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Universidade de Brasília

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas


Departamento de Administração

Trabalho de conclusão de curso na matéria de Organização da


Administração Pública Federal.
Professor: Rodolpho Vasconcellos
Turma: “A”

José Evaldo Gomes Vilela - 18/0053400

Luís Eduardo Ludgero - 14/0151575

Moisés Paes Landim - 14/0085785

Silas de Sousa Lima - 18/0130951

Viviane Cristina de Oliveira - 17/0158373

Tema: Análise dos fluxos de cooperação e a viabilização de políticas públicas


nacionais específicas em prol do controle do tabaco no Brasil e a consequente
responsabilização das grandes produtoras de tabaco.
Sumário

1- Introdução............................................................................................................................ 1
2- Desenvolvimento ................................................................................................................. 2
2.1 - Estrutura e Criação do SUS: .......................................................................................... 2
2.2. Medidas públicas brasileiras de controle do Tabaco. ..................................................... 3
2.3 - Como o Estado se organiza para controlar a produção de tabaco no país e quais
políticas públicas ele desenvolve. .......................................................................................... 4
2.3 - Da regulação Legal: ....................................................................................................... 4
2.4 – As formas de controle do tabaco no Brasil ................................................................... 5
2.6 - Do Programa Nacional de Controle do Tabagismo .............................................................. 9
3- Conclusão.......................................................................................................................... 11
4- Referências Bibliográficas ................................................................................................ 12
1. Introdução

Esse trabalho tem o objetivo de realçar as políticas públicas concernentes à saúde no


Brasil e entender a saúde como como acepção do direito que consta da declaração Universal
dos Direitos Humanos, a qual preconiza direitos básicos para a vida humana e foi adotada pela
ONU em 1948 devido ao grande abuso de direitos fundamentais durante a Segunda Guerra
Mundial. Entende-se, portanto, que a saúde é uma premissa fundamental para se garantir o
mínimo existencial de cada pessoa no mundo para que lhe seja assegurada dignidade humana.
O foco principal do presente trabalho consiste em tecer comentários a respeito da
estrutura do SUS e adentrar especificamente nas políticas públicas relacionadas à regulação do
tabaco e em como o Estado se organiza por meio de políticas públicas para controlar esse
insumo no Brasil apontando, também, estatísticas de doenças e mortes causadas pelo uso do
tabaco e o que isso gera de prejuízos para o SUS, já que é esse Sistema quem deve arcar com
todo o custo gerado pela grande produção de tabaco no país. A questão proposta pelo trabalho
consiste, também, em observar a responsabilização das empresas produtoras do insumo e a
possibilidade de reparação ao SUS devido aos danos causados pela produção do ativo que é
altamente nocivo à saúde humana e gera muitos prejuízos para o sistema de saúde brasileiro.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 428 pessoas morrem
por dia no Brasil por causa do tabagismo e 12,6% de todas as mortes registradas no país são
atribuíveis ao tabaco. Ao todo, 156.216 mortes poderiam ser evitadas todos os anos caso o uso
do tabaco fosse eliminado. Ademais, os números mostram ainda que, no ano passado, 73.500
pessoas foram diagnosticadas com câncer provocado pelo tabagismo e segundo o Inca, R$ 56,9
bilhões são perdidos a cada ano em função de despesas médicas e perda de produtividade
(Dados EBC - Publicado em 31/05/2018)
No Brasil, a saúde se concretiza pelo acesso universal e gratuito aos serviços de saúde
prestados pelo Estado, já que este possui a obrigatoriedade de agir positivamente em prol desses
direitos. Assim sendo, o sistema vigente – SUS: Sistema Único de Saúde - tem por objetivo
cuidar da saúde em todas as esferas federativas e dar acesso universal a esse direito. O SUS é
considerado uma das maiores políticas públicas já realizadas no país, pois envolve a gratuidade
de serviços públicos de saúde e fornece, de forma ampla, serviços como vacinação integral
contra várias doenças e transplantes de órgãos para aproximadamente 100 milhões de habitantes
no território. Diante disso, nota-se que o Estado é o maior propulsor de políticas públicas para
manter e garantir o acesso universal à saúde e a outros direitos, porém não consegue, sozinho,
amenizar todas as mazelas que envolvem a produção dessas substâncias químicas pelas grandes
produtoras de tabaco e, para que as externalidades provocadas sejam amenizadas, é preciso que
a iniciativa privada contribua de forma efetiva na reparação dos danos causados pela produção
desenfreada de todos os insumos químicos.

2. Desenvolvimento

2.1 - Estrutura e Criação do SUS:

A criação do Sistema Único de Saúde - SUS remonta à constituição de 1988 - a chamada


constituição cidadã e trata-se de uma política pública que busca oferecer à população brasileira
um atendimento amplo na área da saúde considerando os moldes das políticas de bem-estar
social praticadas em outros países, sobretudo na Europa. É inspirado no modelo britânico de
atendimento universal de saúde - o National Health Service (NHS), e tem por objetivo ofertar
serviços à população que abrangem desde o pré-natal, o ambulatorial, a clínica cirúrgica e pós-
cirúrgica à vacinação e tratamentos preventivos como saneamento básico e assistência social.
É uma política pública de grande realce social, pois, dos países com mais de 100 milhões de
habitantes, o Brasil é o único a garantir assistência integral de saúde a todos os seus habitantes,
desde uma simples consulta médica até o mais complexo procedimento cirúrgico, passando
pelo fornecimento de medicamentos, do pós-operatório e do acompanhamento psiquiátrico e
psicológico, ou seja, toda a cadeia de tratamento em saúde.
Entretanto, é importante entender alguns aspectos: 1. Como se deu a criação de tão
importante política pública e em qual contexto social se deu a propositura de um programa tão
abrangente como o SUS? Para que se chegue a uma resposta razoável se faz necessário recuar
aos tempos da pré-constituição de 1988, época em que todos os serviços gratuitos de saúde e
de assistência social eram prestados pelo Instituto Nacional de Assistência Médica e
Previdência Social - INAMPS e pelo Instituto Nacional de Previdência Social - INPS. Na época,
quando um cidadão brasileiro necessitava de tratamento médico ou acompanhamento na área
de saúde tinha que enfrentar gigantescas filas para conseguir agendar uma consulta que, na
maioria das vezes, não se concretizava em atendimento de fato, já que não havia a especialidade
médica disponível ou não era possível ser atendido em função da demanda gigantesca por
médicos e outros profissionais de saúde na rede hospitalar, a qual não era suficiente para atender
a todas as demandas por saúde e assistência médica. Então, é neste cenário de caos e desrespeito
à cidadania brasileira que surge a emergência da propositura de um programa de assistência
médica e social das dimensões do Sistema Único de Saúde - SUS.
Para C. Teixeira (2011), o SUS pode ser entendido como uma Política Pública de
Estado, que, materializada na Constituição Federal de 1988, revela sua aproximação aos
princípios do Welfare State, ou Estado de Bem-Estar Social. Segundo dados do Ministério da
Saúde, o SUS é estruturado para atender todos aqueles que procuram suas unidades de saúde
ou tem necessidade de atendimento de emergência. Por exemplo, os atendimentos prestados
pelo SAMU em acidentes de trânsito são fornecidos pelo SUS e são garantidos a todos sem
distinção. Cabe ressaltar que desde setembro de 2000, quando foi aprovada a Emenda
Constitucional 29 (EC-29), o SUS é administrado de forma tripartite, e conta com recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O
Ministério da Saúde informa que o Programa Nacional de Imunização (PNI), responsável por
98% do mercado de vacinas do país é coordenado pelo SUS. É também no SUS que ocorre o
maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo e o Programa Nacional de Controle
do Tabagismo (PNCT) que acontece devido à articulação dos Estados e Municípios e Distrito
Federal em sua forma descentralizada. Dessa forma, há em todos os Estados da Federação,
secretarias estaduais de saúde que possuem uma central de Coordenação do Programa referido.

2.2. Medidas públicas brasileiras de controle do Tabaco.

No Brasil, desde a implementação do SUS, muitas medidas de controle do insumo foram


implementadas, todas elas relacionadas à redução do seu consumo. Uma das principais medidas
de ação contra o consumo desenfreado foi, gradativamente, o reajuste periódico dos principais
impostos relacionados ao seu preço de venda. Essa medida deu ênfase às mudanças ocorridas
em 2011 no que diz respeito ao recolhimento de impostos sobre estes produtos industrializados
e a implementação de um preço mínimo para a venda de cigarros ou produtos derivados. Há,
também, ações educativas, legislativas e econômicas desenvolvidas no Brasil que vêm gerando
uma diminuição da aceitação social do tabagismo, fazendo com que um número cada vez maior
de pessoas queira parar de fumar evidenciando, portanto, a importância de se priorizar o
tratamento do usuário como uma estratégia fundamental no controle do tabagismo tornando
esse consumo um caso de saúde pública.
Uma das medidas que demonstrou mais resultados e sucesso na política pública
brasileira foi proibir o consumo de cigarros em locais fechados. A partir do fim da década de
80 esse consumo foi proibido e as legislações nacional, estadual e municipal alavancaram essa
restrição por todo o país, proibindo-se assim, desde 2011, o consumo de produtos derivados do
tabaco em locais fechados, salvo algumas exceções. Após a criação da Anvisa em 1999, houve
todo o controle de registro, embalagem e conteúdo dos produtos derivados do tabaco e, também,
a criação de um laboratório de tabaco e derivados, que é o sexto laboratório público no mundo
e o primeiro da América Latina, exclusivo para se analisar os produtos derivados de insumos
químicos. Além disso, há comemoração dos marcos legais do tabaco como forma de
conscientizar a população dos malefícios causados pelo cigarro. O dia nacional de Combate ao
Fumo, em 29 de agosto, teve seu início em 1986; o dia mundial sem tabaco, em 31 de maio,
teve início em 1987 – com a mobilização do governo em suas três esferas, disponibilizando a
oportunidade de atividades de prevenção ao tabagismo de forma nacional. É possível notar que
houve, também, como medida de prevenção, a restrição da publicidade e propaganda dos
produtos de tabaco a partir do ano de 1980 e proibidas mensagens que induzem o consumo.
Outra medida vigente desde meados de 2004 foi o tratamento ofertado aos fumantes com o
intuito de diminuir o consumo pelos usuários por meio do tratamento ofertado pelo SUS que é
ofertado principalmente pelas unidades básicas de saúde. Há, dessa forma, dados significativos
do número de pessoas que deixaram de fumar por causa desse atendimento feito pelo SUS: só
em 2013, um mil e trezentas unidades, aproximadamente, ofertaram esse tipo de atendimento a
154.207 fumantes, sendo que desses 71.327 destes deixaram de fumar e não reincidiram no
caso.
Apesar de essas medidas serem encaradas como grandes avanços das ações públicas em
saúde de controle do tabaco por meio de seus usuários, faz-se necessário combater o comércio
ilícito do produto, já que existe em grande escala o contrabando de cigarros e há em diversas
regiões grandes áreas plantadas com o fumo. Além disso, a implantação de novas regras para o
seu comércio tais como o registro especial, com o uso de selos de controle e o imposto de
exportação, não são suficientes para a redução dos gastos governamentais com saúde e nem
com qualidade de vida dos usuários. Tem-se no ano de 2007 o destaque da criação do sistema
de controle e rastreamento da produção de cigarros que vem apresentando bons resultados em
relação ao combate do mercado ilegal de cigarros. Só no ano de 2016 aproximadamente R$581
milhões de reais – contabilizados como montante de cigarros- foram destruídos.

2.3 - Como o Estado se organiza para controlar a produção de tabaco no país e


quais políticas públicas ele desenvolve.

2.3.1 - Da regulação Legal:


2.3.1 - Constituição Federal de 1988: O artigo 220, parágrafo 4º da Constituição Federal
de 1988, dispõe que a propaganda comercial de tabaco estará sujeita a restrições legais
(Estabelecimento de meios legais para garantir ao cidadão o direito de se defender contra a
propaganda de produtos, práticas ou serviços que possam ser nocivos à saúde. “Inciso II
Parágrafo 3º”)
2.3.2 - Organização Mundial da Saúde - OMS: Em maio de 1999, durante a 52ª
Assembleia Mundial da Saúde, a Organização mundial da Saúde firmou com 192 países a
elaboração de uma Convenção-Quadro para o controle do tabaco mundial, que foi muito
influente nas legislações relacionadas ao tema no Brasil. A posteriori, em 2003, o Brasil assinou
o tratado, que dois anos depois, foi aprovado pelo Congresso Nacional e ratificado pelo
governo. Essa convenção foi desenvolvida em resposta ao crescimento da epidemia do tabaco
entre a população. A propagação dessa epidemia foi exacerbada por fatores que impactam o
comércio global. Cita-se como exemplos: a liberalização do comércio, o investimento
estrangeiro direto, a comercialização global, a propaganda, a promoção e o patrocínio
transnacionais do tabaco e o contrabando e a falsificação internacional de cigarros.
2.3.3 - Alguns dispositivos centrais da OMS para a redução da demanda: medidas
fiscais, medidas relacionadas aos preços e medidas não-relacionadas aos preços, que incluem
proteção contra exposição à fumaça ambiental do tabaco; regulamentação das informações
sobre os produtos do tabaco; regulamentação do teor dos produtos derivados do tabaco;
propaganda, promoção e patrocínio do tabaco; embalagem e rotulação dos produtos do tabaco;
educação, comunicação, treinamento e conscientização pública;
2.3.4 - Alguns dispositivos centrais da OMS destinados à redução da oferta: reduzir
o comércio ilegal dos produtos derivados do tabaco; limitar as vendas a maiores de idade e
apoiar atividades alternativas que sejam benéficas aos jovens e à população em geral.

2.4 – As formas de controle do tabaco no Brasil

O controle que o estado exerce sobre o tabaco, por se tratar de uma adicção que é um
problema de saúde pública, exige do estado uma junção de forças em várias partes de seu
efetivo, inclusive do SUS. Desde a instituição da constituição da federação brasileira, já havia
uma prescrição legal para o comércio do tabaco, que garante ao cidadão proteção contra a
propaganda incentivadora. Dessa forma, o legislativo vem, ao longo dos anos, criando leis a
favor do movimento antitabagista, que é uma corrente mundial. Em 1999, por meio da lei nº
9.782/1999, foi criada a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que ficou
responsável por regular, controlar e fiscalizar cigarros e quaisquer produtos relacionados ao
tabaco. Desde então, várias RDC (Resolução de Diretoria Colegiada) entraram para
regulamentar a produção, importação, quantidades de substâncias, registros, além do controle
de empresas, e do comércio, além de portarias do Ministério da Saúde.
Em 2003, quando foi assinado o Quadro-Convenção da OMS contra o tabagismo,
iniciou-se um esforço conjunto no brasil para aplicar as medidas do quadro, inclusive foi criada
a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e
de seus Protocolos. Então, iniciou-se a ação conjunta dos seguintes atores, e por meio de
decretos, Resoluções Colegiadas da Anvisa, Portarias do Ministério da Saúde, do Ministério do
Trabalho, da Receita Federal, e Interministeriais, Planejamentos e prospecções do SUS, novas
legislações e decretos, com o intuito de regular o Brasil de acordo com o Quadro-Convenção
da OMS, e o país foi o segundo a implementar as alterações em seu regime. A seguir estão
listadas as ações conjuntas de organização do Estado para tentar regular um insumo que envolve
várias variáveis de regulação e órgãos governamentais:

Legislação Número Data Conteúdo


Cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), responsável pela regulamentação, controle
e fiscalização dos cigarros, cigarrilhas, charutos e
Lei 9.782 26/01/99
qualquer
outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco.
Portaria do
Divulga as novas advertências sobre os males causados
Ministério da 695 01/06/99
pelo consumo tabaco e de seus derivados.
Saúde
Dá nova redação ao artigo 5º do Decreto 2.018/96,
dispondo que é permitido fumar nos aviões e veículos
coletivos, depois de transcorrida uma hora de viagem e
desde que haja área devidamente isolada e destinada
Decreto 3.157 27/08/99
exclusivamente ao consumo de tabaco,separada por
qualquer meio de recurso eficiente que impeça a
transposição da fumaça.
Resolução da Regulamenta o registro anual dos produtos fumígenos,
320 21/07/99
ANVISA e exige a apresentação de relatórios.
Altera dispositivos da Lei nº 9.294/96, restringindo a
publicidade de cigarros e de outros produtos fumígenos
Lei 10.197 27/12/00 à fixação de pôsteres, painéis e cartazes na parte interna
dos locais de venda.
Portaria do
Ministério do Proíbe o trabalho do menor de 18 anos na colheita,
6 05/02/01
Trabalho e do beneficiamento ou industrialização do fumo.
Emprego
Estabelece os teores máximos permitidos de alcatrão,
Resolução da nicotina e monóxido de carbono
46 28/03/01
ANVISA presentes na corrente primária da fumaça, para os
cigarros comercializados no Brasil.
Veda a concessão de crédito público relacionado com a
Resolução do produção de fumo, no âmbito do Programa Nacional de
Banco Central Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), em
2.833 25/04/01
do Brasil regime de parceria ou integração com a indústria do
tabaco.
Altera dispositivos das Leis nº 9.782/99, que define o
Sistema Nacional de Vigilância
Medida Sanitária e cria a ANVISA, e nº 6.437/77, que configura
2.134-30 24/05/01
Provisória infrações à legislação sanitária federal e estabelece
sanções respectivas, e dá outras providências.
Dispõe sobre a inserção de imagens nas advertências
Resolução da
104 31/05/01 constantes nas embalagens de
ANVISA
produtos fumígenos derivados do tabaco.
Dispõe sobre o cadastro de empresas fabricantes
nacionais, importadoras ou
Resolução da
105 31/05/01 exportadoras de produtos derivados do tabaco,
ANVISA
fumígenos ou não, e de todos os seus produtos.
Altera os dispositivos da Lei 9294/96, determinando a
inclusão de informações e fotografias sobre os riscos do
Medida
2190-34 23/08/01 tabagismo em material de propaganda e embalagens de
Provisória
produtos destinados ao fumo, com exceção dos
destinados à exportação
Instrução
Normativa da
Estabelece normas para os selos de controle a que estão
Secretaria da 95 28/11/01
sujeitos os cigarros.
Receita
Federal
Constitui a Comissão Nacional responsável por avaliar
Portaria do e definir diretrizes políticas voltadas à promoção da
Ministério da 1.324 23/07/02 saúde, prevenção e controle das enfermidades não
Saúde transmissíveis.
Recomenda às instituições de saúde e ensino a
implantarem programas de ambientes livres da
exposição tabagística ambiental e confere certificados
Portaria
1.498 22/02/02 de honra ao mérito
Interninisterial
àquelas que se destacarem em campanhas para o
controle do tabagismo.
Portaria do Consolida o Programa Nacional de Controle ao
Ministério da 1.575 29/08/02 Tabagismo, criando Centros de
Saúde Referência em abordagem e tratamento do fumante.
Majora o valor das penalidades com relação aos selos
Medida
66 29/08/02 que estiverem em desconformidade com as normas
Provisória
estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal.
Instrução
Normativa da Aprova o Programa Gerador da Declaração Especial de
Secretaria 194 29/08/02 Informações Fiscais relativas à
da Receita tributação dos cigarros.
Federal
Proíbe a produção, importação, comercialização,
anúncio e distribuição de alimentos que tenham a forma
de cigarros, charutos, cigarrilhas ou quaisquer outros
Resolução da produtos que gerem fumaça, quer sejam derivados do
304 07/11/02
ANVISA tabaco ou não. Proíbe ainda o uso de embalagens de
alimentos que simulem ou imitem maços de cigarros e
o uso de marcas de produtos que produzam fumaça,
quer sejam derivados do tabaco ou não.
Decreto 4.542 26/12/02 Altera a alíquota do IPI incidente sobre os cigarros.
Resolução da Proíbe a venda de produtos derivados do tabaco na
15 17/01/03
ANVISA internet.
Altera dispositivos da Lei n° 9.294/96, prorrogando
para 30 de setembro de 2005 o prazo da proibição do
patrocínio de eventos esportivos internacionais por
Lei 10.702 15/07/03
marcas de cigarros e proibindo a venda de produtos do
tabaco a menores de dezoito anos.
Regulamenta a Lei 10702/03, sobre mensagens do
Resolução da
199 24/7/03 Ministério da Saúde transmitidas durante eventos
ANVISA
internacionais, esportivos ou culturais
Cria a Comissão Nacional para Implementação da
Decreto - 01/08/03 Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco e de seus
Protocolos.
Dispõe sobre a inserção de advertências com imagens
nas embalagens e na propaganda de produtos fumígenos
Resolução da
335 21/11/03 derivados do tabaco, que entrarão em vigor a partir
ANVISA
de 22 de agosto de 2004.
Revoga a Resolução nº 105/01, estabelecendo novas
normas para o cadastro das empresas beneficiadoras ou
Resolução da
346 02/12/03 exportadoras de produtos derivados do tabaco, bem
ANVISA
como de todos os seus produtos.
Eleva o valor do Imposto sobre Produtos
Decreto 4.924 19/12/03 Industrializados (IPI), incidente sobre cigarros.
Aprova o Programa Gerador da Declaração Especial de
IN da RFB Informações Fiscais relativas à tributação de cigarros
396 09/02/04
(DIF-cigarros), versão 3.0, e dá outras providências.
Portaria do Amplia o acesso à abordagem e tratamento do
Ministério da 1.035 31/05/04 tabagismo para a rede de atenção básica e de média
Saúde complexidade do SUS.
Portaria da
Aprova o Plano para Implantação da Abordagem e
Secretaria de
Tratamento do Tabagismo no SUS e o Protocolo Clínico
Atenção 442 13/08/04
e Diretrizes Terapêuticas – Dependência à Nicotina.
à Saúde
Aprova o texto da Convenção-Quadro sobre Controle
Decreto
do Uso do Tabaco, assinada pelo Brasil, em 16 de junho
Legislativo 1.012 28/10/05
de 2003.
Portaria do
Ministério da 2.439 08/12/05 Institui a Política Nacional de Atenção Oncológica
Saúde
Define recursos financeiros do Teto Financeiro de
Vigilância em Saúde, para incentivar estruturação de
Portaria do ações de Vigilância e Prevenção de Doenças e Agravos
Ministério da 2.608 28/12/05 Não-Transmissíveis por parte das Secretarias
Saúde Estaduais e Secretarias Municipais de Saúde das
capitais.
Institui o programa “Ministério da Saúde Livre do
Tabaco”, com a finalidade de elaborar e implementar
Portaria do ações educativas destinadas a conscientizar os
Ministério da 300 09/02/06 funcionários e os visitantes da instituição em relação aos
Saúde males provocados pelo uso do tabaco. Revoga a Portaria
nº 2.818/GM de 28/05/98.
Portaria do Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do
Ministério da 399 22/02/06 SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido
Saúde Pacto.
Portaria do
Ministério da 687 30/03/06 Aprova a Política de Promoção da Saúde
Saúde
Institui Grupo de Trabalho com objetivo de elaborar
Portaria da
527 22/09/06 proposta de Regulamento Técnico sobre "salas
ANVISA
exclusivas para fumar".
Portaria da Institui Grupo de Trabalho visando a implementação do
528 22/09/06
ANVISA programa “Ambientes Livres de Fumo”.
Estabelece as alíquotas de incidência do Imposto sobre
Decreto 6.006 28/12/06
Produtos Industrializados (IPI) sobre os cigarros.
Resolução da
10 15/02/07 Altera a logo do Serviço Disque Pare de Fumar
ANVISA
Aumenta a alíquota do Imposto sobre Produtos
Decreto 6.072 03/04/07
Industrializados (IPI) sobre cigarros.
Obriga os fabricantes de cigarros a instalarem
equipamentos contadores de produção e que permitem
o controle e rastreamento dos produtos em todo o
território nacional, possibilitando a identificação
Lei 11.488 15/06/07
legítima da origem do produto e reprimindo a produção
e importação ilegais, bem como a comercialização de
contrafações.
Regulamenta o Decreto n. º 6.072/07, elevando os
IN da RFB 753 10/07/07
valores do IPI incidentes sobre os cigarros.

2.6 - Do Programa Nacional de Controle do Tabagismo

Desde a década de 50 o consumo de tabaco tem sido diagnosticado como fator de risco
para uma série de doenças. Durante esse período, verificou-se que fumar era entendido como
um “hábito social”, muitas vezes estimulado em propagandas bancadas pelo setor de cigarros e
derivados. Nesse sentido, surgiram diversos movimentos de controle do tabagismo. Esses
movimentos, em sua maioria, foram encampados por profissionais da área de saúde,
representados, principalmente pela Associação Médica Brasileira (AMB). Dentre as ações
acima descritas, foi criado, nos anos 80, o Programa Nacional de Contra o Fumo, sob
coordenação do AMB. Tal Programa serviria de base para que o Ministério da Saúde
estruturasse seu próprio programa, o qual convencionou-se chamar de Programa Nacional de
Controle do Tabagismo (PNCT).
As ações iniciais do PNTC visavam a atingir formadores de opinião, buscando o
desenvolvimento de uma massa crítica capaz de intervir na aceitação social do tabagismo,
priorizando ações em escolas, ambientes de trabalho e unidades de saúde e utilizando-se de um
modelo em rede, o Programa conseguiu mobilizar diversos atores, dentre os quais pode-se citar
o Banco do Brasil, a Petrobrás, a Eletrobrás, a Infraero e a Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos. Permitiu-se, ainda, capacitar milhares de profissionais da área de saúde na
promoção de ambientes livres de fumo.
Essas diversas ações de combate ao uso do tabaco implementadas entre os anos de 1986
e 2008, foram estudadas na Pesquisa Especial de Tabagismo, realizada em 2008, que trouxe os
seguinte números relativos a Prevalência do tabagismo entre adultos de 18 anos ou mais de
idade:
Fonte: Pesquisa especial de tabagismo – PETab: relatório Brasil / Instituto Nacional de Câncer. Organização Pan-Americana da
Saúde. – Rio de Janeiro: INCA, 2011

Conforme consta na Mensagem Presidencial encaminhada ao Congresso em 2019, “o


tabagismo é o principal fator de risco para neoplasias e doenças respiratórias crônicas e
exerce um papel fundamental no desenvolvimento das doenças cardiovasculares e do
diabetes”. Segue o texto afirmando que entre 2006 e 2017 houve uma redução de 35% na
prevalência do tabagismo entre adultos. Todas as ações do Programa Nacional de Controle do
Tabagismo são da responsabilidade do Instituto Nacional do Câncer - INCA, vinculado ao
Ministério da Saúde. O INCA exerce, também, as atividades de Secretaria Executiva da
Comissão Nacional para a implementação da Convenção-Quadro da Organização Mundial da
Saúde para o Controle do Tabaco (Se-Conicq). No que se refere aos investimentos do programa,
não há nenhum documento que especifique os valores repassados especificamente para as ações
de controle do Tabagismo, sendo que os recursos do INCA são oriundos do Fundo Nacional da
Saúde. Contudo, a Lei Orçamentária Anual de 2019, alocou o valor de $ 965.562 de reais para
Contribuição Voluntária à Convenção-Quadro sobre Controle do Uso do Tabaco - CQCT FCTC
(MS).
3. Conclusão

Nota-se que as políticas públicas voltadas ao controle do tabagismo no Brasil


envolvem uma série de corresponsáveis pela integração dessas políticas em prol da manutenção
do direito à saúde e, consequentemente, à diminuição dos gastos relacionados aos malefícios
originados pelo uso do tabaco no Brasil. São gastos no Brasil aproximadamente cinquenta e
sete bilhões de reais com despesas médicas relacionadas ao uso do insumo químico e esse valor
impacta consideravelmente as contas públicas, pois poderiam ser reinvestidos todos esses
valores em saúde preventiva de qualidade a toda a população.
O questionamento a ser feito reside no fato de entender até que ponto chega a
responsabilidade subjetiva das empresas produtoras de tabaco e como esses prejuízos podem
ser sanados retirando-se essa externalidade negativa do âmbito do SUS, já que esse sistema tem
como base principal a saúde em seus moldes naturais e não por moldes ocasionados por
terceiros, mesmo que de boa-fé.
Diante do questionamento, encontra-se de um lado a licitude das atividades empresariais
reguladas pelo Estado e, de outro, a licitude regulamentada que mata e gera prejuízos maiores
ainda para o Estado superando, inclusive, a arrecadação dos impostos embutidos nos preços do
produto comercializado.
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou ao grupo a chance de perceber como
é a dimensão de uma política pública na prática e como a tomada de decisões está relacionada
a critérios opostos como o exemplo das atividades reguladas licitamente que causam prejuízos
ao Estado e externalidades negativas aos consumidores. Nós, como gestores, temos que balizar
as decisões por meio de premissas antagônicas e entender que uma decisão, por ora positiva,
pode impactar negativamente gerando polos opostos de benefícios e consequências e
engrenando, sobretudo, a população a decisões que as prejudicam e causam malefícios
gradativamente.
4. Referências Bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Organização Pan-Americana da


Saúde. Pesquisa especial de tabagismo – PETab: Relatório Brasil / Organização Pan-Americana
da Saúde. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

BRASIL. Presidente (2019: Jair Messias Bolsonaro). Mensagem ao Congresso Nacional, 2019
[recurso eletrônico] : 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura. – Brasília : Presidência
da República, 2019. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2019/02/04/mensagem-presidencial

Bahia, Lígia e Scheffer, Mario. Planos e seguros de saúde; o que todos devem saber sobre a
assistência médica suplementar no Brasil. Editora unesp, 2010.

Varela, Drauzio. Livro Estação Carandiru, Editora Companhia das Letras, 1999.

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