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6 de Dezembro de 2022

Existe um jeito de blindar o meu patrimônio?

Publicado por Vivian Padilha há 2 meses  40 visualizações

Todo mundo quer segurança financeira, especialmente para a


própria família.

No entanto, muitos não sabem como proteger o seu patrimônio de


riscos eventuais e também de outras situações mais comuns, como
um divórcio ou a própria partilha de bens em caso de falecimento.

Sendo o patrimônio grande ou não, ele é importante para o dono e


economizar com os impostos, por exemplo, é algo que todo mundo
quer.
O problema é que o desconhecimento das informações resultam em
decisões que custam caro.

O prejuízo financeiro e o abalo psicológico de expor um bem a uma


situação de risco é grande. Pior ainda quando você descobre que
poderia ter evitado essa situação.

Além de evitar a desvalorização do patrimônio, o uso de meios


legais de proteção pode diminuir (e muito) os custos com impostos.

Por isso, é necessário reconhecer o quanto antes a importância de


proteger o seu patrimônio dos riscos aos quais está exposto.

Nos próximos tópicos responderemos a pergunta título deste artigo:


"existe um jeito de blindar o meu patrimônio?".

Você vai conhecer um pouco mais sobre a holding familiar.

O que é a blindagem patrimonial?


Como dito, muitos querem a segurança do seu patrimônio, no
entanto, poucos sabem como é possível protegê-lo.

Isso acontece, principalmente, porque as pessoas sequer sabem a


que riscos seus bens estão de fato expostos.

Por isso é necessário durante esse processo o auxílio de


profissionais especialistas, que estejam aptos a identificar a melhor
estratégia e a melhor ferramenta para efetuar a proteção
patrimonial.

Mas, afinal, o que é a blindagem?

A blindagem patrimonial é um conjunto de estratégias e


ferramentas que tem como objetivo organizar os bens de uma ou
mais pessoas e então protegê-los de riscos eventuais e habituais.
Existem diversas formas de você proteger o seu patrimônio, tudo
depende do que ou de quem você quer protegê-lo e se isso é
legalmente possível.

Logo, é importante ter em mente que a blindagem patrimonial não


se resume a necessariamente criar uma holding como muitos
advogados divulgam.

A blindagem, como dito, é um conjunto de estratégias e


ferramentas e a holding é somente uma delas, sendo
plenamente possível e às vezes até necessário que ela seja
utilizada em conjunto com outras.

Alguns outros exemplos de ferramentas para “blindar” o


patrimônio, amplamente usadas e permitidas pela lei brasileira são:
doação de bem com reserva de usufruto, doação com possibilidade
de reversão, elaboração de pacto antenupcial e instituição de seguro
de vida.

Como regra, os meios para realizar a blindagem são preventivos, ou


seja, buscam evitar a exposição dos bens à riscos previamente
detectados. No entanto, nada impede que a blindagem seja utilizada
para reduzir prejuízos que já estão acontecendo.

O que não é possível é utilizar-se dessas ferramentas para, por


exemplo, esconder patrimônio e fraudar execuções ou credores,
uma vez que isso é ilegal.

Inclusive, recorrer a ferramentas ilegais somente torna


ainda mais vulnerável o seu patrimônio.

Portanto, a blindagem patrimonial é um meio que deve ser avaliado


caso a caso, para atender as necessidades de cada pessoa sem causar
prejuízos.

Entenda no próximo tópico como é possível fazer essa blindagem.


Como funciona a holding familiar?
Primeiramente, a holding é uma das principais ferramentas
utilizadas na blindagem patrimonial.

Isso acontece porque a holding consegue concentrar inúmeros bens


em uma só estrutura empresarial organizada.

Apesar de ter uma estrutura empresarial, pois de fato é criado um


CNPJ, a holding não tem uma atividade comercial e acaba sendo
uma empresa constituída unicamente com o objetivo de
administrar e gerenciar diversos bens.

Por isso, a holding pode ser criada por grupos de pessoas com as
mais diversas relações entre si, sendo que o objetivo comum sempre
será a proteção do patrimônio.

O caráter familiar da holding surge no momento em que a


empresa é criada para abrigar todos os bens de um
específico núcleo familiar.

E quando falamos em família, estamos diante de pessoas que


possuem relações de afeto ou não entre si, o que de ambas as
formas pode dificultar a gestão dos bens.

Por isso que a holding, que nada mais é do que uma empresa, pode
ser administrada por uma pessoa com conhecimento técnico,
evitando discussões entre seus membros.

Na prática, cada membro da família é dono de uma cota,


uma porcentagem do valor do total da empresa, sendo que
a empresa, por sua vez, é a proprietária de todos os bens.

Esse é um fator extremamente importante para a proteção dos


bens, pois eles pertencem diretamente à empresa e, portanto, sem
autorização administrativa não poderão ser vendidos ou onerados
com fianças, por exemplo.
Como sabemos, diversas situações podem acontecer, como um
divórcio ou o falecimento de um dos membros da holding e, por
isso, a forma de transmissão e divisão de bens deve ser
previamente estabelecida no contrato social, que é o
instrumento que rege a administração dessa empresa.

E quais bens podem fazer parte de uma holding, seja ela familiar ou
não?

A resposta é que qualquer bem pode ser incluído na empresa.


Automóveis, investimentos financeiros, imóveis, contas bancárias,
cotas ou até mesmo a integralidade de outras empresas.

Para você entender melhor, vou te mostrar um exemplo: imagine


que você possui apartamentos, investimentos, automóveis e outros
bens que adquiriu com muito suor ao longo dos anos, assim como
que durante esse período você constituiu uma família, possui filhos,
cônjuge e além disso construiu do zero a sua empresa.

Como você pode ter a segurança de que seus bens pessoais não
serão utilizados para pagamento de cobranças oriundas da
empresa? Como você, ainda em vida, pode tornar a transmissão
do seu patrimônio aos herdeiros mais ágil e menos custosa? Como
você pode diminuir a tributação sobre esses bens?

Essas são as perguntas mais comuns de quem procura proteger os


seus bens familiares, tanto em vida quanto após o falecimento.

E é por isso que a criação da holding familiar também tem


um papel extremamente importante no planejamento
sucessório, que consiste na organização da transmissão
patrimonial.

Sobre planejamento sucessório, temos inclusive um


artigo:

“Tem como evitar o inventário?”


Resumo
Como você pôde perceber, a blindagem patrimonial é algo
legalmente permitido e inclusive recomendado se você deseja
proteger os seus bens de riscos eventuais e até mesmo habituais,
proporcionando, inclusive, a economia no pagamento de impostos.

No entanto, essa blindagem não é absoluta, visto que não é possível


utilizar a holding ou outra ferramenta existente para esconder os
bens de dívidas em nome daquele que busca blindar o seu
patrimônio.

A holding familiar, que é uma das diversas ferramentas do


planejamento sucessório, tem como objetivo centralizar e
administrar os bens de um núcleo familiar, o que significa que cada
particularidade deve ser levada em consideração no momento de
identificação e proteção dos bens, evitando, então, prejuízos.

Por isso, o primeiro passo é procurar um especialista para


que ele identifique quais são as suas necessidades e qual a
estratégia mais adequada para o seu caso.

Isto porque, muitas vezes a holding não é a melhor ferramenta para


um determinado modelo de família.

Sendo a holding familiar o meio mais adequado, será realizado o


levantamento dos bens e a elaboração de um plano de ação. Não
sendo, existe uma série de outras ferramentas que com certeza se
adequarão à realidade da família que busca organizar
estrategicamente o seu patrimônio.

Artigo escrito por Thais Schaly, advogada associada especialista


no direito de família e sucessões.
Publicado originalmente:
https://vivianpadilha.adv.br/2022/10/13/existe-um-jeito-de-
blindaromeu-patrimonio/

Disponível em: https://vivianpadilha.jusbrasil.com.br/artigos/1663486246/existe-um-jeito-de-blindar-


o-meu-patrimonio

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