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DIREITO DO CONSUMIDOR

2022

Profº Fabi - Fabiana Barcelos da Silva Cardoso


 Docente:

Fabiana Barcelos da Silva Cardoso

Email:
fabiana.barcelos@urisantiago.br
Plano de Ensino
Natureza jurídica do CDC.

Princípios constitucionais do CDC.

Responsabilidade civil no CDC.

Direito à informação e regulação da


publicidade.

Contratos de consumo. Aspectos


processuais do CDC.
• A disciplina será desenvolvida
através de aulas teóricas/
expositivas, com recursos
audiovisuais (vídeo, datashow),
discussões em grupos.
METODOLOGIA
• Será construido um roteiro em
aula para facilitar a compreensão
através de anotações do quadro.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ALMEIDA, João Batista. Manual de Direito do Consumidor. 4.


ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

BENJAMIN, Antônio Herman V.; MARQUES, Claudia Lima;


BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor.
3ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.
BIBLIOGRAFIA EXTRA

NUNES, Luis Antonio Rizzatto. Curso de direito do


consumidor. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
• ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor.
7. ed. São Paulo: Saraiva.

• BAGATINI, Idemir Luiz. O consumidor brasileiro e o acesso à


cidadania. Ijuí: Ed. UNIJUÍ.

• GAMA, Helio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. 3.ed.,


rev. ampl. Rio de Janeiro: Forense.
• GRINOVER, Ada Pelegrini et. al. Código Brasileiro de Defesa do
Consumidor. Vols. I e II. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense.

• KHOURI, Paulo Roberto Roque Antonio. Direito do consumidor:


contratos, responsabilidade civil e defesa do consumidor em juízo . 4.
ed. 1ª reimpressão. São Paulo: Atlas.
BIBLIOGRAFIA EXTRA

Curso de direito do consumidor. 5. ed. São Paulo: Saraiva,


2017.
BIBLIOGRAFIA EXTRA

Curso de direito do consumidor. 5. ed. São Paulo: Saraiva,


2018.
AVALIAÇÕES:
• DATAS:
• 28/04- PROVA OBJETIVA – PESO 10,0 NOTA 01

• 14/06- PROVA OBJETIVA – PESO 7,0.


NOTA 02

• QUESTÕES - PES0 3,0 - Consulta livre –


• A combinar – previamente.
• Artigo Jurídico – Temática livre em Direito do Consumidor – Peso NOTA 03
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MODERNIDADE
*Eventos que se iniciaram
com a Revolução Francesa;
Iluminismo - 1789-1799

*René Descartes – O discurso


do método.

*Os camponeses se mudaram para


os grandes centros urbanos.
ESTRUTURA SOCIAL FRANCESA ALTERADA
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ´
Foi a transição para novos processos de manufatura e
maquinofatura no período entre 1760 a algum momento entre
1820 e 1840.
Grandes Navegações –
Hanna Arendt Revolução Industrial

Zygmunt Anthony Guilles


Bauman Guiddens Lipovetksky
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• Fenômeno do consumo acentuado pela Revolução Industrial.
Surgem os problemas para os
“consumidores”
(ENTRE ASPAS)

• Ausência de Manual de
Instruções;

• Não haviam leis que protegessem


os consumidores;

• As empresas eram mais fortes


nas relações políticas e faziam
mais pressão frente ao governo;
IMPACTO NO
CONSUMO
As transformações
possibilitadas pelos avanços
tecnocientíficos são
vivenciadas até os dias
atuais, sendo que cada nova
descoberta representa um
novo patamar alcançado
dentro dessa fase da
revolução, consolidando o
que ficou conhecido como
Capitalismo Financeiro
(RAMOS, 2019, p.56).
No livro “Vida para Consumo”, Bauman (2008) expõe uma
trágica realidade sobre a sociedade líquido-moderna, até então
ofuscada pelo mercado de consumo: a da transformação dos
indivíduos em mercadorias.
Bauman (2008) apresenta
três situações diferentes
que envolveram o jornal
britânico The Guardian,
sob o enfoque do
comportamento
consumista, para explicar o
conceito de modernidade
líquida:
1) Primeiro caso aborda o vício que os
indivíduos têm pela exposição da
intimidade em ambientes públicos,
formando uma sociedade confessional;
2) O segundo, demonstra que
a seleção de clientes
prioritários, na sociedade
moderna, é feita,
majoritariamente, pelo
sistema tecnológico;
3) O terceiro, mostra que a seleção de
seres humanos segue a mesma regra
do mercado na hora de escolher os
melhores e mais inteligentes
profissionais, assim como se escolhe o
melhor produto de uma prateleira.
Mercado de consumo é um
espaço social, no qual as
pessoas são,
simultaneamente, os
“fregueses” e as próprias
mercadorias. (BAUMAN,
2008, p.24).

SOCIEDADE DE CONSUMO
OU SOCIEDADE DE
CONSUMIDORES
Na sociedade de consumidores,
ninguém pode se tornar sujeitos
sem primeiro virar mercadoria, e
ninguém pode manter segura sua
subjetividade sem reanimar,
ressuscitar e recarregar de maneira
perpétua as capacidades esperadas
e exigidas de uma mercadoria
vendável... A característica mais
proeminente da sociedade de
consumidores – ainda que
cuidadosamente disfarçada e
encoberta- é a transformação dos
consumidores em mercadorias
(BAUMAN, 2008, p.20).
CONSUMO X CONSUMISMO
O desejo de consumir deve ser
condicionado a essa prática, por
isso o rápido descartar de bens
(que o mercado nos oferece em
todas as ocasiões e situações).

Obsolescência programada

Obsolescência perceptiva
Logo, o consumo se torna a força propulsora da sociedade atual;
Sugestão de Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=GdnBO-oaZ_4
No Brasil, 21% das pessoas realizam compras online semanalmente – o
maior índice registrado desde 2014 pela consultoria
PricewaterhouseCoopers (PwC), que apresentou nesta terça-feira
(03/04) o Global Consumer Insight Survey 2018, uma pesquisa que
define tendências e características de consumo em 27 países, incluindo
o Brasil. (2018, ÉPOCA NEGOCIOS).
Cenário pós-pandemia

• Link:
https://tiinside.com.br/29/10/2021/49
-das-pessoas-pretendem-comprar-
mais-pela-internet-em-2022/
Modernidade x Pós-modernidade

• A expressão pós-modernidade é utilizada para simbolizar o


rompimento dos paradigmas construídos ao longo da modernidade,
quebra ocorrida ao final do século XX. Mais precisamente, parece
correto dizer que o ano de 1968 é um bom parâmetro para se
apontar o início desse período, diante de protestos e movimentos em
prol da liberdade e de outros valores sociais que eclodiram em todo o
mundo. (TARTUCE, 2020).
MODERNIDADE

O ano de 1968 é um bom parâmetro para se apontar o início


Sofre os rompimentos com desse período, diante de protestos e movimentos em prol da
a Pós-modernidade liberdade e de outros valores sociais que eclodiram em todo o
enquanto reflexão e mundo. Em tais reivindicações pode ser encontrada a origem de
contraponto ao moderno leis contemporâneas com preocupação social, caso do Código
nacionalizador no final do Brasileiro de Defesa do Consumidor (CDC).
século XX.

Fala-se hoje em linguagem


O CDC constitui uma típica norma pós-moderna,
global, em economia
no sentido de rever conceitos antigos do Direito
globalizada, em mercado
Privado, tais como o contrato, a responsabilidade
uno, em doenças e
civil e a prescrição.
epidemias mundiais e até
em um Direito unificado.
MERCADOS

• A par dessa unidade mundial, como afirma Erik Jayme (2018, apud
MARQUES, 2017), os Estados não seriam mais os centros do poder e
da proteção da pessoa humana, cedendo espaço, em larga margem,
aos mercados. Nesse sentido, as regras de concorrência acabariam
por determinar a vida e o comportamento dos seres humanos.
GLOBALIZAÇÃO
A China consome o hambúrguer norte-americano, e os Estados Unidos consomem o macarrão chinês.
Alguns se alimentam de macarrão com hambúrguer, fundindo o oriente ao ocidente, até de forma
inconsciente, em especial nos países em desenvolvimento. No caso do CDC brasileiro, tal preocupação
pode ser notada pela abertura constante do seu art. 7º, que admite a aplicação de fontes do Direito
Comparado, caso dos tratados e convenções internacionais, in verbis: “Os direitos previstos neste Código
não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário,
da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade”.
(AMORIN; TARTUCE, 2014, p.24).
Importante:

• John Fitzgerald Kennedy, em 15 de março


de 1962, dirigido ao Parlamento, fez um
discurso, consagrando determinados
direitos fundamentais do consumidor,
quais sejam:

• O direito à segurança, à informação, à


escolha e a ser ouvido, seguindo-se, a
partir daí, um amplo movimento mundial
em favor da defesa do consumidor.

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CARACTERÍSTICAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR

• O Código de Defesa do Consumidor, Lei n. 8.078/90, possui três características


principais:

• ■ lei principiológica;
• ■ normas de ordem pública e interesse social;
• ■ microssistema multidisciplinar.
princípios gerais do CDC — previstos em seu art. 4º;

• NORMA direitos básicos do consumidor — estipulados no art.


PRINCIPIOLÓGICA 6º da Lei n. 8.078/90;

Seja na conotação de norma princípios específicos do CDC — em especial aqueles


com grau de generalidade referentes à publicidade e aos contratos de consumo;
relativamente alto; e
Seja como um mandamento
nuclear;
princípios complementares do CDC — com destaque
Seja como no sentido de para os princípios constitucionais afetos às relações
alicerce do sistema jurídico e de consumo.
de disposição fundamental;
O CDC como norma de ordem pública
e interesse social

• O Código de Defesa do Consumidor prevê em seu art. 1º:

• “O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de


ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso
V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias”.
O que isso significa?
• Que:

• as decisões decorrentes das relações de consumo


não se limitam às partes envolvidas em litígio;

• ■ as partes não poderão derrogar os direitos do


consumidor;

• ■ juiz pode reconhecer de ofício direitos do


consumidor.
• Cuidar exceção: STJ Súmula 381“Nos contratos
bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício,
da abusividade das cláusulas”.
O CDC como microssistema
multidisciplinar

• Expressão cunhada pelo Prof.


Natalino Irti, da Universidade de
Roma, nos anos 1970, para
indicar a transformação ocorrida
no âmbito do direito privado.

MICROSSISTEMA
JURÍDICO
• O Código de Defesa do Consumidor é considerado um
microssistema multidisciplinar porque abarca em seu
conteúdo as mais diversas disciplinas jurídicas com o
objetivo maior de tutelar o consumidor, que é a parte
mais fraca — o vulnerável — da relação jurídica de
consumo.
• Com efeito, encontraremos no CDC normas de:
• ■ Direito Constitucional — ex.: princípio da dignidade da
pessoa humana.
• ■ Direito Civil — ex.: responsabilidade do fornecedor.
• ■ Processo Civil — ex.: ônus da prova.
• ■ Processo Civil Coletivo — ex.: tutela coletiva do
consumidor.
• ■ Direito Administrativo — ex.: proteção administrativa
do consumidor.
• ■ Direito Penal — ex.: infrações e sanções penais pela
violação do CDC.
PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR
NO BRASIL
O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, conhecido e
denominado pelas iniciais CDC, foi instituído pela Lei
8.078/1990;

Norma de proteção de vulneráveis.


SURGIMENTO DA LEI 8.078/90

DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL
Art. 5º, Constituição Federal:

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do


consumidor (BRASIL, 1988).

Lei
8.078/1990
O Código de Defesa do Consumidor situa-se na especialidade,
segunda parte da isonomia constitucional, retirada do art. 5º,
caput, da CF/1988.

Advém por determinação da ordem constante do art. 48 das


Disposições Finais e Transitórias da Constituição Federal de 1988;
AINDA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:

Título III – Da organização do Estado:

Capítulo II – Da União:

Art. 24 – Compete à União, aos Estados, e ao Distrito Federal legislar concorrentemente


sobre:

VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, e a


bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
Título VII – Da ordem econômica e Financeira

• CAPÍTULO I – DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

• Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

• V – defesa do consumidor;
A Lei n. 8.078 é norma de ordem pública e de interesse
social, geral e principiológica, o que significa dizer que é
prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que
com ela colidirem. As normas gerais principiológicas, pelos motivos
que apresentamos [...] têm prevalência sobre as normas gerais e
especiais anteriores (NUNES, 2016).
A Lei n. 8.078 é norma de ordem pública e de interesse
social, geral e principiológica, o que significa dizer que é
prevalente sobre todas as demais normas especiais anteriores que
com ela colidirem. As normas gerais principiológicas, pelos motivos
que apresentamos [...] têm prevalência sobre as normas gerais e
especiais anteriores (NUNES, 2016).
ALMEIDA, João Batista. Manual de Direito do Consumidor. 5ª ed. São Paulo: Saraiva,
2011.

BAUMAN, Zygmunt. Vida a crédito: conversas com Citlali Rovirosa- Madrazo. Trad.
Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

______. Vida para o consumo:conversas com Citlali Rovirosa- Madrazo. Trad.


Alexandre Werneck. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
BRASIL. Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990. Código de Defesa do Consumidor. Diário
Oficial da União.

BRASIL. Senado Federal. Projeto de Lei 283 de 2012. Altera a Lei 8.078 de 11 de
Setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), para aperfeiçoar a disciplina do
crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção do superendividamento. Disponível
em: <
http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=106773>.
Acesso em: 27 de Maio de 2015.
Vamos para o material II!

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