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RESUMO SIMPLIFICADO SOBRE AGT

Inserida no processo de Reforma Tributária em curso no nosso País, a Administração


Geral Tributária resultou da fusão da Direcção Nacional de Impostos, do Serviço
Nacional das Alfândegas e do Projecto Executivo para a Reforma Tributária, tendo sido
criada pelo Decreto Presidencial n.º 324/14, de 15 de Dezembro.
A Administração Geral Tributária tem como objectivo “assegurar uma maior
coordenação na execução das políticas fiscais e aduaneiras e uma mais eficiente
alocação e utilização dos recursos existentes”, “simplificando-se e racionalizando-se a
estrutura de gestão dos Serviços da Administração Tributária, de modo a optimizar a
receita tributária e a adaptá-la a um novo paradigma de relacionamento com os
contribuintes” (Decreto Presidencial n.º 324/14, de 15 de Dezembro).
Facilitar, desburocratizar, tornar mais cómodo e célere o relacionamento entre a AGT e
o contribuinte é, de facto, um objectivo que tem norteado toda a acção da Instituição.
Daí a nossa aposta na informatização e actualização do sistema tributário, no sentido
de se criar um sistema articulado, centralizado, para o melhor conforto do contribuinte
no cumprimento das leis e procedimentos tributários.
Como sabemos, o pagamento de impostos constitui um dever de cidadania, a
contribuição do cidadão no garante dos serviços colocados ao seu alcance, como sejam
as estradas, os hospitais, as escolas, universidades, bibliotecas e mediatecas públicas,
festivais culturais, campanhas nacionais de vacinação, serviços policiais, entre tantos
outros, sendo que a legislação tem sido alterada de modo a ser mais justa, variando de
acordo com a capacidade tributária de cada contribuinte.
O presente sítio da AGT foi criado no espírito da transparência – um dos valores
defendidos pela instituição – de modo a que o contribuinte possa aceder à legislação
actualizada, aos formulários necessários, aos procedimentos que deverão ser seguidos,
a notícias respeitantes a eventos, conferências e workshops sobre tributação, às
perguntas e respostas mais frequentes, entre outros.

MISSÃO, VISÃO E VALOR

MISSÃO
Arrecadar receitas para o Estado e garantir o controlo aduaneiro em prol da sociedade.
VISÃO
Ser conhecida no âmbito nacional e Internacional, como uma instituição de excelência
na prestação de serviços públicos.
VALOR
Legalidade, Integridade, Respeito ao Contribuinte, Comprometimento
PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AGT

José Leiria

Código de Conduta, Ética e Decoro Profissional do Pessoal da Administração Geral


Tributária

O presente Código de Conduta establece o conjunto de regras e princípios que


norteiam a conduta e a postura social dos funcionários, colaboradores e agentes
administrativos da Administração Geral Tributária no exercício da sua actividade.
 
  Código de Conduta Ética e Decoro Profissional do Pessoal da Administração Geral
Tributária Deliberação nº 100.pdf

ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS DAS QUAIS ANGOLA FAZ PARTE 


Fórum Africano das Administrações Tributárias (ATAF)
O Fórum Africano das Administrações Tributárias (ATAF) é um fórum que reúne 38
administrações fiscais africanas e fornece uma plataforma para colaboração intra-
africana e aprendizagem entre administrações tributárias. O ATAF visa melhorar a
capacidade das administrações fiscais africanas, aprimorar o papel da tributação na
governança e na construção do estado, dar voz às administrações e administradores
tributários africanos e aprimorar a colaboração e cooperação pan-africanas com os
parceiros de desenvolvimento.
Angola é membro do ATAF desde Junho de 2014.
www.ataftax.org
 Centro Interamericano das Administrações Fiscais (CIAT)
O Centro Interamericano das Administrações Fiscais (CIAT) tem como objectivo
fornecer assistência técnica especializada para a modernização e fortalecimento das
Administrações Tributárias, propiciando um ambiente de cooperação mútua e um
fórum para o intercâmbio de experiências entre seus países-membros e países-
membros associados.
Angola é membro associado do CIAT desde 2016
www.ciat.org
 Mecanismo de Cooperação Cinturão e Rota das Administrações Tributárias
(BRITACOM)
O Mecanismo de Cooperação Cinturão e Rota das Administrações Tributárias
(BRITACOM) é um mecanismo de carácter oficial para fins não lucrativos e tem como
objectivo principal facilitar a cooperação das Administrações Tributárias em Matéria
Fiscal. O referido Mecanismo surgiu das políticas de desenvolvimento da China e
proposta pelo Presidente Xi Jinping e a Agenda Tributária Internacional do G20 e da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico).
Angola aderiu ao BRITACOM durante a primeira Conferência da BRITACOF em 2019.
www.chinatax.gov.cn
Organização para o Desenvolvimento Económico (OCDE) Quadro Inclusivo- BEPS
Angola é parte do Quadro Inclusivo do Projecto de Combate à Erosão da Base e
Transferência Indevida de Lucros (BEPS) da OCDE, que por meio do seu Centro de
Política e Administração Fiscal (CTPA) garante apoio na implementação dos 4 padrões
mínimos BEPS e oferece assistências técnicas, produz documentos de trabalho e
estudos no sector.
Angola aderiu ao BEPS em 2016.
www.oecd.org
Organização Mundial das Alfândegas (OMA)
A Organização Mundial das Alfândegas (OMA), criada em 1952 como Conselho de
Cooperação Aduaneira (CCA), é um organismo intergovernamental independente cuja
missão consiste em reforçar a eficácia e a eficiência das administrações aduaneiras.
Constitui objectivo da OMA o desenvolvimento de normas internacionais, o fomento
da cooperação e a criação de capacidades para facilitar o comércio legítimo, assegurar
uma cobrança justa de receitas e proteger a sociedade, proporcionando liderança,
orientação e apoio às administrações aduaneiras.
Angola é membro da OMA desde 26 de Setembro de 1990.
http://www.wcoomd.org/
Organização Mundial do Comércio (OMC)
A Organização Mundial do Comércio (OMC) tem a função de facilitar a aplicação,
gestão e funcionamento dos Acordos comerciais multilaterais e plurilaterais, bem
como de promover a realização dos seus objectivos através dos fóruns de negociação
entre os seus membros.
Angola depositou o seu instrumento de adesão à OMC com sede em Genebra
(Confederação Helvética) em 1996, reconhecendo, com este acto, o seu vínculo
jurídico ao Acordo de Marraquexe de 15 de Abril de 1994 que institui a Organização
Mundial do Comércio.

ACORDOS INTERNACIONAIS FIRMADOS POR ANGOLA


Acordos Internacionais em Matéria Fiscal

1. Convenção para Eliminar a Dupla Tributação em Matéria de Impostos sobre o


Rendimento e Prevenir a Fraude e a Evasão Fiscal a República de Portugal, com
entrada em vigor em 22 de Agosto de 2019 e aplicável à factos tributários
verificados após 31 de Dezembro de 2019;
2. Convenção para Eliminar a Dupla Tributação em Matéria de Impostos sobre o
Rendimento e Prevenir a Fraude e a Evasão Fiscal com os Emirados Árabes
Unidos, com entrada em vigor a 28 de Março de 2020 e aplicável à factos
tributários verificados após 31 de Dezembro de 2020;
3. Acordo com República Portuguesa sobre Assistência Administrativa Mútua e
Cooperação em Matéria Fiscal, com entrada em vigor em 30 de Novembro de
2018.
4. Foreign Account Tax Compliance Act - FATCA: Angola assinou um acordo
intergovernamental celebrado com os Estados Unidos da América para
implementar o regime Foreign Accont Tax Compliance – FATCA, no âmbito do
qual as autoridades nacionais comprometem-se a reportar às autoridades
fiscais norte-americanas informação pessoal e financeira de cidadãos
residentes fiscais norte-americanos que mantenham património financeiro
domiciliado em instituições financeiras angolanas.

O acordo foi assinado em 09 de Novembro de 2015 e aprovado por Decreto


Presidencial n.º 162/16, de 29 de Agosto.
https://fatca.minfin.gov.ao   
 Acordos Internacionais em Matéria Aduaneira

1. Acordo de Cooperação com o Governo da Namíbia, sobre Assistência


Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado em 12 de Abril de 2017;
2. Acordo com o Governo da República Democrática de São Tomé e Príncipe,
sobre Assistência Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado em 09
de Maio de 2003;
3. Acordo com o Governo da República da África do Sul, sobre Assistência
Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado em 24 de Novembro
2017;
4. Acordo de Cooperação com o Governo da República Zâmbia, sobre Assistência
Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado em 12 de Maio 2018;
5. Acordo de Cooperação com o Governo da República Democrática do Congo
sobre Assistência Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado em 28
de Novembro 2014;
6. Acordo de Cooperação com o Reino dos Países Baixos sobre Assistência
Administrativa Mútua em Matéria Aduaneira, assinado na data de 10 de Abril
2017;
7. Convenção de Cooperação de Técnica entre as Administrações Aduaneiras dos
Países de Língua Oficial Portuguesa, assinado em 26 de Setembro 1986;
8. Convenção sobre Assistência Mútua Administrativa entre Estados Aduaneiras
de Língua Oficial Portuguesa, - Prevenção, Investigação e Repreensão das
Infracções Aduaneiras, assinado em 26 de Setembro 1986;
9. Convenção sobre Assistência Mútua Administrativa entre Estados Aduaneiros
de Língua Oficial Portuguesa, - Luta contra o Tráfico Ilícito de Estupefacientes e
de Substâncias Psicotrtópicas, assinado em 26 de Setembro 1986;
10. Memorandum de Entendimento entre o Serviço Nacional das Alfândegas de
Angola, a Direcção Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o
Consumo de Portugal, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Direcção
Geral das Alfândega de Cabo Verde, a Direcção Geral das Alfândegas da Guiné-
Bissau, a Direcção Geral das Alfândegas de Moçambique, a Direcção das
Alfândegas de São Tomé e Príncipe e a Direcção Nacional de Receitas e
Alfândegas, assinado em 12 de Dezembro de 2011;

 Protocolos Institucionais

1. Protocolo de Cooperação Institucional com a Empresa Nacional de Exploração


de Aeroportos e Navegação Aérea, EP (ENANA), em 06 de Julho de 2012;
2. Protocolo de Cooperação Institucional com a Autoridade Reguladora de Energia
Atómica (AREA), assinado em 27 de junho de 2016;
3. Protocolo de Cooperação Institucional com a Sociedade Nacional de
Combustível de Angola, Empresa Pública (Sonangol – EP) assinado em 06 de
Julho de 2017;
4. Protocolo de Cooperação Institucional com o Instituto Nacional de Estatísticas
(INE), assinado em 03 de Outubro de 2017;
5. Protocolo de Cooperação Institucional com a Coordenação Nacional do Balcão
Único do Empreendedor (BUE), assinado em 06 de Outubro de 2017;
6. Protocolo de Cooperação Institucional com a Empresa Nacional de Correios e
Telégrafos de Angola, assinado em 25 de Fevereiro de 2019;
7. Protocolo de Cooperação Institucional com a Ordem dos Contabilistas e Peritos
Contabilista de Angola, assinado em 14 de Maio de 2019;
8. Protocolo de Cooperação Institucional com o Instituto Nacional de Apoio ás
Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), assinado em 29 de Agosto de
2019;
9. Protocolo de Cooperação Institucional com o Instituto Nacional de Segurança
Nacional (INSS), assinado em 09 de Dezembro de 2019;
10. Protocolo de Cooperação Institucional com o Instituto Nacional de Habitação
(INH), assinado em 16 de Dezembro de 2019.
11. Protocolo de Cooperação Institucional com o Centro de Estudos de
Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, assinado em de 19
de Dezembro de 2019;
12. Protocolo de Cooperação Institucional com a Unidade de Informação Financeira
(UIF) assinado em 08 de Janeiro de 2020;
13. Protocolo de Cooperação Institucional com a Faculdade de Direito da
Universidade Agostinho Neto (FDUAN), assinado em 10 de Junho de 2020;
14. Protocolo de Cooperação Institucional com a Agência de Investimento Privado
e Promoção das Exportações (AIPEX), assinado em 15 de Julho de 2020;
Reforma Tributária

A Reforma Tributária tem um percurso longo, construída e ajustada ao longo dos


últimos anos, tendo resultado num novo regime mais estável para as receitas
tributárias de diversas naturezas, tendo sido publicado no final de 2014 o pacote
legislativo que estabiliza a “estrutura” fiscal que deve reger a actividade dos agentes
económicos.

Destacar o novo enquadramento fiscal e novo quadro fiscal vigente em Angola, em


2014 foram aprovados diplomas legais que ligadas a fiscalidade, de certo modo
ajustadas as necessidades reais da economia Angolana no quadro do processo de
reforma tributária.

Os principais desafios prendem-se com a rapidez e facilidade com que as organizações


deveriam adaptar-se ao novo regime, e a forma como deviam ajustar os seus
processos e modelos de gestão no sentido de uma maior eficiência administrativa e
fiscal.

As obrigações tributárias mantêm-se, dentro do novo regime, sendo esperado do


sector privado, organizações e outros agentes económicos, que desempenhem o seu
papel num cenário em que o cumprimento, por parte destas entidades, e controlo, por
parte da autoridade tributária, se tornará cada vez mais eficiente e harmonioso.

Foram aprovadas a Lei 18/14 de 22 de Outubro, Lei que aprova o Código sobre o
Imposto de Rendimento do Trabalho, a Lei 19/14 de 22 de Outubro que aprova o novo
Código do Imposto Industrial, a Lei 20/14, de 22 de Outubro, que aprova o Código das
Execuções Fiscais e Lei 21/14 de 22 de Outubro, que aprova o Código Geral Tributário.

Importa referir que a grande novidade que é a redução do imposto industrial sobre os
lucros de 35 para 30%, uma expressiva redução de 14%, trazendo a taxa actual aos
níveis de taxas dos países da região.

Passamos a Destacar as reformas de maior relevo introduzidas no ordenamento


angolano:

 SIGT - Sistema Integrado de Gestão Tributária visa desenvolver e implementar


uma solução informática vertical capaz de acompanhar todo o ciclo de vida
tributário dos contribuintes. Este sistema veio substituir os diversos sistemas e
ferramentas de suporte actualmente em utilização, automatizando grande
parte do trabalho desenvolvido manualmente e respondendo de forma mais
efectiva e eficiente às necessidades da AGT;
 Portal do Contribuinte integrado - Peça fundamental na modernização dos
serviços da AGT que  evolui  se tornou nos dias de hoje numa verdadeira
Repartição Fiscal virtual, disponibilizando os mesmos serviços que uma
Repartição Fiscal física já presta aos contribuintes no seu dia a dia, com a
vantagem do contribuinte não precisar se deslocar á Repartição Fiscal. Para
aceder ao Portal do Contribuinte, clique aqui.
 Gateway de Pagamentos - Esta ferramenta liga o SIGT ao sistema da EMIS,
permitindo ao contribuinte utilizar o meio de pagamento que lhe for mais
conveniente (multicaixa, online banking ou balcão da agência bancária H24H),
em qualquer lugar.
 Front-Office - Interface online complementar ao SIGT que é disponibilizado às
entidades parceiras da AGT que funcionem como pontos de liquidação de
tributos.

Permite realizar uma nova liquidação ou pesquisar uma já existente, tendo por base a
RUPE – Referência Única de Pagamento ao Estado.

 Website da AGT – Website institucional da Administração Geral Tributário


aonde podemos encontrar informações sobre os diferentes serviços prestados
por essa Administração isso no âmbito aduaneiro e fiscal, fazer a verificação e
validação dos NIF´s como também serve de gateway para os diferentes portais.
Para aceder ao website da AGT, clique aqui.
 Call center AGT – Em pleno funcionamento, prestando informações, tratando
de questões relacionadas com pagamentos e denuncias.
 Introduzido um regime tributário simplificado para as Pequenas e Médias
Empresas.
 Introduzido o Imposto sobre o Valor Acrescentado, IVA em Angola.
 Criado o mecanismo para monitorização dos procedimentos e prazos para
devolução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA).
 Instituído e adaptado o Sistema Integrado de Gestão Tributária do Estado
(SIGTE), que integra o Portal do Contribuinte Online e permitiu a extensão
deste serviço às micro, pequenas e médias empresas (MPME).
 Procedido o aumento das deduções fiscais permitidas para os casos de crédito
malparado (Esta medida pressupõe a redução das obrigações fiscais das
empresas na proporção da dívida a receber de clientes).
 Disponibilizados os Formulários online e de forma gratuita para a declaração e
pagamentos de impostos.

PRINCÍPIOS GERAIS

Lei Constitucional

O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades económicas, sociais e


administrativas do Estado e uma repartição justa dos rendimentos e da riqueza, Os
impostos só podem ser criados e extintos por lei, que determina a sua incidência,
taxas, benefícios fiscais e garantias dos contribuintes. (Artº 14) Princípio da função
económica e social do fisco e Princípio da legalidade.

Todos os cidadãos são iguais perante a lei e gozam dos mesmos direitos e estão
sujeitos aos mesmos deveres, sem distinção da sua cor, raça, etnia, sexo, lugar de
nascimento, religião, ideologia, grau de instrução, condição económica ou social.
(Artº 18)  Princípio da não discriminação e da igualdade dos cidadãos perante a lei.
A definição do sistema fiscal e a criação de impostos é da competência da Assembleia
Nacional, podendo, igualmente, ser do Governo desde que autorizado por lei passada
por aquela. (Artº 90 e Artº 91).

Ao reconhecerem a importância de adaptar a legislação fiscal angolana às melhores


práticas internacionais e dotar o país de um sistema tributário actual e actuante, os
legisladores deram o primeiro passo na especialidade. A aprovação na especialidade
de um novo Código Geral Tributário, consubstanciado no quadro da Reforma
Tributária, o novo quadro legal vem dar outra dinâmica de funcionamento da
Administração Fiscal. Finalmente, os deputados foram capazes de reunir unanimidade
para a votação de um importante diploma, depois da introdução de algumas
alterações de fundo e de forma.

A Reforma Fiscal em Angola, Trouxe um ganho relevante no processo de simplificação


do processo de  submissão, liquidação e arrecadação de impostos.

Os esforços da Reforma Tributária permitiu ter uma Administração Fiscal de


excelência, na medida em que vem conseguindo responder aos desígnios da política
fiscal e permitiu ao Estado uma maior arrecadação de receitas.

As empresas que exercem actividade em Angola estão sujeitas ao pagamento de


impostos pelas receitas daí advenientes, como se pode ver abaixo.

IMPOSTO INDUSTRIAL

Tributação do rendimento das Empresas

O imposto incide sobre os lucros de qualquer actividade de natureza comercial ou


industrial, ainda que acidentais, desenvolvidas em Angola.

A taxa do imposto é de 30%.

Entretanto, o Código do Imposto Industrial prevê um regime especial para a liquidação


de impostos sobre a prestação de serviços, cuja taxa é de 6,5%.

IMPOSTO DE APLICAÇÃO DE CAPITAIS

O imposto incide sobre os rendimentos resultantes da aplicação de capitais e as taxas


são de 15% para os rendimentos previstos na secção A e 5%, 10% ou 15% para os
rendimentos previstos na secção B.

 IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DO TRABALHO 


O imposto incide sobre os rendimentos auferidos por conta própria ou por conta de
outrem.

Os contribuintes estão agrupados em 3 grupos: A, B e C. Aos contribuintes do Grupo A


aplicam-se as taxas constantes da tabela anexa ao Código do IRT, a qual prevê uma
parcela fixa a qual se acresce uma percentagem que varia de 7% a 17%, em função dos
rendimentos do contribuinte. Aos contribuintes do Grupo B, aplica-se a taxa única de
15% e aos do Grupo C, a taxa única de 30%.

IMPOSTO DE CONSUMO

Incide sobre serviços de hotelaria e similares; serviços de telecomunicações; consumo


de água e de energia; locação de máquinas, equipamentos, espaços para conferências,
colóquios ou outros eventos; serviços de consultoria; serviços fotográficos; serviços
portuários, aeroportuários e serviços de despachantes; serviços de segurança privada;
serviços de turismo e viagens promovidas por agências de viagens; serviços de gestão
de cantinas, refeitórios, imóveis e condomínios; acesso a espectáculos ou eventos
culturais, artísticos e desportivos; transportes e ainda importação de mercadorias.

As taxas variam entre 2%, 5%, 10%, 20% e 30%.

IMPOSTO PREDIAL URBANO

O imposto incide sobre os prédios urbanos situados em Angola.

Para os prédios arrendados, o imposto incide sobre as rendas efectivamente recebidas


em cada ano, líquidas de 40%m correspondentes às despesas relacionadas com o
imóvel. Sobre a matéria colectável incide a taxa de 25%. Para os prédios não
arrendados, a taxa do imposto é de 0% para os prédios até 5 milhões e 0.5% sobre o
excesso dos 5 milhões de kwanzas.

IMPOSTO DE SISA

O imposto de sisa incide sobre a transmissão onerosa de bens imóveis situados em


Angola.

A taxa do imposto é de 2%.

IMPOSTO DE SELO
Tributa-se um conjunto variado de actos, documentos, contratos e operações.

As taxas são variáveis e constam na Tabela anexa ao Código do Imposto de Selo.

TRIBUTAÇÃO NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

A taxa do imposto sobre a produção do petróleo é de 5%.

A taxa do imposto sobre o rendimento do petróleo é de 25%.

A taxa do imposto sobre o rendimento do petróleo para projectos de gás não-


associado em que o volume de reservas provadas certificadas.

TRIBUTAÇÃO NA INDÚSTRIA MINEIRA

A taxa do imposto de rendimento é de 25%.

A taxa dos roylaties é de 5% para os minerais estratégicos e pedras e minerais


metálicos preciosos, 4% para as pedras semi-preciosas, 3% para os minerais metálicos
não preciosos e 2% para os matérias de construção d eorigem mineira e outros
minerais.

A taxa de superfície é progressiva e vai aumentando à medida que forem passando os


anos.

CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURANÇA SOCIAL

Incide sobre o montante dos salários e remunerações adicionais, sendo suportados


parcialmente pelo empregador (8%) e pelo trabalhador (3%).

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

O Estado Angolano introduziu o quadro normativo que regula o regime jurídico do IVA
- Imposto sobre o Valor Acrescentado. O IVA visa tributar o consumo de bens materiais
e serviços, bem como as importações de bens.
Para aceder ao documento relativo ao Imposto Sobre o Valor
Acrescentado em Angola, no âmbito da Legislação da Reforma Tributária, clique aqui.

Portal do Contribuinte

O Portal do Contribuinte é um serviço integrado da Administração Geral Tributária- 


AGT,  que surge para optimizar e melhorar os serviços prestados, garantindo maior
comodidade e redução da burocracia no processo de pagamento de impostos, por via
electrónica.

Visando funcionar como uma verdadeira Repartição Fiscal Virtual, o Portal do


Contribuinte constitui uma aposta da AGT, no sentido de disponibilizar, gradualmente,
um maior número de ferramentas electrónicas de forma a facilitar aos contribuintes o
acesso aos diversos serviços do sistema fiscal.

O Portal do Contribuinte permite:

 Realizar Liquidações de Impostos


 Pagamentos e Verificações de Pagamentos
 Obter a certidão de não Devedor
 Submissão de Modelo 8 - Formulários
 Consulta de Certificados
 Solicitação de Licenciamento
 Consulta de Facturas

Para aceder ao Portal do Contribuinte clique aqui.

Legislação

Apresentamos de seguida, para download, a legislação relativa ao Pagamento de


Impostos:

MODELOS DECLARATIVOS - DECRETO EXECUTIVO Nº 134/19, 10 DE JUNHO

Havendo necessidade de aprovação dos modelos declarativos do Imposto sobre o


Valor Acrescentado, conforme determina o artigo 73.º do Código do Imposto sobre o
Valor Acrescentado, aprovado pela Lei n.º 7/19 de 19 de Abril;

São aprovados os modelos declarativos do Imposto sobre o Valor Acrescentado a que


se refere o artigo 73.º do Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado, anexos ao
presente Diploma, sendo dele parte integrante, nomeadamente:
 Declaração de inicio, alteração e cessão de actividade.
 Declaração do regime transitório.
 Formulário de restituição de imposto.
 Mapa de fornecedores.

Modelo de Solicitação de regularização dos créditos de cobrança duvidosa e


incobráveis.

Para aceder ao Decreto Executivo Nº 134/19, no âmbito da Legislação do


Pagamento de Impostos, clique aqui.

DIRECÇÃO DO IVA - DECRETO PRESIDENCIAL Nº 215/19, 15 DE JULHO

A Direcção do Imposto sobre o Valor Acrescentado é o serviço encarregue de


desenvolver os trabalhos preliminares sobre a implementação do Imposto sobre o
Valor Acrescentado, nomeadamente, o desenho conceitual, o pacote legislativo e
regulamentar, a gestão operacional e tecnologia, bem como todo o acompanhamento
do processo pós implementação.

Para aceder ao Decreto Presidencial Nº 215/19, no âmbito da Legislação


do Pagamento de Impostos, clique aqui.

LEI QUE APROVA O CÓDIGO DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO Nº 7/19,


24 DE ABRIL

Considerando a implementação do IVA em Angola há-de permitir o alargamento da


base tributária, a atracção de investimentos, a eliminação da dupla tributação no
Imposto de Consumo e o combate à evasão e à fraude fiscal , bem como o
enquadramento gradual da economia informal;

A Assembleia Nacional aprova, por mandato do Povo, nos termos das disposições
combinadas da alínea o) do n.º 1 do artigo 165º e da alínea d) do n.º 2 do artigo 166.º,
ambos da Constituição da República de Angola: o Código do Imposto Sobre o Valor
Acrescentado, anexo à presente Lei  e que dela é parte integrante.
Para aceder à Lei Nº 7/19, no âmbito da Legislação do Pagamento de
Impostos, clique aqui.

CÓDIGO DE IMPOSTO SOBRE OS RENDIMENTOS DE TRABALHO Nº 18/14, 22 DE


OUTUBRO

O Imposto sobre os Rendimentos do Trabalho incide sobre os rendimentos por conta


própria ou por conta de outrem, expressos em dinheiro , ainda que auferido em
espécie, de natureza contratual ou não contratual, periódicos ou ocasionais, fixos ou
variáveis, independentemente da sua proveniência, local, moeda, forma estipulada
para o seu cálculo e pagamento.

Para aceder ao Código de Importo sobre os Rendimentos de Trabalho,


no âmbito da Legislação do Pagamento de Impostos, clique aqui.

CÓDIGO DO IMPOSTO INDUSTRUAL Nº 19/14, 22 DE OUTUBRO

O imposto Industrial incide sobre os lucros imputáveis ao exercício de qualquer


actividade de natureza comercial ou industrial, ainda que acidentais.

É considerado sempre de natureza comercial ou industrial para efeitos do presente


Código:

 A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, pecuária, piscatória e


silvícola.
 A actividade de mediação, agência ou representação na realização de contratos
de qualquer natureza.
 O exercício de actividades reguladas pela entidade de supervisão de seguros,
entidade de supervisão de jogos, pelo Banco Nacional de Angola e pelo
Comissão de Mercados de Capitais.
 A actividade de sociedades cujo objecto consista na mera gestão de uma
carteira de imóveis, de participações sociais ou títulos.

A actividade das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações de


beneficência.
Para aceder ao Código de Importo Industrial, no âmbito da Legislação do
Pagamento de Impostos, clique aqui.

CÓDIGO DAS EXECUÇÕES FISCAIS Nº 20/14, 22 DE OUTUBRO

O presente Código regula o processo de execução fiscal.

O processo de execução fiscal visa a cobrança coerciva, com base em um título


executivo pelo qual se determina o direito do exequente, de uma quantia certa, líquida
e exigível decorrente de obrigações tributarias.

Para aceder ao Código das Execuções Fiscais, no âmbito da Legislação do


Pagamento de Impostos, clique aqui.

CÓDIGO GERAL TRIBUTÁRIO - LEI Nº 21/14, 22 DE OUTUBRO

O presente Código aplica-se às relações tributárias em geral, sem prejuízo de disposto


em normas de direito internacional em que o Estado Angolano esteja vinculado ou
legislação interna especial

Para efeitos do número anterior, considera-se Administração Tributária, a Direcção


Nacional dos Impostos, o Serviço Nacional das Alfândegas ou entidade que as venha
substituir, bem como outras entidades que, nos termos da Constituição ou da Lei,
exerçam competências administrativas relativas a impostos e a outras prestações
tributárias por elas administradas.

A aplicação do presente Código, com as devidas adaptações, a outras entidades de


direito público ou concessionárias legalmente exerçireito ps e a outras prestaçtras
entidades que, nos termos da Constituiçregulamentar, a gestárias de serviços públicos
que legalmente exerçam poderes de liquidação e cobrança de tributos,
independentemente da sua natureza, depende de Lei que a determine.

O presente Código é aplicável a relações de direito público que não tenham natureza
tributaria nos casos em que ele próprio ou Lei especial expressamente o determinem.
Para aceder ao Código Geral Tributário, no âmbito da Legislação do
Pagamento de Impostos, clique aqui.

A Origem do IVA - Em Angola


As Linhas Gerais do Executivo Para a Reforma Tributária (LGERT), aprovadas pelo
Decreto Presidencial n.º 50/11, de 15 de Março, definem os instrumentos e os
objectivos de política fiscal que norteiam o processo de reforma, quer do sistema
tributário, quer da Administração Tributária, por forma a adaptá-los à realidade
económica e social do País.
Por outro lado, já se perspectivava no ponto 1.4.3. (prioridades de intervenção no
plano legislativo) das LGERT, que “a tributação do consumo, no âmbito da reforma, far-
se-ia essencialmente a partir da introdução ou evolução do actual imposto de consumo
para um imposto do tipo IVA, sem efeitos de cascata e adequado à estrutura
socioeconómica angolana”.
Na altura o sistema fiscal era obsoleto pois provinha essencialmente do período
colonial, com inúmeros diplomas avulsos e desconexos, o que contribuía para a
ineficácia do sistema fiscal.
O ponto 2.2. do referido Diploma Legal (sobre domínio do sistema tributário),
contempla um conjunto de acções a serem adoptadas a Curto e Médio Prazo.
A Curto Prazo, devem ser adoptados, em primeiro lugar, os diplomas transversais de
adaptação do sistema existente à nova realidade económica, política e constitucional,
dando-se enfase prioritariamente aos impostos internos, definindo-se medidas
pontuais de simplificação e de resolução das injustiças mais graves e notórias.
A Médio Prazo, destacam-se as seguintes acções:

1. ) Realização de estudos conducentes à substituição do actual imposto de


consumo pelo IVA adequado à estrutura socioeconómica angolana, em
conjunção com o aprofundamento da harmonização comunitária no quadro da
SADC;
2. ) Elaboração do anteprojecto de diploma que introduz o IVA;
3. ) Desenho dos procedimentos administrativos, informáticos, de sistemas de
informações, necessários para pôr em prática o novo modelo de tributação do
consumo;
4. ) Divulgação do novo modelo de tributação junto dos funcionários e dos
contribuintes, através de processos de formação e informação específica, como
uma questão decisiva para o êxito da Reforma;
5. ) Instituição de certos impostos especiais de consumo, justificado por razões
financeiras e por razões extra-financeiras (álcool e bebidas alcoólicas, tabacos e
eventualmente, veículos pesados ou de luxo, e sobre os derivados do petróleo)
- Racionalização e modernização do imposto de selo, por forma a abranger
realidades como as operações financeiras que não sejam tributadas no IVA e
faze-las constar de um instrumento normativo autónomo com as características
dos actuais códigos tributários.

Foi no âmbito das medidas de curto e médio prazo da reforma que se efectuou a
revisão e republicação do Regulamento do Imposto de Consumo pelo Decreto
Legislativo Presidencial nº 3-A/14 de 21 de Outubro. Com este Diploma, aprimoraram-
se alguns aspectos em relação ao regime iniciado na década de 80, clarificando-se a
figura de sujeito passivo, as obrigações de liquidação e pagamento, bem como a
correcta identificação do titular do encargo do imposto por via do mecanismo da
repercussão.
Ademais das melhorias efectuadas, vários estudos e o contexto actual que Angola vive,
revelaram a necessidade de se alterar o paradigma existente no domínio da tributação
da despesa, mediante a introdução do IVA no sistema fiscal, em substituição do
imposto de consumo

Regime Geral
Estão enquadrados neste regime todos os contribuintes cadastrados na Repartição
Fiscal dos Grandes Contribuintes, bem como aqueles que voluntariamente solicitem a
sua adesão a este regime, desde que verificados os requisitos previstos no artigo 62.º
do Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado; Volume de negócios ou operações
de importação igual ou superior a Kz.: 350.000.000,00 (nos 12 meses anteriores);

 Todos aqueles, nele já enquadrados;


 Adesão facultativa (contribuintes com o volume inferior ao acima citado).
 Os contribuintes do sector industrial devem obrigatoriamente estar neste
regime independentemente do volume de negócio
 Os sujeitos passivos deste regime, que praticam operações isentas estão
obrigados, relativamente a estas operações, ao pagamento do Imposto de Selo
sobre o recibo de quitação à taxa de 7%, referente à verba 23.3.

Regime Simplificado
Volume de negócios ou operações de importação igual ou inferior a Kz.:
350.000.000,00 (nos 12 meses anteriores);
Apuramento do imposto devido mensalmente;
Taxa de 7% sobre o valor efectivamente recebido de operações não isentas, incluindo
os adiantamentos ou pagamento antecipados;
Direito à dedução de 7% do total do imposto suportado;
Na aquisição de serviços a prestadores não residentes, liquidam o imposto à taxa de
7% sobre o valor do serviço efectivamente pago.
Os sujeitos passivos deste regime, que praticam operações isentas estão obrigados,
relativamente a estas operações, ao pagamento do Imposto de Selo sobre o recibo de
quitação à taxa de 7%, referente à verba 23.3.
Os contribuintes do imposto industrial enquadrados no regime simplificado, devem lá
permanecer desde que o seu volume de negócio não supere os USD 250 Mil;
Regime de Exclusão
Estão enquadrados neste regime todos os contribuintes que possuem um Volume de
negócios ou operações de importação inferior a Kz.: 10.000.000,00;
Sem qualquer obrigação em sede de IVA.
 
Nota: - Os contribuintes do imposto industrial enquadrados no regime simplificado,
devem lá permanecer desde que o seu volume de negocio não ascenda os USD 250
Mil;
Todos contribuintes devem fazer a actualização do cadastro independentemente do
seu enquadramento em IVA ou volume de negócio;
Será alterado o regulamento do CIVA para ajustar as regras contabilísticas do IVA;
Ficam dispensadas do procedimento de despacho e do pagamento dos direitos
aduaneiros, e a taxa devida pela prestação de serviços as mercadorias expedidas pelos
correios por intermédio de operadores de correio ou carga expresso, ou contidas na
bagagem pessoal dos viajantes, desde que reúnam os requisitos do conceito de bens
de uso pessoal, transportadas em quantidades reduzidas e que não excedam por
remessa ou por viajante o valor de Kz. 880 000,00 (oitocentos e oitenta mil Kwanzas).

TAXAS
ARTIGO 19.º
(Taxas do imposto)
 
1. A taxa do imposto é de 14% (catorze por cento)
2. A taxa do imposto de 2% (dois por cento) na importação e operações internas
(Regime Especial de Cabinda)
4. A taxa do imposto de 7% (sete por cento) para os Contribuintes do cadastrados no
Regime simplificado do IVA
3.  Taxas resultantes da Lei do OGE 2022:
 A taxa do imposto de 5% (cinco por cento) para alguns meios agricólas na
importação e operações internas;
 A taxa do imposto de 7% (sete por cento) para alguns produtos constantes da
Tabela Anexa à Lei n.º 32/21;
 A taxa do imposto de 7% (sete por cento) para o Sector de Hotelaria e
Restauração;

1. O IVA EM ANGOLA

(Relatório de Fundamentação – Pontos 1 a 7):


2.1. Alinhamento com as Diretrizes e Princípios Constitucionais da Tributação
A reforma tributária em curso no País está, desde logo, harmonizada com a
Constituição da República de Angola, a qual estabelece a concepção de um sistema
tributário assente nos princípios da:

1. Legalidade;
2. Igualdade;
3.  Suficiência;
4. Capacidade contributiva;
5. Justa repartição da riqueza e do rendimento nacional;
6. Princípios da transparência e da eficiência fiscal.

A nível da tributação sobre o consumo, e ainda no plano constitucional, o processo de


implementação do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) responde aos objectivos
da política orçamental e do desenvolvimento económico do País.
2.2. Linhas Gerais do Executivo para a Reforma Tributária
As Linhas Gerais do Executivo Para a Reforma Tributária (LGERT), aprovadas pelo
Decreto Presidencial n.º 50/11, de 15 de Março, definem os instrumentos e os
objectivos de política fiscal que norteiam o processo de reforma, quer do sistema
tributário, quer da Administração Tributária,[1] por forma a adaptá-los à realidade
económica e social do País.
Por outro lado, já se perspectivava no ponto 1.4.3. (prioridades de intervenção no
plano legislativo) das LGERT, que “a tributação do consumo, no âmbito da reforma,
far-se-ia essencialmente a partir da introdução ou evolução do actual imposto de
consumo para um imposto do tipo IVA, sem efeitos de cascata e adequado à
estrutura socioeconómica angolana”.
O ponto 2.2. do referido Diploma Legal (sobre domínio do sistema tributário),
contempla um conjunto de acções a serem adoptadas a curto e médio prazo.
A Curto prazo, devem ser adoptados, em primeiro lugar, os diplomas transversais de
adaptação do sistema existente à nova realidade económica, política e constitucional,
dando-se enfase prioritariamente aos impostos internos, definindo-se medidas
pontuais de simplificação e de resolução das injustiças mais graves e notórias.
A Médio prazo, destacam-se as seguintes acções:

1. a) Realização de estudos conducentes à substituição do actual imposto de


consumo pelo IVA adequado à estrutura socioeconómica angolana, em
conjunção com o aprofundamento da harmonização comunitária no quadro da
SADC;
2. b) Elaboração do anteprojecto de diploma que introduz o IVA;
3. c) Desenho dos procedimentos administrativos, informáticos, de sistemas de
informações, necessários para pôr em prática o novo modelo de tributação do
consumo;
4. d) Divulgação do novo modelo de tributação junto dos funcionários e dos
contribuintes, através de processos de formação e informação específica, como
uma questão decisiva para o êxito da Reforma;
5. e) Instituição de certos impostos especiais de consumo, justificado por razões
financeiras e por razões extra-financeiras (álcool e bebidas alcoólicas, tabacos e
eventualmente, veículos pesados ou de luxo, e sobre os derivados do petróleo);
6. f) Racionalização e modernização do imposto de selo, por forma a abranger
realidades como as operações financeiras que não sejam tributadas no IVA e
faze-las constar de um instrumento normativo autónomo com as características
dos actuais códigos tributários.

Foi no âmbito das medidas de curto e médio prazo da reforma que se efectuou a
revisão e republicação do Regulamento do Imposto de Consumo pelo Decreto
Legislativo Presidencial nº 3-A/14 de 21 de Outubro. Com este Diploma, aprimoraram-
se alguns aspectos em relação ao regime iniciado na década de 80, clarificando-se a
figura de sujeito passivo, as obrigações de liquidação e pagamento, bem como a
correcta identificação do titular do encargo do imposto por via do mecanismo da
repercussão.
Ademais das melhorias efectuadas, vários estudos e o contexto actual que Angola vive,
revelaram a necessidade de se alterar o paradigma existente no domínio da tributação
da despesa, mediante a introdução do IVA no sistema fiscal, em substituição do
imposto de consumo.
 
1.3. Vantagens da implementação do IVA
A implementação deste novo imposto, para além de ser um forte instrumento para a
arrecadação de receitas, funcionará como um importante elemento para a atracção ou
retenção do investimento nacional e estrangeiro nos diversos sectores da economia,
em virtude de ser mais favorável que o actual imposto de consumo.
O IVA é actualmente, o principal instrumento tributário de arrecadação de receitas da
maior parte dos países do mundo, sendo implementado em cerca de cento e sessenta
(160) países, dos quais cinquenta e quatro (54) são africanos, sendo que na região da
SADC, Angola é o único país membro que até ao momento não o implementou.
Dos países africanos com o IVA implementado, destacam-se a Tunísia, a Nigéria, o
Quénia, o Uganda, Moçambique, Cabo Verde, Tanzânia, Senegal, África do Sul, Zâmbia,
e outros, todos com modelos diferenciados e moldados a sua realidade económica, de
modo a evitar constrangimentos que possam advir da sua adopção pura, tal como
ocorre nos países desenvolvidos.
Dentre as vantagens do IVA, destacam-se o facto de ser um imposto:

1. Indirecto;
2. Plurifásico de incidência ampla que abrange de forma generalizada, as
transacções onerosas de bens, as prestações onerosas de serviços e as
importações, abarcando pontos de produção, distribuição e comercialização;
3. Neutro, porquanto é baseado no método subtractivo da liquidação e dedução.

1.4. Acompanhamento da implementação pelo Fundo Monetário Internacional


O processo de implementação do IVA tem sido acompanhado pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), o qual, para além das assistências técnicas de Setembro de 2016,
Dezembro de 2017 e Julho 2018, tem apresentado imensas recomendações.
Da missão de 2016, cujo mote foi “um IVA para Angola – porquê, qual e
como”, resultaram as seguintes recomendações:

1. Adopção de um IVA adequado às condições locais e ao mesmo tempo simples e


suficientemente moderno para lidar com a economia globalizada, cobrado pelo
método de crédito do imposto e que utilize o princípio da tributação no
destino, que tenha uma única taxa e um número reduzido de isenções;
2. Oferecer reembolsos aos exportadores ao final de cada período do imposto e
aos demais contribuintes com créditos líquidos de imposto, após tentarem
compensá-los com débitos referentes aos três meses subsequentes à formação
do crédito líquido;
3. Ter como limiar uma facturação anual igual ou superior ao montante em
Kwanzas equivalente a duzentos e cinquenta mil Dólares Americanos (US$
250.000), um dos mais altos do mundo, mas que facilitaria a administração do
imposto no início da sua vigência e seria compatível com o que dispõe a Lei n.º
30/11, de 13 de Setembro das Micro, Pequenas e Médias Empresas[2];
4. Contribuintes abaixo do limiar, excepto as microempresas, deveriam pagar um
tributo simples sobre as suas vendas com taxa igual à metade da taxa do IVA.

Da missão de 2017, cujo mote foi o “apoio a implementação do IVA em Angola”,


destacam-se as seguintes recomendações:

1. Definir as características do IVA utilizando as recomendações constantes nos


relatórios de assistência técnica do FMI de Dezembro de 2017;
2. Criar uma conta alimentada com parcela da receita bruta do IVA a ser usada
exclusivamente para reembolsos de créditos líquidos do imposto;
3. Usar a previsão da receita líquida do IVA e não a previsão de receita bruta,
aquando da elaboração do orçamento anual;
4. Implementar o IVA por etapas, começando com um limiar muito alto e um
pequeno número de contribuintes e ampliando a incidência em duas etapas
adicionais;
5. Isentar os contribuintes do IVA da verba “recibo de quitação” do imposto de
selo;
6. Isentar os produtos da cesta básica cuja composição é definida na pauta
aduaneira de 2017;
7. Tributar os serviços de intermediação financeira remunerados por comissões e
isentar os demais, assegurada a dedução do IVA pago sobre os inputs;
8. Eliminar a incidência do imposto de selo sobre os serviços de intermediação
financeira sujeitos a IVA;
9. Isentar os seguros de vida e tributar todos os demais.

1.5. Plano Intercalar do Executivo


Em 2017, foi aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 258/17 de 27 de Outubro, o
“Plano Intercalar contendo as Medidas de Política e Acções para Melhorar a Situação
Económica Actual para o período de Outubro 2017 a Março 2018”, que visou permitir
a conclusão do ciclo de estabilização macroeconómica, lançar as bases para o
desenvolvimento, promover a confiança, o crescimento económico e a inclusão social,
com vista a retomar o caminho de prosperidade e da inclusão, que foi interrompido
com a crise de 2014.
O Plano contemplou um conjunto de acções de curto prazo acometidas ao Ministério
das Finanças, dentre as quais se destaca a inserção do IVA no Orçamento Geral do
Estado de 2019 (alínea d) do ponto 4.1.3.).
Este Plano é o instrumento orientador da gestão económica e social de Angola e
preconiza, as acções necessárias a implementação do IVA, a criação de “Medidas de
Política e Acções para Melhorar a Situação Económica Actual”.
Orienta ainda, a criação de um ciclo de estabilização macroeconómica, de formas a
lançar as bases para o desenvolvimento, a promoção da confiança, o crescimento
económico e a inclusão social, com vista a retomada do caminho da prosperidade e da
inclusão, estando em perfeito alinhamento com o Plano de Desenvolvimento Nacional
2018 - 2022.
Por fim, a proposta de Lei foi objecto de consulta pública a nível nacional e mereceu
contribuições dos diversos intervenientes da economia Nacional, dentre os quais se
destacam, vários órgãos da administração directa e indirecta do Estado, ordens
profissionais, associações e confederações empresarias e a sociedade civil em geral.
1.6. Objectivos a Atingir
A fiscalidade é um sistema em que os aspectos políticos, económicos, financeiros,
jurídicos, administrativos, psicológicos, comunitários estão todos interligados. Essa
interdependência é mais nítida ainda num processo de reforma, estando desde logo,
presentes na definição dos objectivos para a implementação do IVA e na estratégia de
intervenção que definirão o sistema tributário.
É sabido que as principais receitas orçamentais em Angola, advêm dos impostos
petrolíferos que têm características muito especiais, quer no plano fiscal, quer no
plano administrativo. Por isso, aconselha a prudência, que os Estados produtores de
petróleo preparem novas fontes de receita, para sustentar os níveis de receitas
futuras, o que implica uma maior atenção aos impostos indirectos.
Neste contexto, há necessidade de se alterar o paradigma existente no domínio da
tributação da despesa, mediante a introdução no sistema fiscal do IVA em substituição
do imposto de consumo o que deve permitir o alargamento da base tributária, a
atracão de investimentos, a eliminação da dupla tributação no imposto de consumo e
o combate à evasão e a fraude fiscal, bem como o enquadramento gradual da
economia informal.
Para Angola a Administração Geral Tributária, desenhou um modelo de IVA ao mesmo
tempo adequado às condições locais, o mais simples possível e moderno o suficiente
para lidar com a economia globalizada. A legislação do IVA de Angola deverá consagrar
um IVA simples, local e moderno:

1. Simples, na medida em que deverá consagrar um âmbito lato de aplicação do


imposto, com número mínimo de excepções e cálculos do imposto
simplificados, nomeadamente no que respeita à base tributável, à localização
das operações tributáveis e ao exercício do direito à dedução;
2. Local, na medida em que deverá ser adequada às realidades locais e ao
contexto socioeconómico de Angola, designadamente, através da exclusão da
base tributável de alguns bens e serviços por razões de cariz socioeconómico
ou de simplificação, e a inclusão de regimes especiais para pequenos
contribuintes e de regras especiais, aplicáveis à tributação do sector
petrolífero;
3. Moderno, na medida em que deverá consagrar um IVA, quanto possível digital,
através da digitalização das obrigações declarativas e de facturação, e a
inclusão das mais inovadoras práticas internacionais no combate à evasão e à
fraude fiscal.

Para o efeito, a Administração Tributária procurou dominar a lógica de


funcionamento deste imposto e colheu experiências internacionais[3],
essencialmente em contextos socioeconómicos afins e outros, por forma a adoptá-lo
tendo em conta as melhores práticas tributárias.
[1] Na altura o sistema fiscal era obsoleto pois provinha essencialmente do período
colonial, com inúmeros diplomas avulsos e desconexos, o que contribuía para a
ineficácia do sistema fiscal.
[2] Alínea a), do n.º 2, do artigo 5.º.
[3] Em vistas técnicas a países como Cabo Verde, Moçambique, África do Sul, Uganda,
Portugal e Uruguai.

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