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Guião do ensaio individual sobre o crash da Bolsa de Nova Iorque

O meu ensaio, enquadrado no período entre as duas guerras mundiais, que vai de 1914 a 1945
(tema IV), terá por base a pergunta: Como é que o crash da Bolsa de Nova Iorque levou a uma
recessão económica global?

Na introdução do trabalho, começarei por apontar o que foi, em termos práticos, o crash da
Bolsa de Nova Iorque – a maior e mais abrupta queda dos preços das ações de que há registo
na história. Os investidores pedem empréstimos enormes quantidades de dinheiro para
especular no mercado, onde grandes volumes de ações são negociados a preços muito acima
do seu valor real. Mais tarde, milhares de bancos encerraram e milhões de pessoas perderam
tudo. A queda foi seguida por uma depressão que se espalhou pelo mundo, durou uma década
e foi um prelúdio para a guerra.

Como para entender este evento inédito na história, interessa-me, antes dos efeitos que
provocou, estudar as causas que levaram à quebra do mercado de ações, desenvolverei o
trabalho, começando por responder à pergunta: porque é que as pessoas começaram
realmente a vender ações? Em 1918, após 4 anos de conflito, a Primeira Guerra Mundial acaba
finalmente, e os EUA entram num período de prosperidade económica e de mudança cultural
conhecido como os Roaring Twenties, ou Loucos Anos Vinte. As economias europeias, em
contraste, tiveram um reajuste mais difícil no pós-guerra e não começaram a florescer até
cerca de 1924 quando enormes quantidades de dinheiro começaram a ser emprestadas pelos
EUA, cuja economia estava em tamanha ascensão que não era cobrado dos europeus o
pagamento dos empréstimos concedidos. Esse “boom” económico fez com que os americanos
começassem a investir o seu dinheiro no mercado financeiro, aumentando a especulação
monetária e, por conseguinte, as ações das empresas na bolsa. Os investidores compravam
essas ações para depois revendê-las, dando uma sensação de prosperidade, que não
correspondia à realidade. Nessa época, quem estava no poder nos EUA era o Partido
Republicano, que adotava o liberalismo económico e o princípio da não intervenção do Estado
na economia. Dessa forma, as ações na bolsa não eram fiscalizadas pelo governo, permitindo
que o mercado conduzisse sozinho as atividades financeiras. Além disso, o crédito concedido
para os consumidores internos e para os países europeus se reconstituírem não era regulado,
ou seja, o dinheiro era oferecido sem nenhuma condição de pagamento.

Portanto, durante esta década, a bolsa sofre uma rápida expansão, atingindo o seu auge em
agosto de 1929, após um período de especulação selvagem. Nessa altura, a produção já tinha
diminuído e o desemprego aumentado, deixando o preço das ações em grande excesso do seu
valor real. As empresas tinham superestimado o seu crescimento e agora os salários das
pessoas estavam a cair e todo aquele acesso fácil ao débito estava a acabar, devido às taxas de
juros que começaram a subir por causa da proliferação da dívida. Com a diminuição do preço
das ações em setembro, a incerteza dos investidores começa a aumentar, o que nos leva a 24
de outubro, quando o pânico se instala e um recorde de aproximadamente 12,9 milhões de
ações são negociadas nesse dia conhecido como Black Thursday. As empresas de investimento
e os principais banqueiros tentam estabilizar o mercado através da compra de grandes blocos
de ações, produzindo um comício moderado na sexta-feira. Na segunda-feira, porém, o
mercado entra em queda livre, o que nos leva a 29 de outubro, quando os preços das ações
caem completamente e aproximadamente 16,4 milhões de ações são negociadas na Bolsa de
Nova Iorque num único dia conhecido como Black Tuesday. O Dow Jones, que é um índice cujo
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cálculo é baseado na cotação das ações de 30 das maiores empresas dos EUA, cai 12% e o
recorde estabelecido na quinta-feira passada é ultrapassado. Os mercados perdem quarenta
milhões de dólares num dia, as pessoas perdem as suas poupanças de vida e os americanos
que pedem emprestado para investir são absolutamente esmagados.

O crash da bolsa de valores em 1929 não criou a grande depressão, mas iniciou uma sequência
de acontecimentos que acabou por culminar na grande depressão. Quase imediatamente
depois dos preços das ações caírem, as empresas começaram a sentir o aperto de não ter
capital e começaram a despedir pessoas e a encerrar a produção. Houve uma crise de liquidez,
ou seja, nenhum tipo de empresas conseguia obter empréstimos para se manterem à tona.
Mesmo que estas empresas fossem totalmente solventes, não conseguiriam obter o tipo de
crédito comercial a curto prazo para pagar aos seus trabalhadores, para comprar novos
inventários ou para pagar aos seus fornecedores. Assim, ao irem à falência, despediram
pessoas e, ao despedirem pessoas, a procura caiu e é isso que causa danos traumáticos a toda
a sociedade.

Ao diminuir os empréstimos internacionais, os Estados Unidos deixaram de investir na


recuperação europeia. Isso fez com que a crise atravessasse o Atlântico e chegasse à Europa,
afundando o continente em uma grave recessão económica. Com a economia em crise, o
desemprego aumentou, o que motivou greves e manifestações sociais. Na Grã-Bretanha,
houve uma quebra na produção e milhões de pessoas perderam os seus empregos. A
Alemanha, ainda a sofrer com a derrota na Primeira Guerra Mundial, foi ainda mais duramente
atingida. Tantas pessoas tiveram as suas poupanças de vida destruídas durante a grande
depressão, que se tinha criado em muitos países o desejo de que algum governo autoritário
salvasse a economia. Os industriais europeus começaram a financiar grupos extremistas, como
os fascistas liderados por Benito Mussolini, na Itália, e os nazistas, na Alemanha, sob o
comando de Adolf Hitler, para manter a todo o custo a ordem social e conter as greves e
revoltas que se tornaram uma constante nas ruas das principais cidades da Europa.

Em 1933, Franklin Roosevelt chegou ao poder com a promessa de solucionar a crise que
afundou a economia americana e deixou milhões na pobreza. Com um plano de recuperação
económica conhecido por New Deal, o democrata pretendia fazer o caminho inverso dos seus
antecessores republicanos Calvin Coolidge e Herbert Hoover. Com o liberalismo em crise, a
solução foi que o Estado interviesse diretamente na economia, com a fiscalização das
atividades bancárias e a construção de obras públicas para gerar emprego.

O Partido Democrata, do qual fazia parte Roosevelt, é um dos dois partidos dominantes do
sistema bipartidário dos EUA, ao lado do Partido Republicano, que contava com o Coolidge e o
Hoover. Ambos os partidos são democráticos, pois dentre outros critérios, defendem a
salvaguarda das liberdades individuais, o Estado de direito, a separação de poderes, etc. O
Partido Democrata está associado à “esquerda democrática”, defendendo políticas sociais
assistencialistas e a intervenção estatal na economia. Já o Partido Republicano pode ser
denominado de um partido de “direita”, pelo apreço aos princípios conservadores, como a
defesa da propriedade privada, do livre mercado e da livre concorrência, fundamentalmente
reconhecendo o capitalismo, que estava muito aceso antes de 1929, mas com o crash e a
depressão, que fortaleceu os movimentos anticapitalistas, como o plano quinquenal da URSS,
os movimentos fascistas e o próprio New Deal dos EUA, enfraqueceu. Enquanto o comunismo
e o fascismo prosperavam, muitas nações colocavam barreiras para impedir o comércio livre e
viravam-se para dentro numa tentativa de salvar as economias. Assim, o nacionalismo
económico levou a guerras comerciais e, mais tarde, à Segunda Guerra Mundial.

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