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ICMS, complexo, burocrático e caro, vai sair de cena

A reforma tributária aprovada na Câmara traz o desmonte daquele que é considerado o tributo
mais complexo e caro para a economia: o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
(ICMS).

Estadual, o imposto é a principal fonte de arrecadação de muitas unidades federativas, e


esteve no centro de um cabo-de-guerra entre o setor produtivo e os governadores, que se
articularam durante a semana passada para evitar tanto a perda de recursos quanto a
autonomia para conceder benefícios tributários.

Segundo a proposta avalizada pelos deputados, o ICMS e o ISS (Imposto sobre Serviços)
serão substituídos pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). O novo tributo terá início em
2026 com uma alíquota-teste de 0,1%, e substituirá gradualmente o modelo atual a partir de
2029, até 2033. Segundo empresários do setor produtivo, o prazo de 10 anos para a extinção
do ICMS é longo demais, mas não atrapalha o mérito da reforma, há muito aguardada no país.

O tributo é gerido pelos 26 estados e pelo Distrito Federal, com a arrecadação alimentando
diretamente os cofres estaduais. Com isso, porém, normas editadas por cada governo levam a
uma grande complexidade para empresas que têm operações em vários estados. Além disso,
companhias buscam formas de reduzir a carga. É comum que uma indústria produza em um
estado e venda no outro somente para diminuir os tributos pagos, apesar do custo logístico que
isso acarreta.

As operações interestaduais são especialmente complexas, e fonte de grande parte dos litígios
entre estados e contribuintes. Soma-se isso à autonomia dos estados para conceder benefícios
e atrair empresas, alimentando a chamada “Guerra Fiscal”, na qual estados competem e
prejudicam uns aos outros para tentar fomentar suas economias. Com a unificação do ICMS e
ISS, e criação de um conselho com integrantes de todos os estados para definir as normas da
tributação, o número de litígios e disputas entre estados deve diminuir drasticamente.

ICMS é o alvo prioritário da reforma desde o seu primeiro desenho, que já considerava a
unificação de impostos federais. Isso, porém, foi visto com maus olhos pelos governadores, já
que o tributo é a principal ferramenta de arrecadação de muitos estados.

Com a iminência da votação, após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocar um
esforço concentrado, os chefes dos estados vieram em peso a Brasília pressionar por
mudanças no texto – e conseguiram ter parte de suas demandas atendidas. Ainda assim, após
a aprovação na Câmara, muitos governadores declararam que vão continuar a defender
alterações no Senado, que deve votar a medida até novembro.

Embora a reta final da discussão tenha sido observada com preocupação por parte do setor
produtivo, o resultado foi celebrado. Empresários relataram que as movimentações políticas
dos governadores e do PL, liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, distanciaram o debate
dos pontos técnicos.

“A discussão está política, né? Deixou de ser tão técnica. A gente está muito feliz com a
vontade em resolver esse problema da reforma tributária no Brasil, e temos fé que os
governadores, que os parlamentares, vão chegar em um consenso”, contou o presidente do
Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Márcio Maciel. A entidade representa os
grandes produtores da bebida.

“O tempo todo estão falando em simplificação, em racionalidade, neutralidade de carga. Que o


ICMS precisa mudar, que é o imposto mais complicado do Brasil, inclusive para o nosso setor.
Então, a gente vê isso com tranquilidade”, acrescentou.

Fonte: Estado de Minas


Analistas: Preço dos combustíveis após reforma é incerto

Entidades empresariais chegaram a manifestar temor de alta dos combustíveis com a Reforma
Tributária, mas especialistas dizem que o comportamento dos preços ainda é incerto a partir
das possíveis mudanças na legislação.

Segundo eles, o cenário depende de definições como a do patamar das alíquotas sobre esses
itens. Elas ainda não estão definidas e devem ser fixadas em uma etapa posterior da reforma,
por meio de lei complementar. "A reforma foi anunciada em linhas gerais.

Temos de aguardar as leis complementares que vão regular os setores, inclusive o de


combustíveis", afirma a economista Carla Beni, professora de MBAs da FGV (Fundação
Getulio Vargas).

"Como é algo que não será feito agora, a gente não consegue projetar [os preços]", acrescenta.
A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada desta sexta (7) a Reforma Tributária, que
unifica cinco tributos sobre consumo.

O texto agora segue para apreciação no Senado. A proposta prevê a fusão de PIS, Cofins e IPI
(tributos federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal) em um IVA (Imposto sobre Valor
Agregado). A transição do sistema atual para o novo não é imediata, e deve ocorrer ao longo
de dez anos. Caso também seja aprovado pelo Senado, o novo modelo será dual. Significa que
uma parcela das alíquotas sobre bens e serviços será administrada pelo governo federal por
meio da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), e a outra, do IBS (Imposto sobre Bens e
Serviços), por estados e municípios.

O setor de combustíveis e lubrificantes é um dos que terão regras específicas para recolher os
novos tributos, com objetivo de manter a carga atual. O novo sistema institui alíquotas válidas
para todo o território nacional, variando de acordo com cada combustível. As alíquotas devem
ser cobradas em uma única fase da cadeia, com possibilidade de concessão de créditos para
os contribuintes. "O preço do combustível vai estar conectado com as alíquotas.

A gente teve manifestações de associações relatando aumento na tributação. É uma


preocupação que tenho, mas não há certeza de como ficará esse custo, porque não temos
alíquotas estabelecidas ainda", diz o advogado tributarista Pedro Schuch, sócio do escritório
SW Advogados.

"Muitas coisas da reforma serão definidas por lei complementar. Essa é uma delas",
acrescenta. O economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da FGV, tem opinião
semelhante. Ele também avalia que é necessário aguardar a definição das alíquotas sobre os
combustíveis para projetar o comportamento dos preços.

"Dizer que com certeza haverá um aumento, dessa ordem de grandeza ou daquela, não é algo
que dê para cravar agora", afirma. Em nota divulgada na quinta (6), o IBP (Instituto Brasileiro
de Petróleo e Gás), representante do setor, declarou que o texto da reforma era "motivo de
preocupação".

Para a entidade, a proposta levaria a uma "forte alta" com o possível acúmulo de imposto sobre
as operações. Nesta sexta, após a aprovação da reforma pela Câmara, a entidade mudou o
tom.

Em novo comunicado, o IBP afirmou que o texto "atendeu às demandas do setor de óleo e
gás", retirando a cumulatividade do IBS para os combustíveis e o gás natural. "Desta forma,
fica afastado o risco de aumento de preços de derivados e gás natural por acúmulo de
créditos", disse o instituto.

O IBP parabenizou o Executivo e o Legislativo pela aprovação, mas afirmou que ainda tem
"preocupações" quanto a alguns pontos da proposta. Ao longo das discussões sobre o texto, a
CNT (Confederação Nacional do Transporte) também se manifestou a respeito do assunto.
No dia 20 de junho, a entidade afirmou que uma das suas principais preocupações era sobre a
incidência de imposto sobre os insumos do setor de transporte, incluindo combustíveis.

"Se prevalecer a ideia de alíquota única para bens e serviços, haverá um pesado aumento de
impostos sobre setores estratégicos no Brasil, incluindo o transporte", disse na ocasião o
diretor de relações institucionais da CNT, Valter Luís de Souza. A entidade, contudo, declarou
no mesmo comunicado que a reforma é "fundamental para viabilizar um crescimento
econômico mais sólido".

O advogado tributarista Rodrigo Pinheiro, sócio do escritório Schmidt Valois Advogados, afirma
que especialistas e organizações ainda estão se debruçando sobre a reforma, buscando
entender o conteúdo das mudanças. Ele também avalia que o impacto sobre os preços finais
dos combustíveis dependerá de pontos como a definição das alíquotas. "O que foi aprovado
prevê um regime específico para a tributação de combustíveis, uma exceção à regra, porque a
ideia da reforma era prever um tratamento para todas as operações", afirma.

Fonte: Folha de São Paulo

Brecha para Estados criarem novos impostos preocupa setores

O texto da reforma tributária aprovada na Câmara na semana passada abre brecha para a
criação de um novo tributo estadual que pode incidir sobre produtos primários e
semielaborados. O dispositivo, previsto no artigo 20 do texto, preocupa os setores do
agronegócio e da mineração. A preocupação também foi apontada em artigo publicado ontem
no “Pipeline”, site de negócios do Valor.

A redação final do artigo acendeu um alerta e deixou empresários e lideranças dos setores
preocupados. Interlocutores já estão tentando se mobilizar para buscar uma saída pelo
Senado.

“Ainda não fiz uma análise profunda sobre o texto [da reforma tributária], mas achei um
absurdo os Estados poderem criar impostos sobre os produtos agrícolas, de minério e
petróleo”, disse Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de
administração do grupo Cosan. “São setores que sustentam o país”, afirmou. Segundo o
empresário, na Argentina, os produtores também são taxados e o país vizinho enfrenta
problemas graves na economia.

Para Ometto, a reforma tributária é um passo importante para o país, mas o Artigo 20 pode
afetar importantes setores da economia. “A reforma, a princípio, foi boa, mas teremos um
segundo ‘round’ [no Senado]. ”

O Artigo 20 está previsto na reforma tributária aprovada. De acordo com Pedro de Camargo
Neto, conhecido líder do agronegócio, não faz sentido aprovar uma reforma e criar essa
exceção. “Já começa errado. A reforma oferece condições para os governos estaduais
atuarem. Precisam se enquadrar e não procurar aumentar arrecadação em cima de qualquer
setor. Espero que a Frente Parlamentar da agropecuária [FPA] reaja. Jabuti nunca mais. ”

Fontes afirmam que o artigo 20 acabou entrando para legalizar uma situação do início do ano
onde Estados, como Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará instituíram taxa para
compensar a redução do ICMS. O tributo para alguns setores seria para garantir investimentos.

No Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), a preocupação também é grande. A entidade


também elogia a reforma, mas ressalva que o Artigo 20 contraria a própria reforma e aumenta
a carga tributária.
No entendimento do Ibram, o artigo permite instituir contribuição sobre produtos primários e
semielaborados, produzidos nos respectivos territórios, para investimento em obras de
infraestrutura e habitação, em substituição à contribuição a fundos estaduais. “Sua inclusão
ocorreu bem no limite do início da votação pelos deputados, o que dificultou avaliar com maior
cuidado este trecho, que irá gerar sérias repercussões no setor empresarial e às exportações
brasileiras. O Ibram espera que a votação pelo Senado Federal seja antecedida por um diálogo
com a mineração e o setor agro e que tal artigo venha a ser suprimido da matéria da reforma
tributária. ”

Em seu artigo “A Reforma Tributária e o seu Cavalo de Tróia”, publicado no “Pipeline”, o


advogado tributarista Luiz Gustavo Bichara afirma que, horas depois da apreciação da reforma,
foi votado um complemento até então totalmente estranho ao texto, chamado tecnicamente de
Emenda Aglutinativa. “A novidade mais estarrecedora está no artigo 20, responsável pela
criação de um novo tributo, nunca antes debatido em qualquer comissão ou grupo de trabalho,
que não guarda absolutamente nenhuma relação com a tributação do consumo, tema objeto da
reforma”.

O novo possível tributo seria uma contribuição estadual incidente sobre os mais diversos
produtos primários ou semielaborados. Em tese, seria possível tributar petróleo, minério de
ferro, gás, energia etc, diz o advogado. “Esse novo tributo foi criado para substituir Fundos
Estaduais cuja validade vem sendo reiteradamente questionada perante o Supremo Tribunal
Federal”, comenta o artigo. “Ao fim, o que a Emenda Aglutinativa faz, nada mais é do que
tentar legitimar uma cobrança que vem sendo feita de forma inconstitucional”, observa Bichara.

Fonte: Valor econômico

Tributária: enxurrada de setores com tratamento diferenciado deve jogar pra cima
alíquota do IVA

BRASÍLIA - Um dos pontos cruciais da reforma tributária segue em aberto e ficou ainda mais
nebuloso após as negociações políticas na Câmara dos Deputados: qual será a alíquota
padrão do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA)?

No modelo de reforma tributária aprovado pela Câmara, o ideal seria que o IVA, que vai
substituir cinco impostos diferentes (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS), tivesse uma alíquota só para
todos os produtos e serviços. Isso simplificaria o processo e evitaria qualquer distorção,
facilitando o processo. Mas desde o início já se sabia que isso não seria possível. Alguns
produtos e serviços teriam de ter um tratamento diferenciado. Saúde e educação, por exemplo.

Mas, nas negociações para a aprovação do projeto, apareceram muito mais exceções. E. além
disso, o desconto em relação à alíquota padrão, projetado em 50% para esses setores, acabou
ficando em 60%. Com muito mais produtos e serviços pagando menos imposto - como a cesta
básica, que vai ter alíquota zerada -, os outros itens terão de pagar mais, para não derrubar a
arrecadação.

As estimativas iniciais eram de que a alíquota básica ficaria em torno de 25%. Agora, a
expectativa é que seja maior do que isso. O número virou uma incógnita. Entre os países que
adotam o IVA, a maior alíquota é a da Hungria: 27%.

“Evidentemente que, para manter o mesmo nível de arrecadação, que é o objetivo da reforma,
só aumentando a alíquota”, afirma a advogada Renata Emery, diretora da área tributária do
escritório TozziniFreire. Segundo ela, é difícil prever qual será o porcentual diante desse novo
cenário: “Muito provavelmente maior que 25%”.
Esse era o patamar usado como referência pelo Ministério da Fazenda, antes da criação de
tantas exceções. Ao Estadão, o secretário extraordinário da reforma, Bernard Appy, admite que
os tratamentos diferenciados puxam a alíquota padrão do IVA para cima, mas destaca que a
reforma reduzirá a sonegação - e que isso freia a alta do novo imposto. “São dois fatores
concomitantes. Vamos fazer os cálculos com base neles”, afirma.

O combate à sonegação, segundo o secretário, se dará de diversas maneiras no novo sistema.


As principais são a simplificação da cobrança de impostos (mesmo com as exceções criadas
na Câmara, a nova tributação será muito mais simples do que a atual) e o maior grau de
automatização - ambos reduzindo o espaço para litígios na Justiça.

Para o tributarista Luiz Bichara, é impossível estimar qual será o porcentual da alíquota:
“Sinceramente? Está todo mundo chutando”, afirma.

A avaliação é corroborada pela advogada Maria Carolina Gontijo, conhecida nas redes sociais
como Duquesa de Tax. Com 67 mil seguidores no Twitter, ela posta regularmente vídeos
respondendo a perguntas sobre impostos. No mais recente, explica que a reforma prevê a
manutenção da carga tributária total, ou seja, que ninguém pague mais imposto. E questiona, já
respondendo aos internautas: “Mas qual é a alíquota (do IVA) e por que ninguém fala? Porque
ninguém sabe. ”

Segundo ela, mesmo hoje, ninguém sabe ao certo o quanto é pago de imposto no consumo, já
que o sistema é extremamente complexo. Isso só será calculado e regulamentado por meio de
lei complementar, após a aprovação da reforma.

Na prática, a nova alíquota será a soma de três sub-alíquotas: federal, estadual e municipal.
Nos 25% estimados pelo governo inicialmente, fala-se em 9% para a União, 14% para os
Estados e 2% para os municípios. “Mas a própria União já enviou ao Congresso um projeto de
lei dizendo que precisa de 12%. Só aí, já estamos em 28%”, alerta bichara.

Fontes ligadas aos governadores estimavam, antes da votação na Câmara, uma alíquota
mínima de 34%. Agora, com as novas exceções, “piorou um bocado”, diz um dos
interlocutores.

Futebol e polo terão alíquota reduzida

Pelo texto aprovado pelos deputados, nove grupos de serviços e mercadorias terão alíquota
reduzida, que será 40% do padrão (veja a lista abaixo). Dentre eles estão serviços de
educação e saúde, transporte coletivo, produtos e insumos agropecuários, alimentos e
atividades desportivas (como futebol, por exemplo).

A proposta também cria cinco regimes tributários específicos (ou seja, com regras
diferenciadas), que incluem combustíveis, serviços financeiros, imóveis, hotelaria, parques de
diversão e restaurantes. E, no apagar das luzes, os deputados ainda ampliaram a imunidade
tributária das igrejas, numa emenda que foi apelidada de cavalo de Troia, como mostrou o
Estadão.

Bichara diz que vê com tranquilidade a criação de exceções e afirma que a alíquota única era
um mito. “O Brasil é um país complexo, e termos ao menos duas alíquotas facilita muito a
transição, reconhecendo a especificidade de determinados setores da economia”, diz o
tributarista.

Ele alerta, porém, que é necessário ter critérios nessa diferenciação: “Jogo de polo tem
alíquota reduzida e aviação comercial fica com o valor cheio. Estranho, né? ”, questionou.

Fonte: Estadão
Via (VIIA3) faz nova transferência de créditos tributários de ICMS no valor de R$ 150
milhões

A Via (VIIA3) celebrou o 4º Instrumento Particular de Transferência de Créditos Tributários de


ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), no valor total de R$ 150 milhões,
informou a varejista nesta manhã de segunda-feira (10).

Dessa forma, além da monetização recorrente, a companhia já totaliza transações de venda de


créditos fiscais no valor de R$ 950 milhões, sendo os R$ 150 milhões neste ano.

Segundo comunicado, o impacto esperado no fluxo de caixa da Via por conta dessas
transações ocorrerá ao longo dos próximos 12 meses.

Fonte: Infomoney

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