Você está na página 1de 4

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE VISEU

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE VISEU

ACESSO AO ENSINO SUPERIOR PARA MAIORES DE 23 ANOS


(Dec.Lei nº 64/2006, de 21 de Março)

PROVA DE CULTURA GERAL

Prova Modelo - 2010

Para a resolução da prova deverá utilizar as folhas de resolução fornecidas. Não se esqueça de preencher o cabeçalho
das folhas de resolução. Leia com atenção. Boa sorte.

Grupo I

Texto

Socialização, Aprendizagem e Publicidade

As crianças ocupam grande parte do seu tempo a ver televisão. Aliás, esta
dedica-lhes, particularmente aos fins-de-semana, espaços próprios com programas
infantis. Esta situação tem contribuído para que a criança desenvolva uma postura activa
em relação à televisão, de tal forma que, mesmo as crianças mais pequenas, se tornam
cognitivamente activas, decidindo o que querem ver e o que lhes interessa. Face à
publicidade, as crianças tornaram-se um público-alvo muito importante, em especial a
emitida pela televisão. Os programas infantis estão repletos de publicidade dirigida às
crianças, que é visionada por elas com muita atenção. Pode mesmo dizer-se que, quando
a mensagem é compreensível e interessante, a criança toma atenção e aprende com ela.
Desta forma, a publicidade tem vindo a constituir-se como um poderoso meio de
socialização da criança, introduzindo-a no mundo dos objectos e proporcionando-lhe
familiaridade com eles.
A publicidade, mesmo a que não é dirigida para crianças, actua como uma fonte
de atracção para a criança desde a sua fase mais precoce. Investigações desenvolvidas
por Kapferer revelam que as crianças gostam muito de publicidade, mas ainda gostam
mais da que é dirigida aos adultos do que a destinada a elas. Isto pode significar que a
publicidade é um meio através do qual as crianças também se iniciam nos papéis dos
adultos, tornando-se uma peça importante para a construção da sua identidade, logo do
seu Self1. As escolhas que as crianças fazem neste domínio contribuem, deste modo,
para o processo da sua autodefinição, no qual as marcas publicitadas têm um papel de
relevo a desempenhar em todo o processo. Embora só numa fase mais avançada da
idade, as crianças comecem a diferenciar a marca do produto, esta associação é feita de
forma progressiva desde o nascimento até por volta dos 6 a 7 anos, quando a criança
inicia as operações concretas de diferenciação cognitiva no seu processo de

1
Eu.
desenvolvimento. Assim, um aspecto relevante da influência da publicidade nas
crianças é a variação com a sua idade e estádio de desenvolvimento afectivo e
cognitivo. (…)
A influência da publicidade nas crianças apresenta duas perspectivas a
considerar. Por um lado, existe a perspectiva que considera que a criança é manipulada
pela publicidade e, por outro lado, existe uma perspectiva que considera que a criança
tem capacidades para criticar a publicidade. Na perspectiva da criança manipulada, esta
é vista como um receptor passivo, que está a ser condicionado pelas imagens que
observa e consequentemente criando-lhe reflexos condicionados. As crianças são assim
consideradas como tendo reacções primárias, com um património conceptual muito
reduzido, tornando-as incapazes de análise e crítica. Consequentemente, estão mais
receptivas às mensagens subliminares, desenvolvendo ligações inconscientes que as
tornam permissivas às mensagens que estão a receber.
Na segunda perspectiva, as crianças são consideradas como adultos, com
capacidade crítica relativamente à publicidade. Elas são capazes de identificar o
discurso publicitário com precisão, desenvolvendo reacções às mensagens, quer nas
dimensões afectivas, quer nas cognitivas, racionalizando a informação que recebem.

Francisco Costa Pereira e Jorge Veríssimo, Publicidade. O Estado da Arte em Portugal

Leia atentamente o texto transcrito e responda às seguintes questões:

1. A publicidade pode ser importante para o processo de socialização da criança?


Justifique a sua resposta.
2. Indique os resultados da investigação que foi realizada por Kapferer e as suas
implicações.
3. Explique as duas perspectivas sobre a influência da publicidade que são
referidas no texto.

Grupo II

Leia cuidadosamente os textos que se seguem. Escolha um e elabore uma


dissertação coerente e bem estruturada sobre a sua temática principal (máximo 30
linhas).

a) “O ambiente é provavelmente a área de responsabilidade social cuja visibilidade


e discussão pública mais tem aumentado nos últimos tempos. A
consciencialização colectiva da necessidade de preservar a natureza, associada à
nítida tendência para um crescimento das actividades com ela relacionadas, o
maior gosto pela vida ao ar livre e as férias no campo, o êxodo das grandes
cidades para zonas habitacionais suburbanas, mais verdes, etc., são sinais
evidentes da importância que cada vez mais se atribui a este tema. As
preocupações de higiene, a par da segurança, nomeadamente nos locais de
trabalho, mas não só, a protecção contra a poluição (do ar, dos rios, sonora, etc.),
o maior recurso a embalagens biodegradáveis ou recicláveis (para evitar lixos e
desperdícios), o tratamento especial de produtos perigosos para a sociedade,
como o lixo nuclear, são também formas de expressões da crescente
responsabilidade social no que se refere ao ambiente.”

Sebastião Teixeira, Gestão das Organizações

b) “Embora os jornais e similares permaneçam centrais nas nossas vidas, assiste-se


a uma transformação nas suas formas de organização e de fornecimento de
serviços. Os jornais podem ser lidos online, o uso do telefone móvel cresce
exponencialmente e a televisão digital e os serviços de difusão por satélite
permitem uma diversidade de escolha sem precedentes. No entanto, é a Internet
que está no centro da revolução das comunicações. Com a expansão de
tecnologias como o reconhecimento de voz, as transmissões em banda larga, as
ligações por cabo, a Internet ameaça eliminar as diferenças entre os media
tradicionais, tornando-se assim o canal por excelência de oferta de informação,
entretenimento, publicidade e comércio para os vários públicos dos media.”

Anthony Giddens, Sociologia

c) “A economia portuguesa recuou 2,0 por cento no quarto trimestre de 2008, face
aos três meses anteriores, o que coloca o país em recessão técnica. De acordo
com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o Produto Interno Bruto
(PIB) fixou-se nos zero por cento, depois de um aumento de 1,9 por cento em
2007. Este ritmo de crescimento anual foi o mais baixo em cinco anos, desde a
recessão de 2003. Face ao terceiro trimestre de 2008, o PIB recuou 2,0 por cento
nos últimos três meses do ano. Entre Julho e Setembro de 2008, a economia
portuguesa já tinha sofrido uma contracção de 0,1 por cento. Em termos
homólogos, comparando com o último trimestre de 2008, o PIB recuou 2,1 por
cento. Os dados divulgados esta sexta-feira pelo gabinete de estatística
português são piores que as estimativas esperadas pelos especialistas, que
antecipavam um recuo de 1,0 por cento. A justificar a quebra no PIB esteve a
procura interna (consumo e investimento), e em particular o contributo negativo
do investimento e a procura externa líquida (diferença entre exportações e
importações).”

Correio da Manhã (13/2/2009)


Critérios de valorização das respostas

- Adequação das respostas face aos objectivos das perguntas;


- Capacidade de interpretação e análise textual;
- Correcção morfológica e sintáctica;
- Clareza e organização do discurso;
- Estruturação do pensamento e apresentação de argumentos pertinentes.

Você também pode gostar