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Profª. Elsa Maria L. S.

Ferreira Pepino
OAB-ES n. 4.962
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PONTO 13. ESPÉCIES DE PROCESSO: Processo de Conhecimento,


Cumprimento de sentença, Execução e Tutela Provisória.

Tradicionalmente o legislador dividiu as funções jurisdicionais em três tipos diferentes,


de acordo com o tipo de provimento jurisdicional (expresso no pedido imediato)
solicitado pela parte. Daí a clássica divisão em três tipos de processos distintos,
embora ligados entre si e em sequência: o processo de conhecimento, o processo de
execução e o processo cautelar. Essa tipologia era reproduzida na estrutura do
CPC/73, que cuidava em livros diferentes cada um desses tipos de processos (Livro 1
– Processo de Conhecimento; Livro 2 – Processo de Execução; e Livro 3 – Processo
Cautelar).

O NCPC prevê apenas dois tipos de processos (Livros I e II da Parte Especial): o


Processo de Conhecimento (art. 318 e ss) e do Cumprimento de Sentença (art.
513 e ss) e o processo de Execução (art. 771 e ss).

Na sistemática do CPC/15 o processo cautelar deixa de existir como processo


autônomo, é tratado no âmbito da TUTELA PROVISÓRIA (Parte Geral - Livro V – arts.
294 a 311), que compreende a tutela de URGÊNCIA (arts. 300 a 310) e tutela de
EVIDÊNCIA (art. 311). A tutela de urgência abrange a tutela ANTECIPATÓRIA e a
tutela CAUTELAR.

1. Processo de Conhecimento

Processo de conhecimento, processo cognitivo ou de cognição, é a espécie de tutela


jurisdicional que tem como objetivo proporcionar a certeza de um direito, haja vista a
existência de um conflito de interesses entre as partes. É assim denominado pela
necessidade de o juiz fazer análise ampla (conhecer) dos fatos (alegações e provas)
trazidos a juízo para formular seu entendimento e então resolver sobre a existência ou
inexistência do direito no caso concreto, declarando qual das partes está com a razão
(solucionando o conflito que lhe foi trazido).

O objetivo do processo é a obtenção de um provimento de mérito, através do qual o


órgão jurisdicional vai formular a regra jurídica especial do caso concreto levado a
julgamento. Essa regra jurídica concreta pode ser positiva, quando se diz que houve a
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procedência do pedido do autor, ou negativa, quando se verifica a improcedência do


pedido.

A sentença proferida num processo de conhecimento tem sempre uma carga


declaratória (pela necessidade de declarar o direito naquele caso concreto), por isso é
conhecido também como processo declaratório amplo.

Além dessa carga declaratória que lhe é inerente, o processo de conhecimento pode
gerar outros efeitos que dependem do tipo de provimento (pedido imediato) pretendido
pelo autor. Considerando a natureza do provimento, os processos de conhecimento
são subdivididos em:

• Provimento meramente declaratório – sentença declaratória - o objetivo é


eliminar a incerteza sobre a existência, inexistência ou do modo de ser de uma
relação jurídica ou ainda sobre a autenticidade ou falsidade de um documento
(CPC/15, art. 19). O provimento jurisdicional, em regra, exaure-se na
declaração. São exemplos comuns de ações declaratórias, entre outras, a ação
de usucapião (declara a aquisição da propriedade); a ação de nulidade de ato
jurídico; a ação declaratória de inexistência; reconhecimento da relação jurídica
de emprego; declaratória de constituconalidade etc. Todas as sentenças que
rejeitam o pedido do autor são declaratórias (declaram inexistir o direito subjetivo
do autor!).

• Provimento constitutivo – sentença constitutiva - objetiva a criação, alteração


ou extinção de relações jurídicas, modificando a situação anterior. É o que
ocorre, por exemplo, com a ação de divórcio, onde o autor, em virtude de um
determinado comportamento da outra parte, objetiva eliminar a relação jurídica
do casamento.

• Provimento condenatório - sentença condenatória – como o nome indica,


volta-se para a obtenção de um provimento condenatório, que determine o
cumprimento de uma prestação (pagar; fazer; não-fazer ou entregar), ou seja, é
um provimento que não se satisfaz com a mera declaração, pois além da
afirmação da existência do direito e da sua violação, quer a aplicação de uma
sanção em caso de inadimplemento voluntário pela parte vencida. Essa sanção
se configura na possibilidade de o Estado impelir a execução forçada (não se

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confunde com a sanção de direito material) da sentença, que vai operar-se


numa nova fase do processo designada cumprimento de sentença (NCPC, art.
513 e ss). É o tipo de provimento jurisdicional mais frequente (é a regra dentro
do processo penal) e resulta da análise de uma pretensão “de dar”, entregar, “de
fazer” e “de não fazer”.

A par desta classificação, há autores que seguindo Pontes de Miranda apontam dois
outros tipos de provimento: os provimentos mandamentais (expressam ordens judiciais,
exemplo ação de despejo, mandado de segurança) e os executivos “lato sensu” (que
comportam dentro de si uma fase de cumprimento do julgado. Exemplo, a ação de
consignação em pagamento). Esta classificação todavia perdeu importância desde a
reforma processual decorrente da Lei 11.232/05 que criou o processo sincrético –
que no âmbito processual civil fundiu num mesmo processo as funções cognitivas e
executivas.

2. Processo de Execução

Executar é cumprir de modo forçado uma prestação que não foi espontaneamente
satisfeita. O processo de execução objetiva que o Estado obrigue o devedor de uma
prestação a cumpri-la, de modo a que o direito (líquido, certo e exigível) expresso no
título seja efetivado.

Atenção: Não se pode confundir execução com processo de execução. Executar


sempre é forçar o cumprimento de uma prestação e isso sempre se dá dentro de um
processo, mas nem sempre é um processo de execução. É que a execução pode
operar-se por meio de um processo de execução autônomo, instaurado com o objetivo
único de executar, ou pode operar-se numa fase (fase de execução) de um outro
processo (fase de cumprimento da sentença), no caso de ações sincréticas (com
objetivos diversos- por ex., conhecer e executar).

Todo o processo de execução pressupõe um título executivo (um documento que me


permita executar) cuja origem pode ser judicial ou extrajudicial.

3. Tutelas provisórias

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Provisório é aquilo que não é definitivo, que pode ser alterado. Tutela provisória é, pois,
a concedida em provimentos jurisdicionais sem caráter definitivo, podendo ser
revogados ou alterados (CPC/15, art. 296). A tutela provisória pode lastrear-se em
motivo de urgência ou de evidencia (CPC/15, art. 294).

A tutela de urgência comporta a tutela antecipada (de natureza satisfativa – o juiz


profere decisão concedendo, desde logo, ao requerente os efeitos que só seriam
alcançados com a sentença) e a tutela cautelar (de natureza conservativa – tem
natureza instrumental e assegura provisoriamente a utilidade de uma ação principal).
Numa ou noutra hipótese a urgência pressupõe comprovação do perigo de dano ou o
risco do resultado útil do processo (periculum in mora) e a probabilidade do direito
(fumus boni iuris) que se quer realizar ou assegurar (CPC/15, art. 300).

As tutelas de urgência (antecipada e cautelar) podem ser requeridas de forma


antecedente ou preparatória (antes da instauração do processo principal) ou incidental
(no curso do processo).

Por sua vez a tutela de evidência não é uma tutela urgente e por isso dispensa o
requisito do periculum in mora (perigo de dano ou o risco do resultado útil do processo)
– CPC/15, art. 311. Sua razão de ser é a evidência (clareza). O direito é tão evidente
que a duração do processo pode ser encurtada, garantindo-se desde logo a tutela
jurisdicional ao seu titular.

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