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História

O primeiro nome do lugar foi "Chitoto Chobatua" (buraco dos passarinhos), dado
pelos mucubais a uma aldeia de pescadores, pastores e caçadores que existia na baía do
Namibe, no século XV.[2]

Explorações coloniais
Em 1485, o local passou a chamar-se de "Mossungo - Bitoto", e; em 10 de julho de 1645
passou a chamar-se de "Angra dos Negros" (ou Enseada dos Negros), nome dado
por Francisco de Souto-Maior, durante a reconquista de Angola, possivelmente em virtude
do embarque de escravos feito naquela baía.[3]
Somente no ano de 1785, durante uma expedição de supervisão da condição da povoação
de Angra dos Negros, foi batizada pelo tenente-coronel Eusébio Pinheiro Furtado de "Baía
de Mossâmedes" em homenagem a José de Almeida e Vasconcelos, Barão de
Mossâmedes. A expedição, feita por Pinheiro Furtado e Gregório José Mendes, constatou
que o povoado de Mossâmedes, dos pescadores herero-mucubais, estava desorganizado
e praticamente abandonado.[2]

Colonização efetiva
Em setembro de 1839 o tenente João Francisco Garcia e o capitão Pedro Alexandrino da
Cunha partem numa missão de reconhecimento do povoado de Mossâmedes e das zonas
interiores do sul de Angola, dando relatório ao governo colonial em Luanda em dezembro
do mesmo ano. Com ordens de José Travassos Valdez, 1º Conde do Bonfim e do
governador geral de Angola Manuel Eleutério Malheiro, tenente Garcia chega novamente
ao povoado de Mossâmedes, em fevereiro de 1840, para erguer uma colónia penal, o que
viria a ser a Fortaleza de São Fernando de Namibe (concluída em 1844). Astuto
negociador, tenente Garcia convence muitos sobas hereros a mudar-se para as
proximidades do canteiro de obras da Fortaleza, costurando, em 13 de agosto de 1840,
um pacto de amizade e de comércio com os sobas Mossungo e Giraúl, para que as
populações locais se aglomerassem no ainda efêmero povoado, que passou a contar a
partir daí com oito feitorias e oito casas de negócio. [2]
Em meio aos acontecimentos trágicos da revolução Praieira, entre 1848 e 1849,
na província de Pernambuco, no Império do Brasil, parte, em 23 de maio de 1849, a barca
"Tentativa Feliz" e o brigue da marinha portuguesa "Douro", com 166 luso-brasileiros a
bordo, rumo a Mossâmedes, na Angola Portuguesa. Após 73 dias de viagem chegam ao
destino.[2] Outra expedição luso-brasileira viria para a localidade no ano seguinte.
Na baía do Namibe havia um rio seco, o rio Bero, que Bernardino Freire de Figueiredo
Abreu e Castro, o líder da primeira expedição, chamou de Nilo de Mossâmedes, porque na
época das chuvas a água das enxurradas invade toda a terra, trazendo os fertilizantes
naturais para novas sementeiras, num microclima temperado. No dia 4 de agosto de 1849
há a fundação oficial do distrito de Mossâmedes, delimitando o povoado de Mossâmedes
como sede-capital distrital, com o discurso oficial pelos representantes portugueses na
presença das autoridades tradicionais, os sobas Mossungo e Giraúl. Foram erguidos
alojamentos temporários no povoado para os portugueses. [2]
No dia 5 de agosto as áreas agrícolas onde foram distribuídas, com Bernardino seguindo
para Luanda no dia 16 de agosto afim de apresentar cumprimentos ao governador geral.
Ao retornar, em 13 de outubro de 1849, tomou posse como primeiro presidente do
concelho de Mossâmedes, acumulando também a governadoria do distrito homônimo. [2]
No dia 21 de outubro de 1849 foi feita a instalação, no Vale dos Cavaleiros, dos engenhos
de açúcar de Bernardino, que aboliu ali a presença de trabalho escravo. [2]
Até 26 de março de 1855, o Mossâmedes, que já sediava o distrito, ainda era
juridicamente um povoado, quando finalmente adquiriu seu estatuto jurídico pleno para
uma capital, sendo elevada a categoria de vila.[4]

Da década de 1900 à década de 1960

Wagon de angobôeres,[5] em 1908, em Moçâmedes.

Em 1905 começa a construção do Caminho de Ferro de Moçâmedes, que parte do porto


do Namibe (em Moçâmedes) e chega à cidade de Menongue (antiga Serpa Pinto), tendo a
construção sido concluída em 1963.
Em 1907 a vila de Mossâmedes é elevada ao título de "Real Cidade de Mossâmedes" por
decreto do próprio rei Carlos I de Portugal, em título entregue durante a visita à cidade do
príncipe Luís Filipe. Com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1945, a grafia do
nome da cidade altera-se para "Moçâmedes".[6]

Período das guerras


Nos acontecimentos que antecederiam a independência de Angola, a UNITA, com o apoio
da Força de Defesa da África do Sul, durante a Operação Savana, invade e ocupa
Moçâmedes, expulsando o MPLA. Como contra-resposta, o MPLA, com apoio das Forças
Armadas de Cuba, lançam a Operação Carlota, retomando o controle da cidade entre
1975/1976.
Em 5 de abril de 2001 uma calamitosa enchente atingiu a cidade, na cheia do rio Bero,
com muitos populares perdendo entes queridos e propriedades, tendo os sobreviventes
sido encaminhados para uma área antes desértica, que tornou-se um setor de expansão
de Moçâmedes.[7]

Pós-guerra civil
Em 2013 a cidade sediou, em conjunto com Luanda, o Campeonato do Mundo de Hóquei
em Patins, o primeiro do género em África.[8]
O município, a cidade e a comuna-sede chamavam-se Namibe até junho de 2016 quando,
por um decreto-lei de 27 de junho de 2016, o nome voltou a ser "Moçâmedes". [9]

Geografia
O município de Moçâmedes é limitado a norte pelo município de Baía Farta, a leste pelos
municípios de Camucuio, Bibala e Virei, a sul pelo município de Tômbua e a oeste
pelo Oceano Atlântico.

Clima
Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, praticamente todo o território
municipal moçamedense está incluído no clima desértico quente (BWh). Apesar do clima
desértico, pelo menos no litoral municipal a corrente de Benguela modifica esta realidade.
A temperatura média da cidade de Moçâmedes é de 23 °C sendo as temperaturas baixas
na estação seca e altas na estação do cacimbo. Os meses de março e maio são onde
ocorrem com maior frequência as chuvas. Já junho e julho são os meses mais frios, com
eventuais geadas. Os meses mais quentes são dezembro, janeiro e fevereiro, onde a
variação térmica vai dos 8 °C aos 32 °C.
[Esconder]  Médias meteorológicas para Moçâmedes 
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set
22 24 24 22 20 17 18 19 18
Alta recorde °C (°F)
(72) (75) (75) (72) (68) (63) (64) (66) (64)
26 28 28 27 25 22 20 21 22
Média alta °C (°F)
(79) (82) (82) (81) (77) (72) (68) (70) (72)
16 18 20 18 15 13 13 15 16
Média diária °C (°F)
(61) (64) (68) (64) (59) (55) (55) (59) (61)
13 14 12 11 10 8 6 8 8
Média baixa °C (°F)
(55) (57) (54) (52) (50) (46) (43) (46) (46)
10 9 9 8 8 5 4 6 7
Baixa recorde °C (°F)
(50) (48) (48) (46) (46) (41) (39) (43) (45)
Fonte: weatherbase.com http://www.weatherbase.com/weather/weather.php3?s=22466&cityname=Mocamedes-Angola&se

Hidrografia
A cidade de Moçâmedes tem nas suas proximidades o rio Bero que se encontra seco na
maior parte do ano. O rio separa a Zona Norte da cidade, onde estão os bairros
do Sacomar, Cambongue e Juventude.[7]
Outros rios extremamente relevantes para o município são o Giraul e o Giraul-de-Baixo.[10]

Proteções litorais
O litoral de Moçâmedes têm como principal referencial a baía do Namibe, tendo uma
extensão de 38 quilómetros, com um total de 15 praias, sendo cercado pelas pontas do
Giraul e Noronha. O rio Bero deságua na baía do Namibe. Outro referencial do município é
a baía das Luciras.

Subdivisões
O município constitui-se pela comuna de Moçâmedes, que é equivalente a própria cidade
de Moçâmedes,[11] e pelas comunas de Lucira e Bentiaba.
Já a cidade de Moçâmedes era constituída somente por bairros. Mas com a expansão
urbana foram criadas áreas habitacionais distantes dos centros, formadoras de novas
centralidades geo-econômicas. A cidade é composta pelos distritos urbanos de Forte de
Santa Rita, Sacomar, Aida e Centro; que por sua vez, subdividem-se em bairros.
Moçâmedes subdivide-se em quatro zonas:
Distrito urbano do Sacomar - Zona Norte
É a segunda maior em área e a terceira em população e seus principais bairros
são: Sacomar,[9] Cambongue, Juventude e Giraul de Cima, além destes possui outros
pequenos bairros.
Distrito urbano de Forte de Santa Rita - Zona Sul
É a maior em área e em população, composto pelos bairros de Forte de Santa Rita, [9] 5 de
Abril, Aeroporto, Praia Amélia, Mandume ya Ndemufayo, Cassange, Quatro e Meio e
muitos outros menores.
Distrito urbano de Aida - Zona Leste
É a menor em área e em população, devido a sua proximidade ao rio que corta a zona e
aos desnivelamentos nos terrenos. É composta pelos bairros da Aida e Giraul de Baixo e
pequenas aglomerações.
Distrito urbano do Centro - Zona Central
A terceira maior em área e a segunda em população, onde encontram-se grande parte dos
edifícios públicos, a parte histórica da cidade. Seus bairros são Torre do Tombo,[9] Platô,
Saíde Mingas, Facada, Espirito Santo (ou Heróis de Mucaba), Bairro dos
Corações, Muinho e Eucaliptos

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