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Universidade Católica do Salvador

Curso de Graduação em Direito

Gabriela Maciel Melo


Matrícula: 200018118

Fichamento
Orçamento Público e Lei Orçamentaria Anual.

Salvador/BA
Universidade Católica do Salvador
Curso de Graduação em Direito

Gabriela Maciel Melo


Matrícula: 200018118

Fichamento
Orçamento Público e Lei Orçamentaria Anual.

Atividade Avaliativa apresentada ao curso Superior


de Direito, turno noturno em cumprimento parcial
para aprovação da disciplina, Direito financeiro,
lecionado pelo Docente: Fagner Vasconcelos Fraga

Salvador-BA
1. Orçamento Público e Lei Orçamentaria Anual (LOA)
Contexto Histórico:

* Moldes estabelecidos na Carta Magna da Inglaterra, em 1215, de João Sem Terra, possui a mesma
concepção do orçamento Público no Estado Moderno;

* A partir do surgimento da Lei orçamentaria, esperava-se que fossem estabelecidos dois elementos
que seriam essenciais para o funcionamento do Orçamento público, sendo eles, a Soberania e uma
Clara Divisão entre o patrimônio do estado e do particular;

“Note-se que mesmo durante parte da Idade Moderna não seria possível se falar,
de forma apropriada, em Orçamento Público, devido às muitas interseções
existentes entre o patrimônio público e aquele pertencente ao Soberano”

“Já a exigência de uma lei, como requisito formal do Orçamento Público, encontra-
se inerente a submissão da proposta de fixação de despesas e previsão de receitas
elaborada pelo Soberano, à aprovação das Cortes representativas da vontade
popular. ”

* Embora tenha sido criada para ser aplicada conforme o regime democrático, pouco pode-se observar
a participação popular nas elaborações de orçamentos público, onde visualiza-se que este é elaborado
afim de satisfazer os interesses particulares do soberano;

1.2 Perspectiva Instrumental da Lei Orçamentaria Anual

* Modificado após a Segunda Guerra Mundial, o LOA passou a caracterizar-se como um


“instrumento de planejamento da atuação do Estado, O Orçamento-Programa ou Programático, muito
além de mero arrolamento de valores, seria lei contemplativa do patrimônio, receitas e despesas
públicas, com vistas ao desenvolvimento econômico e social. ”

* E utilizado como instrumento do Estado, para fazer a compilação das financias e dos patrimônios
públicos, como se fossem um inventario dos recursos;

1.3 Natureza Jurídica do LOA


* Ainda não se chegou a uma natureza jurídica concreta, mas atualmente são defendidas 4 correntes
para fundamentar o LOA;

Mista – Leon Dugult

Alto-Condições – Gaston Jeze

Lei Formal – Hoennel

Lei Formal Autorizativa – Ricardo Lobo Torres

* Sobre o tema, é imperioso observar que o Estado brasileiro sofre com um alto nível de engessamento
das suas financias em grande parte já previamente comprometida com despesas indicadas na
legislação de fato, em que pese a natureza autorizativa do LOA;

* Por outro lado, ao contrário do que se costuma argumentar, não seria a concepção impositiva do
LOA que minoraria a malversação dos recursos públicos;

1.4 LOA e Orçamento Participativo

* Primeiramente não se confunde o Orçamento participativo com Orçamento Público, apesar de


similares nas suas terminologias, referem-se a institutos completamente distintos na esfera jurídica.
Pois, orçamento público formaliza-se por meio de lei, já o orçamento participativo caracteriza-se pela
inclusão de propostas diretas da população, para utilização de determinado recursos público;

“Dessa forma, pode-se afirmar tratar-se o primeiro de instrumento legislativo obrigatório, enquanto o segundo seria um
instrumento de fomento à participação popular na realização dos dispêndios do Erário. ”

* A rigor, apesar de não obrigar a participação popular na elaboração do orçamento Público, é


recomendado a sua utilização. Vide o Art.48 da Lei complementar nº 101/2000;

Ademais, na Constituição federal de 1988, art.29, XII, deve-se incentivar a cooperação das
associações no planejamento popular, incorpora o posicionamento ao Estatuto da Cidade, lei nº
10.257/2001;
2. LOA – Lei Orçamentaria Anual

* Instrumento legislativo que instrumentaliza, na perspectiva jurídica, o Orçamento Público anual de


cada um dos entes federativos, determinando, com base no PPA e na LDO, a execução das despesas
e a previsão das receitas públicas;

* Estruturada em 3 pilares: OF – Orçamento Fiscal de Toda Administração Pública, OI _ Orçamento


Investimentos das empresas estatais, OSS – Orçamento da Seguridade Social;

* Os Orçamentos fiscal (OF) e Investimento (OI) possuem a relevante função constitucional de


fomentar a redução das desigualdades inter-regionais, segundo o critério populacional (CF/88,
Art.165, 7º);

* Em conformidade com a Lei nº 4.320/64, art. 4º, a lei de orçamento deve compreender todas as
despesas própria dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou que por intermédio deles
se devam realizar;

* A execução de uma despesa no contexto de inexistência da lei orçamentaria que a respalde configura
conduta típica criminal, prevista no Código Penal, art. 359-D (conforme o Decreto-Lei nº 2.848/40,
com alteração da Lei 10.028/2000). Assim, ordenar despesa não autorizada por lei levará a uma pena
de reclusão de um a quatro anos;

* Para delimitação do conceito de despesa não autorizada por lei para fins de enquadramento criminal
deve-se recorrer á lei complementar nº 101, de 2000, art. 15combinado com os arts. 16 e 17. Não
obstante, como adverte Cezar Bitencourt, circunstancias administrativo-orçamentarias poderão a
culpabilidade do gestar;

3. Créditos Adicionais

* A LOA será elaborada no ano imediatamente anterior ao da sua vigência, não podendo haver
execução de despesa nela não contemplada. Isso não significa que a Lei não possa ser alterada no
exercício da sua vigência, sendo em alguns casos imperativo que tal ocorra;
* Assim, os créditos adicionais constituem instrumentos que viabilizam o dinamismo do orçamento,
que se, por um lado, deve estar submetido ao primado da legalidade, por outro, não deve ficar atrelado
a uma rigidez que inviabiliza a incorporação dinâmica financeira do Estado;

* Não se confunda crédito adicional com operações de crédito. Em que pese a denominação, crédito
adicional não consiste em operação de empréstimo;

* Tampouco se deve confundir crédito adicional com emendas ao projeto de LOA;

* A proposição de crédito adicionais será de iniciativa do Poder Executivo;

* Os créditos adicionais encontram-se divididos em três categorias distintas, cada uma das quais
possuidora de características e regimes jurídicos próprio. São eles os créditos suplementares, os
especiais e os extraordinários;

* A lei que estabelece o crédito suplementar iniciará a sua vigência no próprio exercício em que foi
instituída;

* A prorrogação de crédito especial constitui uma clara exceção ao princípio da anualidade, pelo qual
o Orçamento Público deve prever receitas e despesas cuja execução consuma-se no exercício, que se
estende de 1 de janeiro a 31 de dezembro de cada ano;

* Estando os recursos orçamentários submetidos ao princípio econômico da escassez, e considerando


que o orçamento público deve atender ao princípio do equilíbrio entre receitas e despesas, é de
perguntar de onde virão os recursos necessários a abertura de créditos especiais;

* Sem prejuízo da realização dos princípios de Direito Orçamentário, tanto no plano conceitual como
no da aplicação a outros aspectos deste ramo do Direito, é interessante considerar as implicações
diretas que tais princípios têm, de maneira especifica, sobre a Lei Orçamentaria Anual;

* A única exceção ao princípio seria a possibilidade de realização de despesas extraordinárias, cuja


execução poderá realizar-se por meio de medidas provisórias, ou Decreto (CF/88, art. 167, 3);

* Princípio característico do Orçamento Público nos Estados Democráticos de Direito, a transparência


aplica-se a todo o Direito Financeiro, desde o planejamento orçamentário até os estágios de controle
interno e externo, passando pela fase de execução;

* Com base na doutrina, é possível sistematizar o ciclo orçamentário, expressão utilizada para
designar a dinâmica da elaboração do orçamento, desde a concepção até o término de todos os seus
efeitos, em quatro etapas: a da proposta, a do processo legislativo, a da execução e a do controle;
* Embora todos os poderes participem da elaboração da proposta, cada um estimando as suas receitas
e despesas, a fase de elaboração culmina com a sua consolidação pelo executivo e o envio ao
legislativo para sua realização da segunda fase do ciclo;

* No tocante a participação do judiciário no processo de elaboração da proposta de LOA, a disciplina


constitucional é aquela constante do art. 99 da CF/88;

* Se o judiciário não encaminhar as respectivas propostas dentro do prazo estabelecido pela LDO , o
Executivo deverá considerar como tal os mesmos valores aprovados na LOA vigente, com os ajustes
que se façam necessários para fins de enquadramento na proposta geral (CF/88, art.99, 4) ;

* Ao Ministério público, por outro lado, por força da CF/88, art. 127, 3 a 5, aplica-se tratamento
idêntico àquele conferido ao Poder Judiciário;

* Uma vez consolidada, a proposta orçamentaria a ser encaminhada ao Legislativo pelo Executivo
deverá estar composta das partes prevista em lei;

* O processo Legislativo estritamente considerado consiste na fase de apreciação e votação, sendo


privativa do Poder Legislativo de cada um dos entes da Federação;

* O fato de o processo legislativo integrar o âmbito de competência do Poder Legislativo não afasta
a atuação dos demais poderes, aí incluído o Poder Executivo, que aliás realiza uma atuação ordinária
ao longo de todo o procedimento, a exemplo da sua competência no tocante a iniciativa da proposta
de LOA;

* É interessante notar, neste sentido, inexistir qualquer flexibilização no que se refere a competência
exclusiva do executivo para a elaboração de proposta orçamentaria, não podendo os demais poderes
substituí-lo em caso de omissão;

* Frise-se, portanto, que a prerrogativa de elaboração da proposta de LOA somente poderá ser
exercida pelo Executivo. Já no tocante a iniciativa do processo legislativo orçamentário, embora da
competência do Executivo, poderá o Legislativo, eventualmente, exerce-la;

* Após a publicação, a LOA seguirá a fase de execução. Tal fase inicia-se com o estabelecimento,
por meio de Decreto, em até trinta dias da programação financeira, bem como do cronograma de
execução mensal reembolso;

* A fase de controle, por outro lado, possui grande relevância no contexto do ciclo orçamentário.
Divide-se basicamente em duas grandes espécies. O chamado Controle Interno encontra-se a cargo
da própria unidade gestora dos recursos orçamentários, enquanto o Controle Externo é aquele
realizado pelo Poder Legislativo, mediante a atuação do tribunal de contas competentes. Note-se que
a fase de controle poderá ser realizada a todo momento, não estando condicionada à prévia execução
do recurso;

* Sobre a possibilidade de submissão da LOAa exame de constitucionalidade, a postura do STF,


conforme informa Carlos Alberto Ramos Filho, tem sido no sentido da sua admissibilidade;

* A Constituição federal de 1988 instituiu uma serie de vedações orçamentarias, todas elas
objetivando a transparência, o equilíbrio e a moralidade na condução das finanças públicas, podendo
ser assim sistematizadas.

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