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TJRJ - ApCiv 0000813-45.2010.8.19.0075 - j. 20/10/2011 - rel.

Cláudia Pires dos Santos Ferreira.

Ementa Oficial:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS. ROMPIMENTO DE NOIVADO. NÃO COMPARECIMENTO DO
NOIVO AO MATRIMÔNIO. DANO MORAL CONFIGURADO. AUSÊNCIA
DE COMUNICAÇÃO PRÉVIA O QUE EVITARIA MAIORES
CONSTRANGIMENTOS. DANOS MATERIAIS, COMPROVADOS.
AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. SENTENÇA MANTIDA.
NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.
6ª Câmara Cível
Apelação Cível nº 0000813-45.2010.8.19.0075
Apelante: DANILLO SABINO DE OLIVEIRA
Apelada: JÉSSICA BEZERRA BUEKER
Relator: Des. CLAUDIA PIRES DOS SANTOS FERREIRA
Trata-se de ação indenizatória por danos materiais e morais,
promovida por JÉSSICA BEZERRA BUEKER em face de DANILLO
SABINO DE OLIVEIRA, alegando que, marcou casamento com o réu,
contudo, este não compareceu ao cartório na data do matrimônio.
Alega que, começaram a namorar em fevereiro de 2007, tendo marcado
o casamento para outubro de 2009. Acrescenta que, realizou gastos
para a festa, aluguel de roupas, convites, entre outros, totalizando o
valor de R$ 4.181,86 (quatro mil cento e oitenta e um reais e oitenta e
seis centavos). Assevera que, no dia da cerimônia a ser realizada no
Cartório de Registro Civil, o noivo não compareceu, não dando
qualquer satisfação, o que lhe causou vergonha e humilhação. Em
virtude de tais fatos, requer a condenação do réu a pagar danos
materiais, no valor supramencionado, bem como, danos morais no
valor equivalente a 50 salários mínimos.
O réu apresentou contestação oral, às fls. 61/62, alegando que desistiu
do casamento, pois os familiares da autora não concordaram com a
mudança do casal para a cidade do Rio de Janeiro, local onde trabalha.
Assevera que, efetuou despesas com a confecção de convites,
proclamas e pessoais, totalizando o valor de R$ 12.000,00 (doze mil
reais), formulando pedido contraposto de indenização por danos
materiais e morais.
Audiência de instrução e julgamento, nos termos da ata de fls.77.
A sentença de fls.121/127 julgou procedente o pedido principal e
improcedente o pedido contraposto, para condenar o réu, ao
pagamento de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos morais e,
R$ 4.186,86 (quatro mil cento e oitenta e seis reais e oitenta e seis
centavos) a título de danos materiais, acrescidos de custas e
honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor da
condenação, observando os termos da lei 1060/50.
Apelação do réu, às fls. 93/96, requerendo a reforma da sentença,
asseverando que não casou com a autora, pois necessitava residir na
capital e não, em Magé, local distante de seu trabalho, como queriam
os parentes da recorrida. Acrescentou que, informou à noiva, antes da
data do casamento, que não poderia firmar o matrimônio. Alegou
acreditar que a autora rescindiria os contratos de prestação de serviços
relativos ao matrimônio. Por fim, aduziu que, a autora assumiu os
riscos de acreditar na realização do matrimônio, pois o noivado foi
rompido anteriormente.
Contra-razões, apresentadas intempestivamente e, desentranhadas
conforme decisão de fls. 107.
É o relatório. Decido.
Trata-se de apelação, interposta contra sentença, proferida pela Juíza
de Direito da Vara Cível do Fórum Regional de Vila Inhomirim, Suzana
Vogas Tavares Cypriano, em ação de indenização por danos materiais e
morais em decorrência do não comparecimento do réu no seu
casamento que seria realizado no Cartório de Registro Civil.
Inexiste em nossa legislação obrigação do noivo ou da noiva de
cumprirem a promessa de casamento, nem ação para exigir a
celebração do matrimônio.
Contudo, entendo que, o rompimento injustificado da promessa no dia
do casamento acarreta danos morais e patrimoniais, a parte
abandonada no altar.
O apelante sustenta em seu recurso que, desistiu do matrimônio, em
virtude da oposição da família da noiva quanto a mudança do casal
para o Rio Janeiro local de seu trabalho. Assevera também que,
comunicou previamente a apelada o rompimento do noivado.
Não se verifica nos autos qualquer indício de que o rompimento do
noivado ocorreu antes da data da cerimônia.
Observa-se que a apelada contratou diversas empresas, todos os
preparativos necessários para realização da cerimônia de casamento,
assim como, o aluguel do vestido de noiva e promoveu a sua retirada
na data do matrimônio, conforme documento de fls. 23/26.
Portanto, não parece crível que a apelada, efetuando o pagamento e a
retirada do vestido de noiva na data do matrimônio, tivesse
conhecimento do rompimento do noivado.
Ademais, como bem salientado na sentença, proferida pela magistrada
a quo, o réu não negou que deixou sua noiva esperando o seu
comparecimento em cartório no dia do casamento, justificando apenas
que, não iria se casar, pois não poderia morar longe do local de
trabalho.
O que se constata é a ausência de comunicação prévia do noivo,
quanto a desistência do casamento, o que certamente evitaria maiores
constrangimentos.
Vale destacar um trecho da sentença que demonstra a situação
constrangedora passada pela apelada:
“O réu preferiu deixar a autora vestir-se de noiva, comparecer no
Cartório no dia do casamento civil e passar pelo vexame de ficar
esperando o noivo em vão.”
Note-se que a sentença restou bem fundamentada, ao quantificar a
indenização a título de danos morais, mostrando-se razoável e
proporcional, considerando o caráter punitivo e pedagógico, dada a
extensão do dano.
No tocante aos danos materiais, estes são devidos, pois a autora
comprovou os gastos, realizados para a celebração do casamento
(fls.14/29) acrescentando que, o réu em momento algum impugnou
quaisquer dos gastos, apresentados.
Assim, não há dúvidas de que o réu causou lesão de ordem moral e
material à autora, estando correta a sentença, prolatada pela Juíza a
quo.
Pelo exposto, NEGO provimento ao recurso do autor, mantendo a
sentença em todos os seus termos.
Rio de Janeiro, de de 2011

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