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Burocracias a tratar em caso de falecimento de familiar (e-konomista.

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Olga Terixeira 23 Set, 2022 - 11:24

Burocracias a tratar em caso de


falecimento de familiar
O momento é de dor, por isso deve resolver tudo de forma simples e rápida. Saiba quais
as burocracias a tratar em caso de falecimento de familiar.

Num momento delicado, a disposição para lidar com papelada pode não ser
muita, mas a lei a isso obriga. Saiba quais as burocracias a tratar em caso
de falecimento de familiar e qual a forma mais simples de resolver tudo.

BUROCRACIAS A TRATAR EM CASO DE


FALECIMENTO DE FAMILIAR: ETAPAS A
SEGUIR

Após a morte de um familiar, e apesar da dor associada, há passos a dar para


que certas questões legais e financeiras não fiquem pendentes. Vejamos,
então, por onde começar e quais as etapas a seguir.

O primeiro contacto deverá ser com a agência funerária. Pode contar com a
experiência destes profissionais para tratar das questões relacionadas com o
funeral.

Além disso, estas empresas resolvem outros assuntos urgentes, como o registo
do óbito. Podem também ajudar com outras questões, como os pedidos de
apoio à Segurança Social e as justificações de faltas para os familiares.

1
Tratar da certidão de óbito

É um documento fundamental para dar seguimento a várias das burocracias a


tratar em caso de falecimento de familiar. No fundo, esta é uma declaração
que comprova a morte e que identifica a pessoa que morreu. Indica a data,
a hora e o local da morte.

Pode ser pedida online ou numa Conservatória do Registo Civil, Loja de


Cidadão, Espaço Registos do IRN ou Consulado Português, se viver fora do
país. Pode fazer o pedido online através da plataforma Civil Online.
O pedido online ou para fins da Segurança Social ou abono de família tem o
custo de 10 euros. Em papel e para outras finalidades custa 20 euros.

2
Comunicar o óbito ao banco

Uma das primeiras burocracias a tratar em caso de falecimento de familiar


é comunicar o óbito ao banco ou bancos. Assim, é possível garantir que a
conta ou contas não são movimentadas por pessoas não autorizadas.

Se, por exemplo, for uma conta conjunta de um casal, assume-se que metade
do dinheiro pertence ao cônjuge que sobrevive. O que significa que só pode
movimentar metade do saldo da conta.

Por isso, e enquanto não forem tratadas todas as questões relacionadas com os
bens, não é possível encerrar a conta nem esta pode ser movimentada por
outras pessoas.

Veja tambémComo dividir a herança entre mãe e filhos? Saiba como


evitar conflitos

3
Comunicar a morte à Autoridade Tributária

Informar a Autoridade Tributária (AT) é uma das burocracias a tratar em caso


de falecimento de familiar; é obrigatória, desde que existam bens para serem
registados (por exemplo, imóveis ou veículos).

A comunicação deve ser feita pelo cabeça de casal até ao fim do terceiro mês


que se segue ao da morte.

O que é preciso fazer?

É necessário dirigir-se a um balcão das Finanças e levar:

 Cópia da certidão de óbito;


 Cartão de cidadão (ou BI e número de contribuinte) da pessoa que
morreu;
 Cartão de cidadão (ou BI e número de contribuinte) do cabeça de casal;
 Nome completo e o número de contribuinte dos outros herdeiros;
 Lista dos bens que fazem parte da herança e dos seus valores (relação
de bens);
 Testamento (se existir);
 Certidão de escritura de renúncia ou repúdio de herança ou legado.

A lista de bens deve incluir as contas bancárias, fundos de investimento, ações


e certificados de aforro, PPR e seguros de vida, objetos preciosos (joias,
pedras preciosas, etc.), veículos, móveis e imóveis.

Participação do Imposto do Selo

Nesta ocasião faz-se também a participação do Imposto do Selo, através do


preenchimento do Modelo 1, que pode encontrar aqui.

Se os herdeiros forem cônjuges ou unidos de facto, ascendentes (pais e avós) e


descendentes (filhos e netos) ficam isentos do pagamento do Imposto de Selo.
Noutros casos o imposto a pagar corresponde a 10% do valor da herança.

Ainda no que respeita a obrigações dos herdeiros perante a AT, é importante


não esquecer as que estão relacionadas com o IMI e AIMI. O pagamento cabe
ao cabeça de casal.

Veja tambémHerança no IRS: quais as obrigações fiscais dos herdeiros?

4
Tratar da Habilitação de Herdeiros

A habilitação de herdeiros é mais uma das burocracias a tratar em caso de


falecimento de familiar quando existem bens móveis ou imóveis. No fundo,
este é um documento que identifica os herdeiros e que é indispensável para
que a herança possa ser partilhada.

Uma das formas de o fazer é recorrer ao Balcão das Heranças, que existe em
vários pontos do país nos serviços de registo civil e em alguns do registo
predial e de registo comercial.

Se existir um testamento, este já indica a quem se disponibiliza a quota parte


disponível, assim como os herdeiros. Caso não exista, será aplicada a lei,
privilegiando os parentes mais próximos.

O que é necessário?

Para fazer a habilitação de herdeiros são necessários os documento de


identificação do cabeça de casal ou do seu representante legal ou mandatário.
É igualmente preciso identificar todos os interessados e indicar o NIF de cada
um. Para iniciar este processo é também preciso ter a relação dos bens  que
integram a herança com o valor atribuído a cada um deles.

Depois da entrega da documentação é feito o registo dos bens que integram a


herança. Os serviços do Balcão das Heranças analisam o processo e os
documentos e fazem a confirmação do óbito, dos herdeiros e dos bens. O
procedimento para a partilha é então marcado para 7 a 10 dias depois.

A habilitação de herdeiros custa, no mínimo, 150 euros. O valor varia depois


em função do tipo de habilitação, número de herdeiros e dos bens que for
preciso identificar.

5
Requerer as prestações sociais junto da Segurança Social

Outra das burocracias a tratar em caso de falecimento de familiar é requerer,


junto da Segurança Social, as prestações sociais relacionadas com o óbito.

São concedidos subsídios para ajudar com as despesas do funeral e para


garantir um apoio financeiro aos familiares mais próximos.

Veja quais são os apoios a que pode ter direito e o que fazer para pedir.

Subsídio de funeral

Este é um subsídio para compensar o familiar pelas despesas que teve com o


funeral. O valor (219,96 euros) é pago de uma só vez.

Para requerer é preciso preencher o formulário Mod.RP5033-DGSS, que


inclui também uma lista com os documentos necessários. Deve entregá-lo nos
serviços da Segurança Social da sua área de residência nos seis meses
seguintes ao falecimento.

Reembolso das despesas com o funeral

No caso de o falecido não ter familiares com direto ao subsídio por morte e de
o funeral ter sido pago por outra pessoa, esta pode pedir o reembolso das
despesas que teve com a cerimónia.

Esta prestação única só é paga se o falecido tiver sido beneficiário do regime


geral de Segurança Social. O valor do reembolso tem o limite de 1.329,60
euros, o que equivale a três vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS) em
2022.
Para requerer é necessário entregar o Mod.RP5076-DGSS na Segurança
Social até 90 dias após o registo do óbito.

Pensão de orfandade

Caso o falecido não estivesse abrangido por nenhum regime de proteção


social e tiver deixado filhos menores, estes podem ter direito à pensão de
orfandade. Ou seja, a receber mensalmente um determinado valor até que
atinjam a maioridade ou se emancipem.

A atribuição desta prestação depende dos rendimentos do agregado familiar,


do número de órfãos e da existência ou não de um ex-cônjuge . O
requerimento, através deste formulário, deve ser feito no prazo de meio ano
após a morte.

Pensão de viuvez

O cônjuge ou pessoa que vivia em união de facto pode ter direito à pensão de
viuvez se o falecido tivesse uma pensão social. No entanto, há condições que
deve cumprir. Assim, não pode estar a receber outra pensão e os rendimentos
mensais ilíquidos devem ser iguais ou inferiores a 177,28 euros.

A pensão de viuvez tem o valor de 128,35€ (60% da pensão social que este


ano é de 213,91€) e é paga mensalmente. Para pedir é preciso entregar este
formulário na Segurança Social no prazo de seis meses após o falecimento.

Pensão de sobrevivência

Os familiares mais próximos têm direito ao valor da pensão de sobrevivência,


desde que a pessoa que faleceu tivesse pelo menos 36 meses de contribuições
para a Segurança Social.

Destina-se a cônjuges, unidos de facto, ex-cônjuges que estivessem a


receber pensão de alimentos ou descendentes. A duração e o valor a receber
dependem de vários fatores, nomeadamente a idade do cônjuge e a existência
de filhos menores.

O cálculo é feito tendo como referência a pensão que a pessoa que faleceu
recebia ou teria direito a receber. Para requerer deve entregar o formulário
Mod.RP5075-DGSS na Segurança Social até seis meses após o óbito.

Subsídio por morte

Para facilitar a reorganização da vida familiar a Segurança Social atribui, aos


familiares, o subsídio por morte. Cônjuges e unidos de facto, ex-cônjuges com
pensão de alimentos e descendentes podem beneficiar deste subsídio, no valor
de 1.316,43 euros, que é pago apenas uma vez.

Para pedir tem de entregar, na Segurança Social, o formulário Mod.RP5075-


DGSS. O prazo é de 180 dias após o falecimento.

ESPAÇO ÓBITO DA LOJA DO CIDADÃO:


TRATAR DE VÁRIOS ASSUNTOS NUM SÓ LUGAR

Como as burocracias a tratar em caso de falecimento de familiar exigem o


contacto com várias entidades, pode ser necessário algum tempo e
disponibilidade para resolver tudo.

Por isso, se puder recorrer a uma Loja do Cidadão que tenha o Espaço Óbito,
será mais simples, já que pode tratar de tudo num só lugar.

Para tratar das questões relacionadas com a herança, pode recorrer ao Balcão
de Heranças, procurando neste mapa o local mais próximo de si.

Existem vários prazos para tratar dos diferentes assuntos relacionados com o
óbito, mas o ideal é que não demore mais de dois meses para começar a
resolver.

Artigo originalmente publicado em maio de 2021. Atualizado em setembro de


2022.

Fontes
 Ministério da Justiça: Guia do Espaço Óbito

 Instituto dos Registos e do Notariado: Balcão Heranças

 Instituto dos Registos e do Notariado: Balcão das Heranças – perguntas


frequentes

 Segurança Social: Subsídios por morte

 Autoridade Tributária e Aduaneira: Transmissão gratuita de bens


– Obrigações Declarativas

 Diário da República Eletrónico: Decreto-Lei n.º 131/95 Código do


Registo Civil

Veja também
 O que acontece às dívidas quando uma pessoa morre?
 Por que deve falar de dinheiro com os seus pais o quanto antes?
 Contas bancárias: o que fazer em caso de falecimento do titular?

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