Você está na página 1de 6

AÇÃO CAUTELAR

1.Conceito e Natureza jurídica:

Ação cautelar é o procedimento que visa, prevenir, conservar e


defender contra a gravidade de um fato, isto é, é a garantia de um direito ao
autor o qual ingressou com uma ação, ainda conceituando, Renato Saraiva
tenta aclarar mais ainda o temo: “Entretanto, o processo cautelar se distingue
nitidamente dos processos de conhecimento e execução, uma vez que apenas
objetiva permitir futura realização do direito substancial, garantido a efetividade
de outro processo”, e ainda “O principal objetivo do processo cautelar, portanto,
é a obtenção de uma medida urgência (medida liminar) que possa tutelar a
situação jurídica do conflito, garantindo-se a efetividade do processo principal,
evitando-se os prejuízos em função da demora em obter a solução final da lide,
ou ainda em função de atos praticados pela parte adversa”.

Em outras palavras é a finalidade garantir a efetividade do processo


de conhecimento ou de execução, sem que haja a satisfação da ação, ou seja,
o julgamento final do pedido objeto da ação. Assim, não restam dúvidas que o
processo cautelar não tutela diretamente o direito, mas defende, e garante, o
devido processo principal.

1.2. Classificação.

A doutrina de forma majoritária dividiu a classificação em dois ramos


e desta forma, há de concordarmos com a doutrina predominante em classificar
as ações cautelares em duas espécies
Nominadas, Típicas ou Específicas – são aquelas que estão previstas no
Capítulo II do Livro III no Código de Processo Civil, essas medidas cautelares
possuem procedimentos específicos de busca e apreensão, seqüestro e
arresto, etc.;

Inominadas, Atípicas ou Inespecíficas – são as demais ações que podem


ser ajuizadas com base nos arts. 796 a 812 do Código de Processo Civil, em
regra, são aquelas que visam o poder geral da cautela, trataremos acerca
deste item mais profundamente, pois se trata do objeto de nosso estudo. Ainda
existem classificações para as medidas cautelares, que podem ser: medidas
preparatórias e incidentais.

2. Ações cautelares e o processo do trabalho.

O direito do trabalho não faz referência às ações cautelares, apenas


as medidas liminares conforme art. 659, IX e X, via de regra, visa proteger a
tutela do empregado quando este é transferido indevidamente ou para
reintegrar dirigente sindical dispensado, afastado ou suspenso de suas funções
pelo empregador. Mas a doutrina e a jurisprudência salientam que o uso de
ações cautelares é totalmente cabível, pois existe omissão sobre a matéria no
ordenamento jurídico, assim, buscando a aplicação subsidiária ao Código de
Processo Civil, passaram a admitir a prática de ações cautelares inominadas
no bojo do processo do trabalho. Assim, os defensores desta tese têm se
pautado na segurança jurídica do processo, evitando danos irreparáveis as
partes, uma vez que, a medida cautelar tomada por ação judicial, tem como
único escopo proteger um ou mais direitos do jurisdicionado, evitando que sofra
ameaças de violação. Portanto, para ser possível demandar uma ação cautelar
deverão sempre ser preenchidas as condições da ação, ou seja, a legitimidade
das partes, possibilidade jurídica do pedido e o interesse de agir, mas existe
ainda o relevante aspecto processual que são os requisitos necessários para a
ação cautelar, como o “fumus boni juris” e o “periculum in mora”.

2.1. Requisitos:
2.1.1. “Fumus boni juris”.

 A palavra fumus boni juris é derivada do latim é tem por tradução a


fumaça do bom direito, nós nos confortamos com o entendimento de aparência
do bom direito.

Para a concessão da medida cautelar é necessário que seja notória


essa aparência do bom direito, neste requisito processual não há em que se
falar no mérito da ação, havendo sempre que se aludir à presença da tutela do
jurisdicionado e o risco iminente que sofre pela ação ou omissão da parte
contrária, nesta medida judicial sempre se buscará a proteção da tutela uma
vez que a ameaçada e o risco da demora estão presentes no mesmo caso
concreto.

Assim, buscarmos auxílio nos ensinamentos do Ilustre Doutrinador


Marcus Vinicius Rios Gonçalves (Novo Curso de Direito Processual Civil) vol. 3,
pag. 270, o entendimento acerca da matéria, pois menciona que: “O exame do
fumus boni juris não exige uma avaliação aprofundada dos fatos, nem da
relação jurídica discutida. A concessão da tutela cautelar não pode constituir
um prognóstico do que irá ocorrer no processo principal. É possível que o juiz
conceda, ainda que esteja pouco convencido de que o requerente possa sair
vitorioso no processo principal, quando verificar que o não-deferimento
inviabilizará a efetivação do direito, caso, apesar de tudo, ele venha a ser
reconhecido”.

2.1.2. “Periculum in mora”.

Outro requisito processual para as ações cautelares é o periculum in


mora, originário do latim, tem por tradução o perigo da demora ou como define
a doutrina perigo do dano, neste bojo nos ensina o Ilustre Doutrinador
Humberto Theodoro Júnior (Curso de Direito Processual Civil) 41ª ed. Pag.
550, “O perigo do dano refere-se, portanto, ao interesse processual em obter
uma justa composição de litígios, seja em favor de uma ou de outra parte, o
que não poderá ser alcançado caso se concretize o dano temido”
Contudo, há de comprovar o autor da demanda cautelar que poderá ser
sancionado com danos irreparáveis ou de difícil reparação caso haja demora
na solução da lide, por isto se faz necessário a decisão liminar em medida
cautela.

3. Conclusão.

Pedimos vênia para aqui defendemos a tese que sempre deverá haver meio


processual cabível para corrigir erros cometidos por julgadores, ato processual
esse que poderá ser efetuado através de recursos quando possibilitados ou
através de ações cautelares, ou seja, meio preparatório que visa à garantia de
evitar danos irreparáveis ou de difícil reparação ao jurisdicionado.

Neste sentido, seria uma forma de segurança jurídica a mais no processo


trabalhista, ainda com a permissiva vênia deixamos de concordar com aqueles
que são adeptos a celeridade processual e também se norteiam pelo princípio
da irrecobilidade imediata de decisões interlocutórias, pois tais princípios
deixam lacunas das decisões prolatadas de cunho interlocutório ou de cunho
resolutivo.

A celeridade processual é um dos princípios norteadores da processualística


trabalhista, porém ressalvamos mais uma vez que, a celeridade processual
para o julgamento de uma lide pode se resultar efeitos sucessivos ou acelerar
os efeitos desastrosos por decisões errôneas e imprecisas, assim, acreditamos
que nem sempre se é viável uma justiça célere, pois o lapso temporal pode se
tornar um grande aliado da justiça, comprovando os verdadeiros fatos, em
tudo, há que se haver um bom senso jurídico quanto à duração do julgamento
de uma lide, casos complexos necessitam de tempo para um julgamento mais
plausível e justo.

De outro lado, para se contra-argumentar o princípio da irrecobilidade imediata


de decisões interlocutórias no processo do trabalho, há que se socorrer do
instrumento de ações cautelares, como já vimos em outros estudos, à
liquidação de sentença que apura o quantum poderá conter vícios ou erros e
para a sua revisão o único meio cabível é a impugnação da sentença de
liquidação, acaso se o juiz prolator da decisão mantiver a sentença de
liquidação esta poderá ser possível de revisão por órgão hierarquicamente
superior, somente na fase executória e com o devido depósito recursal,
expondo o Recorrente à eira do risco pela demora e as margens da grave
lesão financeira sofrida.

Por derradeiro, nos incumbi ainda ressaltar quanto os efeitos suspensivos dos
recursos na seara laboral, pois, via de regra os recursos no processo do
trabalho são recebidos somente em efeitos devolutivos, não sendo cabível os
efeitos suspensivos, portanto, entendemos que a ação cautelar é o meio
jurídico possível de suspender os efeitos de recursos no processo do trabalho,
quando completados os requisitos necessários, evitando assim minimizar os
danos.

Você também pode gostar