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INVESTIGAÇÃO

18 de Março de 1828 - Operação Condeixa



O atentado à comitiva dos lentes da universidade de Coimbra

Um acontecimento favorável a D. Miguel I

Por Carlos Filipe G. Reis


Imagem 1 - Assassínio dos lentes de Coimbra, in Manuel Pinheiro Chagas,
História de Portugal Popular e Ilustrada, volume VIII , 1903, p. 369- note-se o
pormenor impreciso de os atacantes estarem de capa e batina, ao invés da farda
de voluntários académicos que, na verdade, quase todos envergavam.

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A operação Condeixa de 18 de Março de 1828 - por Carlos Filipe Guerra da A. Reis (18.03.2018) 1



O estudo que apresentamos resulta de uma investigação de duas
décadas e levanta novos factos com uma visão diferente do
acontecimento, volvidos 190 anos sobre o grave atentado político em
plena guerra civil.
Um grupo de homens encapuçados assalta uma comitiva onde
seguiam professores da universidade e cónegos da sé de Coimbra. Estão
todos armados e usando o fardamento de jaqueta e calças de saragoça
dos académicos, similar à dos batalhões de Caçadores. São presos nove
jovens estudantes provenientes de famílias bem posicionadas, algumas
muito abastadas. Matam dois professores e ferem mais alguns membros
da comitiva que seguia para Lisboa para saudar D. Miguel. Ódios
políticos e pessoais poderiam levar a tais extremos?
É certo que o ambiente geral era tenso. A disputa entre liberais e
absolutistas ganhava cada vez mais expressão. Os ventos trazidos pela
revolução francesa de 1789 espalhavam-se por todo o lado. A sociedade
dividia-se. Familiares cortavam relações. De um lado os bons princípios,
do outro, os maus costumes. A ordem monárquica, divina, em oposição
à liberdade de pensamento, ao livre arbítrio republicano.
O céu e o inferno.
Após mais uma sublevação absolutista em 1824, o infante D.
Miguel, seu mentor, é enviado para exílio em Viena. D. João VI, paciente
com as diatribes do filho mais novo, desta vez toma uma atitude forte
de castigo e envia-o para correcção em Viena sob a tutela do chanceler
todo poderoso Príncipe de Metternich. A facção miguelista era
demasiadamente influente na corte de Lisboa e D. João VI, por desígnio
de Deus ou envenenado, como se sussurrava, morre de repente em
1826.
Após assinalável concertação diplomática gizada em Viena por
Metternich em articulação com o reino Unido, França, Espanha e D.
Pedro, imperador no Brasil (e rei de Portugal), define-se um plano. Ao
“recuperado” D. Miguel é destinado um novo papel à altura do seu alto
nascimento e assim, regressa a Lisboa, em 22 de Fevereiro de 1828, para
assumir a regência como lugar-tenente do irmão, o rei D. Pedro IV. O
plano pretendia o apaziguamento da família portuguesa e previa um
absurdo casamento do infante Miguel com a sobrinha, D. Maria da
Glória, de 8 anos, a herdeira do trono, rainha de Portugal, logo que
atingisse a maioridade sob o nome de D. Maria II.


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A 13 de Março D. Miguel começa a quebrar o compromisso jurado
ao irmão, dissolvendo a Câmara dos Deputados e o Senado, nomeando
novo governo e chefias militares da sua inteira confiança. Em mente um
único objectivo assumir o trono na plenitude do direito. O lugar de
futuro consorte não era para ele.
Um reino dividido e abandonado em gravíssima carência
económica. Uma deriva acentuada para o abismo com a prolongada
ausência da família real no Brasil, entre 1807 e 1821, devido às invasões
francesas e depois, quando se sentia alguma estabilização institucional,
a morte repentina de D. João VI em Março de 1826.
No meio conservador e na igreja portuguesa ansiava-se pela
chegada de um redentor que iluminasse o caminho e devolvesse a
ordem e a segurança. O milagre aconteceu, a 22 de Fevereiro de 1828,
com a chegada a Lisboa do infante D. Miguel.
A comitiva de Coimbra ia ao beija-mão do novo regente do reino
em nome de seu irmão, o ingénuo, senhor D. Pedro IV (1798-1834)
ausente no Rio – imperador do Brasil, o liberal rei de Portugal. Ingénuo
porque acreditou que Miguel se resignaria a um papel secundário,
aceitando casar com D. Maria da Glória, a filha em quem Pedro abdicara.
A maioria dos estudantes de Coimbra era notoriamente aderente
das ideias liberais e da Carta Constitucional enviada do Brasil por D.
Pedro em 1826. No campo dos professores a situação era menos clara,
havendo uma simpatia nítida por D. Miguel em professores mais antigos,
alguns integrantes de ordens religiosas, como o vice-reitor Pinheiro. O
clima político agitava-se, mas em Coimbra, centro académico primordial,
a radicalização juvenil encontrava campo fértil.
Os três professores que seguiam na comitiva não eram, de todo,
dos mais fervorosos miguelistas. Tal é o exemplo do Dr. Jerónimo de
Figueiredo reintegrado na universidade após a revolução liberal de 1820,
e só depois da demissão, em 1821, do reitor ultraconservador Dom
Francisco de Lemos, com quem tivera graves desentendimentos em
anos anteriores.
A agitação académica de pendor liberal e jacobino no centro do
país era tudo o que D. Miguel e os apostólicos mais temiam na
caminhada gizada para a assunção do reino à revelia do acordo com D.
Pedro. No ar pairava a convocação ilegal, para Maio ou Junho, das
Cortes Gerais, onde D. Miguel seria definitivamente aclamado rei de
Portugal, senhor absoluto.



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O assalto do Cartaxinho em Ega



Pouco passava das 7 horas daquela manhã de inverno de 18 de
Março. Uma comitiva segue de Condeixa em direcção a sul pela estrada
real de Lisboa. Formada por quatro caleches com alguns acompanhantes
a cavalo, nela seguem três professores da universidade de Coimbra, o
cónego e o deão da Sé, respectivos familiares e criados, condutores e
arrieiros. Eram no mínimo 23 pessoas, todas do sexo masculino. Alguns
dos criados e acompanhantes mais jovens seguiam a cavalo.
Contudo, a comitiva oficial da Universidade partira uns dias antes, a
12 de Março. Chefiada pelo reitor em exercício António Pinheiro de
Azevedo integrara os lentes frei Francisco de Carvalho, o doutor Joaquim
de Seixas e o doutor Manuel Pedro de Melo. Esta delegação, sim, fora
nomeada pelo claustro da universidade para ir felicitar D. Miguel pela
sua chegada a Portugal. Desconhecemos a razão da organização da
segunda comitiva, que aqui tratamos, onde sobressai o peso
institucional da representação eclesiástica, com a presença do cónego
da Sé Pedro Falcão e o deão António Brito.


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A 2ª comitiva parte de Coimbra na tarde de dia 17. Passam a noite
na estalagem do Zé Moleiro, à beira da estrada, no centro da vila de
Condeixa-a-Nova.
Em Condeixa, na manhã desse dia 18, chega um tenente de
artilharia nº4, oficial às ordens do governador militar do Porto,
aguardando a sua chegada. O marechal Franco de Castro vinha de Lisboa
em companhia do tenente general Agostinho da Fonseca, governador de
Viseu, ambos nomeados por D. Miguel, no dia 10 de Março. Vinham
acompanhados das respectivas escoltas formadas por soldados de
cavalaria e de caçadores. Os dois comandantes não tiveram pressa em
chegar aos respectivos quartéis-generais. A missão estava em curso e
por isso a sua presença era mais útil ali por Condeixa.

Vejamos a composição da 2ª comitiva, alvo do ataque:

• 1ªCaleça (7 pessoas) = o deão da Sé Dom António de Brito e
Castro de Figueiredo e Melo da Costa, de 53 anos, 2 criados, o
caleceiro João dos Santos, residente em Lisboa e 1 arrieiro; outro
criado a cavalo pela direita e outro criado a cavalo à esquerda.
• 2ªCaleça (6 pessoas) = o cónego da Sé Dom Pedro Falcão Cotta de
Menezes e um sobrinho mais novo Manuel; vai a cavalo o
sobrinho mais velho Estevão Falcão Cotta de Menezes, um criado
a cavalo, o caleceiro António Carvalho, residente em Lisboa e o
arrieiro Manuel Rodrigues Diogo, de Coimbra, a cavalo.
• 3ªCaleça (5 pessoas) = o professor Mateus de Sousa Coutinho, de
80 anos, que viria ser morto, o professor Jerónimo Joaquim de
Figueiredo, de 60 anos, que viria ser morto; a cavalo o sobrinho do
primeiro, o estudante José Cândido de Sá Pereira, o caleceiro
Manuel António Silva, residente em Lisboa e 1 arrieiro.
• 4ªcaleça (5 pessoas) = O professor António José das Neves e Melo,
58, antigo director do Jardim Botânico, o seu filho António
Augusto das Neves e Melo, formado em medicina, Francisco Assis
Matos, oficial da imprensa da universidade que ia a pedido do
doutor Jerónimo, o caleceiro José Maria Padilha, residente em
Lisboa e 1 arrieiro.

Curiosamente, todos os condutores das caleças - os caleceiros - são
de Lisboa, assim como os respectivos patrões o que indicia que as
mesmas teriam sido alugadas em Lisboa e não em Coimbra o que seria

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mais lógico pois iriam partir daí. Tendo vindo de Lisboa poderiam ter
instruções para cumprimento de determinado horário e percurso. Tal
pormenor poderia fazer a diferença numa operação em preparação.
A comitiva encontra-se na zona da fonte do Cartaxinho, em Vale de
Janes, freguesia de Ega, frente à Serra de Janeanes, 5 Km a sul de
Condeixa e a 2Km a norte do lugar de Presa, a aldeia mais próxima
atravessada pela estrada real. Seriam 7:20h da manhã, quando se dá um
assalto. Após uma curva, numa zona de pinhal com pouca visibilidade,
no meio da estrada encontram-se pelo menos três homens, fardados,
encapuçados e armados aguardando a caravana para a mandar parar.
Nesses tempos eram frequentes os assaltos de estrada, para roubo de
valores de gente rica que se deslocava de carruagem e à primeira vista
seria mais um.
Mas não era.
O trio é formado por: António Maria das Neves Carneiro, 24 anos -
o responsável máximo e quem convocara os restantes; o seu parente
Joaquim Manuel da Fonseca e Costa, 21, ambos do Fundão e ainda
Bento Adjuto Soares Couceiro, 24, de Tentúgal. Outros encontravam-se
escondidos em arbustos e árvores na berma da estrada prontos a entrar
em acção logo após a chamada do comando. Seriam no total 13 a 15
elementos. Nunca se conseguiu saber. Envergavam a característica
fardeta de saragoça do extinto Batalhão de Voluntários Académicos de
Coimbra, que todos integraram um ano antes.
O Batalhão Académico, nesta reedição, tivera uma curta duração,
fora formado em Dezembro de 1826, pelo general Francisco de Azeredo
(Samodães) para apoio no centro do país às forças de defesa da Carta
Constitucional liberal e o direito de D. Maria II ao trono. Este batalhão
procurava lembrar e honrar o heroico 1º Batalhão, com o mesmo nome,
formado em 1808 por professores e alunos da universidade de Coimbra
para ajudar no esforço de guerra contra o exército invasor Francês.
Desse primeiro batalhão fizeram parte os professores Mateus de Sousa
Coutinho e Jerónimo de Figueiredo que integravam a comitiva.
Antes do assalto o arrieiro da 2ª caleche, Manuel Rodrigues Diogo,
de Coimbra, vê um jovem académico fardado que se afasta da estrada
pelo lado esquerdo, se encaminha para Condeixa, abandonando o grupo
e passando por isso rente a ele um pouco antes do assalto. Afirma
reconhecê-lo quando dias depois vai à cadeia da Universidade onde
estavam os detidos. O estudante de nome Domingos Joaquim dos Reis,
20, natural de Sintra, filho do capitão-mor da vila, personalidade


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próxima da Rainha viúva D. Carlota Joaquina, percebera a tempo que o
Neves Carneiro o enganara quanto aos motivos daquela espera. O
convite não se destinava a um despique mas sim a um ataque à
integridade física de alguém desconhecido e assim que se apercebe da
chegada do alvo, resolve abandonar a acção, fugindo para Condeixa, não
participando nela. Aliás, seria muito pouco provável que todos os
estudantes convocados tivessem consciência de que tinham sido
arregimentados para um ataque a uma comitiva institucional onde
seguiam membros, camaradas veteranos do Batalhão original que lutou
contra os invasores franceses 19 anos atrás. Domingos, não seria o
único, teria sido ludibriado e conduzido para uma cilada que
comprometeria definitivamente a sua vida e a de todos os familiares,
nomeadamente, a de seu pai que seria demitido do cargo e obrigado ao
exílio.
Os encapuçados mandam parar o cortejo. Bento Couceiro assobia
para outros escondidos nos arbustos. Os membros da comitiva são
encaminhados para uma zona de pinhal. Os criados são instruídos a
retirar das caleches e a abrir os baús, fingindo-se o roubo de valores. Os
membros da comitiva são separados dos criados, caleceiros e arrieiros
que ficam num grupo mais próximo da estrada. Os restantes membros -
os principais - são conduzidos para a zona mais interior e escura da mata
afastada da estrada. Todos com as mãos atadas são colocados deitados
no chão de cabeça para baixo. De repente ouvem-se tiros, várias séries
de tiros. Para as vítimas, em pânico, os autores dos disparos são
claramente os jovens académicos, mas a visibilidade difícil, pela posição
em que se encontravam e pela dificuldade e risco de qualquer
movimento fazem com que, nos testemunhos que dão mais tarde, se
não possa ter tanta certeza de que os estes disparos foram única e
exclusivamente dos assaltantes, quando havia, como vamos ver, tanta
tropa em redor.
Mariana de Jesus, 42, vinha a pé pela estrada com uma pesada saca
de carvão à cabeça para vender. Ia para norte em direção ao mercado
semanal de Condeixa. Já fizera 4Km desde a sua casa na Venda Nova,
passando pelo lugar de Presa e ali, no Cartaxinho, apercebe-se da
aproximação das caleches e do envolvimento suspeito que nove
encapuçados fazem da mesma. Dá um grito. Alguns dos assaltantes
dizem-lhe que se cale mas deixam-na livre e assim, com o assalto em
curso, decide retornar ao lugar de Presa para ver se consegue ajuda.


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Depois de uma série de disparos o velho professor Mateus
sentindo-se atingido com alguma gravidade pede ao líder do gangue que
o acabe de matar.
O arrieiro Manuel Diogo reconheceu pela fardeta a Bento Couceiro,
o qual tinha umas proeminentes suíças visto que não trazia a cara bem
coberta pelo lenço. Reparou que montou mais tarde no cavalo branco
do deão da Sé e seguiu. Bento afastou-se com o colega Urbano de
Figueiredo em direção à serra da Senhora do Círculo para nascente onde
deixaram os cavalos.
O mesmo fizeram os líderes António das Neves Carneiro e Joaquim
Fonseca que calmamente pegam em dois dos cavalos da comitiva e
resolvem afastar-se da confusão, sem qualquer impedimento, indo para
sul em direção a Presa e daí desaparecendo definitivamente. Mariana no
seu depoimento em tribunal refere que enquanto aguardava, em Presa,
pelos homens que a iam acompanhar ao local do crime, vê chegar “um
sujeito montado num cavalo preto de albardão com alforges, que
parecia ter de idade de 25 a 30 anos, com uma nisa de ganga azul
(jaqueta que Neves Carneiro usava) e com um criado (talvez o Fonseca)
montado noutra besta também de albardão e detendo-se ali por muito
pouco tempo de cavalo, disse para o outro – Olha do que nós escapamos
- E logo se foram estrada abaixo”.
Mariana de Jesus só terá regressado ao local do crime uma hora
depois, ou seja, pelas 8:40h. Nessa altura já teria havido a fuga dos
assaltantes, permanecendo no local os membros da comitiva com alguns
feridos de bala e dois mortos os professores Mateus e Jerónimo de
Figueiredo. Entretanto, foram chegando mais populares.
A história não quis registar um dado importante,
convenientemente omitido, a presença nas imediações do assalto de
tropa em número considerável e dois oficiais generais miguelistas. Na
verdade, aí estava uma escolta da arma de cavalaria com um número
indefinido de homens que acompanhavam o tenente-general Agostinho
Luís da Fonseca, governador militar da Beira Alta, o ajudante de campo,
uma escolta de Caçadores nº11 e talvez outra de artilharia nº4, também
em número indeterminado, que acompanhavam o marechal de campo
Gabriel António Franco de Castro, governador militar do Porto, ambos
em marcha desde Lisboa. Estando a tropa tão próximo porque não
avançaram sobre os atacantes e apenas simularam a sua busca? As
diversas séries de disparos que se ouviram durante e já depois do
assalto poderão ter sido uma troca de tiros. Havendo disparos dos


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assaltantes, tal facto alertaria a tropa nas imediações. É impossível que a
tropa não estivesse ciente da situação.
Só muito mais tarde, em diferentes fases e localizações, todas
devidamente registadas, entre as 11.00 e as 20 horas, viriam a ser
presos nove académicos supostamente relacionados com o assalto.
Apesar de os soldados das escoltas terem participado activamente nas
buscas e detenções, tal foi limpo dos depoimentos. Outros assaltantes,
em número indeterminado, teriam escapado. Resta saber se com a
condescendência dos generais.
Segundo refere a testemunha do processo Francisco de Assis que ia
na última caleche –a nº4: “Acabada esta trágica cena, sentiu assobios e
os assassinos retiraram-se monte acima, talvez em consequência de
observarem que muita gente daqueles povos se vinha aproximando
daquele sítio, o que na realidade aconteceu, porquanto, ele testemunha
viu que acudiram muitos homens com varapaus, roçadouras, e armas de
fogo, que logo desprenderam a ele testemunha e aos arrieiros”. Mais
acrescenta que: “Em cujo tempo também acudiram os soldados do
general da província da Beira que vinha para Viseu, que passaram logo a
prender os assassinos, que são todos os 9 que se acham na cadeia de
universidade e conheceu ele testemunha no acto do delito a um
estudante, filho do Bento de Tentúgal e outro filho do Capitão-mor de
Sintra”.
Assis foi chamado alguns dias depois à cadeia da universidade para,
reconhecimento dos presos. Antes foi informado sobre a identidade dos
assaltantes e seus parentescos pelo que não surpreende as informações
detalhadas que possuía sobre o general da província que se dirigia para
a cidade de Viseu e sobre os pais dos dois jovens que reconheceu, no
acto do delito. Assis esqueceu-se de um pormenor importante que outra
testemunha clarificou, o facto de Domingos dos Reis, filho do capitão-
mor de Sintra, ter abandonado antes o referido acto do delito. A
referência à ida do general para Viseu serve para justificar,
desvalorizando, a razão do general e seus soldados no local do crime.
Contudo, a presença dos generais é uma notável coincidência digna de
nota que nunca foi realçada por nenhum autor.
A operação incluía o governador militar do Porto. O seu ajudante às
ordens e sobrinho, tenente Gabriel António Franco de Castro (tinha o
mesmo nome do tio), 33 anos, estudante em Coimbra, do 4º ano de
Matemática. Segundo o seu depoimento no processo, vinha de Coimbra
com outro tio, Dom André da Conceição, da Congregação dos Cónegos


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Regulares de Santa Cruz para se encontrar nessa localidade com o tio
marechal. Tanto Dom André como o vice-reitor Dom António Pinheiro
de Azevedo e Silva estariam depois em representação do clero na sessão
dos Três Estados do Reino, em 11 de Julho de 1828, que aclamou D.
Miguel rei de Portugal.
O professor António Neves e Melo, de 58 anos, da faculdade de
filosofia, sobrevivente do atentado, refere no seu testemunho que
“(…)foram os salteadores perseguidos e presos, alguns logo
imediatamente pelos povos coadjuvados por tropa, que acompanhava o
tenente general Agostinho Luis da Fonseca e pelo tenente de artilharia
Gabriel Franco de Castro, estudante de astronomia, que se achava em
Condeixa, esperando seu tio o governador actual das armas do
Porto,(…)”. Este testemunho é de grande relevância pois trata-se de
alguém que está dentro da acção, sai ileso, tem idade e instrução
suficientes para não se deixar pressionar ou instrumentalizar. Diz a certa
altura que a acção de transporte e arrombamento dos baús foi
demorada (levou seu tempo) só depois disso foram os criados e
caleceiros postos “no chão e manietados com cordas ficando assim mais
seguros e presos, assim como as individualidades com os seus parentes
obrigados a avançar mais para diante, até os salteadores escolherem o
(sítio) mais afastado, cavernosos e escuro”. Aí foram também roubados
e depois obrigados a deitarem-se por terra, “e ouviu-se a atroz pergunta
de um dos malvados, se deviam ser manietados com cordas, e ouviu-se
outra voz, que deviam ser apunhalados e mortos; rogando-lhes os
deputados a conservação de suas vidas, tiveram a pronta resposta com o
despejo de tiros de bacamartes, clavinas e pistolas”;
Veja-se um pormenor interessante – um dos mandantes ameaça os
membros da comitiva que deviam ser apunhalados e mortos. O que soa
apenas a uma ameaça para manter amedrontadas as vítimas deitadas no
solo de cabeça para baixo. Davam-se umas punhaladas em vez de tiros,
para não alertar a vizinhança e perigar o assalto. Mas, subitamente
aconteceu exactamente o oposto, em vez de punhaladas – “tiveram a
pronta resposta com o despejo de tiros de bacamartes, clavinas e
pistolas.” Esta chuva de tiros terá tido participação militar. Seriam os
militares que envolviam a operação? É muito provável. É depois disso
que se dá a dispersão dos assaltantes.
Curiosamente, o professor vai na tarde do assalto à cadeia de
Condeixa e não consegue identificar ninguém como relacionado com o
assalto: “e foram apresentadas duas levas com quatro presos dos


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salteadores que os acometeram aos quais ele testemunha não conheceu
pela fisionomia, apesar de irem desmascarados. Uns dias depois vai de
novo à cadeia da universidade reconhecer nove presos, que nela se
achavam, também os não conheceu pela fisionomia, mas os vestidos
eram os mesmos dos salteadores que ele testemunha viu”; o professor
Neves e Melo não conseguiu identificar, em duas oportunidades, a
nenhum dos estudantes implicados no assalto a que assistiu.
O tenente Gabriel testemunha que a Condeixa começam a chegar os
feridos muito ensanguentados que lhe dão a notícia: “que na estrada
acabavam de ter sido assassinados dois lentes da universidade por uma
porção de salteadores.
Horrorizado ele testemunha recorreu imediatamente ao coronel de
milícias residente naquele lugar (comandante das milícias de Soure
coronel António Joaquim Dias de Azevedo), pedindo-lhe gente para ir
consigo desembaraçar a estrada e proteger, se ainda fosse a tempo, a
vinda do dito seu tio (marechal Franco de Castro), e do general da Beira
Alta (tenente general Agostinho Luis da Fonseca), que também vinha na
mesma estrada. Por três vezes se dirigiu ele testemunha ao dito coronel,
(…)” que finalmente lhe arranjou alguns milicianos.
O tenente Gabriel pretendeu com o seu depoimento tornar-se
organizador improvisado de um grupo de civis e milícias de Condeixa
que participaram na busca dos assaltantes, tendo capturado quatro. A
coadjuva-lo, também por um mero acaso, o Dr. Joaquim José da
Conceição Figueiredo da Guerra, 27 anos, licenciado em cânones e irmão
do capitão-mor de Coimbra. O grupo seguiu o mesmo caminho da
comitiva, ou seja, em direcção a sul pela estrada real. Curiosamente,
quando comandava a referida expedição intersectou na entrada de
Condeixa, por outro “admirável” acaso, um grupo de seis homens de
Caçadores nº11 que vinham em amena cavaqueira com dois elementos
suspeitos, a quem interpelou e logo mandou prender - eram os
estudantes Delfino António Miranda e Francisco de Amor Rocha. Como
refere: “encontrou 2 indivíduos ao lado de um soldado, caçador do
batalhão nº 11, que se tinha atrasado de uma pequena escolta que ia
próxima a entrar em Condeixa;”. Estes soldados que vinham pela estrada
real a aproximar-se de Condeixa, fazendo parte de uma escolta que se
dirigia de Lisboa para o Porto - só poderia ser do marechal Franco de
Castro, facto que certamente era do conhecimento da testemunha, seu
ajudante de campo, que muito naturalmente o não quis mencionar nos
depoimentos produzidos nos autos do processo, pois tal poderia indiciar


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ainda mais uma ligação directa da força militar miguelista no
desenvolvimento da acção.
Vejamos o que diz o seu acompanhante Dr. Joaquim José da
Conceição: “À distância de um tiro de bala de Condeixa, encontraram em
debandada uma escolta de caçadores, composta por 6 homens,
comandada pelo sargento João José Correia, a quem o sobredito tenente
(Gabriel) perguntou de onde vinham, e se lhe respondeu que de Lisboa
caminhavam para o Porto; e ele testemunha lhes perguntou se tinham
visto mortos ou tiveram notícia de roubos, a quem se respondeu que lá
os tinham visto”. Estranhamente, as testemunhas não perguntam aos
soldados quem escoltavam e o que faziam ali. O encontro dá-se à
distância de um tiro da vila, ou seja, estariam praticamente à entrada.
Como o assalto decorreu a uma légua a sul, tal distância não se faria em
menos de 60 minutos a pé, até porque, reconheceram os soldados ter-se
atrasado para beberem água. O sargento e os soldados estiveram no
local do assalto junto aos mortos, “que lá os tinham visto”, contudo,
afirmou que não viu nenhum ladrão e que ele e os “soldados vinham
debandados em razão de terem ficado atrasados alguns a beberem
água”.
Não deixa de se estranhar que o sargento e os soldados, do 11 de
Caçadores, viessem em debandada, porque se atrasaram a beber água
(quiçá na fonte do Cartaxinho, onde se deu o assalto) e não pelo facto de
se terem deparado com as vítimas, ainda no terreno, de um assalto
acabado de ocorrer. Que fazia ali um grupo de soldados cansados e
sedentos, em debandada, comandados por um sargento numa estrada
onde acabara de ocorrer um tão grave assalto com homens armados?
Parece evidente que estes soldados sabiam mais do que disseram e
poderiam ter algo a ver com a operação. Entramos num teatro que,
pouco a pouco, se vai tornando cada vez mais militar.
Poderiam os miguelistas estar por trás da operação
“supostamente” liberal?
Quem analisar com cuidado as movimentações discretas de um
“delfim” do chanceler austríaco Klemens Wenzel Nepomuk von
Metternich em missão (secreta), primeiro no Rio de Janeiro, em 1827 e
uns meses depois, em Lisboa, em 1827/1828, perceberá que a ligação é
altamente provável. Esse será o tema de um próximo estudo.



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Um plano militar

O marechal de campo Franco de Castro assume o comando na
cidade do Porto três dias depois e quis agradecer publicamente o papel
da sua tropa na acção de Condeixa. No dia 31 de Março seguinte, faz
publicar no diário Imparcial do Porto a “Ordem do dia: O general
governador das Armas ordena que sendo o dia 4 de Abril dia em que se
celebra a paixão do nosso Redemptor, todos se deverão achar na Praça
Nova, pelas 3 horas da tarde, com os seus corpos no maior asseio
possível, formados em colunas contíguas: formando Artilharia nº 4 à
direita, seguindo Caçadores 11 e infantaria nº12 à direita”. O batalhão
de Caçadores nº 11 permaneceu sempre ao lado do marechal Franco de
Castro. Mesmo na rebelião liberal de 16 de Maio seguinte, uma parte da
guarnição permanece no Porto, aparentemente aderindo aos
constitucionais, mas no fundo para estar a par das suas movimentações.
O resto de Caçadores nº 11, talvez a maior parte, acompanhará o
marechal Franco de Castro na retirada para Amarante onde vai
reorganizar a resposta miguelista. O corpo de Caçadores nº 11 que
permaneceu na cidade, depois da curta experiência constitucional da
Junta do Porto e após o insensato episódio da Belfastada, segue na
retaguarda da tropa liberal na fuga para a Galiza, pela Portela do
Homem no Gerês, que alcançam em 5 de Julho de 1828. Na fuga
participa o major Sá Nogueira (futuro Marquês de Sá da Bandeira).
Relata no seu diário na “desgraçada retirada” para a Galiza, que foi
estranhando o comportamento de soldados de infantaria 21 e caçadores
11 que pareciam concertados em preparar alguma desfeita aos
restantes. “Os bravos de caçadores 12 haviam presenciado a
conspiração dos 21 e 11 e avisaram-no um certo dia que tivesse cuidado
e fosse mais protegido na sua companhia. Um quarto de hora depois
disto, os batalhões de infantaria nº 21 e de caçadores nº 11 reuniram-se
e gritando «viva D. Miguel I», romperam num terrível fogo contra nós.
Este fogo foi respondido (…) fez-se um fogo muito vivo de parte a parte e
custou a conter o furor dos nosso fiéis soldados contra os novos rebeldes.
Esta era a última coisa que nos faltava(…)”. Desta forma o sagaz Franco
de Castro conseguiu infiltrar os seus homens na coluna militar liberal
que seguia rumo à Galiza, continuando a perturbar a retaguarda da
marcha durante alguns dias, mas sem êxito. Depois da fuga dos liberais,
o marechal retoma o comando militar no Porto, mas a sua actuação não

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A operação Condeixa de 18 de Março de 1828 - por Carlos Filipe Guerra da A. Reis (18.03.2018) 13


terá sido apreciada por D. Miguel. Na verdade, Franco de Castro perdera
o controlo da cidade para os liberais em Maio, retoma-o a 1 de Agosto,
mas permite a fuga para o exílio duma parte substancial dessas tropas. É
de facto demitido de governador, por Carta Régia de D. Miguel de 6 de
Agosto. Quando deixa o cargo faz publicar, no “Correio do Porto” e
“Gazeta de Lisboa”, * uma ordem de serviço de 19 de Agosto, onde
publicamente manifesta a sua satisfação para com (…) caçadores nº 6 e
11, que o acompanharam nos peníveis trabalhos de campanha contra os
rebeldes, pelo seu bom serviço, extensível aos oficiais e soldados e a
todos dá o seu agradecimento. Caçadores 11 continuarão ao lado de D.
Miguel, integrando a expedição que segue para a ilha de S. Miguel, onde
chega a 22.7.1829, para preparar o ataque às forças liberais
estacionadas na ilha Terceira.
Na operação Condeixa parece óbvio a existência de um ardiloso
plano militar com intervenção de duas altas patentes nomeadas e da
inteira confiança de D. Miguel, coadjuvadas por militares de cavalaria,
de Caçadores e de milícias. Do outro lado apenas um grupo de pouco
mais de uma dezena de académicos liberais, fardados e inexperientes.
Torna-se difícil de entender este facto. Os estudantes liberais sabiam
que o assalto configurava crime grave e daí pretenderem passar
despercebidos durante o mesmo. Se assim não fosse não estariam
encapuçados e de rostos pintados de negro. Mas, envergando a farda de
saragoça característica do seu batalhão, liberal, isso cai por terra e
torna-se incongruente. Há algo que não bate certo! Parece premeditado.
E nenhum autor se questionou sobre este facto?



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A operação Condeixa de 18 de Março de 1828 - por Carlos Filipe Guerra da A. Reis (18.03.2018) 14



* Excerto da Gazeta de Lisboa, nº 207, 2ª feira, 1 de Setembro de 1828, p.1111.


Os académicos

O Batalhão Académico de 1826/27 formou-se com um total de 6
companhias comandadas e treinadas por tenentes de Caçadores nº7, de
Coimbra, também estudantes.
Os nove académicos capturados no dia do assalto, membros do
extinto batalhão, julgados e condenados à morte, eram: Bento Adjuto
Soares Couceiro, 24 anos, de Tentúgal; Francisco do Amor Ferreira
Rocha, 24, de Faro; Delfino António Miranda e Matos, 22, de Barcelos;
Carlos Lidoro de Sousa Pinto Bandeira, 22, de Mancelos, Braga;
Domingos Joaquim dos Reis, 20, de Sintra; António Correia Megre, 19,
do Porto; Manuel Inocêncio de Araújo Mansilha, 25, de Vila Real;
Domingos Barata Delgado, 21, de Pesinho, Alcaria - Fundão e Urbano de
Figueiredo, 21, de Donas - Fundão; este último é o único que não consta
da relação de membros do BVA publicada em 1828.

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A operação Condeixa de 18 de Março de 1828 - por Carlos Filipe Guerra da A. Reis (18.03.2018) 15


Quanto aos que conseguiram escapar, temos: o mais graduado
António Neves Carneiro, furriel da 1ª Companhia; Joaquim Fonseca e
Costa e Francisco Sedano Bento de Melo, ambos soldados.
Os réus presos vão associar Neves Carneiro à direcção do assalto: o
malvado homem que nos meteu nisto.
É curioso que na sentença e nos depoimentos se mencione que os
réus foram apanhados quasi em flagrante. Mas em flagrante nenhum
foi. O assalto iniciou-se pelas 7:20h e foi disperso pelas 8:15h. De acordo
com os relatos das testemunhas e dos réus, vejamos agora o local,
distância do assalto e hora em que foram presos os académicos no dia
18 de Março: Francisco do Amor e Delfino Miranda são presos à entrada
de Condeixa, a 5 Km a norte do local do assalto, pelas 11:30h; Bento
Couceiro e Urbano de Figueiredo são presos no arco da ponte no lugar
do Salgueiro, a 3.8 Km a norte do Cartaxinho, pelas 12:30h; Domingos
Barata e Carlos Lidoro, são presos no Zambujal, a 8 Km para nascente do
local do assalto, pelas 12:00h; os dois referem que andavam caçando
“pra cá do Rabaçal” quando são presos por populares. António Correia
Megre e Manuel Inocêncio Mansilha são presos por populares, algures
no Furadouro, a 3.6 Km, para nascente do local do assalto. Mansilha
refere ser preso pelas 15:00h, quando andava à caça, a meia légua do
Rabaçal em zona mais afastada – 6Km do assalto – o que não coincide
com o que dizem os populares. Mansilha refere ainda que foi conduzido
para a cadeia de Rabaçal com o Megre que encontrou já detido pouco
depois. Ninguém testemunha como tendo efectuado estas duas
detenções; Mansilha refere que quando chegaram à cadeia do Rabaçal
já lá se encontravam Domingos Barata e Carlos Lidoro; finalmente
Domingos Joaquim dos Reis é encontrado numa horta em Condeixa, a 5
Km do local do assalto, pelas 20:00h.

A sentença final

O Acordão do colectivo de seis juízes da Relação de Lisboa, de 17 de
Junho de 1828, é curto e sintético. Quase nunca identifica as
testemunhas, mas dá-lhe um número. Contudo, como houve
testemunhos nos diversos inquéritos: juízo de fora e do crime das
comarcas de Coimbra, Soure e Fundão, universidade e eclesiástico
torna-se difícil o trabalho de confrontação desses dados. Acresce o facto
de apenas se conhecerem, infelizmente, os depoimentos no âmbito das
inquirições no processo levantado pelo juiz de fora e do crime de


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A operação Condeixa de 18 de Março de 1828 - por Carlos Filipe Guerra da A. Reis (18.03.2018) 16


Coimbra e do processo eclesiástico promovido pelo vigário-geral da Sé
de Coimbra. Muitas dessas testemunhas repetiram depoimentos com
outros números nos dois inquéritos, nem sempre coincidentes, por
vezes contraditórios. Também tiveram acareações com alguns réus
numa quantidade enorme de dados que não são vertidos para a
sentença, ou quando o são, revelam parcialidade ou omissão na síntese,
sempre em desfavor dos estudantes. É disso prova o facto muito
estranho do colectivo não condenar à revelia, no mínimo com o mesmo
grau, tanto Neves Carneiro como Joaquim Fonseca, que pura e
simplesmente são omitidos da conclusão, apesar do papel de comando
que os réus lhes apontavam. Mas, a sentença de 1828 aponta Bento
Adjuto Couceiro como o principal operacional do crime, pois “que ele
fôra o que principalmente figurara nesta cena de horror, dirigindo a
perpetração do delito por ordens(…)e tendo-se para isso montado no
cavalo que trazia o mencionado deão”. Contudo, na inquirição feita pelo
juiz do Crime de Coimbra, Bento dissera que fora instado por António
Maria das Neves Carneiro para uma caçada a coelhos em Arrifana,
próximo de Condeixa. O Neves Carneiro insistiu bastante vezes para que
ele fosse, “pois ele interrogado se escusou a essa rogativa por não
querer fazer faltas”. E prossegue dizendo “que tinha chegado também
da terra do Neves Carneiro, um amigo dele a quem tratava de Fonseca”,
o qual ele aí conheceu pela primeira vez. “E então, o dito Carneiro, o
convidou e instou para que o acompanhasse para espancarem e
maltratarem aos sobreditos representantes, e escusando-se a isso, o
sobredito Carneiro o ameaçou com a morte, bem como ameaçou
também o seu sócio Fonseca”. Bento dá dois pormenores curiosos “que
o Fonseca quando saiu com ele desta cidade (Coimbra), levou uma arma
de fogo do exército,” nada disso preocupou os juízes.
Sobre o réu Delfino António, a sentença apresenta a
fundamentação mais sustentada e por isso a considera de prova
perfeita. As testemunhas “juram tê-lo visto atacar com arma de fogo as
caleças e passageiros, particularizando a 16ª que vira o réu atirar tiros
sobre eles, e a 13ª que fôra o que a maniatara e aos mais caleceiros. As
testemunhas 6ª, 7ª e 12ª depõem da confissão que fizera do delito
quando o prenderam, e da achada em poder dele dum punhal e relógio,
que depois se verificou ser do dito deão, o que tudo concorre para
constituir uma prova perfeita do delito, a qual é corroborada pela
confissão que resulta dos interrogatórios do apenso nº4, que declara ter
sido convidado e assistido a parte da perpetração do delito, não se


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podendo supor que não cooperasse também para que se consumasse”.
Com efeito, no inquérito feito pelo juiz do crime de Coimbra
Desembargador José António Soares Pinto Mascarenhas Castelo Branco
ao réu Delfino António de Miranda, em 29 de Março de 1828, este
refere que se dirigia a pé para Lisboa quando encontrou a sul de
Condeixa “um António Maria das Neves Carneiro, estudante do 2º ano
de matemático, com outro sócio que ele respondente não conhecia, mas
a quem o indicado Carneiro chamava pelo nome de Fonseca e ambos
armados com armas e fogo, aí o dito Carneiro fez parar, a ele
respondente e lhe disse que queria naquele sítio vingar uma afronta e
que se detivesse para esse fim.
E recusando-se a isso ele respondente, por querer seguir a sua
jornada para Lisboa, foi então que o tal Carneiro lhe ordenou que se
detivesse ali, e o ameaçou, por cujo motivo ele respondente, por temer o
dito Carneiro, em razão dele ser capaz de o matar, se deteve ali, e ele
respondente já bem conhecia o dito Carneiro, por haver sido furriel da
sua companhia do corpo académico, no fim do ano de 1826, tempo em
que ele respondente era estudante.” Na mesma inquirição Delfino e
Francisco de Amor também esclarecem que foram detidos “por um
tenente de artilharia”. O tenente Franco de Castro chamado a depor na
acareação feita a 16 de Abril revela que: logo abaixo de Condeixa
“encontrou os ditos dois réus ao lado de um soldado, de caçadores nº 11,
que se tinha atrasado de uma pequena escolta que se dirigia a Condeixa”
(vindos do lado de Lisboa).
A mesma sentença encontra como prova de culpa de Domingos
Joaquim dos Reis o facto de o co-réu Delfino o ter ouvido quando se
encontravam presos “exclamar o réu na cadeia de Condeixa, dizendo
este malvado homem que nos meteu nisto, referindo-se a António Maria
das Neves Carneiro” e como estivera no lugar do crime convidado por
este para um despique, apesar de se ter afastado antes do assalto, “pelo
menos devia saber que tomar qualquer despique particular era sempre
um crime. Sem que possa minorar a imputação”.
Sobre Urbano de Figueiredo a sentença refere que o réu armado de
arma de fogo fôra visto por diversas testemunhas durante o assalto, a
30ª, por acaso a única, até refere que ele a mandou deitar no chão.
Outro co-réu disse que ouvira Urbano “queixar-se na cadeia de Condeixa
de António Maria das Neves Carneiro, dizendo - malvado homem que
nos meteu nisto. Posto que nas perguntas judiciais negue o delito.


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Mostra-se quanto ao réu Francisco do Amor Ferreira Rocha ser um
dos que concorrera para se cometer este horrível delito, pelo que juram
as testemunhas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 8,ª 13ª, 15, 16ª, 18ª, 20ª e 22ª,
depondo de ter visto o mesmo réu entre os salteadores armado de
espingarda(…)e a 26ª da achada dum punhal e um maço de cartuxos
embalados que lhe foram tirados, que de tudo resulta uma prova
perfeita do delito, que convence a negativa do réu revestida de
circunstancias que a fazem contraditora.
Mostra-se quanto ao réu António Correia Megre ter concorrido para
se perpetrar este delito, por quanto depõem as testemunhas 1ª,
2ª,3ª,4ª,5ª,8ª,15ª,18ª, 19ª, 20ª e 22ª, que o viram armado com
espingarda acometer as caleças e passageiros no dia mencionado, e
concordando com elas a 13ª, acrescenta que fora o réu o que atirara
mais tiros aos passageiros sobreditos (…).A prova que resulta destes
depoimentos contesta perfeitamente a negativa absoluta do réu, o qual
contudo não deixa de confessar que saíra armado de espingarda quando
partira de Coimbra, vindo-se a verificar no acto de lhe ser apreendida,
ser de rei, e portanto imprópria para a caça, para que disse se destinava.
Mostra-se quanto ao réu Domingos Barata Delgado ser dos que
armados com armas de fogo assaltaram os passageiros de que se trata,
atacando as caleças em que eram conduzidos, matando uns, ferindo
outros, e roubando a todos, de cujo facto juram as testemunhas 1ª,
2ª,3ª,4ª, 5ª, 8ª, 13ª, 15ª, 16ª, 17ª, 18ª, 19ª, 20ª e 22ª, depondo a 23ª,
24ª e 25ª a resistência que lhes fizera o réu, apontando para elas uma
espingarda para evitar a prisão, que sempre se efectuou, da qual arma
confessa nos interrogatórios apensos que vinha munido desde que saíra
de Coimbra, dirigindo-se para aqueles sítios, de que se deduz uma prova
do delito, que convence a negativa do réu nas perguntas que lhe foram
feitas”.
O teor relativo a Carlos Lidoro é em tudo semelhante ao anterior.
“Mostra-se que o réu Manuel lnocêncio de Araújo Mansilha fora
também um dos que ajudou a perpetrar este horroroso delito, porque
assim o juram as testemunhas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 8ª, 13ª, 15ª, 16ª, 17ª,
18ª, 19ª, e 20ª, que tirou o conservador da universidade de Coimbra,
tendo reconhecido o mesmo réu na cadeia da dita cidade ser o próprio
pelos vestidos que tinha, que vira atacar com arma de fogo as caleças e
passageiros no lugar do delito”. Note-se que a redação confunde
propositadamente a expressão tendo reconhecido o mesmo réu. Numa
primeira leitura fica a ideia que foi o réu que reconheceu a sua culpa,


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mas não, quem o reconheceu pelas suas vestes (as fardas) foram as
testemunhas enumeradas e desconhecidas. Esta redação tendenciosa é
muito comum na redacção das peças processuais.
Finalmente quanto ao último pronunciado, Miguel Pereira, 31, de
Condeixa, empregado na Quinta da Barreira, o único que não era
estudante nem membro do Batalhão Académico: “Mostra-se quanto ao
réu Miguel Pereira não lhe resultar culpa das devassas apensas, que o
possam obrigar a sofrer qualquer pena. (…)o absolvem e mandam que
seja solto, não estando por tal preso”. Miguel Pereira, de alcunha - O
Beche - era trabalhador na quinta da Barreira de Manuel José de Freitas,
para onde se dirigiu o Neves Carneiro após o assalto, aí permanecendo
pelo menos duas noites antes da fuga para Espanha.
O Acórdão termina “O que tudo visto, sendo o roubo e morte feita
em estrada com espingarda, delitos de sua natureza mui graves, são no
presente caso muito mais agravantes pelas circunstancias que
concorrem da barbaridade e crueldade com que estes delitos foram
cometidos pelos réus, da premeditação e concerto antecipado verificado
pela preparação das armas de que alguns deles se muniram, cortando-
as, fazendo-as mais curtas, e apropriando-as assim melhor aos seus fins,
como consta dos autos de achada, apensos da folha de contemplação e
respeito para com os lentes da universidade, a cuja corporação
pertenciam; e sobre tudo pela importantíssima consideração politica do
alto objecto a que se dirigiam aquelas deputações, o que não podia ser
ignorado pelos réus.
Portanto, achando-se plenissimamente provado que os nove réus
acima designados foram os que perpetraram tão horríveis e insólitos
crimes(…). Os condenam a que com baraço e pregão, sejam conduzidos
pelas ruas publicas desta capital ao lugar da forca, onde morrerão morte
natural para sempre, pela mesma ordem com que vão nomeados no
final desta sentença, sendo depois decepadas as cabeças e mãos aos
réus António Correia Megre, Delfino António de Miranda e Matos, e
Bento Adjuto Soares Couceiro, que se prova terem tomado parte mais
activa e cruel na agressão, assassínios e ferimentos; serão colocadas nos
ângulos da mesma forca, aonde se conservarão expostas até que o
tempo de todo as consuma; (…)
Lisboa, dezassete de Junho de mil oitocentos e vinte e oito. –
assinam Os juízes desembargadores =Garcia Nogueira, Casal Ribeiro,
Calheiros, Almeida e Vasconcelos, Silva Belfort, Soveral=.”


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A sentença não valoriza o papel nem condena os fugitivos António
Neves Carneiro e Joaquim Manuel Fonseca.
A sentença e todos os escritos que se seguiram sobre o crime
salientam que os réus condenados foram presos quasi em flagrante, o
que não deixa de ser curioso. Na verdade, nenhum deles o foi. A acção
principiou pelas 7:30h e terá terminado pelas 8:15 – 8:20h, os primeiros
a serem detidos pelas 11:00h foram Delfino e Francisco de Amor. De
seguida foram Bento Adjuto e Urbano, pelo meio-dia. O último a ser
preso foi Domingos dos Reis, pelas 20:00h, numa horta. Todos estes em
Condeixa. Os restantes quatro foram presos na zona do Zambujal, entre
6 e 8 Km do local do assalto e conduzidos para a cadeia mais próxima, na
vila do Rabaçal, a 11 Km de Condeixa.
Desse ano conhecemos apenas uma tomada de posição sobre a
sentença por parte de um jurisconsulto, o desembargador António da
Silva Lopes Rocha, exilado em Londres até 1834 e que escreveu o
seguinte: “Nove mancebos filhos de pessoas distintas, que se achavam
presos por serem indiciados na morte de dois lentes de Coimbra, agentes
apostólicos e os maiores inimigos do Senhor D. Pedro IV, foram pela mais
injurídica e bárbara das sentenças, enforcados em um só dia; sem lhes
aproveitar nem a falta de prova, que havia no processo, nem a
menoridade, que as leis de todos os países mandam contemplar em tais
circunstancias !!!”.


Conclusão

Nove estudantes liberais são implicados num tenebroso assalto de
estrada a uma comitiva institucional apoiante de D. Miguel de que
resultam mortos dois professores. Num surpreendente processo judicial
que dura 3 meses são julgados, condenados e enforcados com inusitada
rapidez. Nenhum deles foi detido em flagrante ou sequer próximo do
local do crime. Eram menores de 25 anos, o que à face da lei vigente os
impedia da pena capital. As testemunhas demonstram grande
dificuldade em identificar os agressores, por estarem encapuçados. A
associação ao crime faz-se, fundamentalmente, pelo facto de
envergarem a fardeta do extinto Batalhão de Académicos.
Para a história ficou registado que o atentado de 18 de Março de
1828 foi perpetrado por 13 estudantes integrantes de uma sociedade
secreta de nome “Divodignos”. Nunca se apurou o número exacto de


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participantes, nem qualquer prova de tal associação de cariz carbonário
ou maçónico.
A oportunidade do atentado era muito favorável aos interesses
miguelistas e causou enorme embaraço no fragilizado meio liberal, em
pânico com a chegada de D. Miguel a Lisboa em 22 de Fevereiro.
Após o atentado, o infante ordena a urgência do processo e
punição exemplar. A ordem é publicada na Gazeta de Lisboa, de 24 de
Março, e aos magistrados judiciais se alerta para o risco nas carreiras se
o desenlace não for o adequado. Organiza-se imediatamente o processo
no juízo do crime de Coimbra. Depois de ouvidos nos inquéritos e
pronunciados, os 9 réus seguem para Lisboa, por via marítima, sob forte
escolta militar. Ficam no Limoeiro até ao derradeiro dia.
A sentença final é dada em acórdão do Tribunal da Relação de
Lisboa, confirmado a 19 de Junho de 1828.
No dia seguinte organiza-se um imponente desfile pelas ruas de
Lisboa até ao patíbulo, com os réus e os reverendos confessores,
assistentes espirituais dos condenados, guardas e demais autoridades.
São enforcados no Cais do Tojo, um a um, num espectáculo que durou
toda a tarde.
O auto ficou concluído antes das Cortes Gerais que aclamaram D.
Miguel I, rei absoluto, no mês seguinte.

Cascais, 18.3.2018

Carlos Reis








Nota 1: o autor escreve com a antiga grafia e em itálico aparecem as citações e os excertos exactos de
depoimentos em autos ou trechos de documentos.
Nota 2: o autor agradece qualquer dado suplementar ou troca de impressões sobre o acontecimento
e os seus actores. endereço: filipedaguerra@gmail.com


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imagem 2 – Soldado dos Voluntários Académicos de 1809 in Nuno Borrego, As
Ordenanças e as Milícias em Portugal, Guarda-Mor, 2006, página 532


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imagem 3 – soldado de Caçadores nº4; AHM – aguarela do coronel Ribeiro
Arthur (1898)




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Imagem 4 - Soldado do Batalhão de Caçadores n.º 6 do Exército Português, em
1811
In
http://www.napoleon-series.org/images/military/organization/cacadore.jpg











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Imagem 5 - Retrato de D. Miguel em 1827 em Viena,
por Johann Nepomuk Ender
(Viena, 1793-Viena, 1854). Palácio da Ajuda, Lisboa.








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Imagem 6 - Retrato de D. Pedro IV, Almanaque Gotha, 1828, p.49








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Periódicos
A Besta Esfolada, Pedrouços
A Gazeta de Lisboa
Almanaque Gotha
Imparcial, Porto
Jornal de Coimbra
O Analista, Rio de Janeiro
O Conimbricense, Coimbra
O Padre Amaro, Apêndice, Londres

bibliografia
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de Julho de 1828. Lisboa Impressão Régia, 1828.
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-Borrego, Nuno, As Ordenanças e as Milícias em Portugal, ed. Guarda-Mor, 2006,
-Henriques Secco, Memorias do tempo passado e presente (…), Coimbra 1880,
-Lopes Rocha, Injusta acclamação do serenissimo infante D. Miguel (…), Londres,
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-Relação de Todos os Indivíduos que compozerão o Batalhão dos Voluntários
Académicos, organizado e armado no ano lectivo de 1826 para 1827. Coimbra na
Real Imprensa da Universidade. 1828.
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Coimbra que cometeram o horroroso atentado, de assassinarem os Lentes da
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Site:
- http://www.napoleon-series.org


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