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DIREITO PROCESSUAL LABORAL

«Procedimentos Cautelares;
«Processo Comum;
«Procedimentos Cautelares Previsto no CPC Aplicáveis ao Processo do
Trabalho;
«Tramitação do Procedimento Cautelar Comum.

PROCEDIMENTOS CAUTELARES
Designa a vertente adjectiva ou procedimental do conjunto de actos
processuais que devem ser praticados, a respectiva sequência ou
tramitação dos mesmos, enquanto o termo «providências cautelares»
deve ser usado apenas para designar a medida que em concreto é
requerida ou é julgada adequada para cautelar o direito substantivo
sumariamente invocado, correspondendo mutatis mutandis (mudado o
que deve ser mudado) ao pedido que é formulado na acção declarativa e
objecto de decisão final.
Ainda sobre a questão o prof. António Geraldes, reforça a ideia de expor,
ao afirmar que, os diplomas processuais, tanto o CPC como o CPT,
referem-se tanto a procedimentos como providências cautelares. mas
tendo em conta o contexto em que surge cada uma delas, o critério
seguido pelo legislador, que deve ser atacado pelo jurista quando se
debruça sobre a matéria, assenta nas expressões «providência ou
providência cautelar» reportam-se às medidas que concretamente podem
ser requeridas ou deferidas, correspondendo às pretensões de direito
material; já para traduzir a vertente adjectiva ou procedimental das
medidas cautelares, ligada à especial forma que deve ser adaptado, ao
conjunto de actos processuais a realizar, à respectiva sequência ou
tramitação ou ao suporte material, serve a expressão «procedimentos
cautelares».
Tal como o Código de Processo Civil o Código de Processo do Trabalho
distingue entre procedimento e providência. Assim, entende-se por
procedimento a tramitação processual e o conjunto de actos processuais
aplicável com vista ao decretamento da medida solicitada ao tribunal,
enquanto a providência é a medida concretamente requerida ao tribunal,
correspondente no direito substantivo à prestação material e no direito
adjectivo ao pedido formulado na acção ou execução principal (a
instautarar ou instraurada) e de que o mesmo depende.
Isso para dizer que o Procedimento Cautelar é o meio processual e a
providência é a pretensão que com o mesmo se pretende atingir. Sendo
assim, entendemos os procedimentos cautelares como meio ou
mecanismo que goza de privilégio na defesa eficaz e eficiente dos direitos
subjectivos e de garantia do efeito útil do resultado ou da decisão a ser
proferida no processo principal. Por isso, diferentemente das acções onde
se exige uma prova concludente, os procedimentos cautelares satisfazem-
se com uma prova meramente sumária, desde que a mesma permita
assegurar a probabilidade da existência do direito que se pretende
proteger e o justo receio de violação de difícil reparação do referido
direito ou de perda do mesmo de forma irreparável, fazendo com que a
decisão proferida no processo principal, ainda que favorável, seja
completamente inútil e sem qualquer utilidade prática. Dito de outro
modo, os procedimentos cautelares, São, afinal, antecâmara do processo
principal, possibilitando a emissão de uma decisão interina ou provisoria
destinada a atenuar os efeitos erosivos decorrentes da demora na
resolução definitiva ou a tornar furtuosa a decisão que, porventura, seja
favorável ao requerente.
Assim, podemos inferir que, de uma maneira geral, os procedimentos
cautelares comportam DOIS REQUISITOS ESSENCIAIS E COMULATIVOS, de
cuja verificação depende a procedência ou improcedência da providência
requerida são eles: 1“o fumus boni júris” ou probabilidade séria da existência do
direito que se quer acautelar, bastando para o efeito uma prova sumária;
2 “o periculum in mora” o receio fundado de perda do direito pela demora
normal dos processos em tribunal. Toda via, a par desses dois requisitos,
coexistem outros para que o procedimento cautelar assegure a efectivação de
um direito é, igualmente, necessário que haja uma adequação da providência
solicitada à situação de lesão iminente; que o prejuízo que resulte da
providência não seja superior ao dano que com ela se pretende evitar; e, por
último que a providência a obter não esteja abrangida por qualquer dos outros
procedimentos cautelares. No mesmo sentido que Paulo Sousa Pinheiro
posiciona-se o advogado Abílio Neto, quando afirma que “O decretamento de
uma providência cautelar não especificada depende da concorrência dos
seguintes requisitos:
a) que muito provavelmente exista o direito tido por ameaçado-objecto da
acção declarativa, ou que venha emergir de decisão a proferir em acção
constitutiva, já proposta ou a propor;
b) que haja fundado receio de que outrem antes de proferida decisão de
mérito, ou porque a acção não está sequer proposta ou porque ainda se
encontra pendente, causa lesão grave e dificilmente reparável a tal
direito;
c) que ao caso não convenha nenhuma das providências tipificadas;
d) que a providência requerida seja adequada a remover o periculum in
mora concretamente verificado e a assegurar a efectividade do direito
ameaçado;
e) que o prejuízo resultante da providência não exceda o dano que com ela
se quis evitar.
As providências cautelares, diferentemente das acções, são um meio de defesa
provisório e célere cuja finalidade é impedir a violação de um direito ou de pôr
fim uma violação actual, tendo em conta que a demora normal de uma acção
pode tornar inútil o efeito pretendido. Sendo assim, qualquer decisão proferida
numa providência nunca é definitiva, carecendo sempre de uma confirmação
feita por outra decisão tomada na acção principal que deverá ser,
necessariamente, intentada no prazo máximo de 30 dias, contados a partir da
data da notificação da decisão que decretou a providência requerida, sob pena
de caducidade da providência decretada. Por essa razão, caduca igualmente a
providência decreta se acção principal vier a ser julgada improcedente ou se o
réu for absolvido da instância, vide alíneas a b e c do nº 1 artigo 382 CPC.
Por esse motivo, uma vez que o Processo do Trabalho é o Processo Civil por
natureza, na distinção com os processos de natureza penal e atendendo as
especificidades da relação jurídico-laboral, a dependência do trabalhador em
relação ao posto de trabalho, as desigualdades substanciais, ainda que sob a
capa de uma aparente desigualdade formal, a dificuldade de impor o
cumprimento de determinados direitos legalmente consagrados, a conjuntura
económica e os respectivos efeitos no nível geral de emprego ou na modalidade
laboral e outras circunstâncias, considerando a natureza instrumental dos
procedimentos cautelares.
Do que acabamos de dizer, identificam-se como características dos
procedimentos cautelares as seguintes: natureza cautelar, porque os
procedimentos cautelares servem para garantir o efeito útil de uma acção, em
face da sua demora normal; natureza instrumental, porque os procedimentos
têm como função permitir alcançar os fins do processo principal, o que faz com
que não tenha autonomia; natureza provisoria, porque as suas decisões são
necessariamente provisorias, pois visam apenas prevenir os prejuízos da
demora normal dos processos e, por isso, carecem de confirmação de outra
decisão a ser proferida no processo principal; natureza excepcional, porque não
devem ser instaurados indiscriminadamente, mas apenas e só quando se
verifique sério e grave receio de violação de um direito; natureza urgente,
devendo gozar de prioridade sobre qualquer outro trabalho, quer por parte do
cartório judicial, quer por parte do juiz.
RAZÃO DE SER DA TUTELA CAUTELAR NO PROCESSO DO TRABALHO
De acordo com o artigo 2 do CPC, “ a todo o dto excepto quando a lei determine
o contrário, corresponde uma acção, destinada a fazê-lo reconhecer em juízo ou
a realizá-lo coercivamente… Nesta disposição legal encontramos resumido os
poderes que é conferido aos tribunais de julgar e de executar as suas decisões,
que, no final de contas, traduz-se exactamente na perspectiva declarativa
executiva da função jurisdicional.
Por outro lado, a garantia constitucional do acesso ao direito e a tutela
jurisdicional efectiva, previsto no artigo 29º da CRA, confere ao cidadão o
direito a uma decisão a ser proferida dentro de um prazo razoável, num
procedimento cautelar caracterizado pela celeridade e prioridade sobre os
demais, com finalidade de obter uma tutela efectiva e em tempo útil contra
ameaças ou violações dos seus direitos, com essa garantia constitucional
pretende-se assegurar dois valores fundamentais: a celeridade e a justiça.
Justificada a necessidade dos procedimentos cautelares nos processos do
trabalho podemos agora concluir, que “desde que se verifiquem as
circunstâncias que justifiquem a intervenção imediata do tribunal, nada impede
que, antecedendo ou acompanhando uma acção inserida na esfera de
competência dos tribunais de trabalho, sejam solicitadas as medidas ajustadas a
acautelar a lesão efectiva, a assegurar a manutenção da situação existente ou
conferir ao interessado a antecipada tutela do seu direito desde que
preenchidas as circunstancias justificativas para a concessão da tutela cautelar.
PROCEDIMENTOS CAUTELARES E MECANISMOS EXTRAJUDICIAL DE
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS DE TRABALHO
Neste ponto pretendemos cruzar a questão dos procedimentos cautelares com
a regra do nosso processo do trabalho da precedência obrigatória dos
mecanismos extrajudicial de resolução de conflitos de trabalho, no sentido de
divisarmos (distinguir) as implicações dessa regra naqueles procedimentos.
Com efeito, nos termos dos artigos 274 nº1 e 307 nº3 da LGT, a propositura da
acção emergente de conflitos de trabalho é sempre precedida da realização de
tentativa de mediação, de conciliação ou arbitragem. Em face dessa realidade
colocam-se vários questionamentos, tendo em conta que a legislação
processual do trabalho existente e em vigor nada diz sobre o problema
relativamente aos procedimentos cautelares. Em primeiro lugar procura-se
saber se esta regra é também aplicável aos procedimentos cautelares no
sentido de que só podem ser instaurados depois do recurso a um desses
mecanismos e, em segundo lugar, procura-se saber se, decretada a providência
requerida, os 30 dias previstos na alínea a) do nº 1 art.382 CPC são para
propositura da acção ou para o cumprimento desta regra da precedência
obrigatória dos mecanismos de resolução extrajudicial.
Do nosso ponto de vista, a primeira preocupação colocada ultrapassa-se com
relativa facilidade, basta atendermos à natureza dos procedimentos cautelares
e à sua finalidade. Como referimos anteriormente, os procedimentos cautelares
têm uma natureza essencialmente célere e urgente e têm como finalidade
última acautelar o efeito útil da decisão a ser proferida no processo principal,
prevenindo a produção de danos ou minimizando o seu agravamento.
Obviamente que este caracter célere, urgente e acautelar não se compadece
com qualquer demora mesmo de ordem processual, sob pena de o “remédio”
não ser eficaz na “cura”, ou seja, sob pena de se consumarem os danos que se
pretendem evitar e, assim, tornar inútil a sentença que for proferida no
processo principal. Por isso entendemos que esta obrigatoriedade não é
aplicável aos procedimentos cautelares, devendo os mesmos dar entrada
directamente no cartório judicial sem precedência de qualquer um dos
mecanismos R.C.E, em conformidade ao art. 212 do CPC.
PROCEDIMENTO CAUTELAR COMUM E SUA UTILIDADE PRÁTICA
Atendendo à enorme variedade de situações que podem ser objecto de um
procedimento cautelar, não é possível existirem procedimentos cautelares
especificados para todas as situações, dado que o legislador não tem
capacidade para regular todas as ocorrências do dia-a-dia, sem que nada fique
de fora, por isso, ao lado dos p.c especificados, deve existir um p.c não
especificados, comum ou residual, para permitir que sejam acauteladas todas as
questões imprevisíveis ou que não tenham tramitação própria.
De várias situações em que se justifica o recurso ao procedimento cautelar
comum, segundo o prof. Paulo Sousa Pinheiro, destacam-se:
a) a transferência ilegítima do trabalhador para outro local de trabalho;
b) violação do direito do trabalhador à ocupação efectiva;
c) mudança unilateral do horário de trabalho;
d) violação das normas sobre períodos de descanso.
Procedimentos Cautelares especificados de Jure Constituendo
Como já tivemos a oportunidade de afirmar quando falámos da razão de ser da
tutela cautelar no P. Laboral, o legislador não consagrou qualquer instrumento
cautelar na legislação processual laboral, dai ter urgido a necessidade acutilante
de socorrer-nos das normas do CPC, com as devidas adaptações.
TRAMITAÇÃO DO PROCEDIMENTO CAUTELAR COMUM
Tal como já afirmamos, o CPC, enquanto regra geral do Processo Civil e também
por força do artigo 59º da Regulamento da Justiça Laboral é de aplicação
subsidiária aos demais ramos de direito processual em geral e, em particular, ao
processo do trabalho. Nesta medida, quer as disposições gerais aplicáveis a
todos os procedimentos cautelares artigo 381 e ss CPC, quer as normas que
regulam os p. c. não especificados artigo 399 e ss CPC, são aplicáveis ao
procedimento cautelar comum no foro do trabalho.
Pela natureza instrumental dos p. c. e pela sua falta de autonomia, o
procedimento cautelar comum “é sempre dependência de uma causa que tenha
por fundamento o direito acautelado e pode ser instaurado como preliminar ou
incidente da acção nº 1 do artigo 384 CPC. Por essa razão, caduca a providência
decretada se o requerente não propuser a acção, de que forem dependência,
dentro de 30 dias nº 1 artigo 382.
Por essa razão também, nos termos das alíneas b) e c) do nº 2 do artigo 382 do
CPC, caduca a providência decretada se a acção vier a ser julgada improcedente
por sentença transitada em julgado, se o reu for absolvido da instância e o
requerente não propuser nova acção dentro do prazo fixado no nº2 artigo 289
CPC.
Por outro lado, se o procedimento for requerido antes de ser proposta a acção,
deve o mesmo ser apensado a esta tão logo seja intentada e, se a respectiva
acção for proposta noutro tribunal, o procedimento cautelar será remetido para
este tribunal nº2 artigo 384 CPC. Diferente, se o p. c. for requerido no decurso
da acção, será instaurado no tribunal onde foi proposta a acção será deduzido
por apenso ao respectivo processo, relativa a tramitação propiamente dita, o
tribunal ouvirá o reu se a audiência não propuser em risco o fim da providência,
nº 2 artigo 400 CPC.

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