Você está na página 1de 7

Centro Educacional Santa Rita de Cássia

História - 3º Ano EM Professor: Marlon Fonseca


9º ano

Capítulo 40 – Os anos 1920, a crise de 1929 e o New Deal

Durante os anos 1920, os Estados Unidos da América, conheceram acelerado crescimento econômico,
gerando riqueza e euforia entre a população, até que, em outubro de 1929, grave crise econômica eclodiu no país.
Muitos artistas desse período expressaram o que os trabalhadores viveram em decorrência da crise: desemprego,
fome, pobreza. Entre as duas guerras mundiais, a de 1914-1918 e a de 1939-1945, o mundo, e não apenas os EUA,
conheceu a prosperidade e a pobreza, o desperdício e a miséria, a alegria e a tristeza.

A estrela sobe: os Estados Unidos da América

A Primeira Grande Guerra (1914-1918) foi economicamente vantajosa para os EUA. Durante e após o conflito, o
país forneceu alimentos e produtos industrializados de que necessitavam os aliados europeus. Como resultado, a
economia do país cresceu – sobretudo os setores industrial e agropastoril.

De devedores, antes da guerra, os Estados Unidos transformaram-se em credores ao seu final – e na mais
importante economia industrial do planeta. Em 1929, os EUA eram responsáveis por mais de 42% da produção de
mercadorias do mundo.

Os países europeus viviam o inverso dessa situação. A guerra sacrificou milhões de vidas e desestruturou a
economia dos países envolvidos no conflito. Todos saíram economicamente enfraquecidos, com imensas dívidas e
descontrole dos preços. Na Áustria, por exemplo, os preços subiram 14 mil vezes somente em 1922. Na Alemanha,
um pouco de manteiga equivalia a sacos de dinheiro. Poupanças acumuladas ao longo de anos pela população
desapareceram com a inflação. E, se o desemprego diminuía nos Estados Unidos – em torno de 4% apenas no pós-
-guerra –, na Europa ele crescia vertiginosamente, oscilando entre 10% e 18%, de acordo com o país.

Os anos 1920: prosperidade e problemas

Desde o século XIX, os Estados Unidos atraíram muitos imigrantes, sobretudo europeus. Motivados pelas
oportunidades de um país em acelerado crescimento econômico, cerca de 33 milhões de europeus (britânicos,
irlandeses, poloneses, alemães, italianos, dentre outros) desembarcaram nos portos estadunidenses entre 1820 e
1930. Tratava-se de um importante e farta força de trabalho que contribuiu para o crescimento econômico do país.

Enquanto assumiam no cenário internacional o papel de primeira grandeza, com uma economia em grande
expansão, internamente os Estados Unidos enfrentavam alguns problemas.

Em 1918, o Congresso aprovou uma lei que impedia a produção e a comercialização de bebidas alcoólicas em todo
o país. A Lei Seca, como ficou conhecida, enquadrava-se no processo, já em curso, de disciplinar o trabalhador e
vinha ao encontro da forte onda de puritanismo que se alastrava no país. Contudo, ao contrário do que se esperava,
a lei resultou em corrupção, violência e na expansão do crime organizado.

Nessa época, a Ku Klux Klan (KKK), organização racista que se originou no sul dos Estados Unidos após a Guerra de
Secessão, ressurgiu com força e com a adesão dos mais variados segmentos da sociedade – estima-se que cerca de
15% da população estadunidense ingressou em suas fileiras na década de 1920. A KKK se espalhou pelo país e, além
de perseguir os afro-americanos, passou a mover campanha contra imigrantes, judeus e comunistas. Ampliava- -se
a xenofobia, baseada em um radicalismo racista, puritano e nacionalista.

Novas formas de interpretar o mundo


Na Europa, entre o final do século XIX e a eclosão da Primeira Guerra, a prosperidade econômica e os avanços
tecnológicos haviam provocado sonhos e ambições que se refletiram em um modo de vida despreocupado dos
europeus mais enriquecidos.

A atmosfera de otimismo que caracterizou a Belle Époque foi destruída com a dura realidade da guerra – e aqueles
sonhos e ambições de prosperidade infinita deram lugar ao pessimismo.

A Revolução Russa, que apontava para novos caminhos e mudanças no mundo, também contribuíra para a crise de
valores e crenças que se instaurou na Europa.

Mas, como épocas de crise são também momentos para a criação de novas ideias, artistas e intelectuais europeus
manifestaram sua consciência da crise em vários domínios, provocando renovação nas mais diferentes formas de
expressão artística: nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura, no teatro.

As críticas, sobretudo, eram ao modo de vida, à moral e à racionalidade burguesas – que, para eles, haviam levado
o mundo a um conflito mundial.

Na literatura, por exemplo, destacaram-se obras introspectivas, como as do francês Marcel Proust – Em busca do
tempo perdido – e do irlandês James Joyce – Ulisses. No teatro, ganharam notoriedade obras dramáticas, trágicas
e pessimistas, em oposição ao realismo que predominara até o início da guerra, com destaque para o trabalho do
siciliano Luigi Pirandello. Nas artes plásticas, uma série de movimentos se sucederam: futurismo, dadaísmo,
surrealismo.

O surrealismo

Surgido no entreguerras, o surrealismo foi um dos mais fecundos e duradouros movimentos artísticos do período.
Pessimista em relação à superioridade da razão, apegava-se à exploração do inconsciente, considerado como fonte
de toda poesia, e apoiava-se na teoria psicanalítica desenvolvida pelo austríaco Sigmund Freud, em grande
evidência na época.

O movimento começou em 1924, com a divulgação do Manifesto Surrealista, escrito pelo francês André Breton.
Breton defendia os processos automáticos da escrita: o pensamento deveria ser livre e ditado por si mesmo.
Utilizava- -se dos sonhos que, por escaparem do controle da razão, exprimiam melhor a realidade.

O surrealismo se difundiu e se desenvolveu em diferentes linguagens e países, sobretudo a partir de 1930. Na


pintura, por exemplo, o espanhol Salvador Dalí foi um de seus mais conhecidos expoentes.

Nas telas

Quando a Primeira Guerra eclodiu, o cinema ainda estava em seu início. A primeira apresentação do cinematógrafo
dos irmãos Auguste e Louis Lumière acontecera em 1895, com a exibição do filme (de apenas 60 segundos) A saída
dos operários da fábrica Lumière.

Entre 1914 e 1918, a indústria cinematográfica foi inibida na Europa, mas nos EUA ela cresceu e se desenvolveu,
sobretudo em Hollywood, um subúrbio de Los Angeles.

No pós-guerra, o cinema se consolidou com filmes de faroeste, policiais, musicais e, principalmente, comédias, que
ironizavam os costumes cotidianos, embora alguns ensaiassem críticas mais profundas.

A Era do Jazz

Na música, a grande novidade do período foi o jazz, um estilo disseminado pelos afro-americanos da cidade de
Nova Orleans por todo o mundo ocidental. O trompetista e cantor estadunidense Louis Armstrong e sua banda Hot
Five foram alguns de seus principais expoentes. Como o jazz, o blues, cuja origem também remonta à cultura
popular afro-americana, espalhou-se pelo mundo. Os negros estadunidenses também criaram uma dança vigorosa
e popular a que chamaram charleston, em homenagem à sua cidade de origem, Charleston, no estado da Carolina
do Sul. O foxtrot foi outra dança de salão muito popular no período.

2
Taylorismo

Os EUA revolucionaram a produção industrial com um método criado pelo engenheiro Frederick Taylor, que
aprofundava ainda mais a divisão do trabalho e introduzia a linha de produção (ou de montagem) no processo
produtivo.

O taylorismo, como essa forma de produção ficou conhecida, é também chamado de fordismo, por ter sido
introduzido inicialmente nas fábricas de automóveis da Ford, de propriedade do empresário estadunidense Henry
Ford.

Pelo método, a peça em fabricação era movida por meio de esteiras ao longo de toda a cadeia produtiva. As esteiras
não podiam parar: era a chamada linha de produção. Cada operário era especializado em uma função e responsável,
portanto, por uma única tarefa – apertar parafusos, instalar uma determinada peça e assim por diante.

O controle e a disciplina na fábrica, inaugurados pelo método de Taylor, foram complementados por uma série de
práticas instituídas por Henry Ford. Ele criou vilas operárias que cercavam a fábrica, e nas quais era possível vigiar
e disciplinar a vida privada dos trabalhadores. Para Ford, eles deveriam ser casados e, em hipótese alguma, ingerir
bebidas alcoólicas. Ford, inclusive, foi um dos principais defensores da Lei Seca. Além disso, defendia que os salários
pagos em suas fábricas fossem gastos em alimentos que lhes permitissem maior rendimento no trabalho.

A forma como Henry Ford organizou sua linha de montagem para a fabricação de automóveis foi seguida por
empresas de outros ramos, interessadas na diminuição do tempo gasto na produção industrial e na vigilância dos
operários. Como consequência, várias manifestações e greves ocorreram nas primeiras décadas do século XX.

A crise de 1929

A economia dos EUA conheceu grande expansão nos anos 1920. Mas os fundamentos dessa prosperidade eram
frágeis. Para o economista John Maynard Keynes ocorria um desequilíbrio entre o aumento da produção industrial
e a má distribuição da renda. Isto é, como os salários não acompanhavam o aumento da produtividade, a
capacidade de consumo da sociedade era reduzida.

Além disso, grande parte dos lucros das empresas não era reinvestida na produção, mas direcionada para a oferta
de crédito fácil à população ou para investimentos especulativos na Bolsa de Valores. A oferta de crédito
incentivava o endividamento para o consumo e a perspectiva de ganhos fáceis e rápidos na Bolsa estimulava a
compra de ações.

O mundo vivia, então, o auge do liberalismo econômico. Para os economistas liberais, era necessário deixar as
regras do mercado seguirem seu curso, sem interferência estatal. Cabia aos governos evitar a inflação com a
manutenção dos orçamentos equilibrados. Eles defendiam que a economia de livre mercado e da livre concorrência
era a solução para todos os problemas.

O problema era que a formação de grandes trustes, holdings e cartéis impedia, na prática, a livre concorrência. O
mercado não era tão “livre” quanto acreditavam os economistas liberais. A inexistência de mecanismos de controle
e fiscalização estatais permitiu a grande especulação com as ações na Bolsa.

No dia 24 de outubro de 1929, uma quinta-feira, quando a Bolsa de Nova York abriu, cerca de 12 milhões de ações
foram colocadas à venda. Mas, como não havia compradores suficientes, em apenas uma hora os preços
despencaram. O episódio ficou conhecido como a quebra (crash) da Bolsa de Nova York.

Na Bolsa investiam desde grandes empresários até pequenos poupadores da classe média e assalariados. Por isso,
a crise atingiu a todos.

Nas semanas seguintes, as ações continuaram em queda e os preços dos imóveis também despencaram,
provocando a correria de multidões aos bancos para retirar seu dinheiro. Isso levou 9 mil pequenos bancos à
falência. Os devedores não puderam pagar suas dívidas porque perderam tudo na Bolsa. Os credores, por sua vez,
ficaram sem receber os empréstimos que concederam.

3
Os Estados Unidos conheceram, então, um processo chamado de Grande Depressão, ou seja, uma profunda e longa
recessão econômica.

Os preços caíram. As empresas faliram. E o desemprego chegou a 25% da população economicamente ativa, em
1932.

A superprodução de alimentos levou à queda vertiginosa dos preços agrícolas, empobrecendo fazendeiros e
trabalhadores do campo – cerca de 20% da população ativa do país.

Em um primeiro momento, o governo não interveio na economia, acreditando que as próprias leis do mercado
retirariam o país da recessão. Mas o resultado foi o agravamento da crise econômica. Desesperança, medo e
insegurança espalhavam-se pelos EUA.

A crise toma o mundo

O capitalismo já tinha passado por outras crises no passado. Mas essa, de caráter mundial, era diferente: ela atingiu
indistintamente os países ligados pelo comércio e pelo sistema financeiro internacionais. Em 1933, os empréstimos
financeiros entre os países caíram 90%. A crise de 1929 afetou, sem exceção, todos os setores da economia:
indústria, agricultura, pecuária, mineração, comércio, bancos, transportes.

Entre 1929 e 1939, o comércio mundial conheceu retração de um terço. As importações estadunidenses foram
reduzidas em 70%, prejudicando a economia de vários países. As falências bancárias nos EUA atingiram a Europa,
em decorrência dos empréstimos interbancários, provocando o fechamento de importantes bancos europeus.

No Brasil, a crise foi catastrófica para a economia baseada na exportação do café. Para os agricultores brasileiros,
significou a mais completa ruína.

Em muitos países, o desemprego atingiu níveis dramáticos. E a inexistência de um sistema de previdência pública
agravou ainda mais essa situação. Calcula-se que no auge da crise, no início dos anos 1930, 23% dos trabalhadores
britânicos e 44% dos alemães ficaram desempregados. Nesse contexto, os que perderam seu emprego pararam de
consumir e os que conseguiram mantê-lo passaram a consumir o mínimo necessário, temendo o futuro. Essa queda
do consumo levou muitas empresas à falência – e outros tantos trabalhadores ao desemprego, agravando ainda
mais a crise.

A crise liberal

Com a Grande Depressão o liberalismo econômico caiu no descrédito. Para muitos economistas, a crise teve origem
nas práticas liberais de condução da economia.

A crise atingiu tão duramente as sociedades que acabou contribuindo para o fortalecimento de soluções
alternativas ao liberalismo econômico e à democracia liberal. Movimentos autoritários de direita, como o fascismo
na Itália e o nazismo na Alemanha, cresceram e ganharam força nesse contexto. Modelos de esquerda alternativos
ao socialismo soviético, como a social-democracia na Suécia, também.

O capitalismo desmoronou com a crise de 1929. E, com ele, os princípios que regiam a economia liberal.

O New Deal

O governo do republicano Herbert Hoover, adepto do liberalismo econômico, não tinha instrumentos para reverter
a crise. Ele acreditava que as leis da oferta e da procura e o princípio da livre-iniciativa resolveriam a crise. No
entanto, os números da Grande Depressão tornavam-se cada vez mais assustadores em sua gestão.

Em março de 1933, quando o candidato do Partido Democrata Franklin Delano Roosevelt assumiu a presidência
dos EUA, a situação era da maior gravidade: a recessão havia atingido seu apogeu.

Roosevelt, então, lançou um plano de recuperação econômica intitulado New Deal (Novo Pacto). Reunindo
intelectuais de importantes universidades do país, ele formou o que ficou conhecido como “truste de cérebros”
(brain trust). Eles deveriam elaborar medidas para retirar o país da crise.
4
Algo era claro para o grupo: as regras do liberalismo econômico deveriam ser abandonadas e o Estado, intervir na
economia.

Os economistas que auxiliavam Roosevelt defendiam que a população deveria ter dinheiro para consumir,
permitindo, dessa forma, que as fábricas voltassem a vender – e a produzir. Os grandes conglomerados
empresariais, além disso, deveriam ser submetidos a regras e leis e fiscalizados por órgãos estatais. Tudo isso
exigiria gastos do governo federal, o que geraria déficit no orçamento público.

O primeiro ato importante do governo foi a Lei Bancária de 1933, que garantia aos investidores que os depósitos
bancários seriam mantidos. Com a iniciativa, Roosevelt deu solidez ao sistema bancário do país, com rígido controle
estatal sobre as instituições financeiras.

O segundo, implementado nesse mesmo ano, beneficiava os produtores agrícolas. O governo assumiu as dívidas
dos devedores e, depois, os incentivou a reduzir a área plantada. Em alguns setores, chegou a pagar para que não
plantassem. Isso elevou os preços dos produtos agrícolas – e a remuneração dos fazendeiros.

No caso da indústria, o Estado fez acordos com os empresários. O objetivo era estabelecer regras mais leais de
concorrência entre as empresas. Na prática, contudo, resultou no fortalecimento dos trustes e dos cartéis.
Empresas estatais também foram fundadas, como a Tennessee Valley Authority, construtora de usinas
hidrelétricas.

Roosevelt ainda fixou um salário-mínimo para os trabalhadores e reduziu a jornada de trabalho para 35 ou 40 horas
semanais, dependendo da categoria. Criou também milhares de vagas de emprego com o financiamento de obras
públicas: cerca de 2,5 milhões de trabalhadores foram contratados para drenagem de pântanos, reparação de
estradas e outras atividades.

As políticas públicas de Roosevelt eram de intervenção no mercado, de investimentos públicos, de regulamentação


da economia, de intermediação nas relações entre patrões e empregados e de criação de empresas estatais. O New
Deal tinha diretrizes que contrariavam frontalmente os princípios da economia liberal.

Primeiros sinais positivos

Alguns efeitos do New Deal foram sentidos já no final de 1934. Os preços voltaram a subir e a renda nacional cresceu
20%. Embora o número de desempregados continuasse enorme – 11 milhões –, os estadunidenses voltaram a ter
esperanças.

A partir de 1935, Roosevelt aprofundou ainda mais as políticas intervencionistas do Estado. Uma série de leis sociais
foi promulgada, como a Lei de Seguridade Social, reconhecendo direitos dos trabalhadores. Não casualmente,
Roosevelt foi reeleito em 1936 – seria novamente reeleito em 1940 e 1944.

Em 1937, os índices econômicos já se mostravam melhores, embora o desemprego ainda continuasse alto. Receoso
de que o déficit público gerasse inflação, o governo realizou cortes no orçamento, suspendendo diversas obras
públicas. O resultado foi desastroso, com o retorno da recessão. A produção caiu em níveis alarmantes e o
desemprego aumentou ainda mais.

A partir daí, novos e grandes investimentos estatais passaram a ser realizados, sobretudo em obras públicas, como
eletrificação rural e modernização de estradas e portos. Tais iniciativas beneficiavam as empresas e ofereciam
empregos aos trabalhadores, detendo, assim, o colapso da economia estadunidense.

As grandes encomendas governamentais para a indústria bélica estadunidense, que passaram a ser feitas após a
eclosão da Segunda Guerra Mundial, reativaram de vez a economia do país: navios de guerra, tanques, aviões,
automóveis, armas, uniformes etc. As políticas intervencionistas do New Deal atingiram, então, o apogeu, pondo
fim à Grande Depressão.

Revoluções no México

5
Em 1876 e 1910, O México estava sob o governo ditatorial de Porfírio Díaz, que permaneceu no poder por meio de
eleições manipuladas. Nessa época, o país passou por grande crescimento econômico, porém beneficiando
latifundiários e empresários. Os trabalhadores urbanos e os camponeses enfrentavam muitas dificuldades.

No processo de formação dos latifúndios, milhares de camponeses perderam suas terras, gerando revolta entre a
população rural.

Em 1910, a oposição liberal apresentou como candidato Francisco Madero – liberal por formação, preocupado com
as liberdades políticas, mas que em campanha não abordou questões sociais. Segundo ele, “o povo não quer pão,
quer liberdade”.

Pouco antes das eleições, Madero foi preso pela polícia de Porfírio Díaz, que foi reeleito em outra eleição
fraudulenta. Ao sair da prisão, Madero foi para os Estados Unidos e lança um manifesto, o Plano de São Luís –
declarou nula a eleição, autoproclamou-se presidente provisório do México e incitou o povo à revolta.

Apoiado por diversos líderes rurais, dentre os quais Pancho Villa e Emiliano Zapata. No início de 1911, grupos
armados atacaram o Exército Federal e a revolução liderada por Madero foi vitoriosa, obrigando Porfírio Díaz ao
exílio. Em junho, Madero entra triunfante na Cidade do México e, em 1º de outubro é eleito presidente da República
com 98% dos votos.

Madero não se preocupou com as injustiças sociais, principalmente no campo. A reforma agrária não foi realizada.
Por essa razão, Zapata rompeu com Madero, exigindo a devolução das aterras aos camponeses do sul do país.
Latifundiários, banqueiros, industriais, grandes comerciantes, militares e políticos conservadores começaram a
conspirar contra o governo. Em 19 fevereiro de 1913, Madero foi deposto, teve prisão determinada pelo general
Victorino Huerta e fuzilado três dias depois.

Projetos Revolucionários

A revolução mexicana dividia-se em pelo menos três projetos políticos.

Pancho Villa representava os interesses de uma ampla população que vivia no norte do México e que há muito
tempo perdera suas terras, tornando-se assalariada. A região norte era a mais desenvolvida do país, com grandes
investimentos em minas e petróleo. Villa defendia o projeto de sociedade baseado em colônias, ao mesmo tempo
agrícolas e militares, que seria integrada pelo camponês armado.

O projeto de Emiliano Zapata era diferente. Na região centro-sul, havia uma imensa população com forte cultura
indígena, acostumada a viver em aldeias, trabalhando em lotes familiares e em terras comunais. A formação de
grandes latifúndios, transformou os camponeses em miseráveis peões ou migrantes sem rumo, pois a região era
pouco desenvolvida. O projeto zapatista limitava-se à devolução das terras aos camponeses.

O projeto de Venuziano Carranza, dizia que somente o governo federal poderia realizar projetos sociais, sobretudo
a reforma agrária. No início de 1913, Carranza lançou um programa de combate à ditadura de Huerta: o Plano
Guadalupe, que instituía o Exército constitucionalista.

No Início de 1914, Huerta já não tinha como suportar os ataques das tropas de Carranza e dos exércitos camponeses
de villistas e zapatistas. Huerta foi derrotado, sobretudo quando os Estados Unidos enviou tropas ao México,
alegando proteger seus interesses naquele país. Carranza assume o poder.

Novos Conflitos

A vitória contra a ditadura resultou em novos conflitos. Villa e Zapatta não reconheciam a autoridade do novo
governo, o que levou as tropas camponesas a combaterem o exército de Carranza, mergulhando o México em outra
guerra civil.

No final de 1914, os exércitos camponeses controlavam a maior parte do país. Villa e Zapata preocupavam-se
principalmente com suas regiões, faltando a eles um projeto de Estado nacional. Isso Carranza tinha.

6
No início de 1915, Carranza decretou a Lei agrária, dando início ao processo de devolução das terras aos
camponeses, principalmente no sul. Nesse mesmo ano, alia-se à Casa do Operário Mundial, a maior central sindical
do país. Apoiando as lutas dos trabalhadores urbanos, Carranza conseguiu reunir grandes contingentes de homens
na luta contra Villas e Zapata. Após várias batalhas, as tropas camponesas foram derrotadas.

Em 1915, as guerras acabaram. Zapata foi morto em uma emboscada em 1919 e Villas em 1923, também por
emboscada.

A revolução continua

O Governo de Carranza convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, objetivando institucionalizar a Revolução.
Em 1917, o país passa a ter uma Constituição com inovações: leis sociais favorecendo os trabalhadores urbanos,
legislação agrária que concedia terras aos camponeses, educação laica, nacionalização das terras e do subsolo. Essa
constituição encerra o processo revolucionário iniciado em 1910.

A Revolução foi consolidada pelo Partido Nacional Revolucionário, que dominou o país por quase todo o século XX
e que mais tarde passaria a chamar-se Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Entre os governos que se declararam herdeiros da Revolução, o mais inovador foi o de Lázaro Cárdenas que
governou entre 1934 e 1940, estendendo a reforma agrária, limitada ao centro sul, a todo o país. Metade das terras
cultiváveis foram entregues aos camponeses, extinguindo o sistema de latifúndio.

Investimentos foram realizados com o objetivo de estimular o desenvolvimento econômico, sobretudo nos setores
de comunicação, agricultura e irrigação. O país experimentou uma fase próspera de industrialização. Estatizou-se
as ferrovias e o setor petrolífero, então dominado por multinacionais inglesas e norte-americanas.

Você também pode gostar