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ESCOLA DE NÁUTICA DE RECREIO

MANUAL
PARA O CURSO DE
MARINHEIRO

ELABORADO POR:
Tiago Carmo
Coordenador Técnico Pedagógico

ASSOCIAÇÃO NÁUTICA DA TORREIRA


MANUAL CURSO MARINHEIRO

Índice
A Navegação .................................................................................................................................................................................................... 2
Classificação das ER quanto à zona de navegação ...................................................................................................................................... 8
Equipamentos de segurança das ER ............................................................................................................................................................. 8
Vamos ver o que é um barco .......................................................................................................................................................................... 9
Tipos de embarcações ................................................................................................................................................................................ 10
Nomenclaturas e medidas lineares ............................................................................................................................................................ 11
Palamenta................................................................................................................................................................................................... 14
Tipos de propulsão ..................................................................................................................................................................................... 16
Qualidades náuticas da embarcação ........................................................................................................................................................... 18
Cabos, voltas e nós ........................................................................................................................................................................................ 19
Manobras ...................................................................................................................................................................................................... 22
Fundear e suspender................................................................................................................................................................................... 26
O ferro ....................................................................................................................................................................................................... 28
Atracar e desatracar ................................................................................................................................................................................... 30
R.I.E.A.M. 72 ................................................................................................................................................................................................ 33
Balizagem ...................................................................................................................................................................................................... 48
Faróis ............................................................................................................................................................................................................. 56
Marés ............................................................................................................................................................................................................. 58
Elementos das marés .................................................................................................................................................................................. 60
Tabelas das Marés...................................................................................................................................................................................... 61
A Segurança no Mar..................................................................................................................................................................................... 64
Manobra de Homem ao Mar ...................................................................................................................................................................... 66
Segurança no meio marinho....................................................................................................................................................................... 69
Sinais de aviso de mau tempo .................................................................................................................................................................... 70
Escala de Beaufort ..................................................................................................................................................................................... 71
Combate a incêndio ...................................................................................................................................................................................... 73
Primeiros Socorros ....................................................................................................................................................................................... 75
Suporte Básico de Vida.............................................................................................................................................................................. 79
Comunicações ............................................................................................................................................................................................... 80
Tipos de comunicações .............................................................................................................................................................................. 80
A forma de comunicar .............................................................................................................................................................................. 80
Código Internacional de Sinais .................................................................................................................................................................. 81
As Radiocomunicações ............................................................................................................................................................................. 81
Comunicação de Emergência ..................................................................................................................................................................... 82
Pedido de Socorro ...................................................................................................................................................................................... 83
GMDSS ..................................................................................................................................................................................................... 85
Áreas de Navegação Marítimas ................................................................................................................................................................. 86
EPIRB e SART .......................................................................................................................................................................................... 87

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COMUNICAÇÕES

Introdução
Desde os primórdios da navegação que o homem sentiu a necessidade de comunicar no mar. As
comunicações são um meio essencial de coordenação, controlo e segurança da navegação, constituindo
também um suporte as atividades económicas e de recreio que se desenvolvem no mar.
Para poder comunicar é importante que o navegante conheça os meios de comunicação existentes
e os sistemas que tem a sua disposição, as suas potencialidades e limitações. Mas para comunicar com
eficiência, não basta conhecer os meios disponíveis. É necessário conhecer os procedimentos corretos
para cada sistema e para cada ocasião. Só assim se pode garantir que os meios de comunicação disponíveis
sejam corretamente utilizados, evitando-se atrasos e perdas de tempo indesejáveis e permitindo que as
comunicações marítimas estejam efetivamente ao serviço de todos que delas possam necessitar.
Neste capítulo, o leitor tomará conhecimento de alguns conceitos básicos das comunicações,
pretendendo-se que fique alertado para a importância das normas e procedimentos a seguir.

Tipos de Comunicações
Existem quatro tipos de comunicações:
1. Navio-navio
2. Navio-terra
3. Terra-navio
4. Navio-aeronave

A forma de comunicar
Duas entidades quando comunicam entre si identificam-se por um grupo de letras (normalmente
quatro) a que se chama Indicativo de Chamada.
Para que a comunicação se faça é necessário que a mensagem se transmita através de um
equipamento de comunicações, usando um dos seguintes meios físicos para se propagar:
Som, Luz e Ondas Rádio.

Meios de Comunicação
Comunicações visuais
• Morse luminoso
• Sinais por bandeiras

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Comunicações por rádio


• Radiotelefonia (voz)
• Radioteleimpressora (telex)
• Transmissão de dados (computador)
• Fac-símile

Comunicações acústicas
• Morse

Código Internacional de Sinais


O Código Internacional de Sinais está estabelecido no âmbito da Organização Marítima
Internacional (IMO) e destina-se a facilitar a comunicação no mar através da codificação de um conjunto
de sinais básicos considerados fundamentais para a segurança da navegação e de pessoas, e ainda para
ultrapassar dificuldades de língua.
Em Portugal, o CIS é editado pelo Instituto Hidrográfico e está dividido em três secções que são
as Instruções, a Secção geral e a Secção Médica.

As Radiocomunicações
As radiocomunicações são regidas a nível internacional pela União Internacional para as
Telecomunicações (UIT). Portugal é membro da UIT e como tal as disposições deste organismo são
seguidas pelas autoridades nacionais. Nos regulamentos das radiocomunicações da UIT vêm definidas
uma série de regras que cobrem desde o procedimento usado até às frequências estabelecidas paras as
radiocomunicações.
A UIT edita cinco publicações que toda a estações móvel (navio/aeronave) deve possuir:
1. Manual para o uso de serviços Móvel Marítimo e Móvel Marítimo por Satélite;
2. Lista de Estações Costeiras;
3. Listas de Estações Móveis;
4. Lista dos Indicativos de Chamada e Indicativos Numéricos;
5. Lista das Estações Radiogoniométricas e de Serviço Especial

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Comunicações de Emergência
As comunicações de emergência podem-se dividir em tráfego de Socorro, Urgência e Segurança.
• Socorro: Usado quando um navio, aeronave, ou outro veículo está ameaçado por um perigo
grave e iminente e pede assistência imediata.
• Urgência: Usado quando a estação tenho uma Mensagem muito urgente para transmitir,
relativa à segurança do navio, aeronave, ao outro veículo, ou a segurança de uma pessoa.
• Segurança: usado quando a estação vai transmitir uma Mensagem que contém um aviso a
navegação vital o importante, ou um aviso meteorológico importante.
Os sinais usados para elencar os diversos tipos de comunicações de emergência em radiotelefonia
são de acordo com a seguinte tabela.

Radiotelefonia (voz)
SOCORRO MAYDAY
URGÊNCIA PAN
SEGURANÇA SÉCURITÉ

Quando ouvir um destes sinais, preste atenção porque significa que a comunicação que se segue é
de importância vital.

Frequências
As comunicações de emergência efetuam se em frequências pré-estabelecidas, onde as estações
costeiras, abertas ao serviço Público Internacional, e as estações móveis, de acordo com as suas
capacidades, são obrigadas a manter escuta permanente a fim poderem desencadear uma operação de
socorro.
As principais frequências são:
Banda Frequência Serviço
HF 2182 Khz Radiotelefonia
VHF 156.8 Mhz Radiotelefonia

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A utilização das frequências de emergência deve ser criteriosa, havendo procedimentos que
normalmente são usados para a passagem de informação.
Assim importa ter em conta determinadas regras básicas:
1. Nas frequências de emergência não se deve transmitir serviço que não seja relativo à
segurança da navegação;
2. Se por motivos imperiosos segurança da navegação for necessário utilizar uma destas
frequências, deve se primeiro escutá-la a fim de garantir que não há em curso um pedido
de socorro ou comunicações relativas uma ação de salvamento.
3. As estações costeiras utilizam normalmente a frequência de 2182 khz para passarem
informações relativas a segurança da navegação - avisos aos navegantes de natureza vital,
avisos de temporal, etc…
4. A frequência de 156.8 Mhz corresponde ao canal 16 de VHF e é usada no mar para
estabelecer contato com outros navios, ou para pedidos de socorro quando haja perigo para
a navegação;
5. Excetuando é quando das comunicações de socorro, após o estabelecimento do primeiro
contato as estações devem mudar para outra frequência (canais de trabalho). Conforme o
tipo de tráfego, estão estabelecidos canais de trabalho em VHF. Os roteiros dos portos e as
agendas náuticas consideram esta informação.

Pedido de Socorro
O tráfego de socorro tem prioridade absoluta sobre todo o tipo de comunicações. A estação que
ouvir uma chamada de socorro deve interromper as suas comunicações e passar à escuta.
Uma estação não deve dar ou recebido a uma comunicação de socorro antes desta ter terminado.
A estação que der ou recebido fica responsável pelo desencadear das operações de socorro.

Procedimento Radiotelefónico
O procedimento radiotelefónico é:
1. Sinal de alarme (sempre que possível)
composto por 2 frequências áudio (2200 Hz e 1300Hz) transmitidas
alternadamente, durante 30 a 60 segundos.

2. Chamada de socorro
Sinal de socorro MAYDAY (três vezes)
Nome o indicativo de chamada (três vezes)

3. Mensagem de socorro
Inclui os seguintes elementos:
MAYDAY
Nome ou indicativo de chamada
Posição do navio
Natureza do acidente e ajuda necessária
Outras informações adicionais

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Exemplo de um pedido de socorro em radiotelefonia


MAYDAY MAYDAY MAYDAY
AQUI CYSA CYSA CYSA
MAYDAY
CYSA
34 15 NORTE 009 20 OESTE
ENTRADA DE ÁGUA, NECESSITO DE REBOQUE
PESSOA FERIDA COM GRAVIDADE A BORDO

Tráfego de socorro
A receção de um pedido de socorro obriga as estações que o recebem, a desencadear
esforços no sentido de garantir o desenvolvimento das ações de salvamento apropriadas.
Quando a estação recetora não tenha possibilidade efetuar ela própria as ações de
salvamento, deverá fazer chegar todas as informações que dispõe o mais rapidamente possível às
autoridades competentes, nomeadamente através das estações de rádio costeiras, para que estas
possam agir em conformidade.
Todas as comunicações relativas há um pedido de socorro e às ações de salvamento
constituem o chamado tráfego de socorro. este tráfego utiliza as frequências de socorro e tem
prioridade absoluta sobre todos os outros tipos de comunicação. as estações que não estejam
envolvidas diretamente nas ações devem evitar interferir.

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SISTEMA MUNDIAL DE SOCORRO E DE SEGURANÇA


MARÍTIMA - GMDSS

O sistema mundial de socorro e segurança marítima, habitualmente conhecido pela sigla inglesa
GMDSS - Global Maritime Distress and Safety System, baseia-se numa combinação de serviços e
comunicações proporcionados por satélites e por estações terrestres, fazendo utilização extensiva de
sistemas automáticos (por exemplo, em situações de emergência os equipamentos GMDSS terão
capacidade para enviar automaticamente mensagens de socorro, sem qualquer intervenção dos
operadores).
O GMDSS entrou em vigor em 1992, para os navios de classe SOLAS, construídos após essa data,
tendo sido estabelecido que os navios construídos antes de 1992 deveriam estar conformes com a
regulamentação GMDSS até 1 de fevereiro de 1999. os navios classe SOLAS, são todos os navios de
carga com mais de 300 toneladas, todos os navios de passageiros com mais de 12 passageiros que efetuem
viagens internacionais e os navios de passageiros com mais de 100 toneladas que efetuem viagens
domésticas. a maior parte das embarcações de recreio e todos os outros navios com menos de 300 t não
estão sujeitos às disposições do GMDSS.
O GMDSS veio integrar num sistema global alguns subsistemas que já se encontravam a funcionar
com bons resultados. Foi o caso do sistema COSPAS-SARSAT, do serviço NAVTEX, das balizas Search
And Rescue Tansponder (SART), e do serviço INMARSAT De comunicações por satélite. A grande
novidade do GMDSS foi ter tornado obrigatória a existência acordo de alguns destes sistemas, não
possuíam esse caráter de obrigatoriedade. além disso os navios passaram a ser obrigados a possuir
terminamos em função da área onde navegam e não em função da sua tonelagem.
Adicionalmente, o GMDSS também introduziu algumas novidades, como por exemplo a Chamada
Seletiva Digital (Digital Selective Calling – DSC) e a SafetyNet. O DSC é um mecanismo de chamada
automática, destinado a iniciar comunicações navio-navio, terra-navio e navio-terra. O DSC pode ser
usado em equipamentos de várias gamas de frequências (nomeadamente VHF, MF, HF), dispensando os
operadores de rádio. A utilização do DSC permite efetuar chamadas seletivas dentro de uma rede, acesso
automático a todos os navios e estações costeiras, transmissão digital de mensagens pré formatadas (por
exemplo: mensagens de socorro), além de outras facilidades avançadas que não interessa mencionar.

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Áreas de Navegação Marítimas


Outra grande inovação do GMDSS foi a criação de várias áreas marítimas, em função da
proximidade as estações de rádio terrestres. estas áreas são as seguintes:
Área A1: Área dentro da cobertura radiotelefónica de pelo menos uma estação costeira em
VHF-DSC (cerca de 20 a 30 milhas).
Área A2: Área fora da área A1, mas dentro da cobertura radiotelefónica de pelo menos
numa estação costeira em MF (cerca de 100 a 200 milhas).
Área A3: Área, com a exclusão das áreas A1 e A2, mas dentro da cobertura dos satélites
INMARSAT.
Área A4: Área para fora das áreas A1, A2 e A3, que corresponde genericamente às regiões
polares, onde não se recebe o sinal dos satélites INMARSAT,
Dentro da área A1, que é de maior interesse para a navegação de Recreio, os navios só são
obrigados possuir comunicações em VHF, mas o tradicional canal 16, para chamada socorro e segurança,
foi substituído pelo canal 70, sendo as chamadas feitas automaticamente através de DSC.

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EPIRB e SART
Além dos equipamentos de comunicações acima referidos, todos os navios de classe solas são
obrigados, no âmbito do GMDSS, apossuir um Emergency Positioning-Indicating Radio Beacon (EPIRB)
e uma baliza SART.
As EPIRB’s são balizas montadas no exterior dos navios e que podem ser ativadas manualmente
ou automaticamente, transmitindo um sinal de socorro que é detetado pelos satélites do sistema COSPAS-
SARSAT e retransmitido aos centros Maritime Rescue Co-ordination Centre (MRCC) por todo o mundo,
de forma a desencadear a ação de busca e salvamento (vulgarmente conhecida pela sigla inglesa SAR –
Search And Rescue).
As SART são balizas destinadas Acer transportadas nas balsas salva-vidas ia responder às
emissões de radar de outros navios, fazendo aparecer do seu display um sinal semelhante a um RACON
(ver imagem), facilitando a localização da balsa e possibilitando a sua deteção a distâncias na ordem das
10 milhas.

EPIRB SART

Imagem no radar de sinal SART

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