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INTRODUÇÃO

Esta cartilha tem por objetivo orientar e


auxiliar proponentes a elaborarem e execu-
tarem projetos que sejam viabilizados atra-
vés da Lei de Incentivo à Cultura, também
chamada de Lei Rouanet, bem como orien-
tar incentivadores interessados em investir
o seu Imposto de Renda nos projetos bene-
ficiados pela lei.

Hoje, podemos dizer que a Lei é o prin-


cipal mecanismo de financiamento da cul-
tura brasileira.

Porém, para ter acesso a esse benefício,


existem inúmeras normas a serem obser-
vadas, e nem sempre a linguagem das leis é
acessível a todos.

Por isso, nossa intenção é, da forma mais


prática possível, levar a comunidade em
geral a entender mais sobre os métodos
que devem ser adotados e caminhos a se-
rem seguidos.

A leitura desta cartilha não dispensa a


leitura de outras normas, nem tampouco
dispensa o constante aperfeiçoamento dos
interessados no tema, seja através de cur-
sos, leituras, e até acompanhamento do site
do Ministério da Cultura. Mas auxiliará em
muito a compreensão básica do universo
da Lei Rouanet.

Reporte-se a esta Cartilha sempre que


necessário, consulte a legislação com fre-
qüência, e mãos à obra! Boa leitura!
ÍNDICE

O QUE É LEI ROUANET? 5

QUEM PODE APRESENTAR UM PROJETO? 6


Documentos para proponente pessoa física 6
Documentos para proponente pessoa jurídica 6
Dicas 7
Usuário do software Salic 7
Limites de projeto por proponente 8
Limites dos valores dos projetos 8

ENQUADRAMENTO DO PROJETO 9
Artigo 18 – Renúncia fiscal total 9
Artigo 26 – Renúncia fiscal parcial 9
Patrocínio e doação 10
Áreas culturais com 100% de isenção fiscal (art. 18) 10
Áreas culturais com 30% a 80% de isenção fiscal (art. 26) 11

COMO ELABORAR UM PROJETO? 12


Projeto conceitual 12
Acessibilidade e Democratização de Acesso 12
Projeto orçamentário 12
Limites da planilha orçamentária 13
Plano de distribuição do produto cultural 14
Plano de divulgação do projeto 14
Carta de intenção de patrocínio ou doação 15
Cadastramento do projeto 15

COMO ACOMPANHAR MINHA PROPOSTA 16


Parecer técnico 17
Pedido de reconsideração e recurso 17

QUANDO A VERBA PODE SER CAPTADA? 18


QUEM PODE SER UM INCENTIVADOR? 19
Vedações dos incentivadores 20

DICAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS 21


Recibo de mecenato 22

EXECUÇÃO DO PROJETO 23
Alterações no projeto 23
Remanejamentos orçamentários 23
Pedido de complementação e redução do valor do projeto 24
Pedidos de prorrogação – captação e execução 24
Avaliação dos fornecedores 24
Formalização de contratos 24
Notas fiscais 25
Forma de pagamento 25
Aplicação das logomarcas 25
Acessibilidade e democratização de acesso 25
Comprovações de realização do projeto 25

RECOLHIMENTO DE SALDO AO FNC 26

PRECISO PRESTAR CONTAS DO PROJETO? 27


Prestação de contas no Salic 28

NÚMEROS DA LEI ROUANET 29


Dados gerais de 2015 29
Maiores patrocinadores 29
Investimentos de 2015 por região 29

VALIDADE E FUTURO DA LEI 30


CARTILHA LEI ROUANET 5

O QUE É LEI
Através dela foi criado o PRONAC, que
ROUANET? significa “Programa Nacional de Apoio à
Cultura”. O artigo segundo da lei ensina
que o PRONAC será implementado atra-

N osso país conta com mais de 300


leis de incentivo à cultura. Leis de
incentivo à cultura podem ser leis
municipais, estaduais e federais, e são cria-
das para estimular a produção cultural em
vés de três mecanismos:
• Fundo Nacional de Cultura, também
conhecido como FNC;
• Fundos de Investimento Cultural e Ar-
tístico – FICART; e
troca de benefícios de isenção fiscal. A Lei • Incentivo a projetos culturais.
Rouanet é uma lei federal e é a principal lei
de incentivo à cultura do Brasil. O item terceiro diz respeito ao conhecido
sistema do “Mecenato” ou “Incentivo Fiscal”.
Essas leis são baseadas no princípio da E esta cartilha irá tratar tão somente desse
renúncia fiscal. E a renúncia nada mais é item, qual seja, incentivo a projetos culturais.
do que o poder público “abrir mão” de re-
ceber determinado valor, para que ele seja O mecanismo do incentivo permite
aplicado diretamente no setor cultural. que investidores apóiem projetos cultu-
rais. Esse investimento pode ocorrer na
As leis municipais irão oferecer isenção forma de doação ou patrocínio, como
de impostos municipais, como é o caso será visto no decorrer da cartilha. O
do ISS (imposto sobre serviços) e IPTU investidor deduz o investimento do seu
(imposto sobre a propriedade territo- imposto de renda e ainda investe na cul-
rial urbana). As leis estaduais oferecerão tura do nosso país, além de fortalecer
isenção no imposto estadual, como por sua marca.
exemplo o ICMS (imposto sobre a cir-
culação de mercadorias e serviços) e as A Lei é aplicada pelo Ministério da Cul-
leis federais, por sua vez, irão conceder tura, criado em 1985, através da SEFIC
isenção de imposto federal, ou seja, o IR – Secretaria de fomento e incentivo à cul-
(imposto de renda). tura. Por isso, é necessário que um deter-
minado trâmite seja seguido.
A Lei Federal nº 8.313, do dia 23 de de-
zembro de 1991 é conhecida como Lei de Atualmente a Lei Rouanet é regulada
Incentivo à Cultura ou Lei Rouanet. A ex- por uma Instrução Normativa, chamada
pressão Rouanet é um “apelido” dado pelo de IN 01/13, e é com base nessa instrução
seu criador, Sérgio Paulo Rouanet, diplo- e em demais normas e entendimentos do
mata e membro da Academia Brasileira de Ministério da Cultura que, a partir desta
Letras, que na época era o Secretário de cartilha, você será treinado para aplicar
Cultura do Governo Collor. esse mecanismo.
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QUEM PODE
Pessoas Jurídicas (que pode ser obtido no
APRESENTAR UM site da Receita Federal) e também do seu
PROJETO? ato constitutivo (contrato social, estatuto,
etc). Todos os documentos devem dispor
sobre a finalidade cultural da entidade de
forma expressa.

C hamamos de Proponente a pessoa


que apresenta um projeto ao Mi-
nistério da Cultura, e que será res-
ponsável legal pela execução do projeto. É
o proponente que responde por todas as
Dessa forma, antes de começar a elabo-
rar um projeto, certifique-se que o propo-
nente possui a documentação e os requi-
sitos necessários. Abaixo, apresentamos
ações do projeto e que deverá prestar con- o rol de documentos que são necessários
tas de sua realização e da utilização dos para os proponentes.
recursos obtidos através da Lei Rouanet.

Conforme a Instrução Normativa n. DOCUMENTOS PARA PROPONENTE


01/13, em seu art. 3°, IX, proponente é a PESSOA FÍSICA
“pessoa que apresenta propostas culturais π Currículo, com ênfase para ativida-
no âmbito do Pronac e responsabiliza-se des culturais, especialmente nos últimos
pela execução dos projetos aprovados, po- dois anos;
dendo ser pessoa física com atuação na π Cópia (autenticada) do documento de
área cultural ou pessoa jurídica de direito identidade, contendo RG, foto e CPF. Su-
público ou privado, com ou sem fins lu- gerimos que seja a Carteira Nacional de
crativos, cujo ato constitutivo ou instru- Habilitação (CNH), pois ela já contém to-
mento congênere disponha expressamen- das as informações necessárias;
te sobre sua finalidade cultural”. π Ou, se for o caso, cédula de identidade
de estrangeiro emitida pela República Fe-
Assim, antes de iniciar o projeto, o pro- derativa do Brasil.
ponente deve ser avaliado, no que diz res-
peito aos requisitos necessários frente a
legislação, uma vez que o mesmo deverá DOCUMENTOS PARA PROPONENTE
comprovar sua natureza cultural. PESSOA JURÍDICA
π Currículo, da entidade e dos componen-
Poderão ser proponentes as pessoas fí- tes da entidade, com ênfase para ativida-
sicas e jurídicas (com ou sem fins lucrati- des culturais, especialmente nos últimos
vos), desde que atendam os requisitos da dois anos;
Instrução. Pessoas jurídicas de direito pú- π Cópia da última alteração contratual
blico poderão ser proponentes, desde que ou estatutária, devidamente registrada no
sejam da administração pública indireta[1]. órgão competente;
π Cópia da ata de eleição da atual dire-
Quando o proponente for pessoa jurí- toria e do termo de posse, ou nomeação
dica, será necessária uma avaliação do dos atuais dirigentes, quando for o caso;
cartão de CNPJ – Cadastro Nacional de π Cartão de CNPJ da entidade – retira-

1. A Administração Indireta é o conjunto de entidades com personalidade jurídica que são vinculados a um órgão da Administra-
ção Direta, e prestam serviço público ou de interesse público. São eles: Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de economia mista,
Fundação Pública.
CARTILHA LEI ROUANET 7

do no site http://www.receita.fazenda.gov.br/ USUÁRIO DO SOFTWARE SALIC


PessoaJuridica/CNPJ/cnpjreva/Cnpjreva_Soli-
citacao.asp; O segundo passo é o registro do pro-
π Cópia (autenticada) do documento de ponente no Sistema Salic, tendo em vista
identidade do dirigente, contendo RG, que o usuário deverá ser o proponente.
foto e CPF. Sugerimos que seja a CNH, No caso de proponente pessoa jurídica,
pois ela já contém todas as informa- o usuário do Salic deverá ser o represen-
ções necessárias. tante legal da Entidade.

É necessário que seja cadastrado um


DICAS e-mail, que esteja apto a receber as in-
formações do Ministério da Cultura. O
• Licitação: A Lei Rouanet dispensa lici- Salic e o e-mail são os canais entre pro-
tação, mas quando o proponente for pes- ponente e Ministério, e por isso devem
soa jurídica de direito público é necessá- estar funcionando e serem regularmen-
rio licitar, conforme determina o art. 12, te verificados.
parágrafo único da IN 01/13. Essa infor-
mação é de suma importância e deve ser Conforme a IN 01/13, art. 3°, VIII,
de conhecimento do proponente logo no usuário do Salic é a pessoa física que é
início da concepção do projeto. detentora de chave de validação para in-
• Tempo de atuação cultural: O Minis- serção e edição de propostas e projetos
tério exige dois anos de atuação cultural culturais, podendo ser o próprio propo-
para o proponente. Porém, caso o propo- nente ou seu representante legal.
nente tenha menos de dois anos de cons-
tituição ou não possuir ações de natureza O software é acessado pelo link
cultural realizadas, deve-se juntar no Sa- http://novosalic.cultura.gov.br/. É só entrar
lic o currículo que comprove as ativida- e fazer o cadastro.
des culturais dos dirigentes da entidade
nos últimos dois anos. Se o projeto for cadastrado por usu-
• Procurador: Se a Entidade Proponente ário diferente do proponente ou se o
for representada por terceiros, é preciso proponente quiser conferir poderes
juntar ao Salic uma procuração que tra- para um terceiro lhe representar fren-
ga firma reconhecida, acompanhada dos te o Ministério, haverá necessidade de
documentos de identificação dos procu- que seja firmada uma procuração confe-
radores, e que contenha poderes que não rindo poderes a um representante legal
configurem qualquer tipo de intermedia- que cuidará do projeto. Essa procura-
ção, vedada pelo art. 28 da Lei nº 8.313, ção deve ser anexada ao Salic no ato do
de 1991. cadastramento do projeto. A Instrução
• Execução compartilhada: se a proposta Normativa também exige que essa pro-
cultural prever execução compartilhada curação tenha assinatura com firma re-
deve ser anexado ao projeto um contra- conhecida em cartório.
to ou acordo de cooperação técnica entre
proponente e parceiro.
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LIMITES DE PROJETO POR LIMITES DOS VALORES DOS


PROPONENTE PROJETOS

Atualmente, existe um número limite que Os valores dos projetos estão limita-
um proponente pode ter de processos ati- dos em percentuais calculados sobre o
vos no Salic (sobre o assunto, recomenda- total autorizado para a renúncia fiscal
se a leitura dos arts. 18 e 19 da IN 01/13). naquele ano, o que é feito pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias – LDO.
Pessoas físicas e Micro Empreendedores
Individuais (MEI) podem ser proponen- Proponentes pessoas físicas e pessoas
tes de apenas 2 (dois) projetos ativos. As jurídicas enquadradas como Micro Em-
demais pessoas jurídicas podem ter até 5 preendedores Individuais podem apre-
(cinco) projetos. sentar projetos que não excedam 0,05%
da LDO, e demais proponentes pessoas
Entretanto, existe uma exceção. Caso o jurídicas limitam-se a 3% [2].
proponente, em seu histórico de projetos,
tiver liberação da movimentação dos re- Para 2016, por exemplo, a Lei de Dire-
cursos captados em pelo menos 33% dos trizes Orçamentárias autorizou o valor da
projetos admitidos nos últimos três exercí- renúncia fiscal em até R$1.321.865.847.
cios fiscais esse limite aumenta. Lembran- Nesse caso, proponentes pessoas físi-
do que liberação de conta significa que foi cas podem apresentar projetos de apro-
captado mais de 20% do valor aprovado, ximados R$660 mil reais, enquanto as
porque quando o proponente capta menos pessoas jurídicas possuem um limite de
do que 20% (salvo em projetos classifica- em média R$39 milhões.
dos como “Plano Anual de Atividades”), a
conta não é liberada. Esse cálculo é um exemplo que traz
valores aproximados, e deverá ser feito
Nesse caso, os limites dobram. Propo- anualmente conforme o valor aprova-
nentes pessoas físicas e pessoas jurídicas do na Lei de Diretrizes Orçamentárias
constituídas na condição de Micro Empre- da União.
endedor Individual (MEI) podem ter até 4
(quatro) projetos. As demais pessoas jurídi- Os limites acima mencionados pode-
cas até 10 (dez). rão ser ampliados:

Além disso, existem mais duas exceções: π estando o acréscimo limitado ao va-
π Os limites não se aplicarão nos casos lor dos recursos efetivamente captados
de cooperativas que possuam no mínimo pelo proponente em projetos de res-
vinte pessoas físicas cooperadas e dois tauração de Patrimônio Cultural ativos
anos de atividades; no exercício anterior;
π O MinC autorizará a admissão de pro-
postas acima dos limites estabelecidos nes- π por autorização do Ministério da
te artigo, nos casos de proposta contempla- Cultura, em casos de restauração ou
da em seleção pública de incentivador ou recuperação de bens de valor cultural
com comprovadas garantias de patrocínio. reconhecido pelo Ministro da Cultura.

2. O percentual diz respeito ao orçamento da proposta ou o somatório dos orçamentos dos projetos ativos no Salic.
CARTILHA LEI ROUANET 9

ENQUADRAMENTO ARTIGO 26 – RENÚNCIA FISCAL


PARCIAL
DO PROJETO
Somente parte do valor investido é abatido do
Imposto de Renda do Incentivador. Dependendo

O enquadramento de um projeto
não é feito pelo proponente, mas
pelo Ministério da Cultura. Po-
rém, cabe ao proponente trabalhar com o
objetivo de que o seu projeto seja enqua-
da modalidade (patrocínio ou doação), e do incen-
tivador (pessoa física ou jurídica) os percentuais
podem variar entre 30% e 80%

No caso do art. 26, o valor que não é


drado corretamente. abatido do imposto de renda deverá ser su-
portado com recursos próprios do incen-
Mas o que é o enquadramento? Nada tivador.
mais é do que verificar em qual artigo
da Lei Rouanet o seu projeto se enqua- Ademais, ainda no caso do artigo 26,
dra (art. 18 ou art. 26). E para que serve quando o incentivador for pessoa jurídica,
isso? O enquadramento tem relação direta o valor incentivado pode ser abatido como
com o percentual que o incentivador do despesa operacional.
projeto poderá deduzir do seu imposto
de renda. O quadro explicativo abaixo mostra
os percentuais de dedução fiscal para os
Funciona assim: a empresa que incen- dois artigos.
tiva pode deduzir até 4% do seu im-
posto de renda, dedução esta que será PERCENTUAIS DE

revertida ao projeto. Se o incentivador DEDUÇÃO FISCAL
for pessoa física, a dedução é de até 6%.
Vejamos agora a diferença entre o art. ARTIGO
 ARTIGO

18 e art. 26. -
18 26

PJ
 100% 40%


ARTIGO 18 – RENÚNCIA FISCAL DOAÇÃO Isenção Isenção
TOTAL
PJ 100% 30%
100% do valor investido é abatido do Imposto PATROCÍNIO Isenção Isenção
de Renda do incentivador, para as modalidades
de patrocínio e doação. PF
 100% 80%
DOAÇÃO Isenção Isenção
No artigo 18, quando o incentivador
for pessoa jurídica, o valor incentiva- PF
 100% 60%
do não pode ser abatido como despe- PATROCÍNIO Isenção Isenção
sa operacional.
PJ - Pessoa jurídica. PF - Pessoa física.
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PATROCÍNIO E DOAÇÃO ÁREAS CULTURAIS COM 100% DE


ISENÇÃO FISCAL (ART. 18)
O incentivo pode ocorrer de duas for-
mas: doação ou patrocínio. ARTES CÊNICAS
• circo; dança; mímica; ópera; teatro e
A doação não tem finalidade comer- mamulengo, bonecos e formas animadas.
cial. Na doação é proibido qualquer
tipo de promoção do doador e só po- AUDIOVISUAL
dem se beneficiar dela propostas cul- • produção cinematográfica ou videográ-
turais de pessoa física, ou jurídica sem fica de curta e média metragem;
fins lucrativos. • doações de acervos audiovisuais ou
treinamento de pessoal e aquisição de
Considera-se doação a transferên- equipamentos para manutenção de acer-
cia de numerário ou de bens. O valor vos audiovisuais de cinematecas;
despendido com as despesas de restau- • construção e manutenção de salas de
ração, conservação ou preservação de cinema ou centros comunitários congê-
bem tombado pela União, por pessoa neres em municípios com menos de cem
física pagadora do Imposto de Renda mil habitantes;
ou pessoa jurídica tributada com base • difusão de acervo audiovisual, in-
no lucro real dele proprietária ou titu- cluindo distribuição, promoção e exibi-
lar. Este tipo de gasto também pode ser ção cinematográfica;
objeto de benefício fiscal. • preservação ou restauração de acer-
vo audiovisual.
O patrocínio possui finalidade comer-
cial. Ou seja, aqui pode haver publicida- MÚSICA
de do apoio com identificação do patro- • música erudita;
cinador. Além disso, qualquer proposta • música instrumental;
aprovada pode se beneficiar de patrocí- • doações de acervos musicais a museus, ar-
nio, inclusive as que estiverem em nome quivos públicos e instituições congêneres.
de pessoa jurídica com fins lucrativos.
ARTES VISUAIS E ARTES DIGITAIS
Considera-se patrocínio a transferên- ELETRÔNICAS
cia de dinheiro ou serviços e a utilização • exposições de artes;
de bens móveis ou imóveis do patroci- • doações de acervos de artes visuais
nador, sem transferência de domínio. a museus, arquivos públicos e institui-
ções congêneres.
Enfim, para normatizar os artigos 18
e 26, o Ministério da cultura publicou a PATRIMÔNIO CULTURAL [3]
Portaria nº 116, do ano de 2012. A por- • doações de acervos em geral a museus, ar-
taria destaca, de forma mais detalhada, quivos públicos e instituições congêneres;
quais as áreas da cultura terão 100% de • preservação ou restauração de patrimô-
isenção fiscal (art. 18) e quais terão de nio material em geral;
30% a 80% de isenção fiscal (art. 26). • preservação ou restauração de patrimô-
nio material museológico;

3. Considera-se patrimônio cultural imaterial: saberes, celebrações, formas de expressão e lugares que grupos sociais reconhecem como referências
culturais organizadoras de sua identidade, por transmissão de tradições entre gerações (conceito extraído do art. 3º, XX da Instrução Normativa 01 do
MinC).
CARTILHA LEI ROUANET 11

• preservação ou restauração de acervos MÚSICA


em geral; • música popular.
• preservação ou restauração de acer-
vos museológicos; ARTES VISUAIS E ARTES DIGITAIS
• preservação de patrimônio imaterial; ELETRÔNICAS
• manutenção de salas de teatro ou cen- • fotografia;
tros comunitários congêneres em muni- • artes plásticas, incluindo artes gráficas,
cípios com menos de cem mil habitantes; gravura, cartazes e filatelia;
• treinamento de pessoal ou aquisição de • design e moda;
equipamentos para manutenção de acer- • formação técnica e artística de
vos de museus, arquivos públicos e insti- profissionais;
tuições congêneres. • projetos educativos orientados à frui-
ção e produção de artes visuais;
HUMANIDADES • projetos de fomento à cadeia produtiva
• acervos bibliográficos; das artes visuais.
• livros de valor artístico, literário ou hu-
manístico, incluindo obras de referência; PATRIMÔNIO CULTURAL
• evento literário; • manutenção de equipamentos culturais
• treinamento de pessoal ou aquisição de em geral;
equipamentos para manutenção de acer- • outras ações de capacitação.
vos bibliográficos;
HUMANIDADES
CONSTRUÇÃO • periódicos e outras publicações;
• construção de salas de teatro ou cen- • eventos e ações de incentivo à leitura;
tros comunitários congêneres em muni- • ações de formação e capacitação em geral.
cípios com menos de cem mil habitantes.
CONSTRUÇÃO
• construção de equipamentos culturais
ÁREAS CULTURAIS COM 30% A 80% em geral.
DE ISENÇÃO FISCAL (ART. 26)
As áreas de enquadramento de um proje-
ARTES CÊNICAS to são de suma importância, pois o percen-
• ações de capacitação e treinamento tual de dedução fiscal impacta diretamente
de pessoal. no interesse que o incentivador terá naque-
le projeto.
AUDIOVISUAL
• produção radiofônica; Por isso, desde o início do projeto, o pro-
• produção de obras seriadas; ponente deve estar atento ao tipo do seu
• formação e pesquisa audiovisual em geral; produto cultural. Recomendamos também
• infraestrutura técnica audiovisual; que o incentivo seja prospectado desde o
• rádios e TVs educativas não comerciais; início da concepção do projeto.
• jogos eletrônicos;
• projetos audiovisuais transmidiáticos,
exceto os de produção e de difusão;
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COMO ELABORAR ACESSIBILIDADE E


DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO
UM PROJETO?
Na elaboração, o seu projeto deve prever
medidas de acessibilidade e de democratiza-

A elaboração diz respeito a parte con-


ceitual e orçamentária do projeto,
incluindo o plano de divulgação,
distribuição e obtenção de documentos que
deverão ser anexados ao projeto.
ção de acesso. Acessibilidade são as formas
que o seu projeto vai ser acessível para pes-
soas com deficiência ou com dificuldade de
locomoção, bem como pessoas idosas.

Já a democratização de acesso são medidas


Atenção: toda informação contida no que irão ser adotadas para tornar o acesso ao
projeto deve ser comprovada na prestação produto cultural o mais democrático possí-
de contas. Ou seja, o que você prometeu vel. O art. 30 da IN 01 traz algumas suges-
deve cumprir e também comprovar. tões de medidas de democratização.

PROJETO CONCEITUAL PROJETO ORÇAMENTÁRIO

O projeto conceitual será cadastrado O orçamento do projeto deve ser apre-


no software Salic. Deverá contar com sentado previamente. Conforme já men-
um nome, resumo, período de realização cionado, a Lei Rouanet dispensa licitação,
acompanhado de cronograma; objetivos, mas quando o proponente for pessoa jurí-
justificativa, medidas de acessibilidade dica de direito público é necessário licitar,
e de democratização de acesso, impac- conforme determina o art. 12, parágrafo
tos ambientais, currículo dos envolvidos, único da IN 01/13.
além de outras informações específicas e
documentos anexos que forem necessá- Além disso, o §1º do art. 32 explica que
rios. Esse também é o momento em que a execução de itens orçamentários com
o proponente deve indicar qual agência recursos incentivados será desconcentra-
bancária do Banco do Brasil ele dese- da, somente sendo permitida a aquisição
ja trabalhar. de mais de cinco produtos ou serviços do
mesmo fornecedor quando demonstre ser
Cada tipo de projeto tem um rol de do- a opção de maior economicidade, com-
cumentos diferentes que deverão ser apre- provada na prestação de contas mediante
sentados. Por isso, antes de enviar o seu declaração do proponente, acompanhada
projeto ao Ministério da Cultura, reporte- de cotação de preços de pelo menos dois
se ao art. 11, inciso IV da Instrução Nor- outros fornecedores (quando a cotação se
mativa e organize a sua documentação. mostrar necessária).

Atente-se também para o período de Porém, existem algumas vedações ao


realização do projeto, que deve sempre orçamento, como os custos com:
iniciar pelo menos 90 dias após a apresen- - elaboração de proposta cultural, taxa
tação da proposta ao Ministério. de administração, de gerência ou similar;
CARTILHA LEI ROUANET 13

- em benefício de servidor ou empre- to, e desde que discriminado no plano


gado público, integrante de quadro de de divulgação.
pessoal de órgão ou entidade públi-
ca da administração direta ou indireta
de qualquer esfera governamental, por LIMITES DA PLANILHA
serviços de consultoria ou assistência ORÇAMENTÁRIA
técnica, salvo nas hipóteses previstas
em leis específicas e na Lei de Diretri- Alguns custos do orçamento devem
zes Orçamentárias; obedecer a percentuais limites, confor-
- em favor de clubes e associações me segue:
de servidores públicos ou entida- - Custos administrativos – até 15%;
des congêneres; - Divulgação do projeto – até 20%;
- que resultarem em vantagem financei- - Direitos autorais – até 10%;
ra ou material para o patrocinador[4]; - Remuneração para captação de recur-
- de natureza administrativa que su- sos – até 10%, limitado a R$100.000,00
plantem o limite de quinze por cento, (cem mil reais);
ou que sejam estranhos à execução da - Contratações locais – mínimo 20%:
proposta cultural; propostas de circulação de espetácu-
- com recepções, festas, coquetéis, ser- los e exposições devem prever a con-
viços de bufê ou similares, excetuados tratação de profissionais ou empresas
os gastos com refeições dos profissio- prestadoras de serviços locais ou re-
nais ou com ações educativas, quando gionais na proporção de, no mínimo,
necessário à consecução dos objetivos 20% do custo relativo à contratação de
da proposta; mão de obra ou serviços necessários à
- referentes à compra de passagens em produção na respectiva localidade. Pa-
primeira classe ou classe executiva, sal- gamentos de seguro e transporte não
vo, em caso de necessidade justificada, são considerados para o percentu-
para pessoas com deficiência ou mobili- al mencionado.
dade reduzida, bem como para algumas
autoridades[5]; Além disso, outros valores devem ser
- com serviços de captação, nos casos de observados para o pagamento de cachês
proposta cultural selecionada por edital artísticos, por apresentação (conforme Sú-
ou apresentada por instituição cultural mula nº 29 da CNIC), para:
criada pelo patrocinador; - artista solo até R$30.000,00;
- com taxas bancárias, multas, juros ou - grupos artísticos até R$60.000,00;
correção monetária, inclusive referen- - orquestras até R$1.500,00 por músico e
tes a pagamentos ou recolhimentos fora até R$30.000,00 para o maestro.
dos prazos; e
- com a aquisição de espaço para veicu- Valores superiores aos acima citados vão
lação de programas de rádio e TV, no depender de uma aprovação da CNIC –
caso de propostas na área de audiovisu- Comissão Nacional de Cultura, conside-
al, exceto quando se tratar de inserções rando as justificativas que o proponente e
publicitárias para promoção e divul- que o parecerista apresentarem.
gação do produto principal do proje-

4. Salvo no recebimento até 10% do produto cultural resultante do projeto. Exceção também nos casos do art. 24 da Lei Rouanet.
5. O art. 27 do Decreto 71.733/1973 permite a compra de passagens de primeira classe para Presidente e Vice-Presidente da República e passagens da
classe executiva para os Ministros de Estado, os ocupantes de cargos de Natureza Especial, os Comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica
e o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ressalva também para os artigos 3º-B e 10 do Decreto 5.992/2006 que faz menção
à “servidor ou colaborador eventual que acompanhar servidor com deficiência em deslocamento a serviço”.
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PLANO DE DISTRIBUIÇÃO DO Para isso, é necessário ter conhecimen-


PRODUTO CULTURAL to do art. 28 da IN 01/13. Ele explica que
“toda proposta cultural apresentada ao me-
Todo projeto cultural terá um produto canismo de incentivos fiscais do Pronac em
resultante. Se o seu projeto é de constru- que haja previsão de público pagante ou co-
ção de um Centro Cultural, o produto re- mercialização de produtos deverá conter em
sultante será o próprio Centro. Se for uma seu plano de distribuição o quantitativo de
obra bibliográfica, o produto é o livro. ingressos ou produtos culturais”, observa-
Enfim, o produto cultural é o que está dos os limites previstos na própria norma.
sendo gerado através do seu projeto. E o
produto pode ser principal ou secundá- E esses limites prevêem que:
rio. Isso porque o seu projeto pode prever π O mínimo de 10% deve ser distribuído
mais de um produto. Nesse caso, um pro- para a população de baixa renda;
duto deverá ser cadastrado como princi- π Até 10% pode ser destinado
pal e outro(s) como secundário(s). aos patrocinadores;
π Até 10% pode ser destinado de for-
Um exemplo de produtos principal e se- ma gratuita para ações promocionais
cundário seria o caso de um livro (pro- de divulgação;
duto principal) que vem acompanhado
de um áudio-livro (produto secundário). Quando houver cobrança de ingressos o
Ou ainda a produção de um CD (produto valor será previamente validado pelo Minis-
principal) que contará com um show de tério, que deve buscar um valor que garanta
lançamento (produto secundário). a democratização de acesso ao público. Nes-
se caso, algumas regras devem ser observa-
Atenção, pois o produto principal será das, além das descritas anteriormente.
determinante para fins de enquadramento π O mínimo de 20% da venda dos in-
do seu projeto (art. 18 ou art. 26 da Lei gressos não pode ultrapassar o valor
Rouanet). do vale cultura, hoje em R$50,00 (cin-
qüenta reais);
Depois de cadastrar o produto, o Sa- π Até 50% dos produtos poderão ser co-
lic vai lhe perguntar como ele será dis- mercializados a critério do proponente;
tribuído. Qual a quantidade para os pa- π A previsão de receita a ser arrecadada
trocinadores, para a divulgação e para deverá constar no plano de distribuição
os beneficiários, e também perguntará do projeto.
se existe receita envolvida. Todas as in-
formações devem ser fornecidas no ato
do cadastramento. PLANO DE DIVULGAÇÃO DO
PROJETO
Os incentivadores podem receber até
10% do produto resultante. Se houver Também é necessário cadastrar um pla-
mais de um incentivador, eles devem di- no de divulgação para o seu projeto. Ou
vidir os produtos, mantendo o limite total seja, informar através de quais veículos de
de 10%. A divulgação do projeto também comunicação que será feita a divulgação,
não pode receber mais do que 10%. como por exemplo, anúncios em jornais,
CARTILHA LEI ROUANET 15

revistas, veiculações em rádios, distribui- sarquivamento (art. 108, §5º). Aqui, nos
ção de folders, cartazes, site, etc. parece que uma carta de intenção de in-
centivo seria imprescindível.
Mas atenção, pois os custos de divulgação
do projeto não poderão ultrapassar 20% do
seu valor total (art. 23 da IN 01/13). CADASTRAMENTO DO PROJETO

Atualmente, o Salic permite que, durante O proponente deve estar atento aos pra-
a execução do projeto, o proponente anexe zos de cadastramento. O sistema Salic fica
as marcas, para que sejam deferidas pelo fechado entre 01 de dezembro a 31 de ja-
Ministério antes de serem divulgadas. Esse neiro. No entanto, nos dias que antecedem
sistema é muito eficiente, pois diminuiu o fechamento, o sistema pode apresentar
drasticamente as chances do proponente defeitos, e por isso recomendamos que os
ter problemas com a inclusão de logomar- projetos sejam cadastrados com alguns
cas na prestação de contas. dias de antecedência.

Já o prazo para cadastramento de Plano


CARTA DE INTENÇÃO DE Anual de Atividades é sempre dia 30 de se-
PATROCÍNIO OU DOAÇÃO tembro do ano anterior ao ano da execução
do Plano. O orçamento global de um Plano
O Ministério da Cultura não se manifes- Anual também precisa estar adequado para
ta expressamente sobre a possibilidade de execução em um prazo nunca superior a 12
uma carta de intenção de patrocínio agili- meses (art. 16 da IN 01/13).
zar os trâmites de um projeto.
Nesse momento de cadastramento a
Estima-se que a cada 10 projetos apro- conta bancária do projeto não será aberta.
vados, cerca de 2 captem recursos. Assim, Você apenas irá indicar a agência bancária
o envio da carta pode soar bastante posi- de sua preferência – obrigatoriamente do
tivo, uma vez que, atualmente, os índices Banco do Brasil. O Ministério da Cultura
de projetos captados, frente ao número de receberá essa informação e fará a abertura
projetos aprovados, ainda é muito pequeno. da conta bancária no momento oportuno.

Nesse sentido, caso já haja um patrocí- Após o cadastramento, o botão “Enviar


nio prospectado, recomenda-se o envio, Proposta ao MinC” deve ser apertado.
ao Ministério, juntamente com os docu-
mentos do projeto, de carta de intenção, Agora, recomendamos que o software
emitida pelo futuro incentivador do pro- Salic seja acessado todos os dias para averi-
jeto. A carta de intenção também serve guar possíveis diligências.
para unir vínculos e gerar comprometi-
mento entre incentivador e proponente.

Sobre o assunto, veja ainda dois casos:


solicitação de aumento do limite de pro-
jetos ativos (art. 18, §3º) e pedido de de-
16 WWW.CONSULTORIASQUADRA.COM.BR

COMO ACOMPANHAR avaliação. Os pareceristas são espécie


de “juízes” que estão distribuídos em
MINHA PROPOSTA todo o território nacional, os quais, em
tese, devem ser especialistas no assun-
to relativo ao projeto cultural e que irão

E m geral, o Ministério envia e-mails


ao proponente com os comunica-
dos, por isso é necessário que o
e-mail informado seja acessado regular-
mente pelo responsável do projeto. Porém,
adentrar no mérito do projeto e emitir
um parecer, decidindo pela aprovação
(com ou sem cortes) ou indeferimento
do projeto.

a regra é que o proponente deve acessar o O terceiro e último filtro ocorre quan-
software para ter conhecimento do anda- do o projeto é pautado para reunião da
mento do seu projeto, por isso o projeto Comissão Nacional de Cultura (CNIC),
deve ser acompanhado diariamente no Sis- composta por representantes dos gru-
tema Salic. pos artísticos, empresariado, sociedade
civil e Estado. A comissão encontra-se
O Ministério poderá fazer solicitações uma vez por mês, revezando-se entre a
dentro do projeto, que são chamadas de Capital Federal e as regiões brasileiras.
diligências. As diligências devem ser res-
pondidas sempre dentro dos prazos, do Cabe a Comissão, além de assessorar a
contrário o projeto é indeferido. estrutura do Ministério da Cultura, va-
lidar ou não o parecer técnico emitido.
O projeto cultural passa por três grandes Após a reunião, a decisão é disponibili-
filtros. Primeiramente, ele é apresentado zada no software Salic.
com a denominação “proposta cultural”.
Essa proposta recebe um número e pas-
sa por uma primeira avaliação, que é uma
análise técnica e documental feita dentro
do próprio Ministério. Após essa avaliação,
ela recebe um número de Pronac (Progra-
ma Nacional de Incentivo à Cultura), que
irá identificá-lo daqui em diante, e passa
a ser chamado de projeto cultural (e não
mais proposta).

Posteriormente, o projeto é enviado a


um parecerista, que fará uma segunda
CARTILHA LEI ROUANET 17

Atualmente, a reunião da CNIC pode querda aparecerá a opção “Recurso”. Cli-


ser ouvida através do site do Ministério da que em “Desistir do Recurso”.
Cultura (www.cultura.gov.br). No dia da
reunião (ou no dia posterior) deve-se ficar Se for definido que a decisão será ques-
atento ao link que é disponibilizado no site tionada, deverá ser feito um pedido
do Ministério. de reconsideração.

PARECER TÉCNICO PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO E


RECURSO
Depois da avaliação da CNIC, o parecer
finalmente é disponibilizado no sistema Pedir a reconsideração da decisão nada
Salic. A decisão emitida pelo Ministério da mais é do que pedir ao Ministério da Cul-
Cultura poderá: tura aquilo que não lhe foi atendido, ex-
• Aprovar o projeto, sem qualquer res- plicando os motivos e a importância do
salva e/ou corte no orçamento; seu pedido.
• Aprovar o projeto, com ressalvas e/ou
cortes no orçamento; A possibilidade de pedido de reconside-
• Reprovar (indeferir) o projeto. ração está prevista na Instrução Normativa
01/13, no art. 44, o qual explica que da de-
Nesse momento devemos fazer uma cisão caberá pedido de reconsideração, no
leitura criteriosa do parecer e também do prazo de dez dias corridos, a contar do seu
orçamento, para verificar se é necessário registro no Salic.
ou não questionar a decisão, caso ela lhe
seja desfavorável. Atualmente é possível apresentar pedido
através do próprio sistema Salic. Da deci-
Se você concordar com todos os termos são do pedido de reconsideração caberá
do parecer e possíveis cortes, existe a pos- recurso ao Ministro de Estado de Cultura,
sibilidade de acelerar o próximo passo, que também no prazo de 10 (dez) dias a partir
será a publicação da decisão no Diário Ofi- do registro da decisão recorrida, no Salic
cial da União. (art. 45 da IN 01/13).

Nesse caso, é necessário entrar no Salic e Caso você entre com um pedido de re-
desistir do recurso. Na barra da lateral es- consideração ou recurso no seu projeto, é
importante que você faça a leitura do Ca-
pítulo VI, tenha conhecimento do restan-
te da Instrução Normativa, e esteja muito
bem embasado nas suas argumentações.
Também é necessário que o proponente as-
sine esse pedido ou recurso.
18 WWW.CONSULTORIASQUADRA.COM.BR

QUANDO A VERBA
Cultura”. Haverá uma portaria com a fi-
PODE SER CAPTADA? nalidade de aprovar projetos, que diaria-
mente são publicados.

O recurso pode ser captado após


a publicação da aprovação do
projeto no Diário Oficial da
União. A página do Diário Oficial da
União é o documento mais eficaz para
Na publicação, o proponente deve ob-
servar se as seguintes informações estão
corretas: o enquadramento correto do seu
projeto (art. 18 ou 26), o valor aprovado, o
nome do projeto, o CNPJ ou CPF do pro-
comprovar a veracidade da aprovação do ponente e outras informações que constam
seu projeto, uma vez que, como o nome já na publicação.
diz, o Diário é Oficial! O link do Diário é :
http://portal.in.gov.br/ A publicação também informa qual o
prazo de captação do projeto, que nunca
Entenda o Diário Oficial. Ele é o do- vai ultrapassar o último dia do exercício
cumento que torna público os atos dos fiscal daquele ano. Por exemplo: se o seu
três poderes (executivo, legislativo e judi- projeto foi aprovado em julho de 2016, por
ciário) e que publica os atos de todos os mais que ele termine em julho de 2017, no
Ministérios. No Sumário, que fica na pri- Diário Oficial irá constar que o prazo de
meira página, vai constar “Ministério da captação é até o dia 31 de dezembro de
Cultura”. Vá até lá e procure a publicação 2016. Então, no final do ano de 2016 o
da “Secretaria de Fomento e Incentivo à proponente deverá solicitar a prorrogação
do prazo de captação, o que pode ser fei-
to rapidamente dentro do próprio Salic, e
deve ser solicitada ao menos 30 dias antes
do término do prazo atual (exceto para pro-
jetos publicados depois de 01 de dezembro).

No momento das prospecções de incen-


tivo, o Diário Oficial é documento indis-
pensável, e pode inclusive fazer parte da
apresentação de vendas do seu projeto.
CARTILHA LEI ROUANET 19

QUEM PODE SER UM


de reais), ou proporcional ao número de
INCENTIVADOR? meses do período, quando inferior a 12
(doze) meses;
- cujas atividades sejam de bancos comer-

O primeiro passo para a captação é


verificar quem pode se um incen-
tivador para o seu projeto. Atu-
almente podem apoiar projetos pessoas
físicas e jurídicas pagadoras do imposto de
ciais, bancos de investimentos, bancos
de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e
investimento, sociedades de crédito imo-
biliário, sociedades corretoras de títulos,
renda. Vejamos valores mobiliários e câmbio, distribui-
doras de títulos e valores mobiliários,
PESSOAS FÍSICAS: Somente as pes- empresas de arrendamento mercantil,
soas que façam a opção pela declaração cooperativas de crédito, empresas de se-
COMPLETA do IR. Valor da dedução: até guros privados e de capitalização e enti-
6% do IR devido. dades de previdência privada aberta;
- que tiverem lucros, rendimentos ou ga-
PESSOAS JURÍDICAS: Somente nhos de capital oriundos do exterior;
aqueles que fazem a opção de pagamento - que, autorizadas pela legislação tributá-
do seu IR com base no regime de tributa- ria, usufruam de benefícios fiscais relati-
ção do LUCRO REAL. Valor da dedução: vos à isenção ou redução do imposto;
até 4% do IR devido. - que, no decorrer do ano-calendário, te-
nham efetuado pagamento mensal pelo
Ou seja, empresas optantes pelo Simples regime de estimativa, na forma do art. 2º
Nacional e pelo regime de tributação de lucro da Lei nº 9.430, de 1996;
presumido não podem ser incentivadores. - que explorem as atividades de presta-
ção cumulativa e contínua de serviços de
E quem está obrigada ao regime de tribu- assessoria creditícia, mercadológica, ges-
tação do lucro real? Essa definição é dada tão de crédito, seleção e riscos, adminis-
através do art. 14 da Lei n. 9.718, de 27 de tração de contas a pagar e a receber, com-
novembro de 1998. Conforme essa lei, es- pras de direitos creditórios resultantes de
tão obrigadas à apuração do lucro real as vendas mercantis a prazo ou de prestação
pessoas jurídicas: de serviços (factoring);
- cuja receita total, no ano-calendá- - que explorem as atividades de securiti-
rio anterior seja superior ao limite de zação de créditos imobiliários, financei-
R$78.000.000,00 (setenta e oito milhões ros e do agronegócio.
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VEDAÇÕES DOS INCENTIVADORES

Não podem fazer doação ou patrocinar o projeto entidades


vinculadas ao beneficiário. Essa previsão consta no anexo da
IN 01/13 e também na Lei 8.313/91, em seu artigo 27. Ou seja:
π a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja
titular, administrador, gerente, acionista ou sócio, na data da
operação, ou nos doze meses anteriores;
π o cônjuge, os parentes até o terceiro grau, inclusive os
afins, e os dependentes do doador ou patrocinador ou dos
titulares, administradores, acionistas ou sócios de pessoa ju-
rídica vinculada ao doador ou patrocinador, nos termos da
alínea anterior;
π outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador
seja sócio.

Obs.: Não se consideram vinculadas as instituições culturais


sem fins lucrativos, criadas pelo doador ou patrocinador, des-
de que devidamente constituídas e em funcionamento.
CARTILHA LEI ROUANET 21

DICAS DE CAPTAÇÃO extremamente importante você conhe-


DE RECURSOS cer o seu incentivador em potencial. É
essencial pesquisar sobre a empresa, en-
tendendo se ela já apóia projetos através
da Lei Rouanet, ou seja, se já existe um

É permitido que o Proponente do


projeto contrate profissional
para captar recursos para o seu
projeto. Esse serviço poderá ser remu-
nerado em até 10% do valor do projeto a
histórico nesse sentido. E a partir disso,
verificar que tipo de projeto seu clien-
te em potencial costuma patrocinar, em
que região[6] ele investe seus incentivos
fiscais e qual seu tipo de investimento
captar. O valor de 10%, entretanto, não social privado. Além disso, entender se
poderá ultrapassar o teto de cem mil re- o negócio do empresário tem relação ou
ais. Antes de pagar o captador de recur- não com o seu projeto, buscando sem-
sos, verifique se este item foi cadastra- pre incentivadores que tenham iden-
do na planilha orçamentária cadastrada tificação com o seu projeto. Sugestão:
e aprovado. algumas empresas mostram estas infor-
mações nos seus sites.
Também é possível que o próprio Pro- π Faça uma boa apresentação de
ponente preste os serviços de captação de venda: prepare um material a altura
recursos no seu projeto. Essas previsões do seu projeto. Uma boa apresenta-
estão nos artigos 22 e 24 da IN 01/2013. ção de venda é essencial para “encher
os olhos” do incentivador. Clareza de
Atenção apenas para a previsão do art. informações e uma boa escrita são pri-
32, inciso VIII, que veda a previsão de mordiais. Na sua apresentação é neces-
despesas com serviços de captação nos sário trazer informações básicas como
casos de proposta cultural selecionada número do Pronac, Diário Oficial de
por edital ou apresentada por instituição aprovação do projeto, objetivos, apro-
cultural criada pelo patrocinador (art. 27, veitamento da logomarca e citação de
§ 2º, da Lei nº 8.313). marca no caso de patrocínio, resulta-
dos a serem alcançados, etc. Lembre-
Entretanto, nem sempre existe profissio- se: “ninguém compra uma roupa que
nal habilitado para esse serviço, e o Pro- achou feia na vitrine”.
ponente acaba tendo que atuar como cap- π Prepare-se para as reuniões: quan-
tador. Por isso, é importante munir-se do do apresentar o seu projeto, esteja con-
máximo de informações sobre captação de fiante e tenha conhecimento amplo de
recursos, para obter êxito na empreitada. cada detalhe do projeto. Se for necessá-
rio, ensaie antes do encontro. Um bom
Depois de avaliar quem pode ser um in- vendedor é aquele que conhece o produ-
centivador para o seu projeto, leias essas to que está vendendo.
dicas de captação de recursos. π Mostre que o seu projeto é inova-
π Conhecer o seu incentivador em dor: ninguém se interessa por algo que
potencial: no caso de pessoa jurídica, é já está acostumado a ver. Mostre ao in-

6. Por exemplo, verificar se ele investe no em municípios do interior ou em grandes centros, próximo da sua sede ou em unidades
de negócios.
22 WWW.CONSULTORIASQUADRA.COM.BR

centivador em potencial que o seu pro- rio da Cultura, e a terceira via fica com
jeto é diferente. Exalte os diferenciais, o proponente.
os pontos de inovação. Conquiste o
seu incentivador. O recibo é o documento que será apre-
π Demonstre os resultados que se- sentado para a contabilidade do patroci-
rão alcançados: pode ser através de nador para ser utilizado na comprovação
números, mas é necessário que você da dedução fiscal.
mostre ao incentivador que o seu pro-
jeto terá um alcance significativo para Depois da emissão do recibo de mece-
a comunidade onde a sua empresa nato, esse é o momento em que a verba
está inserida. captada pode ser depositada na conta
π Agradeça mesmo que receba um bancária do projeto, o que será feito pelo
não: muitos proponentes, quando re- próprio patrocinador. A verba deve ser
cebem um não, ficam indignados com depositada em uma conta bancária que
o incentivador e sequer agradecem. É consta no Salic, chamada de conta bancá-
importante lembrar que ninguém tem a ria bloqueada.
obrigação de incentivar um projeto. Seja
gentil e agradeça. Quem sabe amanhã Os recursos deverão ser depositados na
essa “porta” pode se abrir para você? conta bloqueada (o MinC também chama
de conta captação) por meio de depósito
Além disso, você pode acessar o link da identificado, com a informação obrigató-
Associação Brasileira de Captadores de ria do CPF ou do CNPJ dos depositantes,
Recursos (http://captacao.org) e fazer a lei- ou, alternativamente, por Transferência
tura dos artigos sobre o tema. Eletrônica Disponível –TED, ou Docu-
mento de Operação de Crédito –DOC,
desde que, da mesma forma, os deposi-
RECIBO DE MECENATO tantes sejam identificados (§1º, art. 53 da
IN 01/13).
O próximo passo para a captação é o
preenchimento do recibo de mecenato. O Atenção: Não podem ser depositados na
recibo de mecenato deve ser feito em três conta recursos oriundos de outras fontes
vias. A primeira ficará com o patrocina- não relacionadas ao mecanismo do incen-
dor, a segunda será enviada ao Ministé- tivo fiscal (art. 52, §1° IN 01/13).
CARTILHA LEI ROUANET 23

EXECUÇÃO DO REMANEJAMENTOS
ORÇAMENTÁRIOS
PROJETO
Serão permitidos remanejamentos em
alguns itens do orçamento, no limite de

P ara movimentar os recursos captados


e iniciar o seu projeto é necessário
que haja captação de no mínimo 20%
do valor aprovado (salvo para casos de pla-
no anual, que permite a captação de 1/12).
até 20%, desde que não haja aumento do
valor do projeto. Para remanejamentos
maiores ou menores do que 20%, o Mi-
nistério deve ser consultado. Não podem
ser remanejados itens que foram retira-
dos do orçamento na aprovação do pro-
Então atenção! A partir do momento que jeto e nem o custo com captação de re-
você movimenta a conta bancária do pro- cursos. Além disso, os remanejamentos
jeto, se compromete em realizar o objeto não poderão implicar aumento do valor
proposto e aprovado pelo Ministério. aprovado para as etapas relativas aos
custos administrativos, de divulgação e
A seguir, elencamos algumas dicas que de captação, sob pena de não aprovação
vão auxiliar na execução do seu projeto. das contas.

ALTERAÇÕES NO PROJETO

Após a aprovação, não será permitida al-


teração de objeto ou de objetivos do projeto
cultural aprovado. Algumas alterações são
possíveis, desde que o MinC seja previa-
mente consultado. Além disso, para algu-
mas alterações é necessária a anuência dos
patrocinadores ou ainda que prazos sejam
respeitados. Por isso, antes de proceder qual-
quer alteração no seu projeto, consulte a Ins-
trução Normativa e o Ministério da Cultura.

O Salic tem sido constantemente atua-


lizado e atualmente já permite que prati-
camente todos os pedidos de alteração já
sejam feitos dentro do próprio sistema.
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Os pedidos de remanejamento orçamen- captação é aquele que consta no Diário


tário somente poderão ser encaminhados Oficial da União.
após a captação de vinte por cento do valor
aprovado do projeto, ressalvados os proje- Já o pedido de prorrogação do prazo de
tos contemplados em seleções públicas ou execução do projeto precisa ser feito me-
respaldados por contrato de patrocínio. diante o envio de um formulário específico
do Ministério da Cultura, que pode ser ob-
Atualmente esse pedido de remaneja- tido no próprio site. O pedido precisa ser
mento já pode ser feito dentro do Salic, enviado em até 30 dias antes do final do
mas ainda apresenta algumas restrições, prazo de execução.
como por exemplo, o sistema só aceita
um remanejamento.
AVALIAÇÃO DOS FORNECEDORES

PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO E Durante a execução do seu projeto di-


REDUÇÃO DO VALOR DO PROJETO versos fornecedores serão contratados.
Recomenda-se que seja averiguado se o
É possível complementar o valor autori- fornecedor está apto para prestar o servi-
zado para o seu projeto, desde que não seja ço, o que pode ser feito através de uma
para incluir itens retirados na avaliação. avaliação rápida do seu cartão de CNPJ,
Para isso, é necessário fazer um requeri- no site da Receita Federal.
mento ao Ministério, justificando a sua ne-
cessidade. Esse aumento, no entanto, não A figura do contador também é de ex-
poderá exceder cinqüenta por cento do va- trema importância, pois ele tem o co-
lor já aprovado. E também é necessário que nhecimento dos regimes de tributação
o proponente já tenha captado pelo menos e saberá observar se na contratação vai
cinqüenta por cento do valor do projeto. existir retenção de impostos, pagamento
de INSS patronal, entre outros.
Pedidos de redução do valor também são
possíveis, desde que não comprometam a
execução do projeto e a redução não seja FORMALIZAÇÃO DE CONTRATOS
superior a quarenta por cento do valor total
autorizado. Esse pedido só é possível de- O Ministério da Cultura não obriga,
pois de captado 20% do valor do projeto. mas recomenda que sejam firmados con-
tratos com os fornecedores, a fim de dar
maior segurança para os proponentes.
PEDIDOS DE PRORROGAÇÃO – As cláusulas mais importantes de um
CAPTAÇÃO E EXECUÇÃO contrato são: o que está sendo contrata-
do, o valor, a forma de pagamento, obri-
Durante a execução pode ser necessário gações das partes e rescisão. Se não for
fazer pedidos de prorrogação. O pedido possível fazer contratos, sugerimos que
de prorrogação do prazo de captação de o proponente formalize os acordos fei-
recursos pode ser feito dentro do próprio tos com os seus fornecedores por e-mail
software Salic. Lembre-se que o prazo de ou outro meio.
CARTILHA LEI ROUANET 25

NOTAS FISCAIS APLICAÇÃO DAS LOGOMARCAS

Estamos trabalhando com verba públi- Os materiais de divulgação dos projetos


ca, então é necessário que os seus forne- precisam observar exigências sobre a apli-
cedores estejam aptos a emitir nota fiscal cação das logomarcas. Para isso, existe um
ou RPA (recibo de profissional autônomo), Manual de Aplicação de Logomarcas, que
no caso de pessoa física. Faturas e recibos pode ser obtido no website do Ministério
serão aceitos somente nos casos permiti- da Cultura.
dos por lei, o que precisa ser comprovado.
Por isso, entendemos que o profissional da Conforme já explicado nessa cartilha, os
contabilidade é indispensável, pois possui materiais também deverão ser inseridos no
o conhecimento necessário para dar segu- software Salic, para aprovação prévia do
rança ao proponente. Ministério, antes mesmo da sua veiculação
ou produção.
Nos documentos fiscais é necessário que
seja inserido o nome do projeto e o número
do Pronac. Eventuais retenções de impos- ACESSIBILIDADE E
tos também precisam ser observadas. A re- DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO
comendação é de que, sempre que possível,
o pagamento do fornecedor só seja feito Lembre-se das medidas de acessibilidade
depois de ele ter enviado a nota fiscal. e de democratização de acesso que foram
prometidas no momento da elaboração do
As notas fiscais precisam ser digitaliza- seu projeto. Execute elas e faça registros
das, para, posteriormente, comporem a dessa execução, para posteriormente in-
prestação de contas. cluir na prestação de contas.

FORMA DE PAGAMENTO COMPROVAÇÕES DE REALIZAÇÃO


DO PROJETO
As formas de pagamento do projeto são:
transferência bancária identificada, che- Durante a execução, guarde, de forma
que nominal ou outro meio que assegure organizada, o máximo de comprovações
a identificação do fornecedor. São permi- que forem possíveis. Por exemplo, se o seu
tidos saques para pagamentos de despesas projeto prevê aulas de dança, você pode
iguais ou menores do que cem reais. fotografar as aulas, obter depoimentos dos
alunos, relatórios dos professores, juntar as
Muito cuidado com as transferências bancá- fichas de inscrição, fazer vídeos, etc. Use
rias, pois a verba do projeto não pode ser uti- a sua imaginação e registre tudo o que
lizada para o pagamento de taxas bancárias. for executado.

No caso de pagamento através de che-


que, ele deve ser nominal ao credor e digi-
talizado frente e verso, pois irão compor a
prestação de contas do projeto.
26 WWW.CONSULTORIASQUADRA.COM.BR

RECOLHIMENTO DE Mas como fazer isso? Primeiramente,


certifique-se de que não existe nenhuma
SALDO AO FNC aplicação na conta bancária do seu proje-
to. Se houver, primeiro desaplique a ver-
ba. Após, verifique o saldo. Vamos supor

D epois de encerrado o projeto e


efetuados todos os pagamentos,
é o momento de zerar a conta
bancária (conta movimento). Isso porque
é vedada a transferência de saldos não
que o saldo seja de R$300,56. O saldo re-
manescente é o valor que “sobrou” do seu
projeto, e deve englobar tanto a verba que
não foi gasta quanto algum possível ren-
dimento de aplicação.
utilizados para outros projetos aprovados
pelo Ministério da Cultura (art. 72). Continuando o nosso exemplo, você deverá
emitir uma guia no valor de R$300,56, fazer
Mas atenção: essa regra só não se aplica um cheque no mesmo valor e pagar essa guia.
para o caso de planos anuais de atividades Assim, o saldo remanescente da execução do
apresentados pelo mesmo proponente, projeto deverá ser recolhido ao Fundo Na-
desde que o projeto anterior seja encerra- cional da Cultura mediante o preenchimento
do e acolhidas as justificativas apresenta- da Guia de Recolhimento da União – GRU.
das para a transferência de saldo (art. 72
e parágrafo único). Esse pedido deve ser Depois retire novamente um extrato
realizado formalmente ao Ministério da bancário. O extrato bancário deve apre-
Cultura antes do encerramento do Plano sentar ao final, saldo igual a ZERO. Esse
em execução. extrato deve ser anexado a prestação
de contas.
Para os demais casos, através do Anexo
da Instrução Normativa (Declaração de A Guia de Recolhimento da União –
Responsabilidade), o proponente declara GRU se encontra disponível no site www.
ter conhecimento de que deverá: stn.fazenda.gov.br da Secretaria de Tesou-
ro Nacional (STN/MF), clicando no link
“Devolver em valor atualizado, o saldo direto: http://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/
dos recursos captados e não utilizados gru_novosite/gru_simples.asp
na execução do projeto, mediante reco-
lhimento ao Fundo Nacional da Cultura No preenchimento, observar:
(FNC), conforme instruções dispostas no - Unidade Gestora (UG): 340001;
portal do Ministério da Cultura (www.cul- - Gestão: 00001 – Tesouro Nacional;
tura.gov.br).” - Nome da unidade (aparecerá automati-
camente): Coord. Geral de Exec. Orcam.
Além disso, o art. 75, §2° da IN 01/13, e Financeira/FNC;
no inciso IX diz que é necessário juntar - Código de Recolhimento: 28852-7 –
na prestação de contas o “comprovante do Outras restituições;
recolhimento, ao FNC, de eventual saldo - No número de referência da GRU in-
não utilizado na execução do projeto”. forme o número do Pronac.
CARTILHA LEI ROUANET 27

Lembramos que o pagamento da guia é O art. 75, §2º da IN fala dos documen-
o último ato a ser praticado no seu proje- tos que devem ser enviados ao Ministério
to, e deve ser feito somente depois de to- da Cultura. No entanto, é necessário que
dos os cheques terem sido compensados, o Proponente tenha toda a documenta-
a verba já estar devidamente desaplicada, ção organizada, como por exemplo: con-
e o valor restante na conta efetivamente tratos firmados com fornecedores, no-
não for mais utilizado. tas fiscais originais, cópia dos cheques
frente e verso, extratos bancários, com-
Depois de pagar a guia (com cheque provações de que o produto cultural foi
próprio do projeto), você deve obter um realizado e distribuído, fotografias, rela-
novo extrato bancário, certificando-se de tórios, vídeos, etc.
que a conta realmente foi zerada.
No mês de março de 2016 o Ministério
Recomendamos juntar na prestação de da Cultura disponibilizou aos proponen-
contas a GRU; a cópia do cheque que foi tes um documento denominado “Carti-
utilizado para pagamento desta (frente e lha do Proponente – Formulários Pres-
verso); e o comprovante de pagamento da tação de Contas Incentivo 2016”. Essa
guia. No caso da prestação de contas ser cartilha traz orientações, especialmente
enviada pelo Salic, você pode incluir es- quanto ao preenchimento de relatórios
ses documentos no campo “Documentos finais de prestação de contas. Estes re-
comprobatórios do projeto”. latórios encontram-se anexados ao final
deste documento.

Vale lembrar que depois de encerrado o


PRECISO PRESTAR projeto e efetuados todos os pagamentos,
é o momento de zerar a conta bancária
CONTAS DO PROJETO? (conta movimento). Isso porque é vedada
a transferência de saldos não utilizados
para outros projetos aprovados pelo Mi-

A prestação de contas é de ex-


trema importância para o pro-
jeto. Atualmente, ela deve ser
inserida no próprio software (art. 75 a
IN 01/2013), com o envio de relatórios
nistério da Cultura (art. 72).

Neste caso, deve ser emitida uma GRU


- Guia de Recolhimento a União, com o
valor remanescente na conta, inclusive os
trimestrais pelo sistema. valores obtidos através de aplicação fi-
nanceira. A guia será paga e o saldo res-
Por fim, o último relatório (Anexo VIII) tante será destinado ao Fundo Nacional
deverá conter a consolidação das informa- de Cultura.
ções, inclusive quanto a conclusão do pro-
jeto, sendo apresentado no prazo máximo
de trinta dias após o término do prazo de
execução do projeto.
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PRESTAÇÃO DE CONTAS NO SALIC

Atualmente, as prestações de contas devem ser inseridas trimestral-


mente no Salic. O sistema dispõe de manuais que explicam o passo a
passo para a inclusão da prestação de contas.

O Ministério também disponibiliza formulários físicos que devem


ser preenchidos e enviados na prestação de contas, os quais chamamos
de Anexos II a VIII. O novo Manual do Ministério da Cultura explica
que os formulários servem para os casos em que não é possível prestar
contas pelo software. Esses anexos, no entanto, servem como forma
de organização e controle financeiro para o proponente, e por isso re-
comendamos o seu preenchimento. O proponente pode, por exemplo,
transformar os anexos no formato pdf e inseri-los no software.

Enfim, mesmo depois do término do projeto, cabe ao proponente


manter o controle documental das receitas e despesas do projeto pelo
prazo de dez anos, contados da aprovação da prestação de contas,
à disposição do MinC e dos órgãos de controle e fiscalização, caso
seja instado a apresentá-las, conforme previsto no art. 36 da Instrução
Normativa RFB nº 1.131, de 21 de fevereiro de 2011.

Como alguns documentos, como é o caso de comprovantes bancá-


rios, tendem a perder a sua visualização, recomendamos que a prestação
de contas seja digitalizada, e guardada no formato digital. Além disso,
mantenha na sua posse, e de forma organizada, toda a documentação
original do seu projeto.
CARTILHA LEI ROUANET 29

NÚMEROS DA LEI MAIORES PATROCINADORES

ROUANET Maiores patrocinadores do Brasil em 2015:

D
1º BNDES R$56.031.970,46
esde 1993, a Lei Rouanet mobi- 2º Banco do Brasil S.A R$31.941.114,28
lizou mais de 16 bilhões de reais 3º Bradesco Vida e Previdência S/A R$26.614.500,00
em todo o Brasil. Em 2014, os 4º Banco Itaucard S.A. R$25.427.877,15
valores ultrapassaram pouco mais de 1 bi- 5º Cielo S.A. R$22.100.683,34
lhão e 300 milhões de reais. Nesse mesmo 6º Cia. Bras. de Metalurgia e Mineração R$17.377.881,12
ano, o maior incentivador do Brasil foi o
Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
nômico e Social – BNDES, investindo INVESTIMENTOS DE 2015 POR
R$54.720.597,91, seguido da Vale S/A e do REGIÃO
Banco do Brasil S.A.
No ano de 2015, a Rouanet movimentou
mais de 1 bilhão de reais em todas as regi-
DADOS GERAIS DE 2015 ões do Brasil. Abaixo, segue investimentos
separados por região.
Em 2015 o maior incentivador continua
sendo o BNDES, que até a presente data
investiu mais de R$36milhões. Neste ano,
a ENGIE Tractebel Energia aparece no NORTE
0,7%
15º lugar nacional, com investimento de 7,7Mi

R$5.424.736,10. NORDESTE
4,6%
54,5Mi

3.132 projetos foram beneficiados, cap-


tando o montante de R$1.185.387.344,65, CENTRO-OESTE
2,4%
um pouco menos do que no ano anterior. 28,5Mi SUDESTE
79,3%
940,8Mi

A maioria dos projetos captados é apre-


sentado por pessoas jurídicas, totalizando SUL
13,1%
2.711. Já os proponentes pessoa física que 155Mi

captaram recursos somam 421 projetos.

Sobre os investidores, durante todo o Enfim, para o ano de 2016 a Lei de Dire-
ano aproximadas 9.241 pessoas físicas in- trizes Orçamentárias prevê um teto apro-
centivaram projetos, junto com 3.343 pes- vado para a utilização de incentivos fiscais
soas jurídicas. (teto da renúncia fiscal do Governo para a
Cultura), de R$1.321.865,847.
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VALIDADE E FUTURO torno o projeto trouxer para a sociedade,


DA LEI maior o percentual de incentivo. Porém,
as regras que farão a divisão dos percen-
tuais não estão no projeto de lei, e deverão
ter regulamentação complementar. Outro

A s disposições da Lei Rouanet não


trazem qualquer menção sobre
um prazo de validade da Lei e do
mecanismo do mecenato. Dessa forma, até
que haja qualquer disposição em contrário,
exemplo seria de que os projetos culturais
que trouxerem em seu nome a marca do
incentivador só poderiam contar com de-
dução de 40%.

não existe um prazo final para este bene- O projeto, apresentado em 02 de dezem-
fício fiscal. Diferente, por exemplo, da Lei bro de 2009, ainda depende de aprovação
12.761/2012, que criou o Vale Cultura com no Senado Federal, e as estimativas é que,
validade para a possibilidade de dedução se aprovada, a nova lei irá vigorar, com
do imposto de renda em benefício da aqui- muito otimismo, a partir de 2017.
sição do vale.
Em paralelo, em março de 2016 o Mi-
Entretanto, tramita um projeto de lei (nº nistério da Cultura apresentou uma nova
6.722/2010) que visa substituir a Lei Rou- proposta de alteração para o texto do
anet, e instituir o PROCULTURA – Pro- Procultura, apresentada ao Senador Ro-
grama Nacional de Fomento e Incentivo à berto Rocha, do PSB do Maranhão. O
Cultura. Ministério acredita que os ajustes con-
ferem maior clareza e segurança jurídica
O PROCULTURA traz algumas novida- ao projeto.
des, sendo a principal promessa o fim da
segregação na renúncia fiscal. Atualmente, A proposta do Ministério traz, entre di-
dois percentuais de renúncia fiscal são atri- versas sugestões, uma de grande impacto
buídos aos projetos, 30% e 100%. No caso para o incentivo, qual seja, a possibilidade
da música, por exemplo, a música popular de pessoas jurídicas tributadas no lucro
tem renúncia de 30%, enquanto a música real cuja receita bruta seja de até trezentos
instrumental leva 100% de isenção fiscal. milhões de reais deduzirem até 6% do im-
posto de renda devido em cada período de
A Nova Lei traz percentuais diferencia- apuração em favor do mecanismo do mece-
dos, de 40%, 60% e 80%, baseados numa nato. Nesse caso, as pessoas jurídicas cujo
espécie de sistema de pontuação, onde faturamento ultrapassam os 300 milhões
quanto mais democratização a cultura e re- manteriam a dedução fiscal de até 4%.
CARTILHA LEI ROUANET 31

ANOTAÇÕES
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