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Universidade católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Teoria de desenvolvimento de Jean Piaget e a actividade do educador


Belinha Arlindo Mirione- 708212944

Licenciatura em Ensino de Geografia


Cadeira: Psicologia de Desenvolvimento
Ano de frequência: 2º Ano
Turma: F

Cuamba, Outubro de 2022

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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser
preenchido_____________________________________________________________________
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Índice

Conteúdo pag.

1. Introdução........................................................................................................................... 3
1.1. Objectivos: .................................................................................................................. 3
1.2. Metodologia ................................................................................................................ 3
2. Desenvolvimento teórico.................................................................................................... 4
2.1. Factores que Influenciam o Desenvolvimento Humano ............................................. 4
2.1.1. Hereditariedade ....................................................................................................... 4
2.1.2. Crescimento orgânico .............................................................................................. 5
2.1.3. Maturação ................................................................................................................ 5
2.1.4. Meio ........................................................................................................................ 5
2.2. Teoria de desenvolvimento de Jean Piaget ................................................................. 6
2.2.1. Factores que influenciam o desenvolvimento ......................................................... 6
2.2.2. As tendências básicas do pensamento ..................................................................... 7
2.2.2.1. Organização ......................................................................................................... 7
2.2.2.2. Adaptação ............................................................................................................ 8
2.3. Períodos do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget ................................................... 8
2.3.1. Período Sensório – Motor (o recém-nascido e o lactente — 0 a 2 anos ................. 9
2.3.2. Período Pré-Operatório (a 1ª infância 2 a 7 anos) ................................................. 10
2.3.3. Período das Operações Concretas (a infância propriamente dita — 7a 11 ou 12
anos) 10
2.3.4. Período das Operações Formais (a adolescência — 11 ou 12 anos em diante...... 11
2.4. Desenvolvimento Cognitivo em Jean Piaget e a Actividade do Educador ............... 12
2.5. A motivação para Piaget ........................................................................................... 14
3. Conclusão ......................................................................................................................... 15
4. Referência bibliográfica ................................................................................................... 16
1. Introdução

O trabalho em alusão trabalho é da Cadeira de Psicologia de Desenvolvimento, e tem


como intuito de fazer uma menção acerca da Teoria de desenvolvimento de Jean Piaget e a
actividade do educador. Por tanto A palavra Psicologia tem sua origem em duas palavras
gregas: psyché (alma) e logos (estudo, razão, discurso), significando originalmente o estudo
da alma. O sector da Psicologia que estuda a dinâmica dos processos psíquicos e suas
manifestações nos diferentes estágios de desenvolvimento é a Psicologia de
Desenvolvimento. O desenvolvimento é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo passa ao
longo do seu ciclo de vida. Abordaremos a estes assuntos entre outros que incubam acerca da
temática.

1.1.Objectivos:

 Descrever a teoria de desenvolvimento de Jean Piaget.


 Mostrar a utilidade da teoria de Desenvolvimeto de Jean Piaget para que os
Educadores possam fazer acompanhamento adequado das crianças em diferentes
fases de desenvolvimento.

1.2.Metodologia

Para o alcance dos objectivos do trabalho usou-se o método bibliográfico, onde serram
usadas fontes bibliográficas, internet e para fortificar o mesmo, precisou-se aglomeração de
ideias de modo a enriquecer o conteúdo.

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2. Desenvolvimento teórico

Contextualização:

Bock, et al. (2002) refere que:

A Psicologia é uma ciência que estuda a mente e o comportamento do ser humano e de


animais através de suas relações com o meio físico e social. Psicologia pode ser conceituada
como o estudo da mente do ser humano. No estudo do comportamento, das atitudes,
pensamento e aprendizagens do ser humano. A Psicologia tem vários autores e diferentes
abordagens referentes ao seu estudo.

Ainda o autor refere que, o desenvolvimento é o conjunto de fases pelas quais o indivíduo
passa ao longo do seu ciclo de vida. É um processo multidimensional que engloba os
aspectos físicos (crescimento), fisiológicos (maturação), psicológicos (cognitivos e
afectivos), sociais (socialização) e culturais (aquisição de patrões culturais e de pensamento,
isto é, valoras, normas e papeis).

O sector da Psicologia que estuda a dinâmica dos processos psíquicos e suas manifestações
nos diferentes estágios de desenvolvimento é a Psicologia de Desenvolvimento. (Bock, et al,
2002).

2.1. Factores que Influenciam o Desenvolvimento Humano

Quanto aos factores afirma Rodrigues e Bila (s/n) que entre os vários factores indiciados e
em permanente interacção afectam todos os aspectos do desenvolvimento. São eles:

 Hereditariedade;

 Crescimento organic;

 Meio;
 Maturação.

2.1.1. Hereditariedade

A carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não desenvolver-se. A


hereditariedade modela o que é exclusivamente a cada pessoa. Nossos genes têm algo a dizer

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sobre uma capacidade de aprendizagem e se somos ou não propensos a depressão. Existem
pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência
pode desenvolver-se além do seu potencial dependendo das condições do meio. (Rodrigues e
Bila, s/n)

2.1.2. Crescimento orgânico

Refere-se ao desenvolvimento nos seus aspectos físicos de aumento das dimensões em


especial, peso e altura. O amadurecimento da altura e a estabilização do esqueleto permite ao
indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. (Rodrigues e
Bila, s/n)

2.1.3. Maturação

Designa o processo fisiológico por meio do qual a hereditariedade actua após o


nascimento. Portanto, refere-se ao grau de prontidão funcional dos diversos sistemas do
organismo, nomeadamente do SN. é o que torna possível determinado padrão de
comportamento.

Exemplo: A alfabetização das crianças depende da maturação. Para segurar o lápis e manejá-
lo com as mãos é necessário um desenvolvimento neuropsicológico que a criança de 1 ou 2
anos não tem. (Rodrigues e Bila, s/n)

2.1.4. Meio

O meio engloba todos os elementos externos que intervêm no desenvolvimento de um


indivíduo. O conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de
comportamento do indivíduo.

Por exemplo se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um
repertório verbal maior do que a média das crianças da sua idade, mas ao mesmo tempo,
pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situação pode não ter feito
parte da sua experiência.

Desde o início da vida, o meio começa a actuar sobre o novo ser. Exemplo: os bebés de mães
toxicodependentes (em heroina e cocaina, por exemplo) podem tornar-se dependentes da
droga ainda no útero materno, apresentando, ao nascer, sintomas de carência: irritabilidade,

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inquietações, vómitos, convulsões, insónias. A ingestão de álcool em quantidade, durante a
gravidez, pode provocar sindroma alcoólica fetal: problemas de coordenação motora,
anomalias faciais, inteligência sub normal. Também mães que vivem numa crise emocional
grave, os movimentos do feto aumentam mais significativamente e os bebés podem
apresentar grande instabilidade e excesso de choro, durante a primeira infância. (Rodrigues e
Bila, s/n)

2.2. Teoria de desenvolvimento de Jean Piaget

Piaget, (2009):

Piaget (1896-1980) foi um dos investigadores mais influentes do séc. 20 na área da


psicologia do desenvolvimento. Piaget acreditava que o que distingue o ser humano dos
outros animais é a sua capacidade de ter um pensamento simbólico e abstracto. Ele acreditava
que a maturação biológica estabelece as pré-condições para o desenvolvimento cognitivo.

Piaget indicio os seus estudos observando cuidadosamente seus próprios filhos, como eles
exploravam novos brinquedos, resolviam problemas simples que ele lhes apresentava,
geralmente passavam a entender a si mesmos e o mundo ao seu redor.

Mais tarde, Piaget estudou grandes monstras de crianças por meio de método clínico, uma
técnica flexível de perguntas e respostas que ele usava para descobrir como crianças de
diferentes idades pensavam sobre tópicos que viravam de regras de jogos a leis de física.
Dessas observações, Piaget formulou sua teoria desenvolvimental cognitiva do crescimento
intelectual.

O grande objecto dos estudos de Piaget foi de perceber como se desenvolve e constrói o
conhecimento humano, sendo assim originada a vasta e fecunda área de investigação que dá
pelo nome de epistemologia genética. (Piaget, 2009).

2.2.1. Factores que influenciam o desenvolvimento

Piaget (2009), identificou quatro factores: a maturação biológica, a actividade do sujeito, as


experiências sociais e a equilibração.

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 Maturação Biológica – uma das influências mais importante no modo como atribui
sentido ao mundo, o desdobramento das mudanças biológicas geneticamente
programadas em cada ser humano na concepção.

 A Actividade do Sujeito é a outra influência. Com a maturação física, vem a


capacidade crescente de agir sobre o ambiente e aprender com ele. Quando agimos
sobre o ambiente – explorando, testando, observando e por fim organizando as
informações – é provável que alteremos nossos processos de pensamento ao mesmo
tempo.
 À medida que nos desenvolvemos, também estamos interagindo com as pessoas a
nossa volta. Segundo Piaget, nosso desenvolvimento cognitivo é influenciado pela
transmissão social, ou aprendizado com os outros. Aquilo que as pessoas podem
aprender com a transmissão social varia segundo seu estagio de desenvolvimento
cognitivo.

 Equilibração – segundo Piaget, organizar, assimilar e acomodar podem ser vistos


como uma espécie de acto complexo de estabilização. Em sua teoria, as mudanças
efectivas no pensamento ocorrem pelo processo de equilibração – acto de busca de
estabilidade. O processo de equilibração funciona da seguinte maneira: se aplicar-mos
um esquema específico a um evento ou situação e o esquema funcionar, então, o
equilíbrio existe. Se o esquema não produzir um resultado satisfatório, então existe o
desequilíbrio, e sentimo-nos desconfortáveis. (Piaget, 2009).

2.2.2. As tendências básicas do pensamento

Afirma Fadiman e Frager (2006), Como resultado de suas pesquisas em biologia, Piaget
concluiu que todas as espécies herdam duas tendências básicas, ou ―funções invariantes‖.

 A primeira é a organização – a combinação, ordenação, recombinação e reordenação


de comportamentos e pensamentos em sistemas coerentes.

 A segunda tendência é a adaptação, o ajustamento ao ambiente.

2.2.2.1. Organização

Na organização sustentam Fadiman, e Frager (2006), que:

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As pessoas nascem com uma tendência a organizar seus processos de pensamentos em
estruturas psicológicas. Tais estruturas são nossos sistemas para compreender e integrar com
o mundo. Estruturas simples são continuamente combinadas e coordenadas para se tornarem
mais sofisticadas e, portanto, mais eficientes. Os bebés muito pequenos, por exemplo, podem
ou olhar para um objecto ou segurá-lo quando ele entra em contacto com suas mãos. Eles não
são capazes de coordenar os comportamentos de olhar e segurar ao mesmo tempo. As
medidas que se desenvolvem, entretanto, os bebes organizam essas duas estruturas
comportamentais separadas em uma estrutura coordenada do nível superior de olhar, estender
a mão e segurar o objecto.

Piaget deu um nome especial a essas estruturas. Em sua teoria, elas são chamadas de
esquemas. Os esquemas são os elementos básicos de pensamento. Eles são sistemas
organizados de acções ou pensamentos que nos permitem representar mentalmente ou
―pensar sobre‖ os objectos e eventos de nosso mundo. À medida que os processos de
pensamento de uma pessoa se tornam mais organizados e novos esquemas se desenvolvem, o
comportamento também se torna mais sofisticado e adequado ao ambiente.

2.2.2.2. Adaptação

Além da tendência a organizar suas estruturas psicológicas, as pessoas também herdam a


tendência a se adaptarem ao seu ambiente. Dois processos básicos estão envolvidos na
adaptação: assimilação e acomodação. (Fadiman e Frager, 2006).

2.3. Períodos do Desenvolvimento Cognitivo de Piaget

Fadiman e Frager (2006), A preocupação central de Piaget foi o ―sujeito epistémico‖, isto é,
o estudo dos processos de pensamento presentes desde a infância inicial até a idade ideal.
Concentrava-se principalmente na investigação teórica e experimental do desenvolvimento
qualitativo das estruturas intelectuais. Procurou estudar cientificamente quais os processos
que o indivíduo usa para conhecer a realidade. Ainda os autores ressaltam que:

Passou grande parte de sua carreira profissional interagindo com


crianças e estudando seu processo de raciocínio. Seus estudos tiveram
um grande impacto sobre os campos da Psicologia e Pedagogia. A
essência do trabalho de Piaget ensina que ao observarmos
cuidadosamente a maneira com que o conhecimento se desenvolve nas

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crianças, podemos entender melhor a natureza do conhecimento
humano. Suas pesquisas sobre a psicologia do desenvolvimento
tiveram o objectivo de entender como o conhecimento evolui.

Formulou sua teoria de que o conhecimento evolui progressivamente por meio de estruturar
de raciocínio que substituem umas às outras através de estágios. Deste modo, identificou os
quatro estágios de evolução mental de uma criança. Cada estágio é um período onde o
pensamento e comportamento infantil são caracterizados por uma forma específica de
conhecimento e raciocínio. Esses quatro estágios são:

 1º Período: Sensório - motor (0 a 2 anos)


 2° Período: Pré-operatório (2 a 7 anos)
 3º Período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)
 4º Período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)

Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue
fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos,
nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características
biológicas do indivíduo e de factores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas faixas
etárias é uma referência, e não uma norma rígida. (Fadiman e Frager, 2006).

2.3.1. Período Sensório – Motor (o recém-nascido e o lactente — 0 a 2 anos)

Bock, et al. (2002) refere que:

Neste período, a criança conquista, através da percepção e dos movimentos, todo o universo
que a cerca. No recém-nascido, a vida mental reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos,
de fundo hereditário, como a sucção. Esses reflexos melhoram com o treino. Por exemplo, o
bebé mama melhor no 10º dia de vida do que no 29 dia. Por volta dos cinco meses, a criança
consegue coordenar os movimentos das mãos e olhos e pegar objectos, aumentando sua
capacidade de adquirir hábitos novos.

No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio para atingir um
objecto. Por exemplo, descobre que, se puxar a toalha, a lata de bolacha ficará mais perto
dela. Neste caso, ela utiliza inteligência prática ou sensório - motora, que envolve as
percepções e os movimentos. Neste período, fica evidente que o desenvolvimento físico

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acelerado é o suporte para o aparecimento de novas habilidades. Isto é, o desenvolvimento
ósseo, muscular e neurológico permite a emergência de novos comportamentos, como sentar-
se, andar, o que propiciará um domínio maior do ambiente.

2.3.2. Período Pré-Operatório (a 1ª infância 2 a 7 anos)

Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem, que irá
acarretar modificações nos aspectos intelectuais, afectivo e social da criança. A interacção e a
comunicação entre os indivíduos são, sem dúvida, as consequências mais evidentes da
linguagem. Com a palavra, há possibilidade de exteriorização da vida interior e, portanto, a
possibilidade de corrigir acções futuras. A criança já antecipa o que vai fazer.

Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se


acelera. No início do período, ele exclui toda a objectividade, a criança transforma o real em
função dos seus desejos e fantasias (jogo simbólico); posteriormente, utiliza-o como
referencial para explicar o mundo real, a sua própria actividade, seu eu e suas leis morais; e,
no final do período, passa a procurar a razão causal e finalista de tudo (é a fase dos famosos
―porquês‖). E um pensamento mais adaptado ao outro e ao real. Como várias novas
capacidades surgem, muitas vezes ocorre a super - estimação da capacidade da criança neste
período.

É importante, ainda, considerar que, neste período, a maturação neuropsicológica completa-


se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina —
pegar pequenos objectos com as pontas dos dedos, segurar o lápis correctamente e conseguir
fazer os delicados movimentos exigidos pela escrita. (Bock, et al, 2002)

2.3.3. Período das Operações Concretas (a infância propriamente dita — 7a


11 ou 12 anos)

Bock, et al. (2002) refere que:

O desenvolvimento mental, caracterizado no período anterior pelo egocentrismo intelectual e


social, é superado neste período pelo início da construção lógica, isto é, a capacidade da
criança de estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes.
Estes pontos de vista podem referir-se a pessoas diferentes ou à própria criança, que ―vê‖ um
objecto ou situação com aspectos diferentes e, mesmo, conflituantes. Ela consegue coordenar
estes pontos de vista e integrá-los de modo lógico e coerente. No plano afectivo, isto significa

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que ela será capaz de cooperar com os outros, de trabalhar em grupo e, ao mesmo tempo, de
ter autonomia pessoal.

O que possibilitará isto, no plano intelectual, é o surgimento de uma nova capacidade mental
da criança: as operações, isto é, ela consegue realizar uma acção física ou mental dirigida
para um fim (objectivo) e revertê-la para o seu início. Num jogo de quebra - cabeça, próprio
para a idade, ela consegue, na metade do jogo, descobrir um erro, desmanchar uma parte e
recomeçar de onde corrigiu, terminando-o.

As operações sempre se referem a objectos concretos presentes ou já experienciados. Outra


característica deste período é que a criança consegue exercer suas habilidades e capacidades a
partir de objectos reais, concretos. Portanto, mesmo a capacidade de reflexão que se inicia,
isto é, pensar antes de agir, considerar os vários pontos de vista simultaneamente, recuperar o
passado e antecipar o futuro, se exerce a partir de situações presentes ou passadas,
vivenciadas pela criança.

Em nível de pensamento, a criança consegue:

 Estabelecer correctamente as relações de causa e efeito e de meio e fim;


 Sequenciar ideias ou eventos;
 Trabalhar com ideias sob dois pontos de vista, simultaneamente;
 Formar o conceito de número (no início do período, sua noção de número está
vinculada a uma correspondência com o objecto concreto) (Bock, et al, 2002).
2.3.4. Período das Operações Formais (a adolescência — 11 ou 12 anos em
diante)

Bock, et al. (2002) refere que:

Neste período, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal,


abstracto, isto é, o adolescente realiza as operações no plano das ideias, sem necessitar de
manipulação ou referências concretas, como no período anterior. É capaz de lidar com
conceitos como liberdade, justiça etc. O adolescente domina, progressivamente, a capacidade
de abstrair e generalizar, cria teorias sobre o mundo, principalmente sobre aspectos que
gostaria de reformular. Isso é possível graças à capacidade de reflexão espontânea que, cada
vez mais descolada do real, é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses.

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O livre exercício da reflexão permite ao adolescente, inicialmente, ―submeter‖ o mundo real
aos sistemas e teorias que o seu pensamento é capaz de criar. Isto vai-se atenuando de forma
crescente, através da reconciliação do pensamento com a realidade, até ficar claro que a
função da reflexão não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência.

Do ponto de vista de suas relações sociais, também ocorre o processo de caracterizar-se,


inicialmente, por uma fase de interiorização, em que, aparentemente, é anti-social. Ele se
afasta da família, não aceita conselhos dos adultos; mas, na realidade, o alvo de sua reflexão
é a sociedade, sempre analisada como passível de ser reformada e transformada.
Posteriormente, atinge o equilíbrio entre pensamento e realidade, quando compreende a
importância da reflexão para a sua acção sobre o mundo real.

2.4. Desenvolvimento Cognitivo em Jean Piaget e a Actividade do


Educador

Piaget (2009):

Uma das principais contribuições de Jean Piaget constitui em demonstrar a existência de


estruturas cognitivas, que são adquiridas durante o desenvolvimento ontogenético, e a sua
interpretação da aprendizagem é feita nessa perspectiva de concepção geral do
desenvolvimento.
A aprendizagem, para Piaget, é um processo normal, harmónico e progressivo, de
exploração, descoberta e organização mental, em busca de equilibração da personalidade. O
modelo da equilibração constitui a formulação teórica realizada, no sentido de tentar
demonstrar como ocorrem mudanças no desenvolvimento do indivíduo, propiciando-lhe a
aprendizagem (a mudança ou aquisição de estruturas cognitivas.
A concepção construtivista de Piaget parte da tese de que o conhecimento não depende
apenas do sujeito, nem só do objecto. As estruturas da inteligência não são apenas inatas, mas
produto de uma construção contínua do sujeito agindo sobre o meio. Piaget atribui ao
indivíduo um papel activo do indivíduo na construção do conhecimento e propõe a seguinte
dialéctica:
 Estruturas mentais ↔ Experiências
Segundo o seu o modelo biológico, o homem é guiado pela busca de equilíbrio entre as
necessidades biológicas fundamentais de sobrevivência e as agressões colocadas pelo meio
para a satisfação dessas necessidades.

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Nessa relação, a organização é o mecanismo que permite ao homem ter condutas eficientes
para atender às necessidades, isto é, a sua demanda de adaptação. A adaptação envolve a
Assimilação e acomodação. Portanto, o desenvolvimento intelectual, segundo Piaget, resulta
da construção de um equilíbrio progressivo entre assimilação e acomodação, o que propicia o
aparecimento de novas estruturas mentais.

 A Assimilação consiste em integrar ou interiorizar a experiência do meio ambiente


onde está inserido, ou seja, acrescentar novos elementos a um conceito ou esquema.

 A Acomodação refere o ajustamento desses elementos a nova situação, a resposta do


sujeito as exigências imediatas e constrangedoras do meio, grau de adaptação aos
estímulos externos, mediante a reorganização cognitiva, em vez de respostas
mecânicas.

Para (2009): No processo de aprendizagem podem ser destacadas duas fases:

De Assimilação: esta fase já poderá produzir um fenómeno de


aprendizagem, sob a forma de transferência de reacção, como ocorre
no processo de condicionamento, em que a reacção a um excitante
incondicionado passa a ser produzida por um excitante novo.

De acomodação: corresponde ao processo de a aprendizagem sob a


forma, mais geral, de modificação do esquema de reacção
propriamente dito, sob o efeito de êxito. Portanto, graças a experiência,
que se torna anterior diante de uma situação posterior, é conseguida a
satisfação da necessidade.

De acordo com Piaget, o papel da escola é integrar e enriquecer o desenvolvimento normal


da criança e, nessa medida, o currículo deve acompanhar o ritmo normal do seu
desenvolvimento. As experiências do ensino formal não devem dissociar-se das experiências
naturais sendo desejável que o assunto ou tópico seja ensinado a diferentes níveis consoante
o estádio de desenvolvimento.

Piaget sustenta ainda que o ensino deve estar de acordo com os interesses e a curiosidade da
criança, deve ser significativo para ela e não apenas um papa quer de palavras proferidas por
outrem, o que conduzirá a um mero verbalismo. As tarefas e o material a apresentar devem

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ser seleccionados e organizados de tal modo que a criança sinta uma certa tensão ―benéfica‖
que leva em busca da equilibração e que se traduz num desejo de aprender.

Para Piaget, as relações do sujeito com o objecto são essenciais no seu processo de
desenvolvimento, da mesma maneira que as relações entre os sujeitos. O autor afirma que,
construir conhecimentos é dar resposta a demandas sociais, mas envolve também a
necessidade de comunicar esses pensamentos, que serão avaliados pelos outros. Assim sendo,
o outro é legitimador do conhecimento adquirido.

2.5. A motivação para Piaget

Piaget, (2009), A motivação é impulso essencial da actividade cognitiva e faz parte do


próprio aparato cognitivo. Assim, para explicar o desempenho intelectual não é necessário
recorrer ao conceito de tensão, gerada em uma necessidade básica, e nem a um complexo
modelo de reforço secundário.

Piaget afirma que o motivo fundamental que governa o esforço intelectual é inerente às
próprias estruturas cognitivas. A necessidade de conhecer não é um motivo extrinseco,
independente da actividade intelectual; trata-se, pois, de uma propriedade intrinseca desde o
princípio.

A teoria motivacional de Piaget valoriza os impulsos de exploração, as necessidades de


actividade e sensoriais. Trata-se, pois de uma teoria que admite o conhecimento como uma
construção dependente da actividade do sujeito, na relação com o objecto, e nega a existência
de uma realidade pronta, independente que se impõe o sujeito. O organismo cognoscente não
é pressionado, de fora, por estímulos externos, que provocam reacções e nem é impulsionado
por necessidades orgânicas.

A necessidade de conhecer está contida na actividade intelectual mesma, uma actividade


assimilativa cuja natureza essencial é funcionar. Não é, pois, necessário que se recorra a um
factor separado de motivação, porque está nos processos complementares de assimilação e
acomodação. A motivação deriva-se da própria necessidade de acção de que são dotados os
esquemas ou estruturas cognitivas. (Piaget, 2009).

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3. Conclusão

De acordo com as leituras feitas concluímos que:

De acordo com Piaget o desenvolvimento cognitivo é o produto de equilíbrio entre o


organismo e o meio, porque a aquisição e a assimilação de conhecimentos têm um processo
evolutivo de construção na teoria epistemológica do conhecimento. Assim o
desenvolvimento cognitivo surge das funções de organização e de adaptação. E ainda refere
Piaget que o papel da escola é integrar e enriquecer o desenvolvimento normal da criança e,
nessa medida, o currículo deve acompanhar o ritmo normal do seu desenvolvimento. As
experiências do ensino formal não devem dissociar-se das experiências naturais sendo
desejável que o assunto ou tópico seja ensinado a diferentes níveis consoante o estádio de
desenvolvimento.

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4. Referência bibliográfica

Bock, Ana Mercês Bahia et al. (2002): Psicologias: Uma introdução ao estudo de Psicologia.
São Paulo: Saraiva.

Fadiman, James e Frager, Robert.(2006): Teorias da Personalidade. São Paulo.

Piaget, Jean. (2009): Teoria da aprendizagem na obra de Jean Piaget. São Paulo: UNESP.

Rodrigues, A. e Bila L. V; módulo de psicologia de desenvolvimento e de aprendizagem.

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