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APOSTILA 

Direito do Consumidor | 2ª ed.

SUMÁRIO

1. A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR E SUA PROTEÇÃO NO ORDENAMENTO


JURÍDICO BRASILEIRO 3

2. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 4

3. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO 5

a) R​elação de Consumo 5
b) E​lementos da Relação de Consumo 6
● E​lemento Subjetivo (sujeitos envolvidos na relação de consumo) 6
● E​lemento Objetivo (objetos da relação de consumo) 6

4. TEORIAS DOUTRINÁRIAS PARA DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR 7

5. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR 8

6. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 9

a) R​esponsabilidade pelo Fato/ Defeito do Produto ou Serviço (art. 12 e seguintes) 9


b) R​esponsabilidade pelo Vício do Produto ou Serviço (art. 18 e seguintes) 9
c) R​esponsabilidade pelo Fato/ Defeito/ Acidente de Consumo 9
● E​spécies de Defeito 10
● Objetivo 11

​ atureza da Responsabilidade no Código de Defesa do Consumidor


d) N 12
e) R​ esponsabilidade pelo Vício do Produto/Serviço 13

● Espécies de Vícios 13

f) ​Natureza Jurídica da Responsabilidade 13

7. PRAZOS PARA RECLAMAR DE DEFEITOS E VÍCIOS EM PRODUTOS E SERVIÇOS 16

8. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 16

a) R​esponsabilidade das Sociedades (art. 28, §§ 2.º, 3.º e 4.º, do cdc) 17

9. PUBLICIDADE (ART. 37 DO CDC) 18

a) E​spécies de Práticas Comerciais Abusivas (art. 39 do cdc) 19

10. PROTEÇÃO CONTRATUAL 20

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1. A VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR E SUA PROTEÇÃO NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Inicialmente é preciso salientar que a tutela do consumidor não se restringe ao Código de Defesa
do Consumidor, mas, sim, sendo desenvolvida em todo o ordenamento jurídico.
Logo, se existir uma norma mais benéfica ao consumidor no Código Civil, ela prevalecerá sobre a
norma do CDC. Isto porque o consumidor, afastado do polo produtivo, é o elo mais frágil da
relação de consumo.
O consumidor é sempre vulnerável, então ele merece uma proteção específica do legislador.
Deve-se afirmar, portanto, que ​a vulnerabilidade é inerente ao conceito de consumidor​. Só é
consumidor o vulnerável, sob pena de se dar proteção a quem não necessita.
Isso se justifica, pois, a intenção do sistema consumerista é o equilíbrio da relação de consumo,
pegando a parte fraca, vulnerável e concedendo uma série de direitos para o equilíbrio da
relação.
O art. 1º, III, da Carta Magna estabelece como fundamento da República a ​dignidade da pessoa
humana.​ Decorrente desse fundamento de toda uma nova ordem constitucional foi incluído no
texto da Carta um artigo para cuidar dos direitos e garantias fundamentais em extenso rol: o art.
5º.
O mencionado artigo traz em seu rol a necessidade de proteção do consumidor pelo Estado, em
seu inc. XXXII, estabelecendo que “o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do
consumidor”.
Mais adiante, ao cuidar da ordem econômica, no art. 170, V, a Constituição Federal estabeleceu
como um dos seus princípios a defesa do consumidor.
O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), em seu art. 48, fixou prazo de 120
dias da promulgação da Constituição para que o Congresso Nacional elaborasse um Código de
Defesa do Consumidor.
Importante destacar que todos os dispositivos constitucionais mencionados buscam respeitar o
também princípio constitucional da igualdade, equilibrando uma relação jurídica que, conforme
mencionado, é desigual, desequilibrada.
Busca-se, assim, tratando-se desigualmente os desiguais, dando-se proteção para o vulnerável, o
mais fraco, fazer um ​discrimen l​ egal, fundamental para que a relação jurídica possa estar de
acordo com o Direito.

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2. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR

Princípio da dignidade da pessoa humana: a defesa dos consumidores e a tutela de seus


interesses nada mais são do que uma das faces da defesa da dignidade da pessoa humana.

Princípio da proteção: Conforme o preceito Constitucional (art. 5º, XXXII), cabe ao Estado o dever
de proteger o consumidor, devido a condição de desigualdade existente nas relações de
consumo, portanto, as normas do consumidor deverão ser aplicadas para equilibrar tais relações,
estabelecendo a igualdade entre as partes.

Princípio da transparência: entende-se como um dos pilares da boa-fé objetiva, em que impõe o
dever de o fornecedor informar, necessariamente, de modo adequado o consumidor, suprindo-se
assim todas as informações tidas essenciais para o melhor aperfeiçoamento da relação de
consumo, garantindo inclusive a livre escolha do consumidor de contratar o fornecedor.

Princípio da vulnerabilidade: trata-se do reconhecimento da fragilidade do consumidor da relação


entre o fornecedor. A vulnerabilidade é requisito essencial para a caracterização de uma pessoa
como consumidora, assim, tal vulnerabilidade pode ser técnica, jurídica, fática, socioeconômica e
informacional.

Princípio da boa-fé objetiva e do equilíbrio: é a regra de conduta, trata-se de um dever


permanente entre as partes em suas relações, devendo pautar na lealdade, honestidade e
cooperação.

Princípio da informação: ​O consumidor tem o dever de receber a informação adequada, clara,


eficiente e precisa sobre o produto ou serviço, bem como de suas especificações de forma correta
(características, composição, qualidade e preço) e dos riscos que podem apresentar.

Princípio da facilitação da Defesa: é garantido ao consumidor a facilitação dos meios de defesa


de seus direitos, pelo motivo que este tem maior dificuldade para exercitar seus direitos e
comprovar situações, às vezes por falta de técnicas, materiais, processuais, fáticas ou mesmo
intelectuais, daí, um dos meios de facilitação de defesa é a inversão do ônus da prova, portanto,
difere-se da relação de direito civil em que a prova incube a quem o alega, pois que na relação de
consumo, o consumidor reclama em juízo, e o fornecedor deverá provar em contrário.

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Princípio da revisão das cláusulas contratuais: o consumidor tem o direito de manter a


proporcionalidade do ônus econômico que implica ambas as partes, consumidor e fornecedor, na
relação jurídico-material, portanto, toda vez que um contrato de consumo acarretar prestações
desproporcionais, o consumidor tem o direito à modificação das cláusulas contratuais para
estabelecer e restabelecer, a proporcionalidade e o direito a revisão de fatos supervenientes que
tornem as prestações excessivamente onerosas.

Princípio da conservação dos contratos: o objetivo do CDC é apenas conservar os contratos, para
tanto, havendo desproporcionalidade ou onerosidade excessiva, devem ser feitas modificações
ou revisões com o intuito de sua manutenção, assim, a extinção contratual é em ultima hipótese
quando não houver outra possibilidade de adimplir com as obrigações, ocorrendo ônus excessivo
a qualquer das partes.

Princípio da solidariedade: trata-se de mais uma defesa processual em que, ao autor da ofensa,
todos respondem solidariamente, pela reparação dos danos.

Princípio da igualdade: é a proteção ao consumidor, ao exigir boa-fé objetiva na atuação por parte
do fornecedor, para garantir o equilíbrio entre as partes, tem o consumidor o direito de ser
informação, à revisão contratual, e à conservação do contrato, sempre com o intuito de colocar o
consumidor em par de igualdade nas contratações.

3. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO

RELAÇÃO DE CONSUMO

Relação de consumo é a relação jurídica formada por um consumidor e um fornecedor ligados por
pelo menos um produto e/ou serviço.

ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO

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ELEMENTO SUBJETIVO (SUJEITOS ENVOLVIDOS NA RELAÇÃO DE CONSUMO)

a) Consumidor: pessoa física ou jurídica que adquire produtos e utiliza serviços como destinatário
final no mercado de consumo (art. 2.º do CDC). Será também consumidor, por equiparação, a
coletividade de pessoas (parágrafo único do art. 2.º do CDC), aquele que for vítima do acidente
de consumo (art. 17 do CDC) e as pessoas expostas a uma determinada prática comercial (art.
29 do CDC); e
b) Fornecedor: pessoa física, jurídica, pública, privada ou ente despersonalizado que desenvolve
atividade econômica no mercado de consumo (art. 3.º do CDC).

ELEMENTO OBJETIVO (OBJETOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO)

a) Produto: qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial que tenha valor econômico,
destinado a satisfazer uma necessidade do consumidor (art. 3.º, § 1.º, do CDC). É importante
lembrar que a forma de aquisição e o estado que o produto se encontra (novo ou usado) é
irrelevante para a sua caracterização; e
b) Serviço: toda atividade remunerada (direta ou indiretamente), desenvolvida no mercado de
consumo para satisfazer o consumidor (art. 3.º, § 2.º, do CDC). Os serviços públicos podem ser
caracterizados nas relações de consumo desde que o Estado atue economicamente (art. 22 do
CDC).

Elemento finalístico:​ condição de destinatário final do consumidor nas relações de consumo.

ATENÇÃO: ​É importante destacar que não se incluem nas relações de consumo: a


relação locatícia de locação predial; as relações entre condômino e condomínio; as
relações entre franqueados e franqueador; as relações entre representante comercial e
empresa; a relação do beneficiário do crédito educativo; as relações entre o
beneficiário da previdência social e o INSS e as relações de caráter trabalhista.

ATENÇÃO: ​Sobre as relações de consumo, também é importante a leitura das


seguintes jurisprudências sumulados do STJ: Súmula 297, 321 e 469.

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4. TEORIAS DOUTRINÁRIAS PARA DEFINIÇÃO DE CONSUMIDOR

1
De acordo com os ensinamentos do Prof. Marco Antônio Araújo Júnior , a doutrina utiliza três
principais teorias para determinar mais precisamente quem é o consumidor:

Teoria finalista, subjetiva ou teleológica: identifica como consumidor a pessoa física ou jurídica
que retira definitivamente de circulação o produto ou serviço do mercado, utilizando o serviço para
suprir uma necessidade ou satisfação pessoal, e não para o desenvolvimento de outra atividade
de cunho profissional. Nesta teoria, não se admite que a aquisição ou a utilização de produto ou
serviço propicie a continuidade da atividade econômica.

Teoria maximalista ou objetiva: identifica como consumidor a pessoa física ou jurídica que adquire
o produto ou utiliza o serviço na condição de destinatário final (destinatário fático), não importando
se haverá uso particular ou profissional do bem, tampouco se terá ou não a finalidade de lucro,
desde que não haja repasse ou reutilização do mesmo. Não se encaixa nesse conceito, portanto,
aquele que utiliza serviço ou adquire produto que participe diretamente do processo de
transformação, montagem, produção, beneficiamento ou revenda, para o exercício de sua
atividade.

Teoria Mista ou híbrida: surgida a partir das interpretações jurisprudenciais, suaviza os conceitos
trazidos pelo CDC, reconhecendo como consumidor a pessoa física ou jurídica que adquire o
produto ou utiliza o serviço, mesmo em razão de equipamentos ou serviços que sejam
auxiliadores de sua atividade econômica. Surge aqui a interpretação da vulnerabilidade do
consumidor.

5. DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR

O art. 6.º do CDC traz um rol exemplificativo desses direitos. Todavia, o art. 7.º do mesmo
diploma legal estabelece que outros direitos também são alcançados e garantidos aos
consumidores em razão de tratados e convenções internacionais que o Brasil seja signatário.

1
ARAUJO JUNIOR, Março Antonio. Direito do Consumidor, parte I: Tutela Material do Consumidor. 1ª ed. São Paulo:
Premier Máxima, 2008 - (Coleção Resumo de Bolso)

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Art. 6.º do CDC:


a)​ Proteção da vida, saúde e segurança;
b)​ Informação e educação; liberdade de escolha e igualdade nas contratações;
c) Proteção do consumidor contra publicidade enganosa ou abusiva e práticas comerciais
condenáveis;
d)​ Modificação e revisão das cláusulas contratuais;
e)​ Prevenção e reparação de danos individuais, coletivos e difusos dos consumidores;
f) Facilitação da defesa dos direitos dos consumidores, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a favor do consumidor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
g)​ Adequação e eficácia dos serviços públicos;
h) Informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços; e O direito à informação
possui duas dimensões distintas: 1) o acesso (garantir que o consumidor tenha esta informação)
e 2) a compreensão (permitir que o consumidor vulnerável entenda o teor e as consequências das
informações prestadas).

ATENÇÃO: Recentemente a Lei 13.146/15 incluiu o parágrafo único no art. 6.º do


CDC,determinando que a compreensibilidade das informações no mercado de
consumo deve ser acessível à pessoa deficiente, cujas especificidades serão tratadas
em regulamento próprio.

i) Acesso aos órgãos judiciários e administrativos para prevenção ou reparação de danos


patrimoniais e morais,individuais, coletivos ou difusos.

6. RESPONSABILIDADE CIVIL NO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR

Seja no Direito Civil, no Direito Ambiental, no Direito Administrativo, no Direito do Consumidor,


etc., a Responsabilidade Civil sempre busca a reparação do dano.
No âmbito da proteção dos Direitos do Consumidor, tanto a pessoa que celebra o contrato de
consumo, como a pessoa que não celebra contrato, mas é atingida/ prejudicada (Art. 17 do CDC:

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consumidor por equiparação), são tratadas como consumidores. Então, basta a pessoa ser vítima
do acidente de consumo para ela ser considerada consumidora e, portanto, deve ser reparada por
eventuais danos.
Ex.: Voo da Tam que ao pousar ultrapassou os limites da pista e também atingiu transeuntes e
residências.

RESPONSABILIDADE PELO FATO/ DEFEITO DO PRODUTO OU SERVIÇO (art. 12 e


seguintes)

Os danos são extrínsecos, então o consumidor tem prejuízos além do produto ou serviço.
Também é conhecido como acidente de consumo, pois sempre gera algo mais grave.
Ex​.: João vai a uma loja e compra um liquidificador e, ao chegar em casa, o liga para fazer um
suco. De repente a hélice do aparelho solta, sai da cuba e o atinge, causando cortes na sua
barriga.

RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO OU SERVIÇO (art. 18 e seguintes)

Os danos são intrínsecos, então estes estão restritos ao produto/ serviço.


Ex.: Caso a hélice do liquidificador não tenha saído da cuba e, assim, não tenha atingido a barriga
de João, seria apenas um vício do produto.

RESPONSABILIDADE PELO FATO/ DEFEITO/ ACIDENTE DE CONSUMO

É a responsabilidade que surge quando o fornecedor falha o dever de segurança dos produtos ou
serviços oferecidos. Assim, pela insegurança do produto/ serviço, o consumidor sofre um acidente
de consumo.

ATENÇÃO​: A Lei 13.486/17 alterou o art. 8º da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do


Consumidor), trazendo o acréscimo do seguinte parágrafo:§ 2º O fornecedor deverá
higienizar os equipamentos e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou
serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e informar, de maneira ostensiva e
adequada, quando for o caso, sobre o risco de contaminação.

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ESPÉCIES DE DEFEITO

a) ​Defeito de Concepção/ Criação: é a hipótese em que a falha está no projeto/ na fórmula do


produto ou do serviço.

Ex.: A Fiat decide fazer um carro no chassi do Gol, mas este outro carro não suporta e apresenta
defeitos, pois não foi produzido um chassi para suportar o carro.
I) Defeito de Fabricação​: na hora da montagem/ produção/ prestação, o produto ou serviço
apresentou essa falha. Como por exemplo, as pílulas de farinha de um dado anticoncepcional.

II) Defeito de Informação ou Comercialização​: a falha do dever de segurança está nas


instruções da embalagem, no rótulo, na bula, etc. Como por exemplo, um adubo que é tóxico,
mas não há na embalagem essa informação e ele causa danos a uma pessoa que não usa os
equipamentos adequados para aplicá-lo.

IMPORTANTE​:​ é preciso que a falha acarrete um dano.

O Código de Defesa do Consumidor (art. 12, § 3º, CDC) traz quais são as ​excludentes ​de
responsabilidade em caso de defeito do produto. São as seguintes e somente essas, pois a lei é
protetiva do consumidor, não podendo ser ampliado um rol capaz de prejudicá-lo. E mais, o
fornecedor tem que ​provar:
● que não colocou o produto no mercado, ou seja, que não fabricou, construiu, produziu
● ou importou o produto (inc. I);
● que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste, que é a quebra do
● nexo causal, demonstrar que não houve conduta (inc. II); ou
● a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, significando o mau uso do produto
● pelo consumidor (somente ele, único causador do acidente, não podendo ser concorrente,pois
nesse caso o fornecedor é responsável) ou por terceiro (se ele for o único responsável, qualquer
pessoa estranha à relação consumidor-fornecedor), que não aqueles previstos no art. 12 do CDC.
O STJ decidiu que, na culpa concorrente e não culpa exclusiva do consumidor do produto
defeituoso, o fornecedor tem o dever de indenizá-lo (REsp 971.845/DF). Ainda no STJ, a Súmula
479 dispõe: ​“As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por
fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias”.
As excludentes de responsabilidade são somente essas e, repita-se, a prova cabe ao fornecedor.

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Por isso, o caso fortuito e a força maior não são excludentes de responsabilidade,apesar de
alguma doutrina admiti-los, principalmente quando ocorrem após a introdução do produto no
mercado de consumo, ou seja, um fortuito externo. O fortuito interno não é considerado
excludente de responsabilidade (STJ, REsp Repetitivo 1.199.782/PR).

OBJETIVO

O consumidor sempre busca reparação pelos danos causados, então ele não pede um novo
produto, o desfazimento do negócio e afins.

Ação Indenizatória/ de Reparação de Danos:​ é a ação cabível pelo fato do produto/ serviço.

Art. 12: ​“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador


respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas,
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre utilização e riscos.”

Quem é o responsável? O fabricante (o produtor e o construtor) e o importador. Desta forma,


quem responde pelo acidente de consumo é, a princípio, apenas o fabricante. O importador entra
nesse rol em virtude da inviabilidade de processar um fornecedor em outro país no caso de
produtos importados, apesar de isso ser possível.

Comerciante: só é responsável em algumas situações, mas esta não será solidária, mas sim
subsidiária. Conforme o art. 13, ​“o comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo
anterior, quando: I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser
identificados; II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor,
construtor ou importador; III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis”. Assim, o
comerciante, em regra, não tem responsabilidade pelo fato, mas pode ser responsável quando
houver um problema na identificação do fabricante ou do importador; quando se houver má
conservação de produto perecível.

Na dúvida: processar ambos (fabricante/ importador e comerciante) ou apenas um deles. Isto


porque, conforme o § único do mesmo artigo, ​“aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado

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poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso”.

Ex.: O fabricante percebe que o comerciante não conservou adequadamente o produto, o qual
acabou perecendo e causando uma infecção alimentar no consumidor. Ele entra com uma Ação
Indenizatória contra o comerciante (direito de regresso).

NATUREZA DA RESPONSABILIDADE NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Tanto o fornecedor, quanto o importador e, até mesmo, o comerciante, respondem em iguais


termos. Assim, todos respondem objetivamente pelo fato do produto/serviço.

Responsabilidade Objetiva:​ é sempre a regra no CDC.


Desta forma, a responsabilidade independe de culpa do fornecedor/ importador/ consumidor.

Teoria do Risco​: basta provar três elementos para que o consumidor tenha direito à indenização,
quais sejam: ocorrência do fato, ocorrência de um dano e, ainda, o nexo de causalidade entre
eles, ou seja, provar que o fato causou o dano.

Atenção​: há a Responsabilidade Subjetiva no CDC, sendo esta apenas uma exceção. Conforme o
artigo 14, §4º: “a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa”​. Então, neste caso não basta a comprovação dos três elementos
mencionados acima, mas a culpa do profissional liberal, o qual poderá eventualmente tentar
provar a culpa do consumidor.

Teoria da Culpa Simples: no caso do artigo 14, §4º, o autor da ação, o consumidor no caso, tem
que provar o fato, o dano, o nexo causal e a culpa do fornecedor

Consumidor Hipossuficiente ou Verossimilhança das Alegações: é possível requerer a inversão


do ônus da prova. Conforme o artigo 6, VIII, é direito do consumidor ​“a facilitação da defesa de
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a

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critério do juiz, for verossímil a alegação OU quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência”.

STJ: Médico Cirurgião Plástico: há julgados no sentido de que, se este tipo de médico for
reparador é a Responsabilidade Subjetiva e se for estético é Responsabilidade Objetiva (não há
que se falar em culpa). Pode se estender ao dentista estético e a outros profissionais que
trabalham com estética.

RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO/SERVIÇO

Vício: é o defeito da coisa que a torna imprestável ao uso que se destina ou que lhe reduz
consideravelmente o valor, de modo que o negócio não seria celebrado se o consumidor
soubesse da existência do defeito.

Espécies de Vícios

a) ​Vício de Qualidade: é o mais comum, ocorre, por exemplo, quando o produto está quebrado.
b) ​Vício de Quantidade: quando, por exemplo, o produto não apresenta o peso/ medida
esperados.
c) ​Vício de Informação: ocorre quando é repassada ao consumidor uma informação incorreta do
produto/ serviço.

NATUREZA JURÍDICA DA RESPONSABILIDADE

Responsabilidade Objetiva:​ não se discute culpa.


Responsabilidade Solidária: entre os fornecedores. Cabe destacar que esta característica atinge
todos os que participam da cadeia de fornecimento, do fabricante ao comerciante.

Art. 18, CDC: ​“Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem
solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados
ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas”.

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COMO FUNCIONA
Quando o consumidor identificar o vício, ele deve reclamar para qualquer fornecedor. O
fornecedor tem o dever/ direito de consertar o produto ou refazer o serviço. É um dever/ direito,
pois ele está obrigado, mas também tem o direito de consertar/ refazer, ele não é obrigado a
trocar o produto, devolver o dinheiro ou dar um abatimento proporcional. O prazo para o
fornecedor consertar/ refazer é, em regra, de 30 dias, o qual pode ser aumentado até o máximo
de 180 dias ou reduzido até o mínimo de 7 dias, desde que haja uma cláusula separada do
contrato de adesão.
Se o problema ainda não foi resolvido, o consumidor pode, dentro do prazo, exercer uma das
opções do artigo 18, §1º do CDC. É um direito potestativo, ou seja, um poder do consumidor de
escolher livremente qual das opções prefere. Cabe destacar, ainda, que não há ordem entre as
opções, que são:
✓ Abatimento proporcional no preço; ou
✓ Desfazimento do negócio com a devolução imediata da quantia paga monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou
✓ Novo produto/ substituição do produto por outro da mesma espécie em perfeitas
condições de uso: se não tiver outro produto da mesma espécie disponível, o consumidor
pode escolher entre um produto melhor (tendo que pagar a diferença) ou um pior (sendo
ressarcido pela diferença).

ATENÇÃO: Também é possível que o pedido seja cumulado com o de reparação de


danos. Assim, é possível afirmar que a Responsabilidade pelo Fato/ Defeito pode ser
cumulada com a Responsabilidade pelo Vício do Produto ou do Serviço.

ATENÇÃO: O consumidor pode se valer das opções do parágrafo 1º de forma


imediata, ou seja, sem reclamar o conserto. Ele pode fazer isso em duas hipóteses, a
saber, 1) quando o vício for tão grave, que mesmo consertando, eu vou prejudicar o
valor, uso ou a qualidade do produto; e II) quando o produto for considerado essencial,
ou seja, um produto que o consumidor não pode aguardar os 30 dias do conserto.

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7. PRAZOS PARA RECLAMAR DE DEFEITOS E VÍCIOS EM


PRODUTOS E SERVIÇOS

Prazo de Prescrição: é previsto para uma hipótese em que a pessoa vai exercer uma pretensão
indenizatória.
Ação Indenizatória/ Reparação de Danos: só quando se reclama a Responsabilidade pelo Fato do
Produto ou do Serviço.
Art. 27 do CDC: 5 anos, é um prazo quinquenal, sendo que o prazo só pode ser contado a partir
do momento em que você tem conhecimento do dano/ extensão do dano e da autoria (termo
inicial). Esta é a ​Teoria da Actio Nata,​ em que é necessária a ciência de quem ocasionou o dano
(Responsabilidade Subjetiva).

Prazo de Decadência (art​. ​26 do CDC)​: está relacionado ao direito potestativo, ou seja, tem a ver
com os vícios do produto ou serviço​.
Ação de Obrigação: em que o consumidor quer obrigar o fornecedor ao abatimento, desfazimento
ou a um novo produto.
Quando o produto ou o serviço for durável​ (se mantém no tempo, permite reiterado uso): 90 dias.
Quando o produto ou serviço for não durável​ (se esgota com o uso): 30 dias.
Cabe destacar que não importa se for um vício de fácil ou de difícil constatação, o que muda com
relação a isso é apenas o termo inicial, ou seja, quando o prazo começa a correr.
Difícil constatação:​ o termo inicial é o momento de ciência do vício (Teoria Subjetiva).
Fácil constatação: o termo inicial é o momento da tradição, ou seja, o dia em que o consumidor
recebeu o produto/ serviço (Teoria Objetivo).

8. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O CDC adotou a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, com objetivo de garantir a


máxima proteção ao consumidor, devendo os sócios se responsabilizarem pelas obrigações
assumidas pela sociedade, toda vez que o magistrado, no caso concreto, vislumbrar, em
detrimento do consumidor, a possibilidade de:

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a) abuso de direito;
b) excesso de poder;
c) infração da lei;
d) fato ou ato ilícito;
e) violação dos estatutos ou contrato social;
f) falência;
g) estado de insolvência;
h) encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocado por má administração; e
i) sempre que a personalidade jurídica for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores.

A desconsideração da personalidade jurídica não é regra, para o caso em concreto, não


representando a extinção ou dissolução da sociedade, mas tão somente a suspensão episódica
da sua personalidade, para que haja a reparação do dano causado ao consumidor. O NCPC (Lei
130105/2015) disciplinou o incidente de desconsideração da personalidade nos arts. 133 a 137, o
qual é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, cumprimento de sentença e
execução de título extrajudicial.

O NCPC dispensa o incidente, se o pedido já for formulado na petição inicial (art. 134, § 2.º, do
NCPC).

Decretada a desconsideração da personalidade jurídica pelo magistrado, que pode ser de ofício
ou a requerimento das partes, haverá a responsabilização civil do proprietário, sócio-gerente,
administrador, sócio majoritário, acionista, controlador, entre outros, alcançando os respectivos
patrimônios pessoais.

RESPONSABILIDADE DAS SOCIEDADES (ART. 28, §§ 2.º, 3.º E 4.º, DO CDC)

Empresas consorciadas - Solidária


Sociedades integrantes de grupos societários e sociedades controladas - Subsidiária

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Empresas coligadas (S.A.) - Responderão só por culpa

9. PUBLICIDADE (ART. 37 DO CDC)

Publicidade enganosa: é enganosa a publicidade que se mostra inteira ou parcialmente falsa,


capaz de induzir em erro consumidor, acerca da natureza, característica, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Vale ressaltar, que a enganação pode ocorrer por ação/comissão ou omissão. Será enganosa por
comissão a publicidade que de forma ativa se mostrar inteira ou parcialmente falsa, capaz de
induzir em erro o consumidor, acerca da natureza, característica, qualidade, quantidade,
propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Por outro lado, será enganosa por omissão quando de forma passiva se mostrar inteira ou
parcialmente falsa, deixando de informar dado essencial do produto ou serviço (aquele que a
ausência poderia influenciar na compra ou contratação), relacionado à natureza, característica,
qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados relevantes, capazes
de induzir a erro o consumidor.

Publicidade abusiva: publicidade abusiva é aquela que ofende valores éticos, sociais e religiosos
da sociedade, mostrando-se discriminatória de qualquer natureza, que incite a violência, explore o
medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança,
desrespeite valores ambientais, ou seja, capaz de induzir o consumidor a se portar de forma
prejudicial ou perigosa à saúde ou à segurança.

Publicidade clandestina:​ é aquela que não pode ser claramente identificada pelo consumidor.
Caso o fornecedor descumpra as regras da publicidade (art. 37 do CDC), ocorrerá vício na
informação, permitindo que o consumidor possa, nos termos do art. 35 do CDC:
a) Exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade;
b) Aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente, pagando ou recebendo a
diferença; e
c) Rescindir o contrato com a restituição da quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizadas, além decomposição de perdas e danos.

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Práticas comerciais abusivas: comportamentos comerciais dos fornecedores (contratuais ou não)


que abusam da boa-fé e da vulnerabilidade do consumidor, noutras palavras, condutas em
desconformidade com os padrões mercadológicos éticos e leais.
Além de sanções administrativas e penais, as práticas abusivas geram o dever de indenizar, em
razão do disposto no art.6.º, VII, do CDC. O juiz pode, também, com fulcro no art. 84 do CDC,
determinar a abstenção ou prática de conduta, sob força de preceito cominatório.

ESPÉCIES DE PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS (ART. 39 DO CDC):


a)​ Venda casada (também conhecida como venda condicionada ou operação casada);
b)​ Recusa de fornecimento;
c)​ Remessa de produto ou fornecimento de serviço sem prévia solicitação do consumidor;
d)​ Aproveitamento da vulnerabilidade do consumidor;
e)​ Exigir vantagem excessiva do consumidor;
f)​ Execução de serviço sem orçamento prévio e autorização expressa do consumidor;
g) ​Repasse de dados e informações depreciativas sobre o consumidor;
h)​ Descumprimento de normas técnicas;
i)​ Recusa de venda de bens ou de prestação de serviços com pagamento à vista;
j)​ Elevação injustificada de preços;
k)​ Inexistência de prazo para cumprimento da obrigação; e
l)​ Uso de índice de reajuste diverso do previsto em contrato ou lei.

Cobrança de dívidas: determina o art. 42 do CDC que, na cobrança de débitos, o consumidor


inadimplente não poderá ser exposto ao ridículo ou a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.
O art. 42-A do CDC exige a identificação do fornecedor em todos os documentos de cobrança de
débitos, a qual será feita mediante apresentação do nome completo do fornecedor, o endereço
(domicílio) e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.

Banco de dados e cadastro de consumidores: inclui-se nos direitos fundamentais do consumidor o


de ter acesso aos bancos de dados que envolvam seu nome, tais como, cadastros, registros,
fichas, dados pessoais e de consumo (art. 43 do CDC). Em razão do Estatuto de Pessoas com

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Deficiência (Lei 13.146/2015), as informações relativas aos Bancos de Dados e Cadastros de


Consumidores deverão ser disponibilizadas em formato acessível para essas pessoas, mediante
solicitação do consumidor (art. 43, § 6.º, do CDC).
Os bancos de dados podem ser públicos ou privados, mas sempre serão considerados entidades
de caráter público, o que permite elegê-los como sujeitos passivos no habeas data.
A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais ou de consumo em nome do consumidor,
quando não solicitada por ele, deve ser comunicada ao mesmo por escrito e com antecedência.
A obrigação de comunicar o consumidor é do órgão responsável pela negativação, enquanto a
obrigação de levantamento do nome do consumidor dos bancos de dados, em caso de quitação
da obrigação, é do fornecedor.
Nesse sentido, a jurisprudência vem entendendo que mesmo havendo regular inscrição do nome
do devedor em cadastro de órgão de proteção ao crédito, após o integral pagamento da dívida,
incumbe ao credor requerer a exclusão do registro desabonador, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
a contar do primeiro dia útil posterior à completa disponibilização do numerário necessário à
quitação do débito vencido. (REsp 1.424.792/BA).

10. PROTEÇÃO CONTRATUAL

Na busca de um novo equilíbrio contratual, capaz de preservar os interesses dos contratantes,


surge uma nova concepção contratual decorrente de uma forte intervenção do Estado nas
relações privadas, marcada por uma função social. Esta nova roupagem da teoria contratual
pauta-se no princípio da boa-fé objetiva e na segurança do tráfego das relações.
O CDC adota esta concepção social na proteção contratual do consumidor, cujas regras
protetivas foram inseridas no seu Capítulo VI, o qual foi dividido da seguinte maneira: disposições
gerais sobre as relações contratuais (arts. 46 a 50 do CDC); cláusulas abusivas nas relações
contratuais (arts. 51 a 53 do CDC); disciplina do contrato de adesão (art. 54 do CDC).

• ​Interpretação dos contratos de consumo: de acordo com o art. 47 do CDC, as cláusulas


contratuais nas relações de consumo devem ser interpretadas favoravelmente ao consumidor.
Importante notar que as cláusulas limitativas de direito, permitidas pelo CDC, são válidas mesmo
diante da regra de interpretação favorável, desde que redigidas pelo fornecedor de maneira clara
e em destaque.

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• Direito de arrependimento nas relações de consumo: para proteger o consumidor de uma prática
comercial na qual ele não desfruta das melhores condições para decidir sobre a conveniência do
negócio, o art. 49 do CDC prevê a hipótese de arrependimento toda a vez que ocorrer a
contratação fora do estabelecimento comercial, seja por internet, telefone, catálogo ou qualquer
outra forma. Trata-se de um prazo de reflexão.

• ​Cláusulas contratuais abusivas: o art. 51 do CDC estabelece de maneira exemplificativa um rol


de cláusulas abusivas nas relações de consumo. Trata-se de uma técnica legal de controle de
conteúdo dos contratos de consumo, trazendo como efeito a sua completa nulidade, pois
contrariam normas de ordem pública e o interesse social da proteção e defesa do consumidor.

A natureza da sentença que reconhece a nulidade é constitutiva negativa, ou desconstitutiva,


produzindo efeitos ​ex tunc​.
i)​ Espécies de cláusulas contratuais abusivas (art. 51 do CDC):
ii)​ Cláusula de não indenizar (art. 51, I, do CDC);
iii)​ Renúncia ou disposição de direitos (art. 51, I, do CDC);
iv)​ Limitação de indenização (art. 51, I, do CDC);
v)​ Reembolso de quantia paga (art. 51, II, do CDC);
vi) ​Transferência de responsabilidade a terceiros (art. 51, III, do CDC);
vii) Desvantagem exagerada para o consumidor e cláusula incompatível com a boa-fé e a
equidade (art. 51, IV, do CDC);
viii)​ Inversão do ônus da prova (art. 51, VI, do CDC);
ix)​ Arbitragem compulsória (art. 51, VII, do CDC);
x)​ Imposição de representante (art. 51, VIII, do CDC);
xi)​ Vantagens especiais para o fornecedor (art. 51, IX, X, XII e XIII, do CDC);
xii)​ Violação de normas ambientais (art. 51, XIV, do CDC);
xiii) ​Abusividade por desacordo com o sistema de proteção ao consumidor (art. 51, XV, do CDC);
xiv)​ Renúncia à indenização por benfeitorias necessárias (art. 51, XVI, do CDC); e
xv)​ Autorização para que o fornecedor cancele o contrato unilateralmente (art. 51, XI, do CDC).

Relações contratuais de crédito: o CDC estabelece regras específicas para os contratos que
envolvam outorga de crédito. No que diz respeito aos contratos bancários ou que, de alguma

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forma, envolvam concessão de crédito ao consumidor, o fornecedor é obrigado a informar o


consumidor, prévia e adequadamente, sobre (art. 52 do CDC):
a)​ Preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;
b)​ Percentual dos juros de mora;
c)​ Acréscimos legalmente previstos;
d)​ Número e periodicidade das prestações;
e)​ Soma total a pagar com e sem financiamento;
f)​ Multa de mora (no máximo de 2% (dois por cento) do valor da prestação); e
g)​ Forma de liquidação antecipada do débito.

Contrato de adesão: o art. 54 do CDC define o contrato de adesão como aquele que contenha
cláusulas ​“aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo”.
Em regra, o contrato é escrito e vem em formulário impresso, faltando apenas a inclusão dos
dados cadastrais do consumidor; contudo, ainda será contrato de adesão aquele que permitir a
simples inclusão de cláusulas relacionadas apreço, condição de entrega, data de pagamento etc.

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