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4.ª Aula
TAXAS (P. 17-20) 1
Ora, tanto as taxas como os impostos estão dentro do conceito de tributos e nem
sempre são de fácil distinção.
Com efeito, ao contrário do imposto, que não confere a quem o paga o direito a
nenhuma contrapartida direta e imediata, que esteja ligada a esse pagamento,
a taxa é sempre a contrapartida individualizada de algo que se recebe em
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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troca, seja um serviço concretamente prestado, seja a utilização de um bem do
domínio público, seja a remoção do limite legal ao exercício de determinada
atividade.
Vejamos o que o art. 4.º da LGT (Lei Geral Tributária) discorre sobre a taxa:
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Art. 4.º da LGT: “2 - As taxas assentam na prestação concreta de um serviço
público, na utilização de um bem do domínio público ou na remoção de um
obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares.”
O uso comum do domínio público é o que todos nós fazemos quando andamos
pela rua, passeamos nas praias, visitamos monumentos, etc., pois estamos a usar
os bens que pertencem ao domínio público. Este uso é, geralmente, gratuito (ou
seja, não se paga qualquer taxa).
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Nestes casos verifica-se o pagamento de uma taxa pelo uso comum (que todos
podemos fazer, se quisermos) do bem do domínio público.
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nós, é devida como contrapartida da utilização privativa ou
individualizada deste bem do domínio público ou privado das autarquias
locais, sendo o respetivo montante fixado por estas últimas, em
regulamento próprio, observando-se as regras e princípios constantes do
Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais (Lei n.º 53-E/2006, de 29
de Dezembro); É também o caso da Taxa Municipal de Direitos de
Passagem (TMDP), que, de acordo com a Lei das Comunicações
Eletrónicas (Lei n.º 5/2004, de 10 de Fevereiro) é devida em
contrapartida dos direitos e encargos relativos à implantação, passagem
e atravessamento dos sistemas, equipamentos e demais recursos das
empresas que oferecem redes e serviços de comunicações eletrónicas
acessíveis ao público, em local fixo, dos domínios público e privado
municipal].
Uma nota ainda para alertar para que também no domínio das taxas existe
«extrafiscalidade» ou seja, também o lançamento de taxas pode ter uma
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«funcionalização» a um objetivo que não seja o da reciprocidade do serviço ou
utilização do bem público: veja-se as «taxas moderadoras» na saúde, que têm o
objetivo de dissuadir o recurso aos serviços de saúde centrados nos hospitais, ou
as taxas sobre a entrada de automóveis nas cidades (em algumas cidades da
Europa), para dissuadirem o uso desse tipo de transporte em meio citadino.
São exemplos a licença de uso e porte de arma, o visto para permanecer no país
ou a licença de pesca, ou licença de detenção de cães perigosos (Decreto-Lei n.º
315/2009, de 29 de Outubro, no uso da autorização legislativa concedida pela
Lei n.º 82/2009, de 21 de Agosto, e nos termos das alíneas a) e b) do n.º 1 do
artigo 198.º da Constituição).
São os casos de certas taxas cobradas pelas autarquias como a licença pela
afixação de painéis publicitários em veículos de transporte coletivo particulares
(caso do Município de Guimarães) e a taxa exigida pelo pela licença de afixação
de anúncios luminosos em prédios (caso do Município de Lisboa).
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Estes dois últimos casos foram objeto de dois Acórdãos do Tribunal
Constitucional (Acs. 558/98 e 63/99 respetivamente) que julgou tais tributos
organicamente inconstitucionais tendo entendido que se estava perante
verdadeiros impostos, pelo que só a Assembleia da República os poderia criar
ou autorizar.
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Odemira, designadamente quando se trate de pessoas singulares ou coletivas que
exerçam uma ação ou atividade de acrescido risco (ac. 4/2020, de 5/2)
https://dre.pt/web/guest/home/-
/dre/128865464/details/maximized?serie=I&day=2020-02-05&date=2020-02-
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O que podemos ilustrar com a solução a que se chegou no acórdão n.º 177/2010
do Tribunal Constitucional, no respeitante à taxa devida pela “renovação anual”
de taxas pelo licenciamento de painéis publicitários instalados em propriedade
privada, em que, ao contrário da jurisprudência anteriormente firmada, com base
na qual esse tributo foi considerado imposto, veio concluir agora tratar-se de uma
taxa.
Uma situação algo idêntica à que vimos de referir, baseada num conceito muito
amplo e em larga medida atécnico de taxa, é a que está na base da jurisprudência
do Tribunal Constitucional relativa a licenças anuais a pagar pelo funcionamento
de postos de abastecimento de combustíveis instalados em propriedade privada,
em que, pelo acórdão n.º 316/2014, veio fixar a jurisprudência no sentido de que
o tributo exigido anualmente pelo município de Sintra pelo funcionamento de
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postos de combustíveis situados em propriedade privada, como contrapartida
pela fiscalização genérica destinada a verificar o correspondente impacto
ambiental ou urbanístico, é uma taxa e não um imposto, como havia decidido no
acórdão 24/2009. Conclusão a que chegou mobilizando, de resto, a
argumentação que já havia desenvolvido no mencionado acórdão n.º 117/2010.
Ora, como veremos, (e já transparece dos casos referidos atrás em que o Tribunal
Constitucional (TC) declarou inconstitucionais certas taxas) se estivermos
perante um tributo que, apesar de ser designado taxa, se verifica que é afinal um
imposto, então só pode ser criado por Lei da Assembleia da República (AR), ou
por Decreto-Lei do Governo autorizado pela AR.
Se assim não for, e tiver sido criado por Decreto-Lei do Governo, ou por
deliberação da Assembleia Municipal sem lei de autorização da AR, ou por
regulamento (do Governo ou municipal) será inconstitucional.
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Na verdade, deve analisar-se o tributo e ver se há uma equivalência jurídica (e
não uma equivalência económica, pois as prestações - do particular ou do ente
público - têm quase sempre valores económicos absolutos diferentes) entre as
prestações, e se essa equivalência obedece ao princípio da proporcionalidade, do
equilíbrio correspetivo. Se assim for estaremos perante uma taxa.
Já se (1) o valor do tributo variar consoante quem o paga, (porque cada pessoa
manifesta uma capacidade contributiva diferente, sendo o serviço prestado
sempre o mesmo) ou, como vimos acima, se (2) pura e simplesmente ao tributo
não corresponder qualquer contraprestação efetiva (e não meramente
burocrática), então estamos perante impostos.
Taxa x contrapartida. O Estado e as Autarquias estão livres para estipular o valor que
bem entenderem?
Ou seja, entre os princípios que deverão limitar o poder municipal de criação das
taxas (e o Estado também) está o da relação entre o custo do serviço e a quantia
a cobrar pela entidade que presta o serviço.
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Pelo Princípio da Proporcionalidade, não basta que o tributo (taxa) tenha
caráter bilateral para concluir pela sua conformidade constitucional.
No entanto, o referido tribunal também deixou claro que não cabe a ele analisar
a fixação dos valores das taxas, mas unicamente se existe uma desproporção
entre a taxa e a contraprestação.
Exemplo: Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais - Lei n.º 53-
E/2006, art. 4.º, n.º 1: o valor das taxas das autarquias locais é fixado de
acordo com o “princípio da proporcionalidade e não deve ultrapassar o
custo da atividade pública ou o benefício auferido pelo particular”.
Exemplo: Finanças Locais – Lei 2/2007, art. 15: a criação de taxas pelos
municípios está subordinada aos “princípios da equivalência jurídica, da
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justa repartição dos encargos públicos, incidindo sobre utilidades
prestadas aos particulares”.
Não, vejamos este quadro para fixar melhor as diferenças entre os impostos e as taxas:
IMPOSTO TAXA
Unilateral » não existe contrapartida Bilateral » contrapartida individualizada
individualizada
Princípio da legalidade fiscal » Reserva da Reserva à lei parlamentar ou decreto-lei
Assembleia da República parlamentarmente autorizado (base geral)
» É uma decisão que vai caber à Adm. ou às
Assembleias Municiais (uma decisão
descentralizada)
Princípio da capacidade contributiva Princípio da proporcionalidade
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed., Coimbra: Coimbra
Editora, 2012.
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No entender de Casalta Nabais, as contribuições reportam-se a grupos de pessoas ligadas ora
“por uma particular manifestação de capacidade contributiva decorrente do exercício de uma
atividade administrativa (nas contribuições especiais)”, ora “pela partilha de uma específica
contraprestação de natureza grupal (nas demais contribuições financeiras)”.3
Contribuições especiais
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 22.
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Apesar do reconhecimento de uma nova categoria tributária em razão da sua consagração na Constituição da
República, não existe ainda um desenvolvimento legislativo desta figura (não foi aprovado ainda o regime geral
das contribuições financeiras a favor das entidades públicas), ficando por esclarecer o conteúdo útil que à mesma
pode ser atribuído.
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As contribuições especiais constituem hoje uma parte reduzida deste novo universo
tributário, dando origem a muitas dúvidas no que respeita à qualificação jurídica e ao regime
jurídico a que se deve subordinar outro tipo de contribuições.5
A primeira verifica-se pela leitura do n.º 3, do art. 4.º, da LGT, pois a referida
lei dispõe que as contribuições são impostos.
Ora, se são impostos, porque são classificadas como uma figura a fim do
imposto?
Umas das razões pela qual chegaram a esta conclusão dá-se pelo facto de terem
como base manifestações de determinados grupos de pessoas resultantes do
exercício de uma atividade administrativa pública.
Ou seja, aquele caráter geral que é ínsito dos impostos não está representado
aqui, pois as contribuições atingem um grupo específico, e não geral, como nos
impostos.
Também, pelo facto de poderem apresentar uma feição híbrida, sendo metade
taxa e metade imposto (pelo menos no que diz respeito às categorias).
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Vide Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 22.
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lei da Assembleia da República para a sua criação e definição dos respetivos elementos
essenciais.6
Por exemplo, quando foi construída a Expo 98 (ou qualquer outro investimento
público) os terrenos situados na vizinhança desse grande investimento público
foram valorizados e esse enriquecimento era revelado na altura da venda desses
terrenos e devia ser tributado (mais-valia).
Alguns exemplos:
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 22.
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- Regulamento da Contribuição Especial, devida pela valorização de
imóveis decorrente da construção da nova ponte sobre o rio Tejo Decreto-
Lei n.º 51/95, de 20 de Março, alterado pelos Decretos-Leis n.os 27/97,
de 23 de Janeiro, e 472/99, de 8 de Novembro.
ii) Contribuições por maior desgaste de bens públicos » tributam o potencial maior
desgaste provocado em alguns destes bens públicos. São legitimadas pelo facto de certas
atividades desenvolvidas ou certas coisas possuídas pelos particulares implicarem um
aumento da despesa a suportar pela administração.7
Este «imposto», que era uma verdadeira contribuição por maiores despesas
pressupostas pelo uso de um veículo pesado nas estradas, foi abolido pelo artigo
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 22.
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11.º da Lei n.º 22-A/2007, de 29/06 (que aboliu também o imposto municipal
sobre veículos e o imposto de circulação, a partir de 1/1/2008, tendo, em
concreto, sido substituído pelo imposto único de circulação, IUC).
Por essa razão a maioria da doutrina entende que estas contribuições especiais se
aproximam mais da figura dos impostos: o que, de facto, como vimos, está consagrado,
a nível legislativo, no artigo 4.º, n.º 3, da LGT dispõe que «as contribuições especiais
(…) são consideradas impostos».
Ora, resulta da parte final desta norma que o legislador, se, por um lado, estabelece este
terceiro género de tributos como um tipo autónomo em relação aos outros dois já
referidos, o certo é que, por outro lado, determina que o seu regime (ou seja, as regras
para a sua criação) seja idêntico ao dos impostos.
Pode surgir aparente confusão entre os dois conceitos quando uma entidade
pública preste utilidades no plano jurídico-privado; nesses casos o preço também
é uma forma de arrecadar receita pública, integrando, à semelhança do imposto,
uma relação obrigacional.
E, por outro lado, vendo agora o problema tendo presente que certos serviços e
atividades que tradicionalmente eram levadas a cabo por entidades públicas o
são atualmente por entidades privadas (eletricidade, correios, água, tratamento
de resíduos) certos montantes que poderiam revestir a natureza de taxas
(contrapartida por um serviço prestado pela administração pública) hoje são
claramente preços públicos (ou seja, contrapartidas monetárias para «pagar» um
serviço). Contudo, o seu valor é fixado pelo Estado, ou por uma entidade pública
reguladora, e não pelas leis do mercado e da oferta-procura).
No entanto, como distinguir, então, preço público (tarifa) de taxa (taxa no sentido
de quantia cobrada pela prestação de serviços públicos, ou seja, o que
designámos por taxa administrativa, correspondente ao primeiro dos três tipos
de taxas que estudámos acima)?
Se o Estado vende ações da sua carteira de títulos ou lenha das matas nacionais
é óbvio que estamos perante um preço; se cobra um valor por um ato de registo
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predial ou civil temos uma taxa; contudo há situações em que a caracterização
da figura não é clara.
Pode apontar-se, com critério principal da distinção entre preço público (tarifa)
e taxa (na vertente de taxa administrativa, ou seja, a que é cobrada por um serviço
administrativo) o facto de o primeiro assentar numa base voluntária ou contratual
(depende da vontade do pagador) enquanto a segunda é de base legal, uma vez
verificado o pressuposto (designadamente a solicitação do serviço público,
ligado ao exercício de autoridade pública).
Mas, por exemplo, as propinas serão mesmo taxas? Se a escola em causa fosse
privada seria o preço que os alunos tinham que pagar para receber o ensino.
O critério mais correto parece ser o de que as taxas correspondem aos valores
cobrados por bens ou serviços que são por essência da titularidade do Estado,
(ou de outras entidades públicas, como as autarquias locais) enquanto as tarifas
correspondem a prestações de bens ou serviços que não são essencialmente
públicos, quer dizer, tanto podem ser oferecidos pelo Estado como por privados
(ainda que na realidade económica o não sejam).
A ideia de quais os bens ou serviços que devem pertencer, pela sua essência, ao
Estado, vai evoluindo com o tempo, por isso este critério não ajuda muito, ou
torna-se dependente da análise jurídico-económica das atividades prestadores
dos entes públicos.
Por isso, hoje, os selos de correio são preços e não taxas... (a natureza de certas
quantias vai-se modificando). Atualmente, na verdade, o serviço de Correios está
privatizado, embora com preços tabelados (contratualizados entre a empresa e o
Estado).
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Assim, hoje, alguns autores dizem que os preços públicos (tarifas) não se
distinguem das taxas, sendo um especial tipo de taxas que exprimem não só uma
equivalência jurídica mas também necessariamente uma equivalência
económica entre o valor pago e o serviço público recebido.
Nestes casos deve usar-se a designação de tarifa ou preço público: caso do preço
dos transportes públicos, eletricidade, água, etc.
Ora isso acontecerá no caso de algumas taxas devidas pela prestação de serviços
públicos e pela utilização do domínio público, como, por exemplo as portagens,
as propinas, etc.
Importante aqui, por se entender ser do maior interesse para a matéria em estudo
(e também para a matéria, exposta mais à frente, relativa ao poder tributário das
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autarquias locais), o artigo 21.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro8, lei que
estabelece o regime financeiro das autarquias locais e das entidades
intermunicipais.
Como distinguir tarifa (preço público) de preço (que também temos vindo a
designar por preço privado)?
Se se tratar de preço público ou tarifa deve existir uma equivalência jurídica entre
a quantia cobrada e o serviço prestado (não determinado pelo mercado,
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«Artigo 21.º - Preços 1 - Os preços e demais instrumentos de remuneração a fixar pelos municípios, relativos aos
serviços prestados e aos bens fornecidos em gestão direta pelas unidades orgânicas municipais, pelos serviços
municipalizados e por empresas locais, não devem ser inferiores aos custos direta e indiretamente suportados com
a prestação desses serviços e com o fornecimento desses bens. 2 - Para efeitos do disposto no número anterior, os
custos suportados são medidos em situação de eficiência produtiva e, quando aplicável, de acordo com as normas
do regulamento tarifário em vigor. 3 - Os preços e demais instrumentos de remuneração a cobrar pelos municípios
respeitam, nomeadamente, às atividades de exploração de sistemas municipais ou intermunicipais de: a)
Abastecimento público de água, b) Saneamento de águas residuais; c) Gestão de resíduos sólidos; d) Transportes
coletivos de pessoas e mercadorias; e) Distribuição de energia elétrica em baixa tensão. 4 - Relativamente às
atividades mencionadas no número anterior, os municípios cobram os preços previstos em regulamento tarifário a
aprovar. 5 - O regulamento tarifário aplicável à prestação pelos municípios das atividades mencionadas nas alíneas
a) a c) do n.º 3 observa o estabelecido no artigo 82.º da Lei da Água, aprovada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de
dezembro, e no regulamento tarifário aprovado pela entidade reguladora dos setores de abastecimento público de
água, de saneamento de águas residuais e de gestão de resíduos sólidos. 6 - Cabe à entidade reguladora dos setores
de abastecimento público de água, de saneamento de águas residuais e de gestão de resíduos sólidos: a) Emitir
recomendações sobre a aplicação do disposto no regulamento tarifário do regulador, bem como nos n.ºs 1, 4, 5 e
7; b) Emitir recomendações sobre a aplicação dos critérios estabelecidos nos estatutos da referida entidade
reguladora e nos artigos 20.º a 23.º do Decreto-Lei n.º 97/2008, de 11 de junho; c) Informar, nos casos de gestão
direta municipal, de serviço municipalizado, ou de empresa local, a assembleia municipal e a entidade competente
da tutela inspetiva de qualquer violação dos preceitos referidos nas alíneas anteriores. 7 - Sem prejuízo do poder
de atuação da entidade reguladora em caso de desconformidade, nos termos de diploma próprio, as tarifas
municipais são sujeitas a parecer daquela, que ateste a sua conformidade com as disposições legais e
regulamentares em vigor. 8 - Salvo disposições contratuais em contrário, nos casos em que haja receitas municipais
ou de serviços municipalizados ou de empresas locais provenientes de preços e demais instrumentos contratuais
associados a uma qualquer das atividades referidas no n.º 3 que sejam realizadas em articulação com empresas
concessionárias, devem tais receitas ser transferidas para essas empresas, pelo montante devido, até ao último dia
do mês seguinte ao registo da cobrança da respetiva receita, devendo ser fornecida às empresas concessionárias
informação trimestral atualizada e discriminada dos montantes cobrados».
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normalmente abaixo do valor de mercado, fixado autoritariamente por
regulamento tarifário).
E qual a razão desta distinção entre o montante pago pela entidade patronal e o valor
pago pelos trabalhadores, sendo um enquadrado como imposto e o outro não?
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Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed., Coimbra: Editora
Almedina, 2018. p. 23.
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Esta natureza bilateral não é compatível com o imposto.
Hoje, a doutrina a tem classificado esta figura como prémio de seguro público.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Manual de Direito Fiscal, 2.ª ed.,
Coimbra: Editora Almedina, 2018. p. 19-41.
Jónatas E. M. MACHADO e Paulo Nogueira da COSTA, Curso de Direito Tributário, 2.ª ed.,
Coimbra: Coimbra Editora, 2012. p. 17-35.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
José Casalta Nabais, Direito Fiscal, 7.ª Edição. Coimbra: Editora Almedina. p. 29-90.
Américo Fernando Brás Carlos, Impostos – Teoria Geral, 3.ª Edição. Coimbra: Editora
Almedina. p. 25-64.
J.L. Saldanha Sanches, Manual de Direito Fiscal, 2ª Edição. Coimbra: Coimbra Editora. p. 9-
30.
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