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CONTABILIDADE PARA ENTIDADES

SEM FINS LUCRATIVOS

EXPOSITOR: ARMANDO M. BORELY


armandoborely6@gmail.com

Mar/2023

1
PROGRAMA DO CURSO
I. Linha do tempo do terceiro setor
II. Função social da contabilidade do terceiro
setor
III. Aspectos estatutários
IV. Gestão contábil, fiscal e administrativa
V. Estrutura das demonstrações contábeis
VI. Notas Explicativas
VII. Controles internos – Governança Corporativa
VIII. Plano de contas
IX. Ambiente regulatório
X. Títulos e Certificações aplicáveis ao Terceiro
Setor
XI. Conclusão
XII. Exercícios
XIII. Bibliografia recomendada
XIV. Anexos
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POSICIONAMENTO DO 3º SETOR
(*) Lei 10.825/03

C.C = Código Civil PJ

DIREITO DIREITO
PÚBLICO PRIVADO

1º s.

Sociedades Assoc. Fund. Inst. Part.


(C.C.) (C.C.) (C.C) Relig.(*) Polit.(*)

2º s. 3º s.
3
Conceito
Para ROTHGIESSER (2002, p.2),
Terceiro Setor seriam iniciativas “...
privadas que não visam lucros, iniciativas
na esfera pública que não são feitas pelo
Estado. São cidadãos participando de
modo espontâneo e voluntário, em ações
que visam ao interesse comum”.

4
Enquadramento como Entidade
sem Finalidade de Lucros

Foram consideradas FASFIL (Fundações


Privadas e Associações sem finalidade
de lucros) - IBGE, aquelas que se
enquadrem simultaneamente, nos cinco
critérios a seguir:

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Enquadramento como Entidade
sem Finalidade de Lucros
– privadas, não integrantes, portanto, do
aparelho do Estado;

– sem fins lucrativos, isto é, organizações


que não distribuem eventualmente
excedentes entre os proprietários ou
diretores;

– institucionalizadas, ou seja, legalmente


constituídas;

– auto-administrativas ou capazes de
gerenciar suas próprias atividades; e

– voluntárias, na medida em que podem


ser constituídas livremente por qualquer
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grupo de pessoas.
TERCEIRO SETOR – BRASIL
(dados de 2016)

• 236.950 organizações sem fins


lucrativos contra 107.332 em
1996.
• 2,3 milhões pessoas ocupadas e
com remuneração.
• 66% de assalariados são
mulheres.
• 84% das entidades são de
pequeno porte (até 4 pessoas).
• 1,6% têm mais de 100
funcionários.

(Fonte: IBGE – FASFIL)7


TERCEIRO SETOR – MUNDO
E USA – 2.000
• 8ª força da economia mundial
• Movimenta mais de 1,1 trilhão de
dólares/ano no mundo
• Empregos diretos no mundo: 10,4
milhões
• 600 bilhões de dólares/ano nos
USA
• Existem 12 milhões de
trabalhadores remunerados direta
e indiretamente nos USA

(Fonte: Pesquisa da John Hopkins


University – USA – 1995 -
acessado através do site:
www.ritz. org.br) 8
CONSTITUIÇÃO DA
ENTIDADE SEM
FINALIDADE DE LUCROS
• Registros facultativos:

- Obtenção da declarações de
utilidade pública federal
- Obtenção do Certificado de
Entidade Beneficente de
Assistência Social (CEBAS)
- Registro como Organização
Social (OS)
- Registro no Conselho Nacional
de Assistência Social
- Registro junto ao Conselho
Nacional do Meio Ambiente
- Qualificação como
Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público
(OSCIP) 9
ANÁLISE PRÉVIA DO
CADASTRO DA ENTIDADE

Exemplo: Bahia
• No estado da Bahia, 7.525
entidades foram consideradas
como susceptíveis de receber
subvenções, contribuições e
auxílios. Através do site da
Receita Federal foi verificado que
15,6% (1.173) possuíam
pendências junto ao fisco
federal.

(Informação obtida em relatório


efetuado pelo TC do estado da
Bahia)
10
Crescimento do Terceiro
Setor

• De acordo com a ABONG (2004, p.1-


2), nos Estados Unidos da América,
em 1990, o setor movimentava 300
bilhões de dólares, já em 1996, estes
recursos chegavam a 320 bilhões de
dólares, o que correspondia a 6,3% do
PIB. Em países como Itália, França e
Alemanha, as instituições sem fins
lucrativos atingem anualmente mais de
3% do PIB nacional. 11
Crescimento do Terceiro
Setor

Em 2002, de acordo com o IBGE (2010,


op citada), no Brasil, 2,1 milhões de
pessoas trabalham nas fundações
privadas e associações sem fins
lucrativos, recebendo a remuneração
média de 4,5 salários mínimos mensais,
enquanto à média dos assalariados das
empresas em geral (públicas, privadas
lucrativas e não-lucrativas) era de 4,3
salários por mês. 12
ATUAL CENÁRIO DAS
ENTIDADES SEM
FINALIDADE DE LUCROS

• Desvios.
• Criação com aspectos
políticos e outros.
• Crescimento da quantidade
de ONGs.
• Crescimento dos recursos
captados.
• Valores relevantes de
imunidades e isenções.
• Alta empregabilidade 13
QUESTÕES ENFRENTADAS PELAS
ENTIDADES SEM FINALIDADE DE
LUCROS
• Cumprimento dos aspectos
legais.
• Cumprimento das
exigências. específicas dos
órgãos governamentais.
• Estruturação da
contabilidade como
instrumento de informação.
• Controle dos gastos.
• Dificuldades na implantação
de sistemas de controles
internos.
• Utilização de ferramentas
gerenciais no processo de
administração do negócio. 14
Títulos e Registros Federais
1. Título de Utilidade Pública Federal.

2. Organizações Sociais.

3. Registro no Conselho Nacional de


Assistência Social.

4. Certificado de Entidade Beneficente


de Assistência Social (CEBAS).

5. Cadastro Nacional de Entidades


Ambientalistas (CNEA).

6. Organização da Sociedade Civil de


Interesse Público (OSCIP) 15
Imunidade e Isenção

1. Imunidade
A imunidade é assegurada pela
Constituição Federal a determinadas
entidades e impõe vedações ao Poder
Público no tocante à cobrança de
impostos.

Conforme o artigo 14, incisos I, II e III, do


Código Tributário Nacional, estão
abrangidas pela imunidade as
instituições de saúde, previdência e
assistência social propriamente dita. 16
Imunidade e Isenção
2. Isenção
A isenção é a inexigibilidade temporária
do tributo, prevista em lei, mesmo com a
ocorrência do fato gerador e da
obrigação tributária. A isenção é
temporária, decorre de uma lei ordinária
e o fato gerador ocorre, mas seu crédito
é inexigível. Há a renúncia da cobrança.

As isenções podem alcançar todos os


tipos de tributos (impostos, taxas e
contribuições de melhorias), bem como
17
cada uma das esferas do Governo.
CAUSAS DO INDEFERIMENTO
DAS OSCIPs

• Ausência do Balanço Patrimonial e da


Demonstração de Resultados do
Exercício.
• Ausência da “Declaração de
Informações Econômico-Fiscais –
DIPJ” (ou Termo de Compromisso).
• Entendimento do MJ de proibir a
participação de servidor público na
diretoria da entidade (Lei 10.539/02 e
Lei 8.112/90 – Regime dos Servidores
Públicos civis da União).
• Prestação onerosa de serviços de
saúde e educação.
» (continua)

18
CAUSAS DO
INDEFERIMENTO DAS
OSCIPs PELO MJ

• Outros motivos:
- Cópias não autenticadas de
documentos.
- Estatuto desatualizado e com
alterações não averbadas.
- Estatuto sem conter cláusula
específica sobre remuneração dos
diretores.

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Contabilização dos principais
eventos
1. Doações para custeio recebidas sem
restrição em dinheiro:
D – Bancos
C – Doações (receitas)

2. Doações em ativos permanentes:


D – Imobilizado
C - Doações (Receitas)
(Obedecendo o regime de competência)

3. Promessa de doação incondicional:


D – Mensalidades a receber (Ativo)
C – Doações (Receitas)
20
Contabilização dos principais
eventos

4. Doações em ativos não destinados ao


custeio (sem restrição):
D – Imobilizado/Investimentos
C – Receitas (por programa)

5. Doações e subvenções recebidas


para custeio ou investimentos, com
restrição:
D – Bancos / Imobilizado
C – Doações a realizar / Subvenções e
assistência governamental a realizar
(passivo)

21
Contabilização dos principais
eventos
6. Gratuidade Concedida:
D – Gratuidade Concedida (despesas)
C – Benefícios concedidos – Gratuidade
(Variação patrimonial)

7. Pela reversão para resultado do


exercício:
D – Benefícios concedidos – Gratuidade
(Variação patrimonial)
C – Resultado do exercício

8. D – Resultado do exercício
C – Gratuidade Concedida
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Contabilização dos principais
eventos

9.Gratuidade: Contabilização do IR/CSO


como se devido fossem:
D – Despesas
C – Passivo

10.Reconhecimento da isenção ou
imunidade do IR/CSO:
D – Passivo
C – Gratuidades (Receitas)

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Contabilização dos principais
eventos
Nas situações em que a entidade tem a
posse de um determinado produto de
terceiros e, realizando a venda, passa a
deter parte do resultado obtido, os
registros contábeis devem ser feitos
como os de transações em contas
alheias, conforme a seguir:

11. Na venda do produto


D – Bancos – recursos de terceiros
C – Passivo – Outras consignações

12.Na transferência de parte dos


recursos ao consignante
D – Passivo – outras consignações
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C – Bancos – recursos de terceiros
Contabilização dos principais
eventos

13. Retenção da remuneração da


entidade sobre a venda do produto:
D – Bancos
C – Bancos – recursos de terceiros

14. Reconhecimento da receita sobre a


venda do produto
D - Passivo – outras consignações
C – Vendas de bens e serviços

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Contabilização dos principais
eventos
• Contratos, Convênios e Termos de
Parcerias:
São instrumentos jurídicos e
operacionais utilizados pela entidade na
consecução de seus objetivos.

15.Recebimentos de recursos de
convênios/projetos
D - Bancos – recursos com restrição
C - Recursos de convênios/projetos (Pas)

16. Aplicação dos recursos


D – Recursos de convênios/projetos
(Conta retificadora do passivo)
C – Bancos – recursos com restrição
26
Contabilização dos principais
eventos
Trabalho voluntário:
17.Reconhecimento contábil do trabalho
voluntário:
D – Remuneração de pessoal sem vínculo
empregatício (despesas)
C – Outras Obrigações (especificar) -
passivo

18. Reversão para resultado do exercício:


D – Resultado do exercício
C – Remuneração de pessoal sem vínculo
empregatício (despesas)

19. D - Outras Obrigações (especificar) -


passivo
C – Resultado do exercício
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Contabilização dos principais eventos

Observações:
• As receitas decorrentes de doações e
outros instrumentos, para aplicação
específica, devem ser registradas em
contas próprias, segregadas das
demais contas da entidade.

• A entidade deve constituir provisão


para créditos de liquidação duvidosa
suficientes para cobrir as perdas
esperadas sobre os créditos a receber.

• O superávit ou déficit deve ser


incorporado ao patrimônio social. Caso
tenha restrição para aplicação, deve
ser reconhecido em conta específica
do patrimônio líquido. 28
Contabilização dos principais
eventos
Observações:
• Os registros contábeis devem ser
segregados de forma que permitam a
apuração das informações para
prestação de contas exigida por quem
de direito (governo, aportadores de
recursos, usuários em geral).

• No caso de Fundações, a dotação


inicial disponibilizada, é considerada
em conta do patrimônio social.

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PRESTAÇÕES DE CONTAS

• Relatório de Atividades
• Demonstrações contábeis
• Informações bancárias
• Inventário patrimonial
• Declaração de Informações
Econômico-Fiscais da Pessoa
Jurídica

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PRESTAÇÕES DE CONTAS

• Relação Anual de
Informações Sociais
• Parecer do Conselho Fiscal
(ou qualquer outro órgão
deliberativo)
• Relatório de Auditoria
Independente, quando
aplicável
• Cópia de convênio, contrato
e termo de parceria

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CONCLUSÃO
•É importante aumentar a
transparência entre o terceiro
setor e o Estado. Ressalte-se,
entretanto, que em nome do
controle não se devem criar
dificuldades incontornáveis para a
execução de programas
essenciais à sociedade.
É imperioso que essas entidades,
de tão nobres objetivos, sejam
levadas a sério, tanto de parte do
setor público como do privado.

• “Uma lei passa a existir não


quando ela for escrita, mas
quando ela for respeitada.”
(Juan Bautista Alberdi, 1810 –
32
1884)

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