqui em diante. É
preciso ser, sem dúvida, seletivo na escolha dos dados a aprender “de cor” mas, propriamente, a faculdade humana de
memorização associativa, que não é redutível a um automatismo, deve ser cultivada cuidadosamente. Todos os
especialistas concordam em que a memória deve ser treinada desde a infância, e que é errado suprimir da prática
escolar certos exercícios tradicionais, considerados como fastidiosos.
Aprender a fazer
Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Mas a segunda aprendizagem está
mais estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus
conhecimentos e, também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua
evolução? É a esta última questão que a Comissão tentará dar resposta mais particularmente.
Convém distinguir, a este propósito, o caso das economias industriais onde domina o trabalho assalariado do das
outras economias onde domina, ainda em grande escala, o trabalho independente ou informal. De fato, nas sociedades
assalariadas que se desenvolveram ao longo do século XX, a partir do modelo industrial, a substituição do trabalho
humano pelas máquinas tornou-o cada vez mais imaterial e acentuou o caráter cognitivo das tarefas, mesmo na
indústria, assim como a importância dos serviços na atividade econômica, O futuro destas economias depende, aliás, da
sua capacidade de transformar o progresso dos conhecimentos em inovações geradoras de novas empresas e de novos
empregos. Aprender a fazer não pode, pois, continuar a ter o significado simples de preparar alguém para uma tarefa
material bem determinada, para fazê-lo participar no fabrico de alguma coisa.
Como conseqüência, as aprendizagens devem evoluir e não podem mais ser consideradas como simples
transmissão de práticas mais ou menos rotineiras, embora estas continuem a ter um valor formativo que não é de
desprezar.
Se juntarmos a estas novas exigências a busca de um compromisso pessoal do trabalhador, considerado como
agente de mudança, torna-se evidente que as qualidades muito subjetivas, inatas ou adquiridas, muitas vezes
denominadas “saber-ser” pelos dirigentes empresariais, se juntam ao saber e ao saber-fazer para compor a competência
exigida — o que mostra bem a ligação que a educação deve manter, como aliás sublinhou a Comissão, entre os
diversos aspectos da aprendizagem. Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os outros, de gerir
e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais importantes. E esta tendência torna-se ainda mais forte, devido ao
desenvolvimento do setor de serviços.
Sem dúvida, esta aprendizagem representa, hoje em dia, um dos maiores desafios da educação. O mundo atual é,
muitas vezes, um mundo de violência que se opõe à esperança posta por alguns no progresso da humanidade. A
história humana sempre foi conflituosa, mas há elementos novos que acentuam o perigo e, especialmente, o
extraordinário potencial de autodestruição criado pela humanidade no decorrer do século XX.
A opinião pública, através dos meios de comunicação social, torna-se observadora impotente e até refém dos que
criam ou mantêm os conflitos. Até agora, a educação não pôde fazer grande coisa para modificar esta situação real.
Poderemos conceber urna educação capaz de evitar os conflitos, ou de os resolver de maneira pacífica, desenvolvendo
o conhecimento dos outros, das suas culturas da sua espiritualidade?
Por outro lado, o clima geral de concorrência que caracteriza, atualmente, a atividade econômica no interior de cada
país, e sobretudo em nível internacional tem tendência de dar prioridade ao espírito de competição e ao sucesso
individual. De fato, esta competição resulta, atualmente numa guerra econômica implacável e numa tensão entre os mais
favorecidos e os pobres, que divide as nações do mundo e exacerba as rivalidades históricas. É de lamentar que a
educação contribua, por vezes, para alimentar este clima, devido a uma má interpretação da idéia de emulação.
Que fazer para melhorar a situação? A experiência prova que, para reduzir o risco, não basta pôr em contato e em
comunicação membros de grupos diferentes (através de escolas comuns a várias etnias ou religiões, por exemplo). Se,
no seu espaço comum, estes diferentes grupos já entram em competição ou se o seu estatuto é desigual, um contato
deste gênero pode, pelo contrário, agravar ainda mais as tensões latentes e degenerar em conflitos. Pelo contrário, se
este contato se fizer num contexto igualitário e se existir em objetivos e projetos comuns, os preconceitos e a hostilidade
latente podem desaparecer e dar lugar a uma cooperação mais serena e até à amizade.
Parece, pois, que a educação deve utilizar duas vias complementares. Num primeiro nível, a descoberta progressiva
do outro. Num segundo nível, e ao longo de toda a vida, a participação em projetos comuns, que parece ser um método
eficaz para evitar ou resolver conflitos latentes.
A descoberta do outro
A educação tem por missão, por um lado, transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana
e, por outro, levar as pessoas a tomar consciência das semelhanças e da interdependência entre todos os seres
humanos do planeta. Desde tenra idade a escola deve, pois, aproveitar todas as ocasiões para esta dupla
aprendizagem. Algumas disciplinas estão mais adaptadas a este fim, em particular a geografia humana a partir do ensino
básico e as línguas e literaturas estrangeiras mais tarde.
Passando à descoberta do outro, necessariamente, pela descoberta de si mesmo, e por dar à criança e ao
adolescente uma visão ajustada do mundo, a educação, seja ela dada pela família, pela comunidade ou pela escola,
deve antes de mais ajudá-los a descobrir-se a si mesmos. Só então poderão, verdadeiramente, por-se no lugar dos
outros e compreender as suas reações. Desenvolver esta atitude de empatia, na escola, é muito útil para os
comportamentos sociais ao longo de toda a vida. Ensinando, por exemplo, aos jovens a adotar a perspectiva de outros
grupos étnicos ou religiosos podem-se evitar incompreensões geradoras de ódio e violência entre os adultos. Assim, o
ensino da história das religiões ou dos costumes pode servir de referência útil para futuros comportamentos(3).
Por fim, os métodos de ensino não devem ir contra este reconhecimento do outro. Os professores que, por
dogmatismo, matam a curiosidade ou o espírito crítico dos seus alunos, em vez de os desenvolver, podem ser mais
prejudiciais do que úteis. Esquecendo que funcionam como modelos, com esta sua atitude arriscam-se a enfraquecer
por toda a vida nos alunos a capacidade de abertura à alteridade e de enfrentar as inevitáveis tensões entre pessoas,
grupos e nações. O confronto através do diálogo e da troca de argumentos é um dos instrumentos indispensáveis à
educação do século XXI.
Aprender a ser
Desde a sua primeira reunião, a Comissão reafirmou, energicamente, um princípio fundamental: a educação deve
contribuir para o desenvolvimento total da pessoa — espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal, espiritualidade. Todo o ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação
que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de
valor, de modo a poder decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida.
O relatório Aprender a ser (1972) exprimia, no preâmbulo, o temor da desumanização do mundo relacionada com
a evolução técnica(4). A evolução das sociedades desde então e, sobretudo, o enorme desenvolvimento do poder
mediático veio acentuar este temor e tornar mais legítima ainda a injunção que lhe serve de fundamento. É possível que
no século XXI estes fenômenos adquiram ainda mais amplitude. Mais do que preparar as crianças para uma dada
sociedade, o problema será, então, fornecer-lhes constantemente forças e referências intelectuais que lhes permitam
compreender o mundo que as rodeia e comportar-se nele como atores responsáveis e justos. Mais do que nunca a
educação parece ter, como papel essencial, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento,
discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam, para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto
quanto possível, donos do seu próprio destino.
Neste sentido, a educação é antes de mais nada uma viagem interior, cujas etapas correspondem às da maturação
contínua da personalidade Na hipótese de uma experiência profissional de sucesso, a educação como meio para uma tal
realização é, ao mesmo tempo, um processo individualizado e uma construção social interativa.
É escusado dizer que os quatro pilares da educação, acabados de descrever, não se apóiam, exclusivamente numa
fase da vida ou num único lugar.
Resumo e recomendações
• A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a
viver juntos, aprender a ser.
• Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a possibilidade de trabalhar em
profundidade um pequeno número de matérias. O que também significa: aprender a aprender, para beneficiar-se
das oportunidades oferecidas pela educação ao longo de toda a vida.
• Aprender a fazer, a fim de adquirir, não somente uma qualificação profissional mas, de uma maneira mais ampla,
competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe. Mas também
aprender a fazer, no âmbito das diversas experiências sociais ou de trabalho que se oferecem aos jovens e
adolescentes, quer espontaneamente, fruto do contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao
desenvolvimento do ensino alternado com o trabalho.
• Aprender a viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências — realizar
projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos — no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão
mútua e da paz.
• Aprender a ser, para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com cada vez maior
capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para isso, não negligenciar na
educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido estético, capacidades
físicas, aptidão para comunicar-se.
Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento
de outras formas de aprendizagem, importa conceber a educação como um todo.
Bibliografia:
(1) Relatório da terceira sessão da Comissão, Paris, 12-15 de janeiro de 1994.
(2) Conforme Laurent Schwartz “L’enseignemet scientifique” in Instituto de França. Réflexions sur l’enseignement, Paris. Flammariori. 1993.
(3)Carnegie Corporation of New York. Education for Conflict Resolution (Retirado de Annual Report 1994 por David A. Hamburg, presidente
da Carngie Corporation of New York).
(4) "- Risco de alienação da personalidade patente nas formas obsessivas de propaganda e publicidade, no conformismo dos comportamentos
que podem ser impostos do exterior, em detrimento das necessidades autênticas e da identidade intelectual e afetiva de cada um.
- Risco de expulsão pelas máquinas, do mundo do trabalho, no qual a pessoa pelo menos tinha a impressão de se mover livremente e de
decidir por si própria”.
(FAURE, Edgar e outros, Apprendre à être. Relatório da Comissão internacional sobre o Desenvolvimento da Educação UNESC0. Paris, Fayard,
1972.) (5) Op. Cit. p. XVI
1. INTRODUÇÃO
Vive-se um momento de profundas transformações. Não se sabe ao certo para onde se caminha e nem qual o ca-
minho a trilhar. A sociedade atual encontra-se em profunda crise, na qual somos remetidos a repensar nossos valores e
atitudes. Como nos aponta Gramsci, citado por Gadotti (1998, p. 86), «vivemos um momento histórico no qual o bloco
hegemônico dominante entra em crise, frente à ameaça de um novo bloco histórico».
Nesse contexto incerto, o papel do profissional da educação precisa ser repensado. Segundo Gadotti (1998), faz-se
mister que o professor se assuma enquanto um profissional do humano, social e político, tomando partido e não sendo
omisso, neutro, mas sim definindo para si de qual lado está, pois se apoiando nos ideais freireanos, ou se está a favor
dos oprimidos ou contra eles. Posicionando-se então este profissional não mais neutro, pode ascender à sociedade
usando a educação como instrumento de luta, levando a população a uma consciência crítica que supere o senso co-
mum, todavia não o desconsiderando.
Nessa perspectiva, entende-se que o povo de posse desse saber mais elaborado poderá vir a ter condições de se
proteger contra a exploração das classes dominantes se organizando para a construção de uma sociedade melhor, me-
nos excludente, e realmente democrática. Não se pode esperar que tal organização brote espontaneamente, mas sim
Na pedagogia que tem como objeto a educação a filosofia tem grande valor.
Desde o século VI a. C., quando ocorreu o surgimento da Filosofia, ela foi posta como uma nova ordem de pensa-
mento. No entanto, não podemos afirmar que o fato de ser uma nova ordem de pensamento seja suficiente para definir a
filosofia. Nela, há liberdade de pensamento, portanto, se torna uma tarefa impossível encontrar uma definição pronta.
Encontraremos, sim, uma constante busca pelo aprender a filosofar. Como diz o grande filósofo alemão Emmanuel
Kant, “Não há filosofia que se possa aprender; só se aprende a filosofar.” PILETTI(1991), . Nesse sentido, é impor-
tante saber a o sentido etimológico da palavra Filosofia, que vem do grego philosophein, que em sua estrutura verbal
significa amar a sabedoria, entendida como reflexão do homem acerca da vida e do mundo.
Assim, entendemos que a filosofia não é a sofia mesma, ciência e sabedoria ao mesmo tempo, e sim, o desejo, a
procura por essa sofia. Desse modo, PILETTI (1991) relata: “A essência da Filosofia é a procura do saber e não sua
posse. Se [...] é procura e não posse, podemos dizer que o trabalho filosófico é um trabalho de reflexão. A palavra refle-
xão vem do verbo latino reflectere, que significa voltar atrás. Filosofar, portanto, significa retomar, reconsiderar os
dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar atenção e analisar com cuidado.
Com efeito, entendemos que a filosofia é o meio pelo qual o homem se torna crítico, pois, é a partir do momento em
que passa a pensar, refletir, analisar os conceitos da sociedade, que se vê como um membro com possibilidade de viver
e de alterar o funcionamento desta. E, é somente assim que conseguimos expor idéias novas e interagir sobre o meio
em que vivemos. Por conseguinte, não aceitamos exclusiva e unicamente o que nos é posto como certo a ser seguido.
Sendo assim, quando começamos então, a filosofar, começamos também a ponderar a cotidianidade dos seres huma-
nos.
A filosofia desperta no educador o interesse da busca de novos horizontes, neles tem a oportunidade de refletir so-
bre a educação, nesta visão consegue-se ultrapassar a mera busca de metodologia, didáticas e outros tipos de sistema-
tização para a pratica educativa. Começa-se a pensar e a buscar soluções para as inquietações que surgem. A filosofia
da educação torna-se importante neste sentido, pois é por meio dela que teremos oportunidade ou buscaremos conhe-
cimentos que nos darão base para exercemos nossas profissões com responsabilidades. Todo educador deveria buscar
estes conhecimentos e conhecer realmente o sentido de educação e sua relação com a filosofia.
Corroboro com LUCKESI( 1990), que diz que, a reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom a pedagogia,
garantindo-lhe a compreensão dos valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orien-
tá-la para o futuro”, como pedagoga acredito que é essencial a busca pelo conhecimento filosófico, pois ele consegue
envolver o educador plenamente na busca de resposta e de soluções em sua prática educativa.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Educação e Sociedade
Entender a sociedade em que se vive é o primeiro passo para encontrar soluções para os problemas enfrentados.
Com base no texto “Educação e sociedade: redenção, reprodução e transformação” de Luckesi (in Filosofia da Edu-
cação, São Paulo: Córtex, 1994) podemos afirmar que existem três grupos de entendimento do sentido da educação
na sociedade: educação como redenção, educação como reprodução e educação como um meio de transformação da
sociedade; tendências estas que se constituíram ao longo da prática educacional.
A educação como redenção da sociedade visa manter e conservar a sociedade, integrando harmonicamente os
indivíduos no todo social já existente. A educação seria, assim, uma instância quase que exterior à sociedade, pois, de
fora dela, contribui para o seu ordenamento e equilíbrio permanentes; tendo, portanto, como finalidade a adaptação do
indivíduo a sociedade.
A educação como reprodução da sociedade afirma que a educação faz parte da sociedade e a reproduz, portanto
aborda-a como uma instância dentro da sociedade e exclusivamente a seu serviço. Atua sobre ela como uma instância
corretora dos seus desvios, tornando-a melhor e mais próxima do modelo de perfeição social, harmônica e idealizada.
A educação como transformação da sociedade, tem por perspectiva compreender a educação como mediação
de um projeto social. Ou seja, não redime, nem reproduz a sociedade, mas serve como um dos meios para realizar um
projeto de sociedade, seja ele conservador ou transformador. Essa tendência não coloca a educação a serviço da con-
servação.
Importa, portanto, notarmos que essas tendências educacionais supra citadas se fazem presentes ainda hoje.
A tendência redentora propõe uma ação pedagógica otimista, do ponto de vista político, acreditando que a educa-
ção tem poderes sobre a sociedade.
A reprodutivista é ao mesmo crítica (em relação à compreensão da educação na sociedade) e pessimista (pois
não vê saída para ela, além da submissão a seus condicionantes).
A transformadora é crítica e recusa-se ao otimismo ilusório bem como ao pessimismo imobilizador propondo a
compreensão da educação estratégica para a transformação.
A educação que gostaríamos que existisse é baseada nesta tendência transformadora, pois como afirmamos acima
é crítica, não salva, nem reproduz a sociedade, mas é utilizada como um meio para a efetivação de uma concepção de
sociedade.
Propõe ainda, desvendar e utilizar-se das contradições da sociedade, para transformá-la realmente.
A prática avaliativa, de classificatória e excludente se transforma em instrumento para guiar intervenções peda-
gógicas e o aluno, antes passivo vira participante, ativo na construção do próprio aprendizado.
O uso de uma pedagogia crítica pode ser um elemento modificador e transformador da realidade escolar, fortalecen-
do e dando voz aos diferentes segmentos da comunidade escolar, vivenciando uma experiência educacional nessa dire-
ção, espera-se que o estudante como sujeito ativo, capaz de resolver problemas de ordem pessoal e de participar de
todas as esferas da vida pública possa transformar a sociedade.
Encerramos este estudo com a convicção de que é nessa educação que acreditamos e é por ela que leciona-
remos.
Bibliografia:
LOCKE, John. Carta acerca da tolerância; Segundo tratado sobre o governo; Ensaio acerca do entendimento humano. Trad. de Anoar Aiex. 2ª ed.,
São Paulo: Abril Cultural. 1983
LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 2003.
Quem é o educador e quem é o educando no contexto escolar? Como docentes nos perguntamos em algum
momento do ofício o real significado dessa atividade ou, ainda, quem é o educando e qual o seu papel no processo de
construção do conhecimento?
Para ser professor, para os dirigidos pelo senso comum basta apresentar certo conteúdo, estar em sala de aula com
alunos, avaliá-los e administrar alguns outros aspectos como limites e disciplina.
A atividade docente, segundo Luckesi tornou-se uma tornou-se uma rotina comum, sem que se pergunte se ela im-
plica ou não decisões contínuas constantes e precisas, a partir de um conhecimento adequado das implicações do pro-
cesso educativo na sociedade .
Para Ruben Alves professores há aos milhares e professor é profissão e educador não é profissão, é voca-
ção. Para ele os educadores habitam um mundo em que o que vale é a relação que os ligam aos alunos, sendo que
cada aluno é uma ‘entidade’ ‘sui generis’, portador de um nome, também de uma ‘história’, sofrendo tristezas e alimen-
tando esperanças. E a educação é algo para acontecer neste espaço invisível e denso que se estabelece a dois.
Na escola tradicional, como chamamos um modelo de ensino vivenciado há algumas décadas e não arraigado to-
talmente de nossas escolas, o educando está ali para receber instruções, ser avaliado e aprovado ou não ao final de um
período de estudos, aparecendo como elemento dependente das ações dos professores. Incapaz de criar ele necessita
reter e repetir conteúdos prontos, acabados, tendo pouco ou nenhum espaço para expressar sua criatividade.
Qual escola propicia a seus alunos a oportunidade de criação, de desenvolvimento do seu modo de pensar para
além dos conteúdos didáticos? Seu campo de atuação e ação parece limitado por barreiras intransponíveis ditadas por
regulamentos docentes ou oriundos da entidade mantenedora.
O educando extrapola esses conceitos do senso comum. Tem inteligência reflexiva de difícil mensuração, com
habilidades e capacidade de conhecimento que dependem muito de sua experiência de vida patrocinada especialmente
pelo seu ambiente social.
Compreender o educando para propiciar-lhe uma educação para a vida requer a compreensão quanto a sua auto-
nomia, quanto à sua criatividade e quanto à sua capacidade de tomar decisões.
Tanto o educador como o educando, são sujeitos ativos que, pela práxis se constroem ao mesmo tempo em
que se alienam.
Como humanos, pertencem a uma sociedade e, ao educador, cabe o papel de criar condições para que o educando
aprenda e se desenvolva. Nessa perspectiva teríamos dificuldades para determinar com relativa proximidade os fins da
Educação na contemporaneidade. Que valores encontram-se hoje associados ao processo? Para Aranha, “é inadequa-
da a procura de fins tão gerais, válidos em todo o tempo e lugar”.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 23 de dezembro de 1996 traz, em seu Título II, art. 2º.
“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie-
dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cida-
dania e sua qualificação para o trabalho”.
Caberia a indagação: em que consiste essa formação? Que ações seriam necessárias para torná-la efetiva? Sobre
que valores seria construída?
O conceito de cidadania vem sofrendo mudanças. No mundo moderno o exercício da cidadania implica na possibili-
dade de cada indivíduo participar das esferas da vida pública. Para propiciar essa oportunidade de vivência na vida pú-
blica é fundamental que nosso jovem tenha a capacidade de refletir, tomando posição diante dos diferentes problemas
que afetam a vida social e sua vida pessoal.
Um programa de ensino pode ser viabilizado em uma escola a partir de uma definição precisa de seus fins e esta
implica em seguir determinada direção. Há a possibilidade de distinguir-se o individual do coletivo, o público do privado.
Existem códigos morais que permitem essa distinção e que possibilitam a convivência a partir de normas que valorizem
o homem e o bem-estar social.
O processo educativo é uma totalidade e uma educação escolar organizada e transmitida em sala de aula tem os
componentes da educação que se realiza na família, na rua, na Igreja e nas comunidades.
Para uma formação que valorize o homem e o bem estar social é importante que a escola se organize como um am-
plo espaço para estudos, como espaço democrático, possibilitando pelo diálogo e pelo questionamento critico, uma edu-
cação efetivamente emancipatória compreendendo que ela é uma forma de intervenção no mundo.
BIBLIOGRAFIA
Tão antigo quanto a filosofia, o pensamento educacional se desdobra em várias correntes, mas suas raízes estão
fincadas na Grécia antiga.
Por trás do trabalho de cada professor, em qualquer sala de aula do mundo, estão séculos de reflexões sobre o ofí-
cio de educar. Mesmo os profissionais de ensino que não conhecem a obra de Aristóteles (384-322 a.C.), Jean-Jacques
Rousseau (1712-1778) ou Émile Durkheim (1858-1917) trabalham sob a influência desses pensadores, na forma como
suas idéias foram incorporadas à prática pedagógica, à organização do sistema escolar, ao conteúdo dos livros didáticos
e ao currículo docente.
Antes mesmo de existirem escolas, a educação já era assunto de pensadores. Um dos primeiros foi o grego Sócra-
tes (469-399 a.C.), para quem os jovens deveriam ser ensinados a conhecer o mundo e a si mesmos. Para seu discípulo
Platão (427-347 a.C.), o conhecimento só poderia ser alcançado num plano ideal e nem todos estariam preparados para
esse esforço. Aristóteles, discípulo de Platão, inverteu as prioridades e defendeu o estudo das coisas reais como um
meio de adquirir sabedoria e virtude. O sistema de ensino que ele preconizou era acessível a um número maior de pes-
soas.
Duas vertentes
O quadro de afiliações filosóficas que você encontra anexado à capa desta edição se baseia no princípio de que as
duas tendências (a idealista, de Platão, e a realista, de Aristóteles) podem ser traçadas em toda a história da filosofia no
Ocidente - esse é um critério possível, mas não absoluto. Mesmo quando dominada pelo cristianismo, durante a Idade
Média, a educação experimentou as vertentes idealista e realista, uma seguida da outra, de acordo com os postulados
de Santo Agostinho (354-430) e de Tomás de Aquino (1224/5-1274).
Construtivismo
Ainda que originária de outro meio, a obra do biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) de certa forma deu prossegui-
mento às investigações da Escola Nova sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças e dos adolescentes. Suas des-
cobertas marcaram a pedagogia no século 20 mais do que o trabalho de qualquer outro pensador. Entre os seguidores
do construtivismo, como ficou conhecida a doutrina de Piaget, está a argentina Emilia Ferreiro, muito influente no Brasil.
Paralelamente, em consonância com as idéias socialistas do alemão Karl Marx (1818-1883), vários pensadores de
esquerda desenvolveram idéias especificamente pedagógicas, como o russo Anton Makarenko (1888-1939), que defen-
deu uma ligação maior entre produção e escola. O bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) levantou a tese da gênese
social do psiquismo, estruturada por meio de um sistema de signos. E o educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997)
alcançou largo reconhecimento internacional por um método centrado na necessidade de consciência social e na impor-
tância do "outro".
Em países da Europa Ocidental, o chamado Estado de bem-estar social assumiu uma função reguladora das desi-
gualdades e assumiu mais do que nunca a missão de educar. Nesse contexto, uma importante linhagem de pensadores
críticos questionou concepções arraigadas sobre o papel da escola, a organização do conhecimento e as noções de
inteligência, entre outras. Fazem parte dessa geração intelectuais como os franceses Edgar Morin, Pierre Bordieu (1930-
2002) e Michel Foucault (1926-1984) e o norte-americano Howard Gardner, que causou impacto no meio pedagógico no
início dos anos 1980 ao defender a idéia das inteligências múltiplas.
Bibliografia:
REVISTA NOVA ESCOLA- OUTUBRO DE 2008
A Sociologia é uma das Ciências Humanas que tem como objetos de estudo a sociedade, a sua organização social
e os processos que interligam os indivíduos em grupos, instituições e associações. Enquanto a Psicologia estuda o indi-
víduo na sua singularidade, a Sociologia estuda os fenômenos sociais, compreendendo as diferentes formas de consti-
tuição das sociedades e suas culturas.
Sociologia, através de seus métodos de investigação científica, procura compreender e explicar as estrutu-
ras da sociedade, criando conceitos e teorias a fim de manter ou alterar as relações de poder nela existentes.
O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte em 1838 (séc. XVIII), que pretendia unificar todos os estudos rela-
tivos ao homem — como a História, a Psicologia e a Economia. Mas foi com Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber
que a Sociologia tomou corpo e seus fundamentos como ciência foram institucionalizados.
Augusto Comte
A Sociologia surgiu como disciplina no século XVIII, como resposta acadêmica para um desafio que estava surgindo:
o início da sociedade moderna. Com a Revolução Industrial e posteriormente com a Revolução Francesa (1789), iniciou-
se uma nova era no mundo, com as quedas das monarquias e a constituição dos Estados nacionais no Ocidente. A So-
ciologia surge então para compreender as novas formas das sociedades, suas estruturas e organizações.
A Sociologia tem a função de, ao mesmo tempo, observar os fenômenos que se repetem nas relações sociais – e
assim formular explicações gerais ou teóricas sobre o fato social –, como também se preocupa com aqueles eventos
únicos, como por exemplo, o surgimento do capitalismo ou do Estado Moderno, explicando seus significados e importân-
cia que esses eventos têm na vida dos cidadãos.
Como toda forma de conhecimento intitulada ciência, a Sociologia pretende explicar a totalidade do seu universo de
pesquisa. O conhecimento sociológico, por meio dos seus conceitos, teorias e métodos, constituem um instrumento de
compreensão da realidade social e de suas múltiplas redes ou relações sociais.
Os sociólogos estudam e pesquisam as estruturas da sociedade, como grupos étnicos (indígenas, aborígenes, ribei-
rinhos etc.), classes sociais (de trabalhadores, esportistas, empresários, políticos etc.), gênero (homem, mulher, criança),
violência (crimes violentos ou não, trânsito, corrupção etc.), além de instituições como família, Estado, escola, religião
etc.
Além de suas aplicações no planejamento social, na condução de programas de intervenção social e no planejamen-
to de programas sociais e governamentais, o conhecimento sociológico é também um meio possível de aperfeiçoamento
do conhecimento social, na medida em que auxilia os interessados a compreenderem mais claramente o comportamento
dos grupos sociais, assim como a sociedade com um todo. Sendo uma disciplina humanística, a Sociologia é uma forma
significativa de consciência social e de formação de espírito crítico.
A Sociologia nasce da própria sociedade, e por isso mesmo essa disciplina pode refletir interesses de alguma cate-
goria social ou ser usado como função ideológica, contrariando o ideal de objetividade e neutralidade da ciência. Nesse
sentido, se expõe o paradoxo das Ciências Sociais, que ao contrário das ciências da natureza (como a biologia, física,
química etc.), as ciências da sociedade estão dentro do seu próprio objeto de estudo, pois todo conhecimento é um pro-
duto social. Se isso a priori é uma desvantagem para a Sociologia, num segundo momento percebemos que a Sociologia
é a única ciência que pode ter a si mesma com objeto de indagação crítica. Vamos estudar o grande criador da Sociolo-
gia...
Para o sociólogo francês, a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social.
Em cada aluno há dois seres inseparáveis, porém distintos. Um deles seria o que o sociólogo francês Émile
Durkheim (1858-1917) chamou de individual. Tal porção do sujeito - o jovem bruto -, segundo ele, é formada pelos esta-
dos mentais de cada pessoa. O desenvolvimento dessa metade do homem foi a principal função da educação até o sé-
culo 19. Principalmente por meio da psicologia, entendida então como a ciência do indivíduo, os professores tentavam
construir nos estudantes os valores e a moral. A caracterização do segundo ser foi o que deu projeção a Durkheim. "Ele
ampliou o foco conhecido até então, considerando e estimulando também o que concebeu como o outro lado dos alunos,
algo formado por um sistema de idéias que exprimem, dentro das pessoas, a sociedade de que fazem parte", explica
Dermeval Saviani, professor emérito da Universidade EstadualdeCampinas.
Dessa forma, Durkheim acreditava que a sociedade seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, "a
educação é uma socialização da jovem geração pela geração adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor
será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
Nessa concepção durkheimiana - também chamada de funcionalista -, as consciências individuais são formadas pela
sociedade. Ela é oposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo "espírito" ou pela consciência
humana. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de uma série de
normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num
grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela", escreveuDurkheim.
Essa teoria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez às normas sociais
e à cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento coletivo.
"Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de
educação, cada uma com as características que lhe são próprias. As sociedades cristãs da Idade Média, por exemplo,
não teriam sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado atualmente", exemplificou o
pensador.
Durkheim não desenvolveu métodos pedagógicos, mas suas idéias ajudaram a compreender o significado social do
trabalho do professor, tirando a educação escolar da perspectiva individualista, sempre limitada pelo psicologismo idea-
lista - influenciado pelas escolas filosóficas alemãs de Kant (1724-1804) e Hegel (1770-1831). "Segundo Durkheim, o
papel da ação educativa é formar um cidadão que tomará parte do espaço público, não somente o desenvolvimento
individual do aluno", explica José Sérgio Fonseca de Carvalho, da Faculdade de Educação da Universidade de São Pau-
lo (USP).
Nas palavras de Durkheim, "a educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais
que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto". Tais exigências, com forte influência no processo de ensi-
no, estão relacionadas à religião, às normas e sanções, à ação política, ao grau de desenvolvimento das ciências e até
mesmo ao estado de progresso da indústria local.
Se a educação for desligada das causas históricas, ela se tornará apenas exercício da vontade e do desenvolvimen-
to individual, o que para ele era incompreensível: "Como é que o indivíduo pode pretender reconstruir, por meio do único
esforço da sua reflexão privada, o que não é obra do pensamento individual?" E ele mesmo respondeu: "O indivíduo só
poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto em que está inserido, a saber quais são suas origens e
as condições de que depende. E não poderá sabê-lo sem ir à escola, começando por observar a matéria bruta que está
lá representada". Por tudo isso, Durkheim é também considerado um dos mentores dos ideais republicanos de uma edu-
cação pública, monopolizada pelo Estado e laica, liberta da influência do clero romano.
Durkheim sugeria que a ação educativa funcionasse de forma normativa. A criança estaria pronta para assimilar co-
nhecimentos - e o professor bem preparado, dominando as circunstâncias. "A criança deve exercitar-se a reconhecer [a
autoridade] na palavra do educador e a submeter-se ao seu ascendente; é por meio dessa condição que saberá, mais
tarde, encontrá-la na sua consciência e aí se conformar a ela", propôs ele. "Em Durkheim, a autonomia da vontade só
existe como obediência consentida", diz Heloísa Fernandes, da Faculdade de Ciências Sociais da USP. O sociólogo
francês foi criticado por Jean Piaget (1896-1980) e Pierre Bourdieu (1930-2002), defensores da idéia de que a criança
determina seus juízos e relações apenas com estímulos de seus educadores, sem que estes exerçam, necessariamente,
força autoritária sobre ela.
Sala de aula na França: adultos como responsáveis pela socialização dos jovens.
A elaboração, adoção e socialização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)foi uma grande conquista para a
educação brasileira. Houve padronização na indicação dos conteúdos curriculares e uma clara demonstração do que o
governo espera dos jovens que deixarão os bancos escolares nos próximos anos. Para o professor Dermeval Saviani, da
Unicamp, esse fato tem certa relação com as concepções de Durkheim. "Os currículos são sugeridos para todos. Esses
documentos mostram as necessidades da sociedade. Agora, cabe aos estabelecimentos de ensino pegar essas indica-
ções e moldá-las aos estudantes", explica. "A idéia de fundo é colocar as pessoas certas nos lugares certos, onde a
comunidade precisa", diz.
4. ANTROPOLOGIA E EDUCAÇÃO
Etimologicamente, o termo Antropologia deriva da junção dos vocábulos gregos anthropos (homem) e logia (estu-
do/tratado), o que significa “o estudo do homem”. A Antropologia é o estudo do homem e da humanidade em sua
totalidade, abrangendo suas dimensões biológicas, sociais e culturais; incluindo sua origem, seus agrupamentos e rela-
ções sociais, comportamento, desenvolvimento social, cultural e físico, suas relações com o meio natural, variações bio-
lógicas e sua produção cultural. Ou seja, a antropologia procura estudar a humanidade em todos os seus aspectos.
A visão antropológica exige que se leve em conta o contexto de vida das crianças, suas experiências, seus conhe-
cimentos adquiridos, as características especificas dos professores e da escola como instituição.
A preocupação com a cultura popular surgiu após a II guerra mundial, nos paises desenvolvidos o MCP(Ministério
Público de Contas) se volta para os valores que caracterizam o povo em geral. Já nos paises em desenvolvimento, como
o Brasil, ele se volta para a camada popular menos favorecida, e uma das tarefas do MCP é a alfabetização de adultos –
EJA -.Essa abordagem evidencia uma tendência interacionista, já que a interação homem-mundo, sujeito-objeto, é deci-
siva para que o ser humano se desenvolva e se torne sujeito de sua própria práxis, de sua própria educação, sua histo-
ria. O homem é um ser que possui raízes espaço- temporais, é um ser situado no e com o mundo. Assim, a EJA parte
sempre do que é inerente ao povo, do que assimilaram como sujeitos, procurando trazer valores e experiências que são
inerentes aos indivíduos.
A escola deve ser um local onde seja possível o crescimento mutuo de alunos e professores no processo de consci-
entização.
A educação problemática, conscientizadora defende o desenvolvimento de uma consciência critica e libertadora
como meio de superação das contradições.
A dialogicidade é a essência desta educação, e esta é a base para a construção de uma cultura biófila, esperançosa,
critica, criativa e solidária. Esse aspecto da natureza humana é o que caracteriza sua vocação ontológica de ser. A con-
cepção ontológica implica entender as dialeticidades - subjetividades, objetividade-homem, consciência-mundo, como
O contexto
O global
Indivíduo
Sociedade
Espécie
Na questão prática de aplicar os 7 saberes, a questão fundamental é que o objetivo não é transformá-los em
disciplinas, mas sim em diretrizes para ação e para elaboração de propostas e intervenções educacionais.
5. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Psicologia
1. A construção social do sujeito
Abordagem do sujeito e as modificações que ocorrem no processo envolvidos na relação do individuo com o mundo.
2. A Psicologia do Desenvolvimento
Desenvolvimento é o processo pelo qual o individuo constrói ativamente, nas relações que estabelece com o ambi-
ente físico e social, suas características.
A psicologia do desenvolvimento pretende estudar como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas
que distinguem o homem de outras espécies.
3. A Psicologia da Aprendizagem
A aprendizagem é o processo através do qual a criança se apropria ativamente do conteúdo da experiência humana,
daquilo que o seu grupo social conhece.
APsicologia da aprendizagem estuda o complexo processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos exis-
tentes numa sociedade são apropriados pela criança.
4. A Psicologia na Educação
A educação começa muito antes da vida escola, não estando a tarefa de ensinar apenas nas mão dos professores.
Daí a importância de se buscar maximizar esses resultados, colocando a serviço da educação e do ensino o conjun-
to dos conhecimentos psicológicos sobre as bases do desenvolvimento e da aprendizagem. Com eles, o professor esta-
rá em posição mais favorável para planejar a sua ação.
http://www.webartigos.com/articles/14469/1/PSICOLOGIA-DA-EDUCACAO/pagina1.html#ixzz1V8ymcDs9
TEORIA INATISTA
A teoria inatista se fundamenta em uma concepção de ser humano inspirada na filosofia racionalista e idealista. O
racionalismo se norteia pela crença de que o único meio para se chegar ao conhecimento é por intermédio da razão, já
que esta é inata, imutável e igual em todos os homens. Para o idealismo, o real é confundido com o mundo das idéias e
significados. Dar realidade às idéias, oferecer respostas ideais (de idéias) às questões reais ( Nunes, 1986, p. 25). É a
forma de compreender a realidade, na qual o espírito vai explicar e produzir a matéria.
Enfatizando os fatores maturacionais e hereditários, essa perspectiva entende que o ser humano é um sujeito fecha-
do em si mesmo, nasce com potencialidades, com dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo com o amadure-
cimento biológico.
Uma vez que é dotado de dons divinamente justificáveis, o ser humano, assim entendido, não tem possibilidade de
mudança, não age efetivamente e nem recebe interferências significativas do social. Nada depois do nascimento é im-
portante, visto que o homem já nasce pronto, incluindo a personalidade, os valores, os hábitos, as crenças, o pensamen-
to, a emoção e a conduta social. O ser humano, concebido como biologicamente determinado, remete a uma sociedade
harmônica, hierarquizada, que impossibilita a mobilidade social, embora o discurso liberal a afirme.
Nessa perspectiva temos uma sociedade capitalista que valoriza o individual em detrimento do social, gerando com-
petitividade, acirrando as diferenças de classe, gênero e etnia.
O entendimento do desenvolvimento é baseado no pressuposto de que, ao aprender, o ser humano aprimora aquilo
que já é inato avançando no seu desenvolvimento (o vir-a-ser). É um passo na aprendizagem e dois no desenvolvimen-
to. Há uma expectativa de que o ser humano deixe desabrochar suas potencialidades e aptidões. A aprendizagem de-
pende do desenvolvimento.
Na educação o papel do professor é o de facilitar que a essência se manifeste, entendendo-se que quanto menor a
interferência, maior será a espontaneidade e criatividade do aluno. Essa concepção de homem tem fundamentado pe-
dagogias espontaneístas que subestimam a capacidade intelectual do ser humano, na medida em que o sucesso ou
fracasso é atribuído, única e exclusivamente, ao aluno, ao seu desempenho, aptidão, dom ou maturidade (Rego, 1996).
A aplicação dessa concepção na educação gera imobilismo e resignação, pois considera-se que as diferenças não
são superadas, uma vez que o meio não interfere no desenvolvimento da criança. Considera-se também que o resultado
da aprendizagem é exclusivamente do aluno, isentando de responsabilidade o professor e a escola.
IMPORTANTE!
O Inatismo considera importante somente os fatores genéticos e biológicos, ou seja, aquilo que é hereditário, inato.
Por isso o nome inatismo, características e dons que a criança traz quando nasce.
Para os inatistas, a criança aprende de acordo como os seus dons. Se a criança não aprende é porque não herdou
o dom dos pais. Isso determina que ela nunca vai aprender, porque já nasceu sem essa pré-disposição.
TEORIA AMBIENTALISTA
A concepção ambientalista de ser humano está fundamentada na filosofia empirista e positivista. O empirismo
pressupõe que o conhecimento ocorre a partir da experiência sensorial e dela deriva. O positivismo se baseia numa su-
posta harmonia do social, semelhante à das leis naturais, entendendo que a criança é regida por leis do tipo natural. A
ciência, ao projetar objetividade e verdade, tenta se constituir como neutra, negando todo o comprometimento ideológico
que a perpassa. O cientista pretende, em qualquer campo do conhecimento, agir com espírito objetivo, neutro, livre de
juízo de valor, de ideologia, tentando se omitir das contradições sociais.
ATENÇÃO:
A Teoria Ambientalista não foi suficiente para explicar o desenvolvimento humano
porque, ao considerar a criança como passiva, podendo ser controlada ou manipulada pela situação, desconsidera-
va sua capacidade de compreender, raciocinar, contestar, deduzir, fantasiar, ter desejos, imaginar .
TEORIA HUMANISTA
“O único homem que se educa é aquele que aprendeu como aprender: que aprendeu como se adaptar e mudar; que se
capacitou de que nenhum conhecimento é seguro, que nenhum processo de buscar conhecimento oferece uma base de
segurança”.
( ROGERS apud COELHO e JOSÉ, 1993 p.9)
Desse modo, a responsabilidade da educação é do próprio aprendiz. A educação tem, portanto, a finalidade de cri-
ar condições que facilitem a aprendizagem do aluno. O objetivo é o de capacitar o aluno para auto-aprendizagem.
Condições de Aprendizagem
- Confiança na capacidade dos outros de aprender por si mesmos – Trata-se de um requisito básico para toda
aprendizagem centrada no aluno. O professor deve acreditar em si e na relação com o outro e, principalmente, pre-
cisa crer na capacidade de seu aluno aprender por si mesmo.
- O professor facilitador provê os recursos da aprendizagem – Livros, material didático, apostilas, etc. O profes-
sor não interfere na aprendizagem, ele proporciona os recursos, mas os alunos terão que buscá-los por si mesmos.
- O estudante escolhe o seu próprio programa de estudos – Ele faz a opção da direção de sua aprendizagem e a
segue de acordo com seu próprio tempo.
- É oferecido um clima facilitador de aprendizagem – Tanto no contato com o professor, como em reuniões com
os colegas, desenvolve-se um clima em que o aprender com os outros é tão importante como aprender com os li-
vros.
- O foco da aprendizagem não está no conteúdo, mas em favorecer um processo contínuo de aprendizagem –
Para Rogers, não importa o conhecimento como resultado, mas o “processo significante na aprendizagem de como
aprender aquilo que se quer saber”.
- A disciplina é responsabilidade do aluno – Não é o professor que impõe disciplina através de uma postura de
autoridade, mas o próprio aluno que aceita a disciplina de maneira consciente.
- A avaliação é feita pelo próprio aprendiz – É a auto-avaliação, que no máximo pode ser auxiliada por membros
do grupo ou pelo facilitador.
Princípios de Aprendizagem:
- Todos os indivíduos têm potencialidades para aprender. Todos têm curiosidade natural para aprender. Se houver
ambiente favorável, aprenderão. Segundo Rogers, todos querem estudar, desejam crescer, querem descobrir e an-
seiam em criar. O professor deve favorecer tais tendências naturais.
- A aprendizagem é significativa quando o aluno percebe a importância do que estuda. Será significativo para o alu-
no tudo que ele perceber como importante e que estiver ligado ao crescimento e valorização de sua pessoa.
- A aprendizagem é sempre uma mudança na percepção do sujeito – por isso tende a provocar resistências. Tudo o
que é novo pode ser vivenciado como ameaçador e, por isso, ocasiona resistência.
- A maior parte da aprendizagem significativa é adquirida na prática. Com nossos pais aprendemos como educar
nossos filhos, porque o que eles nos ensinaram foi realizado na prática e foi significativo. Rogers afirma que o estu-
dante deve ter contato direto com problemas de todo o tipo: literários, sociais e filosóficos. Só dessa maneira irá
aprender.
- Quando o aluno participa do processo, a aprendizagem é facilitada. Aprenderá melhor quando buscar o conheci-
mento de acordo com seus interesses e do seu ritmo pessoal.
- A avaliação não será feita pelo professor. Um clima em que impera a criatividade, a autoconfiança e a autocrítica
leva a uma possibilidade de auto-avaliação. Esta será justa, porque o clima de liberdade o permite.
- O professor não ensina, mas facilita a aprendizagem do aluno. Este é um princípio central.
Jean Piaget nasceu nasceu em Neuchâtel, Suiça no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra em 17 de se-
tembro de 1980, com 83 anos. Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os meca-
nismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo.
Como epistemólogo, investigou o processo de construção do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida
centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático.
A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres
humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
Sua teoria chamada de Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética é a mais conhecida concepção constru-
tivista da formação da inteligência.
Jean Piaget, em sua teoria, explica como o indivíduo, desde o seu nascimento, constrói o conhecimento.
Construção do conhecimento:
A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o
desequilíbrio, resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção de es-
quemas ou conhecimento. Em outras palavras, uma vez que a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer
uma acomodação e após, uma assimilação e o equilíbrio é, então, alcançado. Quando o equilíbrio se rompe, o indivíduo
age sobre o que o afetou buscando se reequilibrar. E para Piaget, isso é feito por adaptação e por organização.
Esquema:
Autores sugerem que imaginemos um arquivo de dados na nossa cabeça. Os esquemas são análogos às fichas
deste arquivo, ou seja, são as estruturas mentais ou cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente organizam o
meio.
São estruturas que se modificam com o desenvolvimento mental e que tornam-se cada vez mais refinadas à medida
em que a criança torna-se mais apta a generalizar os estímulos. Por este motivo, os esquemas cognitivos do adulto são
derivados dos esquemas sensório-motores da criança e, os processos responsáveis por esses mudanças nas estruturas
cognitivas são assimilação e acomodação.
Assimilação:
É o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elemen-
tos do meio externo (objeto, acontecimento, a um esquema ou estrutura do sujeito.) Em outras palavras, é o processo
pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliação de seus esque-
mas. Na assimilação o indivíduo usa as estruturas que já possui.
Acomodação:
Após ter havido a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estímulo no esquema e aí ocorre a assimila-
ção.Por isso, a acomodação não é determinada pelo objeto e sim pela atividade do sujeito sobre este, para tentar assimi-
lá-lo. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.
Equilibração: É o processo da passagem de uma situação de menor equilíbrio para uma de maior equilíbrio. Uma
fonte de desequilíbrio ocorre quando se espera que uma situação ocorra de determinada maneira, e esta não acontece.
Estágios de Desenvolvimento
De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantita-
tivas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e re-
constrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.
Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de ESTÁGIOS que seguem idades mais ou menos
determinadas. Todavia, o importante é a ordem dos estágios e não a idade de aparição destes.
A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente
o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto
e imediato, sem representação ou pensamento.
Exemplos: O bebê pega o que está em sua mão; "mama" o que é posto em sua boca; "vê" o que está diante de si.
Aprimorando esses esquemas, é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo a boca.
Também chamado de estágio da Inteligência Simbólica . Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de es-
quemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor).
Exemplos: Mostram-se para a criança, duas bolinhas de massa iguais e dá-se a uma delas a forma de salsicha. A
criança nega que a quantidade de massa continue igual, pois as formas são diferentes. Não relaciona as situações.
A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar dife-
rentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do
mundo concreto para chegar à abstração. desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma
anterior, anulando a transformação observada (Reversibilidade).
Exemplos: despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quan-
tidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de "refazer" a
ação.
A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somen-
te às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando
soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.
Exemplos: Se lhe pedem para analisar um provérbio como "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança tra-
balha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.
DESENVOLVIMENTO COMPORTAMENTAL
Vale ressaltar, ainda, que, para Piaget, existe um desenvolvimento da moral que ocorre por etapas, de acordo com
os estágios do desenvolvimento humano. Para Piaget (1977 apud La Taille 1992:21), "toda moral consiste num sistema
de regras e a essência de toda moralidade deve ser procurada no respeito que o indivíduo adquire por estas regras".
Isso porque Piaget entende que nos jogos coletivos as relações interindividuais são regidas por normas que, apesar de
herdadas culturalmente, podem ser modificadas consensualmente entre os jogadores, sendo que o dever de 'respeitá-
las' implica a moral por envolver questões de justiça e honestidade.
Assim sendo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases: (a) anomia (crianças até 5 anos),
em que a moral não se coloca, ou seja, as regras são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas rela-
ções bem x mal e sim pelo sentido de hábito, de dever; (b) heteronomia (crianças até 9, 10 anos de idade), em que a
moral é = a autoridade, ou seja, as regras não correpondem a um acordo mútuo firmado entre os jogadores, mas sim
como algo imposto pela tradição e, portanto, imutável; (c) autonomia, corresponde ao último estágio do desenvolvimen-
to da moral, em que há a legitimação das regras e a criança pensa a moral pela reciprocidade, quer seja o respeito a
regras é entendido como decorrente de acordos mútuos entre os jogadores, sendo que cada um deles consegue conce-
ber a si próprio como possível 'legislador' em regime de cooperação entre todos os membros do grupo.
Para Piaget, a própria moral pressupõe inteligência, haja vista que as relações entre moral x inteligência têm a mes-
ma lógica atribuída às relações inteligência x linguagem. Quer dizer, a inteligência é uma condição necessária, porém
não suficiente ao desenvolvimento da moral. Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em 3 dimensões: a)
regras: que são formulações verbais concretas, explícitas (como os 10 Mandamentos, por exemplo); b) princípios: que
representam o espírito das regras (amai-vos uns aos outros, por exemplo); c) valores: que dão respostas aos deveres e
aos sentidos da vida, permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.
Assim sendo, as relações interindividuais que são regidas por regras envolvem, por sua vez, relações de coação -
que corresponde à noção de dever; e de cooperação - que pressupõe a noção de articulação de operações de dois ou
mais sujeitos, envolvendo não apenas a noção de 'dever' mas a de 'querer' fazer. Vemos, portanto, que uma das peculia-
ridades do modelo piagetiano consiste em que o papel das relações interindividuais no processo evolutivo do homem é
focalizado sob a perspectiva da ética (La Taille, 1992). Isso implica entender que "o desenvolvimento cognitivo é condi-
ção necessária ao pleno exercício da cooperação, mas não condição suficiente, pois uma postura ética deverá completar
o quadro" (idem p. 21).
Como já foi mencionado na apresentação deste trabalho, a teoria psicogenética de Piaget não tinha como objetivo
principal propor uma teoria de aprendizagem. A esse respeito, Coll (1992:172) faz a seguinte observação: "ao que se
sabe, ele [Piaget] nunca participou diretamente nem coordenou uma pesquisa com objetivos pedagógicos". Não obstante
esse fato, de forma contraditória aos interesses previstos, portanto, o modelo piagetiano, curiosamente, veio a se tornar
uma das mais importantes diretrizes no campo da aprendizagem escolar, por exemplo, nos USA, na Europa e no Brasil,
inclusive.
De acordo com Coll (op.cit.) as tentativas de aplicação da teoria genética no campo da aprendizagem são numero-
sas e variadas, no entanto os resultados práticos obtidos com tais aplicações não podem ser considerados tão frutíferos.
Uma das razões da difícil penetração da teoria genética no âmbito da escola deve-se, principalmente, segundo o autor,
"ao difícil entendimento do seu conteúdo conceitual como pelos método de análise formalizante que utiliza e pelo estilo
às vezes 'hermético' que caracteriza as publicações de Piaget" (idem p. 174). Coll (op.cit.) ressalta, também, que a apli-
cação educacional da teoria genética tem como fatores complicadores, entre outros: a) as dificuldades de ordem técnica,
metodológicas e teóricas no uso de provas operatórias como instrumento de diagnóstico psicopedagógico, exigindo um
alto grau de especialização e de prudência profissional, a fim de se evitar os riscos de sérios erros; b) a predominância
no "como" ensinar coloca o objetivo do "o quê" ensinar em segundo plano, contrapondo-se, dessa forma, ao caráter
fundamental de transmissão do saber acumulado culturalmente que é uma função da instituição escolar, por ser esta de
caráter preeminentemente político-metodológico e não técnico como tradicionalmente se procurou incutir nas idéias da
sociedade; c) a parte social da escola fica prejudicada uma vez que o raciocínio por trás da argumentação de que a cri-
ança vai atingir o estágio operatório secundariza a noção do desenvolvimento do pensamento crítico; d) a idéia básica
do construtivismo postulando que a atividade de organização e planificação da aquisição de conhecimentos estão à car-
go do aluno acaba por não dar conta de explicar o caráter da intervenção por parte do professor; e) a idéia de que o
indivíduo apropria os conteúdos em conformidade com o desenvolvimento das suas estruturas cognitivas estabelece o
Por outro lado, como contribuições contundentes da teoria psicogenética podem ser citados, por exemplo: a) a pos-
sibilidade de estabelecer objetivos educacionais uma vez que a teoria fornece parâmetros importantes sobre o 'processo
de pensamento da criança' relacionados aos estádios do desenvolvimento; b) em oposição às visões de teorias behavio-
ristas que consideravam o erro como interferências negativas no processo de aprendizagem, dentro da concepção cog-
nitivista da teoria psicogenética, os erros passam a ser entendidos como estratégias usadas pelo aluno na sua tentativa
de aprendizagem de novos conhecimentos (PCN, 1998); c) uma outra contribuição importante do enfoque psicogenético
foi lançar luz à questão dos diferentes estilos individuais de aprendizagem; (PCN, 1998); entre outros.
Em resumo, conforme aponta Coll (1992), as relações entre teoria psicogenética x educação, apesar dos complica-
dores decorrentes da "dicotomia entre os aspectos estruturais e os aspectos funcionais da explicação genética" (idem, p.
192) e da tendência dos projetos privilegiarem, em grande parte, um reducionismo psicologizante em detrimento ao soci-
al (aliás, motivo de caloroso debate entre acadêmicos*), pode-se considerar que a teoria psicogenética trouxe contribui-
ções importantes ao campo da aprendizagem escolar.
Considerações finais
A referência deste nosso estudo foi a teoria de Piaget cujas proposições nucleares dão conta de que a compreensão
do desenvolvimento humano equivale à compreensão de como se dá o processo de constituição do pensamento lógico-
formal, matemático. Tal processo, que é explicado segundo o pressuposto de que existe uma conjuntura de relações
interdependentes entre o sujeito conhecedor e o objeto a conhecer, envolve mecanismos complexos e intrincados que
englobam aspectos que se entrelaçam e se complementam, tais como: o processo de maturação do organismo, a expe-
riência com objetos, a vivência social e, sobretudo, a equilibração do organismo ao meio.
Em face às discussões apresentadas no decorrer do trabalho, cremos ser lícito concluir que as idéias de Piaget re-
presentam um salto qualitativo na compreensão do desenvolvimento humano, na medida em que é evidenciada uma
tentativa de integração entre o sujeito e o mundo que o circunda. Paradoxalmente, contudo - no que pese a rejeição de
Piaget pelo antagonismo das tendências objetivista e subjetivista - o papel do meio no funcionamento do indivíduo é
relegado a um plano secundário, uma vez que permanece, ainda, a predominância do indivíduo em detrimento das in-
fluências que o meio exerce na construção do seu conhecimento.
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Vygotsky nasceu em 1896 na Bielo-Rússia, que depois (em 1917) ficou incorporada à União Soviética, e mais recen-
temente voltou a ser Bielo-Rússia. Nasceu no mesmo ano que Piaget (coincidência?!), mas viveu muitíssimo menos que
este último, pois morreu de tuberculose em 1934, antes de completar 38 anos.
O teórico pretendia uma abordagem que buscasse a síntese do homem como ser biológico, histórico e social. Ele
sempre considerou o homem inserido na sociedade e, sendo assim, sua abordagem sempre foi orientada para os pro-
cessos de Desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sóciohistórica e na interação do homem com o
outro no espaço social. Sua abordagem sócio-interacionista buscava caracterizar os aspectos tipicamente humanos do
comportamento e elaborar hipóteses de como as características humanas se formam ao longo da história do indivíduo
(Vygotsky, 1996).
Vygotsky et. al. (1988) acredita que as características individuais e até mesmo suas atitudes individuais estão im-
pregnadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que tomamos por mais individual de um ser humano foi construí-
do a partir de sua relação com o indivíduo.
Suas maiores contribuições estão nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a aprendizagem
em meio social, e também o desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
Para J. Piaget, dentro da reflexão construtivista sobre desenvolvimento e aprendizagem, tais conceitos se inter-
relacionam, sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é considerada maturacio-
nista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base
para os avanços na aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio-interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica,
abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está atrelada ao fato de o ser humano
viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos. Isso quer dizer que os processos caminham
juntos, ainda que não em paralelo.
Entenderemos melhor essa relação ao discutir a Zona de Desenvolvimento proximal. Os conceitos sócio-
interacionistas sobre desenvolvimento e aprendizagem se fazem sempre presentes, impelindo-nos à reflexão sobre tais
processos. Como lidar com o desenvolvimento natural da criança e estimulá-lo através da aprendizagem? Como esta
pode ser efetuada de modo a contribuir para o desenvolvimento global da criança?
Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico daespécie para realizar uma tarefa se o indiví-
duo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem. Não podemos pensar que a
criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinha o caminho do
desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta.
Neste modelo, o sujeito – no caso, a criança – é reconhecida como ser pensante, capaz de vincular sua ação à re-
presentação de mundo que constitui sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo onde este processo é vivencia-
do, onde o processo de ensino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre sujeitos.
Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem ser melhor
compreendidos quando nos remetemos ao conceito de ZDP. Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proxi-
mal (ZDP), é a distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver pro-
blemas independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de solucionar proble-
mas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a cri-
ança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento,por
isso dizemos que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis.
É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer. A função de um educador
escolar, por exemplo, seria, então, a de favorecer esta aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o mundo.
Como foi destacado anteriormente, é no âmago das interações no interior do coletivo, das relações com o outro, que a
criança terá condições de construir suas próprias estruturas psicológicas
(Creche Fiocruz, 1 )Vejamos que esta diferença de concepções entre Piaget e Vygotsky se dá, em grande parte, pelo fato de que , para Piaget,
desenvolvimento ´maturação’, e para Vygotsky, o termo também compreende o desenvolvimento psicológico.
A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e compreensão. Essa
função comunicativa está estreitamente combinada com o pensamento. A comunicação é uma espécie de função básica
porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, organiza o pensamento. Para Vygotsky, a aquisição da linguagem
passa por três fases: a linguagem social, que seria esta que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira
linguagem que surge. Depois teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamen-
to.
A linguagem egocêntrica
A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o processamento de perguntas e respostas dentro de nós
mesmos – o que estaria bem próximo ao pensamento, representa a transição da função comunicativa para a função
intelectual. Nesta transição, surge a chamada fala egocêntrica. Trata-se da fala que a criança emite para si mesmo, em
voz baixa, enquanto está concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a atividade infantil, é um
instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução para a tarefa durante a atividade na qual a
criança está entretida (Ribeiro, 2005).
A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com funções de co-
municação e interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar melhor as idéias e planejar melhor as
ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um problema que, nós adultos, resolveríamos apenas no pla-
no do pensamento / raciocínio.
Uma contribuição importante de Vygotsky e seus colaboradores, descrita no livro Pensamento e Linguagem (1998),
do mesmo autor, é o fato de que, por volta dos dois anos de idade, o desenvolvimento do pensamento e da linguagem –
que até então eram estudados em separado – se fundem, criando uma nova forma de comportamento.
Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e os pensamentos começam a oralizar-se – a
fase da fala egocêntrica – é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por perguntas acerca de todas as coi-
sas novas (“o que é isso?”) e pelo enriquecimento do vocabulário.
O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o som, adquirindo capaci-
dade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na fase do discurso interior. Se, durante a fase
da fala egocêntrica houver alguma deficiência de elementos e processos de interação social, qualquer fator que aumente
o isolamento da criança, iremos perceber que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o
cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no processo de socialização da criança.
(Ribeiro, 2005)
O discurso interior é uma fase posterior à fala egocêntrica. É quando as palavras passam a ser pensadas, sem que
necessariamente sejam faladas. É um pensamento em palavras. Já o pensamento é um plano mais profundo do discur-
so interior, que tem por função criar conexões e resolver problemas, o que não é, necessariamente, feito em palavras. É
algo feito de idéias, que muitas vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar as pala-
vras certas para exprimir um pensamento.
O pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta
as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e fala-
da. Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de
uma reflexão em uma frase ou em um discurso. Portanto, podemos concluir que o pensamento não se reflete na palavra;
realiza-se nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra pessoa
(Vygotsky, 1998).
Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um
último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas incli-
nações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na
nossa fala e no nosso pensamento. (Vygotsky 1998)
HENRI WALLON
Militante apaixonado, o médico, psicólogo e filósofo francês mostrou que as crianças têm também corpo e emoções
(e não apenas cabeça) na sala de aula
A gênese da inteligência, para Wallon, é genética e organicamente social, ou seja, “O ser humano é organicamente
social, e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar” (Dantas, 1992). Nesse sentido, a teoria
do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa.
Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do
desenvolvimento psíquico da criança. Assim, o desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradi-
ções e conflitos, resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu compor-
tamento em geral.
Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, em que o ritmo no qual se sucedem as etapas
do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas, provocando, em cada etapa, pro-
fundas mudanças nas anteriores.
Nesse sentido, a passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por refor-
mulação, instalando-se, no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança.
Conflitos se instalam nesse processo e são de origem exógena, quando resultantes dos desencontros entre as
ações da criança e o ambiente exterior, estruturado pelos adultos e pela cultura; e endógenas, quando gerados pelos
efeitos da maturação nervosa. Esses conflitos são propulsores do desenvolvimento.
Então, o Desenvolvimento Cognitivo de Wallon é centrada na Psicogênese da pessoa completa ou total. Henri
Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no Desenvolvimento Humano, estudando-o a partir do Desenvol-
vimento Psíquico da criança.
Nesse contexto teórico, o Desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos,
resultado da maturação e das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em ge-
ral. Wallon realiza um estudo que é centrado na criança contextualizada, isto é, posta no ambiente imediato, social e
histórico. Nesse contexto onde a criança é estudada considera-se o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvi-
mento.
Essas etapas são descontínuas. Elas trazem em si mesmas as marcas dos conflitos, dos movimentos dialéticos, das
rupturas ou cortes vivenciados, retrocessos e reviravoltas etc. Esses “conflitos” – pertencentes ao próprio crescimento
humano – provocam em cada etapa, profundas mudanças nas anteriores.
O ambiente exterior ou exógeno é construído e estruturado pelos adultos e pela cultura. Já o ambiente endógenos
– interno – é, segundo Galvão (1995), produzido pelos efeitos da maturação nervosa – Sistema Nervoso Autônomo: SNA
e Sistema Nervoso Periférico: SNP.
Os cinco estágios enunciados e descritos em mostram como Wallon apreendia o Desenvolvimento Humano.
1) Impulsivo-emocional;
2) Sensório-motor e projetivo;
3) Personalismo;
4) Categorial;
5) Predominância funcional.
1) Impulsivo-emocional , que ocorre no primeiro ano de vida. A predominância da afetividade orienta as primeiras
reações do bebê às pessoas, às quais intermediam sua relação com o mundo físico;
3) Personalismo , ocorre dos três aos seis anos. Nesse estágio desenvolve-se a construção da consciência de si
mediante as interações sociais, reorientando o interesse das crianças pelas pessoas;
4) Categorial , onde os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para as coisas, para o conhecimento e
conquista do mundo exterior;
5) Predominância funcional, onde ocorre nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às
modificações corporais resultantes da ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona.
Na sucessão de estágios há uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denom inada
de "alternância funcional", onde cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição), incorpora as con-
quistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente, num permanente processo de integração e dife-
renciação.
Dos 02 aos 05 anos de idade: Período Síncrético . Aqui a fala/linguagem é um fato real; iniciam-se os diálogos e as
funções projetivas; mistura os conceito.
Dos 09/10 anos de idade em diante: Período do Pensamento Conceitual ,.Nasce no ser humano, implantando ne-
le, valores socialmente aceitos – pelo menos numa sociedade democrática como a França: respeito mútuo; senso de
justiça; igualdades de direitos. Nesse período é que se inicia a puberdade (marca psicofisiológica: no homem a mastur-
bação; na mulher a mestruação).
Por ser marxista, Wallon destaca que essas etapas não rígidas, sendo a construção do EU essencialmente dialética,
isto é, continua em movimentos constantes e contraditórios, duante toda a existência humana.
O conhecimento pois não é linear e a autonomia está diretamente relacionada com os limites da organicidade e os
construídos pela sociedade e história humana.
A verdade é pois em Wallon, algo subjetiva, pois cada pessoa tem a sua e é histórica porque se transforma ao lonfo
do tempo.
O método de investigação escolhido pela pessoa – cientista, por exemplo – determina o que é a verdade a ser aceita
e a relação entre os sujeitos é sempre permeada pela contradição – movimentos constantes.
O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a cri-
ança em seu contexto: “Só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no
qual está inserida”.
Eis o grande desafio da escola, fazer do ambiente escolar um meio que favoreça o aprendizado, onde a escola dei-
xe de ser apenas um ponto de encontro e passe a ser, além disso, encontro com o saber com descobertas de forma
prazerosa e funcional, conforme Libâneo : “Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela medi-
ante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades
cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.”
A escola deve oferecer situações que favoreçam o aprendizado, onde haja sede em aprender e também razão, en-
tendimento da importância desse aprendizado no futuro do aluno.
Se ele compreender que, muito mais importante do que possuir bens materiais, é ter uma fonte de segurança que
garanta seu espaço no mercado competitivo, ele buscará conhecer e aprender sempre mais.
A escola precisa redimensionar o seu pensar, reformulando suas açoes pela compreensão do que a comunidade
escolar (entendida aqui os alunos, pais, professores, equipe pedagogica, direcao, funcionários) espera dela enquanto
Funçao Social.
Ao que nos deparamos frequentemente com inumeras instituições tentando descrever e delinear as mazelas da es-
cola, no entanto, nos educadores nos reservamos muitas vezes a apenas ouvi-los sem definir “publicamente” nossos
anseios, interesses e preocupacoes. Tem-se permitido que diferentes profissionais interfiram no processo de direção da
escola, ao que entendemos ser necessario aos profissionais da educacao assumir esse espaço de afirmacao e respon-
sabilidade. Trazer a publico, o que de fato é a escola e a que ela se propõe já que precisa reformular sua ação definindo
prioridades frente as diferentes exigências do contexto social em que encontra-se inserida .
Nosso maior interesse e refletir a presença da escola na sociedade, sabendo que ela se destina a promoção do
homem. O que necessariamente requer um educador que seja um profundo conhecedor do proprio homem. Portanto
compreendemos que a formação dos docentes e a base para a escola de qualidade, pois nao basta apenas equipa-
mentos tecnologicos, espaco fisico, mobiliarios, antes, docentes capacitados para fazer o seu trabalho, em acao coletiva
com os educandos compreendendo o seu estar no mundo, o seu fazer, fazendo-se.
Queremos uma escola capaz de trabalhar um curriculo significativo, preparada para que o ensino e a aprendiza-
gem de fato se efetivem, em que a proposta político pedagogica esteja alicercada a uma pedagogia critica, capaz de
desafiar o educando a pensar criticamente a realidade social, politica e historica, e que o educador, na concepcao de
Paulo Freire, seja aquele que “ensina os conteudos de sua disciplina com rigor e com rigor cobra a produçãoo dos edu-
candos, mas nao esconde a sua opção politica na neutralidade impossivel de seu que-fazer” .
Paulo Freire expressa que a escola deve ser um lugar de trabalho, de ensino, de aprendizagem. Um lugar em que a
convivencia permita estar continuamente se superando, porque a escola e o espaco privilegiado para pensar. Ele que
sempre acreditou na capacidade criadora dos homens e mulheres, e pensando assim e que apresenta a escola como
instancia da sociedade. Paulo Freire diz que “não e a educação que forma a sociedade de uma determinada manei-
ra, senão que esta, tendo-se formado a si mesma de uma certa forma, estabelece a educação que esta de acordo
com os valores que guiam essa sociedade” (1975, p. 30).
Reconhece a presença do oprimido e do opressor, ao que convida-nos a essa libertação, inicialmente pela libertação
do opressor que reside em cada um, para então conseguirmos pela marcha popular libertar todos os homens.
A escola, principalmente a pública, é espaço democrático dentro da sociedade contemporânea. Servindo para discu-
tir suas questões, possibilitar o desenvolvimento do pensamento crítico, trazer as informações, contextualizá-las e dar
caminhos para o aluno buscar mais conhecimento. Além disso, é o lugar de sociabilidade de jovens, adolescentes e
Cabe à escola formar cidadãos críticos, reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres, capazes de
compreender a realidade em que vivem preparados para participar da vida econômica, social e política do país e aptos a
contribuir para a construção de uma sociedade mais justa. A função básica da escola é garantir a aprendizagem de co-
nhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização do indivíduo
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Brasília: Consed, 2001. (Módulo 1)
SEBER, M. G. Piaget: o diálogo com a criança e o desenvolvimento do raciocínio.
São Paulo: Scipione, 1997.
Na história do Brasil, essa é a segunda vez que a educação conta com uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
que regulamenta todos os seus níveis. A primeira LDB foi promulgada em 1961 (LDB 4024/61). E a LDB de 71 não
acrescentou muito à Educação.
A LDB 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - Reafirma o direito à educação, garantido pela
Constituição Federal. Estabelece os princípios da educação e os deveres do Estado em relação à educação escolar
pública, definindo as responsabilidades, em regime de colaboração, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios.
Educação Básica:
Educação Infantil – creches (de 0 a 3 anos) e pré-escolas (de 4 e 5 anos) – É gratuita mas não obrigatória. É de
competência dos municípios.
Ensino Fundamental – anos iniciais (do 1º ao 5º ano) e anos finais (do 6º ao 9º ano) – É obrigatório e gratuito. A LDB
estabelece que, gradativamente, os municípios serão os responsáveis por todo o ensino fundamental. Na prática os
municípios estão atendendo aos anos iniciais e os Estados os anos finais.
Ensino Médio – O antigo 2º grau (do 1º ao 3º ano). É de responsabilidade dos Estados. Pode ser técnico profissiona-
lizante, ou não.
Ensino Superior:
É de competência da União, podendo ser oferecido por Estados e Municípios, desde que estes já tenham atendido
os níveis pelos quais é responsável em sua totalidade. Cabe a União autorizar e fiscalizar as instituições privadas de
ensino superior.
A educação brasileira conta ainda com algumas Modalidades de Educação, que perpassam todos os níveis da
educação nacional. São elas:
Educação Especial – Atende aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de
ensino.
Educação a distância – Atende aos estudantes em tempos e espaços diversos, com a utilização de meios e tecno-
logias de informação e comunicação.
Educação Profissional e Tecnológica – Visa preparar os estudantes a exercerem atividades produtivas, atualizar
e aperfeiçoar conhecimentos tecnológicos e científicos.
Além dessas determinações, a LDB 9394/96 aborda temas como os recursos financeiros e a formação dos profissio-
nais da educação.
BIBLIOGRAFIA
O Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud) é autor deste texto e parceiro do
portal Pró-Menino
Discutir a educação, em particular no Brasil, é algo meticuloso e complexo, considerando que as leituras feitas por
intelectuais, acadêmicos, políticos partidários, sociedade civil e demais atores sociais são de diversas formas, como por
exemplo o de que esta vem ganhando significativa universalização no atendimento bem como melhor qualidade.
O novo documento do CONAE (Conferência Nacional de Educação) traz discussões relevantes para que sejam pen-
sadas as novas políticas educacionais no Brasil a partir de 2011, haja vista tal documento balizar e fundamentar o novo
Plano Nacional de Educação para a década de 2011/2020.
As políticas que sustentam teoricamente o funcionamento do ensino brasileiro são dadas conforme planos realizados
pelos poderes de cada esfera, municipal,estadual ou federal levando em conta os dados encontrados em Institutos de
Pesquisa a exemplo do INEP ( Instituto de estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).Dessa forma, o nortea-
mento dessas políticas se dá dentro de visões como a de equidade, categoria bastante defendida nas propostas, princi-
palmente a partir de 1990, estando em culminância nos últimos anos dessa década.
O novo documento da CONAE foi desenvolvido a partir do tema: Construindo o Sistema Nacional Articulado de Edu-
cação: O Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação.
Este,vem ao encontro das insatisfações da população em geral destacando-se que as conferências foram realizadas
de forma articulada com a sociedade e que tal conferência está em um âmbito maior: O Sistema Nacional de Educação.
As propostas do documento da CONAE, realizada em Brasília no período de 28 de março a 1º de abril de 2010, nos
convida a um olhar sociológico no que diz respeito à explicação das necessidades educacionais brasileiras.
Faremos tal olhar nos recortes dos eixos estruturados conforme as prioridades desencadeadas pela conferência e
estabelecendo uma mediação dialética com os temas: melhoria, qualidade, equidade e igualdade.
Eixos:
Em breves comentários tentaremos fazer uma análise simples por eixo, tentando estabelecer diálogo com si-
tuações postas no que se refere ao atual contexto educacional.
O oferecimento de educação de qualidade, incluindo o cumprimento da mesma perante a lei e perante os planos im-
plementados pelo Estado é familiar a todos(as) os(as) participantes do processo político brasileiro, haja vista a conquista
na participação da sociedade como pressuposto em contribuições relevantes na elaboração de melhores propostas, ou
melhor, a transcrição da fala das várias segmentações sociais ao encontro das necessidades educacionais observadas
durante o reconhecimento de cada cidadão como sujeito ativo e social.
A Conferência Nacional de Educação no seu documento final enfatiza a obrigatoriedade do Estado perante a lei no
que se refere à oferta do ensino, destacando também a importância de uma política efetiva e qualitativa como resgate e
como dívida ao povo brasileiro por termos tido marcas históricas fortemente impregnadas de práticas elitizadas, discrimi-
natórias, burocráticas etc. Cunha (2001) em Estado, Democracia e Educação no Brasil reforça tal afirmativa na seguinte
passagem:
A educação escolar brasileira é herdeira direta do sistema discriminatório da sociedade escravagista sob dominação
imperial. Mesmo tendo deixado de existir, o escravagismo deixou marcas persistentes na escola atual, apesar do avanço
do capitalismo no Brasil e de alguns períodos de maior abertura do sistema político.(Cunha,2001.pág.31)
É preciso falar agora em uma educação articulada dentro de um sistema nacional de educação. A voz dos 3.889
conferencistas transformou-se em 677 emendas a serem a serem referência na elaboração do novo PNE 2011 /2020
Romper práticas políticas com o funcionamento da educação brasileira tal como é dada, ou seja, relações capitalis-
tas de estado, características gerencialistas, estado burguês, e outras é de fato, desafio aos que propõem tal ruptura,
considerando-se que para isso, é necessário uma política que saia dos documentos formais e ganhe consistência na
implementação.
Fica claro, em tese, os caminhos mais favoráveis a uma educação com qualidade contínua e articulada. Por exem-
plo, ao entendermos que não se desenvolve uma educação sem financiamento coloca-se tal alternativa em termos como
CAQ Custo Aluno/a-Qualidade,. de fato, os valores estabelecidos em lei, na lógica do discurso, vai ao encontro da rela-
ção valor aluno/ano e a paridade educação/qualidade, porém o discurso do aumento do valor é, indubitável, o que não é
assegurado, principalmente no ensino público é a concretização do valor/qualidade. Atualmente, com o FUNDEB, a mé-
dia nacional do valor aluno/ano é de R$ 1.415.97 2010 colocando-se em discussão investimento x qualidade, não obscu-
recendo o crescimento de tal valor em relação aos anos anteriores.
Diante desta realidade, é necessário um olhar especial ao novo PNE Plano Nacional de Educação a ser implantado
a partir de 2011, tendo em vista a necessidade de políticas sustentáveis de educação.
Dada a realidade educacional brasileira, situada em espaços contraditórios no que se refere ao financiamento x re-
sultados, destacamos o enfoque dado pelo documento da CONAE, qualidade social e democratização da gestão. Com
as novas políticas do MEC Ministério da Educação e Cultura, sobretudo o PDE, Plano de Desenvolvimento da Educação,
as Instituições escolares são norteadas por propostas de descentralização, autonomia, autogestão etc, inculcando à
comunidade escolar, práticas democráticas e participativas da gestão.
A escola é espaço de democracia, a partir da gestão, considerando-se dessa forma que é possível elevar o sucesso
da escola por meio de uma prática articulada de gestão, não deixando de nos atentar ao fato de que uma unidade de
ensino não se solidifica sem que haja o envolvimento de outros setores da sociedade. É necessário desenvolver políticas
contínuas e que tenham início, meio e fim durante sua implementação.
Diante dessa questão, coloca-se a necessidade de cobrança pelos diversos atores sociais da efetividade das pro-
postas que lemos nos diversos documentos oficiais do Governo Federal, bem como por direito à continuação dos proje-
tos e planos educacionais para que a melhoria da educação não sofra interferências com as transições governamentais.
Ao propor um Sistema Nacional Articulado de Educação, concebe-se que temos que levar em conta a parte e o todo,
desde a avaliação externa aos intramuros da escola, como por exemplo, planos do sistema, da instituição educativa, do
professor e do estudante assim explicado no documento da conferência.
No âmbito da avaliação do Sistema Nacional de Educação no Brasil, a discussão se pauta na problemática dos mo-
delos e finalidades da atual forma de avaliação. Propõe-se uma política nacional de avaliação articulada ao subsistema,
vendo-se agora a necessidade de uma avaliação que contemple não só o ranqueamento das instituições educativas mas
também que vise o desenvolvimento dos sistemas de ensino e do processo ensino-aprendizagem. De fato, o significado
avaliar para melhorar fica um tanto desejável considerando que o distanciamento entre públicas e privadas e privadas e
públicas existe por falta de políticas que articulem o sistema de ensino.
A meta qualidade educacional a ser implementada na visão da CONAE, está constituída dentro de propostas que
atendam a educação de forma articulada e também considerando as especificidades de cada realidade. Implementar
políticas articuladas de educação afim de diminuir as desigualdades em termo de qualidade é desafiador haja vista os
dados do IDEB (Índice Desenvolvimento da Educação Básica) mostrarem dados que favoreçam à reflexões a respeito de
qualidade dentro de um sistema. O documento do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação), destaca as diferenças
gritantes entre os índices de desenvolvimento da educação básica IDEB. A diferença entre redes varia de 1 a 6,8 e entre
escolas 0,7 a 8,5 ratificando a complexidade de uma política orgânica e sistematizada no que diminua essas disparida-
des..
O PDE ao tentar desenvolver uma política orgânica e sistematizada no que se refere à distribuição de recursos fi-
nanceiros, pedagógicos, tecnológicos e outros o faz considerando seis pilares fundamentais: visão sistêmica da educa-
ção, territorialidade, desenvolvimento, regime de colaboração, , responsabilização e mobilização social. Nessa perspecti-
va o desenvolvimento de um plano de educação deverá estar diretamente vinculado a outras nuances do processo como
por exemplo, interlocução dialética entre governos e subsistemas de educação. No eixo em discussão, qualidade da
educação, gestão democrática e avaliação, mais do que articulação, é necessário doses de criticidade por parte de todos
os membros da sociedade, criando-se relação de diálogo entre modelos políticos e práticas escolares.
Luiz Antônio Cunha em Educação, Estado e Democracia no Brasil, no capítulo Democracia Restrita, Escola Exclu-
dente destaca o termo democracia na visão de Bobbio
Uma definição mínima de democracia reconhece como tal o regime onde existia um “conjunto de regras de procedi-
mento para a formação de decisões coletivas, em que está prevista e facilitada a participação mais ampla possível dos
interessados.(Marx,apud Bobbio 2001.pág.20)
A educação é a pedra angular do crescimento econômico e do desenvolvimento social e um dos principais meios pa-
ra melhorar o bem-estar dos indivíduos. Ela aumenta a capacidade produtivas das sociedades e suas instituições políti-
cas, econômicas e científicas e contribui para reduzir a pobreza, acrescentando o valor e a eficiência ao trabalho dos
pobres e mitigando as conseqüências da pobreza nas questões vinculadas à população, saúde e nutrição ( Banco Mun-
dial, 1992, p.02)
A partir dessas premissas, as políticas públicas ganham legitimação, estabelecendo-se metas e prazos no cumpri-
mento do que se considera urgente. O que destacamos são os dados vistos em relação à melhoria do ensino no Brasil.
Segundo o documento da CONAE, ainda há 14 milhões de pessoas analfabetas no Brasil e segundo relatório da ONU
publicado em janeiro de 2010 a má qualidade da educação no Brasil contribuiu para que o país não atingisse um bom
Índice de Desenvolvimento Humano.
Não se desconsidera a ampliação da oferta de vagas, principalmente no ensino básico público no Brasil, ressalta-se
a importância de políticas públicas educacionais menos frágeis e mais consistentes favorecendo possibilidades de apro-
ximação entre o discurso da igualdade, sucesso escolar, e democratização do acesso ao da melhoria o qual é visto em
recortes estatísticos e históricos.
A organização do Sistema educacional Brasileiro carece de efetivas práticas políticas com olhares para as particula-
ridades dentro do conjunto bem como para as categorias como igualdade e equidade no que diz respeito à uma educa-
ção de boa qualidade para todos, haja vista a não garantia de padrões mínimos de boa qualidade. No que se refere ao
ensino superior apenas 12,1% dos jovens entre 18 e 24 anos tem acesso a este nível de ensino sendo 25,9% destes nas
Universidades públicas e 74,1% nas Universidades privadas nos chamando atenção estes percentuais ao entendermos
que ainda existe bastante deficiências a serem superadas.
A análise das diretrizes do eixo III do documento da CONAE, nos permite questionar sobre o que será considerado
preponderante nas novas legislações educacionais, a partir de 2011, com o novo PNE tendo em vista estarmos consci-
entes da precarização no funcionamento da educação brasileira em todas a suas etapas e modalidades de ensino.
Neste eixo está sendo abordado uma das questões mais sérias nas discussões a respeito do ensino no Brasil. As
atuais políticas de formação e valorização dos profissionais da educação não possuem organicidade em relação ao que
é implementado , impossibilitando uma sistematicidade e uma lógica de funcionamento do sistema educacional que per-
mita inculcar nos profissionais da educação uma consciência de política favorável à melhoria do ensino.
A partir dos novos pensamentos formalizados no documento da CONAE-2010 e considerando a não existência de
uma formação/valorização concretizada no ensino brasileiro é importante nos atentarmos às novas legislações, a partir
de 2011, resgatando as políticas implementadas anteriormente e nos situando das mudanças que se dizem postas na
melhoria da qualidade do ensino.
O que se pensa a respeito de propostas para a melhoria como exemplo, dedicação exclusiva, redução em 50 por
cento da carga horária para atividades extra sala, contratação em regime estatutário,formação de professores em cursos
presenciais, garantia de bolsas de estudos em cursos de licenciatura, redução de 50% da carga horária de trabalho para
estudantes de pós graduação lato sensu, afastamento com remuneração de 100% aos estudantes de pós graduação
stricto sensu, piso salarial nacional, entre outras propostas nos permite indagar sobre questões como:
As políticas de investimento em educação no Brasil nos faz trazer neste texto, reflexões sobre como acontece o de-
senvolvimento de tais políticas para manutenção e desenvolvimento do ensino destacando-se a importância de um sis-
tema de financiamento que garanta o funcionamento articulado e que abranja todas as etapas de ensino.
A reforma tributária é colocada no documento da CONAE – 2010, como necessidade urgente e que esteja pautada pela
justiça social e o equilíbrio regional e que esteja principalmente, preocupada em garantir recursos financeiros suficientes
e permanentes para a efetivação dos direitos sociais e distribuição de renda . A educação nessa perspectiva, não deverá
ser prejudicada, no que se refere a investimentos por nenhuma instabilidade no âmbito da política econômica. Aqui, des-
tacamos o ensino básico, ao se falar em investimentos, por conta das mudanças de fundo a partir de 1996 com a criação
do FUNDEF e FUNDEB em 2006. Simon Schwartzman no artigo científico Educação Básica no Brasil: a agenda da mo-
dernidade coloca :
{...} A educação básica é responsabilidade coletiva e deve receber, em qualquer sociedade, uma parte substancial
dos recursos públicos. Público não quer dizer, porém, hierarquizado, uniforme, monolítico e burocrático. A função do
estado em todos os níveis é a de proporcionar recursos, fixar metas, acompanhar resultados e corrigir a as desigualda-
des e iniqüidades ... A perestroika educacional de que o Brasil necessita consiste em devolver às escolas a autoridade, a
responsabilidade, os benefícios e os eventuais custos do seu desempenho. (Schwartzman, artigo científico, Scielo Brasil.
Vol. 05 n°13.SP)
A partir dessas inferências , coloca-se como fator exponencial o aumento da cesta de investimentos para que a pro-
posta CAQ Custo aluno/a- qualidade aconteça. No eixo em discussão está evidente a necessidade de investimento em
educação no Brasil em relação ao PIB. A proposta dos conferencistas é que este alcance 7% até 2011 e 10% até 2014
que segundo o documento em análise, tal aumento garantirá a efetivação do SNE Sistema Nacional de Educação e o
redirecionamento dos processos de organização e gestão no sentido de lograr a qualidade social em todos o níveis e
modalidades de educação básica.
Neste eixo, categorias como inclusão, diversidade e igualdade nos faz retomar alguns aspectos ao se analisar as
variadas condições no processo de desenvolvimento, considerando a importância de se analisar como o espaço da coti-
dianidade escolar e também temáticas como justiça social, educação e trabalho estão sendo desenvolvidas haja vista as
fragmentações no plano da elaboração e execução das políticas para educação, em particular, no ensino básico.
Nas linhas que seguem, colocaremos em evidência a relação entre justiça social, educação e trabalho e o que temos
como prática no âmbito do atual sistema educacional, no que diz respeito à inclusão, igualdade e diversidade. Dessa
forma, é importante destacar que:
I– As políticas de financiamento que contemplam inclusão, diversidade e igualdade não aumentem a exclusão e que
estas sejam elaboradas e aplicadas com menor grau de discriminação uma vez que à medida que se divide em pe-
daços cria-se possibilidades de fragmentações nas relações sociais.
II – O Estado assuma sem neutralidade a responsabilidade de ofertar com melhor qualidade as diversas modalidades
de ensino, abrangendo as políticas de benefício não só em regiões centrais, mas também nas regiões mais distan-
tes e de difícil acesso.
III – O processo de desenvolvimento de políticas sociais no sentido de garantir inclusão, igualdade e diversidade inicie a
partir do despertar da consciência de todos os sujeitos sociais. Estes, devem entender que não se constrói um país
com justiça social sem esforços conjuntos e sem a participação nas discussões das propostas para a melhoria da
educação.
Aprofundar a respeito deste eixo, exige um olhar para as atuais práticas políticas por parte dos entes federados e
também para a forma como está sendo desenvolvido no âmbito do contexto escolar as diretrizes para o ensino formal na
perspectiva da inclusão, igualdade e diversidade. Levando em conta as situações postas quando se fala da diminuição
das desigualdades, políticas de desenvolvimento educacional e outros, inferimos que precisa-se construir um sistema de
educação que esteja além do projeto dado tendo em vista que não se pode dizer que possuímos uma conjuntura que de
fato esteja garantindo os critérios mínimos de qualidade educacional.
Discutir a respeito das implementações das políticas educacionais, especificamente no Brasil, implica situá-las no
âmbito da cultura e da prática escolar dentro de um panorama histórico dessas categorias. O processo de elaboração
dos planos e projetos educacionais e sua execução se recarregam de várias outras questões que estão dadas em outras
instâncias das relações sociais presentes em todos os atos praticados pelos seres humanos.
O acesso à educação formal e a conseqüente obtenção de certificações está culturalmente associado à ideia de
maiores possibilidades de ingresso no mercado de trabalho, isso é uma das inculcações postas na s cultura s escolar
brasileira , porém, destaca-se que não é só isso, está presente também em lei, a garantia como dever do estado de uma
formação para o exercício da cidadania. A partir dessa dualidade, educação como possibilidade de ascensão social x
garantia em lei de uma educação promissora do exercício da cidadania discorreremos alguns pontos em relação ao pro-
cesso de desenvolvimento e funcionamento considerando dois aspectos: Contradições postas entre o contexto escolar e
a formação dos sujeitos e, o papel do estado e a oferta do ensino na realidade brasileira.
No primeiro aspecto, é interessante retomar a discussão a respeito do surgimento da escola, destacando-se que a
mesma surgiu como necessidade de atendimento à classe burguesa, no sentido de se encontrar meios de controle, re-
gulação e crescimento da produção, ou seja, mão de obra especializada em detrimento da forma de sociedade anterior-
mente determinada, a sociedade feudal.
No âmbito do contexto escolar e a formação dos sujeitos, situaremos a nossa abordagem nas últimas décadas, so-
bretudo, a partir de 1980 dadas as características do fenômeno da globalização no Brasil bem como o processo de de-
mocratização política.
Emergidos em um sistema social e econômico em que paradigmas culturais, sociais, morais, entre outros, não se
constituíam como únicos e lineares, colocamos como dado de reflexão a importância de se investigar a reciprocidade
nos acontecimentos entre escola e formação humana considerando que o que se discute a respeito dessa temática não
ganha coerência na prática tão pouco na teoria, tanto no âmbito das práticas escolares quanto da legislação. Enguita em
A Face Oculta da Escola: Educação e Trabalho no Capitalismo coloca:
Substituir as condutas, as atitudes e os valores adequados para a sociedade agrária por outros adequados para a
sociedade industrial foi precisamente, como esperamos ter demonstrado a estas alturas o objetivo principal da escola. A
questão agora é em que posição se situa uma força de trabalho formada para o emprego assalariado diante das formas
autônomas de produção ainda existentes, mesmo que se tenham visto modificados por seu contato com o modo de pro-
dução capitalista. (Enguita,1989, pág.221)
Dentro dessa dualidade, Sistema Educacional voltado para a formação humana e formação para o trabalho, ressal-
tamos a importância de necessidades de políticas públicas que sejam eminentemente próximas das condições da garan-
tia de formação de sujeitos e que estes sujeitos não estejam meramente condicionados ao propósito do que é posto em
lei, mas também, que consigam perceber , diferenciar, analisar o que e como estão ocorrendo o fatos sociais para a
partir daí pensar em superação humana.
Iniciaremos a discussão do segundo eixo , o papel do estado e a oferta do ensino na realidade brasileira, com a se-
guinte passagem do artigo científico Reforma do Estado e Políticas Educacionais: Entre a crise do Estado-Nação e a
Emergência da Regulação Supranacional no qual Almerindo Afonso reafirma a ideia de cidadania:
No seu sentido mais restrito, a cidadania pressupõe o reconhecimento de uma relação jurídica de pertença a uma
determinada comunidade política, e como conseqüência, o acesso a alguns direitos elementares diretamente decorren-
tes da posse legal de uma nacionalidade tutelada por um determinado estado. Neste sentido se recuarmos, um pouco no
tempo, verificamos que este reconhecimento político foi, e ainda continua a ser muitas vezes um ato arbitrário e extre-
mamente seletivo.
Colocar em debates o papel do estado na oferta do ensino que garanta o exercício da cidadania nos leva a questio-
nar o que este fez ou está fazendo para que isso aconteça, nos permitindo interver no mérito da questão pelo fato de se
perceber ou de se comungar de uma situação que desfavorece a formação do ser para a cidadania.
A complexidade da temática é aviltante, haja vista a existência de vários percalços no processo de implementação de
políticas e de políticas desfavorecedoras, que vão de encontro à tão desejada igualdade e justiça social. Vale lembrar
que vivemos em um país em que devemos estar no alinhamento com as exigências da produção dada pelo capitalismo.
Segundo Marx, apud, David Harvey em Espaços de Esperança
O único valor que o trabalhador pode ter não é determinado em termos do trabalho feito nem do efeito social útil
desse trabalho, mas por meio de uma relação especificamente social de produção ... que marca o trabalhador como
recurso direto de valorização do capital.(”Marx, apud, David Harvey, pág.146) .
A escola nesse sentido, se permeia por conceitos de categorias como eficácia e eficiência em detrimento da ideia
de formação para a vida nos seus amplos aspectos, dessa forma, é oportuno destacar , a participação social, a leitura
Considerações finais
Situar a atual sistematização da educação brasileira no plano social e econômico, implica problematizar a conjuntu-
ra dada. A educação brasileira no âmbito histórico, é garantida por lei desde 1827 com a primeira lei geral de educação
pública, havendo até hoje, várias outras como por exemplo LDB´s, PNE´s, e a Constituição Federal.
Apesar disso, considera-se que as rupturas no que se refere à aplicação de planos e projetos não são tão evidentes. O
documento da CONAE – 2010, traz dentro da visão da pós modernidade, propostas a curto e longo prazos às quais tal-
vez diminuam as disparidades do Sistema de Educação Brasileiro, porém, não se pode dizer, que temos garantia de
desenvolvimento do que está escrito, haja vista tal documento servir apenas de referência para outras propostas elabo-
radas pelos poderes legislativo e executivo.
Esperamos que com esta análise, possamos ter esclarecido alguns pontos preponderantes do processo de educa-
ção no Brasil, mostrando que é necessário e importante análises crítico-reflexivas de documentos, textos científicos,
discursos e outros para não nos estreitarmos apenas no nosso olhar mas principalmente olhar as contradições nos vá-
rios espaços ao nosso redor.
Bibliografia
Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de edu-
cação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.
Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos.
Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa
líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária.
Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtor-
nos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.
Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.
Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica.
Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB:
Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo
para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a
escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.
Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o
analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional
Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação
profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio.
Meta 11: Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.
Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18
a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.
Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de
educação superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.
Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anu-
al de 60 mil mestres e 25 mil doutores.
4. FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
RECURSOS ECONÔMICOS TOTAIS DESTINADOS À EDUCAÇÃO
O financiamento da educação no Brasil provém de recursos públicos, de empresas privadas e dos cidadãos. No en-
tanto, é difícil estimar o gasto total em educação, pelo fato de o Brasil não contabilizar os recursos mobilizados pelo setor
particular. Parcelas expressivas do produto de arrecadação tributária nacional são vinculadas à manutenção e desenvol-
vimento da educação nos três níveis de governo, de maneira regular e predefinida, segundo disposições incluídas no
corpo da Constituição da República. A Constituição também resguardou a cobrança de contribuições compulsórias dos
empregadores incidentes sobre a folha de salários e destinadas às entidades do sistema sindical voltadas para a forma-
ção profissional.
Estudos feitos em 1996, a partir de dados de 1995 – ano em que a moeda brasileira se tornou estável –, indicam que
o conjunto de recursos públicos assegurados pela legislação equivalia a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele
ano. Estimativas mais recentes mencionam recursos acima de 5% do PIB (tabela 20). O PIB do Brasil era de cerca de
US$ 450 bilhões em 2000, devido à grande desvalorização da moeda verificada em janeiro de 1999. Em 1995, era esti-
mado em torno de US$ 700 bilhões.
Tabela 20
GASTO PÚBLICO TOTAL COM EDUCAÇÃO EM
% do PIB
RELAÇÃO AO PIB, 1995-1997 Ano
1995 4,6
1996 4,6
1997 4,7
1998 5,2
Fontes de financiamento
• Receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
• Receita de transferências constitucionais e outras transferências.
• Receita da contribuição social do salário-educação e de outras contribuições sociais.
• Outros recursos previstos em lei.
A principal iniciativa favorecida com recursos externos é o Projeto Nordeste, voltado para as áreas mais pobres do
país, que está sendo sucedido pelo programa Fundescola. Não menos importantes são o Programa de Expansão da
Educação Profissional (PROEP), no valor total de US$ 500 milhões, e o projeto Escola Jovem, destinado a apoiar o es-
O financiamento privado da educação deve ser entendido como a parte do gasto total em educação oriunda, em sua
totalidade, das famílias e instituições de caráter privado. Há que se considerar também as despesas realizadas pelas
entidades do sistema sindical, voltadas para o ensino profissionalizante. No Brasil, é muito difícil estimar o gasto privado
com educação.
De acordo com os dados produzidos pelo Ministério, os gastos anuais por aluno no Brasil, em 1995, foram de US$
562 na educação infantil, US$ 870 no ensino fundamental e US$ 1.018 no ensino médio, incluindo as despesas com
inativos e pensionistas. Os valores foram convertidos em dólar pelo Índice de Paridade do Poder de Compra (PPP), do
Banco Mundial.
A legislação educacional brasileira define que os recursos públicos devem ser destinados às escolas públicas, po-
dendo ser dirigidos também a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que:
a) comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam resultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela
de seu patrimônio, sob nenhuma forma ou pretexto;
b) apliquem seus excedentes financeiros em educação;
c) assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao poder
público, no caso de encerramento de suas atividades;
d) prestem contas, ao poder público, dos recursos recebidos.
O professor João Monlevade já afirmara no Parecer CNE/CEB nº 2/97 a existência de uma unanimidade nacional
quanto à desvalorização do professor da Educação Básica e que a reversão desta situação só será possível com o
equacionamento do trinômio salário, carreira/jornada e formação, inicial e continuada.
Por outro lado, Miguel Arroyo nos chama a atenção para o fato de que quando pensamos na saúde de nossos
filhos ou da infância, não pensamos hospital, mas no médico. Saúde nos lembra os médicos. Educação nos
lembra a escola, não seus profissionais, os Educadores.
A referência continua sendo a escola, como instituição, até mesmo para os próprios professores, pois o que eles es-
tudam em sua formação não é a história do magistério, mas a história da escola e dos sistemas de ensino. Entretanto,
alerta ele, o magistério é anterior às instituições de ensino. Por isto, o professor também precisa ser valorizado em seu
ofício de ensinar, não menos complexo que o do médico ou o de outros profissionais cujas funções são essenciais na
nossa sociedade. É, precisamente, o que se pretende com o Projeto de Resolução que, ao final, apresentamos.
• a primeira, para substituir a mencionada Resolução, que se tornou extemporânea em dezembro de 2006;
A Resolução CNE/CEB nº 3/97 tornou-se extemporânea em dezembro de 2006, quando deixou de viger a Emenda
Constitucional nº 14/96, bem como parte da Lei nº 9.424/96, que instituiu, em âmbito das unidades federadas, o Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF).
Naquele mesmo mês e ano (dezembro de 2006), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Emenda Consti-
tucional – EC nº 53/2006, que deu nova redação aos artigos 7º, 23, 30, 206, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e ao
artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Em 20/6/2007 foi sancionada a Lei 11.494/2007, a qual regulamentou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, de que trata o art. 60 do Ato das Dis-
posições Constitucionais Transitórias. A mesma norma alterou a Lei nº 10.195/2001 e revogou dispositivos das Leis nos
9.424/96, 10.880/2004 e 10.845/2004.
Em 16/7/2008 sancionou-se a Lei nº 11.738, a fim de regulamentar a alínea “e” do inciso III do caput do art. 60 do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, instituindo o piso salarial profissional nacional para os profissionais do
magistério público da Educação Básica.
Tais legislações alteraram o conceito de organização da Educação Básica pública no país, em especial seu financi-
amento. No que concerne ao tema da Resolução CNE/CEB nº 3/97, de Diretrizes para as Carreiras dos Profissionais do
Magistério Público (especialmente do Ensino Fundamental), os dispositivos supracitados propõem reformulações
tanto de nível estrutural quanto conceitual e operacional.
Para que possamos prosseguir de forma correta na explanação do presente Parecer é necessário que, em primeiro
lugar, abordemos o arcabouço constitucional que justifica e ampara este nosso trabalho.
Neste sentido, cumpre assinalar, de pronto, os importantes avanços sociais consignados na Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil, promulgada em 1988, entre eles o direito de acesso de toda a população à escola pública,
gratuita e de qualidade. Assim, o artigo 206 da carta Magna prevê:
Art. 206 O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
V - valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público,
com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
Tendo como referência estes princípios fundamentais, há três aspectos a serem estudados para que possamos in-
troduzir adequadamente nossas propostas para a reformulação das Diretrizes Nacionais para a Carreira do Magistério:
Em apertada síntese, o Pacto Federativo nada mais é do que um acordo feito entre cada um dos entes que com-
põem a Federação, no qual todos permanecem como se um só fossem, abrindo mão de parte de sua autonomia originá-
ria, aceitando, desta forma, que outro ente federativo acabe por legislar sobre matéria que possa interferir em seu cotidi-
ano. Deste modo, os entes federados deveriam conviver em harmonia e Interdependência.
Tudo o que se disse leva em consideração apenas o aspecto jurídico do assunto, mesmo que, em outras áreas do
pensamento, que não a jurídica, existam discussões muito mais ricas e empolgantes, porque é sobre este prisma que o
Parecer deve estar centrado.
Quando o assunto é esse, qual seja, o direito, há que se assumir que há uma norma fundamental da qual derivam
todas as demais.
No caso de nosso país, a norma fundamental é a Constituição Federal, que é onde se fixa o Pacto Federativo. Para
que se possa facilitar o raciocínio, pode-se imaginar a Constituição Federal como um contrato assinado por todos os
entes da federação.
Este contrato acaba por determinar o Pacto Federativo, delimitando aquilo que cada ente da federação suportou
perder em favor do outro, para que o pacto pudesse se operar adequadamente e, de fato, existir.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fe-
deral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...)
A Constituição Federal, como norma fundamental da República, estabelece, em seu artigo 1º, o que é a República
Federativa do Brasil, que, tecnicamente, é conhecida como União.
Vê-se, pois, que o artigo que se destacou há pouco complementa o anterior artigo 1º, já que, neste dispositivo, está
firmado o contrato, o pacto assinado entre os entes da federação, pacto este que se denomina Pacto Federativo.
Percebe-se que o Pacto Federativo estabelece que qualquer dos entes da federação é autônomo com relação aos
demais, sendo esta autonomia, no entanto, limitada pela própria Constituição.
Quando se cuida de estudar o Pacto Federativo tendo a lei como escopo, este estudo passa, novamente, pela Cons-
tituição Federal, porque é lá que se firmam as competências de cada um dos entes federados que convivem alinhados
com o Pacto Federativo.
O artigo 22 da Constituição do Brasil fixa a competência Legislativa da União, ou seja, quando há dúvidas so-
bre a possibilidade legislativa da União, é esse o artigo que deve ser consultado.
Há uma série de incisos naquele artigo, mas, para o estudo em tela, importa
apenas que seja citado o seguinte:
O artigo 23 da Constituição Federal estabelece os assuntos cuja competência legislativa é comum entre os Estados,
a União, o Distrito Federal e os Municípios.
Já o artigo 24 estabelece a competência concorrente entre os mesmos entes da Federação, excluindo-se os Municí-
pios.
Art. 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...)
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; (...)”
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrá-
rio.
Para que o assunto objeto do presente Parecer seja tratado com o rigor devido, é de bom tom que seja trazido à co-
lação o artigo 25 da Constituição Federal:
Art. 25 - Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios
desta Constituição.
§ 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
A competência dos Municípios, naquilo que diz respeito ao que até agora foi tratado no presente Parecer, é fixada
no art. 30 da Constituição Federal:
Fica claro então que, pelo Pacto Federativo, os entes federados são independentes entre si. Entretanto, a Emenda
Constitucional nº 14/96, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e outras legislações apontam para o
regime de colaboração entre os entes para a implementação do pleno atendimento aos direitos da população quanto à
educação pública, gratuita e de qualidade.
Emenda Constitucional no 14/96 – que, ao mesmo tempo em que contribuiu decisivamente para o ingresso de milha-
res de novos alunos nos sistemas de ensino, privilegiou, por meio do FUNDEF, o Ensino Fundamental em detrimento da
Educação Infantil, Ensino Médio e demais modalidades de ensino .
E buscou uma melhor definição do regime de colaboração entre os entes federados, alterando o artigo 211 da Cons-
tituição Federal:
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus
sistemas de ensino.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Es-
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios;
Art. 8º - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respecti-
vos sistemas de ensino:
§ 1º - Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e
exercendo a função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais.
§ 2º - Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.
Assim, ficaram definidos os Estados e Municípios como entes federados responsáveis pela oferta do Ensino Fun-
damental, bem como critérios de gasto público com a educação, visando soluções mais equânimes na distribuição de
recursos e nas atribuições dos entes federados.
iii) a necessidade de se reconhecer e valorizar todos os profissionais das redes públicas de ensino, como con-
dição sine qua non para a garantia do direito da população à educação pública de qualidade.
E as Diretrizes para a carreira, agora em debate no CNE, precisam olhar este novo cenário político e legal que ga-
rante sua fixação em condições compatíveis com o atendimento das necessidades dos educadores e da educação brasi-
leira.
Da análise dos dispositivos constitucionais referentes à divisão de competências entre a União e às unidades fede-
radas em matéria de educação, observa-se que à União incumbe o estabelecimento das regras de cunho mais geral,
comuns, a serem observadas pelos entes federativos, enquanto a estes últimos foi conferida a atribuição de complemen-
tar as diretrizes federais, de acordo com suas peculiaridades locais.
O pacto federativo significa isso mesmo, ou seja, se aceita, pelo princípio do bem comum, abrir mão de sua autono-
mia para que o todo se desenvolva plenamente, reservando-se ao ente federado a possibilidade de complementar aquilo
que não cabe ser tratado na norma geral.
Educação é um dos temas em que os entes federados se submetem às normas gerais da União, e não podia ser de
outra forma, porque apenas assim há a garantia de que este direito da população será mais uniformemente prestado, de
modo que as desigualdades regionais, paulatinamente, venham a se extinguir.
As Diretrizes Nacionais para a Carreira, neste sentido, cumprem a finalidade de orientar o cumprimento dos pre-
ceitos constitucionais, zelando pelo bem comum da educação pública.
Formação Docente
A garantia de um padrão de qualidade social na formação de professores se coloca como política prioritária do Minis-
tério da Educação o que, efetivamente, requer o redimensionamento da relação entre as instituições formadoras e os
sistemas de ensino e secretarias de educação visando desenvolver projetos e propostas voltadas a garantia de padrão
de qualidade a ser efetivado.
A formação em nível superior, portanto, coloca-se como uma bandeira a ser implementada pela democratização do
acesso, da permanência e da gestão desse nível de ensino como caminho fértil para a formação e a profissionalização.
Considerando que a educação, como prática social, não se circunscreve apenas à escolarização, prática educativa insti-
tucionalizada, mas tem nessa o seu locus privilegiado, é fundamental que essas políticas sejam entendidas a partir de
uma visão ampla de formação, de homem, cultura e sociedade.
Por outro lado, tendo em vista os indicadores de titulação do professores, é necessário garantir também processos
formativos que garantam a conclusão do ensino médio, na modalidade magistério e, ainda, programas de formação con-
tinuada.
A discussão sobre a formação e profissionalização passa, portanto, pelo resgate das políticas concretas que incluam
o questionamento e novos formatos aos atuais marcos de formação incorporando:
2) na formação contínua e permanente a atividade docente como foco formativo. É fundamental, ainda, a garantia da
melhoria das condições de trabalho (salário, plano de carreira, política de capacitação, avaliação) compatíveis com as
exigências que se delineiam no novo cenário sócio, político, econômico e cultural.
Sendo uma das principais bases institucionais da política de valorização do professor, em 2005 o MEC estabeleceu
as diretrizes para o Sistema Nacional de Formação Continuada de Professores tendo como meta garantir o acesso a
processos de formação continuada ajustada às necessidades, desenvolver a ciência e as tecnologias aplicadas à edu-
cação e promover critérios de carreira docente que valorizem o professor.
O Ministério da Educação vem desenvolvendo o Proformação, um curso de nível médio em Magistério, na modalida-
de de educação a distância, destinado a professores que não possuem formação mínima exigida 9 e que atuam nas qua-
tro séries iniciais do ensino fundamental e classes de alfabetização das redes públicas estaduais e municipais. O Pro-
grama10 consiste num completo sistema de educação a distância que combina auto-aprendizagem e prática de sala-de-
aula, complementados por encontros quinzenais e serviço de apoio à aprendizagem. O material didático foi elaborado
por uma equipe de professores de universidades brasileiras, com notório conhecimento nas áreas curriculares. A equipe
multidisciplinar contou com empresas especializadas em design instrucional e produção de vídeos. Foram implantadas e
equipadas Agências Formadoras, de modo a descentralizar o atendimento, mantendo a qualidade do curso.
O Proformação dispõe de um sistema de informação (SIP) para coletar e analisar dados sobre desempenho dos es-
tudantes, bem como para monitorar todas as fases do programa, permitindo aperfeiçoamentos e correção de rumos por
parte dos gestores. Além disso, são feitas avaliações externas para determinar os resultados na sala-de-aula e o impacto
na vida dos professores-cursistas, escolas e comunidades.
A articulação entre União, Estados e Municípios – formalizada por meio de um Acordo de Participação – logrou cons-
truir um sistema ao mesmo tempo descentralizado e articulado possibilitando a otimização dos recursos públicos aloca-
dos ao programa.
Proinfantil
Esse programa refere-se à formação de professores em nível médio a distância, na modalidade Normal, com habili-
tação em educação infantil e duração de dois anos. O creches e pré-escolas da rede pública, conveniadas, filantrópicas
e comunitárias, e que não possuem a formação exigida pela legislação. O programa tem como principal objetivo elevar o
nível de conhecimento e aprimorar a prática pedagógica dos docentes que atuam nesse segmento da educação básica e
contribuir para a qualidade social das instituições de educação infantil.
Pró-Licenciatura
É um programa de formação de professores oferecido a profissionais que exerçam função docente de 5ª a 8ª série
do ensino fundamental e no ensino médio que ainda não tenham a formação exigida (licenciatura). Trata-se de programa
direcionado a suprir carências em áreas de formação que apresentem deficit de professores. Até meados de 2007, o
MEC deverá arcar com os custos da formação oferecida por universidades parceiras de todas as regiões do País.
Pro-Ifem
O Programa Nacional de Incentivo à Formação Continuada de Professores de Ensino Médio (Pro-Ifem) destina-se à
formação continuada de professores em exercício em escolas públicas de ensino médio estaduais e do Distrito Federal.
Instituições selecionadas pelo Pro-Ifem promovem a formação, contemplando as áreas do conhecimento presentes no
currículo do ensino médio, utilizando para isso recursos do Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio (PRO-
MED).
O Programa Universidade para Todos, implantado em 2005, prevê a ocupação de vagas ociosas em universidades
privadas por estudantes que freqüentaram o ensino médio na rede pública, com renda familiar de até um salário mínimo
per capita, e por professores da educação básica sem curso superior.
Inserido no escopo de abrangência da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Bási-
ca, o MEC pretende, de forma emergencial, fomentar ações de atualização de professores com ênfase em procedimen-
tos pedagógicos para o desenvolvimento das habilidades de leitura/escrita e matemática, habilidades que tendem a inci-
dir fortemente sobre as demais aprendizagens dos alunos.
Assim, a SEB/MEC busca, no curto prazo, estabelecer ações de mobilização envolvendo as escolas, os sistemas de
ensino e a sociedade em geral para melhoria dos processos ensino-aprendizagem na primeira etapa do ensino funda-
mental concentrando as ações de formação nas áreas de alfabetização/linguagem e conhecimento matemático.
As ações deste programa serão desenvolvidas na modalidade a distância, com a utilização de recursos como mate-
rial impresso, software, vídeos, CDs, de forma a alcançar os professores em escala nacional e de forma simultânea.
Inicialmente, o programa dará prioridade à formação de professores em estados e regiões cujos indicadores do SAEB
estejam abaixo do considerado adequado e, ao longo de quatro anos, a meta é atingir a totalidade dos professores que
atuam nas séries iniciais do ensino fundamental.
Realizado no âmbito da Secretaria de Educação a Distância (SEED), fomenta a oferta de cursos superiores de gra-
duação a distância, para a formação de professores em Matemática, Física, Química, Biologia e Pedagogia, tendo em
vista suprir a carência de docentes dessas áreas na rede pública. Para essa formação, o MEC selecionou os 20 melho-
res projetos apresentados pelas universidades responsáveis pela implementação do programa.
Esse programa foi elaborado a partir de um amplo processo de discussão desencadeado pelo Fórum de Pró-
Reitores de Graduação das Universidades Brasileiras (ForGRAD), tem como pressuposto básico a elevação da qualida-
de da formação de professores no país, favorecendo a integração entre educação superior e educação básica por meio
da dinamização dos cursos de formação de professores/licenciaturas e da articulação da formação inicial com a forma-
ção continuada.
O ProDocência, busca oportunizar projetos inovadores no âmbito dos conteúdos pedagógicos e metodológicos da
formação de professores, da atualização e da flexibilização dos currículos das licenciaturas, e da implementação das
novas diretrizes curriculares, estimulando, pela dinamização e a elevação da qualidade da graduação, o acesso e a
permanência dos alunos em diferentes cursos de licenciaturas de institui
TV Escola: canal de TV via satélite que apresenta programas educativos aos professores, estudantes do ensino
fundamental e médio e às comunidades escolares. Funciona ininterruptamente por 14 horas diárias, e serve, ainda, à
formação continuada dos docentes e como apoio didático para o desenvolvimento pedagógico das aulas pedagógica e
curricular adequada às necessidades do campo
Educação no campo: programas de formação de educadores, com proposta pedagógica e curricular adequada às
necessidades do campo. Esses programas
Educação indígena: programas direcionados para a formação inicial e continuada de professores e para a elabora-
ção e disseminação de material didático específico e adequado às peculiaridades culturais dos diferentes povos indíge-
nas.
Como vimos, são vários os programas desenvolvidos pelo Ministério da Educação voltados a qualificação e valoriza-
ção docente envolvendo ações as mais diversas vinculadas aos diferentes níveis e modalidades da educação nacional.
A centralidade conferida a esses profissionais, articulada aos demais programas e políticas em andamento, busca
consolidar no País condições de formação e de exercício profissionais que contribuam com a reestruturação das políti-
cas e gestão da educação básica. Tal perspectiva tem por objetivo resgatar a participação ativa dos profissionais docen-
tes, bem como seu envolvimento e compromisso com as demais políticas programas e ações do governo voltadas ao
combate do fracasso escolar.
A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma instituição de maneira que possibilite a participação, transparên-
cia e democracia. Esse modelo de gestão, segundo Vieira (2005), representa um importante desafio na operacionaliza-
ção das políticas de educação e no cotidiano da escola.
Contextualização
No Brasil, com a reabertura político-democrática, pós Ditadura Militar (1964 – 1985), a Constituição Federal de 1988
chegou para definir a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” como um de seus princípios (Art. 2006,
Inciso VI). Alguns anos mais tarde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, vem reforçar esse princípio,
acrescentando apenas “e a legislação do sistema de ensino” (Art. 3º, Inc. VIII). A partir de então, o tema se tornou um
dos mais discutidos entre os estudiosos da área educacional.
Detalhamento na LDB
A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações, no tocante à gestão democrática:
Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica,
de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram
progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito
financeiro público.
Estes artigos da LDB, acima citados, dispõem que a “gestão democrática do ensino público na educação básica aos
sistemas de ensino, oferece ampla autonomia às unidades federadas para definirem em sintonia com suas especificida-
des formas de operacionalização da gestão, com a participação dos profissionais da educação envolvidos e de toda a
comunidade escolar e local” (VIEIRA, 2005).
Elementos Básicos
Os elementos básicos da Gestão Democrática podem se apresentar de várias maneiras, na esfera escolar, as prin-
cipais são: na constituição e atuação do Conselho escolar; na elaboração do Projeto Político Pedagógico, de modo
coletivo e participativo; na definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar; na divulgação e transpa-
rência na prestação de contas; na avaliação institucional da escola, professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica;
na eleição direta para diretor(a);
GESTÃO DEMOCRATICA
Os artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e 22 do Plano Nacional de Educação (PNE)
indicam que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica
obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola e a participação das comunidades escolares e locais em conselhos escolares. Devemos enfatizar então que a
democracia na escola por si só não tem significado. Ela só faz sentido se estiver vinculada a uma percepção de
democratização da sociedade.
A gestão democrática da educação está vinculada aos mecanismos legais e institucionais e à coordenação de
atitudes que propõem a participação social: no planejamento e elaboração de políticas educacionais; na tomada de
decisões; na escolha do uso de recursos e prioridades de aquisição; na execução das resoluções colegiadas; nos
períodos de avaliação da escola e da política educacional. Com a aplicação da política da universalização do ensino
deve-se estabelecer como prioridade educacional a democratização do ingresso e a permanência do aluno na escola,
assim como a garantia da qualidade social da educação.
O Gestor deve estar ciente que a qualidade da escola é global, devido à interação dos indivíduos e grupos que
influenciam o seu funcionamento. O gestor deve saber integrar objetivo, ação e resultado, assim agrega à sua gestão
colaboradores empreendedores, que procuram o bem comum de uma coletividade.
Em síntese, o bom gestor deve ser um administrador, isto é, manter a escola dentro das normas do sistema
educacional, seguir portarias e instruções e ser exigente no cumprimento de prazos. Também deve valorizar a qualidade
do ensino, o projeto pedagógico, a supervisão e a orientação pedagógica e criar oportunidades de capacitação docente.
Deve, contudo, preocupar-se com a gestão democrática e com a participação da comunidade, estar sempre rodeado
de pais, alunos e lideranças do bairro, abrir a escola nos finais de semana e permitir trânsito livre em sua sala.
Para isso é importante ter uma equipe de direção que tenha talentos complementares. Delegar e liderar devem ser
as palavras de ordem. E mais: o bom diretor indica caminhos, é sensível às necessidades da comunidade, desenvolve
talentos, facilita o trabalho da equipe e, é claro, resolve problemas.
REFERÊNCIA
LIBÂNEO, J.C. Organização e Gestão da Escola – teoria e prática. Editora do Autor, Goiânia, 2000.
PARO, Vítor Henrique. Administração Escolar., Ed. Cortez.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Conselho de Classe. Apostila da disciplina Fundamentos Teóricos da Educação do curso de pós-graduação
a distância Metodologia do Ensino Fundamental da UFG. Acesso: junho de 2008.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Conselho Escolar e participação: um caminho a ser construído. Apostila da disciplina Fundamentos Teóricos
da Educação do curso de pós-graduação a distância Metodologia do Ensino Fundamental da UFG. Acesso: junho de 2008.
UNESCO/MEC. Gestão da Escola Fundamental. Ed. Cortez.
http://portal.mec.gov.br/index.php.LDB. (Acesso em junho de 2008)
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada
em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discrimina-
ção. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que
conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à idéia de equidade formal ao con-
textualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola.
O adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para todas as pessoas com ou sem deficiência. O termo in-
clusão já traz implícito a ideia de exclusão, pois só é possível incluir alguém que já foi excluído. A inclusão está respalda-
da na dialética inclusão/exclusão, com a luta das minorias na defesa dos seus direitos.
Para falar sobre inclusão escolar, é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar
nossas concepções e ressignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e am-
plitude que envolve essa temática.
O objetivo da pesquisa é demonstrar algumas das dificuldades que a escola encontra diante da inclusão escolar.
A ideia de uma sociedade inclusiva fundamenta-se numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade como ca-
racterística inerente à constituição de qualquer sociedade.
Partindo desse princípio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza-se a necessidade
de garantir o acesso e a participação de todos a todas oportunidades, independentes das peculiaridades de cada indiví-
duo.
Sabendo que em todas as instituições de ensino existe diversidade e cientes de que a inclusão cresce a cada ano,
mesmo as escolas não estando preparadas para acolher e lidar com o diferente, buscamos nos princípios filosóficos,
sociológicos e antropológicos a contribuição para a concepção de uma escola que atenda a diversidade.
Mas o que é de fato a inclusão? O que leva as pessoas a terem entendimentos e significados tão diferentes? Cabe
aqui tecer algumas reflexões, pois dessa forma estaremos contribuindo para uma prática menos segregacionista e menos
preconceituosa.
O adjetivo ”inclusivo" é usado quando se busca qualidade para todas as pessoas com ou sem deficiência.
Na primeira Conferência da Rede Ibero-Americana de Organizações Não Governamentais de Pessoas com Deficiên-
cia e suas Famílias, reunida em Caracas, entre os dias 14 e 18 de outubro de 2002, considerando que é compromisso de
todos elevar a qualidade de vida de pessoas com deficiência e suas famílias por meio de serviços de qualidade em saú-
de, educação, moradia e trabalho, declararam, 2004 como o ANO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E SUAS FAMÍL-
lAS, almejando a vigência efetiva das Normas sobre a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiências e o
cumprimento dos acordos estabelecidos na Convenção Interamericana para Eliminação de todas as Formas de Discrimi-
nação Contra as Pessoas com Deficiência (Convenção da Guatemala 2001).
O termo inclusão já trás implícito a idéia de exclusão, pois só é possível incluir alguém que já foi excluído. A inclusão
está respaldada na dialética inclusão/ exclusão, com a luta das minorias na defesa dos seus direitos.
Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar
nossas concepções e resignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e ampli-
tude que envolve essa temática.
Também se faz necessário, uma mudança de paradigma dos sistemas educacionais onde se centra mais no apren-
diz, levando em conta suas potencialidades e não apenas as disciplinas e resultados quantitativos, favorecendo uma pe-
quena parcela dos alunos.
A idéia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como ca-
racterística inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse principio e tendo como horizonte o cenário
ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportu-
nidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo.
O paradigma da inclusão vem ao longo dos anos, buscando a não exclusão escolar e propondo ações que garantam
o acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. No entanto, o paradigma da segregação é forte e
enraizado nas escolas e com todas as dificuldades e desafios a enfrentar, acabam por reforçar o desejo de mantê-los em
espaços especializados.
Contudo a inclusão coloca inúmeros questionamentos aos professores e técnicos que atuam nessa área. Por isso é
necessário avaliar a realidade e as controvertidas posições e opiniões sobre o termo.
Outro aspecto a ser considerado é o papel do professor, pois é difícil repensar sobre o que estamos habituados a fa-
zer, além do mais a escola está estruturada para trabalhar com a homogeneidade e nunca com a diversidade.
A tendência é focar as deficiências dos nossos sistemas educacionais no desenvolvimento pleno da pessoa, onde se
fala em fracasso escolar, no déficit de atenção na hiperatividade e nas deficiências onde o problema fica centrado na
incompetência do aluno. Isso é cultura na escola, onde não se pensa como está se dando esse processo ensino-
aprendizagem e qual o papel do professor no referido processo. Temos que refletir sobre a educação em geral para pen-
sarmos em inclusão da pessoa com deficiência.
Há também que se lembrar que todos os alunos vêm com conhecimentos de realidade que não pode ser desconside-
rado, pois faz parte de sua história de vida, exigindo uma forma diferenciada no sistema de aprendizagem.
Mas temos que pensar que para que a inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda
Os objetivos visados foram os de conhecer como e por que essa prática veio a se constituir uma estratégia estatal de
governo da educação básica no Brasil, compreender a dimensão normativa dessa prática no contexto federativo, explici-
tar as Dimensões Pedagógica e educativa da Regulação avaliativa (pelo Estado central) no âmbito da educação
básica.
Os motivos (declarados) para que o Estado buscasse ―medir, avaliar e informar‖ foram diversos no percurso 1930-
1988. Primeiro, essas práticas foram tidas como necessárias porque se prestariam a conferir e verificar resultados
frente a objetivos da educação nacional, proporcionando a aplicação da ciência para ―formar a consciência técnica‖
no âmbito escolar, posto que condição necessária à expansão e à melhoria da educação. A seguir, tais práticas pro-
piciariam ao Estado central ―conhecer a realidade‖ e fazer “diagnósticos” com o que, em lugar de acentuar-se a re-
gulação pela via legal, seriam fornecidas ―indicações e sugestões‖ para a qualificação da expansão do atendimen-
to, da administração escolar e do ensino. No momento seguinte, ―medir, avaliar e informar‖ foram práticas conside-
radas importantes para a instrumentação da racionalização, da modernização e da tutela da ação educacional. Logo
a seguir, os motivos para recorrer a essas práticas se reportaram às tarefas de reajustar a regulação estatal e de cri-
ar uma cultura de avaliação no País.
Os fatores que estimularam o interesse estatal pelas atividades de ―medir, avaliar e informar‖ foram diversos, des-
tacando-se: (a) a natureza e características da expansão da escolarização e da demanda educacional; (b) as opções
político-ideológicas do Estado em distintos momentos; (c) o empenho de agentes estatais (dirigentes, burocratas e
tecnocratas) articulados com ―especialistas‖ brasileiros e pesquisadores estrangeiros; (d) a difusão de teorias, de
conhecimentos técnicos e de referências político-ideológicas mediadas por organizações internacionais e seus
―especialistas‖; (e) as estratégias adotadas no enfrentamento da crise econômica e do Estado.
*Embora o interesse estatal pela medida-avaliação e pela informação estatística estivesse presente desde o momen-
to em que se organizou o setor educação no Estado e desde os primórdios da pesquisa institucionalizada e do planeja-
mento educacional no Brasil, foram necessárias mais ou menos cinco décadas para que a avaliação (externa, em larga
escala, centralizada e com foco no rendimento do aluno e no desempenho dos sistemas de ensino) viesse a ser introdu-
zida como prática sistemática no governo da educação básica brasileira
Os vieses economicista e tecnicista no tratamento da questão da avaliação educacional no período do regime militar
(1964-1984), ao lado do questionamento acadêmico e social da qualidade do ensino e da reivindicação de descentra-
lização, concorreram para que, no ingresso dos anos 1980, o Estado central estivesse empenhado em experiências
de avaliação em larga escala e, nos últimos anos dessa década, decidisse implantar um sistema nacional de avalia-
ção, com vistas à modernização do setor educacional.
A avaliação em larga escala se prefigurou como dispositivo útil para instrumentar mediações entre o local e o global,
num contexto de crescente internacionalização de questões educacionais. Questão essa que ficou como indicação
para estudos posteriores.
O tema da avaliação da educação básica, pelo Estado, esteve ausente do debate educacional e das propostas for-
muladas pelos educadores nos anos 1980, quando se enfatizou a descentralização, a democratização e a qualidade
do ensino e da escola pública.
Quanto à emergência da avaliação em larga escala na regulação da educação básica, pode-se concluir que ela se
explica, em parte, pelas peculiaridades da constituição, desenvolvimento e crise do Estado e do projeto de modernização
do País, de natureza nacional-desenvolvimentista.
Uma das peculiaridades desse Estado consistiu em sujeitar as políticas sociais às políticas econômicas o que, no se-
tor educação, resultou na expansão da escolarização de natureza excludente. A avaliação emergiu frente a essa proble-
mática
Outra peculiaridade desse Estado constituiu na importância e poder de sua burocracia e da tecnocracia. Especial-
mente a tecnocracia se constituiu um canal que possibilitou a determinadas forças sociais a afirmação de seus projetos
estratégicos econômicos e não-econômicos, contando com o poder estatal. Seus traços mais característicos consistem
na outorga da primazia ao desenvolvimento econômico, ao incremento da produtividade, ao emprego de métodos das
ciências físicas na compreensão e administração da sociedade, à técnica da planificação e à busca da homogeneização.
Seu poder foi aumentado com um Executivo forte, com uma organização burocrática que se apropriou da planificação e
direcionou a legislação, com o domínio das técnicas e meios de propaganda na condução da sociedade, com a vincula-
ção da idéia de ―mudança‖ à de ―progresso‖ (visto como evolução inexorável).
A introdução da avaliação em larga escala na regulação da educação básica se deu no contexto de crise do Estado
desenvolvimentista, num quadro de busca de recomposição do poder político, simbólico e operacional de regulação pelo
Estado central e de restrições à sua atuação na área social, ligando-se ao movimento reformista que, no ingresso dos
anos 1990, impôs uma nova agenda para a área social. Essa agenda apontou para uma reorganização profunda dos
princípios e parâmetros de estruturação das políticas sociais, remetendo à questão da reforma do Estado e dos caminhos
da modernização do País (NEPP, 1991). A avaliação foi, então, vista como uma estratégia útil para a gestão que se im-
punha com o rumo que vinha sendo dado à área social.
A pesquisa possibilitou constatações que explicitaram como a avaliação se firmou no País e como foi gerada a sua
força normativa, destacando-se as que seguem.
A força normativa da avaliação foi gerada desde antes de 1994, mediante a propagação de ―discursos‖ que afirma-
ram a necessidade e os benefícios dessa via de regulação, sendo uma das suas evidências o surgimento de siste-
mas próprios de avaliação em unidades da federação, como ocorreu em Minas Gerais e São Paulo.
Ainda que tenha se dado num processo irregular e truncado, a produção de normas jurídico-legais e político-
administrativas concorreu para gerar e potencializar a força normativa da avaliação em larga escala no País. Somen-
te a partir de 1996 se tornaram nítidos o lugar e os nexos das normas atinentes à ―medida-avaliação-informação‖
no aparato normativo estatal.
Mais do que as próprias normas, foram as práticas avaliativas8 estatais efetivas na instauração de uma nova regula-
ção da educação básica. A avaliação em larga escala se firmou pela força normativa que emanou da ação executora
do Estado central. A força normativa das próprias normas foi assim amplificada. Essa constatação exigiu a revisão da
hipótese formulada.
Na produção das normas, foi particularmente intensa a atuação do Executivo central no período 1994-2002, tendo o
mesmo operado sinalizando alterações constitucionais e induzindo o processo legislativo. Ampliou também a sua
própria ação normativa: (a) intensificando a regulamentação da educação básica; (b) acentuando a subordinação do
Conselho Nacional de Educação ao MEC, com o que a ação desse órgão reforçou a regulação central, em que pe-
sem resistências havidas;9 (c) tornou o INEP o órgão ―mensurador-avaliador‖ da educação no País. Esses cami-
nhos ensejaram uma ampliação extraordinária do aparato de regulação do Estado central.
As constatações acima levaram a concluir que, a avaliação se firmou como estratégia de regulação educacional com
o processo que gerou a sua força normativa. Neste se deram a reorganização institucional, a reordenação normativa e as
intervenções avaliativas do Estado central.
Pode-se concluir que a avaliação se firmou como elemento da regulação estatal emergente. Esta, conformada por um
federalismo pragmático, enfatizou o imperativo de reformar a gestão dos sistemas de ensino, segundo os marcos da re-
definição do papel do Estado na área social, ensejando a ascensão do ―Estado-avaliador‖ no País.
A investigação acerca de como a avaliação em larga escala operou enquanto ação educativa estatal ensejou consta-
tações entre as quais estão as que se seguem.
O ―Estado-avaliador‖, no Brasil, se empenhou em educar gestores, professores, alunos, pais e o cidadão em geral
— uns de forma direta e incisiva e outros de forma indireta e induzida.
O princípio educativo que o orientou foi principalmente o de formar gestores, técnicos e professores para serem ca-
pazes de agir em conformidade com a ―cultura e as técnicas gerenciais modernas‖, bem como fomentar, direcionar
e catalisar demandas públicas como estratégia privilegiada de educação de demandantes e de responsáveis opera-
cionais e gerenciais pelo atendimento das mesmas.
Para viabilizar sua ação educativa, o Estado-avaliador se valeu de mediações pedagógicas que ensejaram o exercí-
cio teórico-prático regulado do medir, avaliar e informar e, também, de uma ambiência de difusão ideológica.
O propósito de educar por meio da regulação avaliativa mobilizou, de forma crescente, administrações de unidades
da federação, ensejando iniciativas próprias subnacionais, cuja proliferação foi maior nos anos 2000-2002.
Diversas aprendizagens foram exigidas e também estimuladas pelas iniciativas práticas de produção e reprodução
subnacional de medidas de regulação avaliativa, as quais, em alguns casos, alcançaram suas escolas de forma dire-
ta e inescapável.
A dimensão educativa da ação estatal se fez notar em diversas esferas: na difusão de crenças e idéias relativas à
avaliação em larga escala; na estimulação de sentimentos, atitudes e comportamentos favoráveis à prática dessa
avaliação; na promoção de aprendizagens concernentes à gestão educacional e à disciplina das relações federativas
no setor educação; e na disseminação de determinados valores12.
A atuação pedagógica e a ação educativa do Estado central concorreram para o surgimento de um movimento sub-
nacional no sentido de uma auto-regulação. Mesmo assim, o movimento de centralização continuou a ocorrer no
exercício da colaboração, do apoio técnico e de regulação das transferências de recursos por meio de convênios
que têm como objeto a avaliação. Sendo assim, a mudança do local das funções de controle do ―Estado-avaliador‖
configura-se, na atualidade, como um ponto de tensão nas relações federativas.
Ao operar na esfera da regulação, o ―Estado-avaliador‖ acabou por fazê-lo também na esfera da emancipação, na
medida em que criou algumas condições para a constituição de práticas distintas daquelas nas quais ele se empe-
nhou, ou seja, o Estado central não só promoveu a reprodução subnacional da regulação avaliativa, como ensejou,
também, a criação de condições importantes para que se desse nesse âmbito a produção de iniciativas distintas.
Esse estudo que Ilma nos apresenta busca repensar a construção do p.p.p, e evidentemente que quem precisa fazer
isso é a própria escola, levando sempre em conta os seus alunos. Se formos fazer uma retrospecção do nosso passado,
poderemos perfeitamente nos dar por conta que os Gregos foram os que primeiro trataram e refletiram acerca do meca-
nismo educacional, e há evidências de que eles tenham sido os primeiros a relacionarem o político com o pedagógico. A
política para eles é possuidora de uma conotação distinta da política atual, pois ela visa a boa formação e a felicidade de
todo e qualquer cidadão.
Será que o P.P.P. apresenta alguma função favorável às instituições? Quanta a isso não há dúvida, pois, o mesmo
busca dar a ela uma direção e uma melhor organização interior Em razão disso, todo o projeto pedagógico da escola de
certa forma é também um projeto político por estar inteiramente ligado ao compromisso sócio-político.
No dizer de Nogaro, a ausência de um P.P.P. impossibilita o desenvolvimento educacional de toda e qualquer escola.
É claro que a escola sem ele caminha, mas para aonde?
Na verdade, o político juntamente com o pedagógico é visto como um processo contínuo de reflexão e discussão dos
problemas da escola, tentando assim encontrar meios favoráveis á efetivação de sua intencionalidade constitutiva, levan-
do assim, todos os membros da comunidade escolar o exercício da cidadania. Ora, uma das coisas que precisamos sa-
ber, é que não se pode entender a questão política-pedagógica como mecanismos dissociados e/ou avulsos, quando
ambos andam juntos.
O P.P.P. preocupa-se em propor uma forma de organizar o trabalho pedagógico visando uma superação dos confli-
tos, buscando rechaçar as relações competitivas, corporativas e autoritárias. Na tentativa, de acabar com a rotina do
mundo interno da instituição.
A maior obrigação da escola é educar e, por falar em educação, sabemos que ela é um dos fatores responsáveis pela
transformação e evolução da sociedade. Portanto, precisa dar a sua contribuição. Ela ajuda os educandos à “abrir os
olhos” no sentido de perceberem e defenderem seus direitos perante a sociedade, proporcionando-lhes uma maior visão
acerca do que compete a eles desenvolver na sociedade em que estão inseridos. Mais ou menos nessa linha Gadotti
enfatiza o seguinte: “Todos não terão acesso à educação enquanto todos – trabalhadores e não trabalhadores em educa-
ção, estado e sociedade civil – não se interessarem por ela. A educação para todos supõe todos pela educação” (2001,
p.40).
É sabido que o P.P.P. está relacionado com a organização do trabalho pedagógico em pelo menos dois momentos
decisivos, os quais, com base em Ilma citaremos a seguir: “como organização da escola como um todo e como organiza-
ção da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imitado, procurando observar a visão da totalidade”
(1995, p.14).
Entretanto, é necessário entender que o P.P.P. da escola, oferecerá caminhos indispensáveis à montagem do traba-
lho pedagógico, que engloba o trabalho do docente na ação interna da sala de aula já ressaltado acima. Para a organiza-
ção desse projeto é de suma importância a ação de todos os que fazem parte do funcionamento da escola, inclusive os
pais dos alunos que freqüentam a mesma. Com isso, fica claro que é preciso agir em conjunto, só assim, é possível haver
um bom funcionamento no dia-a-dia da vida escolar.
Segundo Ilma, para que a construção do P.P.P. seja efetivada não necessariamente se deve induzir os professores, a
equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, mas oferecer oportunidades que lhes possibilitem aprender a pensar e
a moldar o projeto pedagógico da melhor maneira possível (1995, p.15). Isso nos possibilita entender que a escola não
deve seguir normas impostas pelo poder centralizador, mas sim “caminhar com suas próprias pernas”. Pois a escola des-
sa forma, ou seja, seguindo as ordens da elite, passa a ser vista como inserida na sociedade capitalista, a qual, reflete no
seu bojo as determinações e contradições da sociedade menos favorecida.
De acordo com a autora deve haver uma digna igualdade entre as classes sociais no âmbito de acesso e permanên-
cia na escola. Isso significa que não se podem favorecer alguns como normalmente acontece e desmerecer os demais.
No olhar de Saviani só será possível considerar o processo educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a
democracia como possibilidade no ponto de partida e democracia no ponto de chegada.
Caso contrário caísse sempre no mesmo abismo. Nessa perspectiva, a construção do P.P.P torna-se um verdadeiro
instrumento de peleja, ou melhor, é um meio de se opor à fragmentação do trabalho pedagógico e sua constante rotina, à
dependência e aos efeitos negativos do poder autoritário e centralizador dos órgãos da administração central.
Não é difícil entender que a gestação democrática, no interior da escola, é um princípio nada fácil de ser consolidado,
devido tratar de uma participação relativamente crítica na elaboração do P.P.P. e na sua gestão.
É plausível termos bem claro que um dos pontos centrais do P.P.P. é sem dúvida a preocupado com a forma que se
processa o ensino na sala de aula, na intenção de formar cidadãos capacitados e que possam sem maiores problemas
interagir na vida socioeconômica, política e cultural do país. Para que isso de fato ocorra, é necessário que os profissio-
nais ligados à educação estejam continuamente inovando seu modo de ensinar e continuem sempre aprimorando seus
conhecimentos.
Esperamos que os princípios analisados juntamente com a reflexão da organização acerca do trabalho pedagógico,
tragam algumas contribuições voltadas principalmente às classes consideradas mais baixas de nossa sociedade.
Na concepção de Ilma, a escola de forma global, dispõe de pelo menos dois tipos básicos de estruturas: administrati-
vas e pedagógicas. Sendo que, as primeiras garantem praticamente, a locação e a gestão de recursos físicos e financei-
ros. Além disso, é preciso levar-se em conta todos os elementos materiais como, a arquitetura do edifício escolar e a
maneira como ele se apresenta no ponto de vista de sua imagem, incluindo também equipamentos e materiais didáticos,
mobiliário, distribuição das dependências escolares e espaços livres, levando-se em conta, limpeza, saneamento básico...
Ao passo que, as pedagógicas têm além de outras a funções a de teoricamente, organizar as funções educativas para
que a escola atinja de forma eficiente e eficaz as suas finalidades.
Após estas considerações, passaremos a uma breve análise curricular. E a esse respeito, veremos que na organiza-
ção curricular se fazem indispensáveis alguns pontos básicos. “O primeiro é de que o currículo não é um instrumento
neutro” (Passos, 1995, p.27). mas um mecanismo que implica uma análise e interpretação crítica, voltada tanto à cultura
dominante, quanto à cultura popular. Portanto, em última instância o currículo reflete uma cultura.
No segundo ponto vamos ver que o currículo jamais poderá deixar de lado o contexto social, já que ele é historica-
mente situado e culturalmente determinado. O terceiro ponto, tem por objetivo um tipo de organização curricular que a
escola deveria adotar, e sobre isso Ilma diz: “a escola deve buscar novas formas de organização curricular, em que o
conhecimento escolar estabeleça uma relação aberta e inter-relacione-se em torno de uma idéia integradora” (Bernstain
apud Passos Veiga, 1995, p.27). Nomeado de de currículo integração, o qual, procura minimizar o isolamento entre as
distintas disciplinas curriculares, buscando uni-las num todo mais amplo.
Já, o quarto e último ponto está voltado à questão do controle social, onde o currículo é tido como formal implicando
assim, um certo controle, no sentido de, na medida do possível, mantê-lo atualizado, buscando atender as exigências
globais do que diz respeito aos alunos oriundos das distintas classes sociais. É importante notar que o controle social,
objetiva indicar o chamado currículo oculto, entendido este como as “mensagens transmitidas pela sala de aula e também
pelo ambiente escolar” (Corbleth apud Passos Veiga, 1995, p.28) e segue o mesmo conclamando que o resultado do
currículo oculto “estimula a conformidade a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo tempo em que mantêm de-
sigualdades socioeconômicas e culturais” (Veiga, 1995, p. 28).
Necessitamos estar cientes de que a orientação e organização curricular voltada a fins emancipatórios implicam, ini-
cialmente desvelar as visões sucintas de sociedade, entendida como um todo homogêneo, e de ser humano como, al-
guém que está sempre apto a aceitar papéis voltados a sua adaptação ao contexto em que está inserido. No entanto, o
controle social numa visão crítica, é um apoio direcionado para a contestação e a resistência ideológica incluída nos cur-
rículos escolares.
No entanto, se faz necessário que os professores mergulharem com mais profundidade no conhecimento a respeito
dos alunos e do que eles estão estudando. Além do mais, é preciso tempo para que os estudantes se programem e esta-
beleçam momentos de estudo que vão além da sala de aula.
Considerações finais
Se fizermos uma vistoria relacionada ao que dissemos no linear do trabalho, poderemos perceber que uma escola
sem P.P.P. fica perdida, vai para todo lado, mas nem um serve.
E aí poderíamos nos perguntar; como fica a questão educacional? Eis aí a fundamental importância da função de-
sencadeada pelo P.P.P. Vimos que ele é tido como um guia e ou indicador que dá firmeza e segurança a escola e ao
mesmo tempo exerce o papel de canalizá-la rumo a um verdadeiro e significativo progresso.
A saber, uma escola que não dá importância ao P.P.P., indiretamente também não valoriza o processo educativo.
No entanto, se assim for, jamais poderá pensar numa evolução, mas num destino cada vez mais regressivo, descam-
bando a cada dia num fracasso continuado pelo insucesso.
Para finalizar o nosso trabalho, nos resta dizer que a organização escolar terá que acontecer do interior para o exteri-
or e não de outra forma.
E para a realização de tal tarefa é preciso haver de modo geral, muito empenho coletivo no sentido de efetuar uma
construção centralizada do P.P.P. e isso implica estabelecer rupturas com o que já se tem e partir para uma reconstrução
do mesmo, só assim é possível haver um significativo avanço referente ao processo educativo do contexto em que vive-
mos.
Referências bibliográficas
O Projeto Político Pedagógico nasceu após a Constituição de 88, para dar autonomia às escolas na elaboração da
própria identidade. Esse projeto é o referencial de quaisquer instituições de ensino. Regido pela LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação) 9394-96, sancionada em dezembro do mesmo ano possui 92 artigos voltados para a educação. Ou
seja, o marco do Projeto Político Pedagógico é a LDB, que intensifica a elaboração e autonomia da construção de
projetos diferenciados de acordo com as necessidades de cada instituição.
O artigo 12 da LDB diz: "Os estabelecimentos de ensino respeitando as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica".
Está é realmente a afirmação de liberdade, podendo-se constatar que a escola é "livre" para essa elaboração,
principalmente no que diz respeito à gestão, já que com ampla autonomia o diretor tornou-se gestor executando variadas
funções tais como: escolha do quadro docente (instituições privadas) equipe de colaboração e demais funcionários que
contribuem para o funcionamento da escola.
O gestor deve agir de maneira democrática na elaboração desse projeto, integrar a sociedade no ambiente escolar
respeitando sempre seu marco referencial, aceitando opiniões do corpo docente e funcionários, com isso pode-se
restaurar o senso crítico e participativo de todos. O gestor não é único nessa elaboração, talvez essa seja uma das
grandes falhas existentes nos dias atuais.
REFERÊNCIAS:
BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Nº 9394/96.
DEMO, Pedro. A Nova LDB – Ranços e Avanços. 14ª Ed. Campinas, SP: Papirus, 1997. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagógico).
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J.F de; TOSCHI. Educação escolar: política, estrutura e organização. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
O termo currículo é encontrado em registros do século XVII, sempre relacionado a um projeto de controle do ensino
e da aprendizagem, ou seja, da atividade prática da escola. Desde os seus primórdios, currículo envolvia uma associa-
ção entre o conceito de ordem e método, caracterizando-se como um instrumento facilitador da administração escolar.
No presente texto, serão apresentadas as duas grandes vertentes do campo do currículo neste século: a primeira, cuja
preocupação central é a construção de modelos de desenvolvimento curricular; e a segunda, na qual a ênfase recai na
compreensão do currículo escolar como espaço conflitivo de interesses e culturas diversos.
Um dos textos mais conhecidos e utilizados no Brasil para a organização curricular é o clássico "Princípios Básicos
de Currículo e Ensino", que, embora datado do final da década de 40, fundamentou a construção de propostas curricula-
res por várias décadas. Nesse texto, Ralph Tyler se propõe a "desenvolver uma base racional para considerar, analisar e
interpretar o currículo e o programa de ensino de uma instituição educacional" . A base racional proposta pelo autor cen-
tra-se em quatro questões fundamentais que, uma vez respondidas, permitem a elaboração de qualquer currículo ou
plano de ensino:
Essa base racional para a elaboração de programas de ensino não se preocupava com a organização do sistema,
pressupondo-a como dada. Por exemplo, se utilizamos o modelo de Tyler para organizar o currículo de uma escola de
ensino fundamental, não temos informações sobre como dividimos os anos ou os ciclos escolares, sobre se organizamos
a escolarização por disciplinas ou por núcleos temáticos, sobre como selecionar as disciplinas que deveriam constar do
currículo. Essas decisões precedem, para Tyler, o processo de elaboração curricular.
Ainda hoje, as questões formuladas por Tyler tendem a servir de guias para a maioria dos projetos curriculares ela-
borados por administradores ou supervisores dos sistemas educacionais. É verdade, também, que nem sempre as res-
postas apontam os mesmos caminhos trilhados por Tyler, cuja matriz básica era o comportamentalismo. Se observarmos
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), propostos pelo MEC, verificamos que, a despeito da matriz construtivista, a
organização do material segue uma racionalidade que em muito pouco difere daquela enunciada por Tyler. Todos os
documentos apresentam a mesma estrutura básica com objetivos, conteúdo, critérios de avaliação e orientações didáti-
cas. A primeira pergunta de Tyler encaminha a resposta aos dois primeiros elementos dessa estrutura: objetivos e con-
teúdos; a segunda e a terceira nos permitem definir orientações didáticas e ordená-las seguindo os princípios de coerên-
cia horizontal e vertical; e a quarta, aponta para os procedimentos de avaliação dos programas implementados. O mode-
lo curricular sobre o qual se assentam os PCN foi elaborado pelo psicólogo espanhol Cesar Coll e tem uma lógica muito
próxima das preocupações de Tyler.
O modelo de Coll parte de uma estrutura básica, que se torna diferenciada nos estágios subsequentes. O quadro I,
retirado do livro "Psicologia e Currículo", apresenta os passos iniciais da elaboração de um currículo seguindo a lógica
de Coll.
A visão de conjunto dos componentes curriculares do ensino obrigatório parte do âmbito legal, passando pelas finali-
dades do sistema educacional, definidas na LDB 9394/96, com o objetivo de definir as unidades de tempo do currículo
(ciclos) e as áreas nas quais esse currículo está organizado. No desdobramento do modelo, no entanto, o autor não
define os critérios que seriam utilizados para a determinação dos ciclos ou das áreas.
Um segundo aspecto que sobressai no modelo apresentado no Quadro I diz respeito às fontes do currículo. Para
Coll, a elaboração curricular deve ter em conta a análise da realidade, operada com referenciais específicos:
sócio-antropológico, que considera os diferentes aspectos da realidade social em que o currículo será aplicado;
psicológica, que se volta para o desenvolvimento cognitivo do aluno;
epistemológica, que se fixa nas características próprias das diversas áreas do saber tratadas pelo currículo;
pedagógica, que se apropria do conhecimento gerado na sala de aula em experiências prévias.
O esquema básico apresentado no Quadro I é explicitado na estrutura do Quadro II, na página seguinte, que apre-
senta uma visão de conjunto da estrutura do projeto curricular. Observa-se que, para cada área curricular, Coll propõe
que sejam definidos objetivos finais, blocos de conteúdo e orientações didáticas para as atividades de ensino e
Antes de analisar cada um dos componentes curriculares apresentados por Coll, cumpre salientar que o esquema
apresentado no Quadro II introduz a idéia de níveis de concretização. Os níveis de concretização são níveis decisórios
acerca das questões curriculares. Assim:
O 1º nível de concretização é aquele em que são definidos desde os objetivos gerais do ciclo até as orientações
didáticas para os professores, passando pela definição de áreas, pela formulação de objetivos para essas áreas e pela
seleção dos conteúdos de cada área por ciclo. Na concepção de Coll, esse nível de concretização deve estar a cargo de
uma autoridade central, aquela responsável pelo desenho da escolarização obrigatória.
O 2º nível de concretização diz respeito à temporalização e seqüenciação dos aprendizados ao longo do ciclo.
Coll define temporalização como "a distribuição temporal do conjunto de aprendizagens específicas que os alunos de-
vem realizar para adquirir as capacidades estipuladas pelos objetivos gerais do ciclo" (p.170). Uma vez que os objetivos
tenham sido distribuídos no tempo, os conteúdos selecionados devem ser analisados e seqüenciados, de acordo com
os seguintes passos estabelecidos por Coll:
Esse nível de concretização ainda é pensado como um nível central a cargo de grupos responsáveis pela adminis-
tração da educação.
O 3º nível de concretização diz respeito aos "diferentes programas de ação didática em função das características
concretas das diversas situações educativas" (p. 177). Segundo Coll, esse nível de concretização é de responsabilidade
dos Centros Escolares (na nossa realidade, das escolas ou grupo de escolas) e permite a adaptação do modelo curricu-
lar às peculiaridades de cada caso. O autor ressalta que esse nível já não pode ser entendido como integrante do projeto
curricular, sendo uma ilustração acerca da maneira como o referido projeto pode ser utilizado.
A partir das competências estabelecidas por Coll para cada nível de concretização curricular pode-se observar que,
a despeito de o autor caracterizar seu modelo curricular como aberto, a centralização da proposta é bastante visível.
Caberia às escolas, no modelo proposto, apenas a adaptação de um conjunto de objetivos, conteúdos e procedimentos
didáticos já seqüenciados à realidade de cada escola.
Retomando o Quadro II, o Projeto Curricular Básico apresenta como componentes curriculares: objetivos finais
da área, blocos de conteúdos da área e orientações didáticas, todos definidos para um determinado tempo - os ci-
clos previamente estabelecidos. A concretização dos objetivos gerais da área por ciclo se estabelece a partir de apren-
dizagens específicas, sendo fundamental a determinação simultânea dos blocos de conteúdos e dos objetivos finais de
cada área.
Para Coll, conteúdos são "o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes
áreas curriculares em função dos objetivos gerais da área" (p.161 e 162). Para selecionar os conteúdos, deve-se buscar
responder à seguinte questão: que conteúdos devem ser levados em conta na área curricular determinada para
que o aluno adquira, no final do ciclo, as capacidades estipuladas pelos objetivos gerais da área?
Fatos, conceitos e princípios: identificar, reconhecer, classificar, descrever, comparar, conhecer, explicar relacio-
nar, situar, lembrar, analisar, inferir, generalizar, comentar, interpretar, tirar conclusões, esboçar, indicar, enume-
rar, assinalar, resumir, distinguir, aplicar.
Procedimentos: manejar, confeccionar, utilizar, construir, aplicar, coletar, representar, observar, experimentar,
testar, elaborar, simular, demonstrar, reconstruir, planejar, executar, compor.
Valores, normas e atitudes: comportar-se (de acordo com), respeitar, tolerar, apreciar, ponderar (positiva ou ne-
gativamente), aceitar, praticar, ser consciente de, reagir a, conformar-se com, agir, conhecer, perceber, estar
sensibilizado, sentir, prestar atenção a, interessar-se por, obedecer, permitir.
Acompanhando a listagem de conteúdos e os objetivos de cada área, o projeto curricular deve apresentar um resu-
mo das opções didáticas e metodológicas, assim como os procedimentos para a avaliação da consecução dos objetivos
gerais das áreas por ciclo. No caso do modelo proposto pelo autor, esses procedimentos de avaliação devem seguir os
princípios do construtivismo, opção pedagógica assumida por Coll.
Nos modelos curriculares acima apresentados, currículo pode ser interpretado como um produto elaborado por es-
pecialistas, a partir de diretrizes, visando a uma programação das atividades de ensino que direcionam os alunos para
atingir comportamentos desejados e pré-determinados.
O currículo tem que ser entendido como a cultura real que surge de uma série de processos, mais que como
um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar; aquilo que é, na realidade, a cultura nas
salas de aula, fica configurado em uma série de processos: as decisões prévias acerca do que se vai fazer no
ensino, as tarefas acadêmicas reais que são desenvolvidas, a forma como a vida interna das salas de aula e os
conteúdos de ensino se vinculam com o mundo exterior, as relações grupais, o uso e o aproveitamento de mate-
riais, as práticas de avaliação etc. (Sacristán, J.G., 1995, p.86-87).
Currículo é o conjunto daquilo que se ensina e daquilo que se aprende, de acordo com uma ordem de progres-
são determinada, no quadro de um dado ciclo de estudos. Um currículo é um programa de estudos ou um pro-
grama de formação, mas considerado em sua globalidade, em sua coerência didática e em sua continuidade
temporal, isto é, de acordo com a organização seqüencial das situações e das atividades de aprendizagem às
quais dá lugar. (Forquin, 1996, p.188).
O currículo representa muito mais do que um programa de estudos, um texto em sala de aula ou o vocabulário
de um curso. Mais do que isso, ele representa a introdução de uma forma particular de vida; ele serve, em parte,
para preparar os estudantes para posições dominantes ou subordinadas na sociedade existente. O currículo fa-
vorece certas formas de conhecimento sobre outras e afirma os sonhos, desejos e valores de grupos seletos de
estudantes sobre outros grupos, com freqüência discriminando certos grupos raciais, de classe ou gênero.
(McLaren, 1977, p. 216)
O material escrito representa apenas uma das dimensões do currículo: o currículo formal ou escrito. Nele encon-
tram-se cristalizados os acordos estabelecidos entre os participantes do processo de elaboração curricular. Embora o
cotidiano da sala de aula sofra uma grande influência do currículo formal, ele não é totalmente determinado por esse
documento. No dia-a-dia curricular acontecem muitas manifestações não prescritas no currículo escrito. Esse cotidiano
da sala de aula é também uma das dimensões do currículo denominada currículo vivido.
No entanto, esses aspectos requerem decisões que não são apenas de natureza técnica. Elas têm implicações nas
formas de conceber a sociedade, a escola, o conhecimento. Elas são formas culturais de organização da escolarização e
essas formas configuram o currículo. Por exemplo, uma prática de avaliação meramente classificatória funciona como
mecanismo de diferenciação social dos indivíduos não apenas na escola, mas em toda a sua vida social. Não se trata,
portanto, apenas de uma decisão técnica acerca de uma determinada metodologia de trabalho em sala de aula.
3º - O currículo escolar não lida apenas com o conhecimento escolar, mas com diferentes aspectos da cultura
A escola moderna está muito acostumada com a idéia de que deve se ocupar da transmissão/ assimilação/ constru-
ção do conhecimento. Isso é verdade, na medida em que a especificidade da escola é o trato com o conhecimento esco-
lar. No entanto, o conhecimento é apenas uma das facetas da cultura construída e reconstruída no ambiente escolar.
Ainda que a ênfase dos currículos escolares tenda a recair constantemente sobre os conteúdos escolares, esses
conteúdos fazem parte de um padrão cultural influenciado pelo currículo oculto. A escolha de um determinado padrão
cultural na seleção de conteúdos para um dado currículo expressa uma valorização desse padrão em detrimento de
outros.
Todo currículo é um processo de seleção, de decisões acerca do que será e do que não será legitimado pela escola.
A existência um conjunto de culturas negadas pelo currículo cria nos alunos pertencentes a essas culturas um sentimen-
to do que é socialmente aceito.
Os modelos curriculares técnicos sempre buscaram definir parâmetros científicos através dos quais se deveria reali-
zar a seleção e a organização dos conteúdos e dos procedimentos escolares. Embora alguns parâmetros científicos
existam, eles não são neutros e desinteressados. Ao contrário, embutem em si uma compreensão política do mundo e
são, também eles, negociados pelas comunidades que os definem. Assim, os professores de matemática, por exemplo,
partilham crenças e atitudes que direcionam a seleção dos conteúdos e dos procedimentos escolares. Tais crenças e
atitudes originam-se no processo histórico do qual participam esses atores.
Em síntese, ao propor determinada organização curricular, a sociedade está realizando uma seleção histórica, pro-
blemática que reflete, em alguma medida, a distribuição de poder que se dá em seu interior.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COLL, Cesar. Psicologia e Currículo, São Paulo: Ática, 1996.
TYLER, Ralph. Princípios Básicos de Currículo e Ensino. Porto Alegre: Globo, 1974.
3. DIDÁTICA: PLANEJAMENTO
PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Como a Didática estuda as teorias e as práticas que determinam o processo ensino-aprendizagem, convido você
para mergulhar no universo da sala de aula, passando para uma nova etapa dos nossos estudos. O atual bloco temático
promoverá reflexões sobre as práticas de planejamento e avaliação realizadas até então em nosso sistema de ensino e
suscitará a discussão sobre novas formas de educar
Planejar é preciso! O que seria de nós, educadores, se não planejássemos nossas ações permanentemente? Juntos
veremos como o planejamento pode otimizar nossas aulas e favorecer um ensino de melhor qualidade Vimos que o pla-
nejamento pode ser entendido como a seleção e organização prévia de procedimentos que projetam e orientam as
ações pedagógicas, especialmente, na escola.
Planejamento de ensino é um recurso importante de fazer docente, representando o Norte da prática em aula.
O planejamento, portanto, será um dos indicativos de qual tendência pedagógica adotamos, pois ele revela o refe-
rencial teórico de educação e a concepção de aprendizagem e ensino do professor, desde os objetivos estabelecidos até
a forma de avaliação escolhida.
Dentre os diversos tipos de planos, que você já conheceu através do módulo impresso, destacaremos aqui o plano
de aula.
1. Dados de identificação: nome da escola, disciplina (se for o caso), professor, série, turno, turma, data, número da
aula.
2. Objetivos: indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz de fazer como conseqüência da aula realizada. O estabele-
cimento de objetivos orienta o professor para selecionar o conteúdo, escolher as estratégias de ensino e elaborar o
processo de avaliação. Orienta também o aluno que fica sabendo o que se espera dele no referido curso. Os objeti-
vos são redigidos iniciando-se com o verbo no infinitivo, que explicita a operação de pensamento que se pretende
desenvolver (exemplo: analisar criticamente, identificar, conhecer, aplicar, compreender, criar etc.) e o conteúdo es-
pecífico da disciplina.
• Geral: é aquele mais amplo e complexo, que poderá ser alcançado, por exemplo, ao final do curso, ou disciplina, ou
semestre, incluindo o crescimento esperado nas diversas áreas de aprendizagem.
• Específicos: referem-se a aspectos mais simples, mais concretos, alcançáveis em menor tempo, como, por exem-
plo, aqueles que surgem ao final de uma aula ou de um período de trabalho e, em geral, explicam desempenhos ob-
serváveis.
O planejamento configura-se como um processo de reflexão e tomada de decisões, enquanto o plano é o produto do
planejamento.
3. Conteúdos: trata-se de um conjunto de temas ou assuntos que são estudados durante o curso em cada disciplina.
Tais assuntos são selecionados e organizados a partir da definição dos objetivos. Os conteúdos devem ir além do
conteúdo específico da disciplina; sendo assim incluem-se os conteúdos:
4. Metodologia: deve ser apresentada com muita clareza, descrevendo a forma como o
Estratégias: são os meios utilizados para organizar a aprendizagem. Selecionar as estratégias mais adequadas pa-
ra determinado objetivo é um dos segredos do sucesso da aprendizagem.
.
5. Recursos: são os materiais utilizados para otimizar as aulas e operacionalizar as estratégias. É importante que os
recursos tornem a aula mais motivadora e, conseqüentemente, a aprendizagem mais significativa. Para acessar to-
dos os canais de comunicação, é necessário diversificar os recursos. Para os auditivos, além da voz do professor,
use música, sons diversificados, instrumentos musicais; para os visuais, não escreva apenas no quadro, mas leves
cartazes, transparências, slides, filmes, peças de demonstrações; para os sinestésicos, materiais diversos para reali-
zar atividades manuais, que trabalhem com todos os sentidos: perfumes, odores, texturas etc.
Você já deve ter lido no módulo impresso como a interdisciplinaridade é importante para a compreensão do mundo
numa sociedade considerada do conhecimento, como é o caso da nossa. Usar múltiplos olhares, buscar compreender
sobre várias perspectivas é o nosso grande desafio atualmente. Nas palavras de Ferreira (1991), seria perceber-se in-
terdisciplinar.
Ela permite a organização dos currículos de forma integrada, a partir de uma rede conceitual entre as discipli-
nas. Oportuniza, portanto, quatro iniciativas fundamentais para o processo educativo:
Uma das formas de trabalhar o conhecimento de modo integrado no ensino fundamental, como sugere a perspectiva
interdisciplinar, é através da pedagogia de projetos.
A pedagogia de projetos surgiu no início do século XX, com John Dewey. Assim como ele, outros educadores da Es-
cola Nova também aderiram à idéia, pois tinham como premissa a educação para a vida.
Os Projetos de trabalho contribuem para uma ressignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma
que eles se voltem para a formatação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes
(HERNADEZ, 1998).
A ação do aluno sobre seu processo de aprendizagem permite, que ele:
Se entendermos que a organização do tempo e do espaço escolares é construção humana que foi elaborada no de-
correr da história e que, portanto, expressa as relações sociais que aí se estabelecem, podemos vislumbrar a possibili-
dade de mudanças na estrutura espaço temporal das escolas de modo a se tornarem espaços que favoreçam o proces-
so de desenvolvimento e formação das crianças, respeitando-as como sujeitos de direitos.
Lima (1995) defende a importância da qualidade do espaço na educação das crianças, no sentido de proporcionar
um espaço que, ao invés de confinar a infância no interior da escola, proporcione as condições mais favoráveis para o
processo de desenvolvimento da criança. Partindo de reflexões sobre o desaparecimento, nos centros urbanos, (em
decorrência de uma expansão das cidades acompanhada pela especialização e fragmentação do espaço urbano através
da ocupação especulativa) de espaços públicos de aprendizado coletivo onde antes as crianças podiam circular e brin-
car, esta arquiteta defende que, na realidade brasileira o espaço escolar tem se tornado um candidato potencial a ocupar
o lugar de convívio e produção de cultura entre as crianças.
Se ainda acreditamos na escola como espaço da infância, como este tem se apresentado em nosso país? São estes
espaços dignos de abrigar nossas crianças? São capazes de atender as necessidades infantis? Foram indagações des-
te tipo que levaram Mayumi Lima a questionar a qualidade funcional e construtiva do espaço escolar, denunciando a
falta de cuidado dispensado pelos governos com relação aos espaços educativos, pois estes não garantem nem o míni-
mo das condições necessárias e favoráveis para o desenvolvimento da criança.
A organização e distribuição dos tempos e espaços escolares representam o poder exercido pelo adulto sobre a cri-
ança. À primeira vista, não é possibilitado à criança o exercício de participação e proposição de alternativas para a orga-
nização do seu próprio espaço, de modo que possa ocupá-lo e transformá-lo em lugar.
Como observa Escola nova (1998), o espaço escolar expressa e reflete determinados discursos, além de represen-
tar um elemento significativo do currículo, uma fonte de experiência e aprendizagem. Quando crianças, internalizamos as
primeiras percepções do espaço, desenvolvemos nossos esquemas corporais e acomodamos nossos biorritmos aos
padrões estabelecidos pelas organizações próprias do tempo escolar. Ao recordarmos nossas experiências escolares,
podemos perceber que os espaços e os tempos não são estruturas neutras, mas sim, construções sociais que aprende-
mos e que condicionam as significações e os modos de educação.
Assim, se defendemos a escola como lugar privilegiado da infância em nossa sociedade, precisamos repensar a
construção, organização e ocupação dos edifícios escolares, para que possamos permitir que seus usuários se apropri-
em e vivenciem o espaço e as práticas ali desenvolvidas de modo a transformá-lo em lugar.
Um lugar cheio de sentido, que desperte o gosto pelo saber e que permita as crianças vivenciarem sua infância jun-
tamente com seus pares.
É claro que a busca pela superação do modelo escolar atual não é simples pois esta é fruto de uma tradição secular
e encontra-se enraizado dentro de cada um de nós. Serão necessárias mudanças profundas, tanto na concepção de
infância quanto no modelo de sociedade atual, já que os traços burocráticos, hierárquicos e de relações de poder pró-
prios da escola, nada mais são do que o reflexo das relações que se estabelecem nesta sociedade.
Contudo, é importante acreditarmos que tais mudanças podem partir de micro-estruturas como a escola, e estarmos
conscientes de que será necessário muito tempo para desconstruir uma tradição que é secular.
Demonstrando ser um sujeito do seu tempo, Lima (1989), propõe transformar o tempo e o espaço escolares em
tempo e espaço da infância pautada na idéia da participação efetiva das crianças na manutenção e construção dos es-
paços escolares.
Não subestimando que as dificuldades técnicas e materiais de construção de um espaço ultrapassam as possibilida-
des de uma criança, esta arquiteta defende que a manifestação da criança bem como a sua participação deveriam me-
recer atenção dos educadores e arquitetos responsáveis pela construção de espaços para as crianças. Mas para que
isto seja possível, é necessário que os adultos possibilitem à criança o exercício da participação, um direito garantido na
Convenção dos Direitos das Crianças de 1989.
Finalmente, para que a criança se aproprie da escola, transformando este tempo e espaço também em lugar da in-
fância, é necessário que a ela seja permitido deixar suas marcas, seja através de uma pintura na parede, um desenho no
chão ou participando da discussão, definição e organização destes espaços, enfim, dando-lhe oportunidades de opinar e
discutir suas idéias e desejos.
Assim, uma escola construída e organizada com as crianças precisa respeitá-las enquanto sujeitos de direitos, ga-
rantindo no seu interior direitos básicos como: direito à educação, ao brincar, à cultura, à saúde e à higiene, à uma boa
alimentação, à segurança, ao contato com a natureza, à espaços amplos por onde possa se movimentar, ao desenvol-
vimento da criatividade e da imaginação, ao respeito à individualidade e desenvolvimento da sua identidade, enfim, o
direito à uma infância cheia de sentidos.
Atendendo as determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9.394/96, que estabelece,
pela primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, define-se de
forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero a seis anos e a educação.
A Lei nº 9.394/96, em seu art. 4º, inciso IV, vem garantir o dever do Estado com a educação escolar pública, efeti-
vada mediante a garantia de atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade, e em
seu art. 12, incisos VI e VII, preconiza que o estabelecimentos de ensino devem articular-se com as famílias e a comuni-
dade, criando processos de integração da sociedade com a escola .
Sendo que o Referencial é uma proposta aberta, flexível e não obrigatória, cujo caráter não obrigatório visa favorecer
o diálogo com propostas e currículos que se constroem no cotidiano das instituições, sejam creches, pré-escolas ou nos
diversos grupos de formação existentes nos diferentes sistemas.
Portanto, conhecer bem essa população permite compreender suas reais condições de vida, possibilitando eleger os
temas mais relevantes para o processo educativo de modo a atender a diversidade existente em cada grupo social. Em
relação às condições internas, devesse levar em conta não só o número de horas que a criança passa na instituição (há
creches funcionando em período integral, outras de meio período), mas também a idade em que a criança começou a
freqüentá-la e quantos anos terão pela frente.
Estas questões acabam influindo na seleção dos conteúdos a serem trabalhados com as crianças na articulação cur-
ricular, de maneira a garantir um maior número de experiências diversificadas a todas as crianças que a freqüentam.
5. ORGANIZAÇÃO DO ENSINO
A estrutura da educação no Brasil
Este trabalho tem como finalidade a análise do estudo da organização da educação brasileira, dando ênfases à es-
trutura organizacional da educação básica, de acordo com a Constituição de 1988, e a Lei de Diretrizes e Base da Edu-
cação Nacional (LDB) nº. 9394/96 que regulamenta e divide o sistema educacional em educação básica e educação
superior, a básica subdivide-se em: educação infantil (para crianças de 0 a 5 anos), ensino fundamental (a partir dos seis
anos de idade) que se subdivide em fundamental menor de 1º ao 5º ano e fundamental maior do 6º ao 9º ano, além, do
ensino médio constituído de três séries com propósito de preparar o educando para a vida e posterior continuidade dos
estudos na modalidade de ensino superior. Faremos também neste artigo uma abordagem sucinta sobre a educação
profissional, que ganhou uma nova conjectura com o aumento expressivo dos centros tecnológicos espalhados Brasil
adentro no governo Lula.
INTRODUÇÃO
Este artigo sobre a organização da educação nacional visa analisar de maneira crítica nosso sistema educacional,
discorrendo sobre as inúmeras alterações sofridas por emendas constitucionais e lei especifica para regulamentar nosso
sistema, tendo como principal objetivo disponibilizar-lo para análises de educadores, instituições educacionais e todos os
interessados em conhecer nossa realidade educacional.
A princípio serão explanados os entraves que a educação infantil tem enfrentado em busca de maiores investimen-
tos e valorização deste nível de ensino, por se tratar da primeira etapa que o indivíduo tem com as instituições de ensino,
a educação infantil deveria ser inclusa no ensino obrigatório previsto na Constituição Federal de 1988. Será abordada
também a significativa melhoria ao atendimento do ensino fundamental segunda etapa da educação básica e de acordo
com a Lei 9394/96, em seu artigo nº 32 obrigatório, e gratuito com duração de nove anos e matrícula a partir dos seis
anos de idade, levando em consideração o antigo Fundo de Valorização do Ensino Fundamental (FUNDEF).
Não poderia deixar de explanar sobre a educação de jovens e adultos (EJA), um programa do governo federal desti-
nado a erradicar o analfabetismo no Brasil, pois são inúmeros os esforços nesse sentido, atualmente o governo tem
investido no programa Brasil Alfabetizado (educação de jovens e adultos), programa este que pode ser desenvolvido em
parcerias com instituições não governamentais, além, das secretarias estaduais e municipais de educação.
E para contemplar toda a educação básica vejamos o que diz a respeito do ensino médio no artigo nº 35, inciso I da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB): "a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no
ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos"
Ao analisar este inciso observa-se que os estudos não param por aqui o educando, poderá caso queira continuar
seus estudos em instituições de ensino superior, aprofundando seus conhecimentos.
A educação infantil tem sido desde o século XVIII, foco de estudo de diversos estudiosos sobre o assunto, pois se-
gundo o educador francês Jean-Jacques Rousseau a principal ocupação da criança deveria ser a brincadeira, pois, para
ele melhor seria que receber ensinamentos impróprios. Partindo desse ponto analisaremos como está sendo tratado
esse assunto em pleno século XXI e se de fato a educação infantil tem conquistado espaço nessa complicada e desigual
política pública voltada para a educação brasileira.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988. 292p.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/1996). Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1996. 29p.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura:.Educação de Jovens e Adultos. Brasília: MEC, 2009. Disponível em :
<ttp://portal.mec.gov.br/secad/index.php?option=content&task=view&id=116&Itemid=248>. Acesso em 27 de 02 de 2009.
CATANI. Afrânio Mendes. Organização do Ensino no Brasil: níveis e modalidades a Constituição Federal e na LDB. 2º edição. São Paulo: Xamã,
2007. p.01-69.
O impacto de uma biblioteca depende de uma série de fatores como o tamanho e a qualidade do acervo e mesmo a
frequência com que a comunidade escolar recorre a ele. Os poucos estudos disponíveis, no entanto, não levam em con-
ta essas questões. Apenas comparam o desempenho de alunos em escolas com e sem biblioteca ― ou de escolas que
não tinham e passaram a ter ― e apresentam conclusões divergentes sobre os seus efeitos.
Tradicionalmente, a biblioteca é considerada um dos insumos mais importantes na definição da qualidade de uma
escola. Seu impacto, no entanto, depende de uma série de fatores que não são levados em consideração pelos estudos,
como a qualidade do acervo e a frequência com que a comunidade escolar recorre a ele.
As poucas evidências disponíveis não confirmam a hipótese de que as bibliotecas sejam mais relevantes para as
crianças menos favorecidas, que não têm acesso a livros em suas casas.
IMPACTO
Análises transversais, que comparam a média de aprendizado de escolas com e sem biblioteca em um determinado
momento, revelam que os alunos com acesso a biblioteca na escola tendem a apresentar proficiência mais elevada. Por
outro lado, análises mais confiáveis, baseadas em estudos longitudinais, que comparam o ganho de aprendizado em
escolas com e sem biblioteca ao longo do tempo, mostram um impacto direto não significativo estatisticamente. Os pou-
cos estudos disponíveis, no entanto, não levam em consideração informações relevantes para o aprendizado dos alu-
nos, como o tamanho e a qualidade do acervo e seu grau de utilização.
Vale ressaltar que o fato de o impacto depender do grau de utilização não significa que só se beneficiam da bibliote-
ca os alunos que a utilizam. Na verdade, as bibliotecas tendem a ter seu impacto propagado por toda a comunidade
escolar.
Outras pesquisas mostram que a biblioteca escolar não tem impacto mais relevante sobre crianças de famílias soci-
oeconomicamente menos favorecidas, que em princípio têm menos acesso a livros em casa. A evidência disponível,
embora seja esparsa, indica o contrário: o impacto é maior entre os estudantes menos vulneráveis, seja porque seu am-
biente familiar lhes garante outros recursos que, combinados à biblioteca, fazem-nos aprender mais, seja porque eles
utilizam mais esses espaços.
POSSIBILIDADES DE AÇÃO
Em suma, não basta que a escola tenha biblioteca. É importante que pais e demais membros da comunidade esco-
lar incentivem as crianças a utilizá-la mais intensamente.
Às escolas, cabe estabelecer rotinas e práticas de utilização das bibliotecas com estratégias voltadas ao aprendiza-
do dos alunos. Os professores precisam dar atenção especial às crianças mais vulneráveis para estimulá-las e apoiá-las
no uso desses espaços, como forma de compensar as desigualdades de aprendizado.
Às Secretarias de Educação, cabe estabelecer padrões, investir na qualidade do acervo e implementar políticas de
utilização das bibliotecas escolares já existentes, incentivando seu uso pelos alunos durante o horário regular e em turno
expandido ― ou mesmo abrindo as suas portas para a comunidade em horários alternativos.
Computador e internet
Há diversas formas de empregar o computador numa escola — tanto na administração da instituição como em sala
de aula ou em laboratórios com os alunos. Porém não há evidência científica sólida de que o uso da tecnologia como
recurso pedagógico traga impactos positivos significativos sobre o aprendizado, tampouco que a inclusão digital reduza
as desigualdades de oportunidades na educação.
Garantir às escolas o acesso a computadores e à internet serve a múltiplos objetivos. Mas os estudos demonstram
que o impacto sobre o desempenho educacional depende do uso que se dá a esses recursos.
Os computadores e a internet de uma escola podem ser disponibilizados apenas aos professores e dirigentes com o
objetivo de facilitar a gestão ― em particular, no que se refere à conexão com a Secretaria de Educação. A escola pode
contar ainda com laboratórios de informática sem acesso à internet, destinados a familiarizar os alunos com o seu uso.
Também pode utilizar os computadores como recurso pedagógico para o ensino de conteúdos não relacionados direta-
mente à tecnologia. Por fim, os laboratórios podem estar conectados à internet para expandir o acesso dos alunos à
informação.
IMPACTO
De todos esses objetivos, parece não haver dúvidas sobre a relevância do computador como instrumento de gestão.
Tampouco se questiona a necessidade de um laboratório de informática nas escolas e a sua importância e a da internet
na vida futura das crianças. Por outro lado, não existe recomendação confiável quanto ao número de horas diárias que a
criança pode usar o computador: sabe-se que a sua utilização de forma muito intensa pode ter efeitos prejudiciais sobre
o aprendizado.
O impacto do computador e da internet como instrumentos pedagógicos permanece uma questão controversa na li-
teratura científica, que traz conclusões dúbias. Há estudos favoráveis e desfavoráveis a esses recursos e as estimativas
de impacto variam muito, dependendo tanto da forma de utilização dos equipamentos como do ambiente socioeconômi-
co dos alunos e da possibilidade de acesso em casa.
Algumas formas de uso pedagógico do computador podem ter efeitos bastante positivos no aprendizado. Outras, en-
tretanto, acabam se revelando apenas distrações que reduzem o aprendizado. Não existem ainda indicações sobre
quais formas de utilização do computador como recurso pedagógico foram bem-sucedidas. Os estudos trabalham ape-
nas com informações que apontam se a escola usou ou não esse recurso, sem especificar exatamente como ele foi utili-
zado.
A literatura disponível também não confirma a hipótese de que o impacto do acesso a esses equipamentos na esco-
la seja maior entre crianças de famílias socioeconomicamente vulneráveis. Na realidade, não há evidência sólida de que
a inclusão digital seja um instrumento importante para reduzir as desigualdades das oportunidades educacionais.
POSSIBILIDADES DE AÇÃO
De acordo com os estudos, o impacto da tecnologia no desempenho do aluno pode ser positivo ou negativo, depen-
dendo de uma série de fatores, como a forma de utilização.
Portanto, para que o computador e a internet possam ser usados como recurso pedagógico, não basta que as Se-
cretarias de Educação adquiram os equipamentos. É importante estabelecer políticas de uso voltadas ao aprendizado
dos alunos e essa iniciativa deve ser associada a uma avaliação rigorosa. Não basta acompanhar o desempenho dos
alunos beneficiados, pois, embora o aprendizado ao longo do tempo possa aumentar, somente uma avaliação compara-
tiva poderá indicar se esses alunos estão aprendendo mais do que estariam caso não tivessem acesso a essa tecnolo-
gia.
Também é necessário que os equipamentos conectados à internet possam ser acessados pelos estudantes para
buscar informações específicas, em um intervalo de tempo previamente estipulado pelas escolas. Não há, no entanto,
uma recomendação confiável em relação ao número de horas que a criança deva usar o computador, sendo também
importante acompanhar o impacto dessa exposição no aprendizado dos alunos.
Laboratórios
Utilizado principalmente no estudo de biologia e de química, o laboratório escolar permite aos alunos a prática de
conhecimentos teóricos. Seu impacto na aprendizagem, contudo, ainda precisa ser estudado
Apesar de tecnologias audiovisuais, por exemplo, terem se tornado mais acessíveis nos últimos anos, ainda não há
informações sobre o seu efeito na proficiência.
Livro didático
Sua importância é inegável, mas ainda faltam estudos consistentes sobre o seu impacto no aprendizado.
Alunos que têm material de artes, jogos e brinquedos didáticos à disposição aprendem mais? Que tipo de material é
mais eficiente? As pesquisas ainda precisam avançar nessa direção.
Segundo Perrenoud (1999), a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na cons-
trução do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos.
Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente
de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico.
1. INTRODUÇÃO
A avaliação, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas brasileiras, tem se constituído no principal m e-
canismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, ocupando
mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si os profissionais da educação, alunos e pais.
Os métodos de avaliação ocupam, sem duvida espaço relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao
processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, neste contexto, não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico;
não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou retenção em determinadas disciplinas.
Para Oliveira (2003), devem representar as avaliações aqueles instrumentos imprescindíveis à verificação do apren-
dizado efetivamente realizado pelo aluno, ao mesmo tempo que forneçam subsídios ao trabalho docente, direcionando o
esforço empreendido no processo de ensino e aprendizagem de forma a contemplar a melhor abordagem pedagógica e
o mais pertinente método didático adequado à disciplina – mas não somente -, à medida que consideram, igualmente, o
contexto sócio-político no qual o grupo está inserido e as condições individuais do aluno, sempre que possível.
1 – Função diagnóstica
A primeira abordagem, de acordo com Miras e Solé (1996, p. 381), contemplada pela avaliação diagnóstica (ou inici-
al), é a que proporciona informações acerca das capacidades do aluno antes de iniciar um processo de ensi-
no/aprendizagem, ou ainda, segundo Bloom, Hastings e Madaus (1975), busca a determinação da presença ou ausência
de habilidades e pré-requisitos, bem como a identificação das causas de repetidas dificuldades na aprendizagem. A ava-
liação diagnóstica pretende averiguar a posição do aluno face a novas aprendizagens que lhe vão ser propostas e a
aprendizagens anteriores que servem de base àquelas, no sentido de obviar as dificuldades futuras e, em certos casos,
de resolver situações presentes.
2 – Função formativa
A segunda função á a avaliação formativa que, conforme Haydt (1995, p. 17), permite constatar se os alunos estão,
de fato, atingindo os objetivos pretendidos, verificando a compatibilidade entre tais objetivos e os resultados efetivamen-
te alcançados durante o desenvolvimento das atividades propostas.
Representa o principal meio através do qual o estudante passa a conhecer seus erros e acertos, assim, maior estí-
mulo para um estudo sistemático dos conteúdos.
Outro aspecto destacado pela autora é o da orientação fornecida por este tipo de avaliação, tanto ao estudo do alu-
no como ao trabalho do professor, principalmente através de mecanismos de feedback.
Estes mecanismos permitem que o professor detecte e identifique deficiências na forma de ensinar, possibilitando
reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoa-lo.
Para Bloom, Hastings e Madaus (1975), a avaliação formativa visa informar o professor e o aluno sobre o rendimen-
to da aprendizagem no decorrer das atividades escolares e a localização das deficiências na organização do ensino para
possibilitar correção e recuperação.
A avaliação formativa pretende determinar a posição do aluno ao longo de uma unidade de ensino, no sentido de
identificar dificuldades e de lhes dar solução.
Tem como objetivo, segundo Miras e Solé (1996, p. 378) determinar o grau de domínio do aluno em uma área de
aprendizagem, o que permite outorgar uma qualificação que, por sua vez, pode ser utilizada como um sinal de credibili-
dade da aprendizagem realizada.
Pode ser chamada também de função creditativa. Também tem o propósito de classificar os alunos ao final de um
período de aprendizagem, de acordo com os níveis de aproveitamento.
A avaliação somativa pretende ajuizar do progresso realizado pelo aluno no final de uma unidade de aprendizagem,
no sentido de aferir resultados já colhidos por avaliações do tipo formativa e obter indicadores que permitem aperfeiçoar
o processo de ensino. Corresponde a um balanço final, a uma visão de conjunto relativamente a um todo sobre o qual,
até aí, só haviam sido feitos juízos parcelares.
OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO
Na visão de Miras e Solé (1996, p. 375), os objetivos da avaliação são traçados em torno de duas possibilidades:
emissão de “um juízo sobre uma pessoa, um fenômeno, uma situação ou um objeto, em função de distintos critérios”, e
“obtenção de informações úteis para tomar alguma decisão”.
Para Nérici (1977), a avaliação é uma etapa de um procedimento maior que incluiria uma verificação prévia. A avali-
ação, para este autor, é o processo de ajuizamento, apreciação, julgamento ou valorização do que o educando revelou
ter aprendido durante um período de estudo ou de desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem.
Segundo Bloom, Hastings e Madaus (1975), a avaliação pode ser considerada como um método de adquirir e pro-
cessar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande variedade de evidências
que vão além do exame usual de ‘papel e lápis’.
É ainda um auxílio para classificar os objetivos significativos e as metas educacionais, um processo para determinar
em que medida os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, pelo
qual pode ser determinada etapa por etapa do processo ensino/aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em
caso negativo, que mudança devem ser feitas para garantir sua efetividade.
O mito da avaliação é decorrente de sua caminhada histórica, sendo que seus fantasmas ainda se apresentam como
forma de controle e de autoritarismo por diversas gerações. Acreditar em um processo avaliativo mais eficaz é o mesmo
que cumprir sua função didático-pedagógica de auxiliar e melhorar o ensino/aprendizagem.
A forma como se avalia, segundo Luckesi (2002), é crucial para a concretização do projeto educacional. É ela que
sinaliza aos alunos o que o professor e a escola valorizam. O autor, na tabela 1, traça uma comparação entre a concep-
ção tradicional de avaliação com uma mais adequada a objetivos contemporâneos, relacionando-as com as implicações
de sua adoção.
Tabela 1 – Comparação entre a concepção tradicional de avaliação com uma mais adequada
Jean Piaget nasceu nasceu em Neuchâtel, Suiça no dia 9 de agosto de 1896 e faleceu em Genebra em 17 de se-
tembro de 1980, com 83 anos. Estudou a evolução do pensamento até a adolescência, procurando entender os meca-
nismos mentais que o indivíduo utiliza para captar o mundo. Como epistemólogo, investigou o processo de construção
do conhecimento, sendo que nos últimos anos de sua vida centrou seus estudos no pensamento lógico-matemático.
A teoria de Piaget do desenvolvimento cognitivo é uma teoria de etapas, uma teoria que pressupõe que os seres
humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
A construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o
desequilíbrio, resultam em assimilação ou acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção de esque-
mas ou conhecimento. Isto é, uma vez que a criança não consegue assimilar o estímulo, ela tenta fazer uma acomoda-
ção e, após isso, uma assimilação. Desta forma, o equilíbrio é, então, alcançado.
1. O processo de conhecer e
2. Os estádios/ etapas pelos quais nós passamos à medida que adquirimos essa habilidade.
O comportamento é controlado através de organizações mentais denominadas “esquemas”, que o indivíduo utiliza
para representar o mundo e para designar as ações.
Essa adaptação é guiada por uma orientação biológica para obter o balanço entre esses esquemas e o ambiente em
que está. (equilibração). Assim, estabelecer um desiquilíbrio é a motivação primária para alterar as estruturas mentais do
indivíduo.
CONCEITOS BASICOS
Assimilação
Acomodação
Equilibração
Desenvolvimento
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• assimilação e acomodação.
A perspectiva de Piaget é frequentemente comparada com a de Lev Vygotsky (1896-1934), que olhou mais para a inte-
racção social como fonte primária da cognição e do comportamento
• Organização e adaptação
– Organização: à medida que aumenta a maturação da criança, elas organizam padrões físicos ou esquemas mentais
em sistemas mais complexos.
– Adaptação: capacidade de adaptar as suas estruturas mentais ou comportamento para se adaptar às exigências do
meio.
• Assimilação e acomodação
– Assimilação: moldar novas informações para encaixar nos esquemas existentes.
– Acomodação: mudança nos esquemas existentes pela alteração de antigas formas de pensar ou agir.
• Processo desenvolvimental
– Equilibração: tendência para manter as estruturas cognitivas em equilíbrio.
• Estádio sensório-motor ( do nascimento aos 2/3 anos) – a criança desenvolve um conjunto de “esquemas de ação”
sobre o objeto, que lhe permitem construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o conceito
de permanência do objeto, constrói esquemas sensório-motores e é capaz de fazer imitações, construindo represen-
tações mentais cada vez mais complexas
• Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) – a criança inicia a construção da relação causa e efeito,
bem como das simbolizações. É a chamada idade dos porquês e do faz-de-conta.
“O processo de ensino-aprendizagem inclui sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas
pessoas.”
Construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico,
enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento Dedicou-se aos estudos das funções psi-
cológicas superiores (processos mentais superiores): Mecanismo psicológicos mais complexos, típicos do ser humano;
Envolve o controle consciente do comportamento, ação intencional, a capacidade de imaginar, de ver na ausência da
coisa vista, de planejar. Tais atividades são frutos das interações do meio físico e social.Essas concepções fundamen-
tam sua idéia de que as funções psicológicas superiores (por exemplo, linguagem, memória, são construídas ao longo d
história social do homem, em sua relação com o mundo.
As funções psicológicas superiores (processos voluntários, ações conscientes, mecanismos intencionais) dependem
de processo de aprendizado. Esta se dá através da interação ou cooperação social. A transmissão dessas funções pas-
sa de um indivíduo para o outro por meio da interação social. Essa interação ocorre através da mediação entre um sujei-
to e outro, denomina-se zona de desenvolvimento proximal (Zona de desenvolvimento proximal ou zona de desenvolvi-
mento potencial)
Vygotsky abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o final do pro-
cesso de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas atividades
sociais.
Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais
levam ao desenvolvimento das funções mentais. Ele acreditava que a aprendizagem na criança podia ocorrer através do
jogo, da brincadeira, da instrução formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente.
O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoal-
mente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é
quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.
Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho,
Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os instrumen-
tos do mundo da criança.
Esses instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos, sig-
nos.
CONCEITOS BASICOS
Um pressuposto básico de Vygotsky é a de que durante o curso do desenvolvimento, tudo aparece duas vezes:
• 1º a criança entra em contacto com o ambiente social, o que ocorre ao nível interpessoal.
• Depois a criança entra em contacto com ela própria, num nível intrapessoal.
- Mediação
- Linguagem
- Cultura
- Processo de internalização
- Função mental
Mediação
- Como sujeito do conhecimento o homem não tem acesso direto aos objetos, mas acesso mediado, através de recor-
tes do real, operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe.
Linguagem
Cultura
- Fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, o universo de significações que
permite construir a interpretação do mundo real.
- Ela dá o local de negociações no qual seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação
de informações, conceitos e significações.
O processo de internalização
- A internalização envolve uma atividade externa que deve ser modificada para tornar-se uma atividade interna
- É interpessoal e se torna intrapessoal
- Fundamental para o desenvolvimento do funcionamento psicológico humano
Função mental
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Aprendizagem é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas cultu-
ralmente organizadas e especificamente humanas.
Parte do desenvolvimento é definido pelo processo de maturação do organismo (pertencente a espécie humana),
mas é o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento que, não fosse o contato do
indivíduo com certo ambiente cultural, não ocorreriam.
Vygotsky, ao longo do desenvolvimento cognitivo a formação de conceitos passa por três fases básicas: a primeira
delas é o Sincretismo onde a criança não forma classes entre os diferentes atributos dos objetos; ela apenas os agrupa
de forma desorganizada formando amontoados. Assim, uma criança que se encontra nesse período, quando solicitada a
formar grupos com diferentes objetos (plantas, animais, objetos de cozinha etc.), poderá colocar juntos objetos que não
possuem relação entre si como por exemplo animais e objetos de cozinha. Nessa fase a criança agrupará ao acaso ou
por contiguidade no tempo ou no espaço; uma segunda fase é o Pensamento por Complexos onde o agrupamento não é
formado por um pensamento lógico abstrato e sim por ligações concretas entre seus componentes que podem ser os
mais diferentes possíveis. Assim a criança pode, por exemplo, agrupar por qualquer relação percebida entre os objetos,
ou por características complementares entre si. Num estágio mais evoluído dessa mesma fase, a criança começa a se
orientar por semelhanças concretas visíveis e formar grupos de acordo com suas conexões perceptivas. Assim a criança
nesse estágio é capaz de agrupar os animais em um grupo e as plantas em outro. Esse estágio é denominado de Pseu-
doconceito. Nele os resultados obtidos são semelhantes aos obtidos no pensamento conceitual. No entanto, o processo
mental pelo qual são obtidos não é o mesmo que ocorre no pensamento conceitual.
Os adolescentes não abandonam completamente as formas de pensamento mais primitivas (sincréticas e por com-
plexos). Seu uso diminui gradualmente e começam a formar-se os verdadeiros conceitos
“A afetividade refere-se à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por
sensações ligadas a tonalidades agradáveis e desagradáveis.
A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social, ou seja, “o ser humano é organicamente
social e sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar” (Dantas, 1992). Nesse sentido, a teoria
do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na psicogênese da pessoa completa.
A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo.
O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas
condições de existência.
Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com significado,
através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema
de comunicação expressiva. Estes processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a imitação.
Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela participação do outro ela se
diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar e se
diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio.
A passagem dos estágios de desenvolvimento não se dá linearmente, por ampliação, mas por reformulação, insta-
lando-se no momento da passagem de uma etapa a outra, crises que afetam a conduta da criança.
Psicogenética, essencialmente sociocultural e relativista, com forte lastro orgânico, a teoria de Wallon considera o de-
senvolvimento da pessoa completa integrada ao meio em que está imersa, com os seus aspectos afetivo, cognitivo e
motor também integrados.
A Teoria das Emoções é de grande importância na obra de Wallon. Segundo o autor, a emoção é a exteriorização da
afetividade, um fato fisiológico nos seus componentes humorais e motores e, ao mesmo tempo, um comportamento so-
cial na sua função de adaptação do ser humano ao seu meio.
Henri Wallon reconstruiu o seu modelo de análise ao pensar no desenvolvimento humano, estudando-o a partir do
desenvolvimento psíquico da criança.
O desenvolvimento da criança aparece descontínuo, marcado por contradições e conflitos, resultado da maturação e
das condições ambientais, provocando alterações qualitativas no seu comportamento em geral.
A obra de Henri Wallon é perpassada pela idéia de que o processo de aprendizagem é dialético: não é adequado
postular verdades absolutas, mas, sim, revitalizar direções e possibilidades.
Uma das consequências desta postura é a crítica às concepções reducionistas: Wallon propõe o estudo da pessoa
completa, tanto em relação a seu caráter cognitivo quanto ao caráter afetivo e motor. Para Wallon, a cognição é impor-
tante, mas não mais importante que a afetividade ou a motricidade
CONCEITOS BASICOS
COMO SE DÁ A APRENDIZAGEM? QUAIS SÃO OS PONTOS CHAVES PARA QUE ELA OCORRA?
Processo de aprendizagem é dialético: não é adequado postular verdades absolutas, mas, sim, revitalizar direções e
possibilidades.
Wallon propõe o estudo da pessoa completa, tanto em relação a seu caráter cognitivo quanto ao caráter afetivo e
motor. Para Wallon, a cognição é importante, mas não mais importante que a afetividade ou a motricidade.
Galvão (1995) utiliza a seguinte terminologia acerca das etapas do Desenvolvimento Humano segundo Wallon:
1) Impulsivo-emocional;
2) Sensório-motor e projetivo;
3) Personalismo;
4) Categorial;
5) Predominância funcional
A cultura – somatória de costumes, tradições e valores - é um jeito próprio de ser, estar e sentir o mundo, ‘jeito’ este
que leva o indivíduo a fazer, ou a expressar-se, de forma característica.
Ora, SER é também PERTENCER – a algum lugar, a alguma fé ou a um grupo, seja família, amigos ou povo.
Daí ser a cultura um forte agente de identificação pessoal e social, um modelo de comportamento que integra
segmentos sociais e gerações, uma terapia efetiva que desperta os recursos internos do indivíduo e fomenta sua
interação com o grupo e um fator essencial na promoção da saúde, na medida em que o indivíduo se realiza como
pessoa e expande suas potencialidades.
A percepção individual do mundo é influenciada pelo grupo. Aquilo que o grupo aprova ou valoriza tende a ser
selecionado na percepção pessoal; já o que é rejeitado ou indiferente aos valores do grupo tem menor possibilidade de
ser selecionado pela percepção do sujeito – e se for significativa para o sujeito, este o guarda para si ou o elabora de
forma a adaptá-lo aos valores grupais, seja de foram lúdica, simbólica ou distorcida, no intuito de evitar a censura
coletiva.
O indivíduo que consegue burlar a censura grupal e introduzir nela uma significativa mudança de valores adquire o
poder de influenciar a História, daí o dizer-se que ‘os poetas são profetas’. Explica-se, assim, o medo que os governos
autoritários e ditatoriais tem da elite cultural a a perseguição política acirrada que os representantes da cultura tem
sofrido através dos séculos – por exemplo, queima de livros e de sábios nas fogueiras da Inquisição, acusados de
bruxaria e de pacto com o demônio.
Os povos evoluem através de mudanças significativas em sua cultura e as mudanças acontecem rapidamente
quando o clima político é de liberdade; caso contrário demora apenas mais uma pouquinho, o tempo de o pensamento,
que é livre, romper os grilhões da intolerância.
Quem sou?
A identidade alicerça-se em capacidades e em valores, no que somos capazes de compreender do mundo e no
significado que damos às nossas vidas. Destaco a seguir quatro processos de a cultura influir na identidade
personalizando a atuação individual:
O agente cultural:
O artista, seja ele escritor, pintor, cantor, compositor – e também o esportista – sente-se alguém. Alguém que é
respeitado pelo que é capaz de realizar, e, na velhice, mesmo se incapaz de criar, por limitações decorrentes da idade
O propagador cultural:
Há indivíduos que não criam, mas apreciam o belo, dedicando suas vidas a promover cultura. Assim, diz-se que ‘o
crítico literário é um autor frustrado’, aforisma que pode ser estendido aos comentaristas de arte e de esportes, bem
como às demais atividades críticas. Os mecenas são outra categoria de pessoas que extraem prazer estético da arte
que promovem e não são capazes de criar.
Há que citar os que comercializam a arte, vendendo ou comprando os produtos culturais, grupo hoje em dia
acrescido dos profissionais da mídia, com o poder de promoverem no mercado o que lhe convém, à revelia da qualidade.
Ainda que interesses de lucro interfiram ou entravem a promoção dos produtos bons, em última análise esses entraves
econômicos agem como um desafio motivador, e o julgamento de valor fica para a posteridade: o joio e o trigo separam-
se aos olhos da geração futura e os grandes gênios, que em vida passaram privações e até morreram esquecidos,
recebem seu reconhecimento a posteriori. A História está cheia de exemplos de ‘vitórias’ fugazes, hoje relegadas ao
esquecimento, e de autores e pintores geniais desprezados em vida.
Assim, agentes culturais diversos dão significado a suas vidas organizando, promovendo e divulgando eventos
vários.
O espectador cultural:
E finalmente, há aquele que não cria nem promove e que no entanto aprecia intensamente a arte. Indivíduos assim
identificam-se entre si e organizam-se em fãs clubes, cuja penetração varia desde o bate-papo informal com os amigos
até a distribuição de zines e elaboração de congressos ou entidades mais ou menos sofisticadas, com a finalidade de
admirar e cultuar o ídolo. Cito como exemplo o grupo de admiradores da série Jornada nas Estrelas.
Uma categoria em especial destaca-se por sua importância no resgate cultural de certas épocas ou certos ídolos: os
colecionadores. O prazer de colecionar começa pela identificação com o ídolo, passa pelo orgulho de possuir objetos
raros e culmina na satisfação de deter e divulgar conhecimento. Colecionadores contribuem significativamente para a
preservação e para o resgate cultural de uma época ou arte específica.
Assim, na questão da identidade, a cultura elabora a identidade de quem faz, de quem divulga e de quem conhece
um aspecto determinado dessa cultura. Enfim, ser alguém capaz – seja de fazer, de divulgar ou de conhecer arte –
estabelece uma identidade pessoal que efetivamente enriquece uma existência.
O alienado cultural
Este é um agente às avessas, alguém que denuncia a incapacidade daquela sociedade em particular promover a
integração de certos segmentos ou indivíduos. Freqüente nos governos ditatoriais, o alienado cultural evidencia a
exclusão social, a opressão e a manipulação de segmentos menos poderosos nem por isso menos numerosos da
sociedade.
Se a alienação cultural é um sintoma, o é antes de um doença social do que individual. Freqüentemente o alienado
cultural expressa-se por meios próprios alternativos, através de uma sub-cultura, que as elites dominantes desvalorizam,
desprezam e que podem adquirir proporções de verdadeira rebelião cultural. Foi o caso do movimento Impressionista na
pintura, na França, e da Semana de Arte Moderna de 1922 no Brasil. E nesses casos pode ocorrer o fenômeno da
‘contra-cultura’.
Atualmente temos grafiteiros, descendentes diretos de pichadores marginalizados, que se autodenominam ‘cultura
de rua’. E também os raps, as danças de rua, entre outros.
Esta polarização entre a elite e os excluídos dá origem a um movimento pendular entre os extremos da comunidade
de tal sorte que a História da arte é a história de uma seqüência de movimentos de polaridade: depois do romantismo
segue-se o realismo, após longos períodos de valorização do espiritual, segue-se um longo período de valorização do
carnal etc.
O que é lúdico?
A recreação é uma prática prazerosa em que os alunos participam de atividades descontraídas. Ela pode ser uma
importante estratégia de inclusão e socialização, além de desenvolver as habilidades psicomotoras das crianças. Assim,
a recreação transfere-se para o cotidiano e aproxima-se de uma vida permeada de informações. Esse processo de edu-
cação se dá através da convivência de diversos desses indivíduos, mais especificamente crianças, dentro de locais es-
pecializados que transmitem tais valores indiretamente, por meio da recreação.
A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz desde que nasce e ao longo de toda a sua vida, das
normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus modelos de comportamento. Assim sendo, socializar é
inculcar no indivíduo os modos de pensar, de agir e de agir do grupo em que ele é integrado. É um processo de aprendi-
zagem em que, através da interiorização dessas normas e valores comuns, se faz aumentar a solidariedade entre os
membros de um grupo e, portanto, a socialização é determinante para a integração social.
No meio em que vivemos sabemos que os bons relacionamentos influenciam e muito para o desenvolvimento social
e profissional. As atividades de socialização têm transformado grupos de desconhecidos em grandes parceiros da vida,
dando assim mais liberdade para suas expressões, motivando–os ao melhor convívio social...
Fonte: http://www.efdeportes.com/efd120/recreacao-e-socializacao-no-ambito-escolar.htm
http://recreacao.wordpress.com/2008/09/10/atividades-de-socializacao/
No mundo atual, nota-se uma precocidade marcante entre a geração de meninas de 9 a 12 anos.
As meninas querem crescer logo e, segundo os médicos, vêm enfrentando o crescimento hormonal da puberdade
mais cedo que as do passado. Citam como causas a melhoria da alimentação, das condições sanitárias e de saúde.
Dentre essas, estão os estímulos sensoriais, influenciando o encurtamento da infância e o conseqüente alargamento da
adolescência.
A sociedade atual provoca mudanças no modo de se conceber o universo infanto-juvenil. As gerações antigas dife-
renciavam a cultura dos adultos e a cultura infantil. Esse conceito vem se modificando, provocando uma transformação
acentuada da infância no alcance precoce da juventude.
As meninas, estimuladas socialmente, querem crescer logo, viver a adolescência antes do tempo, um comportamen-
to adulto. A televisão, a tecnologia, a internet, imprimem mudança de conceito, difundindo informações, regras de etique-
ta, produtos de beleza, roupas, sapatos, que ajudam a firmar a nova identidade juvenil. Além disso, as crianças assistem
a programas recomendados para adultos, têm ao seu redor acesso a todas as novidades, modismos, jogos de computa-
dor, informações apropriadas à sua vaidade.
Há um forte apelo consumista, uma exigência no modo de vestir, de pentear, que se firma como uma forma de inte-
gração social dos pré-adolescentes. O mercado lança uma série de produtos, linhas de cosméticos para meninas, rou-
pas provocantes, celulares coloridos, que podem trocar de capa e combinar com a roupa...
A esse fator, há outros, como o desejo das mães, de que as filhas sejam bem torneadas, magras, elegantes como as
modelos. É um conjunto de fatores que propicia uma pré-adolescência precoce.
REFERÊNCIAS
ALENCAR, S. Resumo Crítico do livro de Paulo Freire.In: O Recado da Pesquisa.
Disponível em: http://www.orecado.cjb.net. Acesso em: 28 jun. 2007.
BALDAIA, A. Reler a "Pedagogia da Autonomia": um testamento de Paulo Freire. Jornal A
Página, nº. 76, ano 8, janeiro, 1999, p.5.
WWW.EDITORADINCE.COM.BR