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Contabilidade de

Entidades
Religiosas
IGREJA

Organização Religiosa:
 Igreja é uma espé cie de organizaçã o religiosa

Objeto de pesquisa em diversas áreas sob vários aspectos:

 Teologia : ekklesia - assembleia ou reuniã o, organismo;


 Administraçã o: Organizaçã o;
 Direito: Direito Privado x Fim Pú blico (imunidade x isençã o)
 Economia: A É tica Protestante e o Espírito do Capitalismo;
 Ciê ncia Política: Organizaçõ es Religiosas x Política;
 Políticas Pú blicas: Atores na execuçã o de Políticas Pú blicas;
 Ciências Contábeis: Entidade - Patrimô nio.
As Organizações Religiosas não se enquadram
em nenhum dos setores da sociedade?

Fonte: Congresso xyz e-mail recebido pelo autor (Out/2018)


Classificação

Organização Religiosa/Igreja:
A Organizaçã o Religiosa se enquadra em qual
S etor Sociedade?
Setores da Sociedade:

Primeiro Setor: Estado/Governo;


Segundo Setor: Empresas c/ finalidade de lucro;
Terceiro Setor: Entidades Sem Fins Lucrativos
Quarto Setor: ???
INT R O D U Ç Ã O

Problema de Pesquisa:

Qual a percepçã o de membros de uma igreja sobre


a transparê ncia das demonstraçõ es contá beis quanto
à s fontes e aplicaçõ es de recursos em prol do grupo
assistido?
INT R O D U Ç Ã O

Objetivo Geral:
 Contribuir para o entendimento da importâ ncia social
da divulgaçã o das informaçõ es econô mico-financeiras
das organizaçõ es religiosas.

Objetivos Específicos:
Identificar a percepçã o dos membros sobre a prestaçã o de
contas aos membros da organizaçã o religiosa.

Propor novos modelos de demonstraçõ es contá beis


que possibilitem a aplicaçã o nas entidades religiosas.

Identificar as fontes de recursos e suas aplicaçõ es no custeio


e nos investimentos nessas organizaçõ es.
1.1 Governança Corporativa

Questão Conceitual: Comissão de Valores Mobiliários (2002),


“[...] é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o
desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes
interessadas.”

As Organizaçõ es Religiosas podem ou devem aplicar


os princípios da Governança Corporativa?
1.1.1 Princípios Bá sicos da Governança Corporativa

Quais são os princípios básicos da Governança Corporativa?

Transparência;
Equidade;
Prestação de Contas;
Responsabilidade Corporativa.
1.1.1.1 - Transparê ncia

I B G C (2010):

Mais do que a obrigaçã o de informar é o desejo de


disponibilizar para as partes interessadas as informaçõ es
que sejam de seu interesse e nã o apenas aquelas impostas
por disposiçõ es de leis ou regulamentos. A adequada
transparê ncia resulta em um clima de confiança, tanto
internamente quanto nas relaçõ es da empresa com terceiros
(grifo meu).
1.1.1.2 Equidade

Milani Filho e Milani (2010) escrevem:

Em Organizaçõ es do Terceiro Setor, todos devem receber,


similarmente, tratamento sem qualquer tipo de privilé gios
que se configurem em benefícios diretos ou indiretos em
detrimento do objeto social definido estatutariamente.
Compreendendo desta forma um tratamento justo e
igualitá rio de todos os grupos.
1.1.1.3 – Prestaçã o de Contas

Milani Filho e Milani (2010):

[...] os gestores responsá veis pela conduçã o da entidade e,


ainda, os membros representativos da Organizaçã o do
Terceiro Setor (OTS), devem responder e oferecer as
informaçõ es demandadas pelo Governo, doadores,
fornecedores, usuários, voluntários [...] sobre a origem e
destino dos recursos recebidos, metas de desempenho, riscos
envolvidos etc.
1.1.1.4 – Responsabilidade Corporativa

[...] Visto que ambos os recursos são escassos (financeiros e humanos)


e os doadores ao doarem tempo ou dinheiro querem se sentir
seguros de que os recursos investidos serão utilizados de maneira
eficiente e honesta, proporcionando o retorno aos seus investidores.
Além de altruísmo, excelência, caridade, filantropia, o bom
funcionamento das instituições, se deve também à integridade,
transparência e responsabilidade. (TSAI E YAMAMOTO, 2005)
1.2 Caracterizaçã o das organizaçõ es religiosas

Consideram-se organizaçõ es religiosas as entidades sem


fins lucrativos que professam culto de qualquer credo.
( RO D R I G U E S et al. 2014, p. 22)

Olak e Nascimento (2010) e Slomski et al. (2012)


classificam as entidades religiosas como subgrupo das
Organizaçõ es do Terceiro Setor e entendem que estas
organizaçõ es são agentes privados atuando para fins
públicos.
1.3 Fundamentos Legais e Norteadores das O.R.

Elas foram alçadas à condição de pessoa jurídica por ato do


primeiro presidente do Brasil, Manuel Deodoro da Fonseca, que,
auxiliado por Ruy Barbosa, publicou o Decreto 119-A, de 07 de
janeiro de 1890. (ESCOBAR, 2015 P. 45).

1. Constituiçã o Federal 1988, art. 5º - Proteçã o cultos;


2. Có digo Civil § 1º, art. 44 Có digo Civil – Organizaçã o;
3. Constituiçã o Federal 1988, art. 150, IV – Imunidade;
4. Có digo Tributá rio – Ratifica a Imunidade.
1.3 Fundamentos Legais e Norteadores das O.R.

Qual o alcance da regra Imunizante?

1. Somente o Templo?
2. Todos os bens?
3. Todas as Receitas?
1.3 Fundamentos Legais e Norteadores das O.R.

Imunidade e Isenção é a mesma coisa?

1. Imunidade está prevista no texto Constitucional;

2. Isençã o prevista em Lei.


1.4 Contabilidade Aplicada ao Terceiro Setor.
De acordo com a Resolução CFC n.º 1409/12, que
aprova a ITG 2002:

“A entidade sem finalidade de lucros pode ser


constituída sob a natureza jurídica de fundação
de
direito privado, associação, social,
organização organização religiosa,
partido político e sindical.” entidade
1.4 Contabilidade Aplicada ao Terceiro Setor.

O Decreto nº 7.979 de 98 de abril de 2013, que altera o Decreto


no
6.022, de 22 de janeiro de 2007, que instituiu o Sistema
Público de Escrituração Digital.

Art. 2º O Sped é instrumento que unifica as atividades de


recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e
documentos que integram a escrituração contábil e fiscal dos
empresários e das pessoas jurídicas, inclusive imunes ou isentas
(grifo nosso), mediante fluxo único, computadorizado, de
informações.
1.5 Transparê ncia Organizacional.

Qual ideia está contida no conceito de transparência?

Existem basicamente três definições de transparência ligada às


organizações: transparência organizacional; transparência do
processo e transparência da informação. Qualquer uma das três
tem vinculado à transparência a ideia de publicidade, acesso
público, disponibilidade da informação.
1.5 Transparê ncia Organizacional. Figura 1.

Fonte: CAPPELLI; LEITE (2008 apud ALÓ,


1.5.1 Transparê ncia Pú blica

1. Constituição Federal/88 – Art. 37: Publicidade


2. Lei de Responsabilidade Fiscal § 1, art. 1 – “transparente” e
Art. 48 “instrumentos de transparência” “meios eletrônicos de
acesso público”;
3. Lei de Acesso a Informação: “Entidades Privadas Sem Fins
Lucrativos”.
1.5.2 Transparê ncia nas Organizaçõ es Religiosas

1. Finalidade Pública;
2. Custo de Oportunidade Social;
3. Aumentar a confiança do doador;
4. Atender as partes interessadas (internas e externas).
1.6 Relatórios amigáveis a utilizar na divulgação
das aplicações dos recursos.

Miranda et al. (2008): A comunicaçã o efetuada pelas


demonstraçõ es contá beis para seus diversos usuá rios deve
ser transparente e clara de forma a mostrar o desempenho
econô mico-financeiro da empresa de maneira simples e
precisa.
Então, o que fazer?

Criar formas de divulgação das informações econômico-


financeira que permitam maior transparência e governança da
organização religiosa.

Adotar práticas de transparência através de demonstrativos


compreensíveis ao público interessado que permita não só o
acompanhamento do público interno, como também do público
externo.

Aplicar os princípios Básicos de Governança Corporativa a


Organizações Religiosas.

 Novos modelos de Demonstrações Contábeis.


O que é Captação de Recursos?

• É o processo de pedir ou juntar contribuições


voluntárias, como dinheiro ou outros recursos, de
indivíduos, empresas, governos etc.;

• Atua pela sustentabilidade do terceiro setor e é uma


área própria das organizações sem fins lucrativos.
O que é Captação de Recursos?

• Atividade estratégica e continuada que envolve:


planejamento, marketing, comunicação, relações
públicas, elaboração de projetos, prestação de
contas, incentivos fiscais, questões jurídicas e de
natureza ética, orçamento etc.
Por que Captar?

“Para realizar sua missão e atender às


necessidades da comunidade, as organizações
necessitam de recursos, de origem nacional ou
internacional, advindos de fontes
governamentais ou privadas.”
(Leilah Landim, 1999)
Quem é o Captador de Recursos?

• É aquele que se dedica a uma função característica


de organizações da sociedade civil, criada pela
necessidade, e não por motivos acadêmicos ou
jurídicos. Não há regulamentação legal e existe em
grande parte do mundo.
Quem é o Captador de Recursos?

• Administração;
• Comunicação;
• Direito;
• Contabilidade;
• Marketing;
• Relações Públicas;
• Recursos Humanos;
• E outras...
O que é Doação?

• Investimento Social Privado é a alocação voluntária


e estratégica de recursos privados, sejam eles
financeiros, em espécie, humanos, técnicos ou
gerenciais, para o benefício público;
• No caso de uma empresa, é parte da
Responsabilidade Social Corporativa dela;
• Pode ser empresarial, individual/familiar, de
Fundações e comunitária.
O Doador

INTERESSE

VÍNCULO

CAPACIDADE
O que é Doação?
O que é Doação?

EUA – 316 bilhões de dólares – 720 bilhões de reais


Inglaterra – 10 bilhões de libras – 35 bilhões de reais
Fonte: Giving USA 2013
O que é Doação?
Planejamento & Captação
• Planejar é se preparar para a jornada, mas é também
um processo que está sempre acontecendo;
• Planejamento estratégico é um processo de
organização de ideias e decisões, que influenciam o
futuro e definem a relação entre uma organização e o
ambiente em que atua;
• Captação de recursos “sustentável” não existe sem
planejamento estratégico e sem um plano de
mobilização de recursos.
Plano de Mobilização de Recursos

• Documento que dá suporte à captação;


• Embasado no planejamento estratégico
da organização;
• Define metas, estratégias, indicadores,
responsáveis, prazos e monitoramento;
• Pode ser feito com a liderança da Diretoria e/ou com o
apoio de consultorias.
Projeto x Plano
Plano de Mobilização
Projeto
Elaborado a partir do
“Projeto é um
planejamento, é um “GUIA” para
empreendimento planejado
as atividades de captação de
que consiste num conjunto
de atividades inter- X recursos, tanto para questões
estratégicas, como para oferecer
relacionadas e coordenadas,
suporte à toda atividade de
com o fim de alcançar
comunicação. Priorizando a
objetivos específicos dentro
implementação de cada
dos limites de tempo e de
estratégias e descrevendo as
orçamento dados”.
ações necessárias.
Captação de Recursos
Cara-a-cara

Pedido de doação
na rua, de forma
planejada e
contínua.

Quem faz? – Greenpeace, UNICEF, Save the Children


(22 mil novos doadores em um ano), Aldeias Infantis,
ActionAid, MSF.
Captação de Recursos
Campanhas Capitais

Grandes campanhas desenvolvidas. Mobilizam a


comunidade para causas específicas.
Quem faz? – Greenpeace, GRAACC, AACD, WWF.
Captação de Recursos
Campanhas Anuais

Grandes campanhas realizadas todos os anos. São


planejadas e esperadas.
Quem faz? – AACD, WWF, Criança Esperança etc.
Captação de Recursos
Marketing Relacionado à Causa
Empresas e organizações
da sociedade civil
formam uma parceria
para comercializar uma
imagem, produto ou
serviço, em benefício de
ambos.
Quem faz? Ipê, SOS Mata
Atlântica etc.
Captação de Recursos
Arredondamento

Ao comprar, o
consumidor opta por
“arredondar” para
cima sua compra,
com a diferença
sendo doada.
Quem faz: Crocs,
Marisa, NK Store.
Captação de Recursos
Eventos
•Grandes momentos de captação de
recursos, como jantares, festas de
gala, seminários etc;
•Requerem planejamento anual e
perenidade; permitem captação de
bens em espécie.
Quem faz: GRAAC, Brazil
Foundation.
Captação de Recursos
Internet

Crowdfunding
Captação de Recursos
Internet

Facebook / Blog: Mensalidades


Captação de Recursos
Internet

Facebook / Blog: Doações


Captação de Recursos
Fundos Patrimoniais

Fundo composto por doações com a condição de seu


principal (valor doado) ser mantido intacto e investido
para criar uma fonte de recursos para uma organização.

Exemplo: Ipê, Conservation Internacional, Saúde e


Criança.
Captação de Recursos
Voluntários
Atuar com
voluntários na
captação também é
uma estratégia
relevante para as
organizações.
Voluntário não é
substituição de mão-
de-obra.
Captação de Recursos
Apadrinhamento
A doação é
“tangibilizada”: uma
criança, um aluno,
uma certa quantidade
de árvores etc.;
Quem faz: ChildFund,
ActionAid, Médicos
Sem Fronteiras,
Cidadão Pró-Mundo.
Captação de Recursos
Telemarketing

As organizações
ligam para
potenciais
doadores.
Captação de Recursos
Payroll - Doação no ambiente do
trabalho – geralmente via desconto
em folha de pagamento.

Mala direta - Envio de cartas para


doadores - a cada 100 mil, 400
doam (R$ 1,40 - 140 mil reais / 300
reais por doador - 120 mil reais por
ano).
Captação de Recursos
Venda de produtos - Lojas sociais,
produtos comercializados;

Celular - Captação via SMS, Whatsapp


etc.;

Projetos & Projetos de Geração de


Renda.
Captação de Recursos
- Editais;

- Leis de incentivos fiscais


(ISS / ICMS);

- Emendas e convênios
Governamentais;

- Organizações da Sociedade
Civil.
Captação de Recursos
- Igrejas;

- Sindicatos;

- Bancos;

- Fundações e
organismos
Internacionais.
Captação de Recursos
O que levar em conta?
• Gestão da
Organização;
• Perfil dos
profissionais;
• Estratégias de
Captação;
• Estratégias de
Comunicação.
Captação de Recursos
ÉTICA E DIREITOS DOS DOADORES
Código de ética da ABCR (www.abcr.com.br)
Captação de Recursos
ÉTICA E DIREITOS DOS DOADORES (www.abcr.com.br)

•Princípios fundamentais para a tarefa de captar recursos:


legalidade, integridade, transparência, respeito à
informação, honestidade em relação à intenção do doador
e compromisso com a missão da organização;

•Principais pontos polêmicos: remuneração pré-


estabelecida, confidencialidade dos doadores e conflitos
de interesse.
Captação de Recursos
Direitos dos Doadores:

•Ser informado sobre a missão da organização, sobre


como ela pretende usar os recursos doados e sua
capacidade de usar as doações, de forma eficaz, para os
objetivos pretendidos;

•Receber informações completas sobre os integrantes do


Conselho Diretor e da Diretoria da organização que
requisita os recursos.
Captação de Recursos
Direitos dos Doadores:

•Ter acesso a mais recente demonstração financeira anual


da organização;

•Ter assegurado que as doações serão usadas para os


propósitos para os quais foram feitas;

•Receber reconhecimento apropriado.


Captação de Recursos
Direitos dos Doadores:

•Ter a garantia de que qualquer informação sobre sua


doação será tratada com respeito e confidencialidade, não
podendo ser divulgada sem prévia aprovação;

•Ser informado se aqueles que solicitam recursos são


membros da organização, profissionais autônomos
contratados ou voluntários.
Captação de Recursos
Direitos dos Doadores:

•Poder retirar seu nome, se assim desejar, de qualquer


lista de endereços que a organização pretenda
compartilhar com terceiros;

•Receber respostas rápidas, francas e verdadeiras às


perguntas que fizer.
Captação de Recursos
Fontes:

Associação Brasileira de Captadores de Recursos (www.abcr.com.br)

PEREIRA, Custódio. Captação de Recursos Fund Raising: Conhecendo


melhor porque as pessoas contribuem. São Paulo: Ed. Mackenzie,
2001

OAB SP (www.oabsp.org.br/comissoes2010/direito-terceiro-setor)

Ferrero Consultoria (www.ferreroconsultoria.com.br/)


Até a próxima!

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