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Organização:
UNIVERSIDADE
DO MINHO
Construção Sustentável
Parque de Exposições de Braga
Braga, Portugal
19 de Setembro de 2002
Editado por:
Saíd Jalali
Bruno Joel Silva
ii
(c) 2002 Universidade do Minho, Portugal
ISBN
iii
ÍNDICE
Construção Sustentável:
Novo Paradigma da Indústria da Construção……………………………….. 1
Saíd Jalali
iv
PREFÁCIO
v
Construção Sustentável:
Novo Paradigma da Indústria da Construção
Saíd Jalali1
1
Professor Associado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho
1
! Projectar para a desconstrução e reutilização de materiais e produtos no fim de
ciclo de vida da obra.
! Projectos mais flexíveis a fim de permitir novas utilizações sem a necessidade de
demolições e construções novas,
! Projectos e construções que incorporam o objectivo de sustentabilidade na
construção, substituindo progressivamente os projectos que somente visam a
segurança estrutural e estética.
! Projectar e construir com o objectivo de reduzir drasticamente o uso da energia na
utilização das construções.
2
Sustainable Construction In The Past And Today
Animal architecture
2
1
Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Eindhoven
3
3
(Re)new(ed) applications of
ecologically friendly and healthy
building materials actually show
opportunities and possibilities of a
new building culture. In spite of a
material reduction, there is an
architectural enrichment in
development. A few realised projects
of the author will be discussed.
4
Sustainable Construction Today And In The Future
Much intentional work is already done in order to construct sustainable. In the field of
research and policy, we find a lot of codices and rules to overcome or to help to overcome the
Housing Construction problem, which belongs to one of the world problems.
5
Building Knot model
Some new proposals for sustainable constructions will be briefly shown to prove the
possibilities and opportunities, what we have already. To inspire the further development and
the work and creativity of committed nonprofessionals and responsible experts, some
futuristic ideas will be presented.
6
ABOUT THE AUTHOR
Peter Schmid (1935) was born in Rome/Italy, but became an Austrian as well as
Dutchman. He followed most of his education in Vienna (Prof. Clemens Holzmeister) and
Salzburg (Prof. Konrad Wachsmann), later also in Germany (various planning methods) and
India (Paramahansa Yogeshwarananda).
Peter Schmid is amongst other positions in Peace Movements, the chairman/advisor of
the Executive Committee Peace Centre of his university. He co-founded the European and the
Global Network of Organisations for Environmentally-Sound and Healthy Building ECOHB,
the Association Integral Bio-logical Architecture (VIBA); he co-founded the Association of
Environmental Awareness and is a member of the International Association for Housing
Sciences IAHS, USA, and the International Association for Ecological Design (IAED),
Sweden/Hungary, and the Spiritual World Peace Congress in India. He gives lectures and
workshops on "Healthy and Environmental-Sound Building" and "Building on Peace" as well
as the MHP- “Method Holistic Participation” all over the world, mostly in combination with
research journeys.
Prof. Schmid received the Austrian "Ehrenkreuz für Wissenschaft und Kunst, 1.
Klasse" because of his efforts for Healthy and Ecological Building.
He was nominated on the list, independent of any party, for the European Parliament
in 1994. His biographical data appeared many times in various European’s and World’s Who
is Who’s and he has been proclaimed, and recognized as an Internationally Leading
Intellectual by the International Biographical Centre of Cambridge, England and the
American Biographical Institute. In 1998 he was designated as Distinguished World Citizen
by the Institute of Global Education at Portland, USA.
In 2000 he received a Dutch Royal Medal of Officer in the Order of Oranje Nassau for
his work on Sustainable Architecture and Peace in mondial context.
Together with his wife Gabriella Pa’l he runs a consultancy Research, Education,
Design in Science, Technology, Art for Sustainable Development and Peace.
7
Recuperação de Habitações Rurais Como Contributo
Para a Construção Sustentável
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Professor Auxiliar, Departamento de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior
2
Assistente Convidado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior
8
o sector devendo a informação para os decisores contemplar o conhecimento de indicadores
estatísticos relevantes, nomeadamente:
9
estão degradadas e a manutenção deste Património Cultural Particular deve ser considerado
como prioridade nacional.
No caso da Beira Interior de Portugal a situação ainda é mais grave chegando a atingir
os 46% de edifícios com mais de 31 anos e os 23.4% com mais de 56 anos. O número de
edifícios que ultrapassaram a vida útil previsível chega a ser superior a 25%.
10
Numa perspectiva mais global verifica-se que o índice de envelhecimento dos edifícios
de habitação portugueses apresenta valores preocupantes e são especialmente elevados na
faixa interior do país (ver Figura 3). É uma realidade estatística mas basta observar
atentamente o estado geral das povoações do interior e das zonas históricas das grandes
cidades para confirmar esta triste realidade.
Figura 3 – Índice de envelhecimento dos edifícios na Região Centro, Censos 2001. [2]
11
3. A HABITAÇÃO NA BEIRA INTERIOR (Norte e Sul) E COVA DA BEIRA
12
No Baixo Alentejo, Ribatejo e Algarve, predomina a aplicação do adobe, da taipa, do
tijolo (e mais tardiamente do bloco de cimento), da abobadilha, da caiação em paredes
exteriores, do revestimento dos tectos com caniço, do artístico rendilhado das chaminés, entre
outros aspectos. [3]
13
Figura 4 – Exemplos de habitação rural na Cova da Beira – Casa Típica do Paúl.
No Paul, uma aldeia que se situa na Cova da Beira a 12km da Covilhã, encontram-se
habitações rurais em que não foi empregue o granito aparelhado como material principal para
a sua construção. Nas imediações do leito da ribeira que ali corre encontram-se calhaus
rolados de granito (godos), de forma esférica ou ovóide e de grande dureza. Estes serviram
para construir as paredes, calçadas com pequenas lascas de xisto e consolidadas com a terra
barrenta vermelha que ali abunda, das habitações desta aldeia. Fracturavam os calhaus para
alisar os paramentos das paredes, que adquirem finalmente um paramento original, acentuado
ainda pelo emprego de lajes inteiras de xisto ou de granito, a formar os panos de peito das
janelas. A telha utilizada é a telha portuguesa ou de canudo e a madeira que constitui os
pavimentos e cobertura é o castanho ou o pinho, materiais abundantes na região.
Já na aldeia de Casegas, a 20km da Covilhã (próxima da aldeia do Paul), o material de
eleição para a construção é o xisto, existente em abundância nesses locais onde, devido à sua
constituição geológica, predominam terrenos xistosos muito antigos. Nestas habitações, a
estabilidade das paredes de xisto reforça-se com o emprego de vergas e de cunhais de granito
endentadas na alvenaria corrente. Apenas em alguns locais privilegiados é possível extrair de
uma peça de xisto uma pedra para um vão de porta ou de janela. Esta dificuldade impôs aos
construtores a utilização nesta zona de granito de grão fino. Embora o uso de granito seja o
mais generalizado para os vãos de janelas e portas observa-se também o uso de madeira em
substituição deste. Os telhados são de telha de canudo, pregada ao alto sobre uma armação de
madeira, dispondo-se pedras sobre elas evitando assim que o vento as desloque ou arranque.
14
Um outro exemplo de habitação rural na Cova da Beira encontra-se na aldeia de
Sobral de São Miguel. Nesta, a maioria das construções é em alvenaria de xisto (dominante na
composição geológica deste local) sendo a cobertura com lajes de ardósia. O xisto substitui o
granito como material de mais fácil aprovisionamento local, sendo o granito utilizado só nas
casas mais ricas da aldeia. O xisto é utilizado quase exclusivamente nas formas naturais de
extracção, em paredes de alvenaria, muito menos estáveis que as de granito, ou em coberturas
simples dos edifícios humildes, dispostas as lascas maiores sobre um varedo tosco de madeira.
As padieiras das portas e janelas são feitas de madeira sólida e duradoira, quase sempre de
castanho, madeira que com o correr dos anos acaba por dar um aspecto muito parecido com o
próprio xisto.
Feita uma visita prévia aos locais objecto de estudo desde logo se verificou tratar-se de
um conjunto de edifícios muito diversificado, com um baixo nível de qualidade construtiva e
de habitabilidade e por essa razão se decidiu criar uma metodologia de recolha de dados
orientada para a amostra objecto de estudo.
15
Figura 5 – Exemplos de habitação rural na Cova da Beira – Casa Típica de Casegas.
16
Pretende-se com esta ficha auxiliar que a análise seja rigorosa e tecnicamente fundamentada,
evitando-se apreciações subjectivas. Trata-se, pois, de uma ficha essencialmente técnica e
como tal o seu preenchimento deve ser feito por pessoal qualificado e tecnicamente
informado.
Efectuada a recolha dos elementos necessários o tratamento dos dados foi sintetizado
em dois documentos principais: uma ficha de análise individual e uma ficha de análise global
do conjunto de habitações. Com a criação destas fichas, pretendeu-se, para o Projecto em
causa, fornecer aos responsáveis um documento de trabalho que permitisse a tomada de
decisões de intervenção.
Trata-se de uma 1ª triagem das anomalias detectadas como objectivo de ser efectuada
uma intervenção imediata, sempre que estiver em causa a segurança de pessoas e bens ou não
estiverem garantidas as condições mínimas de habitabilidade/utilização. Na sua concepção
estabeleceram-se de forma clara indicadores de alerta para os decisores. Estes indicadores de
alerta foram organizados em 4 níveis, que reflectem o grau de gravidade das condições
encontradas em cada edifício, por ordem decrescente de importância:
Nesta segunda análise foi fornecida uma informação gráfica do estado de conservação
do edifício, de acordo com 3 tipos de avaliação: Nível de qualidade do exterior, Nível de
qualidade exterior e estrutural e Nível de qualidade global (exterior, estrutural e interior).
17
Os resultados apresentados resultaram da ponderação dos elementos recolhidos na fase
de inspecção e diagnóstico. Os factores de ponderação foram estabelecidos de forma
experimental, tendo em conta o número de elementos a inspeccionar e as consequências de
alguns problemas construtivos na evolução do estado de conservação e comportamento global
do edifício. Sublinha-se a importância e as consequências dos problemas da cobertura, da
drenagem de águas pluviais e das condições estruturais na evolução do estado de degradação
dos edifícios, como fundamento para a atribuição de maior peso relativo.
Como se pode verificar esta análise é progressiva, tem em conta os elementos
anteriormente recolhidos e depende da possibilidade ou não de visitar o interior do edifício.
Nesta impossibilidade analisa-se sempre a situação exterior do edifício.
18
5.2 Resultados Obtidos
19
Apresentam-se algumas ideias, como conclusão deste trabalho, para que a investigação
e intervenção na reabilitação das habitações rurais seja realizada numa perspectiva de
Construção Sustentável:
vi. Melhorar o conforto higrotérmico destas habitações deverá ser uma das principais
prioridades de investigação e intervenção.
vii. Dever-se-á estudar novas soluções para aumentar a resistência térmica de
pavimentos térreos, paredes de alvenaria e coberturas de madeira. Soluções que
naturalmente deverão ser económicas para serem adoptadas pela população rural e
adequadas ao tipo de construção. Estudar a combinação destas com os sistemas de
aquecimento tradicionais e com novas soluções de aquecimento, mais ecológicas e
de energia renovável (particularmente a energia geotérmica e solar).
viii. Estudar novas soluções construtivas e arquitectónicas para que as perdas de calor
tenham menor importância, por um lado e, por outro lado que a inércia térmica, e os
ganhos solares sejam melhorados, nomeadamente com maiores aberturas a Sul.
ix. Tirar partido da existência de árvores do ambiente rural para ventilar e arrefecer as
habitações deverá ser também um tema a estudar e desenvolver.
x. Estudar soluções para reabilitar as habitações de modo a impedir a penetração de
água através das coberturas, paredes e pavimentos, de forma durável, em particular
para eliminar a humidade ascensional e os problemas de infiltrações nas caixilharias
de janelas e portas, muito comuns neste tipo de habitações.
xi. Promover a utilização dos materiais tradicionais, tanto quanto possível, nas soluções
de reabilitação.
xii. Actuar com cuidado na demolição. Muitas habitações rurais poderão vir a ser
demolidas, dado o seu estado avançado de deterioração. Dever-se-á por este motivo
promover a existência de infra-estruturas adequadas, nestes Concelhos, para a
valorização dos resíduos gerados por estas demolições. [7]
xiii. Estudar soluções para separar os resíduos produzidos durante as demolições e
efectuar o seu armazenamento de acordo com a sua origem. Usar técnicas de
desconstrução e desmontagem em vez de efectuar demolições massivas. [7]
xiv. Proibir a incineração de resíduos de obra ou a deposição de substâncias
contaminantes nas redes gerais de saneamento e ainda controlar as emissões nocivas:
ruído, poeiras, água (fugas ou águas residuais), etc. para minimizar o impacto
ambiental na fase de demolição.[7]
xv. Executar obras de reabilitação com cumprimento de obrigações, regulamentos e leis
ambientais aplicáveis, garantir a tomada de medidas de segurança e saúde previstas
nas normativas aplicáveis e efectuar as acções de controlo de qualidade necessárias
para garantir uma boa qualidade final.
xvi. Dispor de pessoal especializado nos trabalhos de aplicação de sistemas construtivos
pré-fabricados ou industrializados para garantir o seu bom funcionamento e
durabilidade.
xvii. Planear e controlar a execução da obra de forma a evitar desperdício de produtos.
xviii. Aproveitar a existência de materiais de demolição e resíduos pétreos triturados para
realizar trabalhos de drenagem ou sub-base de pavimentos. Separar os resíduos
produzidos durante as demolições e efectuar o seu armazenamento em contentores
diferentes de acordo com a sua origem. [7]
xix. Respeitar o ambiente rural, obrigando os empreiteiros a declarar o volume de
resíduos produzidos e especificar o seu destino final, como forma indirecta de
promover nas empresas de construção a eliminação de desperdícios, a gestão
20
adequada dos resíduos produzidos em obra e evitar a deposição de resíduos em
vazadouros sem controle.
xx. Promover a utilização de equipamentos e elementos auxiliares de execução de obras
reutilizáveis com baixos níveis de emissão de gases ou ruído e controlar as emissões
nocivas: ruído, poeiras, água (fugas ou águas residuais), etc. para minimizar o
impacto ambiental na fase de execução de obras.
xxi. Evitar a aplicação ou produção de resíduos de materiais de obra potencialmente
perigosos: produtos de soldadura, mástiques à base de betume ou amianto,
preservantes de agentes biológicos (germicidas, antioxidantes, creosoto), pinturas e
vernizes (resíduos), pinturas à base de chumbo, produtos químicos diversos
(anticorrosivos, fungicidas, insecticidas, solventes, diluentes, ácidos, abrasivos,
detergentes, etc.). [7]
7. REFERÊNCIAS
21
Reabilitação de Estruturas de Betão Armado
J. B. Aguiar1
Universidade do Minho, Departamento de Engenharia Civil
Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães, Portugal
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
1
Professor Associado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho
22
processando-as sem impacto ambiental excessivo;
! utilizar a energia de forma económica no processo construtivo;
! tornar duráveis ou versáteis as estruturas de forma a poderem estar ao serviço
efectivamente 100 anos ou mais, ou quando o seu tempo de vida seja necessariamente
mais curto, possam ser consideradas como um elemento dentro de um plano de
utilização a longo prazo;
! adaptabilidade, de tal forma que os elementos de uma estrutura possam ser convertidos
ou ampliados para ter em conta futuras alterações de utilização e de tecnologia;
! facilidade de demolição, quando a estrutura finalmente se tornar redundante, de tal
forma que os materiais possam ser reciclados e que o local possa ser adaptado para
outra utilização ou devolvido a um estado semi-natural.
23
2. MATERIAIS EXISTENTES
! monocompostos
- o polímero apresenta-se na forma de pó, misturado com o ligante hidráulico.
Junta-se no estaleiro a água necessária.
! bicompostos
- o componente A contém o polímero e a água necessária à hidratação do
cimento;
- o componente B contém o cimento, a areia e os inertes finos, assim como
adições eventuais: fibras, fumos de sílica, etc.
24
granular contendo o cimento e cargas finas. O cimento reage quando da mistura com a água
das emulsões A e B. Admite-se que os cristais formados quando da hidratação do cimento se
instalem ao longo da cadeia formada pela reacção do sistema epoxídico.
Dada a grande variedade de materiais existentes, o primeiro problema que se põe é o
da escolha do material ou materiais mais adequados. Para isso é necessário ter em
consideração por um lado as características dos materiais e as acções às quais está submetida
a zona da estrutura a reabilitar.
A escolha dos materiais depende principalmente do seguinte:
25
Efeito passivante +++ 0 (4) 0 (4) ++/+++
Módulo de elasticidade Elevado médio baixo Médio
Compatibilidade térmica +++ (5) + (5) + (5) ++ (5)
Resistência à abrasão ++ (6) +++ (6) ++ (6) ++ (6)
Resistência à penetração de ++ +++ (7) +++ (7) ++
líquidos sob pressão
Fluência a 20 ºC Baixa média elevada Média
Fluência a 50 ºC baixa elevada elevada Média
Retracção média baixa baixa Média
Notas:
1. Nas obras de arte, a maior parte dos materiais à base de ligantes hidráulicos
efectivamente utilizados são os LHM. Os LHA são, pelo contrário, muito
utilizados em edifícios.
2. Caso o suporte seja muito alcalino, pode ser necessário utilizar um primário
apropriado o que convém verificar junto do fabricante.
3. Os poliuretanos podem utilizar-se sobre suporte húmido com um primário
apropriado.
4. Para obter o efeito passivante, é necessário utilizar um primário (passivante).
5. A compatibilidade térmica é desejada no caso presente para argamassas com
espessura > 2 cm. Trata-se da capacidade de acompanhar as deformações térmicas
do betão.
6. A comparação da resistência à abrasão é indicada supondo que os inertes são
idênticos para todos os tipos de materiais.
7. A percentagem em peso de resina tem que ser pelo menos de 20 %.
26
Capacidade de aplicação vertical para cada tipo utilizar materiais tixotrópicos
Facilidade de limpeza + +++ +++ ++
Compatibilidade com o material O problema deve ser estudado caso a caso
antigo
Resistência às agressões químicas + +++ ++ ++
Resistência aos UV +++ + ++/+++ ++
Resistência aos ciclos gelo- ++ +++ +++ ++
desgelo
Rapidez de colocação em serviço ++ +++ ++ ++
Baixo custo +++ + + ++
Notas:
14 cm
S istem a
epoxídico
9 cm
3 0 cm
27
quantidade de carga mineral incorporada no sistema epoxídico. Utilizaram-se quatro
granulometrias diferentes de uma carga calcária e de uma carga siliciosa (Quadro 3).
Verifica-se (Figs. 3 e 4) que existe uma dosagem óptima de carga mineral que conduz
a um máximo de resistência e aderência. Este óptimo varia segundo a natureza da carga
mineral, a sua granulometria e o sistema epoxídico experimentado.
Peça metálica
Betão
e
(16 + e) cm Sistema epoxídico
Secção de colagem
2
S = 50,3 cm
Betão
8 cm
28
4. TÉCNICAS DE REABILITAÇÃO
Cargas ultrafinas
% de carga
Cargas finas
% de carga
Cargas ultrafinas
% de carga
Cargas finas
% de carga
29
Fig. 5 – Aplicação de pasta de celulose embebida para funcionar com electrólito num trabalho
de dessalinização electroquímica.
30
Fig. 8 – Reconstituição da secção da parede de um
silo com betão projectado.
31
Fig. 11 – Reforço de uma viga de betão armado com chapas.
32
Fig. 14 – Cosimento de fissuras.
33
metades dos provetes que resultaram dos ensaios de flexão três pontos (Fig.15), efectuados 28
dias após o fabrico da argamassa. A cola aplicou-se nas superfícies de rotura da argamassa.
Estas superfícies são boas para colar porque têm elevada rugosidade. Para as colagens
argamassa endurecida/chapa de aço utilizámos provetes inteiros.
4 cm
10 cm
Resina
epoxídica
4 cm
Argamassa endurecida
16 cm
34
Resina
epoxídica
4 cm
Argamassa endurecida
Resina epoxídica
4 cm
Chapa de aço
10 cm
16 cm
35
endurecida – Resina 2
Argamassa 6.17 6.49
endurecida/argamassa fresca –
Resina 1
Argamassa 6.17 6.08
endurecida/argamassa fresca –
Resina 2
Para a análise da aderência é importante registar, para além da carga de rotura dos
provetes, o tipo de rotura. Os resultados dos ensaios apresentam-se nas figuras 19 a 21. A
tensão de aderência para cada temperatura é a média das resistências à flexão de três provetes.
10
8
Aderência (MPa)
6 Resina epoxídica 1
4 Resina epoxídica 2
0
0 50 100 150 200
Tem peratura (ºC)
10
8
Aderência (MPa)
6 Resina epoxídica 1
4 Resina epoxídica 2
0
0 50 100 150 200
Tem peratura (ºC)
36
20
Aderência (MPa)
15
Resina epoxídica 1
10
Resina epoxídica 2
5
0
0 50 100 150 200
Tem peratura (ºC)
4 cm
10 cm
16 cm
5. CONCLUSÕES
Com vista à boa execução dos trabalhos de reabilitação de estruturas de betão armado
é importante a escolha da técnica mais adequada. As várias técnicas de reabilitação utilizam
materiais próprios cuja selecção cuidada é igualmente fundamental. Apresentaram-se alguns
dos materiais existentes, bem como as suas principais propriedades, por forma a auxiliar na
tarefa de escolha do material que melhor se adapta à reabilitação a efectuar. As principais
técnicas de reabilitação foram também apresentadas.
A importância da formulação das resinas epoxídicas foi destacada através da
apresentação de um estudo sobre a sua aderência a betão húmido. Para que a aderência entre
betão húmido e resinas epoxídicas seja boa é muito importante a incorporação de uma carga
siliciosa ou calcária. A quantidade e a granulometria da carga mineral influenciam a
aderência. Existe uma dosagem óptima de carga conduzindo a um máximo de aderência.
Uma das propriedades menos boas das resinas epoxídicas é a sua resistência a
temperaturas elevadas. Apresentámos um estudo em que diferentes colagens com resinas
epoxídicas foram submetidas a temperaturas até 200 ºC. Os resultados mostraram que as
resistências térmicas definidas como as temperaturas mais elevadas que as colagens suportam
mantendo a rotura na argamassa, variam entre 100 e 150 ºC. Apesar de os valores de
resistência térmica obtidos não serem muito elevados, são suficientes para as condições
normais existentes nas construções. Devem utilizar-se sistemas de protecção quando se
37
aplicam estas colas em locais com elevadas temperaturas ou em construções com risco
elevado de incêndio.
6. REFERÊNCIAS
[1] Carpenter, T. G. – Issues and options for construction. Environment, construction and
sustainable development, Vol. 2, Sustainable civil engineering, John Wiley & Sons,
Chichester, Inglaterra, 2001, pp. 311-322.
[2] Aguiar, J. B. – Aderência entre betão húmido e resinas epoxídicas, 43º Congresso
Brasileiro do Concreto, Foz do Iguáçu, Brasil, 18-23 Agosto 2001.
[3] Aguiar, J. B. e Pimenta, T. J. - Influência de temperaturas elevadas no desempenho de
colagens com resinas epoxídicas, Congresso Nacional da Construção, Construção 2001,
Lisboa, 17-19 Dezembro 2001, p. 391-397.
[4] Mendis, P. – Commercial applications and property requirements for epoxies in
construction. Repair and rehabilitation of concrete structures, ACI Seminar Course Manual
16, 1987, pp. 241-247.
[5] American Concrete Institure - Use of epoxy compounds with concrete. Reported by
Committee 503, ACI, Michigan, 1990.
[6] Laboratoire Central des Ponts et Chaussées - Choix et application des produits de
réparation et de protection des ouvrages en béton. Guide technique, Paris, 1996.
[7] Féderation Internationale de la Précontrainte, FIP - Repair and strengthening of concrete
structures. Reported by Commission on Practical Construction, Thomas Telford, London,
1991.
[8] Association Française de Normalisation, AFNOR - P 18-871, Produits spéciaux destinés
aux constructions en béton hydraulique. Produits pour collage structural entre deux éléments
en béton. Essai de traction directe sur cylindre scié et reconstitué. Paris, 1993.
[9] Kinloch A. J. - Durability of structural adhesives. Applied Science Publishers, London,
1983.
[10] European Committee for Standardisation, CEN - EN 196-1, Methods of testing cement;
Determination of strength. 1987.
38
O Betão Hidráulico e o Ambiente
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. ENQUADRAMENTO
1
Engenheira Química, Investigadora Principal no Departamento de Materiais de Construção do LNEC;
2
Engenheiro Civil, Especialista em barragens de betão pelo LNEC;
39
Seguiu-se-lhe no Rio de Janeiro em 1992, a “Cimeira da Terra”, onde se assentou que
a degradação crescente do ambiente era devida ao tipo de produção e consumo não
sustentáveis e a reunião de Quioto, cujas conclusões estão ainda longe de ter
internacionalmente generalizada aplicação prática. Este ano sucede-lhes a reunião de
Joanesburgo.
Já em 1985 a Resolução do Conselho das Comunidades Europeias nº 85/C136/01 de 7
de Maio estabelecia uma “Nova Abordagem” na harmonização da normalização de produtos,
que consistia fundamentalmente no estabelecimento de exigências essenciais que os produtos
deviam satisfazer para poderem ser comercializados, a fixar em cada Directiva do Conselho
respeitante a produtos, referindo “exigências essenciais de segurança” e, duma forma menos
precisa, “outras exigências de interesse geral”.
Na sequência desta orientação, os produtos da construção foram objecto da Directiva
do Conselho nº 89/106/CEE de 21/12/1988, conhecida pela Directiva Produtos da Construção
(DPC), que estabelece que as obras de construção – e não os produtos – devem satisfazer as
seis Exigências Essenciais seguintes:
40
! emissão de radiações perigosas
! poluição ou contaminação da água ou do solo
! defeitos de esgoto de águas, fumos ou dejectos sólidos ou líquidos
! presença de humidade em partes da obra ou sobre as superfícies interiores da obra”.
1º - Quando estabelece que a exigência essencial deve ser cumprida com uma
probabilidade aceitável durante um período de vida útil economicamente razoável das
obras.
De modo a evitar futuros danos no ambiente, deve ser tida em conta uma avaliação dos
produtos de construção para todo o ciclo de vida. De acordo com o âmbito de aplicação da
DPC, este Documento refere-se apenas “às obras em utilização”. Para as outras fases do ciclo
de vida, cabe aos Estados Membros, na inexistência de legislação comunitária e no respeito
pelo Tratado de Roma, terem em conta a DPC e, sempre que considerem necessário,
41
prescrever exigências relativas a produtos da construção com o objectivo de limitar a
deterioração do ambiente.
42
obras de engenharia civil poliaromático
Libertação de outras substâncias perigosas
Enrocamentos para estruturas Libertação de substâncias perigosas
hidráulicas e outras obras de
engenharia civil
Balastro para caminho de ferro Libertação de substâncias perigosas
Fíleres para misturas betuminosas p/ Libertação de substâncias perigosas
estradas Fíleres para betões,
argamassas e caldas
Tabela 1
Produtos Propriedades
Adjuvantes para betões, argamassas Libertação de substâncias perigosas
e caldas de injecção
Adições para betões, argamassas e Emissão de radioactividade
caldas de injecção Libertação de substâncias perigosas
Fibras para betões, argamassas e Libertação de substâncias perigosas
caldas de injecção
Produtos para a reparação e protecção Permeabilidade ao vapor de água
do betão Permeabilidade à água
Libertação de substâncias perigosas
Tabela 2
43
No caso da emissão de radioactividade, verificou-se [ 1 ] que as cinzas volantes
portuguesas continham um teor de rádio da ordem de 190 Bq/kg (outros autores referem
valores entre os 85 e 360 Bq/kg).
O CEN/TC 104 tem aprovadas as seguintes partes das normas harmonizadas para
adjuvantes:
! EN 934 – 2: Adjuvantes para betão, para argamassas, para caldas de injecção. Parte 2:
Adjuvantes para betão – Definições, requisitos, conformidade, marcação e
etiquetagem.
! EN 934 - 4: Adjuvantes para betão, para argamassas, para caldas de injecção. Parte 2:
Adjuvantes para injecções de armaduras pré-esforçadas – Definições, requisitos,
conformidade, marcação e etiquetagem.
3.2 – Betão
Embora não haja ainda mandato para os betões, argamassa e caldas de injecção, foram
realizados, a coberto de um programa comunitário de investigação, ensaios interlaboratoriais
de lixiviação de betão endurecido[ 2 ] contendo cinzas volantes nas condições seguintes:
Tabela 3
44
actual neste campo foi recentemente publicado pela fib – Federação Internacional do betão
Estrutural, a propósito da reciclagem das plataformas marítimas de exploração petrolíferas [ 4 ]
e onde se põe a questão das grandes obras serem projectadas pensando na sua reciclagem
quando termina o seu tempo de vida útil.
45
Ao dar exemplos de alguns produtos, o Documento faz uma referência à
radioactividade nos produtos da construção, recomendando que a concentração de
radionuclidos seja medida e declarada na Marcação CE quando o valor for superior ao limite
estipulado (o que pode acontecer nas escórias granuladas de alto forno ou nos agregados
provenientes de fontes radioactivas, como minas de urânio). Este valor permitirá calcular a
dose anual efectiva de radiação para confronto com exigências regulamentares das obras.
Em Portugal, verificou-se[ 5 ] que esta questão tem alguma acuidade, com valores
médios da concentração de radão de 75 Bq/m3 a 125 Bq/m3 nas zonas graníticas da Beira
Interior e principalmente na Beira Alta, nomeadamente no Inverno devido á menor ventilação
das casas. No levantamento feito na década de 80 abrangendo 4200 habitações, mediram-se
valores entre cerca de 10 Bq/m3 a 3.000 Bq/m3 , os mais altos junto de minas de urânio.
Em fins de 1999, foi aprovado no CEN um projecto piloto com a duração de 2 anos
visando estabelecer um guia orientador das disposições normativas ambientais, de forma que
estas concorressem para a diminuição do impacto que cada produto tem sobre o ambiente
durante todas as fases de vida (produção, distribuição, uso e fim de vida). Este projecto
respondia às preocupações do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu quando decidiram
“reforçar a integração dos aspectos ambientais na estrutura das normas industriais”.
1. Identificação dos aspectos ambientais do produto usando uma matriz, constituída por 9
aspectos ligados ao ambiente (uso dos recursos, consumo de energia, emissão para o
ar, emissão para a água, resíduos, ruído, migração de substâncias perigosas, impactos
no solo, riscos para o ambiente de acidentes ou uso incorrecto) e 4 aspectos ligados ao
ciclo de vida (produção, distribuição, uso e fim da vida) e considerando ainda que a
reciclagem e a durabilidade estão contidos no 1º, 2º e 5º aspectos;
2. Selecção dos aspectos que podem realisticamente ser influenciados pelas normas;
3. Incorporação de exigências normativas para considerar os aspectos seleccionados;
4. Documentação dos resultados da avaliação dos aspectos ambientais num anexo
informativo.
46
5. A AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA
Tabela 4
Tradicionalmente, a escolha dos produtos tem sido dominada pelo preço inicial, mas
começa a considerar-se a importância do desempenho a longo prazo e os custos do uso e
manutenção durante a vida das construções. Dois aspectos têm merecido atenção especial – a
energia envolvida nesta visão global e o inventário dos impactes ambientais.
Assim, têm-se desenvolvido várias metodologias para abordagem da avaliação do
ciclo de vida dos produtos[ 4, 7 ]. Numa delas[ 7 ], aplicou-se a norma ISO 14040, 1996:
47
“Environmental Management – Life cycle assessment – Principles and guidelines” a 4
produtos da construção (dois deles para pavimentação, um em PVC e o outro em betão) com
vista a desenvolver um método para avaliação dos maiores impactes ambientais dos materiais
de construção. Concomitantemente, pretende-se fornecer um guia que ajude a industria a
desenvolver produtos mais amigos do ambiente e os projectistas a projectar edifícios com
iguais características, reduzindo os impactes dos produtos da construção sobre o ambiente em
todos as fases do seu ciclo de vida, desde “o berço à tumba”.
O Parlamento Europeu[ 8 ] incitou a Comissão Europeia a no 6º Programa de Acção
Ambiental com a duração de 10 anos “quebrar a ligação entre desenvolvimento económico e
impacto ambiental negativo”, prometendo a Comissão que iria enfatizar as metodologias de
avaliação do ciclo de vida, a Política Integrada dos Produtos e o desenvolvimento dos
“produtos amigos do ambiente”.
6. CONCLUSÃO
7. REFERÊNCIAS
48
Betão de Desempenho Melhorado Com Recurso a Cinzas Volantes
Aires Camões1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
1
Assistente, Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho
49
O BED tem demonstrado ser uma alternativa viável ao betão convencional,
especialmente em obras especiais. No entanto, os BED são, em geral, produzidos recorrendo a
materiais constituintes de elevada qualidade, o que provoca um aumento considerável do seu
custo inicial e impede a generalização da sua utilização.
Neste contexto, foi desenvolvido este trabalho experimental com o objectivo de avaliar
a possibilidade de produzir BED de custo reduzido recorrendo a quantidades substanciais de
substituição de C por CV e utilizando agregados britados, permitindo, assim, diminuir as
consequências adversas associadas a elevados consumos de C e à extracção de agregados,
designadamente de areias, do leito dos rios, estuários e costa marítima.
2.1. Agregados
50
Tabela 1 – Composição química e principais propriedades físicas do C e das CV
C CV
SiO2 (%) 19.71 42.16 – 58.46
Al2O3 (%) 5.41 21.04 – 32.65
Fe2O3 (%) 3.34 3.51 – 9.13
CaO total (%) 61.49 1.67 – 9.18
MgO (%) 2.58 0.65 – 2.59
SO3 (%) 3.22 0.22 – 1.04
cloretos (%) 0.01 0.00 – 0.06
CaO livre (%) 0.81 0.00 – 0.12
perda ao fogo (%) 2.52 5.60 – 9.28
resíduo insolúvel (%) 1.94 ––
massa específica (kg/m3) 3150 2360
superfície específica de Blaine (m2/kg) 358.4 387.9
finura (%) 1.7 (> 90 µm) 14.1 – 31.6 (> 45 µm)
exigência de água 28.0 29.7
2.3. Superplastificante
51
Tabela 3 – Composição e trabalhabilidade dos betões
C CV AF AG B SL F
Betão A/L
(kg/m3) (kg/m3) (kg/m3) (kg/m3) (kg/m3) (mm) (mm)
400CV0 400 0 613.56 233.55 857.45 105 450
400CV20 320 80 591.96 262.38 878.58 210 485
0.40
400CV40 240 160 552.99 284.75 875.65 180 550
400CV60 160 240 503.44 300.96 855.01 205 535
500CV0 500 0 502.92 308.43 865.61 25 315
500CV20 400 100 461.85 334.01 869.82 105 395
0.30
500CV40 300 200 406.91 349.01 847.11 205 474
500CV60 200 300 364.24 373.70 848.70 230 550
600CV0 600 0 377.30 367.85 850.73 35 350
600CV20 480 120 326.57 399.51 856.01 125 365
0.25
600CV40 360 240 271.28 407.93 832.76 200 510
600CV60 240 360 223.26 421.23 824.23 230 530
De cada uma das composições produzidas foram extraídos provetes, que foram
mantidos numa câmara húmida durante cerca de 24 horas a uma temperatura de 21ºC e 80%
de humidade relativa. Decorrido esse período de tempo, os provetes foram desmoldados e
conservados imersos em água até à data de realização dos ensaios.
A influência das CV nas propriedades mecânicas dos betões foi avaliada por
intermédio de ensaios de resistência à compressão uniaxial, realizados sob controlo de
deslocamentos, em provetes cúbicos de 100 mm de aresta e em 6 idades distintas. Nas Figuras
1 a 3 apresentam-se os valores médios obtidos (fcm,cubo) no ensaio de 3 provetes, bem como as
curvas representativas do ajuste pelo método dos mínimos quadráticos desses mesmos
resultados recorrendo à equação hiperbólica (1), proposta por Carino [6] e Knudsen [7].
k (t − t 0 )
f c = f máx (1)
1 + k (t − t 0 )
Em que:
52
90.0 90.0
80.0 80.0
500CV20
70.0 70.0
500CV0
60.0 60.0
400CV0
50.0 50.0
400CV20
500CV60
40.0 400CV40 40.0
500CV40
30.0 400CV60 30.0
CV=0 CV=0
f c m, c ubo ( MPa)
f c m, c ubo ( MPa)
0.0 0.0
0 50 100 150 200 250 300 350 0 50 100 150 200 250 300 350
ida de (dias) ida de (dias)
600CV40
70.0
60.0
600CV60
50.0
40.0
30.0
CV=0
f c m, c ubo ( MPa)
20.0 CV=20%
CV=40%
10.0 CV=60%
0.0
0 50 100 150 200 250 300 350
ida de (dias)
53
! a evolução ao longo do tempo da fcm,cubo, é tanto mais lenta quanto maior for a
quantidade de C substituída por CV, consequência da morosidade da reacção
pozolânica das CV;
! a composição 500CV40 apresentou um desenvolvimento de fcm,cubo ao longo do tempo
atípico, bastante aquém do esperado. Tal comportamento foi posteriormente
identificado como afecto a deficiências na amassadura ou na cura. Ensaios
complementares realizados em provetes cilíndricos comprovaram que a evolução
relativa da resistência à compressão ao longo do tempo de 500CV40 foi semelhante à
apresentada para a mistura 600CV40.
R T L x d − α x d
D ns = (1)
Z F ∆E t
Sendo:
RTL 2c
α=2 erf −1 1 − d (2)
Z F ∆E c0
Onde:
54
Para cada composição foram sujeitos a ensaio 6 provetes com 100x100x50 mm3, com
uma idade de aproximadamente 1 ano. Os resultados médios obtidos (Dnsm) apresentam-se na
Figura 4.
20.0
3
L = 400 kg/m
18.0 3
L = 500 kg/m
3
16.0 L = 600 kg/m
14.0
12.0
10.0
8.0
m /s)
6.0
2
-12
4.0
D ns m (1 0
2.0
0.0
0 20 40 60
CV /L (%)
A resistividade eléctrica dos betões produzidos (ρ) foi aferida recorrendo aos valores
da intensidade de corrente inicial do ensaio CTH e por intermédio da utilização da lei de Ohm.
55
Os valores médios determinados (ρm), resultantes do ensaio de 6 provetes, apresentam-se na
Figura 5.
2000.0
3
L = 400 kg/m
3
L = 500 kg/m
3
1500.0 L = 600 kg/m
1000.0
500.0
ρ m (Ωm )
0.0
0 20 40 60
C V/L (%)
56
0.18
3
L = 400 kg/m
3
L = 500 kg/m
3
0.16 L = 600 kg/m
0.14
0.12
)
0. 5
S m (kg/ m /m in 0.10
2
0.08
0 20 40 60
CV /L (%)
4. CONCLUSÕES:
57
O comportamento mecânico das composições com 60% de CV afastou-se do das
restantes. No entanto há que realçar a apreciável resistência à compressão obtida com esta
dosagem de CV nas idades mais avançadas. A composição 500CV60 (C = 200 kg/m3)
alcançou cerca de 60 MPa aos 90 dias de idade e a composição 600CV60 (C = 240 kg/m3)
aproximadamente 65 MPa, o que permite classificar estas composições como dotadas de bom
desempenho económico.
A durabilidade das composições estudadas foi avaliada através da realização de 3
ensaios distintos. Estes ensaios foram seleccionados devido à sua aceitação generalizada para
caracterizar a durabilidade dos betões. A totalidade dos ensaios aponta para uma melhoria do
desempenho das composições com CV. No entanto, a quantidade óptima de substituição de C
por CV dependeu do ensaio realizado. Enquanto que nos ensaios de resistividade eléctrica o
melhor desempenho foi obtido com CV = 40%, os restantes indicam uma tendência para a
melhoria da durabilidade com a adição de CV, mas não apontam claramente uma dosagem
óptima de CV.
O ensaio de migração de cloretos mostrou sensibilidade relativamente à qualidade dos
betões fabricados sem CV, mas os seus resultados foram praticamente independentes da
quantidade de C substituída por CV e mesmo da dosagem de L nas composições produzidas
com CV. Situação contrária foi detectada na resistividade eléctrica, cujo ensaio não se
mostrou capaz de distinguir as diferentes composições de controlo fabricadas. Contudo, este
ensaio reflectiu claramente a influência da quantidade de L empregue e da percentagem de
substituição de C por CV nas misturas onde esta adição mineral foi incluída.
Os resultados obtidos no ensaio de resistividade eléctrica indicam que a quantidade
óptima de substituição de C por CV deve ser próxima de 40%. Este aspecto pode ser
justificado devido ao facto de, para percentagens superiores de CV, a quantidade de hidróxido
de cálcio disponibilizado pela hidratação do C não ser suficiente para reagir com uma parte
significativa das CV que, assim, participam na mistura de forma semelhante à de uma areia
fina.
O ensaio de absorção de água por capilaridade mostrou-se dependente da dosagem de
L dos betões estudados e, também, evidenciou alguma sensibilidade relativamente à
quantidade de CV presente nas misturas.
5. AGRADECIMENTOS:
6. REFERÊNCIAS:
[1] NP EN450 1995, Cinzas volantes para betão, definições, exigências e controlo da
qualidade, Instituto Português da Qualidade, Fevereiro de 1996;
[2] Camões, A. et al., Low cost high performance concrete using low quality fly ash,
ERMCO98, 12th European Ready Mixed Concrete Congress, Lisboa, Junho de 1998, p.478-
486;
[3] Rocha, P., Betões de elevado desempenho com recurso a materiais e processos correntes,
Tese de Mestrado, UM, Outubro de 1999;
58
[4] Bogue, R. H., Chemistry of Portland cement, Reinhold, Nova Iorque, 1955;
[5] Faury, J., Le Béton, Editions Dunod, Paris, 1958;
[6] Carino, N. J., The maturity method: theory and application, Cement, Concrete and
Aggregates, ASTM, Volume 6, Number 2, Winter 1984, p.61-67;
[7] Knudsen, T., On particle size distribution in cement hydration, Proceedings of the 7th
International Congress on the Chemistry of Cement, Editions Septima, Paris, Volume 2, 1980,
p.I-170-175;
[8] Luping, T., Chloride Transport in Concrete – Measurement and Prediction, Tese de
Doutoramento, Chalmers University of Technology, Gotemburgo, Suécia, 1996;
[9] Gjørv, Odd E., Service life of concrete structures and performance-based quality control,
International Workshop on Innovations in Concrete Materials, Whistler, Canada, Junho 2001;
[10] LNEC 393, Betões – determinação da absorção de água por capilaridade,
Documentação normativa, especificação LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Lisboa, Maio de 1993;
[11] Browne, R. D., Field investigations: site & laboratory tests: maintenance repair and
rehabilitation of concrete structures, CEEC, Lisboa, 1991.
59
Geopolímeros
RESUMO
1. INTRÓITO
1
Prof. Auxiliar Convidado, UTAD, Vila Real
2
Aluno de Engiª.Civil UTAD, Vila Real
60
! sais de ácidos fortes do tipo Na2SO4, CaSO4.2H2O
! sais de ácidos fracos do tipo R2CO3, R2S ou R2F
! e ainda sais silicatados de composição R2 (n)SiO2
61
Fig. 2 – Superfícies de fractura
Decorre do que fica dito, que enquanto os betões com ligantes do tipo Portland exigem
a selecção cuidada dos agregados, sujeitando-os a uma curva granulométrica apertada e
envolvendo condições de fabrico muito específicas, os betões alcalinos (geopoliméricos)
dependem pouco da composição granulométrica dos materiais, pois que reagindo com eles,
acabam por formar uma pasta mais uniforme, mais coesa e onde a matriz cimentícea constitui
o factor essencial do comportamento mecânico. É possível por isso trabalhar com materiais
“sujos”, com teores em argila ou pó de até 20% [5], o que abre consideravelmente o leque dos
materiais utilizáveis e atenua de modo muito significativo a pressão exercida sobre o ambiente
na exploração continuada de recursos pétreos em pedreiras.
62
Do ponto de vista químico importa dar alguma atenção à constituição dos alumino-
silicatos.
Foi graças aos trabalhos de W.L.Bragg e M.Laue sobre a utilização dos Raios X e das
suas propriedades, que a partir de 1912 se começou a conhecer em pormenor a estrutura
interna dos minerais. Verificou-se então que na sua maioria os minerais são compostos
cristalinos, ou seja, à escala molecular estão formados por planos e faces muito bem definidas
que têm a propriedade de dispersar os raios X e produzir padrões de interferência que são
característicos de cada composto ou grupo químico.
Um Si = 4+
Quatro O= 8-
Tetraedro Si - O
Apesar de todos os estudos já feitos sobre a estrutura electrónica dos silicatos, ainda se
está longe de um conhecimento profundo da natureza da ligação Si-O [6]. Certos autores
atribuem a esta ligação um carácter simultaneamente iónico e covalente, tendo ambos os
modelos um particular interesse na explicação das propriedades químicas e estruturais dos
silicatos. Todavia a maioria dos autores confere a esta ligação um marcado carácter covalente.
Num ambiente fortemente alcalino, que promove numa primeira fase a dissolução da
sílica por destruição das ligações covalentes e, digamos assim, a individualização dos aniões
tetraédricos [SiO4]4-, formam-se condições para uma coagulação muito rápida entre estes e os
63
aniões [AlO4]5- que passam a ligar-se alternadamente, compartilhando todos os oxigénios dos
vértices [7]. A abundância relativa da sílica e alumina presentes no precursor geopolimérico
dita o tipo de matriz espacial que é obtida. A Fig.4 mostra as três estruturas de repetição
(monómeros) que são obtidas consoante as razões atómicas Si/Al são de 1:1, 1:2 ou 1:3. É
visível no esquema representado (o de um poli-sialato siloxo) a presença de catiões de
potássio K+, cuja origem está no activador que promove o meio alcalino e que têm como
finalidade a compensação das cargas eléctricas do ião alumínico.
3. PRECURSORES GEOPOLIMÉRICOS
64
condições, é necessário sujeitar o caulino a uma fase prévia de tratamento térmico no sentido
de promover a desidroxilação e a alteração da coordenação do alumínio.
A desidroxilação inicia-se mal se eleva a temperatura, mas até cerca dos 400-450ºC ela
é reversível, isto é, se se juntar água, voltamos a ter novamente caulino com recuperação da
coordenação octaédrica por parte do alumínio. Porém, a partir dos 450-500ºC a perda dos
hidroxilos é irreversível e obtém-se entre essas temperaturas e os 950ºC um material de
estrutura amorfa ou semi-cristalina, de carácter vincadamente pozolânico a que chamamos
metacaulino. Este material é dotado de uma grande reactividade.
Depois dos 950ºC e nalguns casos mesmo um pouco antes, começam a verificar-se
fenómenos de recristalização, com formação de γ-alumina, espinela e mulite. A maiores
temperaturas dá-se a formação de cristobalite, que é um isomorfo da sílica. Nestas fases
cristalinas perde-se quase totalmente a capacidade reactiva do metacaulino.
A temperatura em que se obtém o maior grau de desorganização estrutural, ou seja a
mais elevada entropia, situa-se no intervalo 732º e 764ºC, tendo-se fixado por comodidade o
valor de 750ºC como a temperatura de referência [9]. Há já aqui um ganho substancial em
termos energéticos em comparação com a obtenção do clínquer do Portland onde são
necessárias temperaturas a rondar os 1500ºC.
O metacaulino é pois um material de partida, mas a reacção de Geopolimerização só se
verifica por acção de um activador alcalino: - normalmente um hidróxido alcalino (sódico ou
potássico) ou uma mistura de hidróxidos e silicatos alcalinos. Os mecanismos da reacção de
activação não são ainda perfeitamente conhecidos porque não se dispõe ainda de nenhum
processo de “congelar” a reacção em diferentes estádios, circunstância que permitiria
acompanhar o evoluir dos fenómenos reactivos. Assim, há um conjunto de teorias que
merecem algum consenso por parte dos principais investigadores e que se baseiam numa fase
inicial de dissolução da sílica por ataque do activador alcalino às ligações covalentes, seguida
de uma fase de coagulação iónica e a precipitação com poli-condensação dos monómeros já
formados. No final, o ião alcalino é recuperado, ainda que fique ligado à matriz para
compensar electricamente o déficit existente:
Si-O + R+ = Si-O-R
Si-O-R + OH- = Si-O-R-OH-
Si-O-R-OH- + Al3+ = Si-O-Al-O + H+ + R+
65
Sem grandes dificuldades e uma vez que se dominem as técnicas de manipulação
destes materiais é possível obter pastas com boa trabalhabilidade, que permitem a obtenção de
betões compactos, densos e com excelente acabamento (Fig. 5).
4. RESULTADOS E COMENTÁRIOS
A composição dos betões a que se faz referência neste estudo não foi estudada, como
se disse, por qualquer dos métodos tradicionalmente empregues na tecnologia dos betões de
cimento Portland (Faury, Bolomey, etc). Dado que a reacção principal envolve a combinação
química entre a pasta e os agregados, foram usadas como referência de composição as
seguintes razões, que não têm qualquer objectivo de garantia de compacidade :
∗
A utilização de materiais residuais como o das escombreiras das Minas de Jales, que têm constituído séria
ameaça ao ambiente, constituem também parte integrante do nosso trabalho, embora não seja o assunto aqui
abordado em mais pormenor.
66
muito acima do que é admissível num betão corrente em que se pretende uma garantia de
obtenção de razoável resistência mecânica.
Para comparação, são efectuados os mesmos ensaios sobre provetes de betão de iguais
dimensões. Os primeiros resultados feitos com ácido clorídrico a 37% de concentração
indicam que enquanto estes últimos se degradam significativamente (Fig.6), os betões
geopoliméricos registam perdas de peso da ordem de 12% .
67
a) b) c)
Os provetes uma vez retirados dos recipientes sofreram uma lavagem uniforme com
jacto de água durante exactamente 20 segundos, para retirada do material alterado e pesados.
Não foi feita qualquer secagem em estufa para não introduzir eventualmente qualquer outro
factor perturbador da comportamento dos materiais.
Paralelamente estão em curso ensaios de choque térmico, molhagem/secagem e ataque
salino em câmaras de envelhecimento, que visam quantificar o comportamento destes
materiais em meios de agressividade física. Os resultados ainda não estão disponíveis.
Foram feitos também dois ensaios cruciais com vista a aplicações em betões de
fundação: - a presa debaixo de água e a presa em condições reais com provetes enterrados no
solo a cerca de 50 cm de profundidade, sendo o solo regado todos os dias.
Ao fim dos 7 dias de duração do ensaio, os provetes foram retirados da água e do solo
e imediatamente ensaiados.
Em relação aos provetes testemunha, curados a seco, à temperatura ambiente e
envolvidos em filme de polietileno, verifica-se uma diferença mínima (para mais e para
menos) que está com certeza dentro do intervalo de variação dos resultados
Estes valores, dadas as condições em que foram obtidos, são muito promissores em
termos da aplicação prática destes materiais em betões de fundação, domínio em que as
condições de durabilidade dos betões são mais exigentes. De facto, betões em contacto
permanente com solos, onde os teores em sulfatos, cloretos e outros agentes químicos podem
68
ser elevados, além da possibilidade de variações frequentes dos níveis freáticos, estão sujeitos
a condições de agressividade muito superiores às que são correntes nos betões das
superestruturas. E destes, temos bom conhecimento do seu comportamento e da sua
durabilidade, pela simples razão de estarem à vista.
Também a aderência dos betões geopoliméricos ao aço de construção é de uma
importância crucial para as aplicações. E por isso, usando provetes de betão convencional,
com as mesmas dimensões e o mesmo tipo de armaduras, foram desenvolvidos ensaios de
arranque por tracção (Fig. 7).
Betão Gpmero > 6.6 MPa > 6.75 MPa > 5.48 MPa
_______________________________________________________
69
5. CONCLUSÕES FINAIS
Os estudos e ensaios sobre betões geopoliméricos estão ainda entre nós numa fase
embrionária. Pode perspectivar-se um amplo desenvolvimento das suas aplicações em vários
domínios da Engenharia Civil, em que seja necessário o tipo de desempenho que estes
materiais parecem evidenciar.
Pensamos que de um modo imediato este material pode ser usado em muros de suporte
e em fundações de todo o tipo pois não há dificuldade em conseguir que este tipo de materiais
endureçam debaixo de água, não parecendo verificar-se quebras de resistência significativas.
De um modo geral, e dado que o ganho de resistência destes materiais é
substancialmente superior ao que é conseguido com os ligantes convencionais, estamos
perante um quadro de redução global dos prazos de desmoldagem e de entrada das estruturas
em serviço, o que permite concluir as obras num prazo mais curto. Verifica-se por
conseguinte, uma economia de tempo que poderá compensar largamente os eventuais maiores
custos que a utilização destes materiais possa comportar.
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
70
Reciclagem De Resíduos Da Construção e Demolição
Investigação no IST
Jorge de Brito1
1. INTRODUÇÃO GERAL
71
Fig. 1 - Aspecto de agregados grossos obtidos após a trituração de elementos demolidos de
betão [1]
Uma vez que, à priori, os agregados reciclados têm características diferentes dos
naturais, como por exemplo uma certa quantidade de argamassa aderida à sua superfície, é de
extrema importância para a sua utilização a avaliação prévia das principais propriedades dos
produtos obtidos a partir de agregados reciclados.
É em dois campos principais que os impactes ambientais positivos do uso de
agregados provenientes da reciclagem dos RCD mais se fazem sentir:
Vários outros trabalhos de investigação relacionados com esta temática estão em curso
no Instituto Superior Técnico, se bem que ainda não existam resultados definitivos dos
mesmos.
72
Retomando um pouco o objectivo principal desta apresentação, ela focará os seguintes
aspectos principais:
Finalmente, deve ser referido que o presente documento se baseia de forma extensiva
nos seguintes:
Para cada um destes módulos, serão agora indicados objectivos, temáticas e estudos
parcelares necessários, sem haver a preocupação de os relacionar directamente com
investigação já em curso.
73
legislação que permita tornar atractiva esta actividade. Por um lado, são inexistentes ou pouco
expressivas as taxas ambientais sobre a extracção de agregados naturais, o mesmo se
passando em relação à imposição da reposição da paisagem na exploração das pedreiras. Por
outro, as taxas ambientais impostas no depósito em vazadouro de materiais susceptíveis de ser
reciclados não são suficientemente desencorajadoras dessa mesma prática, do que resulta que
os custos desse depósito são de longe os mais baixos da União Europeia. Finalmente, as
coimas aplicadas aos prevaricadores, cuja assinatura é bem visível à beira das estradas sob a
forma de montes de entulho, são débeis e, sobretudo, raramente são efectivamente aplicadas.
Assim sendo, a investigação sobre a política geral de gestão de resíduos deverá ter
duas componentes: a nacional e a municipal. Na primeira, deverão ser analisadas as seguintes
matérias:
! classificação dos resíduos (com identificação clara dos perigosos, relativamente pouco
comuns entre os RCD, e da forma de os separar e escoar; os RCD são, de um modo
geral, inócuos do ponto de vista de contaminação do ar, água e solo, mas não deixam
por isso de ser muito volumosos e danosos para a paisagem);
! benchmarking em termos de legislação comunitária em termos de exploração de
recursos naturais, aterros e reaproveitamento / reciclagem (países como a Dinamarca,
a Bélgica, o Reino Unido e a Alemanha têm implementada legislação neste domínio
que poderá servir de inspiração para o caso Português);
! análise e melhoramento da legislação nacional existente em termos de exploração de
recursos naturais (os agregados naturais são um recurso potencialmente escasso, não
são renováveis e as pedreiras são frequentemente uma agressão na paisagem; as taxas
ambientais sobre as pedreiras deverão ser um pouco agravadas e deverão ser mais
exigentes os procedimentos relacionados com a reposição da paisagem; a fiscalização
deve ser melhorada e as coimas por incumprimento agravadas; em relação às minas
actualmente abandonadas ou que o venham a ser no futuro, deve ser criada legislação
no sentido de se recorrer a RCD e outro tipo de resíduos inócuos na sua recuperação
paisagística, desde forma desviando o seu escoamento dos aterros);
! análise e melhoramento da legislação nacional existente em termos de aterros (os RCD
não têm constituído uma prioridade mas, também por isso, têm contribuído para o
esgotamento precoce de aterros de resíduos sólidos urbanos - RSU; é urgente a
implementação de legislação específica para os RCD e a criação de aterros específicos
para os mesmos, que tenham em conta as suas características; nestes aterros, não será
permitido a preço nenhum o depósito de materiais com taxas de reaproveitamento
superiores a determinados limites, os materiais recicláveis serão objecto de taxas
ambientais elevadas e, ao invés, os materiais não recicláveis serão aceites a preços
muito razoáveis);
! análise e melhoramento da legislação nacional existente em termos de
reaproveitamento / reciclagem (quase inexistente, esta legislação deverá no futuro
prever no caderno de encargos quotas mínimas de materiais reciclados dos RCD em
obras públicas - estradas mas também estruturas de betão e revestimentos cimentícios;
poderão ser previstos incentivos à implementação de quotas similares em obras
particulares; deverá ser potenciada ao máximo a valorização energética dos RCD); o
objectivo principal desta matéria e das duas anteriores é a preparação de propostas
legislativas exequíveis com valores concretos que, simultaneamente, não aumentem
excessivamente os custos directos da construção, maximizem o reaproveitamento dos
RCD e minimizem o seu depósito a vazadouro;
! criação de legislação extremamente gravosa para os produtores / poluidores, com
coimas dissuasoras de práticas de vazadouros ilegais;
74
! criação de uma “polícia do ambiente”, com a missão de detectar e punir todo este tipo
de situações; será necessária uma análise de viabilidade económica para que esta nova
força se pague a si própria.
Para viabilizar a reciclagem dos RCD, não é possível manter as actuais práticas da
indústria da demolição em Portugal, a chamada demolição indiferenciada, em que, à excepção
de determinados materiais com valor de venda conhecido e rentável (madeiras exóticas, ferro-
velho, algum equipamento, cantarias e outros), os produtos da demolição se misturam de tal
forma que se torna inviável economicamente separá-los. A demolição terá de passar a ser
selectiva, mais cuidadosa para permitir uma pré-selecção dos materiais, devendo ser objecto
de investigação visando os seguintes objectivos:
75
! análise das práticas correntes actuais em Portugal e no estrangeiro e das suas
perspectivas de evolução;
! análise das técnicas e equipamento de demolição existentes em Portugal e no
estrangeiro e da sua adequação à demolição selectiva em função do tipo e materiais de
construção mais correntes em Portugal;
! optimização da demolição para esses diversos tipos de construção (anterior ao betão e
posterior à implantação deste) nas várias vertentes: económica, ambiental, segurança,
prazo de execução, incómodo e taxa de reciclagem;
! elaboração de caderno de encargos tipo focando aspectos como: sequência de
demolição, equipamento a utilizar, práticas de obra, medidas de segurança e de
limitação de danos, ruídos e vibrações, técnicas de demolição preconizadas, local de
deposição dos RCD e seu escoamento, instalação ou não de central móvel de
reciclagem, remoção diferenciada de resíduos perigosos, etc.; em alternativa, pode
prever-se a elaboração de um guia para a demolição selectiva de edifícios;
! análise de casos de estudo (através de bibliografia ou de visualização directa);
! implementação de experiências piloto de demolição com o apoio das autoridades
municipais e de industriais do sector.
76
2.3. Fabrico de betões e argamassas
Os agregados reciclados a partir dos RCD podem apresentar-se, mesmo após alguma
triagem, sob diversas formas:
! finos e/ou grossos pétreos, resultantes da demolição de peças de betão não revestidas,
situação em que a sua utilização em vez de areia e brita natural fica mais facilitada;
! finos e/ou grossos resultantes da demolição de elementos de alvenaria cerâmica
(tijolos e telhas) não argamassados, semelhante à anterior ainda que com agregados
reciclados de diferente material;
! finos e/ou grossos resultantes da demolição de alvenaria cerâmica argamassada ou de
uma mistura de elementos de betão com elementos cerâmicos, semelhante às
anteriores mas em que os agregados reciclados são simultaneamente pétreos e
cerâmicos;
! finos e/ou grossos resultantes de resíduos de demolição mais ou menos
indiferenciados, em que aos agregados reciclados pétreos e cerâmicos se poderão
somar restos de outros materiais como madeira, plásticos, metais, vidro e outros,
conduzindo portanto a uma mistura de piores características ou, pelo menos, com
menor controlo de qualidade;
! finos e/ou grossos resultantes da demolição de peças de betão ele próprio já com
agregados reciclados (reciclagem cíclica ou repetitiva), em que naturalmente os
agregados reciclados poderão ser de vários tipos.
Por outro lado, ainda que o fabrico de betões e argamassas surja como a utilização
mais “nobre” dos agregados reciclados, essa não é a única forma de os escoar. Actualmente, e
não apenas em Portugal, estes materiais são mais utilizados na execução de bases e sub-bases
de estradas, na recuperação paisagística de pedreiras e minas abandonadas e ainda como
camadas de drenagem em aterros sanitários. Esta introdução serve apenas para que se entenda
que a investigação que a seguir vai ser exposta é apenas uma parte da necessária no vasto
campo dos RCD.
Naturalmente e à semelhança do que acontece com os agregados naturais, antes do
fabrico dos betões e argamassas, os agregados reciclados deverão ser alvos de um conjunto de
ensaios de caracterização para medir propriedades como: a absorção de água, o módulo de
finura, a massa volúmica, o índice de vazios, a resistência à abrasão (ensaio de Los Angeles),
conteúdo de contaminantes, reactividade aos sulfatos e aos álcalis, factor de forma, curva
granulométrica, etc..
A listagem de matérias a seguir apresentada diz respeito apenas ao comportamento a
curto prazo dos betões e argamassas fabricados com agregados reciclados, sendo que terá de
ser implementada para cada forma sob a qual esses agregados se apresentem conforme
referido acima:
! propriedades mecânicas (e sua evolução nos primeiros dias de idade) dos betões
produzidos com diferentes percentagens de agregados reciclados (em relação ao total):
resistência à compressão, à tracção por compressão diametral, à tracção por flexão e à
abrasão, relações constitutivas, aderência aço-betão, aderência de resinas e chapas
metálicas ou de FRC ao betão, módulo de elasticidade, retracção e fluência; repare-se
que a percentagem referida pode dizer respeito apenas à parcela de grossos (a hipótese
que tem vindo a ser mais analisada, por ser a que, em termos de absorção de água, a
que apresenta menos problemas potenciais), apenas à parcela de finos ou a ambas; o
mesmo se poderá dizer em relação às outras propriedades aqui referidas;
77
! propriedades mecânicas das argamassas produzidas com diferentes percentagens de
agregados finos reciclados;
! comportamento térmico e higrométrico dos betões e argamassas feitos com estes
agregados;
! comportamento acústico dos betões e argamassas feitos com estes agregados;
! comportamento mecânico, térmico, higrométrico e acústico de elementos não macro-
estruturais da construção (camadas de forma, placas de piso, pavés, painéis leves e
pesados de paredes, etc.);
! determinação dos factores críticos que poderão afectar o desempenho destes materiais
e dos elementos com eles fabricados: nível de resistência (classe) do material
pretendido, relação água / cimento; teor de cimento; tipo de cimento; granulometria e
factor de forma dos agregados (os reciclados e os naturais); quantidade de argamassa
de matriz cimentícia aderente aos agregados reciclados; condições de compactação e
cura; material dos agregados reciclados (pétreo, cerâmico ou indistinto); tipo e
quantidade de adjuvantes; tipo e quantidade de adições; posologia do betão /
argamassa;
! desempenho dos materiais e de componentes resultantes de reciclagem repetitiva
(envolvendo a maioria dos estudos referidos acima);
! desenvolvimento de ensaios específicos de laboratório para estes materiais e para os
elementos com eles fabricados;
! construção de protótipos (estruturais ou não) com estes materiais para ensaios à escala
real (estáticos ou dinâmicos; comportamento sísmico).
Vários materiais que têm surgido ao longo do tempo acabaram por ser abandonados
por o seu comportamento ao longo do tempo não se ter revelado o mais adequado, não
obstante o comportamento a curto prazo fosse muito promissor. Se bem que feitos com
materiais há muito conhecidos, os betões e argamassas executados com agregados reciclados
deverão ser encarados com alguma prudência, já que a sua idade não permitiu ainda senão um
número limitado de estudos sobre a sua durabilidade. Daí que este seja porventura o domínio
de investigação relacionado com os RCD com maiores necessidades mas também com mais
potencial. Relembra-se que, também aqui, os estudos terão de ser repetidos quando os
agregados reciclados passam de pétreos a cerâmicos, quando se substitui os grossos naturais
em vez dos finos ou quando se altera essa mesma taxa de substituição. De entre os tópicos a
analisar, salientam-se os seguintes:
! absorção de água quer dos agregados reciclados, quer dos betões e argamassas com
78
eles fabricados; sua evolução ao longo do tempo;
! índice de vazios, permeabilidade e porosidade dos agregados, betões e argamassas;
! resistividade eléctrica dos betões e argamassas e sua evolução ao longo do tempo;
! avanço da frente de carbonatação no interior de betões e argamassas (ensaios em
tempo real e acelerados; ambiente interior e exterior, rural e urbano);
! potencialidade de reacção álcali - sílica em betões com agregados reciclados; formas
de prevenção da mesma;
! potencialidade de ataque de sulfatos em betões com agregados reciclados; formas de
prevenção da mesma;
! penetração de cloretos no interior de betões e argamassas (ensaios em tempo real e
acelerados; ambiente normal e marítimo);
! protecção adicional destes betões e argamassas (tintas, vernizes, betumes, etc.).
! quantidade anual de agregados naturais que poderá ser substituída por agregados
reciclados e sua evolução previsível; impacte daí resultante na indústria extractiva e na
paisagem natural;
! evolução da necessidade de aterros para RSU em geral e para RCD em particular;
análise de vários cenários em função do maior ou menor sucesso na implantação das
políticas de reciclagem dos RCD e das centrais de reciclagem fixas e móveis; análise a
nível nacional e a nível dos maiores municípios;
! impacte ambiental dos aterros específicos dos RCD no solo, água e ar dos seus locais
de implantação e nos habitantes;
! impacte ambiental previsível da implementação de uma política muito restritiva ao
nível do depósito em vazadouro e de uma fiscalização muito apertada sobre os
prevaricadores;
! havendo necessidade de recorrer a maiores teores em cimento e a plastificantes em
betões e argamassas com agregados reciclados, é preciso quantificar o impacte
energético daí decorrente;
! análises químicas em materiais reciclados dos RCD e do seu potencial de
contaminação em amostras não controladas.
79
! Custos para a indústria de extracção e para a população que dela depende da
imposição de taxas ambientais à extracção de recursos naturais não renováveis e de
procedimentos mais exigentes ao nível da recuperação paisagística; custos para o
mesmo sector da previsível quebra de volume de negócios pela progressiva
substituição de agregados naturais por reciclados;
! redução de impostos recolhidos pelo Estado pela redução desse mesmo volume de
negócios das pedreiras, eventualmente compensada pelo acréscimo de receitas com a
taxa ambiental sobre a produção remanescente;
! custos de implantação e equipamento (do Estado ou dos municípios) dos aterros e
centrais fixas de reciclagem de RCD; receitas conseguidas com a recolha de RCD e
com a comercialização dos agregados reciclados a partir dos mesmos;
! custos dos eventuais subsídios a conceder a empresas que pretendam criar centrais
fixas de reciclagem e às construtoras que queiram adquirir / alugar e instalar nos seus
estaleiros centrais móveis de reciclagem;
! receitas recolhidas pelo Estado pela imposição de taxas ambientais pesadas para quem
pretende depositar em aterros sem reciclar os seus RCD e repercussão que esses custos
poderão ter nas empresas;
! comparação dos custos ou benefícios que resultam da passagem da demolição
indiferenciada para a demolição selectiva;
! custos ou benefícios para as construtoras e para as centrais de betão pronto do fabrico
de betão com agregados reciclados;
! quantificação em termos económicos dos impactes ambientais referidos no tópico
anterior.
Esta listagem, sem ser exaustiva, pretende fundamentalmente servir como ponto de
partida para uma investigação concertada das diversas instituições Portuguesas já actualmente
envolvidas nesta vasta tarefa.
80
Foram realizados ensaios de caracterização quer para os AGR, quer para os agregados grossos
naturais (AGN), comparando-se os resultados obtidos. Posteriormente, cada um dos grupos de
AGR foi utilizado na produção de dois diferentes tipos de betão, substituindo totalmente a
proporção de AGN da dosagem. Avaliaram-se, através de ensaios, a resistência à compressão,
o módulo de elasticidade e a retracção destes betões e de um betão convencional de
referência, comparando-se os resultados.
3.2.1.1. Agregados
Neste trabalho, foram produzidos dois tipos de betão original com o intuito de
verificar a influência das características destes quer nas características dos AGR, quer nas
propriedades de novos betões produzidos com os mesmos. Na produção dos betões originais,
utilizou-se cimento do tipo II, com resistência de 32.5 MPa, de acordo com a NP 2064. Em
relação aos agregados naturais, optou-se por britas de origem calcária (normalmente utilizadas
na zona de Lisboa), com granulometria 4.76/19 mm, para os grossos e areia do rio para os
finos. A seguir apresenta-se a composição e resistência à compressão dos betões originais:
Para a produção de AGR1 - cimento = 410 kg/m3, agregado grosso = 1266 kg/m3,
agregado fino = 545 kg/m3, relação água / cimento = 0.4, resistência à compressão aos
29 dias = 56 MPa;
Para a produção de AGR2 - cimento = 350 kg/m3, agregado grosso = 1117 kg/m3,
agregado fino = 743 kg/m3, relação água / cimento = 0.49, resistência à compressão
aos 29 dias = 45 MPa.
3.2.1.2. Betões
81
AGR2, quer a do betão AGN, foram estabelecidas segundo um procedimento prático descrito
em [6]. Decidiu-se manter a trabalhabilidade (determinada através do valor do abaixamento
do cone de Abrams) constante em todas as amassaduras.
Saliente-se que os agregados grossos e finos usados na amassadura do betão AGN
tinham a mesma procedência e granulometria que aqueles utilizados nas amassaduras dos
betões originais. Utilizou-se para o betão AGN a seguinte composição:
Betão AGN - cimento = 361 kg/m3, agregado grosso = 1072.17 kg/m3, agregado fino =
696.73 kg/m3, relação água / cimento = 0.56.
Betão AGR1 - cimento = 361 kg/m3, agregado grosso = 981.03 kg/m3, agregado fino =
696.73 kg/m3, relação água / cimento = 0.65;
Betão AGR2 - cimento = 361 kg/m3, agregado grosso = 970.34 kg/m3, agregado fino =
696.73 kg/m3, relação água / cimento = 0.65.
De acordo com aquela técnica, alguns provetes de agregados reciclados, com teor de
água conhecido no dia da betonagem, foram manualmente misturados com água (Fig. 3)
durante um intervalo de tempo igual ao que estes materiais estiveram em contacto durante a
betonagem. As quantidades de agregado grosso e água foram proporcionais àquelas utilizadas
na betonagem. Após a mistura dos agregados com a água, foi então possível avaliar a
quantidade de água absorvida e o coeficiente de absorção efectivo dos agregados grossos
reciclados. As propriedades dos agregados grossos e finos estão apresentadas no Quadro 1.
82
Fig. 3 - Mistura de um provete de agregados reciclados com água
A absorção de água dos agregados grossos reciclados é maior do que a dos naturais
principalmente devido a maior porosidade daqueles (Quadro 1), causada pela argamassa do
betão original ligada aos mesmos. Esta argamassa é também responsável pelos valores
inferiores da massa volúmica e da baridade dos agregados reciclados e pela maior amplitude
de variação daqueles quando comparados com os dos agregados naturais.
AGREGADO
AGREGADO AGREGADO
AGREGADO GROSSO
GROSSO GROSSO
PROPRIEDADE FINO (AREIA NATURAL
RECICLADO DE RECICLADO DE
DO RIO) (BRITA
BETÃO (AGR1) BETÃO (AGR2)
CALCÁRIA )
Massa volúmica - 2504 2626 2364 2329
seco (kg/m3) (NP 954) (NP 581) (NP 581) (NP 581)
Massa volúmica -
2527 2657 2480 2458
saturado superfície
(NP 954) (NP 581) (NP 581) (NP 581)
seca (kg/m3)
Baridade (kg/m3) 1513 1534 1372 1393
(NP 955) (NP 955) (NP 955) (NP 955)
Porosidade (%) - 3 11.6 12.9
(NP 581) (NP 581) (NP 581)
Absorção de água 0.9 1,14 4.9 5.5
(%) (NP 954) (NP 581) (NP 581) (NP 581)
Absorção de água - - 1.7 1.82
efectiva (%) (BARRA [1]) (BARRA [1])
Teor em água (%) - - 2.46 2.83
(NP 956) (NP 956)
Máxima dimensão 1.19 19 19 19
(mm) (NP 1379) (NP 1379) (NP 1379) (NP 1379)
Módulo de finura 1.99 6.73 - -
(NP 1379) (NP 1379)
Da análise do Quadro 1, pode-se concluir que não existem grandes diferenças entre os
valores da absorção de água, da porosidade e da massa volúmica dos AGR1 e AGR2. Os
valores superiores da porosidade e absorção de água, e inferiores das massas volúmicas dos
AGR2 podem ser justificados pelo maior conteúdo de argamassa seca do betão original que
produziu os AGR2, 49.4%, para 36.3% do betão original que produziu os AGR1.
83
3.2.3. Ensaios no betão
RELAÇÃO MASSA
RELAÇÃO ABAIXAMENTO
ÁGUA/CIMENTO VOLÚMICA
BETÃO ÁGUA/CIMENTO *1 (mm)
EFECTIVA *2 (kg/m3)
AGN 0.56 0.56 2366 85 ± 10
AGR1 0.65 0.60 2287 85 ± 10
AGR2 0.65 0.60 2282 85 ± 10
*1
relação água / cimento para a quantidade total de água lançada durante a betonagem
*2
relação água / cimento para a quantidade de água efectiva na pasta de cimento
Na Fig. 4 pode-se notar, para os betões produzidos com agregados grossos reciclados,
valores inferiores da tensão de rotura à compressão aos 7 e 30 dias, em relação aos do betão
AGN (cerca de 20% quer aos 7, quer aos 30 dias). Estes valores inferiores podem ser
justificados pelos valores da relação água/cimento dos betões AGR1 e AGR2, superiores em
relação ao do betão AGN, embora Barra [7] tenha concluído no seu trabalho que acréscimos
de resistência em betões reciclados correspondentes a uma diminuição da relação
água/cimento não são proporcionais a acréscimos avaliados em betões convencionais.
84
40
35
compressão (MPa)
tensão de rotura à
30
25
20
15
10
5
0
AGN AGR1 AGR2
betão
215
205
195 AGN - 1
185
175
165
155
AGN - 2
145
135
extensão (x10 )
-6
125
115
AGR1 - 1
105
95
85 AGR1 - 2
75
65
55
45 AGR2 - 1
35
25
15
5 AGR2 - 2
-5
3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425262728
idade (dias)
85
3.3. Reciclagem cíclica de agregados grossos de betão
No estudo que se apresenta, e por ter ainda um carácter inicial, os resíduos de betão
utilizados no primeiro ciclo de ensaios foram os provenientes de cubos de ensaio que foram
cedidos pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Não era conhecida a maioria das
propriedades destes cubos, tais como a trabalhabilidade e a relação água / cimento. Tinha
simplesmente sido determinada a sua resistência à compressão e o respectivo valor
característico fck.
O principal objectivo foi analisar qual a resistência do betão produzido com agregados
grossos reciclados. O betão inicial tinha sido sujeito a ensaios de compressão, de modo a se
determinar qual a sua resistência. Posteriormente, os cubos utilizados nos ensaios foram
triturados para a obtenção de novos agregados reciclados e assim sucessivamente.
86
Fig. 6 - Transformação dos cubos em agregados [2]
Cimento: 450 kg/m3, areia: 730 kg/m3, brita: 1040 kg/m3, a/c: 0.45, adjuvante: 2.4 l/m3
87
Fig. 8 - À esquerda, agregados resultantes da trituração dos cubos do 1º ciclo e, à direita,
abaixamento do cone de Abrams referente ao 2º ciclo [2]
cimento: 400 kg/m3, areia: 730 kg/m3, brita: 1040 kg/m3, a/c: 0.45, adjuvante: 2.13 l/m3
Neste terceiro ciclo de ensaios, era de esperar piores resultados quando comparados
com os do segundo ciclo. Esta diferença prende-se fundamentalmente com a menor dosagem
de cimento e adjuvante (apenas na 3ª amassadura) e com a maior percentagem de agregados
grossos de granulometria mais fina resultante do processo de trituração utilizado que foi
diferente do utilizado nos dois ciclos anteriores (para todas as amassaduras deste ciclo). Para
este terceiro ciclo, os agregados foram triturados numa pequena estação de trituração de
agregados (naturais) do Departamento de Minas do IST. Dadas as características do
equipamento, em alguns casos foi necessário recorrer a uma segunda trituração, pelo que o
produto final continha uma maior percentagem de agregados grossos mais finos, quando
comparado com o produto obtido no segundo e primeiro ciclos.
Ao fim de 28 dias, foram realizados ensaios à compressão aos provetes moldados,
obtendo-se uma resistência característica de 46 MPa (tanto para as 1ª e 2ª amassaduras como
para a 3ª), o que nas classes de resistência à compressão corresponde a um betão C35/45.
88
! dada a diferença de condições atmosféricas, entre o primeiro e segundo ciclo de
ensaios, os agregados encontravam-se mais húmidos neste último, eventualmente por
terem sido retirados de camadas menos superficiais;
! no primeiro ciclo de betonagens, o processo decorreu de uma forma algo lenta, aspecto
que neste segundo ciclo foi bastante melhorado;
! o cimento utilizado no 2º ciclo provavelmente não se encontraria nas condições ideais,
uma vez que já se encontrava havia algum tempo armazenado.
Quadro 3 - Resumo dos resultados obtidos nos três ciclos de ensaios [2]
ABSORÇÃO DOS
RESISTÊNCIA À CLASSE DO
CICLO ABAIXAMENTO AGREGADOS
COMPRESSÃO BETÃO
GROSSOS
1º 2.8 cm 42 MPa C32/40 6.3%
2º 5.3 cm 40 MPa C32/40 7.6%
3º 3.3 cm 46 MPa C35/45 8.5%
No que diz respeito aos valores obtidos de resistência a compressão no 3º ciclo, estes
foram algo diferentes do esperado podendo, no entanto, ser explicados pela diferença na curva
granulométrica dos agregados, eventualmente mais bem distribuída, resultado do diferente
processo de trituração.
É sabido que cerca de 20% a 30% do cimento não é hidratado durante a amassadura.
Tal facto pode revestir-se de alguma importância na produção de betão com agregados
reciclados a partir de betão demolido, uma vez que a trituração poderá libertar partículas de
cimento não hidratadas anteriormente, algumas das quais poderão vir a reagir numa
betonagem subsequente. Este fenómeno poderá, em parte, justificar os valores de resistência à
compressão obtidos no terceiro ciclo. No entanto, alguns outros resultados experimentais
apontam para uma outra explicação que tem a ver com a relação água / cimento efectiva
variar em função das condições atmosféricas e da própria absorção dos agregados reciclados,
a qual condiciona os resultados da resistência à compressão obtidos.
Crê-se, por isso, que estas pequenas flutuações na resistência do betão nos diversos
ciclos, em relação à classe C32/40, se devem meramente à dificuldade de nesses ciclos se
manter constantes determinadas características, tais como o teor de humidade dos agregados
grossos e finos, a humidade relativa ambiente, a qualidade do cimento, o tempo de
amassadura, a curva granulométrica, entre outros.
Para além daqueles resultados, existem ainda outras constatações que se podem retirar
de uma análise global aos três ciclos de ensaios realizados, nomeadamente:
89
! tudo indica que o processo de reciclagem integral e sucessiva de agregados grossos
reciclados de betão demolido é sustentável em termos de resistência; em termos
económicos, haverá no entanto as desvantagens associadas ao facto de se ter que
recorrer a adjuvantes, para manter a trabalhabilidade sem aumentar a relação água /
cimento, e também, em princípio, a uma maior dosagem de cimento no 1º ciclo
(passagem do betão feito com agregados naturais para betão feito com agregados
reciclados).
Estes três ciclos de ensaios realizados terão de ser encarados como uma base de
partida. Com efeito, o número relativamente limitado de cubos e de ciclos, e a variação das
condições atmosféricas impõem a necessidade de realizar um trabalho mais vasto que
confirme e consolide as principais conclusões aqui obtidas e que procure explicar alguns
resultados não esperados, como os que a seguir se apresentam:
90
reciclados. Foi proposto e implementado um processo empírico de pré-saturação dos
agregados cerâmicos, susceptível de ser reproduzido tanto numa central de pré-fabricação
como no estaleiro de uma obra.
! índice volumétrico;
! baridade;
! massa volúmica e absorção de água de britas e godos;
! curva granulométrica da areia.
Malha do Necessidades
Componente
peneiro (mm) totais (kg /m3)
2.38-4.76 206.8
Inerte natural 4.76-6.35 337.8
6.35-9.52 508.9
Areia 633.8
Cimento 346,7
Água 208.0 litros/m3
Massa volúmica do betão fresco 2242.0
Foi determinado o índice volumétrico de cada uma das fracções de agregado primário
e cerâmico (Quadro 5). O procedimento experimental seguido baseou-se na especificação E
223 do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil).
91
O índice volumétrico de cada uma das fracções granulométricas do agregado é dado
por:
V2 − V1
(1)
∑V
sendo, para cada fracção granulométrica:
O índice volumétrico traduz a forma das partículas. Agregados que tenham uma forma
próxima da esférica terão um índice volumétrico próximo da unidade, ao contrário de
agregados com uma forma mais alongada, que terão um índice volumétrico mais baixo.
! os agregados da fracção 4.76-6.35 são os que têm menor índice volumétrico, seja nos
cerâmicos, seja nos primários;
! enquanto que nos agregados primários, a fracção 6.35-9.52 é a que possui índice
volumétrico mais baixo (e a fracção 2.38-4.76 a que possui o índice mais elevado), nos
agregados cerâmicos a situação é a inversa;
! a forma como foram obtidos os agregados cerâmicos (através da máquina de Los
Angeles, numa primeira fase, e com recurso a uma britadeira de maxilas,
posteriormente) teve naturalmente muita influência na inversão da tendência registada
nos agregados primários, que é a mais natural; assim, poder-se-á explicar este
fenómeno se se tiver registado uma preponderância de material cerâmico de maior
granulometria obtido directamente através da máquina de Los Angeles (que mói o
material e conduz a fragmentos mais boleados e próximos da forma esférica),
enquanto que o material cerâmico de menor granulometria será preponderantemente
resultado da acção da britadeira de maxilas (que produz fragmentar de forma mais
angulosa);
! seria expectável que os agregados cerâmicos fossem, para todas as granulometrias,
mais angulosos (menor índice volumétrico) do que os naturais; tal não acontece, o que
se deve sobretudo à forma como os cerâmicos foram obtidos (máquina de Los
Angeles); esta explicação e a referida no parágrafo anterior são consentâneas com o
92
facto de os agregados cerâmicos terem efectivamente um menor índice granulométrico
que os primários para a menor granulometria, a ordem já se ter invertido para a
granulometria maior e se passar algo de intermédio para a granulometria média;
! quanto ao valor absoluto registado (entre 0.149 e 0.239 nos agregados primários e
entre 0.144 e 0.202 nos agregados cerâmicos), eles são relativamente baixos, pelo que
o betão feito com agregados com esta forma muito angulosa terá tendência para ter
resistência reduzida e elevada permeabilidade (o antigo Regulamento de Betões e
Ligantes Hidráulicos exigia valores mínimos de 0.12 para o agregado rolado e de 0.15
para o britado, independentemente das características e finalidade do betão).
3.4.3.2. Baridade
93
Quadro 7 - Massa volúmica
O valor de 12% para a absorção de água dos agregados cerâmicos, referida à massa do
agregado cerâmico seco, é extremamente elevado, sobretudo se comparado com o da absorção
dos agregados primários. Não sendo uma surpresa, ele vem chamar a atenção para a principal
dificuldade / limitação da utilização destes agregados no fabrico de betões e argamassas sem
perder uma ou várias das seguintes características: resistência mecânica, trabalhabilidade e
durabilidade. A pré-saturação dos agregados cerâmicos é uma forma de minimizar estas
repercussões. Segundo A. Devenny e F. M. Khalaf [5], são necessários aproximadamente 30
minutos para a saturação dos agregados cerâmicos, tendo sido esta a duração adoptada
durante as betonagens efectuadas.
60
50
40 0,297
30
20
10 0,149
0
0,075
0,01 0,1 1 10
abertura das malhas (mm)
94
100 100
peneiro
58,08
50 47,82
40
30
20
10
0 0
0,001 0,01 0,1 1 10
Malha do peneiro (mm)
! ensaio de compressão;
! ensaio de flexão.
O betão de referência é designado por BR, enquanto que cada uma das composições
em que se substituem os agregados pétreos por cerâmicos se designam por B1, B2 e B3,
consoante essa substituição corresponde a 1/3, 2/3 ou à totalidade dos agregados,
respectivamente.
95
Para cada uma das composições, foi calculado um valor médio da tensão de rotura por
compressão. Apresentam-se no Quadro 8 e na Fig. 12, os valores dessas tensões de rotura por
composição.
25,00
Tensão de rotura por
compressão (MPa)
20,00
15,00
y = -0,0944x + 22,766
10,00
R2 = 0,9266
5,00
0,00
0,00 25,00 50,00 75,00 100,00
% de agregados cerâmicos
! como seria de esperar, a tensão de rotura por compressão diminui com o aumento da
percentagem de agregados cerâmicos; estes agregados apresentam portanto uma
contribuição inferior para a resistência à compressão do provete do que os agregados
primários;
! é de referir que essa diminuição é pouco acentuada quando se passa da composição B1
para a composição B2; poderá não se estar portanto na presença de uma relação linear
entre a percentagem de agregados cerâmicos e a tensão de rotura por compressão,
apesar de o valor do coeficiente de correlação ser elevado, apontando para uma
relação entre as duas variáveis, próxima da linear.
Foi determinada (Fig. 13) a resistência à tracção por flexão de provetes prismáticos de
betão, com dimensões 5 x 40 x 60 cm, das diferentes composições em estudo. À partida,
seriam de prever resistências tanto menores, quanto maior percentagem de agregados
cerâmicos na composição. Foi seguido o procedimento experimental descrito na especificação
E 227 do LNEC e foram utilizados 12 provetes, correspondendo cada 3 a uma das
composições ensaiadas.
96
Figura 13 - Ensaio de flexão de um dos provetes
Para cada uma das composições, foi calculado o valor médio da tensão de rotura à
tracção por flexão. Apresentam-se no Quadro 9 e na Fig. 14 os valores dessas tensões de
rotura por composição.
Quadro 9 - Valor médio da resistência à tracção por flexão para cada composição
4,000
Tensão de rotura por
flexão (MPa)
3,000
y = -0,009x + 3,5232
2,000
R2 = 0,9945
1,000
0,000
0,00 25,00 50,00 75,00 100,00
% de agregados cerâmicos
! como seria de esperar, a tensão de rotura por flexão diminui com a percentagem de
agregados cerâmicos; estes agregados apresentam uma contribuição inferior para a
resistência à flexão do provete do que os agregados primários;
! é de referir que essa diminuição é praticamente linear, o que é comprovado por um
coeficiente de correlação quase unitário.
97
3.5. Análise da viabilidade económica da reciclagem de agregados
! demolição;
! transporte para aterro dos resíduos resultantes;
! depósito em aterro;
! receita resultante da venda de outros materiais (que não betão) para reciclagem /
reutilização;
! transporte dos resíduos para central de triagem fixa;
! taxa de depósito de resíduos em central fixa;
! escoamento dos agregados finos ou demasiados grossos e do produto britado que não
de betão resultante do processo de trituração na central móvel.
98
! no que diz respeito à taxa ambiental, esta é já uma realidade na maioria dos países da
EU, apesar de ainda não existir em Portugal; por esta razão, tendo em consideração os
valores praticados nestes países, as taxas de depósito em aterro tenderão a aumentar
vertiginosamente;
! embora o preço actual de depósito de entulho em aterro se situe, em média, nos 2.50
Є/ton a 4.00 Є/ton, prevê-se que este valor suba acentuadamente a curto prazo, à
semelhança do que se verificou noutros países europeus, como a Dinamarca, onde este
valor se situa entre os 20.00 Є/ton e os 50.00 Є/ton;
! nas condições actualmente existentes em Portugal, com uma indústria de reciclagem
incipiente e um factor de escala desfavorável, as receitas resultantes da venda de
outros materiais (que não os derivados de betão) para reciclagem não deverão ser
muito elevadas; no entanto, a alteração dessas condições levará a um progressivo
aumento deste tipo de receitas;
! num futuro próximo, serão também criadas taxas ambientais a aplicar à exploração de
recursos naturais não renováveis; pela via fiscal e legislativa, os governos tenderão a
desencorajar a exploração de qualquer recurso não renovável; enquanto a nossa
legislação não contemplar um sobrecusto a aplicar aos agregados naturais e enquanto
existirem materiais de primeira qualidade em abundância a preços competitivos, não
se poderá esperar que a reciclagem se faça em larga escala; este aspecto é
determinante e irá agudizar os problemas de aceitação do mercado sendo que, entre
duas empresas que concorrem a um determinado projecto, aquela que concorrer com
produtos secundários (reciclados) está, por enquanto, em franca desvantagem;
! há duas vias para a reciclagem de resíduos de construção e demolição; uma alternativa
é transportá-los até uma central de reciclagem fixa, que se encontre próxima para
minimizar os custos de transporte; a outra é triturar e seleccionar os resíduos numa
central móvel, no próprio local da demolição, onde os agregados reciclados são
utilizados à medida que vão sendo processados;
! a reciclagem no local da demolição minimiza a movimentação de materiais pesados, o
que se traduz numa redução dos custos de transporte, dos gastos de energia e do
desgaste das estradas e dos equipamentos;
! as centrais fixas de reciclagem, a serem criadas, serão instaladas possivelmente em
zonas industriais das periferias das cidades; os custos de transporte às centrais não
tenderá a aumentar da mesma forma que os custos de transporte a aterro, pois a
distância média manter-se-á constante;
! nos aterros, os valores de entrega são, de um modo geral, baixos pelo facto destes
serem subsidiados ou explorados por entidades públicas; as diferenças de preços entre
depositar em aterro e em central serão claramente elevadas; em países como a
Dinamarca, a diferença de custos chega a ser de 1 para 10;
! nas centrais de reciclagem móveis, nem todo o material triturado pode ser utilizado no
próprio local; mais concretamente, existe uma parcela de agregados provenientes da
trituração do betão de granulometria demasiado fina ou demasiado grossa para poder
ser utilizada no fabrico de novo betão; por outro lado, geralmente o volume de
agregados grossos obtido da trituração do betão é superior do que o necessário para o
fabrico de igual quantidade de betão [2]; finalmente, existem diversos tipos de
resíduos (alvenaria, madeira, plásticos, argamassas, etc.) que não podem ser utilizados
no próprio local, tendo de ser escoados da central de reciclagem móvel para os locais
mais adequados;
! na reciclagem em central fixa, é natural que haja diferença entre o preço de venda do
material reciclado, que pode ser utilizado na produção de betão, e o material que só
99
pode ser aplicado em trabalhos menos nobres como, por exemplo, enchimentos ou
base / sub-base de estradas.
Assim sendo, assumiu-se para a Fase I as seguintes hipóteses nos cálculos efectuados:
! custo de produção dos agregados grossos, quer naturais, quer reciclados (em central de
reciclagem fixa ou móvel);
! custos de transporte dos agregados desde a pedreira ou central de reciclagem fixa até à
obra.
100
Transporte para a central fixa 0 562.5 0
Entrega de resíduos na central fixa 0 570 0
Escoamento dos agregados finos ou demasia- 0 0 3.10
do grossos, dos grossos excedentários e do
produto britado que não de betão
Custo unitário total da Fase I 54.75 61.9125 59.35
O preço dos agregados reciclados em central móvel tem de ter em consideração a taxa
de entrega em central fixa e o preço de venda dos agregados já triados praticados por estas
unidades. Este valor deverá ser ainda algo superior à soma dos dois anteriormente referidos já
que, nesta situação, há a acrescer, na perspectiva do dono da central de reciclagem móvel, os
custos de escoar o produto excedente, constituído por finos, agregados demasiado grossos e a
percentagem da brita produzida que não é necessária. Este escoamento tem de ser realizado
num período de tempo curto pois, no local, dificilmente haverá grande capacidade de
armazenagem.
Assim sendo, assumiu-se para a Fase II as seguintes hipóteses nos cálculos efectuados:
! o custo dos inertes naturais foi incrementado em relação ao actual para ter em conta os
custos de reposição da paisagem, de redução de ruídos e poeiras e dos próprios
terrenos;
! estimou-se que o valor de venda dos agregados grossos, por tonelada, nas centrais fixa
e móvel é respectivamente de 2.00 Є e 4.00 Є;
! para transporte, montagem, desmontagem e novo transporte da central móvel, tomou-
se um valor fixo de 1 000 Є.
Assim, nesta fase, consideraram-se os custos dos seguintes componentes: água, areia,
brita, cimento, adjuvante, mão-de-obra, processamento, fornecimentos e serviços externos.
Quanto às principais diferenças de custos entre a produção de um betão com agregados
naturais e agregados reciclados, encontram-se o recurso a adjuvantes e a maior dosagem de
cimento. Devido à maior absorção dos agregados reciclados, o recurso a adjuvantes e a uma
quantidade de cimento superior é imprescindível para obter um betão trabalhável, mas
101
também resistente e durável. Esta é a melhor forma de manter a trabalhabilidade e evitar uma
relação A/C elevada que conduz irremediavelmente a um betão pouco resistente e,
certamente, pouco durável. Quanto às quantidades de cimento e adjuvantes, estas são
normalmente determinadas pela experiência obtida nos ensaios que são realizados
previamente. No entanto, segundo o estudo realizado, no que diz respeito ao aumento da
dosagem de cimento, esta tendência não se verifica quando se parte de betão já ele próprio
reciclado, mas apenas quando se recicla betão produzido com agregados naturais.
De referir que, dada a reciclagem de resíduos da construção no nosso país se encontrar
numa fase embrionária, torna-se difícil obter valores para situações que não são, ainda, reais.
Assumiu-se para a Fase III as seguintes hipóteses nos cálculos efectuados:
Concretize-se agora o exemplo com uma construção de peso total de 1000 toneladas, à
qual correspondem 300 toneladas (125 m3) de betão, que incluem 130 toneladas de agregados
grossos. Num primeiro cenário, não se vão considerar quaisquer taxas ambientais relativas ao
depósito de RCD recicláveis ou à exploração de recursos não renováveis (a situação actual em
Portugal). O Quadro 13 resume e compara os custos obtidos nas três hipóteses em análise.
102
reciclagem fixa reciclagem móvel
Custo total da Fase I 54 750.00 61 912.50 59 350.00
Variação em relação à demolição +13% +8%
tradicional
Produção de agregados grossos (130 Naturais Reciclados em Reciclados em
ton) central fixa central móvel
Custo total da Fase II 2 145.00 1 007.50 2 040.00
Variação face aos agregados naturais -53% -5%
Produção de betão (125 m3) Naturais Reciclados em Reciclados em
central fixa central móvel
Custo total da Fase III 9 270.00 8 729.375 9 761.875
Variação face aos agregados naturais -6% +5%
Demolição de 1000 ton e produção de Métodos Demolição Demolição
125 m3 de betão correntes selectiva e selectiva e
reciclagem fixa reciclagem móvel
Custo total das 3 fases 66 165.00 71 649.375 71 151.875
Variação face aos métodos correntes +8% +8%
103
Variação face aos agregados naturais -59% -17%
Produção de betão (125 m3) Naturais Reciclados em Reciclados em
central fixa central móvel
Custo total da Fase III 10 345.00 9 573.125 10 605.625
Variação face aos agregados naturais -7% +3%
Demolição de 1000 ton e produção de Métodos Demolição Demolição
125 m3 de betão correntes selectiva e selectiva e
reciclagem fixa reciclagem móvel
Custo total das 3 fases 73 900.00 73 243.125 72 745.625
Variação face aos métodos correntes -1% -2%
Da análise dos resultados, é possível concluir que mesmo taxas ambientais moderadas
são suficientes para tornarem o betão de inertes grossos reciclados tão competitivo como o
betão corrente.
104
um lado, triturar os desperdícios da sua própria produção de betão e, por outro, aceitar os
desperdícios de outras empresas ou de empresas associadas à construção / demolição ou à
recolha dos seus resíduos (naturalmente cobrando um determinado valor). Em ambos os
casos, a empresa em causa terá de fazer duas coisas após a trituração e triagem dos resíduos:
utilizar os agregados reciclados na sua própria produção de betão (para o que são necessárias
especificações técnicas) e colocar, se possível valorizando, o volume restante.
Em termos de projectos de investigação financiados exteriormente, refere-se o
Projecto Europeu Craft OPTIDEBRI (Optimal Selection and Reuse of Construction Debris)
cuja candidatura foi apresentada em 2001, sob a coordenação do Prof. Fernando Branco. Para
além do IST, participam no mesmo a Pavilis, a Lobbe Derconsa, o Instituto Giordano SPA
(Itália) e a Universitat Politécnica de Catalunya (Espanha). As tasks previstas incluem a
identificação das técnicas de demolição e pré-selecção dos resíduos, a separação e
caracterização dos mesmos, a sua utilização em elementos da construção e a construção e
análise de protótipos.
Em termos nacionais e em colaboração com a Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto (FEUP), foi apresentada em 2001, e muito recentemente aprovada,
uma candidatura à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) sob o título “Gestão
Integrada dos Resíduos de Construção e Demolição” e a coordenação do Prof. Fernando
Branco. As tasks previstas incluem a avaliação da composição dos RCD no Porto e em
Lisboa, um manual para demolição selectiva de edifícios, a avaliação do risco ambiental dos
RCD, a caracterização experimental dos agregados reciclados e a avaliação das propriedades
do betão de agregados reciclados. Esta candidatura surgiu na sequência de uma outra no ano
anterior, intitulada “Reciclagem de Materiais de Demolições” (RECDEMO), também
coordenada pelo Prof. Fernando Branco, que integrava, para além do IST, a Lobbe Derconsa,
e que previa tasks muito semelhantes às indicadas para o projecto OPTIDEBRI.
Fora do âmbito do GESTEC mas também no DECivil do IST, foi também já
apresentada no IST uma dissertação de Mestrado intitulada “Gestão de Resíduos na
Construção” [8], da autoria do Eng.º Pedro Carvalho, em que é apresentada uma visão
estratégica da implementação de políticas de desenvolvimento sustentável aplicadas a
Portugal.
4. CONCLUSÕES GERAIS
A economia de Portugal tem vindo a evoluir positivamente nas duas últimas décadas e,
apesar de continuar a manifestar alguns atrasos estruturais importantes, tem vindo a
demonstrar poder manter-se por direito próprio na União Europeia, que congrega alguns dos
países de maior nível de desenvolvimento económico do mundo. Nestes países, as
preocupações principais viram-se agora para a sedimentação e sustentabilidade do
desenvolvimento já atingido, nas quais os aspectos ambientais assumem importância capital.
A indústria da construção, na qual o fabrico e aplicação do betão tem um peso enorme,
tem representado em Portugal uma percentagem muito significativa da actividade produtiva
mas, com a inevitável desaceleração que a construção de raiz irá sofrer, vai ter de se adaptar a
novos padrões de exigência ambiental impostos pela opinião pública. É neste contexto que
surge a reciclagem dos agregados provenientes dos resíduos da construção e demolição
(RCD) para o fabrico de betão.
De facto, durante todos estes anos tem-se desbaratado um recurso importantíssimo que
são os materiais provenientes dos RCD susceptíveis de serem reintroduzidos no processo
construtivo em geral e na indústria do betão pronto em particular. No entanto, esta
105
reutilização de materiais não está isenta de riscos como demonstram algumas experiências
falhadas em diversos países.
106
fortemente da existência de legislação apropriada. Só através de legislação específica é que
haverá uma correcta gestão dos resíduos da construção que imponha metas de reciclagem
quantificadas no tempo. No entanto, a legislação, só por si, não chega, sendo necessário, à
semelhança do que acontece em outros países, implementar taxas de depósito a aterro e de
extracção de recursos naturais. Para além disso, uma fiscalização mais agressiva será
essencial. Finalmente, no que diz respeito às especificações técnicas, essas serão também
fundamentais para que haja confiança na utilização destes agregados por parte de quem
prescreve e por parte de quem decide.
5. REFERÊNCIAS
[1] GONÇALVES, A. P.; SANTOS, J. R.; BRITO, J.; BRANCO, F. A. - Reciclagem dos
Resíduos da Construção: Situação Actual. Repar 2000 - Encontro Nacional sobre
Conservação e Reabilitação de Estruturas, Lisboa, pp. 659-668, Junho 2000.
[2] GONÇALVES, A. P. - Análise do Desempenho de Betões Obtidos a Partir de Inertes
Reciclados Provenientes de Resíduos da Construção. Dissertação de Mestrado, Instituto
Superior Técnico, Lisboa, Maio 2001.
[3] PEREIRA, A. S. - Utilização de Agregados Grossos Cerâmicos Reciclados na Produção
de Betão. Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Julho 2002.
[4] NEPOMUCENO, M. - Estudo da Composição de Betões. Provas de Aptidão Pedagógica e
Capacidade Científica, Universidade da Beira Interior, DEC, Covilhã, 1999.
[5] DEVENNY, A.; KHALAF, F. M. - The Use of Crushed Brick as Coarse Aggregate in
Concrete. in Masonry International, Vol. 12, No 3, pp. 81-84, 1999.
[6] HELENE, P. - Dosagem dos Concretos. in Concreto: Estrutura, Propriedades e materiais,
Pini, São Paulo, pp. 311-334, 1994.
[7] BARRA, M.; VÁSQUEZ, E. - Properties of Concrete with Recycled Aggregates:
Influence of Properties of the Aggregates and Their Interpretation. in Sustainable
Construction: Use of Recycled Concrete Aggregates, Thomas Telford, London, pp. 19-30,
1998.
[8] CARVALHO, P. - Gestão de Resíduos na Construção. Dissertação de Mestrado, Instituto
Superior Técnico, Lisboa, Maio 2001.
107
Betão Eco-Eficiente Utilizando Metacaulino
José Miguel Fernandes1, Said Jalali2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção é sem duvida uma das grandes consumidoras dos recursos
naturais e, simultaneamente, produz um elevado volume de resíduos. Para além destes factos,
surgiu nas três últimas décadas um novo problema: a degradação das estruturas de betão numa
fase precoce da sua vida útil. Por estes motivos a durabilidade e as questões ambientais têm
sido objecto de estudo no desenvolvimento e na produção de betões.
Nos últimos anos o recurso a betões de elevado desempenho (BED) tem vindo a
aumentar substancialmente, isto deve-se principalmente ao desenvolvimento de
superplastificantes, e à utilização de adições activas. Por outro lado, os cimentos actuais são
mais finos e o seu conteúdo em silicato tricálcico (C3S) é maior, assim hidrata mais
rapidamente, possibilitando o fabrico de betões com menor quantidade de cimento e maior
razão água/ligante mantendo as mesmas resistências aos 28 dias. No entanto, estas alterações
podem comprometer a durabilidade do betão [2].
A utilização de adições activas no betão como substituto do cimento tem diversas
vantagens das quais se destacam: o cimento é o material mais caro utilizado na produção do
1
Investigador, Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho
2
Professor Associado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade do Minho
3
Engenheira Civil
4
Professor Associado Convidado, Departamento de Engenharia Civil da Universidade da Beira Interior
108
betão; o cimento exige um grande consumo de energia na sua produção; a produção de uma
tonelada de cimento liberta para a atmosfera aproximadamente a mesma quantidade de
dióxido de carbono [1].
Neste trabalho, pretende-se estudar a possibilidade da utilização de metacaulinos
produzidos a partir de caulinos portugueses, para a produção de betões eco-eficientes de
elevado desempenho. Não existindo metacaulino disponível em Portugal o estudo tem como
objectivos principais a produção de metacaulino, e seguidamente avaliar a sua aplicabilidade
como substituto parcial do cimento.
Espera-se que quando se utilize metacaulino no betão, este reaja directamente com o
hidróxido de cálcio reduzindo-o da composição do betão, desenvolvendo assim uma
resistência suplementar. O hidróxido de cálcio, que contém cristais solúveis diminui a
resistência do betão [2]. O metacaulino é assim um material pozolânico, esse facto deriva da
combinação de uma elevada superfície específica com sílica de estrutura amorfa [6].
2. MATERIAIS UTILIZADOS:
109
Para proceder ao fabrico de metacaulino foi utilizado um forno de indústria cerâmica
que foi aquecido a 750 graus durante cerca de 24 horas, para que todo o material atingisse a
temperatura pretendida.
Para obter a composição dos betões foi utilizado o método de Faury [3], admitindo
uma consistência plástica. Na tabela 3 apresentam-se as composições dos oito betões
estudados. Também se apresentam os resultados dos ensaios de abaixamento.
110
Brita [Kg/m3] 712,5 712,5 723,1 723,1 723,1 723,1 723,1 776,3
Metacaulino
… 30 … 30 45 … … …
[Kg/m3]
SF [Kg/m3] … … … … … … 30 …
3
HRM [Kg/m ] … … … … … 30 … …
Rheobuild [%] 2 2,5 1,5 2 2,5 1,75 1,75 1,5
Abaixamento
30 25 150 140 160 165 165 160
[mm]
3. PROCEDIMENTOS DE ENSAIO:
Para calcular o coeficiente de migração do ião cloro foi utilizado o método CTH Rapid
Method, desenvolvido por Luping [10]. Este método consiste em submeter um provete
cilíndrico a uma diferença de potencial durante um período de tempo estabelecido
previamente. Terminado esse tempo o provete é dividido axialmente, medindo-se de seguida a
profundidade de penetração utilizando um processo colorométrico, recorrendo a nitrato de
prata. A diferença de potencial aplicada foi de 30 ± 0,2 V. A duração do ensaio foi
determinada tendo por base uma tabela sugerida por Luping. Esta tabela foi revista e adaptada
durante esta investigação.
111
R ⋅T ⋅ L xd − α ⋅ xd
(1)
D = ⋅
z ⋅ F ⋅U t
Sendo:
R ⋅T ⋅ L 2 ⋅ cd
α = 2. ⋅ erf −1
⋅ 1 − (2)
z ⋅ F ⋅U c0
Onde:
D: coeficiente de difusão, m2/s;
z: valor absoluto de valência do ião, para iões cloro z = 1;
F: constante de Faraday, F=9,648 × 104 J/(V.mol);
U: valor absoluto da diferença de potencial, V;
T: temperatura da solução, K;
L: espessura do provete, m;
xd : profundidade de penetração, m;
t: duração do ensaio, s;
erf -1: inverso da função erro;
cd: concentração de cloro com o qual a cor altera, cd ≈ 0,07 N;
c0: concentração de cloro na célula a montante, N.
V
R= (3)
I
L
R = ρ. (4)
A
Daí que:
A V⋅A
ρ = R⋅ = (5)
L L⋅I
Onde:
R: resistência eléctrica, W;
I: intensidade de corrente, A;
V: diferença de potencial, V;
r: resistividade eléctrica, W.cm;
L: comprimento, cm;
A: área, cm2.
112
Os valores apresentados resultam da média dos valores obtidos nos ensaios de três
provetes.
Este ensaio foi realizado seguindo o procedimento descrito na especificação E393 [8].
Os provetes cilíndricos utilizados tinham um diâmetro de 105 mm e uma altura de 155 mm.
A absorção de água foi determinada dividindo o aumento de massa entre a leitura Mi e
a leitura inicial, M0, pela área do provete em contacto com a água. O declive da recta que
melhor se ajusta aos pontos obtidos versus t representa o coeficiente de absorção por
capilaridade. Os resultados foram expressos em g/m2 para cada tempo t .
Os resultados apresentados resultam da média dos valores obtidos nos ensaios de três
provetes.
Para uma melhor avaliação dos resultados optou-se por fazer uma análise separada em
duas séries de 5 amassaduras cada. A Série A inclui as amassaduras C300, C30M10, C330,
C33M10 e C400. A Série B inclui as amassaduras C330, C33M10, C33M15, C33SF10 e
C33HRM10.
Utilizou-se ainda, para todos os ensaios um factor K, eficiência das adições activas,
como sendo,
C−X
K= × 100 (6)
C
Onde,
113
C33M10 36,9 48,7 55,6 60,8 -9 10 15 18
C400 53,8 57,6 59,9 62,8 0 0 0 0
65
60
C400
R. compressão [Mpa]
C30M 10 C300
55
C33M 10 C330
C30M10
50
C300
C330
45 C33M10
40 C400
35
30
7 28 56 90
Idade [dias]
A Figura 2 ilustra as médias dos valores obtidos nos ensaios de compressão realizados
para as diferentes idades.
65,0
60,0
R. compressão [MPa]
C300
55,0
C30M10
50,0
C330
45,0
C33M10
40,0
C400
35,0
30,0
7 28 56 90
Idade [dias]
! Em todas as idades o betão C400 é o que apresenta resistências mais elevadas, este
facto deve-se naturalmente à maior quantidade de ligante utilizada.
! Com a mesma quantidade de ligante o betão com 10% de substituição de cimento por
metacaulino tem resistências superiores ao betão de controlo. Com 300 kg/m3 de
ligante o ganho de resistência do betão é de 8% aos 28 dias, valor que sobe para os
21% aos 90 dias. Com 330 kg/m3 de ligante a resistência aos 7 dias e inferior no betão
com 10% de metacaulino, no entanto aos 28 dias a eficiência é de 10%, este valor sobe
para os 18% aos 90 dias.
114
! Apesar da amassadura C400 ter os resultados mais elevados com o aumento da idade a
diferença entre os betões C33M10 e o C400 diminui, sendo que aos 90 dias a
diferença é de apenas 2 MPa. De notar a grande diferença na quantidade de cimento
utilizada nas 2 amassaduras, que foi de 100 kg/m3.
75
70 C330
R. compressão [Mpa]
C33HRM 10
65
C33M 15 C33M10
60
C33SF10 C33M 10
55 C33M15
50 C330 C33HRM10
45
C33SF10
40
35
7 28 56 90
Idade [dias]
65,0
C330
60,0
C33M10
55,0
C33M15
50,0
C33HRM10
45,0
40,0 C33SF10
35,0
30,0
7 28 56 90
Idade [dias]
115
Para as amassaduras C33M10 e C33M15 os valores obtidos aos 7 dias são mais baixos
que os valores da composição de controlo, isso deve-se ao tempo de indução na reacção do
metacaulino com cal. Para idades mais avançadas os valores obtidos nas amassaduras
C33M10 e C33M15 já são mais elevados comparativamente com a amassadura de controlo.
As evoluções das resistências com a idade são semelhantes. Os resultados indicam que a
substituição de 15% de cimento por metacaulino é vantajosa. A amassadura C33M15 traduz
uma eficiência de 23% aos 28 dias, valor que sobe para os 26% aos 90 dias.
A SF e o HRM são as adições que conduzem aos melhores resultados. Utilizando SF
obtêm-se o valor mais elevado de resistência aos 7 dias, 55,3 MPa. Aos 90 dias os valores
obtidos são semelhantes aos obtidos com HRM e correspondem a uma eficiência de cerca de
40%.
Eficiência das
Amassadura /
28 56 90 adições activas
Idade
28 56 90
C300 37,57 35,99 27,63 0 0 0
C30M10 17,37 11,23 11,83 -54 -69 -57
C330 33,44 24,77 21,07 0 0 0
C33M10 15,49 12,09 9,26 -54 -51 -56
C400 38,13 30,84 22,25 0 0 0
40
35 C300
C300
30
DNSSM [m2/s]
C330 C400
C30M10
25
C330
20
15 C33M10
C33M10
C30M10
10 C400
5
28 56 90
Idade [dias]
30 C300
25
C30M10
20
15 C330
10
C33M10
5
28 56 90 C400
Idade [dias]
116
Os resultados obtidos demonstram que a utilização do metacaulino produzido é
amplamente benéfica para a diminuição do coeficiente de difusão do ião cloro. Os valores
obtidos para os betões incorporando metacaulino são em todas as idades pelo menos 50%
inferior relativamente ao betão de controlo.
Os gráficos apresentados mostram claramente a vantagem inerente à utilização de
metacaulino com o objectivo de diminuir o coeficiente de difusão do ião cloro. Nem com a
utilização de 400 kg/m3 de cimento os valores se aproximam dos obtidos utilizando
metacaulino.
Eficiência das
Amassadura /
28 56 90 adições activas
Idade
28 56 90
C330 33,44 24,77 21,07 0 0 0
C33M10 15,49 12,09 9,26 -54 -51 -56
C33M15 10,17 6,84 7,27 -70 -72 -65
C33SF10 6,36 5,73 6,03 -81 -77 -71
C33HRM10 5,63 4,57 3,83 -83 -82 -82
35
30
C330
25
DNSSM [m2/s]
C330 C33M10
20
C33M15
15 C33M 10
C33SF10
10
C33M 15 C33HRM10
C33SF10
5 C33HRM 10
0
28 56 90
Idade [dias]
C33M10
20
C33M15
15
C33SF10
10
C33HRM10
5
0
28 56 90
Idade [dias]
117
Este ensaio é suficientemente sensível para distinguir com clareza a evolução do
coeficiente de difusão de cloro com o aumento da idade, principalmente para betões de
qualidade mais baixa. Também define claramente a diferença entre a qualidade dos betões nas
mesmas idades.
A substituição de 15% de metacaulino conduz a resultados relativamente melhores
comparado com os obtidos com uma substituição de 10%, pelo que também neste ensaio é
clara a vantagem de substituir 15% de cimento por metacaulino. Aos 28 dias na composição
C33M15 a diminuição do coeficiente de difusão de cloro e de 70%, e desce para os 65% aos
90 dias.
A utilização de SF e HRM conduz a resultados análogos aos 28 dias, a diminuição do
coeficiente de difusão de cloro é de 80%. Para o HRM este valor mantém-se com o aumento
da idade, já com a SF este valor desce para os 70% aos 90 dias.
Eficiência das
Amassadura /
28 56 90 adições activas
Idade
28 56 90
C300 0,43 0,41 0,45 0 0 0
C30M10 0,79 0,99 1,09 84 140 144
C330 0,38 0,51 0,58 0 0 0
C33M10 0,66 0,82 1,28 71 60 119
C400 0,35 0,40 0,49 0 0 0
1,3
1,2
1,1
Resistividade - rM [W.cm]
1,0 C300
C30M 10 C33M 10
0,9 C30M10
0,8 C330
0,7 C33M10
0,6 C400
C330
0,5
C300
0,4
C400
0,3
28 56 90
Idade [dias]
118
1,3
[W.cm] 1,2
1,1
1,0 C300
M
0,9 C30M10
Resistividade - r
0,8 C330
0,7 C33M10
0,6
C400
0,5
0,4
0,3
28 56 90
Idade [dias]
Eficiência das
Amassadura /
28 56 90 adições activas
Idade
28 56 90
C330 0,38 0,51 0,58 0 0 0
C33M10 0,66 0,82 1,28 71 60 119
C33M15 0,93 1,23 1,53 142 139 162
C33SF10 1,15 1,58 1,40 199 208 140
C33HRM10 1,23 1,69 1,93 219 229 230
1,95
[W.cm]
1,80 C33HRM 10
1,65 C330
1,50 C33SF10
M
1,35 C33M10
Resistividade - r
C33M 15
1,20 C33M15
1,05
0,90 C33SF10
0,75 C33M 10
C33HRM10
0,60 C330
0,45
0,30
28 56 90
Idade [dias]
119
1,95
1,80
[W.cm]
1,65
C330
1,50
1,35 C33M10
M
1,20
Resistividade - r
C33M15
1,05
0,90 C33SF10
0,75
C33HRM10
0,60
0,45
0,30
28 56 90
Idade [dias]
Com 15% de substituição de metacaulino os resultados são melhores do que com uma
substituição de 10%. Aos 28 dias o aumento da resistividade é de 142%, valor que sobe para
os 162% aos 90 dias. Os resultados obtidos com SF e HRM são idênticos, sendo que com
HRM os resultados são ligeiramente mais elevados. Com HRM a eficiência é de 220% aos 28
dias relativamente ao betão padrão, este valor aumenta para 230% aos 90 dias.
Eficiência das
Amassadura /
28 56 90 adições activas
Idade
28 56 90
C300 241,7 173,3 127,0 0 0 0
C30M10 122,5 143,3 116,7 -49 -17 -8
C330 356,8 222,9 171,3 0 0 0
C33M10 146,4 122,5 111,2 -59 -45 -35
C400 206,9 166,1 144,1 0 0 0
360
]
330
0.5
C330 C300
300
Absorção [ g/m . h
270 C30M10
2
240 C330
C300
210
C400 C33M10
180
150 C400
C30M 10
120 C33M 10
90
28 56 90
Idade [dias]
120
360
330
Absorção [ g/m2 . h0.5 ]
300
C300
270
C30M10
240
210 C330
180 C33M10
150 C400
120
90
60
28 56 90
Idade [dias]
Eficiência das
Amassadura / adições activas
28 56 90
Idade
28 56 90
C330 356,8 222,9 171,3 0 0 0
C33M10 146,4 122,5 111,2 -59 -45 -35
C33M15 129,5 85,0 109,1 -64 -62 -36
C33SF10 93,4 76,0 81,0 -74 -66 -53
C33HRM10 84,8 77,6 72,5 -76 -65 -58
121
360
Absorção [ g/m2 . h0.5 ] 330 C330
300 C330
270 C33M10
240
210 C33M15
180 C33SF10
150 C33M 10 C33HRM10
120 C33M 15
90 C33HRM 10 C33SF10
60
28 56 90
Idade [dias]
360
330
Absorção [ g/m2 . h0.5 ]
300 C330
270
C33M10
240
210 C33M15
180 C33SF10
150 C33HRM10
120
90
60
28 56 90
Idade [dias]
5. CONCLUSÕES
122
4. A substituição de 15% de cimento por metacaulino é mais eficiente que a de 10%,
tanto a nível de resistências como de durabilidade.
5. O facto de se terem obtido melhores resultados com o metacaulino de alta reactividade
(HRM) está associado, provavelmente, a pureza da matéria-prima e à dimensão mais
reduzida das suas partículas.
6. Os resultados obtidos com SF são semelhantes aos obtidos com HRM.
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
123