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XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA: O CASO DA TRACTEBEL


ENERGIA

Érika Alessandra Salmeron Silva

Gabriel de Mello Viana Siqueira

Rodrigo Claudino Cortez

Rogério da Silva Nunes

João Januário Neto


XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

GOL – GESTÃO DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA

OS PROCESSOS DE PRODUÇÃO MAIS LIMPA:


O CASO TRACTEBEL ENERGIA
XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

RESUMO

A sustentabilidade do planeta é uma responsabilidade coletiva e ações para


melhorar o ambiente global são necessárias, isto inclui a adoção de práticas de
produção e consumo sustentáveis. Neste sentido, este artigo busca a compreensão
da gestão ambiental, bem como dos temas a ela relacionados. Primeiramente é a
apresentada fundamentação teórica acerca da gestão ambiental e temas
relacionados. Após este entendimento é apresentado um estudo de caso na
empresa Tractebel Energia, mostrando as ações e os indicadores utilizados para
avaliar os processos de transformação nas usinas hidrelétricas e termelétricas
operadas pela empresa. No arranjo concebido ela empresa destaca-se o Índice de
Sustentabilidade Empresarial (ISE), o Comitê de Sustentabilidade e o Sistema
Integrado de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente, com os indicadores de
consumo de energia elétrica, consumo de energia indireta, recirculação de efluentes
líquidos, reutilização de resíduos, medidas preventivas na destinação de resíduos
perigosos e investimentos em proteção ambiental.

ABSTRACT

The sustainability of the planet is a collective responsibility and actions to improve


the global environment are necessary, this includes the adoption of practices of
sustainable consumption and production. Accordingly, this article seeks to
understand the environmental management and the issues related to it. First
presented is the theoretical basis of the environmental management and related
issues. Once this understanding is presented a case study in the company Tractebel
Energy, showing the actions and indicators used to evaluate the transformation
processes in thermoelectric and hydroelectric plants operated by the company. In her
company designed arrangement highlights the Corporate Sustainability Index (ISE),
the Committee on Sustainability and the Integrated System of Quality Management
and Environment, with the indicators of consumption of electric energy consumption
of indirect energy, recycling of liquid, reuse of waste, measures the distribution of
hazardous waste and investment in environmental protection.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Gestão ambiental; Produção limpa.

KEYWORDS: Sustainability; Environmental Management; Clean Production.


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1 INTRODUÇÃO

Diante do alto consumo de recursos naturais, o meio empresarial vem


incorporando em suas estratégias o conceito de sustentabilidade, pois são alvo de
novas expectativas quanto as suas responsabilidades para com a sociedade como
agentes que dispõem de recursos financeiros e tecnológicos para uma atuação mais
ágil, decisiva e direta na solução dos problemas ambientais e sociais.
As empresas precisam criar uma estrutura para o seu crescimento e
expansão sem comprometer o meio ambiente. Faz-se necessário desenvolver novas
técnicas produtivas, estratégias administrativas, reorganização do processo
produtivo, que aumente a qualidade e diminua os impactos negativos ao meio
ambiente.
Incorporando os conceitos de sustentabilidade é possível que as mesmas
obtenham redução de custos, eficiência no processo industrial, melhora na
qualidade dos produtos e principalmente fortalecimento da imagem da empresa
frente à comunidade, já que estas ações são hoje alvo de expectativas à sociedade.
Neste sentido, este artigo tem como objetivo geral estudar a gestão ambiental
bem como os processos de produção mais limpa.
Buscando a compreensão da gestão ambiental, serão abordados os
seguintes temas: surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável bem como
suas dimensões, matriz energética, o Protocolo de Kyoto, gestão ambiental, norma
ISO 14001, produção mais limpa, e diferencial competitivo. E com vista a maior
compreensão do assunto, bem como verificação da teoria em um caso prático, é
apresentado por fim um estudo de caso sobre a empresa Tractebel Energia.

2 ASPECTOS TEÓRICOS

O conceito desenvolvimento sustentável deu-se no início da década de 1970,


a partir do discurso dos movimentos ambientalistas e dos debates acerca do
ecodesenvolvimento. À partir daí começou-se a trabalhar com a idéia de um modelo
de desenvolvimento que atendesse às necessidades da população presente,
garantindo recursos naturais e boa qualidade de vida à população futura.
Contudo, depois de mais de uma década de discussões sobre problemas
ambientais, somente em 1987 a idéia de desenvolvimento sustentável ganha
reconhecimento à partir do relatório denominado “Our Common Future”, também
conhecido como “Relatório ou Informe Brundtland”, publicado pela Comissão
Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1988).
Brüseke (1998) esclarece que o Relatório Brundtland é o resultado da
Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente de Desenvolvimento (UNCED )
uma reunião de cúpula de 1987, da qual os presidentes eram a primeira ministra da
Noruega, Gro Harlem Brundtland e Mansour Khalid, justificando-se o nome intitulado
do relatório. Diante da formulação deste relatório, seu conceito busca harmonizar
desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente:

“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do


presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem a suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave:
1 – o conceito de ‘necessidades’, sobretudo as necessidades essenciais
dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; 2 – a noção
das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe
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ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e


futuras” (CMMAD, 1998).

Para Almeida (2002), um dos principais motivos que levam as empresas a


adotarem os princípios do desenvolvimento sustentável é a necessidade de
sobrevivência. Isto é, quando elas enxergam a ecoeficiência e percebem que podem
produzir mais, melhorando a qualidade, diminuindo os riscos ambientais, e ainda,
melhorando o processo interno.
De acordo com Leff (2001), “o conceito de sustentabilidade surgiu do
reconhecimento da função de suporte da natureza, condição e potencial do processo
de produção”. O autor afirma que a sustentabilidade aparece como uma
necessidade de restaurar a natureza na teoria econômica e nas práticas do
desenvolvimento, com práticas ecológicas de produção que garantam a
sobrevivência e um futuro para a humanidade.
Conforme Montibeller Filho (2004), a sustentabilidade pode ser definida como
“a busca de eficácia econômica, social, e ambiental objetivando atender às
necessidades e anseios da população atual, sem desconsiderar os das gerações
futuras”. Sustentabilidade tem como princípio geral a visão holística, que é enxergar
o todo, todas as conexões entre as pessoas, os animais, as plantas, o clima local,
etc. A visão holística é maior do que interesses específicos, sociais, políticos,
econômicos, etc. e vai além deles. É a visão planetária. É o fim da separação entre o
urbano e o rural, pois só existe um Planeta Terra.
A Sustentabilidade significa ter consciência da interdependência entre todos
os seres, o que está além da cultura antropocêntrica e humanista que coloca o ser
humano como centro da questão. Existe, inclusive, uma abordagem que exemplifica
bem essa visão: a “Teoria Gaia”. Essa pressupõe que o planeta não seria apenas
um meio ambiente para a vida, mas também uma parte da própria vida. Assim,
admite que a Terra seria uma “entidade que possui vida própria”, da qual cada ser
vivo faz parte e depende para continuar vivendo. Cada ser vivo funcionaria como
uma célula, e todas as células juntas formariam um ser, a Terra. Gaia é a divindade
da Mitologia Grega associada ao Planeta Terra.
Todos os seres vivos estão interligados, conforme observou Charles Darwin
em sua viagem à América. “Não existe “nós” ou “eles”, mas nós estamos neles e
eles em nós.”

2.1 Matriz Energética

Matriz Energética significa o modo como determinada sociedade ou país


obtém sua energia, qualquer forma de energia produtiva, inclusive a que move a
frota de veículos. Esse é na atualidade, um dos mais importantes assuntos para as
discussões sobre o futuro da humanidade. Indústrias, comércio, serviços, meios de
comunicação, de transporte e até o acesso à água dependem de equipamentos
movidos à energia elétrica e combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão
mineral.
As fontes de energia são divididas em renováveis e não-renováveis. As
renováveis são água, sol, vento e biomassa. As não-renováveis são petróleo e seus
derivados, gás natural, energia nuclear e carvão mineral.
As energias não-renováveis, além de serem finitas, são poluentes, já que
emitem grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, causador
de sérios problemas de saúde pública e ambientais, como o efeito estufa. Um
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exemplo é o das usinas termoelétricas, que queimam combustíveis não renováveis


(diesel, gás, urânio) para gerar energia elétrica e emitem gases poluentes na
atmosfera.
As energias renováveis são aquelas cujas fontes não se esgotam, ou seja, se
renovam. O sol, por exemplo, não irá deixar de brilhar se for aproveitado, bem como
o vento pode ser usado por aerogeradores sem que se reduza sua velocidade.
É importante ressaltar que nem todas as maneiras de aproveitar as fontes
renováveis de energia são sustentáveis. Um exemplo disso é a energia das águas.
No Brasil, as condições naturais privilegiadas incentivaram instalação de
hidroelétricas, responsáveis hoje por cerca de 75% da energia elétrica do país. As
usinas hidroelétricas são fontes renováveis de energia, mas nem por isso são
completamente limpas. Cada represa construída faz surgir grandes lagos que
alagam vastos terrenos de mata virgem e contribuem para a destruição da
biodiversidade, além de deixarem desabrigadas populações inteiras.

2.2 O Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto foi discutido e negociado em 1997, ratificado em 1999 e


entrou oficialmente em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005. O acordo estabelece
que os países desenvolvidos têm a obrigação de reduzir a quantidade de gases
poluentes em, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990.
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores, se as ações
propostas pelo Protocolo forem bem sucedidas, estima-se que a temperatura global
diminua em 0,02º C a 0,28º C até 2050. Entre as ações básicas propostas estão:

a) Reformar os setores de energia e transportes;


b) Promover o uso de fontes energéticas renováveis;
c) Eliminar mecanismos financeiros e de mercado inapropriados aos fins da
Convenção;
d) Limitar as emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos sistemas
energéticos; e
e) Proteger florestas e outros sumidouros de carbono.

Em dezembro de 2007, dez anos depois do início das rodadas de negociação


que deram origem ao Protocolo de Kyoto, a Conferência das Nações Unidas sobre
as Alterações Climáticas realizada em Bali desencadeou um novo processo de
negociação a ser concluído em 2009, cujo objetivo é estabelecer novas diretrizes a
serem seguidas após o término do prazo estabelecido pelo Protocolo de Kyoto.
Segundo relatório divulgado pelas Nações Unidas, entre os tópicos colocados
em pauta na Conferência estavam a promoção da transparência e da troca de
tecnologia, bem como ações práticas relacionadas a estratégias de adaptação para
países que enfrentam conseqüências mais adversas. Outra questão abordada nas
discussões foi um futuro projeto para combater as alterações climáticas. Vários
países, incluindo o Brasil, apresentaram propostas relativas ao rumo a ser seguido
depois de 2012.
O protocolo de Kyoto desencadeou o comércio de Créditos de Carbono.
Créditos de carbono ou Redução Certificada de Emissões (RCE) são certificados
emitidos quando ocorre a redução de emissão de gases do efeito estufa (GEE). Por
convenção, uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente corresponde a
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um crédito de carbono. Este crédito pode ser negociado no mercado internacional. A


redução da emissão de outros gases que também contribuem para o efeito estufa
também pode ser convertidos em créditos de carbono, utilizando o conceito de
Carbono Equivalente.
Créditos de carbono criam um mercado para a redução de GEE dando um
valor monetário à poluição. Acordos internacionais como o Protocolo de Quioto
determinam uma cota máxima que países desenvolvidos podem emitir. Os países
por sua vez criam leis que restringem as emissões de GEE. Assim, aqueles países
ou indústrias que não conseguem atingir as metas de reduções de emissões,
tornam-se compradores de créditos de carbono. Por outro lado, aquelas indústrias
que conseguiram diminuir suas emissões abaixo das cotas determinadas, podem
vender o excedente de "redução de emissão" ou "permissão de emissão" no
mercado nacional ou internacional.

2.3 Gestão Ambiental

Para mudar os padrões de produção, existem alguns modelos que estimulam


a mudança, tais como, tecnologias limpas (prática de produção mais limpa);
certificação de gestão ambiental – ISO 14001; análise de ciclo de vida do produto e
rótulos ambientais.
A gestão ambiental é um conjunto de programas e práticas administrativas e
operacionais voltados à proteção do ambiente e à saúde e segurança de
trabalhadores, usuários e comunidade. Apesar dessa abrangência e importância,
ainda não é uma prática difundida por todo o setor empresarial produtivo brasileiro.
Assim, constitui-se como diferencial competitivo que provoca mudanças profundas,
tanto estruturais quanto culturais, que definem um novo modus operandi produtivo.
Assim, para se fazer gestão ambiental é essencial preparar-se, qualificar-se,
investir, mudar estruturas, processos e rotinas. É por isso que do ponto de vista dos
empreendedores, geralmente preocupados com o lucro imediato, a gestão ambiental
sempre foi identificada como custo adicional. No entanto, essa lógica vem sendo
superada por outra, que identifica a preservação ambiental como fator de vantagem
competitiva sustentável, especialmente quando somada às ações de
responsabilidade social corporativa.

2.4 Norma ISO 14001

Para a utilização do sistema de gestão ambiental (SGA), a norma ISO 14001


é uma ferramenta criada para auxiliar empresas a identificar, priorizar e gerenciar
seus riscos ambientais como parte de suas práticas usuais. A norma faz com que a
empresa dê uma maior atenção às questões mais relevantes de seu negócio. A ISO
14001 exige que as empresas se comprometam com a prevenção da poluição e com
melhorias contínuas, como parte do ciclo normal de gestão empresarial. A norma é
baseada no ciclo PDCA do inglês "plan-do-check-action" - planejar, fazer, checar e
agir - e utiliza terminologia e linguagem de gestão conhecida.
O escopo principal da normal é baseada em implementar, manter e melhorar
um sistema de gestão ambiental para assegurar conformidade com a política
ambiental e demonstrar tal conformidade a terceiros. A política ambiental, por sua
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vez, é o principal condutor do SGA, que estabelece a estratégia ambiental da


organização.
Deve ser adequado à natureza, escala e impactos ambientais da organização
e inclui o compromisso com a melhoria contínua, com a prevenção da poluição e
com manter-se de acordo com requisitos legais, entre outros. Deve também ser
documentada, comunicada aos funcionários e estar disponível ao público.

2.5 Produção Mais Limpa

De acordo com Barbieri (2004), a produção mais limpa (ou P+L) “é uma
estratégia ambiental preventiva aplicada a processos, produtos e serviços para
minimizar os impactos sobre o meio ambiente”. Este novo modelo de produção está
sendo desenvolvido desde a década de 1980, pelo Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para
Desenvolvimento Industrial (ONUDI) com o intuito de instrumentalizar o conceito e
práticas do desenvolvimento sustentável.
A Produção mais Limpa é um modelo de gestão ambiental, uma nova forma
de otimizar a produção e foi desenvolvido para ser um instrumento de estímulo à
prática sustentável. Essa técnica incorpora mudanças no processo produtivo da
empresa, por meio de medidas que priorizam o uso de matérias-primas de fontes
renováveis, com utilização consciente, para gerar o mínimo de resíduos e emissões
que causem danos ao meio ambiente.
A produção mais limpa pode ser aplicada a processos de produção, aos
produtos e também a vários tipos de serviços. Para os processos produtivos, está
direcionada à economia de matéria-prima, água e energia; eliminação do uso de
materiais tóxicos e redução da quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões que
foram gerados no processo. Em relação aos produtos, a P+L busca reduzir os
impactos ambientais à saúde e à segurança, provocados pelo produto ao longo de
seu ciclo de vida, ou seja, desde a matéria-prima, processos de fabricação, uso do
produto até o descarte final. Para serviços, a P+L direciona seu foco na incorporação
de preocupação de questões ambientais, desde o projeto até a entrega ou execução
dos serviços.
O objetivo central da adoção da P+L é minimizar os resíduos e emissões
combinando esforços de conservação de insumos e energia usados na produção,
isto é feito produzindo novos produtos e não gerando resíduos. Assim, a empresa
garante processos mais eficientes com um programa orientado para aumentar a
eficiência de utilização dos materiais, com vantagens técnicas, econômicas além de
estimular a inovação na empresa. As principais vantagens que permeiam a adoção
desta técnica são: custos de produção mais baixos, aumento de eficiência e
competitividade; evitar infrações aos padrões ambientais na legislação; diminuição
de riscos de acidentes de trabalho e conseqüentemente melhoria das condições de
saúde e segurança do trabalhador; melhores perspectivas de mercado interno e
externo; acesso às linhas de financiamento.
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3 ESTUDO DE CASO

Neste tópico será apresentado estudo de caso da empresa Tractebel Energia,


que teve como fonte primordial o Relatório de Sustentabilidade disponibilizado pela
própria empresa (TRACTEBEL, 2008).
A Tractebel é um produtor independente de energia e a maior empresa
privada de geração de energia elétrica do Brasil. Em 2007, segundo o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as usinas operadas pela Companhia foram
responsáveis por cerca de 8% da geração de eletricidade do Sistema Interligado
Nacional (SIN), que por sua vez representa a quase totalidade do Brasil.
A Tractebel tem sede em Florianópolis (SC), um escritório de vendas em São
Paulo (SP), e um parque gerador composto por seis usinas hidrelétricas e sete
usinas termelétricas.
Companhia de capital aberto, com ações negociadas no Novo Mercado da
Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), a Tractebel é controlada (68,71%) pela
SUEZ Energy South America Ltda., parte do grupo franco-belga SUEZ, um dos
maiores do mundo em energia, água e gestão de resíduos.
Seus principais clientes são empresas distribuidoras e comercializadoras de
energia elétrica, além de grandes indústrias que podem comprar diretamente no
mercado livre de energia, os chamados clientes livres. A Companhia opera uma
capacidade instalada de 6.977 MW, dos quais 5.764 MW de hidrelétricas. Todas as
usinas possuem certificação pelas normas de qualidade NBR ISO 9001 e NBR ISO
14001. As usinas estão situadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,
Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O Complexo Jorge Lacerda, com três usinas termelétricas, e a Usina
Termelétrica Charqueadas geram energia a partir do carvão mineral. A Termelétrica
William Arjona utiliza como combustível gás natural ou óleo diesel, a Termelétrica
Alegrete utiliza óleo pesado e a Unidade de Co-geração Lages gera energia e vapor
a partir da biomassa. Todas estas unidades operam dentro dos limites estabelecidos
em normas técnicas e exigências legais. Suas emissões de gases são
continuamente controladas e monitoradas.
Além das atuais 13 usinas em operação, a Companhia está construindo no
Rio Tocantins, no Estado de Tocantins, a hidrelétrica São Salvador de 243 MW de
capacidade instalada, com previsão de entrada em operação em 2009. A Tractebel
adquiriu em 2007 o controle acionário da CESS, concessionária responsável pela
construção e exploração da hidrelétrica.
Adicionalmente, em 2007, a Companhia adquiriu dois outros
empreendimentos de geração: o projeto termelétrico Seival, situado no Rio Grande
do Sul, que deverá entrar em operação em 2012; e a hidrelétrica Ponte de Pedra,
entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, já em operação, que
agregará 176 MW à capacidade total da Companhia quando da aprovação da
aquisição pelos órgãos competentes.

3.1 Práticas Sustentáveis

As ações da Tractebel foram selecionadas para compor o Índice de


Sustentabilidade Empresarial (ISE), pelo terceiro ano consecutivo. As 40 ações de
32 empresas participantes da nova carteira foram selecionadas dentre as 62
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companhias que responderam o questionário enviado às 137 emissoras das 150


ações mais líquidas da Bovespa.
Criado em 2005, o ISE reflete o retorno de uma carteira composta por ações
de empresas comprometidas com práticas de sustentabilidade e que apresentam os
melhores desempenhos com relação à eficiência econômica, responsabilidade
sócio-ambiental e governança corporativa. À época de sua terceira composição, a
carteira totalizava R$ 927 bilhões em valor de mercado - o correspondente a 39,6%
da capitalização total da Bovespa - e já se tornou tanto uma referência para o
investimento socialmente responsável como um indutor de boas práticas no meio
empresarial brasileiro.
O Prêmio Brasil de meio ambiente foi concedido à Usina Hidrelétrica
Machadinho, pelo projeto Sistema Agroflorestal Cambona 4, que promove a
produção da erva-mate, procurando reconstituir o habitat natural da planta. O
objetivo do projeto é conciliar a preservação do meio ambiente com o
desenvolvimento econômico da região da usina.
Em 2007, foi instituído o Comitê da Sustentabilidade, coordenado pela
Diretoria Administrativa, que possui entre suas atribuições a consolidação da
imagem da Tractebel como uma empresa transparente e sustentável, através de
ações que busquem a melhoria ambiental e social em sua área de influência.
Atualmente, a Tractebel possui três programas de atuação em questões sociais,
ambientais e culturais:

a) Programa Tractebel Energia de Responsabilidade Social, com foco na


melhoria na qualidade de vida de crianças de comunidades carentes, na área
de atuação da Companhia. Em 2007, foram aplicados mais de R$ 2,2 milhões
neste programa. São exemplos de apoio: Programa Junior Achievement, cujo
objetivo é desenvolver o espírito empreendedor entre jovens do ensino
fundamental, e realização do Congresso Sul-Brasileiro dos Conselhos
Tutelares e Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente.
b) Programa Tractebel Energia de Melhoria Ambiental, com foco na
educação ambiental, recuperação de áreas degradadas e reflorestamento nos
locais onde a Tractebel possui empreendimentos. Em 2007, houve o plantio
de mais de 290 mil árvores nativas em áreas da Companhia ou adjacentes.
c) Programa Tractebel Energia de Desenvolvimento Cultural, com foco no
desenvolvimento cultural das comunidades onde a Companhia está situada.
Em 2007, foram aplicados mais de R$ 1,6 milhão. Um exemplo de apoio é o
Projeto Orquestra Escola (Florianópolis, Santa Catarina), de formação
musical, para mais de 80 crianças e adolescentes de comunidades carentes,
em parceria com a Fundação de Cultura Franklin Cascaes.

Tractebel estabeleceu políticas e diretrizes de gestão ambiental para suas


usinas hidrelétricas e termelétricas, com o objetivo de garantir o uso sustentável dos
recursos naturais, monitorar e controlar possíveis impactos ambientais. As ações
desenvolvidas incluem pesquisas, gerenciamento de resíduos e recuperação das
áreas degradadas. Sua política de gestão ambiental tem por princípios:

a) Comprometimento - Para a Tractebel, o respeito ao meio ambiente é


componente fundamental de sua identidade e de seus valores.
b) Compreensão - A Tractebel elabora estudos dos impactos de suas atividades
no meio ambiente com a finalidade de garantir a preservação dos recursos
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naturais e o controle dos riscos ambientais, atuando, primordialmente, de


forma preventiva.
c) Capacitação Técnica – A Tractebel realiza programas de pesquisa e
desenvolvimento para a melhoria contínua dos seus métodos e processos,
cumprindo as exigências de seus clientes, da sociedade e da evolução da
legislação ambiental.
d) Compartilhar – A Companhia faz questão de divulgar seus objetivos e
resultados ambientais a empregados, clientes, acionistas, associados e
órgãos de meio ambiente, mantendo um diálogo aberto com a opinião
pública.

A Tractebel mantém uma postura pró-ativa em relação a iniciativas que


incentivem a geração sustentável de energia elétrica. É membro, por exemplo, do
Instituto Acende Brasil, que desenvolve estudos e projetos com a finalidade de
promover a transparência e a sustentabilidade do setor elétrico brasileiro, tendo a
Companhia participado, ativamente, do processo de elaboração do Código de Ética
Sócio-ambiental, divulgado pelo Instituto em junho de 2007.
O Código é um conjunto de princípios para construção e operação de usinas,
que respeitam as dimensões social, ambiental e econômica, de forma que a
conservação ambiental progrida lado a lado com o crescimento econômico, a
geração de empregos, o aumento da renda e a inclusão social.
Ao assinar o Código de Ética Sócio-ambiental, a Tractebel assumiu
publicamente o compromisso de atender aos princípios previstos pelo documento,
relacionados a seguir:

a. Redução e controle dos impactos sobre o meio ambiente;


b. Conservação da biodiversidade e dos recursos naturais;
c. Respeito às comunidades;
d. Educação e saúde como elementos de transformação social; e
e. Transparência e diálogo.

Além de cumprirem as condicionantes estabelecidas pelas licenças


ambientais e a legislação vigente, todas as usinas da Tractebel possuem Sistema
Integrado de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente, certificado conforme os
requisitos da NBR ISO 9001-2000 e da NBR ISO 14001-2004, que contemplam os
seguintes objetivos gerais:

a) Atuar de forma efetiva em ações de conservação nas áreas de influência das


usinas e dos reservatórios;
b) Equacionar os impactos ambientais causados pela formação dos
reservatórios, agregando à sua implantação perspectivas de melhoria de vida
na região, a pesquisa e o resgate antropológico, físico e biótico;
c) Utilizar racionalmente os recursos naturais;
d) Reduzir a geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões
atmosféricas;
e) Reduzir as emissões de ruído; e
f) f) Aprimorar o relacionamento com a comunidade.

Nas usinas termelétricas, a Companhia mantém atividades de


monitoramento e avaliação da qualidade do ar e das águas, cujos resultados são
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encaminhados aos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento e


fiscalização das usinas e outros órgãos e entidades locais, como prefeituras, por
exemplo. O controle de emissões é feito por meio de equipamentos e
procedimentos, tais como:

a) sistema de retenção de material particulado por meio de precipitadores


eletrostáticos;
b) controle de enxofre no combustível, que objetiva reduzir a formação de
dióxido de enxofre e, conseqüentemente, a redução da sua emissão para a
atmosfera; e
c) reaproveitamento de resíduos, como, por exemplo, das cinzas leves pela
indústria cimenteira.

A qualidade das águas é garantida por meio de um sistema de tratamento de


efluentes líquidos que opera em regime fechado, controlando o lançamento de
poluentes nos rios. Por meio de áreas de estocagem de combustível com bacias de
contenção, consegue-se prevenir a poluição por vazamentos, caso venham a
ocorrer.
As usinas termelétricas da Tractebel geram energia a partir de derivados de
petróleo (óleo diesel e combustível), carvão mineral e gás natural. A Unidade de Co-
geração Lages, por sua vez, produz eletricidade a partir de resíduos de madeira
(biomassa) fornecidos por madeireiras e outras indústrias da região. As termelétricas
foram responsáveis por 14,8% da energia total gerada pela Companhia, em 2007.
A construção de uma usina hidrelétrica altera a estrutura e a dinâmica da
flora e da fauna terrestre e aquática da região da sua instalação e requer a análise
de impactos no lençol freático e de efeito erosivo; demanda a análise da qualidade
da água; e exige estudos de animais peçonhentos, insetos, caramujos e outros
possíveis transmissores de doenças. Assim, pelo seu caráter de interesse público,
sua implantação só ocorre após estudos extensivos, que são submetidos à
audiência pública e análise dos órgãos de meio ambiente. Posteriormente, a
empresa vencedora do leilão público realizado pelo governo para a concessão do
empreendimento hidrelétrico passa a ser a responsável pela completa gestão
ambiental da área de abrangência do reservatório.
Com a estratégia de tornar a gestão do impacto ambiental da implantação de
uma hidrelétrica em fonte de pesquisa científica, a Companhia realiza ações como:

a) Salvamento e conservação da flora – Uma equipe coleta sementes e flores


para serem estudadas e catalogadas e que, posteriormente, servirão para
produzir mudas.
b) Monitoramento e conservação da fauna – Biólogos e veterinários estudam
e fazem o salvamento dos animais da região durante o desmatamento e
formação do reservatório.
c) Controle de processos erosivos e monitoramento do lençol freático –
Técnicos coletam amostras de água e medem o seu nível nas cisternas em
propriedades, além de estudarem rochas e obterem amostras de tipos de solo
para análise.
d) Programa de saúde – Cientistas estudam os tipos de insetos e caramujos da
região para identificar possíveis focos de doenças, promovem a prevenção de
acidentes com animais peçonhentos e realizam um levantamento sobre a
situação da saúde dos municípios.
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Nas hidrelétricas, além dos programas ambientais de verificação da qualidade


das águas, da ictiofauna, da flora aquática e da fauna silvestre, é feito o
monitoramento das condições climatológicas e sismológicas e de efluentes líquidos,
bem como a recuperação e formação da faixa ciliar e uma série de medidas de
caráter social, como programas de indenização, assistência social e técnica,
remanejamento e monitoramento populacional, reordenamento fundiário e
recomposição da infra-estrutura.
Alguns dos programas ambientais são desenvolvidos em conjunto com
instituições de ensino das regiões onde as usinas estão localizadas, como a
Universidade Federal de Santa Catarina, que atua nos programas relacionados aos
reservatórios do Rio Uruguai, e a Universidade do Oeste do Paraná, que está ligada
aos programas voltados às usinas do Rio Iguaçu.
A Tractebel possui hortos florestais próprios, onde produz mudas de espécies
nativas para reflorestamento e recuperação de áreas. Somente em 2007, promoveu
o plantio de 292.700 mudas de espécies nativas nas áreas do entorno das usinas, e
a doação de outras 86.000 mudas às comunidades locais. Muitas dessas atividades
se iniciam durante a construção da hidrelétrica e permanecem durante todo o
período da sua concessão.
A Unidade de Co-geração Lages está oficialmente registrada junto ao Comitê
Executivo da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas
(CQNUAC), como sendo uma atividade que atende aos requisitos do Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL), conforme estabelecido pelo Protocolo de
Kyoto. A termelétrica está, portanto, habilitada a gerar créditos de carbono para
comercialização pela Lages Bioenergética. O projeto prevê a geração de cerca de
220 mil RCEs (Reduções Certificadas de Emissões) por ano, no período de dez
anos, compreendido entre novembro de 2004 e outubro de 2014. Em janeiro de
2007, a Tractebel fechou contrato de venda de 750.000 RCEs, volume que
representa 40% do total de RCEs a serem emitidas futuramente, e que deverá ser
entregue ao Prototype Carbon Fund (PCF) em parcelas anuais de 88 mil toneladas
até 2013, com a última parcela, de 134 mil toneladas, a ser repassada em 2014. O
PCF é o fundo para compra de créditos de carbono administrado pelo Banco
Mundial.
Localizada em Santa Catarina, a Unidade de Co-geração Lages utiliza
resíduos de madeira produzidos em diversas indústrias madeireiras para a produção
de eletricidade e de vapor. Ao utilizar os resíduos que seriam descartados na
natureza, a usina contribui para evitar as emissões de metano – um gás com
Potencial de Aquecimento Global (PAG) vinte e uma vezes maior que o do dióxido
de carbono – provenientes da sua decomposição.
A Tractebel ainda utiliza os seguintes indicadores ambientais:

• Consumo de Energia Elétrica – A energia consumida no processo produtivo


é gerada pelas próprias usinas da Tractebel. Em 2007, foram consumidos 1,8
milhão de GJ de energia elétrica na operação das plantas, o que resultou na
geração de 38.858 GWh (equivalente a 121,9 milhões de GJ) de energia
elétrica para o sistema.
• Consumo de Energia Indireta – A Tractebel adota medidas para reduzir o
consumo de combustível fóssil em sua frota de veículos, composta,
principalmente, por carros bi-combustíveis, priorizando o álcool. A Companhia
opta, ainda, pela realização de teleconferências, de forma a evitar o
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deslocamento desnecessário de seus empregados contribuindo, desta


maneira, para a redução do consumo de combustível e, conseqüentemente,
da emissão de gases do efeito estufa (GEE).
• Efluentes Líquidos – As termelétricas possuem sistemas de efluentes
líquidos que operam em regime fechado, prevenindo o lançamento de
poluentes nos rios da região. Nas unidades onde ainda não é feita a
recirculação, o lançamento ao corpo receptor só é realizado após o
tratamento físico-químico, como é o caso do processo de extração de cinzas
pesadas em Jorge Lacerda, em que o lançamento é feito no Rio Capivari
após tratamento adequado compreendendo sedimentação e neutralização.
Dentre as iniciativas tomadas pela Tractebel para diminuir o lançamento de
efluentes, está a implantação do sistema de recirculação em Charqueadas,
que reduziu o volume de 500 m3/h para zero. O controle de efluentes dos
poços de drenagem das hidrelétricas Passo Fundo, Machadinho e Cana
Brava, por sua vez, tem como objetivo atingir a meta de redução da
concentração de óleos e graxas nos efluentes para 50% do padrão permitido
pela legislação, que é de 20 mg/l.
• Disposição de Resíduos – A Tractebel estuda permanentemente soluções
sustentáveis para o gerenciamento dos resíduos produzidos por suas usinas
termelétricas e hidrelétricas, com o objetivo de minimizar seu impacto no meio
ambiente. As cinzas produzidas pelas termelétricas a carvão mineral, por
exemplo, são utilizadas na produção de cimento ou na recuperação de solos
degradados. Todas as usinas da Tractebel fazem triagem dos resíduos
produzidos para que possam ser encaminhados para reciclagem ou receber
destinação adequada.
• Resíduos Perigosos – A destinação correta de resíduos perigosos foi
essencial para atingir o índice zero de acidentes ambientais alcançado pela
Tractebel nos últimos 7 anos. A Companhia tem aprimorado os métodos de
reaproveitamento e buscado novas soluções, para diminuir o impacto dessas
substâncias no meio ambiente. As hidrelétricas Salto Osório e Salto Santiago
passaram a mensurar o volume de embalagens retornáveis de produtos
químicos destinadas à reutilização. Em 2007, foram registrados 790 kg de
embalagens devolvidas para reuso. O transporte de resíduos perigosos
obedece às regulamentações do licenciamento ambiental e às normas da
Organização das Nações Unidas (ONU), sendo adotadas medidas
preventivas como, por exemplo, a utilização de fichas de segurança de
produtos químicos, implantação de barreiras de contenção e sinalização
adequada dos veículos. São contratadas empresas devidamente habilitadas e
licenciadas para o manejo desse tipo de resíduo, para transporte dentro do
território nacional. A Companhia não importa ou exporta resíduos perigosos.
• Resíduos Não Perigosos – No processo de combustão, as usinas a carvão
produzem dois tipos de cinza: o tipo leve é arrastado e o tipo pesado
permanece no fundo da caldeira. O primeiro é vendido à indústria cimenteira
como insumo do cimento pozolânico, substituindo o calcário em sua
composição. As cinzas pesadas, por sua vez, como as geradas no Complexo
Jorge Lacerda, são usadas na recuperação de depósitos de rejeitos de
carvão ou na recuperação de solos degradados. Por ter pH alto, esse tipo de
cinza atua como neutralizador da acidez do solo. Das cinzas provenientes de
Charqueadas, parte volta à cava da mina de onde o carvão mineral utilizado
na termelétrica foi retirado, e outra parte é utilizada na recuperação de áreas
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degradadas. Outra aplicação encontrada para as cinzas pesadas produzidas


nas usinas térmicas é sua utilização como base para a pavimentação asfáltica
de rodovias. Nas atuais obras de duplicação da BR 101, por exemplo, foram
utilizadas cinzas pesadas no trecho próximo ao Complexo Jorge Lacerda.
Além das cinzas leves, são reciclados papéis, plásticos, vidro e sucata
metálica ferrosa e não-ferrosa provenientes de todas as usinas da Tractebel.
O volume de resíduos não perigosos reciclados, reutilizados e recuperados
vem registrando aumento a cada ano.
• Investimentos em Proteção Ambiental – Em 2007, a Tractebel investiu R$
46 milhões no tratamento de resíduos e em materiais e equipamentos para
controle de emissão e de vazamentos. O montante inclui gastos com seguro
de responsabilidade civil sobre qualquer evento relacionado ao meio
ambiente em decorrência de poluição súbita, como derramamentos. Outros
R$ 20 milhões foram aplicados em pessoal utilizado em educação e
treinamento ambiental, em certificação externa e em instalação de
tecnologias mais limpas. A quantia inclui os investimentos feitos em projetos
de pesquisa e desenvolvimento referentes a questões ligadas ao meio
ambiente.
• Fornecedores de carvão com certificação NBR ISO 14001 – Como forma
de garantir que a responsabilidade ambiental permeie sua cadeia de valor, a
Tractebel passou a exigir de seus fornecedores de carvão a certificação NBR
ISO 14001. Assim, as empresas terão que se ajustar para que possam
manter contrato com a Companhia, sendo que as dez carboníferas
associadas ao Sindicato da Indústria de Extração do Carvão do Estado de
Santa Catarina (Siecesc) já passaram por adequação à legislação ambiental,
uma das determinações do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado
com o Ministério Público.

Seguindo as diretrizes do TAC, foram implantados sistemas de tratamento de


efluentes residuais do carvão, retirando da água metais como ferro, alumínio,
manganês e zinco, de forma a neutralizar a acidez das águas lançadas nos rios da
Região Sul e a controlar o impacto sobre o meio ambiente.
Desde 2006, quando renovaram contrato de fornecimento com a Tractebel, as
carboníferas da região mantêm ritmo de produção e de geração de receita que lhes
proporciona condições de investimento na área de meio ambiente.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Tractebel possui políticas de sustentabilidade, visto que teve suas ações


selecionadas para compor o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), pelo
terceiro ano consecutivo. Lembrando que para fazer parte do ISE a empresa precisa
apresentar comprometimento com práticas sustentáveis e apresentar os melhores
desempenhos com relação à eficiência econômica, responsabilidade sócio-
ambiental e governança corporativa. Quanto às dimensões de sustentabilidade,
verificou-se que a empresa possui programa na dimensão social, que é Programa
Tractebel Energia de Responsabilidade Social, com foco na melhoria na qualidade
de vida de crianças de comunidades carentes, na área de atuação da Companhia;
na dimensão ambiental, com o Programa Tractebel Energia de Melhoria Ambiental,
com foco na educação ambiental, recuperação de áreas degradadas e
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reflorestamento nos locais onde a Tractebel possui empreendimentos; e na


dimensão cultural, através do Programa Tractebel Energia de Desenvolvimento
Cultural, com foco no desenvolvimento cultural das comunidades onde a Companhia
está situada.
Relacionado ao Protocolo de Kyoto, a empresa possui unidade (Unidade de
Co-geração Lages) oficialmente registrada junto ao Comitê Executivo da
Convenção- Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (CQNUAC),
como sendo uma atividade que atende aos requisitos do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), conforme estabelecido pelo Protocolo de Kyoto,
estando desta forma habilitada a gerar créditos de carbono para comercialização
pela Lages Bioenergética.
Em relação à gestão ambiental, é possível perceber que a empresa possui,
pois a mesma apresenta um conjunto de programas e práticas administrativas e
operacionais voltados à proteção do ambiente e à saúde e segurança dos seus
trabalhadores, usuários e comunidade, conforme já foi apresentado. A mesma
estabeleceu políticas e diretrizes de gestão ambiental para suas usinas hidrelétricas
e termelétricas, com o objetivo de garantir o uso sustentável dos recursos naturais,
monitorar e controlar possíveis impactos ambientais.
A empresa também, além de cumprir as condicionantes estabelecidas pelas
licenças ambientais e a legislação vigente, em todas as usinas possuem Sistema
Integrado de Gestão da Qualidade e Meio Ambiente, certificado conforme os
requisitos da NBR ISO 9001-2000 e da NBR ISO 14001-2004. Além disso, como
forma de garantir que a responsabilidade ambiental permeie sua cadeia de valor, a
empresa passou a exigir de seus fornecedores de carvão a certificação NBR ISO
14001.
Desta forma, espera-se que mais empresas adotem políticas sustentáveis à
exemplo da Tractebel Energia para que seja possível vislumbrar-se uma realidade
diferente a longo prazo do que é apresentado hoje. É preciso que as empresas
mudem sua forma de encarar a questão ambiental, adotando políticas sustentáveis,
não só em função do lucro e do modismo, mas sim em função do compromisso que
possuem com o meio ambiente.

5 REFERÊNCIAS

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2002.
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e
instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2004.
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Clóvis (Org.). Desenvolvimento e Natureza: estudos para uma sociedade
sustentável. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
CEBDS. Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. Guia da
Produção mais Limpa – Faça Você Mesmo. Disponível em
<http//www.cbds.com.br> Acesso em: 09/11/2008.
CMMAD – COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Relatório Brundtland. Rio de Janeiro:
Fundação Getúlio Vargas, 1988.
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LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexibilidade,


poder. Rio de Janeiro: Vozes, 2001.
MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvolvimento Sustentável: meio
ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias.
Florianópolis: Ed. Da UFCS, 2004.
PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnicas para Análise de Indústrias e da
Concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.
SACHS, I. Desenvolvimento sustentável, bio-industrialização descentralizada e
novas configurações rural-urbanas. In: VIEIRA, P.F.; WEBER, J. (Orgs.). Gestão
de Recursos Naturais Renováveis e Desenvolvimento: novos desafios para a
pesquisa ambiental. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
TRACTEBEL Energia S.A.. Relatório Anual de Sustentabilidade 2007.
Florianópolis, 2008.

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