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8 e 9 de junho de 2012

ISSN 1984-9354

CONDOMÍNIO DE VERANEIO
SUSTENTÁVEL NA ARMAÇÃO DOS
BÚZIOS

Vinícius Vasconcelos Carvalho Paiva


(UCP- Universidade Católica de Petrópolis)

Resumo
Elaboração de um projeto arquitetônico, um Condomínio de Veraneio na
Armação dos Búzios, baseado nos conceitos da sustentabilidade; passando
pelas diversas etapas, desde o estudo do plano diretor, da legislação, da
escolha do terreno, deterrminação do público alvo, adequação do sistema
construtivo e pesquisa de materiais ecológicos e sistemas eficientes.
O referido projeto está na fase de ante-projeto1, e tem grande potencial
de ser incorporado por um empresário ou uma construtora que venha
querer desenvolver as boas práticas sustentáveis.
Este trabalho tem por escopo um projeto de arquitetura, descrevendo-o
de maneira com que se detalhe as suas diversas características para que
possamos compreendê-lo e analisá-lo. O intuito é dissertar sobre as
escolhas feitas no projeto, e suas justificativas.
A descrição das justificativas de projeto mostram as dificuldades de se
incorporar a sustentabilidade, mostra que o caminho percorrido pode
mudar em detrimento de características técnicas ou informações locais.
Uma das principais características do artigo é a atualidade do tema
recorrido e sua busca incessante para entender e poder aplicar seus
conceitos em uma situação real, um verdadeiro projeto de arquitetura. Foi
um desafio muito interessante, e uma atualização da profissão, de modo
que há um destacamento e experiência em projetos sustentáveis.
Apesar de ser um projeto pontual, pode-se perceber que o
desenvolvimento do trabalho, mostra a relevância da abordagem de um
projeto arquitetônico sustentável, sendo um exemplo de construção que a
sociedade deve valorizar de agora em diante.
Os condomínios são extremamente importantes porque compõem uma
parcela significativa da habitação do município, sendo relevante seu
relacionamento positivo com a paisagem urbana, pois são estes que
acarretam os maiores impactos ambientais no município e podem ser
agregadores nos outros aspectos da sustentabilidade. Vislumbra-se que a
prática da sustentabilidade na construção civil é essencial para vida no
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planeta.
O projeto é passível de alterações para seu aprimoramento, portanto
serão bem-vindos questionamentos posteriores que busquem melhorias.
Ante-projeto:
Consiste na representação, em todas as especialidades, do conjunto de
informações técnicas necessárias para a compreensão da obra e
entendimento dos sistemas, materiais e equipamentos especificados,
necessários ao perfeito funcionamento da futura edificação. Constam nele:
Planta de Implantação, Plantas dos pavimentos, Plantas de cobertura e
Cortes transversais e longitudinais.

Palavras-chaves: Condomínio Sustentável , Sustentabilidade na


Construção Civil, Escolhas Projetuais Ecológicas, Projeto Sustentável.

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1. Considerações iniciais
A proposta do artigo é descrever um Empreendimento Imobiliário, no caso um Condomínio de
Veraneio na Cidade do Rio de Janeiro, no Município da Armação dos Búzios, que foi embasado nos
conceitos da sustentabilidade na construção civil.
O objetivo é o desenvolvimento e a aplicação dos conceitos de maneira prática no projeto
arquitetônico.
No artigo está constando todo embasamento teórico do referido projeto, a parte gráfica foi
retirada (apresentação em Power Point e desenhos: Planta Geral, Planta de Implantação, plantas dos
pavimentos, plantas de coberturas, cortes e perspectivas). Estas de autoria do referido autor, sendo de
sua propriedade e só constando em sua posse.

2. Formulação da Situação Problema


Poucos edifícios são capazes de prover conforto térmico, visual, acústico e olfativo para seus
usuários, sem uma forte dependência dos sistemas convencionais de energia. O desenvolvimento de
uma arquitetura voltada ao meio ambiente que possa liberar-se dessa dependência é um dos desafios
que enfrenta nossa geração. Além disso, deve agregar valores de cunho social, cultural e de viabilidade
financeira, se diferenciando dos projetos convencionais.
Os condomínios são extremamente importantes porque compõem uma parcela significativa da
habitação do município, sendo relevante seu relacionamento positivo com o município, pois são estes
que acarretam os maiores impactos ambientais no município e podem ser agregadores nos outros
aspectos da sustentabilidade.

3. Objetivo Geral
Desenvolvimento de um condomínio na Armação dos Búzios, Rio de Janeiro, de forma a
conduzir a uma nova lógica que satisfará às condições ideais para a compatibilização do meio ambiente
com a vida e as atividades do homem contemporâneo, com foco na arquitetura ecologicamente correta
e interligando com questões culturais, sociais e de viabilidade econômica.
As preocupações principais são com os aspectos:
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-Ambiental
O que seria ecologicamente correto?
-Social
O que seria socialmente justo?
-Cultural
O que seria culturalmente aceito?
-Viabilidade financeira
O que seria economicamente viável?
O que se busca com esse trabalho são as respostas destes, de forma com que as intenções sejam
de acordo com as necessidades e suas pretensões, conduzindo o projeto à implementação de estratégias
sustentáveis.

4. Objetivo Específico
Apresentar a prática projetual de arquitetura embasada nos princípios da sustentabilidade.
Sinalizar como a implementação de tais práticas orientam as estratégias das escolhas feitas no
projeto.
Correlacionar a implementação de práticas sustentáveis à melhoria do desempenho da
edificação e ao seu gerenciamento durante seu uso.
Apresentar como a aplicação dos conceitos de sustentabilidade no projeto arquitetônico podem
servir de vantagem competitiva a uma construtora junto ao mercado globalizado.

5. Delimitação da Pesquisa

A busca por exemplos de projetos sustentáveis, tanto no âmbito internacional quanto nacional,
guiou os conceitos da metodologia. As análises feitas desses projetos tiveram como intuito a
identificação de seus principais traços e o que os diferenciavam uns dos outros.

Essas referências projetuais contribuíram para observar que as características locais influenciam
nas decisões de projeto, guiando para uma abordagem sistemática e diferenciada dos exemplos.

O trabalho envolve muitas pesquisas e escolhas, ou seja, verificaram-se quais as ferramentas


que se podem utilizar no projeto, tais como, envolvendo o sistema construtivo, os materiais, sistemas
inteligentes, mão-de-obra e utilização racional de recursos financeiros, além de outros.
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Dessa maneira, com a preocupação desse adequado desenvolvimento do assunto, deve-se ter o
cuidado de pensar localmente e propor intervenções coerentes com a infra-estrutura já instalada e
instigar um desenvolvimento nas áreas pretendidas, ou de maior potencial.

6. Metodologia
O desenvolvimento do trabalho se deu em diversas fases. Primeiro seguiu-se pesquisando sobre
o município a ser trabalhado; sua história, seu desenvolvimento, projetos futuros, plano diretor, estudo
da infra-estrutura e da legislação. A importância desta familiarização é, que a partir do conhecimento
do município e do terreno escolhido, pode-se desenhar um perfil adequado para a edificação que será
construída. Esta deverá se adequar ao entorno e ao clima, sem que haja uma “agressão” visual e ao
meio ambiente, e sim tirando partido de tudo que a cerca e além do mais agregando os outros aspectos
que a sustentabilidade contempla.
Depois se seguiu pesquisando o significado da “sustentabilidade”, com o objetivo de se
entender como funciona e como deve ser uma edificação voltada para esses princípios e sua
aplicabilidade. Esta etapa se realizou através de leituras de livros, e a presença nas aulas do curso de
pós-graduação, além de comparecer às palestras externas voltadas para essa área. As análises de
projetos relacionados ao viés da sustentabilidade também contribuíram ao amadurecimento das idéias.
Realizaram-se pesquisas sobre trabalhos e projetos referentes à sustentabilidade, visualizando quais
seriam as ferramentas que poderiam vir a ser utilizadas, e depois foram feitas muitas análises para
compreender o que estaria dentro das possibilidades locais e técnicas.
Posteriormente, pesquisaram-se terrenos com possibilidades de serem comprados para o
desenvolvimento do projeto de arquitetura e que depois futuramente pudesse ser um objeto
arquitetônico que pudesse a vir ser construído.
Compareceu-se muitas vezes no interior do terreno escolhido, para se ter uma vivência.
Visitaram-se alguns condomínios no município, para visualizar a infra-estrutura destes e
verificar características e problemas. Ainda assim, depois foram feitas visitas a casas que tivessem um
programa parecido ao proposto.
Ocorreram algumas dúvidas a propósito da infra-estrutura e sobre a legislação da área
escolhida, recorrendo a consultorias na Secretaria de Urbanismo.

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Com os dados colhidos em todas as etapas, e elaborado o programa de necessidades, partiu-se


para a definição das linhas “limitadoras” do projeto, já que ele passaria da teoria para uma edificação
real.
No final, foram desenvolvidos os desenhos referentes ao ante-projeto, conjugando com as
intenções pretendidas e superando as expectativas.
7. Princípios estratégicos da sustentabilidade

A Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura - AsBEA, o Conselho Brasileiro


de Construção Sustentável - CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios básicos
da construção sustentável, dentre os quais destacam-se:
-aproveitamento de condições naturais locais;
-utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
-implantação e análise do entorno;
-não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de calor,
sensação de bem-estar;
-qualidade ambiental interna e externa;
-gestão sustentável da implantação da obra;
-adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
-uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;
-redução do consumo energético;
-redução do consumo de água;
-reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
-introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
-educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

8. Abordagem dos Condomínios na Armação dos Búzios


De acordo, com as visitas feitas a diversos condomínios, pode-se concluir que:
-uma das vantagens de possuir uma casa em um condomínio é a segurança e a garantia de uma infra-
estrutura básica já instalada;
-a maioria dos condomínios tem uma unidade do conjunto volumétrico, mas, no entanto as cores das
casas são diferentes uma das outras, tratando de forma lúdica a linguagem arquitetônica;
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-poucos condomínios apresentaram uma ineficiência na setorização;


-verifica-se que a grande maioria das casas não possui um mínimo afastamento entre estas, e por
estarem muito próximas uma às outras, não possibilita ventilação cruzada e iluminação natural;
-o aproveitamento da luz natural é ineficiente na maioria dos projetos visitados;
-a materialidade é uniforme, ou seja, todos mantêm a mesma linguagem da região;
-nota-se em todos os condomínios, que quando cada unidade residencial possui uma área livre pequena,
o proprietário constrói alguma melhoria, como por exemplo, zonas de convivências externas
(churrasqueira, piscina, deck) para obter uma integração interna x externa e agregar espaços;
-área comum em alguns conjuntos residenciais tem sua implantação em locais que perturbam algumas
unidades, conturbando as unidades residenciais mais próximas, já que acarretam poluição sonora nos
momentos de uso;
-o paisagismo está presente na maioria dos conjuntos residenciais, ou totalmente ausente em outros,
mas nenhum trata da questão da leitura do conjunto urbanístico de forma a agregar valor à paisagem; e
sempre se privilegiam as vistas para as praias.
A experiência obtida através das visitas feitas aos diversos condomínios no balneário, mostrou
que não existe nenhuma referência projetual sustentável e que é importante uma abordagem apropriada
para sua estratégica implantação.

9. Descrição do Terreno Escolhido


O terreno escolhido está em uma zona residencial, de baixa densidade ocupacional; são dois
lotes, totalizando aproximadamente 22.000 m2 (vinte e dois mil metros quadrados), topografia
acidentada, está à beira mar da Praia Brava, enquadra-se em Zona Ocupação Controlada 15 (quinze) e
possui visadas para a Praia Brava, e para a Praia da Armação.

10. Projeto
O projeto levou em consideração a sustentabilidade desde a concepção dos conceitos e suas
posteriores escolhas, relacionadas ao partido arquitetônico, materiais, sistema construtivo e sistemas
eficientes.
De forma a desenvolver pontos adequados ao tema proposto, podem-se justificar muitas das
escolhas feitas aos seguintes tópicos: Ambiental, Social, Cultural, Viabilidade financeira.

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11. Proposta dos Espaços Arquitetônicos


Parte-se do pressuposto que a qualidade do espaço habitado é uma condição essencial para o
bem-estar das pessoas, afetando também os seus comportamentos perante os outros, com os quais
partilham estes espaços.
Os espaços foram projetados para o usuário poder usufruir confortavelmente de todos os
ambientes; a sustentabilidade não está na minimização dos espaços, e sim, no seu dimensionamento
adequado para abrigar as atividades oferecidas por cada ambiente. De acordo com as atividades que
queremos realizar em um determinado ambiente, devemos imaginar como iremos realizar as tarefas, os
espaços ocupados pelo mobiliário, a circulação dos usuários, o pé-direito que seria mais adequado e o
seu confinamento ou integração com outras áreas; depois pensar quais serão os materiais utilizados de
revestimento para cada um destes (sua adequação ao grau de conforto e necessidade do cômodo).
O sustentável está em projetar ambientes proporcionais às tarefas realizadas dentro deste para
que possamos usufruí-lo confortavelmente.
O espaço que habitamos deve enriquecer a nossa vida, ampliar o alcance dos nossos
pensamentos enquanto contribuem para facilitar as relações entre os habitantes da mesma casa e até
com a comunidade. Devem ainda permitir que exerçamos as nossas funções de uma forma eficiente e
em liberdade, sem infringirmos a liberdade do próximo.
De certa forma, temos que estipular o programa correto para sabermos como será a logística
desses espaços e podermos prever o seu dimensionamento adequado de acordo com as suas
necessidades e o que já foi dito anteriormente. Na formulação do programa do condomínio e das casas,
escolheu-se implantar espaços ou equipamentos que são diferenciados a um projeto padrão, tais como:
bicicletário, lixeiras para a coleta seletiva, composteiras, e outros. Neste caso, como já prevemos esses
espaços, imagina-se a logística destes, e seu posicionamento correto no condomínio ou na casa, para
minimizar problemas que estes possam a vir causar.
O importante é estipular um programa adequado às necessidades de um condomínio de
veraneio, prevendo todos os espaços que serão necessários para o seu perfeito uso ao longo de sua vida
útil e que esteja apto para manter todos os espaços criados em perfeito estado de conservação; também
é importante que nenhuma área fique subutilizada, e caso ocorra é necessário que transforme aquele
espaço em um ambiente que seja necessário ao condomínio.

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12. Setorização do Condomínio


O projeto contém nove casas, área de serviço e área comum. A disposição de cada uma delas no
terreno, foi pensada para não criar confrontos entre os espaços, pelo contrário, criar relações
satisfatórias para relações harmônicas entre as áreas construídas, as relações entre condôminos e
funcionários e com a natureza.
Com relação aos estudos de implantação da área comum, observa-se que a posição estratégica
no terreno é sua implantação na parte mais alta, afastada aproximadamente 50 (cinqüenta) metros da
área em que se localizam as casas, já que setoriza de forma que não gere tantos conflitos entre estas.
As casas (nove unidades) foram dispostas no lado direito (leste, oeste) do terreno.
A área de serviços é importante, pois nela os funcionários do condomínio realizam algumas de
suas atividades, por exemplo, o monitoramento, a recepção de condôminos e visitantes, suas refeições,
o armazenamento de materiais que auxiliem na manutenção do condomínio e o depósito dos vários
tipos de lixo. Implantou-se próxima à entrada do condomínio e afastada das unidades residenciais.

13. Sistema Construtivo adotado


A simplicidade da construção da casa, da área comum e da área de serviço é o que se buscou no
projeto; dessa maneira, foi feito um método que primeiro são inseridas as fundações, posteriormente é
feita a primeira laje de concreto CPIV, o fechamento pelo tijolo-solocimento, as janelas com o vidro
eficiente, a utilização de brises, a estrutura do telhado feita de material ecológico e depois o seu
fechamento com telhas cerâmicas ou teto-verde.
O sistema elétrico e hidráulico são instalados nos furos do tijolo solo-cimento, não gerando
entulho desnecessário.
Portanto buscou-se eficiência, viabilidade financeira, praticidade do material para sua
implantação e materiais que gerassem menos entulho no decorrer da obra.

14. Planta-baixa do Condomínio


O terreno foi preservado ao máximo, para que não fossem modificadas suas características. A
única intervenção foi a planificação da área em que foi feita o arruamento do condomínio (utilização

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por parte dos carros e pedestres). A terra que seria deslocada dessa área foi utilizada para o
nivelamento (ou planificação) da área comum.
A Área Comum conta com salão multiuso (salão de jogos/salão de festas), churrasqueira,
cozinha/copa, circulação, lavabos / masculino e feminino, vestiário e fraldário, cyber, sauna; a
circulação periférica garante espaços funcionais, que podem ser independentes uns dos outros ou que
também se complementam. Os espaços foram corretamente dimensionados e posicionados de acordo
com sua máxima otimização.
A área de Serviço tem o seu programa coerente com as necessidades do condomínio, para a
correta funcionalidade dos serviços estabelecidos no interior deste.
É um condomínio funcional que busca a satisfação total de seus moradores.

15. Planta-baixa das Casas


A aplicação do conceito de conforto é essencial para a criação de ambientes humanos saudáveis.
O conforto abrange aspectos térmicos, de umidade, ventilação e iluminação. O ser humano precisa se
sentir confortável, contar com iluminação suficiente para suas atividades em ambientes com umidade e
ventilação equilibradas. Os ambientes saudáveis costumam contar com iluminação, ventilação e
materiais naturais, como é o caso do referente projeto.
Optou-se por confeccionar uma planta-baixa que fosse “aberta”, para que posteriormente
pudesse se modificar de acordo com o gosto do cliente. Uma importante característica do projeto é
poder inserir ou retirar paredes, pois, da forma que foi projetado tem-se essa possibilidade; então se
pode alterar a planta de acordo com o gosto do cliente. Como a planta tem sua forma retangular é
facilmente manipulável para algumas mudanças, mas não se pode expandir, para que não saia do
escopo da legislação e para não modificar as relações que as casas têm entre si.
O fundamento da planta-baixa foi a criação de um sistema modular, isto é, o estudo de qual
medida métrica seria padrão para a confecção das plantas, com o objetivo de padronizar, havendo
diversos benefícios, um deles é redução de rejeitos de materiais.
Dessa maneira, esse estabelecimento desse sistema de proporcionalidade estabelece um
conjunto coerente de relações visuais entre as partes das edificações, assim como entre as partes e o
todo.

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Os sistemas de proporcionalidades vão além dos determinantes funcionais e técnicos da forma e


do espaço arquitetônicos, conferindo um fundamento estético lógico para as suas dimensões. Essa
unificação visual da multiplicidade de elementos de um projeto arquitetônico ao fazer com que todas as
suas partes pertençam à mesma família de proporções.
A elevação dos volumes, tem como intenção a melhoria do conforto ambiental nos ambientes
internos. Essa elevação do plano cria um domínio específico dentro do contexto espacial. O plano
elevado define um espaço transicional entre o interior das edificações e o ambiente externo, além de
constituir uma plataforma para a observação do espaço circundante.
Buscou-se planejar de forma que as atividades realizadas em cada cômodo fossem feitas
confortavelmente dentro dos espaços criados, levando em consideração o número de componentes da
família, o espaço de circulação de um cadeirante e o mobiliário; a dimensão no sentido da
profundidade das unidades foi pensada para que fosse uma unidade métrica confortável e que
permitisse o aproveitamento da luz natural, apresentando 7 (sete) metros.
Houve a implantação da circulação periférica voltada para o exterior protegida pelo beiral, a
protegendo da chuva e do sol; que são os chamados espaços de atenuação climática, que acabou sendo
as varandas protegidas pelo beiral junto às fachadas das casas e as áreas ajardinadas. São espaços que,
apesar de serem exteriores, beneficiam de um grau de proteção das intempéries que os torna úteis ao
longo de quase todo o ano.
Organização dos pavimentos: os espaços mais públicos localizam-se no piso inferior e os mais
privados no pavimento superior, esta organização favorece as relações familiares porque faz a distinção
clara entre espaços mais privados e mais públicos; e quanto mais clara a distinção entre espaço público
e privado, mais confiante se sente a pessoa que utiliza o espaço.
O pé-direito representado nas plantas da casa varia no volume público, de 3 (três) metros a 4,50
(quatro metros e meio), pois com essa variação, dá-se uma sensação diferenciada de um volume para o
outro. Já o volume privado tem o pé-direito de 3 (três) metros.
Como os volumes são separados seis metros, permitido pela legislação, favorece à uma
ventilação e iluminação natural eficiente em cada pavimento.
Foi importante eliminar todas as barreiras à comunicação e fazer com que os espaços
partilhados pela família estimulem a interação, por isso eliminou-se paredes divisórias para a
integração das salas (estar, jantar, hall). Inclusive a cozinha, é integrada, pela utilização do passa-prato
para permitir um diálogo sem barreiras entre os elementos da família e também ao fluxo das refeições.
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Os espaços de transição e de circulação permitem um elevado grau de comunicação e de


integridade entre os espaços principais da habitação, não só sendo apenas um espaço de passagem.
Apenas desta forma podem contribuir para aumentar o grau de privacidade que existe no interior de
uma habitação, enquanto consolidam a identidade da mesma; além disso também deram uma
autonomia com relação à circulação na casa, pois se pode caminhar ao redor desta, fazendo com que
atividades realizadas se complementem e não interfira uma na outra.
As salas, de recepção, estar e de jantar, são integradas, dando uma amplitude ao ambiente, mas
pode ser dividido com paredes, no caso do cliente optar por essa opção, pois se terá uma maior
privacidade na área de jantar, não prejudicando essa amplitude.
A área íntima foi também cuidadosamente projetada; foram projetados espaços confortáveis,
racionais e com o grau de privacidade pretendido. Nas suítes aproveitou-se a parede hidráulica dos
banheiros, gerando economia de encanamento, maior facilidade de instalação e menos tempo de
trabalho; nos banheiros também se quiseram e criaram uma iluminação natural e ventilação natural sem
prejudicar o alto grau de privacidade que se quer nesses ambientes garantindo conforto ao usuário.
As duas varandas que foram projetadas são espaços privilegiados, pois são áreas de transição
entre o espaço interior e o exterior, onde se pode tomar o café da manhã, relaxar em uma rede ou
conversar com mais tranqüilidade, além de serem espaços compartilhados, mas que mantém a
intimidade do que ocorre em cada uma delas.

16. Paisagismo
O conceito de tratamento paisagístico dos espaços externos é marcadamente relacionado com as
especificidades locais e com o controle das variáveis de conforto climático, através da cobertura
vegetal nas coberturas edificadas (radiação solar recebida, sombras projetadas, regime de ventos,
regime de chuvas).
A plantação de espécies vegetais em áreas de cobertura resulta na criação de ecossistemas que
abrigam muitos dos organismos que encontramos na natureza e que são benéficos para a absorção da
poluição atmosférica na cidade, causada pelas atividades humanas; apesar de não haver poluição
atmosférica na região do terreno, a inserção do teto verde contribui para a composição paisagística.
As áreas ajardinadas em coberturas tornam-se espaços de atenuação climática do próprio
edificado e contribuem para reduzir o impacto dos extremos menos confortáveis do clima exterior.

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Uma área com densa vegetação junto a um espaço de estar semi-exterior protege do sol e do vento e
melhora as condições de conforto. Já que se conhecem as características do micro-clima local, é
possível determinar e moldar, de uma forma criativa, o conforto em espaços exteriores.
Os espaços ajardinados, são acessíveis aos usuários das casas, por isso são locais ideais para
espaços de reunião para confraternização, admiração da natureza e relaxamento.
A manutenção dessas coberturas ajardinadas deverá ser feita pela empresa que instalará o
sistema; e é de extrema importância que a impermeabilização, o isolamento térmico, a terra e as
espécies especificadas para as coberturas ajardinadas sejam adequadas ao contexto regional.
O projeto paisagístico do condomínio contemplou a valorização das áreas verdes, ou seja, logo
de início ocorreu a preservação das árvores nativas existentes no terreno, que são poucas, e se previu a
plantação de mais exemplos de forma que crie uma composição de variadas espécies, contribuindo
para o ecossistema natural.
As árvores foram mantidas e muitas outras plantadas nas áreas externas, proporcionando
sombras muito úteis no verão; e essa presença de plantas produz um efeito regulador sobre o meio
ambiente.
Uma característica marcante é a valorização do paisagismo, para que contribua para o conforto
ambiental do projeto; respeitou-se a natureza, otimizando seu potencial. Está prevista uma horta, para a
utilização das verduras e condimentos por parte dos funcionários e dos condôminos, e que também
serve para educação alimentar das crianças.
O projeto utilizará a vegetação da região em todas as áreas externas que forem projetadas;
posteriormente será feito um estudo de cada uma, para a escolha adequada ao terreno em questão, para
a correta implantação vegetativa no sítio, escolhendo aquelas que estão mais adequadas ao solo do
terreno e ao porte pretendido.

17. Relação Externo X Interno


O contato do usuário com o meio exterior é muito importante para que se situe no tempo e
espaço, criando conforto e domínio. Foi criada a interação visual e auditiva entre o interior e o exterior
das edificações, já que se situa em um meio que se pode contemplar a natureza, que é sossegado e está
de frente à praia, podendo-se apreciá-la.

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A sensação dos espaços são adequados, estimulantes e equilibrados, já que são espaços
planejados, contam com a luz solar, ventilação natural e o odor das plantas acrescentando o som
do vento entre as folhas.

18. Materiais
Para saber se o material realmente é ecológico, é necessário responder a uma série de perguntas,
tais como:
-A matéria-prima – é virgem ou reciclada? Como é extraída? É um recurso renovável?
-Qual é o processo produtivo? Apresenta baixo consumo de energia? E de água? O processo é
poluente? (ar, água, terra, som). Gera que tipo de resíduos?
-O produto é poluente?
-Sua instalação, manutenção gera resíduos?
-Como é a logística de distribuição do produto? Consome muita energia?
-E a embalagem? Possui potencial de reciclagem ou de reuso?
-Possui algum tipo de certificação (tipo ISSO 14001) ou selo?

São muitas perguntas as quais o consumidor final não tem as respostas. Como iremos saber de
todas essas informações? Entende-se que estamos em um momento em que mesmo que fôssemos atrás
dessas respostas o próprio fornecedor não as daria ou teria muita delas.
É necessário que futuramente, tenhamos todas essas informações antes de uma compra para que
possamos julgá-la ecológica ou não. Esse processo deve ocorrer ao passar dos anos, com a criação de
algum órgão que fiscalize e garanta a veracidade das informações contidas em cada produto.
O projeto esbarrou nesse dilema muitas vezes, portanto, foi necessário criar um traço em que se
pudesse convergir às escolhas feitas nesse quesito.
Chega-se à conclusão que as escolhas deveriam ser feitas em relação à facilidade de execução
em obra, a durabilidade, como seria feita sua manutenção e se haveria muitos rejeitos a partir de cada
uma das matérias-primas.

19. Sistemas

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Sistemas sustentáveis conferem ao edifício algum grau de autonomia e economia de insumos


e/ou redução do impacto ambiental com minimização das emissões de carbono atmosférico.

A responsabilidade de tomar conhecimento das melhores tecnologias disponíveis e que sejam


economicamente viáveis e eficientes ao programa do projeto foi um dos desafios enfrentados.

Um ponto importante é o aproveitamento da energia eólica. Sabemos que, geralmente, esse


investimento se dá em projetos urbanos, até porque é muito difícil encontrar esses equipamentos em
uma escala apropriada para uso privado e também pelo seu elevado custo. Encontrou-se um gerador
eólico eficiente para o porte do empreendimento, mas não entraremos em detalhes. É necessário ainda
fazer uma investigação se tal sistema não houve problemas até o momento e posteriormente, como
seria a adoção desse investimento no empreendimento. Os benefícios com a implantação de geradores
eólicos são: ter a possibilidade de fazer a sua própria energia em vez de ter de comprá-la à empresa de
eletricidade; é uma excelente e eficiente forma de ajudar a alimentar de energia as residências, já que
os ventos são uma fonte gratuita de energia, apesar do investimento inicial na compra dos geradores
apresentarem um custo elevado, mas existem soluções que podem diminuir esse custo; são excelentes
substitutos dos geradores a diesel ou gasolina, não precisam de combustível, são mais silenciosos e não
poluem. Além destas vantagens, ter um gerador eólico é uma forma excelente de gerar energia limpa,
sem utilizar produtos ou equipamentos que poluam o meio ambiente. Com geradores eólicos não se
poupa só dinheiro em eletricidade, poupa-se também o meio ambiente, com a redução de emissão de
carbono na atmosfera, pois utilizam a força dos ventos, uma fonte de energia renovável, limpa, gratuita
e que não ameaça a preservação do planeta.

Outro sistema importante e que gerou muita dúvida quanto à sua implantação foi uma mini
estação de tratamento de esgoto. Existe uma estação de tratamento de esgoto, no município, no bairro
São Jorge, que fica aproximadamente a 7 (sete) quilômetros do condomínio; sabe-se que o município
não tem uma tubulação de coleta de esgoto em sua maior parte, mas que muitos dos condomínios já
fizeram em seu interior a tubulação que será ligada com a rua (meio externo) para posterior ligação à
estação de tratamento de esgoto. Inicialmente, até foi proposto uma mini estação de tratamento de
esgoto, mas de acordo com a experiência com o fabricante desta, percebeu-se que este estava tendo
problemas com a manutenção dessas mini estações, que são sistemas pequenos e que ocupam pouco
espaço, por isso resolveu-se não utilizá-la e propor o ligamento de uma tubulação para sua ligação

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posterior na rede. A adoção desse sistema ainda é um ponto que ficou em aberto, pois depende de mais
investigação e também do perfil do construtor do condomínio.

Utilizou-se a compostagem como um dos meios de resolver o problema do lixo orgânico, pois é
uma maneira econômica e funcional de manipulação. O material gerado pode ser utilizado na área da
horta e o excesso pode ser vendido para a iniciativa privada ou ser doado para a Secretaria do Meio
Ambiente.

Os resíduos gerados pelo condomínio serão estocados em lixeiras de coletores seletivos, para
posterior recolhida de uma pequena cooperativa que vai ao local buscar sem custos ao condomínio,
para a posterior reciclagem de todo esse material, que já foi separado na própria casa do condômino e
no condomínio.

Propôs-se o reaproveitamento da água da chuva, com a intenção de economizar a água que é


usada para o abastecimento do condomínio, gerando assim uma economia com a água que iria ser
comprada; mas a utilização da água da chuva é só para rega de jardins, lavagem de calçadas e carros,
havendo uma economia considerável.

Utilizou-se o coletor solar, a utilização das placas solares para aquecimento da água do banho,
para economizar energia, além de o produto ter uma vida útil em torno de 20 anos e não existe restrição
para a instalação, basta a casa ter uma boa condição de recebimento de sol.

Os custos com aquecimento da água correspondem a uma parte considerável da conta de luz na
maioria das residências brasileiras. Parte desse orçamento pode ser reduzida com a instalação dessas
placas solares, que têm sido barateadas devido à isenção de impostos e também pelo aumento da
procura. Os benefícios vão além da simples economia. As placas solares não precisam de nenhum
combustível para funcionar, elas produzem energia limpa, renovável e sustentável, diferente do uso do
gás, óleo e carvão.

20. Cores
A preocupação do projeto de tentar interferir o mínimo possível na construção da “nova”
paisagem, revela-se também na escolha da cor para as fachadas das casas: adotou-se o verde, pois o
terreno está inserido em uma área de vegetação densa ao seu redor, por isso não haveria contraste com
a leitura da paisagem.

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Já no interior de cada unidade, pode-se adotar de acordo com a preferência do proprietário, ou


de tirar partido da própria cor do tijolo de solo cimento e mantê-lo sem revestimento ou adotar cores
escolhidas para um conforto visual adequado; não se pode esquecer que a cor pode transformar um
espaço, com o diferencial de que é algo barato e de fácil execução.

21. Iluminação
No aspecto energético, a economia de energia proporcionada pela utilização de um projeto de
arquitetura bioclimática se dá pelos mecanismos existentes dentro desta prática, que aproveitam fontes
naturais de energia. Esses mecanismos têm como metas o aumento da recepção da luminosidade e do
calor, utilização dos ventos para ventilação natural e até geração de energia, e também, a criação e
melhoria de equipamentos e sistemas necessários ao uso da edificação que proporcionem captação,
acumulação e aproveitamento dessas energias naturais, pois uma construção bioclimática é eficiente na
redução da energia consumida e diminui uma parcela dos problemas ambientais.
Durante o dia a iluminação é natural, devido à correta orientação das fachadas para o leste x
oeste, e outra ferramenta utilizada para o adequado iluminamento nos ambientes foi o paft. O paft, área
transparente x área opaca, recomendável é entre 40% e 60% do pé-direito do projeto.
Para o projeto de iluminação artificial deve ser contratado um light designer para a máxima
eficiência da iluminação, e deve contemplar a utilização de leds.
Sensores instalados nos ambientes acenderão as luzes apenas quando houver pessoas ou a
iluminação natural diminuir, será importante pois reduzirá a tarifa da conta de energia elétrica e as
pessoas não precisarão se preocupar em acender lâmpadas, causando um maior conforto e domínio
sobre os ambientes.

22. Mobiliário
O projeto busca seus conceitos nos mínimos detalhes, e o mobiliário tanto das casas quanto da
área comum e da área de serviço do condomínio seriam ecológicos.
Um comprador em potencial de uma casa sustentável no balneário teria intenções e condições
financeiras de equipá-la com móveis ecológicos, para que o “ciclo” da sustentabilidade se fechasse em
um plano geral, ou seja, a concretização dos aspectos macros até os micros fossem cumpridos de
acordo com a consciência ecológica.

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Quanto aos equipamentos tecnológicos (que utilizam energia), será proposto um referencial aos
compradores para que estes otimizem e por conseguinte tenham o custo benefício de reduzir sua conta
de luz, uma das características de uso e operação do projeto; por exemplo: conduzir a eficiência
energética dos equipamentos, instalando aqueles que sejam certificados no Selo A do Procel.

23. Manutenção do Condomínio


A adaptação e resposta do edifício quanto às necessidades do usuário dependem da facilidade
de uso dos sistemas.
Para um ambiente ser sensível não basta ser natural (como, por exemplo, iluminação e
ventilação naturais em vez de iluminação artificial e ventilação mecânica), mas precisa também ser
simples para os usuários poderem manusear. Nós arquitetos, temos que delegar poder ao nosso usuário,
tornando-o responsável pelos seus atos do cotidiano. Temos que informar o usuário sobre tudo que for
necessário.
Por isso propôs-se o manual do usuário tanto para os proprietários quanto para os funcionários
do condomínio. Todos os funcionários receberão treinamento para saber manusear os equipamentos
implantados. O manual do condômino explicará como devem ser operados os sistemas, as janelas, os
brises e outros; também conterá, quais são os benefícios financeiros e ambientais, se for otimizado ou
houver uma conscientização na utilização destes adequadamente e confortavelmente sem gerar
desperdícios.
Adotou-se um sistema de armazenamento de informações sobre as manutenções ou reparos
feitos na casa, através de um dispositivo muito fácil e rápido, para que tudo que for feito, durante o uso
e operação, seja registrado e haja uma otimização dos serviços que irão ser prestados na casa.

24. Aspectos da Sustentabilidade

Abaixo, seguem as principais propostas e seus respectivos aspectos na sustentabilidade:


- Ambiental
Em relação à questão energética, os condomínios apresentam-se como grandes consumidores de
energia, por esse motivo foram feitas intervenções projetuais nesse campo, tais como: correta
orientação dos volumes proporcionando o uso otimizado da iluminação natural e da ventilação
natural; a implantação da energia eólica irá diminuir a dependência do condomínio à agência de
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energia, podendo ter sua própria energia; iluminação com sensor de presença nas partes comuns
de uso eventual.
Em relação à questão da água foi proposta a coleta de águas pluviais, o reaproveitamento dessa
água, medidor de água individual nas casas (havendo um controle por parte de cada unidade
residencial), jardins com irrigação automatizada, torneiras com aerador, vaso sanitário com caixa
acoplada e válvulas de descarga acionadas por sensor, válvulas de descarga de duplo
acionamento; caminhão pipa irá abastecer o condomínio, já que não há abastecimento na região,
conforme já implantado nos outros condomínios
Em relação aos resíduos, o tratamento do lixo comum foi implantado a coleta seletiva- as lixeiras
seletas para recolhimento do alumínio, do vidro, do plástico e do papel em cada casa e nas áreas
de serviço e comum; o lixo orgânico foi solucionado com a implantação das composteiras; o óleo
usado vai ser coletado para reuso, iniciativa já existente no município; futuramente a rede de
esgoto será ligada a concessionária do município, e na estação de tratamento de esgoto, mas por
enquanto serão implantadas as mini-etes.

- Social
É uma edificação destinada a residências que possuem uma infra-estrutura comum,
proporcionando espaços de acolhimento familiar e relações de troca com vizinhos e funcionários,
ou seja, um condomínio é um equipamento social .

- Cultural
De forma a criar uma nova mentalidade nos habitantes do município com relação à construção
civil sustentável, informar, treinar, instigar, profissionalizar; ou seja, tentar perpetuar as boas
práticas de projeto- intervenções arquitetônicas, reprodução da consciência de uma geração à
próxima, passar adiante, recompensar idéias (ás vezes são idéias simples, mas que solucionam
muitos problemas).
Os habitantes do município serão informados do projeto sustentável, através do papel semente,
para criar hábitos relacionados à sustentabilidade tanto nas habitações uni familiares,
multifamiliares e hábitos cotidianos.

- Viabilidade financeira
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Estar dentro do orçamento previsto, ou até mesmo economizar; fazer escolhas acertadas de
contratações de profissionais, empreiteiras, materiais, sistemas e tudo relacionado.
Equilibrar a equação custo x benefício dos equipamentos, sistema construtivo, pois diminuirá os
gastos com contas (de água, de energia, reparações), além de reduzir custos com manutenção já
que os materiais e sistemas possuem qualidade superior aos convencionais.
Já que haverá uma racionalização na gestão da água, da energia e dos resíduos com relação a um
condomínio convencional os recursos que serão economizados com relação a esses gastos podem
ser aplicados para outros fins ou poupados para emergências. São esses fatos que justificam o
desenvolvimento de soluções que ofereçam melhor desempenho para o condomínio, além de
estarem corretos nos conceitos da sustentabilidade.
De acordo com dados do United States Green Building Council (USGBC), os investimentos
adicionais requeridos para atendimento de classificação dos métodos de avaliação ambiental é de
cerca de 2% a 7% a mais que edificações convencionais. Entretanto, possui valor de mercado
superior em torno de 30%, com uma taxa de ocupação de imóveis alugados maior em torno em
3,5% (USGBC,2010).

25. Conclusão
A sustentabilidade é o cumprimento do desenvolvimento de um projeto observando e definindo
diretrizes para os setores: ambiental, cultural, social e financeiro.
A elaboração de um projeto de arquitetura na busca por uma maior sustentabilidade deve
considerar todo o ciclo de vida da edificação, incluindo seu uso, manutenção e sua reciclagem ou
demolição.
Apesar de o projeto ser pontual, foi necessário a verificação e o estudo de toda infra-estrutura
do município para fazer as escolhas adequadas.
O cumprimento das decisões do referido projeto em sua construção e ocupação, satisfariam que
este fosse sustentável, encorajando que novos empreendimentos no próprio município fizessem
adaptações para melhor gerir os resíduos, a água e a energia.
São vários os benefícios e resultados de maior relevância para as incorporadoras e construtoras
proporcionados com a incorporação da sustentabilidade como conceito estratégico da empresa;
propagação dos preceitos de sustentabilidade nos vários níveis da organização, conduzindo à

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motivação pessoal e profissional dos inúmeros profissionais envolvidos; criação de diretrizes de


produtos e processos responsáveis social e ambientalmente; apreensão de oportunidades de otimização
dos processos e diminuição de custos pela redução dos impactos ambientais e sociais e pela
responsabilidade com o desenvolvimento do capital humano e intelectual de seus agentes; seleção de
fornecedores de materiais, serviços e ferramentas que atendam às necessidades ambientais e tópicos
sociais; benefício nas relações com os entes envolvidos (público, consumidores e clientes, fornecedores,
meio ambiente, governo, dentre outros); sistematização e controle da execução econômica, ambiental e
social da empresa e de seus produtos e processos; melhoria da imagem corporativa da empresa pelas
práticas sociais e ambientais aplicadas e comunicação desse diferencial aos clientes e partes
interessadas.
É importante saber que existem muitas condicionantes que não se podem cumprir em um
projeto sustentável, talvez por não estarem desenvolvidas algumas questões, de mercado, de
fornecedores, de clientes, a nível governamental e tudo mais. O foco é analisar a infra-estrutura da
cidade em que se encontra o terreno, visualizar os aspectos sociais, culturais, ambientais, e conferir a
saúde financeira da cidade ou do município, conferindo qual é o “panorama” da cidade, ou seja, quais
as questões que estão sendo mais desenvolvidas e quais as mais carentes, para que assim possam ser
feitas escolhas adequadas ao desenvolvimento do que se quer proliferar corretamente com o projeto. O
que se pode observar é que projetos de âmbito público, atingem resultados que contemplam uma
comunidade maior, conferindo resultados satisfatórios e que abrange uma área maior e atinge um
número de pessoas satisfatório. Mas o que se pode visualizar, nesse atual momento é que a
sustentabilidade nas cidades não está sendo tratada de uma maneira “corporativa” que contemple a
população.
Apesar, desses empecilhos, ainda sim é possível um resultado satisfatório para a implementação
de um projeto sustentável. É necessário pesar os pós e os contras, avaliando quais são as escolhas mais
adequadas.
A defesa que devemos fazer no momento é sobre o modo de elaborar, e confeccionar os
projetos arquitetônicos, que devemos levar certas considerações que as certificações abordam. Não
precisamos necessariamente certificar um projeto, mas devemos sim focar na nova maneira sustentável
de elaborá-lo.
Não é necessário certificar um projeto para que este seja sustentável, basta seguir os princípios
da sustentabilidade. Dependendo do sistema de certificação adotado, mesmo o projeto ganhando o selo
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afirmando que é sustentável, precisa-se compreender o sistema, se está adaptado para o país em
questão, e se foi realmente cumprido durante a construção deste, o que foi estipulado; não basta só ter a
documentação contemplando o que a certificação estipula, e sim, deve ter realmente sido cumpridos o
que foi acordado, conduzindo de maneira ética. Outro problema referente a algumas certificações é que
não existe uma equipe presencial do órgão que emite o selo nas diversas etapas da obra, e às vezes nem
existe visita nenhuma. Dessa maneira, podemos concluir que certificar é fácil em alguns sistemas de
certificações, mas não se cumprem os compromissos estipulados no papel. Uma maneira de resolver
essa questão, seria criar um órgão que tivesse um corpo técnico de arquitetos e engenheiros engajados
na sustentabilidade projetual para fiscalização desses projetos, e garantir a veracidade e conformidade
do que foi proposto e verificar a implementação de tudo.
Ou outra solução seria criar um selo brasileiro por parte de um órgão público, para o
desenvolvimento coerente do tema, mas sem “cair nas magelas” governamentais e políticas.
Chega-se ao entendimento de que não é necessário submeter um projeto arquitetônico a um
sistema de certificação. Basta que este objeto arquitetônico seja tratado corretamente, a fim de que tudo
seja feito com justificativas fundamentadas nos aspectos da sustentabilidade.
A idéia que se que propõe não é a implantação de todos os elementos da sustentabilidade
instantaneamente em um local, mas sim aproveitar o momento adequado e saber escolher o aspecto que
se quer desenvolver (ambiental, social, cultural, viabilidade financeira) e convergir a um resultado
satisfatório ou até mesmo superar as expectativas.
O caminho para a sustentabilidade não é único e muito menos possui receitas, e sim depende do
conhecimento e da criatividade dos stakeholders.

Referências Bibliográficas
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- CORBELLA, Oscar; YANNAS, Simos. Em busca de uma arquitetura sustentável para os


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