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FOLHA TRIBUTÁRIA

JUNHO 2023 - N.º 61 | EDIÇÃO ESPECIAL


FOLHA TRIBUTÁRIA

A Folha Tributária,
com periodicidade mensal, é um meio
de comunicação da Administração
Geral Tributária, para a divulgação
de informações, notícias, artigos
técnicos, eventos com relevância
fiscal e aduaneira ou novidades sobre
os seus serviços, dirigida a todos os
interessados em matérias tributárias.

FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE:
AGT - Administração Geral Tributária
Título: Folha Tributária
Edição: Junho 2023 - N.o 61
Redacção e Edição:
Gabinete de Comunicação Institucional
(GCI - AGT)

EQUIPA DE TRABALHO:
Bráulio E. Assis, Fernando Costa,
Josemar Dias, Denise Garrocho Panzo,
Osvaldo Domingos, Tarciso Gourgel,
Raúl Dias, Augusto Delgado, Lee Cambeia.

CONSELHO EDITORIAL:
Ondina Buca, António Rafael,
Divel Teixeira, Hermenegildo Gregório,
Francisco Sivone e Fernando Moisés.

AGT DIGITAL:
www.agt.minfin.gov.ao
portaldocontribuinte.minfin.gov.ao
apoio.agt@minfin.gov.ao
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CIDADE DOS KANDENGUES TRIBUTÁRIOS
“PAGAR IMPOSTOS É FIXE”
MAIS DE TRÊS MIL VISITANTES NA CIDADE DOS KANDENGUES TRIBUTÁRIOS

Mais de três mil pessoas visitaram a primeira com os expositores que representavam as
edição da feira denominada “Cidade dos repartições fiscais, as delegações aduaneiras,
Kandengues Tributários”, ao longo dos oito os bombeiros, a Polícia Fiscal e Aduaneira,
dias do evento promovido pela Administração lojas e zonas para brincar. Nos referidos
Geral Tributária (AGT). Dirigida a crianças dos quiosques puderam constatar in loco a
7 aos 16 anos de idade, a exposição visou actuação e actividades realizadas por cada
desconstruir, numa linguagem simples, os instituição. Percorreram, igualmente, as áreas
tipos de impostos existentes, a sua finalidade de jogos, leitura, espaço de TV, entre outros.
e a importância do pagamento dos mesmos.
A feira foi inaugurada pela Ministra das
Enquadrada nas actividades de celebração Finanças, Vera Daves de Sousa, e pela Ministra
do mês da criança, a Cidade dos Kandengues da Educação, Luísa Grilo, que estiveram
Tributários contou com a visita de crianças de ladeadas pelos membros do Conselho de
8 lares de acolhimento, 13 escolas públicas, Administração da AGT e outros quadros
17 instituições de ensino privado, e outras seniores dos dois ministérios.
que visitaram o espaço com os seus pais.
Na ocasião, os visitantes tomaram contacto No acto de abertura, a administradora da

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AGT, Nerethz Tati, referiu que a Cidade dos
Kandengues Tributários nasce do Plano “Os meninos frequentam as lojas de
Nacional de Cidadania e Educação Fiscal, conveniência, vulgo cantinas, e espaços
voltada, principalmente, para o público comerciais e, por isso, é importante que
infantil e jovem. façam este exercício para que, efectivamente,
a base tributária seja alargada e no final
“O projecto apresenta, essencialmente, um possamos todos usufruir dos benefícios vindo
cariz lúdico-pedagógico para desconstruir a destes tributos que servem, também, para a
linguagem dos impostos. O nosso objectivo construção de escolas, hospitais, serviços de
é garantir a educação da população no que segurança pública, assim como a criação de
concerne à importância dos impostos e levá- mais zonas de lazer”, explicou.
los a cumprirem com as suas obrigações
fiscais de modo voluntário”, disse. Importa referir que a Cidade dos Kandengues
Tributários será realizada nas sedes das sete
De acordo com a administradora da AGT, o regiões tributárias, sendo que a próxima
facto de as crianças também frequentarem edição está prevista para o mês de Agosto, na
espaços comerciais torna fundamental que sede da 5ª Região Tributária, na província da
saibam, desde cedo, como é feito o pagamento Huíla.
dos impostos e para onde são canalizadas as
receitas.

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A VOZ DOS KANDENGUES
Em entrevista à Folha Tributária, os pequenos visitantes da “Cidade dos Kandengues Tributários”
fizeram questão de deixar a sua opinião sobre o que aprenderam e, deixaram, ainda alguns conselhos
para os adultos e para a AGT.

EMMA SOFIA

O que achaste da
“Cidade dos Kandengues”?
Achei muito interessante e
diferente de tudo que temos NICOLE COSTA FRANCO
visitado cá em Luanda.
O que achaste da
O que aprendeste sobre o mundo “Cidade dos Kandengues”? LAURINDA JOSÉ
dos impostos durante a visita à Achei muito divertida,
feira dos Kandengues? interessante e gostei de pagar O que achaste da
Aprendi para que servem os com o meu dinheiro os meus “Cidade dos Kandengues”?
impostos na repartição fiscal doces. Achei muito interessante pois
e que devemos sempre pedir foi possível aprender que o
a factura das nossas compras. O que aprendeste sobre o mundo imposto é uma quantia de
dos impostos durante a visita à dinheiro exigida às pessoas
Que mensagem deixas para feira dos Kandengues? e empresas, para o Estado
os adultos que não pagam os Aprendi que o dinheiro dos financiar as despesas públicas.
impostos? impostos pode ajudar os
Os adultos devem pagar hospitais e escolas. Que mensagem deixas para
impostos para ajudar a os adultos que não pagam os
desenvolver o País. Que mensagem deixas para impostos?
os adultos que não pagam os Peço aos adultos que
Que mensagem gostarias de impostos? paguem os impostos porque
deixar à AGT? Digo para os adultos pagarem é importante para toda a
Devem fazer mais actividades os impostos porque assim sociedade, porque serve,
destas porque aprendemos podemos ter rede eléctrica também, para a construção de
coisas diferentes. para a internet. escolas e hospitais.

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REFORMA TRIBUTÁRIA
PCA DA AGT REAFIRMA PRETENSÃO DO EXECUTIVO
DE REDUZIR A CARGA FISCAL

“As medidas desenhadas pelo Executivo visam, essencialmente, o alargamento da


base tributária e a diminuição da carga fiscal, sem perder de vista a necessidade de
financiarmos o Tesouro Nacional”.

A declaração é de José Leiria, Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Administração


Geral Tributária (AGT), durante a Conferência subordinada ao tema “A Reforma Tributária, uma
Década Depois: Retrospectiva e Desafios”, promovida pela revista Economia & Mercado, no dia 7
de Junho, no Hotel Epic Sana Luanda.

Convidado a abordar o tema “Retrospectiva e Enquadramento Actual do Sistema Tributário em


Angola”, o PCA da AGT fez uma “viagem” em torno da história da tributação em Angola, desde a
época colonial e, fundamentalmente, sobre os últimos 12 anos de Reforma Fiscal, tendo apresentado
também as perspectivas de evolução dos sistemas fiscal, administrativo, da justiça e tecnologia
para os próximos anos.

IMPOSTO ÚNICO EM ANGOLA


Relativamente às metas que implicam a criação de impostos únicos sobre as pessoas colectivas
e pessoas singulares, o PCA da AGT informou que o Ministério das Finanças está em fase “muito
avançada de trabalhos do desenho conceptual, benchmarking e desenho legal da proposta de
criação do imposto único sobre as empresas”, adiantando que este será o primeiro imposto único
implementado e que “provavelmente levaremos para consulta pública no segundo semestre de
2023”.

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“As Novas Linhas Gerais do Executivo para a Reforma Tributária conduzem-nos para alguns desafios
e metas, tais como a reforma da tributação dos rendimentos em impostos únicos; a redução da
carga fiscal mediante o alargamento da base tributária; e a redução das penalidades mediante
mecanismos mais eficientes de cobrança”, referiu.

IMPOSTO SOBRE OS LUCROS DAS EMPRESAS


José Leiria fez, igualmente, uma análise da evolução da taxa do imposto sobre os lucros das empresas
em Angola, de 2013 a 2023, deixando claro que houve uma redução significativa, tanto no sector
primário, como no secundário e terciário.

EVOLUÇÃO DA TAXA (%) DO IMPOSTO SOBRE OS LUCROS DAS EMPRESAS EM ANGOLA (2013-2023)

35%

30%

25%

20%

15%

10%

Até 2013 2014 2020

Sector Primário Sector Secundário e Terciário

“Olhando para os nossos principais concorrentes, particularmente na zona da SADC, verificamos


que desde 2014 para cá, saímos da pior taxa da Zona, sendo agora dos países com a taxa mais
atractiva e a nossa tendência é tornarmo-nos ainda mais atractivos sob o ponto de vista fiscal, não
só considerando a taxa nominal do imposto, como também a carga fiscal real”, referiu o PCA da
AGT.

TAXA (%) DO IMPOSTO SOBRE OS LUCROS DAS EMPRESAS NA SADC

35 35 35 34 33 32 32
30 30 30
28 27,5
25 25
22
20

15
ÁFRICA DO SUL

MADAGÁSCAR
MOÇAMBIQUE
SEYCHELLES

MAURÍCIAS
BOTSWANA
ZIMBABWE
RD CONGO

TANZÂNIA
COMORES

ESWATINI

LESOTHO
RWANDA
NAMÍBIA

MALAWI

ANGOLA
ZÂMBIA

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O ANO DO IVA
“Se há um ano que podemos considerar paradigmático no processo de reforma fiscal no País é o
ano de 2014. Já o ano de 2019 é conhecido como o ano da reforma da tributação do consumo, pois
foi nessa data que foram publicados os códigos do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e do
Imposto Especial de Consumo (IEC)”, declarou José Leiria, fazendo referência aos desafios vividos
por toda a sociedade aquando da implementação do IVA.

“Fomos arrojados em implementar o IVA num contexto muito particular para o País. Apesar das
transformações que sofreu ao longo destes anos, o IVA é uma realidade irrefutável e irrevogável. A
receita fiscal em sede de IVA, de 2019 a 2022, garantiu a consistência e a sobrevivência do Estado
no que diz respeito aos seus compromissos financeiros. Hoje, o IVA é o imposto que mais contribui
para os cofres do Estado”, afirmou.

Segundo o responsável da AGT, com a entrada em vigor desse imposto, os benefícios não foram
apenas financeiros, as empresas passaram a ter uma melhor organização contabilística. “Não temos
um código perfeito, contudo temos uma auto-estrada a percorrer”, enfatizou.

Quanto às taxas, a nível do sector primário, o PCA referiu que Angola está no grupo de países com
a menor taxa, praticando uma taxa de 10% no sector da agricultura, indicando igualmente que a
taxa geral do IVA é de 14%, porém nos insumos agrícolas a taxa passou para 5%. Relativamente aos
insumos de pesca, equipamentos industriais e em alguns bens considerados essenciais, o dirigente
informou que a taxa é de 7%. “Angola pratica uma taxa de zero por cento em sede de IVA, no que
concerne às doações, especialmente naquelas de apoio às calamidades e pandemias”.

TAXA (%) DO IMPOSTO SOBRE OS LUCROS DAS EMPRESAS PAÍSES DE ÁFRICA (SECTOR PRIMÁRIO)

TUNÍSIA
(TAXA GERAL = 25%)
Agricultura = 10%

SUDÃO
(TAXA GERAL = 35%)
Agricultura = 10%

ANGOLA
Actividade agrícula,
aquícula e etc. = 10%

ZÂMBIA
Agricultura e agro-
processamento = 10%
Fertilizantes LESOTHO
agrícolas = 15% Agricultura = 10%

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FACILITAÇÃO DO COMÉRCIO E CONTROLO ADUANEIRO
José Leiria informou que a reforma aduaneira começou entre 2002 e 2003, muito antes da reforma
fiscal e que “algumas medidas em curso sinalizam resultados bastante positivos no que respeita
à facilitação do comércio e controlo aduaneiro”. Entre tais medidas destacou a implementação
da Janela Única do Comércio Externo – JUCE, dinamizada através do Comité Nacional para a
Facilitação do Comércio (CNFC), para que haja a garantia de uma plataforma única de entrada da
informação dos processos do comércio trans-fronteiriço.

A AGT está a trabalhar no sentido de assegurar que os importadores e exportadores possam usufruir
de Armazéns Aduaneiros nas Zonas de Comércio Trans-Fronteiriço, principalmente no que diz
respeito aos que efectuam transacções na fronteira terrestre que actualmente não têm um local
seguro para armazenar as suas mercadorias

Comunicou ainda que a AGT está a priorizar a implementação de dois Postos Fronteiriços de Paragem
Única (PFPU), designadamente o de Santa Clara - zona fronteiriça terrestre de maior afluência no
que respeita à entrada de mercadorias no País, e está a priorizar igualmente a fronteira do Luvo –
zona fronteiriça terrestre de maior afluência, no que concerne à saída de mercadorias do País. Os
PFPU têm como objectivo reduzir o tempo e pontos de controlo na travessia entre duas fronteiras.
Visam também a simplificação e coordenação com as autoridades entre países que partilham a
mesma linha de fronteira, o que significa que as mercadorias serão alvo de verificação em apenas
um dos postos.

O Estatuto de Operador Económico Autorizado em Angola tem oferecido vários benefícios, entre os
quais o tratamento prioritário, personalizado e célere no processo de desalfandegamento, a redução
do número de inspecções físicas, a realização das inspecções nas instalações do operador e a
possibilidade de regularização a posteriori.

SUB-TEMAS EM DEBATE
Para além do PCA da AGT, participou no I painel da “mesa redonda”, o administrador da AGT
Leonildo Manuel, para debater sobre “O Impacto da Reforma Tributária na Produção Local e
Promoção das Exportações”, cuja discussão se focalizou à volta de alguns tópicos, tais como os
“Grandes Contribuintes e o Papel da Diversificação da Economia e Criação de Postos de Trabalho,
Incentivos Fiscais à Produção Local (Agricultura e Indústria) e foram abordadas, igualmente,
matérias ligadas à pauta Aduaneira”. A mesa de debate esteve composta também pelo presidente
da Direcção da Associação das Empresas Prestadoras de Serviço da Indústria Petrolífera Angolana
(AECIPA), Bráulio de Brito, pelo membro da Direcção da Associação das Indústrias de Materiais de
Construção de Angola (AIMCA), Luís Diogo, e pelo director de Corporate Tax da KPMG, Luís Reis.
Foi moderador o director da revista E&M, Sebastião Vemba.

Já no II painel com o sub-tema “Tributação no Sector do Comércio e Prestação de Serviço”, moderado


pelo economista Carlos Rosado de Carvalho, os membros do painel, designadamente a directora de
Tax da KPMG, Inês Pereira, a fiscalista Cristina Silvestre, o fiscalista e empreendedor Rui Santos, e
o director-geral da Tistec Angola, Willian Oliveira, falaram sobre o “Regime Jurídico das Facturas e
Documentos Equivalentes vs Reembolsos do IVA; a Pauta Aduaneira; o IRT; o IEC; e, ainda, sobre a
Criação do Imposto Único sobre as Pessoas Singulares e Pessoas Colectivas”.

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IMPOSTO SOBRE O VALOR
ACRESCENTADO
AGT E GRANDES CONTRIBUINTES ANALISAM DESAFIOS
DO IVA NO SECTOR FINANCEIRO

A Administração Geral Ao discursar durante a “Pretende-se garantir que


Tributária (AGT) promoveu, abertura do referido encontro, todas as preocupações
no dia 22 de Junho, o II a administradora da AGT relacionadas com o IVA possam
Encontro de 2023 com os Nerethz Tati referiu que o ser analisadas e esclarecidas.
Grandes Contribuintes, sob o IVA, implementado desde Apelo à interacção activa,
lema “O Imposto sobre o Valor 2019, trouxe alterações ao diálogo intenso e a uma
Acrescentado (IVA) no Sector legislativas que jogam um discussão que permita que
Financeiro”. papel importante naquilo que todos saíamos satisfeitos deste
são os desafios dos agentes encontro e mais preparados
O evento, que teve entre económicos dos sectores da para as nossas actividades do
outros objectivos o de analisar banca e seguros. quotidiano”, finalizou.
e desconstruir a complexidade
do IVA no sector bancário “Temos vários desafios e, ANGOLA SEGUIU AS BOAS
e dos seguros, assim como por isso, considerando a PRÁTICAS INTERNACIONAIS
ouvir dos contribuintes os complexidade que envolve “O sucesso da implementação
desafios que têm enfrentado os sectores em discussão e o do IVA em Angola teve dois
com a implementação do IVA, IVA em si, entendemos que intervenientes, por um lado a
decorreu no auditório Abílio os contribuintes merecem AGT e por outro os contribuintes
Gomes, na sede do Ministério esclarecimentos e este é o que tiveram a capacidade e
das Finanças, em Luanda. nosso propósito com este a resiliência para aceitar os
evento”, disse. desafios que este imposto

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impõe. O sucesso que tivemos dinamizador da mudança, Os temas em referência
até ao momento, só se vai promovendo alterações aos contaram com a prelecção
manter no futuro se tivermos a normativos contabilísticos de Paulo Manuel e José
ousadia de continuar a inovar”, no âmbito do processo de Domingos, ambos técnicos do
a afirmação é do sócio da área adopção plena das IAS/IFRS Departamento de Prevenção e
fiscal da Deloitte, Eduardo (Normas Internacionais de Fiscalização da Direcção dos
Ferreira Gomes. Relatórios Financeiros) no Serviços do IVA, e Manuel
sector bancário. Lohoca, coordenador da
Durante a apresentação do Secção de Fiscalidade da
tema “Os actuais desafios “Do ponto de vista de Seguradora Sanlam.
do IVA para os operadores do regulamentação foi criado
sector financeiro: a perspectiva o Instrutivo nº 14/19, de 6 O encontro contou com a
nacional e internacional”, de Setembro que estabelece presença do director dos
Eduardo Gomes referiu que “a os procedimentos que as Grandes Contribuintes,
tributação em Angola seguiu instituições financeiras Dénis Mingiedi, da chefe da
as boas práticas internacionais bancárias devem observar Repartição Fiscal dos Grandes
e a AGT deve continuar a aquando do registo Contribuintes, Hélia Estevão,
monitorar as regras, tendo por contabilístico das operações e da chefe de Departamento
base a evolução do mercado, activas e passivas dos sujeitos de Fiscalização da mesma
da doutrina e da jurisprudência do IVA”, explicou. direcção, Carla Nogueira.
nacional e internacional”.
Segundo o responsável, para Contou, igualmente, com a
“Em relação à dedução do além dos procedimentos de presença de representantes
IVA no sector financeiro, é controlo interno a nível dos da Empresa Interbancária de
crucial que a AGT permita bancos comerciais, o Instrutivo Serviços (EMIS), dos bancos
a adopção dos métodos do permite que as instituições BAI, BCA, BFA, BIC, Keve,
“pro rata” e da afectação bancárias criem outras sub- BPC e Finibanco, bem como
real, ainda que sujeita a contas de controlo nos seus das seguradoras Sanlam,
fiscalização a posteriori, para balancetes internos, com vista Global, Nossa, Fidelidade,
garantir a neutralidade e ao monitoramento efectivo das Viva, BIC Seguros e outras
permitir o direito à dedução operações activas e passivas personalidades.
na exportação dos serviços das instituições financeiras
financeiros”, recomendou. sujeitas ao IVA.

Por sua vez, o sub-director do Durante o II Encontro Sectorial


Departamento de Regulação com os grandes contribuintes
e Organização do Sistema foram abordadas, também,
Financeiro do Banco Nacional questões como “O âmbito da
de Angola (BNA), Pedro fiscalização às instituições
Ntiama, ao falar sobre “Os financeiras em sede do IVA”, o
desafios da implementação do “Impacto do IVA na actividade
IVA no sector bancário na óptica seguradora e “O IVA nas
do regulador”, salientou que o operações de co-seguros e re-
BNA, enquanto entidade de seguros”.
regulação e supervisão, “tem
assumido as funções de agente

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A VOZ DOS CONTRIBUINTES
“IMPORTÂNCIA DOS SELOS FISCAIS DE ALTA SEGURANÇA”

A obrigatoriedade de aposição de Selos Fiscais de Alta Segurança em bebidas e líquidos alcoólicos,


bebidas açucaradas, tabaco e seus sucedâneos manufacturados, inicia a 11 de Julho do ano em
curso. O PROSEFA, aprovado pelo Decreto Presidencial nº 216/19, de 15 de Julho, visa melhorar
o ambiente de negócio em Angola, evitar os produtos contrafeitos e contrabandeados, assim como
assegurar a protecção da saúde pública e o bem-estar dos cidadãos.

Em entrevista à Folha Tributária, o sócio-gerente da OLW, Lda., Ricardo Guerra, falou, entre outros
temas, sobre a importância dos Selos Fiscais de Alta Segurança e do ambiente de negócio em
Angola.

QUAL A ORIGEM DOS PRODUTOS QUE UTILIZA


PARA A CONFECÇÃO DOS SEUS PRODUTOS?
Mais de 90% comprados no território nacional.
Posso citar os pequenos agricultores de
cana, ananás e cereais, tais como as grandes
indústrias como a Biocom, Kicando, Damer,
Grupo Carrinho, Edições de Angola, Angocap
Pack Pro, Vidrul.

COMO ESTÁ A ACEITAÇÃO DOS SEUS PRODUTOS


NO PAÍS? TEM A AMBIÇÃO DE EXPORTÁ-LOS E
ELEVAR O NOME DE ANGOLA NO MUNDO?
A nível nacional estamos a fazer o nosso
SR. RICARDO GUERRA, PODE CONTAR-NOS UM caminho e ganhando a credibilidade junto do
POUCO E DE FORMA RESUMIDA A HISTÓRIA DA consumidor. Este ano tivemos a aposta de uma
FÁBRICA E DO SEU PROJECTO? grande empresa de distribuição de bebidas
Somos uma empresa Angolana de bebidas importadas, a Cinco Sentidos – empresa
e temos a base de nascimento no mercado que detém a representação de grandes
informal de bebidas, chamadas bebidas marcas estrangeiras, de grande prestígio e de
quentes low cost. Em 2018 demos início reconhecimento internacional em Angola. Isto
ao nosso sonho de fazer o primeiro rum demonstra que a mentalidade está a mudar,
aguardente de cana angolana, envelhecida mas temos todo um caminho a fazer para
em barris de carvalho – a Caxaramba. Tivemos ocupar o nosso lugar a nível interno.
a necessidade e intenção de deixar de ser
apenas compradores de álcool e embaladores, Ainda assim, depois de termos os Selos
para ser verdadeiramente produtores de uma Fiscais iremos ter a nossa primeira exportação.
bebida alcoólica de qualidade e com processo Quisemos aguardar pela implementação dos
produtivo com base na destilação e em Selos Fiscais de Alta Segurança para transmitir
matérias-primas locais. credibilidade à marca e, também, demonstrar

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ao mundo que temos uma entidade reguladora COMO OPERADOR ECONÓMICO, COMO VÊ O
nacional capaz. AMBIENTE DE NEGÓCIOS EM ANGOLA? QUE
EXPERIÊNCIAS POSITIVAS E NEGATIVAS TEM
Estamos a criar um atractivo turístico, com VIVIDO?
conteúdo histórico e de qualidade, no que Vejo-o como uma opção e como uma
à cultura da cana-de-açúcar e bebidas diz oportunidade, apesar de todas as conjunturas
respeito. Fazer essa ligação com o turismo é para o empresário, para o empreendedor.
gratificante para nós. Ver a reacção das pessoas, Continua a ser interessante em diversos
nacionais e estrangeiros, quando visitam a sectores. Na minha opinião, há muito por fazer,
nossa cave de barris e vêem a nossa moenda muito espaço por ocupar, Angola tem horizonte.
de cana do tempo da Revolução Industrial, Existe muita concorrência com os produtos
como pequena empresa, é um orgulho. de pequena dose e alguma especulação no
custo das matérias-primas que se adquirem
“Para nós o Rum é muito mais africano do que localmente, junto das grandes indústrias.
da América-Latina, América-do-Sul, Caribe ou
Barbados. Foi daqui que partiram, debaixo de COMO CONTRIBUINTE, QUAL A SUA RELAÇÃO COM
opressão e sofrimento, as pessoas que plantaram A AGT (TÉCNICOS, SERVIÇOS FÍSICOS E DIGITAIS)?
e deram a todos esses canaviais espalhados pelo Relação normal de entidade-contribuinte.
mundo. Por isso consideramos, como angolanos e A AGT da nova geração tem implementado
amantes da História, que é fundamental celebrá- algumas facilidades ao contribuinte como
lo a nosso favor. Queremos sedimentar essa o Portal do Contribuinte e a tentativa de
tradição com as novas tecnologias”. descentralizar. Para nós, longe da Capital do
País, sentimos mais isso não só com AGT, mas
Acredito que tal como já acontece com a com outras entidades também.
cerveja, a nível interno podemos ser autónomos
sem a enorme necessidade de importação que RELATIVAMENTE À IMPLEMENTAÇÃO DO PROSEFA,
tínhamos anteriormente, quer em matérias- QUAL É A SUA OPINIÃO?
primas, quer em produtos acabados. Aliás, a Parece-me bem. Estou completamente de
nível produtivo, com muito menor necessidade acordo e penso que vem credibilizar o sector
de importar tem o sector das bebidas destiladas, e as bebidas nacionais. Como produtor, espero
do que o sector cervejeiro. que a receita proveniente da obrigatoriedade de
aposição dos Selos Fiscais de Alta Segurança
“Queremos, sem dúvida, que Angola seja uma e do Imposto Especial de Consumo (IEC) sirva
paragem obrigatória de História, cultura, lazer, para ter uma melhor fiscalização, melhores
de rum. Quem quer ir à Índia beber cachaças do laboratórios técnicos e organismos que
Brasil? Ou ir a Cuba ou à Venezuela beber whisky ajudem a credibilizar e a movimentar o sector
Irlandês ou Escocês? Nesses países bebe-se, tanto a nível da qualidade como da imagem
maioritariamente, o que se produz. Logo, se e promoção das bebidas nacionais, primeiro
temos matérias-primas para produzir temos dentro do nosso País e, quem sabe um dia, lá
de ter condições para produzir em qualidade fora.
e promover os nossos produtos internamente,
de uma forma real, de investimento. Existe
um preconceito em Angola, de que o que é
produzido internamente não é bom. É urgente
mudarmos esse estigma”.

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CONCORDA QUE A APOSIÇÃO DE SELOS FISCAIS JÁ TEM OS SELOS?
DE ALTA SEGURANÇA POSSA SER UMA FORMA Temos apenas os selos de teste. Os definitivos
EFICAZ DE GARANTIR A CONCORRÊNCIA LEAL NO teremos a partir de 11 Julho.
MERCADO DE BEBIDAS E LÍQUIDOS ALCOÓLICOS?
Concordo. Acredito que a inibição de bebidas ACREDITA-SE QUE COM A IMPLEMENTAÇÃO DO
alcoólicas de pequena dose, em formato de PROSEFA, OS PRODUTOS ABRANGIDOS PODERÃO
plástico e PET, poderá garantir a concorrência REGISTAR UM AUMENTO NOS PREÇOS. É DA
leal e, igualmente, fazer diferença tanto a nível MESMA OPINIÃO?
do preço, como da qualidade e imagem. Com certeza. O selo vem regular e supervisionar
directamente dois impostos um que se chama
DO SEU PONTO DE VISTA, ATÉ QUE PONTO A IEC e outro que se chama IVA, mais o preço de
FALSIFICAÇÃO DE BEBIDAS AFECTA A ECONOMIA cada selo, por isso não tem como ser de outra
DO PAÍS? forma.
Com a implementação do PROSEFA é provável
que essas falsificações poderão notar-se mais COMO CONTRIBUINTE SENTE-SE INTEGRADO
agora. Mas acredito que, fundamentalmente, NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DOS SELOS
virá proteger o consumidor e gerar receitas FISCAIS DE ALTA SEGURANÇA?
para os cofres do Estado. Completamente. Temos estado a tratar e a
falar deste tema desde o final de 2019. Com a
HÁ QUEM DEFENDA QUE A IMPLEMENTAÇÃO implementação do IEC tem havido formações,
DOS SELOS FISCAIS PODERÁ VIR A AFECTAR sessões de esclarecimento, adiamento de
O INVESTIMENTO PRIVADO NACIONAL E prazos de implementação, PROSEFA, o Call
ESTRANGEIRO. É DA MESMA OPINIÃO? Center PROSEFA, os Decretos Presidenciais,
Acredito que não se vão deixar desvanecer. as empresas que venderam os equipamentos
Vão-se procurar novos formatos de embalagem. para a aposição dos selos.
Sou um adepto do vidro e enchimento em
formatos maiores e temos duas indústrias de QUE MENSAGEM DEIXA À AGT E OPERADORES
vidro em Angola que acredito que nos irão dar ECONÓMICOS EM RELAÇÃO À IMPLEMENTAÇÃO
uma maior diversidade de opções nos formatos DO PROSEFA?
apresentados. Talvez este novo paradigma possa Acredito que a AGT terá a sensibilidade de
abrir portas para que surjam mais indústrias do criar políticas para proteger os Operadores
sector do vidro. Naturalmente os preços poderão Económicos. Um sector que gera receitas
ser mais competitivos. É necessário também e cria postos de trabalho. Um sector onde
haver inovação, criatividade e condições como existe procura e potencial em qualidade, para
água, energia e estradas para o escoamento ocupar uma fatia do mercado que nos pertence
dos produtos para todas as províncias do País. e é ocupada por matérias-primas e produtos
acabados estrangeiros, na sua maioria.
QUE TIPO DE SELOS A “CAXARAMBA” VAI USAR
E PORQUÊ? Aos Operadores Económicos, exorto a
Selos físicos são os que mais se adequam participação em pleno neste processo, que,
ao formato de garrafa, tipos de bebida que futuramente, trará muitos benefícios a todos
utilizamos e as linhas de enchimento que nós.
temos.

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IMPOSTO INDUSTRIAL - II
LIQUIDAÇÃO E PAGAMENTO PROVISÓRIO SOBRE AS VENDAS

O Imposto Industrial é o imposto pago pelas pessoas colectivas, sejam elas, sociedades
comerciais ou civis com ou sem forma comercial, cooperativas, fundações, associações, fundos
autónomos, empresas públicas e demais pessoas colectivas de direito público ou privado com
sede ou direcção efectiva em território angolano.

Este imposto incide sobre os lucros obtidos por pessoas colectivas pelo exercício de qualquer
actividade de natureza comercial ou industrial, e contempla duas modalidades de liquidação e
pagamento, nomeadamente, a liquidação e pagamento provisório, aplicável sobre as vendas e
sobre as prestações de serviços, efectuadas ao longo do exercício, e a liquidação e pagamento
definitivo, efectuada no final do exercício.

A liquidação e pagamento provisórios sobre as vendas é devida pelos contribuintes do regime


geral do Imposto Industrial, que devem proceder a auto-liquidação provisória e o pagamento
devido, até ao último dia útil do mês de Agosto, por referência ao próprio exercício em que a
actividade tenha lugar.

A liquidação provisória sobre as vendas é efectuada mediante a aplicação da taxa de 2% (dois


por cento) sobre o volume total de vendas efectuada pelo contribuinte, nos primeiros 6 (seis)
meses do ano, sendo que os documentos de liquidação de imposto e as notas de pagamento

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respeitante ao Imposto Industrial provisório sobre as vendas não podem conter a liquidação ou
pagamento de qualquer outro imposto, incluindo o próprio Imposto Industrial.

Os contribuintes cuja actividade esteja no âmbito dos poderes de supervisão do Banco Nacional
de Angola, da entidade de supervisão de seguros, da entidade de supervisão de jogos e da
Comissão de Mercado de Capitais, efectuam a liquidação e o pagamento provisório sobre as
vendas mediante aplicação da taxa de 2%, utilizando como base de cálculo do imposto o total
do resultado derivado de operações de intermediação financeira ou dos prémios de seguro e re-
seguro e dos jogos, respectivamente, apurados nos primeiros 6 (seis) meses do exercício fiscal
anterior, excluídos os proveitos sujeitos a imposto sobre a aplicação de capitais.

O valor do imposto pago deste modo é provisório e é descontado na liquidação definitiva


efectuada no final do exercício, e o valor pago, a título provisório, é deduzido na colecta final
do contribuinte, podendo ainda a diferença correspondente ao pagamento em excesso ou
indevido das liquidações provisórias sobre as vendas dos exercícios anteriores ser deduzida na
liquidação definitiva ou provisória do exercício subsequente, quando forem reconhecidas pela
Administração Geral Tributária.

Os contribuintes podem também optar por efectuar a liquidação provisória sobre o valor
das vendas efectivamente recebido das vendas não sujeitas à retenção na fonte, desde que
submetam os extractos bancários.

Estão dispensados da liquidação provisória sobre as vendas os contribuintes que tenham


apresentado prejuízos no exercício anterior.

Os contribuintes sujeitos a liquidação provisória podem ainda substituir os respectivos


fornecedores, por via do regime de auto-facturação, nos termos do Regime Jurídico da Auto-
facturação, aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 144/23, de 29 de Junho.

FOLHA TRIBUTÁRIA 19
AUDITORIA
INSTITUIÇÕES PÚBLICAS PARTILHAM EXPERIÊNCIA
SOBRE AUDITORIA INTERNA

A Administração Geral Tributária (AGT) realizou, no dia 21 de Junho, em Luanda, um encontro de


intercâmbio de ideias destinado às áreas de auditoria interna das Instituições públicas. A sessão
teve como principais objectivos a partilha de experiências e boas práticas em matéria de auditoria
interna e, ainda, impulsionar a cooperação, promover o networking entre auditores internos, para a
superação dos desafios profissionais.

Estiveram presentes a administradora da AGT Nerethz Tati, a directora do Gabinete de Auditoria


e Integridade Institucional da AGT, Ana Lúcia Oliveira, representantes de instituições como a
Presidência da República, Inspecção Geral da Administração do Estado, Polícia Nacional de Angola,
Serviço Nacional de Contratação Pública, Associação de Auditores Internos de Angola, ENSA
Seguros, Banco Nacional de Angola, Recredit SA, SONANGOL EP, Porto de Luanda, PWC, chefes de
departamento, técnicos da AGT, entre outros participantes.

Durante o discurso de abertura, a administradora da AGT classificou o encontro como de “extrema


importância”, uma vez que teriam a oportunidade de “aprofundar os conhecimentos e melhorar a
qualidade do serviço de auditoria e controlo interno das instituições, alinhados com os objectivos
do Executivo, no quadro das políticas e orientações estratégicas de Sua Excelência Presidente da
República”.

A administradora enfatizou a necessidade de se “desmistificar a figura do auditor interno para


que possa ser visto como um parceiro” e reforçou o dever de os gestores garantirem a “cabal
implementação ou o cumprimento das recomendações e acompanhamento dos auditores”.

PRÁTICAS DE AUDITORIA INTERNA


No primeiro painel foi abordado o tema “As práticas de auditoria interna em vigor nas instituições
públicas” tendo como orador Edson Garcia, supervisor de auditoria interna da AGT, que abordou as

FOLHA TRIBUTÁRIA 20
linhas gerais sobre o procedimento de auditoria interna em vigor na AGT, assim como as distintas
fases do processo. Este painel contou com as participações de Margarida Paulo, auditora sénior do
BNA, com a moderação da chefe do Departamento de Auditoria Interna da AGT, Ana Cadete.

QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


Já o segundo painel teve como tema “Os desafios da auditoria interna num mundo 4.0”, apresentado
por Carlos Estrela, especialista de Risk Assurance da PWC Angola. Na ocasião, o palestrante reforçou
a relevância da inovação nos trabalhos de auditoria Interna, a actualização, permanente e constante
dos auditores, tendo referido, igualmente, as ferramentas de trabalho que a PWC utiliza para fazer
face a estes desafios.

Segundo especialistas da matéria, a Auditoria 4.0 é sinónimo de eficiência e digitalização da


Auditoria Interna. Contando com muito mais vantagens e produtividade, a Auditoria 4.0 pretende
melhorar ainda mais o processo de validação que a auditoria interna propõe.

O VALOR DOS AUDITORES


A Associação dos Auditores Internos de Angola, representada no evento pelo seu presidente, Artur
Quicassa e o seu director-geral, Ladislau Ventura, compôs o terceiro painel de convidados. Os
convidados versaram sobre os desafios da Associação, da Auditoria Interna em Angola e teceram,
igualmente, considerações sobre o evento e temas apresentados. Na breve intervenção de ambos,
foi evidente o reconhecimento da importância de actividades semelhantes para os esforços de
advocacia da profissão que a associação tem vindo a desenvolver, incentivando a sua continuidade.
Os responsáveis relembraram que a AGT, por via da extinta Direcção Nacional das Alfândegas, é
fundadora e propulsora do movimento organizativo que representa o extinto IIA – Angola (Instituto
dos Auditores Internos de Angola), agora Associação de Auditores Internos de Angola, juntamente
com outras instituições presentes na actividade.

Na ocasião, Ladislau Ventura, pronunciou-se, igualmente, a respeito da importância do


reconhecimento da carreira dos auditores como profissão independente no território nacional, bem
como a necessidade de os profissionais de auditoria interna prosseguirem com a melhoria da sua
capacitação, de forma a aumentar o valor que agregam às suas organizações e melhorar a percepção
do referido valor por parte de todos os stakeholders. Foi igualmente abordado o assunto referente às
certificações profissionais exigidas pelo IIA - Global.

AUDITORIA & BOA GOVERNANÇA


No quarto e último painel, as atenções estiveram voltadas para a apresentação do Resultado do Survey
sobre boas práticas de auditoria interna, conduzido pela AGT, apresentado pelo também supervisor
de auditoria interna da AGT Alberto Araújo. O palestrante fez uma breve exposição do cenário das
práticas de auditoria Interna partilhadas entre as instituições públicas convidadas, por meio de um
questionário de averiguação sigiloso. No final, a directora do Gabinete de Auditoria e Integridade
Institucional da AGT, Ana Lúcia Oliveira, no seu discurso de encerramento, deu destaque aos ganhos
obtidos com o workshop, referindo, também, que “por meio deste tipo de interacções, possamos
unir sinergias para a incorporação progressiva das melhores práticas sobre auditoria interna, que
são um recurso indispensável de apoio à boa governação corporativa nos procedimentos das nossas
instituições, dando um salto qualitativo no fortalecimento da nossa actuação”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 21
COMO FUNCIONA A AUDITORIA INTERNA E QUAIS
SÃO OS SEUS PROCEDIMENTOS?
Funciona com uma equipa de profissionais
preparados (treinados, formados, licenciados
e ou, certificados), que realizam análises,
constatações, e fornecem recomendações,
sobre a qualidade dos processos auditados.

QUE IMPORTÂNCIA TEM A AUDITORIA INTERNA


PARA AS EMPRESAS?
A AI proporciona garantia e segurança razoável,
com respeito à realização dos objectivos de
uma organização.

QUE ELEMENTOS DEVEM SER TIDOS EM CONTA


À margem do evento, o director-geral da NO MOMENTO DE AUDITAR UMA EMPRESA?
Associação dos Auditores Internos de Angola, A AI não audita empresas, nem pessoas. Como
Ladislau Ventura, concedeu uma entrevista parte integrante da estrutura duma empresa,
à Folha Tributária, versando, entre outros a área de AI audita processos previamente
assuntos, sobre a importância da auditoria seleccionados, com base no risco. Entre os
interna, bem como os seus desafios. elementos imprescindíveis encontram-se a
efectividade e a rastreabilidade do processo
EM QUE CONSISTE A AUDITORIA INTERNA? seleccionado.
A auditoria interna (AI) é uma actividade
independente e objectiva de avaliação e de O QUE OS AUDITORES ESPERAM AFERIR DURANTE
consultoria, destinada a acrescentar valor e UMA ACÇÃO DE AUDITORIA?
a melhorar as operações de uma organização. A efectividade, a eficácia e a eficiência de
Consiste numa abordagem sistemática e processos de gestão de riscos, dos controlos e
disciplinada, para avaliar a eficácia da gestão dos processos de governação corporativa.
de riscos, dos controlos e dos processos de
governação corporativa.
QUAIS OS PRINCIPAIS DESAFIOS DA AUDITORIA
QUAIS SÃO AS ATRIBUIÇÕES DA AUDITORIA INTERNA?
INTERNA? Manter um sistema articulado e integrado
Auxiliar a Organização na consecução dos seus que permita, às partes interessadas, atingir
objectivos, na protecção e aumento do seu os objectivos preconizados, em linha com as
valor organizacional, fornecendo avaliações, declarações de Visão, Missão e Valores da
assessoria e conhecimento. organização.

EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE CONTROLO QUE CONSELHO DEIXA ÀS EMPRESAS PARA QUE
INTERNO E AUDITORIA INTERNA? TENHAM UMA BOA AVALIAÇÃO NOS PROCESSOS
De acordo com o Modelo das Três Linhas, a AI DE AUDITORIA INTERNA?
é parte intrínseca do controlo interno. A adopção e o alinhamento com as melhores
práticas profissionais universalmente aceites.

FOLHA TRIBUTÁRIA 22
QUE IMPACTO AS ACÇÕES DE AUDITORIA INTERNA QUE AVALIAÇÃO FAZ DO DESEMPENHO DA
PODEM TRAZER ÀS EMPRESAS? ASSOCIAÇÃO DE AUDITORES INTERNOS EM
Planos e objectivos da actividade em ANGOLA?
alinhamento com os objectivos estratégicos da O desempenho da IIA-Angola pode ser
Organização; considerado como positivo e resiliente.

Alinhamento das actividades com os objectivos QUAL É A SUA AVALIAÇÃO SOBRE A QUALIDADE
de alto nível da administração da organização; DO TRABALHO DOS AUDITORES INTERNOS EM
Diminuição de perdas e surpresas pela maior ANGOLA?
preparação para os riscos da actividade; De acordo com estudos e inquéritos feitos, e
que, são do nosso conhecimento, o trabalho dos
Maior controlo por meio de uma abordagem auditores internos em Angola é de qualidade
coesa e coordenada entre níveis da organização básica, devido ao grau de maturidade insipiente
distintos – segregação de funções; dos sistemas de controlo interno em que
operam, ainda em estágio não “Padronizado”,
Organização mais bem preparada, em caso de em que:
materialização de riscos de impacto elevado;
Existem controlos implementados, mas de
Fornece garantias aos órgãos de governação forma dispersa e sem sistematização;
corporativa e administração sobre a fiabilidade
do mecanismo de prestação de contas e no Verificam-se ainda dificuldades na aplicação
alcance dos objectivos definidos. destes mesmos controlos, não existindo
rastreabilidade;
QUE DIFERENÇAS EXISTEM ENTRE OS GABINETES
DE COMPLIANCE E DE AUDITORIA? Encontram-se com frequência controlos muito
Compliance é sobre conformidade. Auditoria é dependentes de certos colaboradores;
sobre avaliação e consultoria.
Não existe nas organizações conhecimento
DEVEM SER INDEPENDENTES DOS CONSELHOS DE alargado, relativamente à utilização dos
ADMINISTRAÇÃO? controlos internos, nem da actividade,
Sim, metodologicamente. Em alinhamento com objectivos e modus operandi da AI;
as “boas práticas”, a área de AI deve reportar
e responder funcionalmente a um comité de Existem muito poucos profissionais com
auditoria. A dependência aos Conselhos de Certificações Profissionais relacionadas com a
Administração está só e, somente, no vínculo auditoria interna.
laboral.
QUAIS OS OBJECTIVOS QUE ESPERA QUE A
HÁ QUANTO TEMPO EXISTE A ASSOCIAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO ALCANCE ATÉ AO FINAL DO ANO?
AUDITORES EM ANGOLA? Eleições de Renovação de Mandatos;
Pode ser que existam mais associações de
auditores. A nossa é a Associação dos Auditores Inscrever no Programa de Certificação CIA,
Internos de Angola (IIA-Angola), que existe de pelo menos, 15 candidatos;
facto desde 9 de Junho de 2010, mas, de júri
desde 6 de Setembro de 2021. Realizar o lançamento público em Angola do
“Exame de Qualidade” de áreas de AI, sob os

FOLHA TRIBUTÁRIA 23
auspícios da IIA-Angola. assessoramos o acesso aos programas de
certificação internacional, que o IIA-Global tem
COM QUAIS INSTITUIÇÕES NACIONAIS E disponibilizado nas suas plataformas digitais,
INTERNACIONAIS A ASSOCIAÇÃO DOS AUDITORES oferecendo, para tal, cursos preparatórios para
TEM ACORDOS E EM QUE DOMÍNIO? os exames dos vários módulos da Certificação
Somos um dos afiliados do The Institute of CIA (Certified Internal Auditor).
Internal Auditors (IIA-Global), com a categoria
de “International Chapter”, actuando como QUAIS OS PLANOS DA VOSSA INSTITUIÇÃO PARA
seu representante em Angola, somos membros OS PRÓXIMOS TEMPOS?
da Federação Africana dos Institutos dos Continuar, profissionalmente, a representar e
Auditores Internos (AFIIA). a servir a comunidade angolana de auditores
internos, mantendo-nos como membros activos
Não temos, de momento, quaisquer acordos e relevantes do IIA-Global e da AFFIA, bem
formais celebrados com nenhuma instituição como, interlocutores válidos sobre a disciplina
angolana, mas temos relações de proximidade e profissão de auditoria interna, junto do
e cooperação com algumas das BIG4 (PWC; Estado angolano e das demais organizações no
KPMG) e com a OCPCA, organizações cenário e mercado de Angola.
profissionais de Compliance e Gestão de
Riscos (PetroShore Compliance Lda.), bem QUE AVALIAÇÃO FAZ DO INTERCÂMBIO DE IDEIAS
como com várias instituições e empresas com DESTINADO AOS PROFISSIONAIS DE AUDITORIA,
peso relevante no cenário e mercado angolano, PROMOVIDO PELA AGT?
principalmente, aquelas que estiveram na Saudamos a iniciativa e achamos que foi uma
génesis da criação da IIA-Angola (AGT, IGAE, jornada de trabalho proveitosa, aliás, como é
INSS, IGAPE, BNA, BANCO SOL, BPC, também nosso apanágio no IIA, alinhado com
SONANGOL, ANPG, ENDE etc.). o lema: “Desenvolvimento Através da Partilha”

ACTUALMENTE QUANTOS PROFISSIONAIS QUAIS OS CANAIS DE COMUNICAÇÃO EXISTENTES


EXERCEM A ACTIVIDADE DE AUDITOR INTERNO NA ASSOCIAÇÃO?
EM ANGOLA E QUANTOS ACHA QUE AINDA SÃO Associação dos Auditores Internos de Angola
NECESSÁRIOS? (IIA-Angola);
Estimamos que sejam mais de um milhar, mas,
estão activamente associados à IIA-Angola Avenida Murtala Mohammed, ex-Casa do
cerca de 120 auditores. Desportista, 1º Andar, Ilha de Luanda, Luanda,
Angola;
QUE ACÇÕES PENSAM EM LEVAR A CABO
PARA AUMENTAR O NÍVEL DE LITERACIA OU DE website: theiia.org/angola;
EXCELÊNCIA DOS VOSSOS ASSOCIADOS?
Os nossos associados não são propriamente Telefones:
aliterados, todos eles têm, no mínimo, uma (+244) 923 429 742 / 924 162 189;
licenciatura, como formação académica.
Contudo, no sentido de treinar, actualizar, E-mail: formacao_iiangola@yahoo.com
aprimorar e possibilitar a certificação
profissional em auditoria interna, oferecemos
cursos de treinamento profissionalizante
(básicos, intermédios e avançados) e

FOLHA TRIBUTÁRIA 24
IVM – IMPOSTO SOBRE OS VEÍCULOS
MOTORIZADOS
CONTRIBUINTES APELAM À ALTERAÇÃO
DA MATÉRIA COLECTÁVEL DAS EMBARCAÇÕES

“É certo que a taxa do Imposto referente aos Veículos Motorizados sobre as embarcações foi reduzida
em 50%, mas a opinião dos membros do meio náutico é que o valor continua desadequado porque
foi calculado com base na arqueação bruta”.

As declarações são do presidente do Clube Náutico da Ilha de Luanda (CNIL), Horácio Pina, durante
a sessão de esclarecimentos relativa ao Imposto sobre os Veículos Motorizados (IVM), promovida pela
Administração Geral Tributária (AGT), destinada ao sector empresarial, associações e concessionárias
do ramo motorizado.

No encontro, que decorreu no dia 19 de Junho, no Auditório da Biblioteca e Sala de Exposições


da AGT, em Luanda, foram abordados dois temas, designadamente o “IVM: Incidência, Isenções e
Pagamentos” e os “Deveres de Colaboração das Associações e Concessionárias”, conduzidos pelo
especialista em fiscalidade automóvel e membro da equipa de reforma do IVM, Edson Martins, e do
também especialista em fiscalidade automóvel, Haig Gonçalves, ambos da Direcção dos Serviços
Fiscais da AGT.

Na ocasião, os contribuintes do sector das embarcações manifestaram preocupação relativamente à


matéria colectável sobre a qual é determinado o IVM das embarcações. Segundo Horácio de Pina, “a
arqueação bruta é aplicável aos navios comerciais, à sua capacidade de carga e não às embarcações
de recreio”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 25
Os contribuintes do sector das embarcações de recreio recomendaram que, ao invés da arqueação
bruta, a matéria colectável passe a ser, por exemplo, o comprimento da embarcação ou outra
unidade de medida pois a arqueação bruta não é aplicável às embarcações de recreio e, ainda assim,
“uma embarcação de 12 metros reservada à pesca desportiva não deveria pagar o mesmo que uma
embarcação de recreio de 35 metros”, exemplificou o presidente do CNL.

Sugeriram, de igual modo, que as embarcações de pesca artesanal tenham a mesma isenção
atribuída aos tractores agrícolas, pois estas mesmas embarcações são, igualmente, um dos seus
instrumentos de trabalho e a maior parte dos contribuintes com este tipo de embarcação no País
exerce uma actividade de subsistência.

O presidente do CNIL aproveitou o momento de auscultação e esclarecimentos para fazer um breve


resumo sobre o impacto da implementação do IVM, tendo solicitado que as embarcações ao serviço
da Selecção Nacional de Pesca Desportiva, muitas delas, emprestadas por membros da Associação
e Federação de Pesca Desportiva (FAPD), sejam isentas ou paguem um valor muito reduzido.

“A Selecção Nacional de Pesca Desportiva foi campeã em 2008, 2014 e, em 2015, o País, pela FAPD,
teve a honra de organizar, na cidade portuária do Lobito, o campeonato mundial da modalidade, que
foi um sucesso nacional e internacional e, até hoje, as equipas participantes demonstram a intensão
de voltar a Angola para competir. Porém, tudo isto só foi possível graças aos armadores, donos das
embarcações, que as emprestaram para a concretização do campeonato. Em 2017 a Selecção
Nacional de Pesca Desportiva foi campeã do mundo novamente”, referiu, orgulhando-se dos feitos.

“Já tivemos 56 equipas de pesca desportiva. Constituímos várias selecções nacionais e, neste
momento, fechámos a época desportiva com 5 equipas. Ou seja, se quisermos estar no topo do
mundo, atrair turistas com a modalidade, num país com recursos naturais incontáveis e únicos, e
ser campeões, com esta política tributária com o preço do combustível, as condições nas docas, o
pagamento das licenças de navegação, a manutenção das embarcações, entre outros constrangimentos
não vamos conseguir”, afirmou.

Por sua vez, o presidente da FAPD, Ivan Neves da Silva, reportou que a redução de 50% da taxa
do imposto não foi significativa para o sector em questão, nem resolve o problema do alargamento
da base tributária porque os armadores, proprietários das embarcações, estão a vender as suas
embarcações e a abandonar a modalidade, entrando, desta forma, menos receitas para os cofres do
Estado e, nalguns casos, provocando situações de inadimplência.

O presidente da Federação Angolana de Pesca Desportiva apelou à AGT que se debruçasse sobre
a situação desfavorável das modalidades desportivas náuticas. “Gostaríamos que a AGT olhasse
para nós de outra maneira, uma vez que já demos muito a ganhar ao País e já trouxemos muitos
troféus para além dos primeiros lugares mencionados, portanto, é necessário voltarmos à dinâmica
de trabalho e falarmos sobre o IVM.”

Já Rogério Matos, um dos pioneiros na modalidade e ex-capitão das equipas que trouxeram títulos
mundiais à Angola, sugeriu que devesse haver mais “sensibilidade na implementação de políticas
tributárias, neste caso”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 26
“Se olharmos para a realidade portuguesa, holandesa, belga, espanhola, entre outras, deparamo-nos
com uma taxa de imposto inferior à nossa, até nas tipologias mais caras”. O ex-capitão da equipa de
pesca desportiva angolana mencionou que “para haver mais receitas e mais contribuintes a pagar,
tem de haver, na mesma linha, mais equilíbrio nas políticas tributárias”. “É preciso ouvir todas as
Partes antes de implementar”, recomendou Rogério Matos.

“Nós queremos sim que Angola seja um Estado Fiscal para financiar os serviços públicos, realização
das políticas sociais de saúde, educação, previdência, assistência social, segurança e investimentos
em infra-estruturas, mas com justiça e equidade” declarou o presidente do Conselho de Disciplina
da FAPD, Francisco Guerra.

Edson Martins esclareceu que o tema da arqueação bruta tem sido amplamente abordado com as
marinas e clubes náuticos. “A arqueação bruta é uma das condições presentes no diploma que versa
acerca das embarcações de recreio. É uma norma que a própria Agência Marítima Nacional tem.
A AGT baseia-se, portanto, nas leis e requisitos destas instituições.”

Relativamente à pesca artesanal, o especialista em fiscalidade automóvel recordou os presentes que


este sector paga actualmente 50% do valor inicial. Uma embarcação artesanal paga, anualmente,
cerca de Kz 62 500,00. “Houve, portanto, uma redução bastante significativa para essa classe. Mas
tomámos boa nota de todas as preocupações e iremos analisar internamente e junto das demais
entidades públicas o melhor tratamento a dar a cada uma delas”.

Estiveram igualmente presentes no encontro, representantes de várias instituições do sector dos


transportes como a Jetour Angola, AMOTRANG, SGS, Robert Hudson, ATROMA, ANATA, CFAO, ABC,
União Comercial de Automóveis, Lusola, SA., SogePower, BAI, bem como particulares.

Embarcações

FOLHA TRIBUTÁRIA 27
IMPOSTO SOBRE OS VEÍCULOS MOTORIZADOS
No âmbito da Reforma Tributária, que orienta a modernização e simplificação do sistema tributário,
sobre a reestruturação do regime jurídico da taxa de circulação e fiscalização de trânsito, elevando-a
por sua vez à categoria de imposto, foi aprovada a Lei n.º 24/20, de 13 de Julho, que introduziu no
ordenamento jurídico angolano, o Imposto sobre os Veículos Motorizados, com a sigla (IVM).

O IVM é a contribuição anual que todos os proprietários ou possuidores de veículos motorizados


têm de pagar ao Estado, pela posse do veículo motorizado. Visa realizar uma mais justa distribuição
da carga fiscal, ampliando as garantias dos contribuintes abrangidos, alargando a base tributária,
maximizando os incentivos fiscais e também apresentando um modelo auto-fiscalizador que permitirá
uma mitigação significativa da fraude e da evasão fiscal.

Destaca-se também a extensão da incidência objectiva às embarcações e às aeronaves e, atendendo


à necessidade de optimizar e conformar os processos e procedimentos tributários com o Sistema
Integrado de Gestão Tributária (SIGT), permitiu a modernização dos serviços prestados aos
contribuintes.

A AGT, no âmbito do plano operacional de actividades da Direcção dos Serviços Fiscais, referente
ao ano de 2023 tem realizado sessões de esclarecimento com as distintas entidades, públicas e
privadas, para debater acerca do Imposto sobre os Veículos Motorizados, Imposto Predial, entre
outros, e ainda sobre o dever de colaboração dessas entidades.

LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR
Decreto Lei n.º 5, de 29 de Setembro de 2008, que aprova a Lei do Código de Estrada;

Lei n.º 27, de 28 de Agosto de 2012, que aprova a Lei da Marinha Mercante, Portos e Actividades
Conexas;

Decreto Presidencial 292/2021 de 8 de Dezembro, que cria a Agência Marítima Nacional;

Lei n.º 31/2021, de 20 de Dezembro, que altera a n.º 14/19, de 23 de Maio – Lei da Aviação Civil;

Decreto Lei n.º 31 de 20 de Dezembro de 2021, que altera a Lei n.º 14/19, de 23 de Maio – Lei da
Aviação Civil; Lei do OGE de 2022.

LINKS ÚTEIS
Website AGT: https://agt.minfin.gov.ao/PortalAGT/#!/servicos-eletronicos;
Portal do Contribuinte: https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao;
Website IVM: https://ivm.minfin.gov.ao;
Correio electrónico: apoio.agt@minfin.gov.ao

FOLHA TRIBUTÁRIA 28
REEMBOLSOS
EM SEDE DO IVA
TUDO O QUE
PRECISA
SABER
Saiba mais em
www.agt.minfin.gov.ao

1. O que é o reembolso do IVA? 5. Quais são os meios de pagamentos dos reembolsos?


O Reembolso de IVA é a devolução de todo o IVA Os reembolsos são pagos por Certificado de Crédito Fiscal
suportado e dedutível que tenha contribuído para a ou em Numerário por transferência bancária.
situação de crédito de IVA a favor do contribuinte.
6. Quanto tempo demora a receber o crédito do IVA?
Desde o pedido de reembolso até ao crédito do valor, na
2. Quem pode solicitar o reembolso do IVA? conta do contribuinte ou emissão do certificado de crédito
Todos os contribuintes do Regime Geral que estejam em fiscal, leva entre 10 a 90 dias.
situação de crédito de IVA por mais de 3 meses É importante realçar que o processo de reembolso pode,
consecutivos; e do Regime simplificado que estejam em entretanto, ser suspenso por 30 dias, caso esteja em falta
situação de crédito de IVA por mais de 12 meses informação, nos termos do CIVA e do seu regulamento.
consecutivos, num valor igual ou superior a
AKZ 300 000,00 (trezentos mil kwanzas). 7. O pedido de reembolso pode ser indeferido?
Sim. Nos casos em que não se responde à notificação de
suspensão (notificação a solicitar informação), quando a
3. Como solicitar o reembolso? Administração Geral Tributária solicita ao contribuinte que
No acto de submissão da Declaração Periódica do IVA, no regularize as suas obrigações declarativas, quando o
Portal do Contribuinte, deve preencher o campo 40 com o contribuinte não cumpre com os requisitos mínimos
valor que pretende ver reembolsado. (tempo em crédito ou valor mínimo) ou quando as
correcções efectuadas são superiores ao valor solicitado.

4. Quais são os documentos que devem ser 8. Como recorrer do indeferimento?


apresentados na submissão do pedido de reembolso do O Contribuinte deve elaborar uma carta dirigida à Direcção
IVA? dos Serviços do IVA da AGT, a expor os motivos pelos
Na submissão do pedido de reembolsonão é necessária a quais discorda do indeferimento, acompanhado de toda a
apresentação de nenhum documento. documentação de suporte que achar necessária.
No entanto é necessário que o contribuinte tenha a sua
situação declarativa regularizada, em sede dos diferentes
impostos a ele aplicáveis. É igualmente necessário que
tenha submetido todos os ficheiros SAF-T.
Adicionalmente é aconselhável que o contribuinte tenha
cópia de todas as facturas que geraram o crédito bem *Para mais informações consulte
como a sua contabilidade organizada. o Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

www.agt.minfin.gov.ao
FOLHA TRIBUTÁRIA 29
EDUCAÇÃO E CIDADANIA FISCAL
CONTRIBUTO DA BIBLIOTECA E SALA DE EXPOSIÇÃO DA AGT
NO FOMENTO DA EDUCAÇÃO E CIDADANIA FISCAL

Nos termos da alínea g) do n.º 2 do artigo 28º do Decreto Presidencial n.º 324/14, de 15 de
Dezembro – que aprova o Estatuto Orgânico da Administração Geral Tributária (AGT), o Centro de
Estudo Tributários (CET), tem a atribuição de “gerir e assegurar o funcionamento da Biblioteca,
Auditório e Sala de Exposições da AGT”.

No dia 15 de Dezembro do ano 2022, foi inaugurada a Biblioteca, Auditório e Sala de Exposições
da AGT, marco histórico na instituição, cujas funções são:

a) Informar e acompanhar os investigadores e pesquisadores externos e internos;


b) Organizar actividades educativas e culturais de forma sistemática e regular, em colaboração com
outras instituições estatais e privadas;
c) Constatar, recolher, inventariar, classificar, preservar, expor e divulgar o património histórico da
AGT, constituído por colecções bibliográficas, tecnológicas, filatélica entre outras;
d) Expor ao público o resultado das investigações para fins educativos, formativos e informativos;
e) Estabelecer relações com outras instituições congéneres para troca de experiências e melhor
circulação da informação cientifico-cultural;
f) Dinamizar as relações da Biblioteca e Museu da AGT com o público, concebendo científica
e pedagogicamente projectos de educação e de animação cultural, de acordo com a educação
tributária dentro e fora da AGT;

FOLHA TRIBUTÁRIA 30
g) Valorizar a cultura da AGT na sua zona de acção para consciencialização da sociedade, com vista
a protecção da sua entidade histórica e cultural;
h) Promover trabalhos de investigação a serem realizados nas diferentes áreas da AGT e do Museu
e a sua divulgação;
i) Realizar a interpretação sociológica dos dados das visitas ao espaço da AGT;
j) Divulgar os catálogos de exposições permanentes, temporárias de longa e curta duração da Sala
de Exposições e de toda actividade realizada pela instituição;
k) Garantir o intercâmbio nas actividades museográficas a realizar entre Museus;
l) Elaborar a estatística geral da Biblioteca e Sala de Exposições;
m) Providenciar a disponibilidade de espaço “Tributário” nas instalações da Biblioteca e Sala de
Exposições da AGT e exposições externas;
n) Ser capaz de providenciar a recolha de dados, de maneira a se poder mostrar, em qualquer
momento, em que medida a Biblioteca e Sala de Exposições está a contribuir para o êxito da
Instituição;
o) Providenciar um serviço que ajude a resolver os problemas com que se deparam os nossos utentes
no seu dia-a-dia, e a melhorar o seu ambiente laboral e ou de formação.

ESTRATÉGIA DE ACÇÃO PARA A BIBLIOTECA E SALA DE EXPOSIÇÕES DA AGT

Facilitar os melhores recursos e Ser uma referência nacional em


serviços de informação e formação de termos de bibliotecas e museus de
utilizadores, providenciar no sentido especialidade atingindo níveis de
da preservação do acervo histórico da excelência em satisfação de usuários,
AGT e promover a leitura e divulgação quer contribuintes, estudantes e do
através de exposições. público em geral, proporcionando
serviços de qualidade e eficiência.

Responsabilidade,
Visão Respeito, Compromisso
e Legalidade

Entre as actividades realizadas na Biblioteca, Auditório e Sala de Exposições da AGT, destacam-se


as seguintes:
1. Seminários;
2. Palestras;
3. Formações;
4. Visitas guiadas;
5. Conferências;
6. Mesas redondas.

FOLHA TRIBUTÁRIA 31
PRINCIPAIS ACÇÕES DESENVOLVIDAS NA BIBLIOTECA, AUDITÓRIO E SALA DE EXPOSIÇÕES

SEMINÁRIOS

PALESTRAS FORMAÇÕES

VISITAS MESA
GUIADAS REDONDA

A AGT, no seu Programa Nacional de Educação e Cidadania Fiscal com o grande objectivo de munir
os cidadãos com ferramentas que aumentem e melhorem o nível de literacia fiscal, introduzindo uma
nova cultura e consciencialização tributária, munir a população para o conhecimento dos direitos e
deveres e serem verdadeiros fiscalizadores das receitas e despesa públicas, tem este foco.

ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

USUÁRIOS

2 915

PALESTRAS/SEMINÁRIOS

78

MESA REDONDA

FOLHA TRIBUTÁRIA 32
Os dados acima descritos demostram o grande papel que este órgão desempenha no fortalecimento
da Educação e Cidadania Fiscal. Assim, visando a combinação de sinergias, perspectiva-se a
extensão da similaridade nas restantes regiões tributárias, promovendo o contacto directo com
acervos bibliotecários e museológicos, bem como a elevação do nível de literacia fiscal.

Em face das constantes solicitações, quer em sede de visitas guiadas, ocupação do auditório e outras,
a Biblioteca, Auditório e Sala de Exposições, começa a ser exíguo, tendo em conta a demanda, pelo
que, perspectiva-se a abertura da segunda fase – abertura dos seguintes compartimentos:

SALA
DE EDUCAÇÃO
INFANTIL

BIBILIOTECA,
SALA SALA
AUDITÓRIO
DE EDUCAÇÃO DE
E SALA DE EXPOSIÇÕES
CULTURAL INVETIGAÇÃO
DA AGT

SALA
DE ESTÁGIO

A Biblioteca, Auditório e Sala de Exposições da AGT (Base), é coordenado pelo CET e, em curso,
estão desenhados um conjunto de actividades, mormente:

Inclusão na rota turística, no âmbito do “Segmento do


Turismo de Cruzeiro em Angola”, com a Travelgest

Enquadramento na “rota turística da história de tráfico


PERSPECTIVA DA BASE
de escravos” , com a Infotur

Abertura aos sábados e Domingos

Portanto, consolidando a perspectiva, a BASE fomentará progressivamente a Educação e


Cidadania Fiscal, através da Sala de Exposições, investigação, recolha, classificação, conservação,
inventariação e divulgação ao público, em geral, o acervo histórico da AGT, e conteúdos bibliotecários
especializados nas áreas de gestão fiscal, aduaneira e outros, com fito de prestar atendimento,
com qualidade, a todos os contribuintes, em particular, e a população, no geral, na pesquisa de
informações relacionadas, bem como organizar e colocar à disposição os diversos tipos de materiais
relevantes ao funcionamento da Instituição, com ênfase na área tributária de acordo com padrões
museológicos e bibliotecários.

FOLHA TRIBUTÁRIA 33
PASSO-A-PASSO

EMISSÃO DE CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL

PASSO 1: INICIAR SESSÃO


Para emitir o Certificado de Residência Fiscal, aceda ao Portal do Contribuinte em:
https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao

• Insira o ID do Utilizador (NIF).


• Insira a Palavra Passe do Utilizador.
• Pressione o botão “Iniciar Sessão”.

PASSO 2: SELECCIONAR A CONTA DO CONTRIBUINTE


• Seleccione a conta do contribuinte para o qual pretende emitir o Certificado de Residência Fiscal.

PASSO 3: EMITIR CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL


• Em Menu de Serviços seleccione Cadastro de Contribuinte > Emitir Certificado > Residência Fiscal.

Ecrã de Emissão do Certificado de Residência Fiscal > seleccione o “Exercício” e o “País ADT” do
Certificado de Residência.

• Pressione o botão “Emitir Novo Certificado”.

PASSO 4: CONFIRMAR AS INFORMAÇÕES DO CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL


Formulário de Confirmação dos Dados a Constar no Certificado de Residência Fiscal. As
informações apresentadas espelham as informações que constam no Cadastro do Contribuinte
e por isso não são editáveis.

• Para confirmar as informações do Certificado de Residência Fiscal pressione o botão “Confirmar”.

Para retroceder pressione no botão “Voltar”.

PASSO 5: IMPRIMIR CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL


• Para imprimir o Certificado de Residência Fiscal pressione o ícone “Pesquisar” (lupa).
• Em seguida o sistema exibirá uma janela Pop Up com os dados do Certificado > pressione o botão
“Imprimir”. Para visualizar o documento e imprimir.

FOLHA TRIBUTÁRIA 35
VERIFICAR CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL

PASSO 1: INICIAR SESSÃO


Para verificar o Certificado de Residência Fiscal, aceda ao Portal do Contribuinte em
https://portaldocontribuinte.minfin.gov.ao

• Insira o ID do Utilizador (NIF).


• Insira a Palavra Passe do Utilizador.
• Pressione o botão “Iniciar Sessão”.

PASSO 2: SELECCIONAR A CONTA DO CONTRIBUINTE


• Seleccione a conta do contribuinte para o qual pretende verificar o Certificado de Residência
Fiscal.

PASSO 3: VERIFICAR CERTIFICADO DE RESIDÊNCIA FISCAL


• Em Menu de Serviços seleccione 5 Verificar Certificado > Residência Fiscal.
• Insira o Número de Certificado de Residência Fiscal.
• Pressione o botão “Consultar”.

FOLHA TRIBUTÁRIA 36
AGT
EM NÚMEROS
BOLETIM
MENSAL
PREÇO DO PETRÓLEO

Ambiente Petro-Macroeconómico

No coração do poder global dos EUA, encontramos um termo obscuro: o petro-dólar. Este é um termo
informal para um acordo importante nos assuntos mundiais. Ou seja, os sauditas só vendem petróleo
para pessoas que pagam em dólares americanos. Graças aos petro-dólares, o dólar americano é
usado como moeda de reserva mundial. Isso traz muitos privilégios, pois sustenta a economia dos
EUA e dá, aos EUA, o poder de ditar os termos económicos para grande parte do mundo.

Os BRICS estão a tentar minar a hegemonia dos EUA com a criação de uma nova moeda. Mas esta
não é a única maneira de quebrar o domínio dos EUA sobre a economia mundial. Como o petro-
dólar é a chave para o poder dos EUA, muitos tentaram induzir os sauditas a abandonar o acordo.
Apesar das ameaças ocasionais do reino de Riad, isso não aconteceu até agora. Se os sauditas
abandonassem o petro-dólar, isso por si só já causaria ondas de choque na economia mundial. Os
Estados-Unidos-da-América perderiam os muitos privilégios de que usufruíram por quase 100 anos
e iniciariam uma nova fase da sua história. Mas ainda é a nação mais poderosa do mundo e não vai
cair silenciosamente.

Outra opção é reduzir a dependência mundial do petróleo saudita. Acredita-se que essa seja uma
das razões pelas quais os EUA e seus aliados têm sido geralmente lentos na adopção de energia
renovável. Mas a energia renovável não é a única ameaça ao domínio dos EUA e da Arábia Saudita
no mercado global de petróleo. Acontece que a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo
conhecidas e acessíveis do mundo. Isso torna a Venezuela um grande prémio aos olhos dos EUA,
como o oficial americano John Bolton explicou abertamente na Fox News. Como resultado, os EUA
têm-se esforçado para controlar a Venezuela, de acordo com os princípios de longa data da Doutrina
Monroe. É por isso que os EUA tentaram repetidamente derrubar o governo eleito na Venezuela. Eles
continuam a fazer isso até hoje, com o apoio do seu próprio candidato à presidência venezuelana,
Juan Guaidó.

FOLHA TRIBUTÁRIA 38
A economia venezuelana foi prejudicada pelas sanções dos EUA. Isso seria um acto de guerra, se
cometido contra os EUA, mas Washington tem influência suficiente para se escapar da acção contra
os mesmos. Não fomos muito além de uma máxima do antigo general ateniense, Tucídides: “Os fortes
fazem o que podem e os fracos sofrem o que devem”. A Venezuela também tem grandes problemas
com a corrupção do Estado. A sua economia também foi mal administrada, pois dependia muito
do petróleo e rapidamente afundou quando o valor do petróleo caiu repentinamente. O contexto da
Venezuela e BRICS é extremamente importante. A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do
mundo e precisa de amigos. O BRICS representa quase metade da população do mundo e precisa
de uma forma de minar o petro-dólar.

É notável ver o quão ansioso o presidente do Brasil está para que a Venezuela se junte ao BRICS.
Se a Venezuela se juntasse aos BRICS e desafiasse o domínio saudita-americano no comércio global
de petróleo, isso prejudicaria o uso do dólar americano como moeda de reserva mundial. Afinal, se
não se precisa do petróleo saudita, não se precisa de dólares americanos para comprá-lo. E se a
demanda pelo dólar americano cair, seu valor também cairá. Isso é tudo especulação, e a surpresa
é a única garantia real.

PREVISÃO DAS RAMAS ANGOLANAS


As ramas angolanas continuam a acompanhar o movimento do principal índice petrolífero,
o BRENT. A variação continua mínima. No período transacto, por esta altura, o preço
registava um comportamento “bullish”, que levou o preço do barril a máximas de 120
dólares. Em contraste, este ano, os preços estão relativamente controlados e estabilizaram
nos últimos meses na casa dos $70/$80 dólares americanos por barril. A equipa da DTE
acredita que a China vai causar um aumento na procura, a partir da segunda metade do
ano, onde levará a procura a níveis record.

140,00

120,00

100,00
81,84

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
Jan/22

Fev/22

Mar/22

Abr/22

Mai/22

Jun/22

Jul/22

Ago/22

Set/22

Out/22

Nov/22

Dez/22

Jan/23

Fev/23

Mar/23

Abr/21

Brent Ramas Angolanas OGE

Tabela 1 - Comportamento do preço das ramas angolanas face ao Brent - Fonte: SAF vs Platts.

FOLHA TRIBUTÁRIA 39
RECEITA MENSAL PETROLÍFERA - MAIO DE 2023

DESCRIÇÃO EXPORTAÇÃO PREÇO MÉDIO IRP IPP RECEITA DA TOTAL

(BBLS) (USD/BBL) (KZ) (KZ) CONCESSIONÁRIA (KZ) (KZ)

Bloco 0 5 229 606 82,72 27 345 862 722 27 345 862 722

Bloco 0 ZMQ 170 000 83,06 381 459 469 381 459 469

Bloco 02/05 40 000 76,84 5 309 881 641 5 309 881 641

Bloco 03/05 359 762 81,34 3 144 468 431 3 144 468 431

Bloco 03/05A 42 232 500 42 232 500

Bloco 14 953 579 81,61

Bloco 14/K-AMI 7 698 82,57

Bloco 15 4 010 683 79,68 22 231 795 224 34 935 252 433 57 167 047 657

Bloco 15/06 3 523 643 81,59 2 767 141 690 2 767 141 690

Bloco 17 8 891 927 83,44 24 659 996 103 40 915 422 838 65 575 418 941

Bloco 18 1 958 013 79,09 5 033 309 367 5 033 309 367

Bloco 31 1 811 180 81,79 5 658 584 503 6 658 584 503

Bloco 32 3 718 898 80,85 11 118 284 393 11 118 284 393

Bloco LNG 5 170 608 681 5 170 608 681

Bloco Zona Sul 34 000 87,48

Terrestre Cabinda

TOTAL 30 778 989 81,84 86 136 302 533 27 727 322 191 75 850 675 271 189 714 299 995

Tabela 2 - Comportamento da receita Maio 2023.

FOLHA TRIBUTÁRIA 40
EXPORTAÇÃO
Em relação à exportação de petróleo, o País registou um aumento de 6,9%
comparativamente ao mês anterior, representando um acréscimo em cerca de 2 mmbbls
a mais que no mês transacto.
O País teve uma exportação média de 1,10 mmbbls/d, ou seja, 758,5 mil bbls a menos
previstos pela equipa da DTE/AGT, representando uma variação negativa de 2,4%.

PREÇO
Para as vendas de petróleo realizadas no mês de Abril, cujos pagamentos de impostos
petrolíferos é realizado em Maio, o preço médio do barril de petróleo foi de 81,84 $/
bbl, 4,45 $/bbl a mais que no mês anterior, representando um aumento de 5,75%.
O aumento deveu-se principalmente pelas expectativas de crescimento significativo da
economia chinesa a médio-longo prazo.

RECEITA
No mês de Maio, a receita petrolífera fechou em 189,7 biliões de Kwanzas.
Comparativamente ao mês anterior, este montante representa um decréscimo em
aproximadamente 72%.
Este desvio negativo da receita teve que ver, principalmente, com a recuperação de IRP
por parte das Companhias promotoras do Projecto ALNG nas concessões petrolíferas, bem
como o pagamento tardio dos impostos petrolíferos por parte de algumas companhias
petrolíferas.

PREVISÃO
Para o mês de Junho está estimada uma receita no montante de Kz 345,5 biliões de
Kwanzas, com uma produção de 1,04 mmbbls/d e um preço previsto de 68 $/bbl.

FOLHA TRIBUTÁRIA 41
TOME NOTA
CURIOSIDADES: AS MAIORES RESERVAS PETROLÍFERAS DO MUNDO
POR NUNO FERNANDES & DINO PAULO

bruto e os condensados juntos, que chegam


a reservas de 68,8 mil milhões de barris para
os EUA. De acordo com os números da EIA, o
petróleo bruto e os condensados juntos chegam
a cerca de 74 mil milhões de barris. No entanto,
o país é o maior produtor de petróleo bruto do
mundo actualmente.
#10 LÍBIA
Estima-se que o país do norte de África tenha
cerca de 48,3 mil milhões de barris de petróleo
bruto em reservas. Ainda assim, é um produtor
relativamente menor, com uma média diária em
torno de 1,2 milhão de barris. A instabilidade
política e as lutas pelo poder entre diferentes
facções após a guerra civil são a principal razão
para os problemas consistentes da Líbia em
aproveitar ao máximo seus recursos petrolíferos. #8 KUWAIT
No entanto, parece que as coisas podem estar O Kuwait tem cerca de 101,5 mil milhões de
a começar a mudar com a Europa de olho no barris em reservas comprovadas de petróleo, de
país do norte de África como uma fonte maior acordo com a OPEP. O pequeno Estado do Golfo
de petróleo. produz entre 2,4 milhões e 2,67 milhões de
barris de petróleo diariamente e exporta cerca
de 1,7 milhões de bbls/d. O Estado tem grandes
planos para as suas riquezas de petróleo até
2030. A Kuwait Petroleum Corporation tem
planos de aumentar a capacidade de produção
do país para até 4 milhões de barris diários.
Claramente, o Kuwait não está particularmente
preocupado com as previsões que antecipam o
#9 EUA fim da demanda por petróleo.
As reservas de petróleo americano apresentam
números diferentes dependendo da fonte.
Alguns, como a Administração de Informação de
Energia, colocam as reservas com pouco menos
de 36 mil milhões de barris e contam as reservas
de condensado separadamente. Outros, como
o World Population Review, contam o petróleo

FOLHA TRIBUTÁRIA 42
#7 EMIRADOS ÁRABES UNIDOS #5 IRAQUE
O terceiro maior produtor de petróleo da OPEP, O Iraque, segundo maior produtor da OPEP,
os Emirados Árabes Unidos, detém cerca de abriga reservas comprovadas de cerca de 145
111 mil milhões de barris de petróleo bruto e mil milhões de barris, com produção de cerca
produz uma média de 2,7 milhões de barris por de 4,5 milhões de barris diários. As exportações
dia. Desse total, exporta 2,3 milhões de barris atingem uma média de 3,4 milhões de bbls/d,
diários, segundo dados da OPEP. Além de ser um mas, como o Kuwait, o Iraque tem grandes
grande produtor de petróleo e abrigar algumas planos. A ambição de Bagdad é igualar a
das maiores reservas do mundo, os Emirados produção de seu maior membro da OPEP, a
Árabes Unidos também são um exemplo de Arábia Saudita, mas, segundo analistas, não
economia que usa a sua principal commodity será capaz de fazer isso, com a capacidade de
de exportação para se diversificar. Graças à produção a chegar a cerca de 6,3 milhões de
sua riqueza em petróleo, os Emirados Árabes barris diários nos próximos cinco anos.
Unidos se tornaram num íman de turismo de
luxo e têm grandes esperanças como um centro
de alta tecnologia.

#4 IRÃO
O Irão tem reservas de petróleo de 208,6
mil milhões de barris e produz cerca de
#6 RÚSSIA 2,39 milhões de barris por dia. Desse total,
A Rússia tem cerca de 80 mil milhões de barris exporta apenas pouco mais de 760 mil bbls/d,
de reservas comprovadas de petróleo bruto, segundo dados da OPEP. A razão para a
de acordo com a EIA, e a partir deste mês, diferença substancial entre reservas, produção
produz cerca de 9,4 milhões de barris diários, e exportações são, obviamente, os EUA. O
excluindo condensados. Há alguns anos, a governo americano voltou a aplicar duríssimas
Rússia produzia mais de 11 milhões de barris sanções ao Irão. Apesar das sanções e das
diários, incluindo condensados, mas a invasão negociações fracassadas para sua remoção –
da Ucrânia e as sanções ocidentais que se o Irão tem exportado mais petróleo, chegando
seguiram levaram a uma resposta, e uma das a 1,13 milhão de bbls/d no final de 2022 e
formas que tomou foi um corte na produção. começou este ano numa trajectória ascendente,
Mesmo assim, as exportações de petróleo bruto o que levou a planos para aumentar a produção
e combustíveis já regressaram aos níveis pré- no futuro.
guerra.

FOLHA TRIBUTÁRIA 43
para ser reduzida recentemente em meio
milhão de bbls/d como parte da última ronda
de cortes de produção na OPEP+. Apesar do
controlo rígido da produção, o reino tem planos
de expandir a sua capacidade de produção dos
actuais 12 milhões de barris diários para 13
milhões de barris diários em 2027. Alguns
#3 CANADÁ analistas, no entanto, alertaram que a Arábia
O Canadá abriga 171 mil milhões de barris Saudita está perto de atingir seu pico de
de petróleo bruto, a maior parte na forma de petróleo.
betume em areias betuminosas: até 166,3
mil milhões do total são areias betuminosas,
concentradas em Alberta. Isso é um décimo
das reservas totais de petróleo do mundo.
O país é o quarto maior produtor de petróleo
do mundo, com média diária de mais de 5
milhões de barris no ano passado – um record.
Curiosamente, a produção continua a aumentar,
apesar dos esforços do governo federal para
reduzir a indústria por causa de sua pegada #1 VENEZUELA
de carbono (total de emissões de gases de Um dos países mais problemáticos do mundo,
efeito estufa causadas por um indivíduo, a Venezuela, é também o país com as maiores
evento, organização, serviço, local ou produto, reservas de petróleo do mundo, avaliadas em
expresso em dióxido de carbono equivalente). mais de 300 mil milhões de barris. As sanções
No entanto, a demanda por petróleo continuou. americanas, uma crise económica agora crónica
Os produtores continuam a bombear. Uma e a corrupção juntaram-se para impedir que
pesquisa recente da empresa Ipsos descobriu o país aproveite ao máximo as suas riquezas
que o Canadá também é o fornecedor de petrolíferas. Após um período de prosperidade
petróleo preferido em escala global. nos anos 90 e início dos anos 2000, a primeira
queda no preço do petróleo do novo milénio
detonou a economia venezuelana. Antes de
ter uma oportunidade de se recuperar, os EUA
atingiram o país com uma série de sanções
que afectaram a produção. Em 2022, a média
foi de 600 mil a 700 mil bbls/d. A média das
exportações foi de pouco mais de 600 mil
bbls/d.

#2 ARÁBIA SAUDITA
O segundo maior produtor mundial e o maior
da OPEP, a Arábia Saudita, tem reservas
comprovadas de cerca de 267 mil milhões
de barris. A produção foi de pouco mais de 9
milhões de barris diários em 2021, que subiu
para 11,5 milhões de bbls/d em 2022, apenas

FOLHA TRIBUTÁRIA 44
BOLETIM MENSAL DO IVA
MAIO 2023

1. QUANTIDADE DE CONTRIBUINTES REGISTADOS NO IVA


Em Maio, o sistema de cadastro da AGT apresentou um registo de 14 489 contribuintes inscritos no
regime geral de tributação do IVA.

Relativamente ao regime simplificado, o registo foi de 11 187 contribuintes inscritos e no regime


de exclusão 80 946.

+30%

106 622

+133%

82 177

80 946

35 330 62 246

18 637

12 291
7 059 625 12 043 14 489
10 447
249
7 978
5 172
6 246 7 888 11 187
1 638 3 688
2019 2020 2021 2022 2023

Regime Exclusão Regime Geral Regime Simplificado

FOLHA TRIBUTÁRIA 45
2. RECEITA ARRECADADA DO IVA
Nesse mesmo período, a nível da importação, o valor arrecadado foi de Kz 44 699 953 175 (Quarenta
e quatro mil milhões, seiscentos e noventa e nove milhões, novecentos e cinquenta e três mil, cento
e setenta e cinco kwanzas) e registou-se um crescimento de 30% face ao período homólogo do ano
anterior (Kz 10 216 661 192).

Em termos gerais, registou-se uma arrecadação total em sede de IVA no valor de Kz 106 382 377
063 (Cento seis mil milhões, trezentos e oitenta e dois milhões, trezentos e setenta e sete mil e
sessenta e três kwanzas), o que representa um crescimento de 20% face ao período homólogo do
ano anterior.

ENQUADRAMENTO MAIO 2023 MAIO 2022 VARIAÇÃO

IVA Regime Geral 44 699 953 175 34 483 291 983 30%

IVA Importação 41 240 051 851 31 313 522 477 32%

IVA Cativo 19 215 327 323 20 787 898 103 -8%

Regime Simplificado IVA 832 257 209 921 287 981 -10%

IVA Outros 394 787 505 955 660 567 -59%

Total Geral 106 382 377 063 88 461 661 111 20%

ARRECADAÇÃO MENSAL

50 000 000 000 32% 40%


30%
45 000 000 000 30%

40 000 000 000 20%

10%
35 000 000 000

-10% 0%
30 000 000 000
-10%
25 000 000 000 -8%
-20%
20 000 000 000
-30%
15 000 000 000
-40%
10 000 000 000
-59% -50%

5 000 000 000 -60%

0 -70%
Regime
IVA IVA IVA IVA
SImplificado
Regime Geral Importação Cativo Outros
IVA

Maio 2023 Maio 2022 Variação

FOLHA TRIBUTÁRIA 46
REEMBOLSOS
Neste período foram registados um total de 36 pedidos de reembolsos, correspondendo ao
montante em Kz 10 396 835 121,00 (Dez mil, trezentos noventa e seis milhões, oitocentos
e trinta e cinco mil, cento e vinte e um kwanzas) foram pagos 22 pedidos, perfazendo um
valor total de Kz 6 801 324 251,56 (Seis mil, oitocentos e um milhões, trezentos e vinte e
quatro mil, duzentos e cinquenta e um Kwanzas, e cinquenta e seis cêntimos).

Foram indeferidos 29 processos por não cumprirem com os pressupostos legais.

SOFTWARE E GRÁFICAS
Nesse mês, deram entrada 5 pedidos de validação de software, todas as restantes solicitações
continuam em validação, sendo que não houve qualquer rejeição por incumprimento dos
requisitos mínimos previstos no diploma legal que institui a obrigatoriedade de certificação
de sistemas de facturação.

Em termos cumulativos, até ao momento já foram certificados um total de 414 software.

Quanto às gráficas, deram entrada 13 pedidos de licenciamento, tendo sido todas licenciadas.
Em termos cumulativos, até à data, já foram licenciadas um total de 407 gráficas.

REEMBOLSOS MARÇO

Solicitados 36

Suspensos 45

Indeferidos 29

Pagos 22

SOFTWARE E GRÁFICAS MAIO

Software Validados 05

Gráficas Licenciadas 13

Facturas Emitidas no Portal do Contribuinte 25 154

FOLHA TRIBUTÁRIA 47
COMÉRCIO EXTERNO
MAIO 2023

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - EXPORTAÇÕES DE BENS


No mês de Maio de 2023, as exportações de bens decresceram 49,7%, face ao mesmo período do
ano anterior, tendo atingindo US$ 2 501 milhões.

Combustíveis1 foi o principal grupo de produtos mais vendido para o exterior, tendo atingido um
peso de 95,2% sobre o total. Todavia, as suas exportações diminuíram 49,2% em comparação com
o mesmo período do ano anterior.

As transacções dos minerais e minérios contribuíram para as exportações, com um peso de 3,2%,
sendo que cresceram na ordem de 68,6% face ao mesmo período do ano anterior, embora mantenha
a sua posição como segundo principal grupo de produtos exportados.

Categoria FOB Maio FOB Maio Homóloga Peso


de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa
Combustíveis 2 382 362 598,84 4 690 215 610,53 49,2% 95,2%

Minerais e Minérios 80 004 725,57 254 784 395,96 68,6% 3,2%

Máquinas e Aparelhos 11 468 729,71 9 404 441,35 22,0% 0,5%

Bens Agrícolas e Alimentares 10 930 988,91 4 353 436,32 151,1% 0,4%

Metais Comuns 6 150 752,20 4 923 384,46 24,9% 0,2%

Madeira e Cortiça 5 604 762,03 4 013 629,91 39,6% 0,2%

Outros 2 813 372,78 1 667 534,79 68,7% 0,1%

Veículos e Outros Materiais de Transporte 1 233 974,23 1 288 784,89 4,3% 0,0%

Químicos 536 982,02 397 829,23 35,0% 0,0%

Materiais Têxteis 358 263,78 386 151,09 7,2% 0,0%

Plásticos e Borrachas 314 667,06 313 362,98 0,4% 0,0%

Total Geral 2 501 779 817,13 4 971 748 561,51 49,7% 100,0%

1 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 49
PRINCIPAIS PAÍSES DE DESTINO
No que diz respeito aos países parceiros, China, Índia e Países Baixos foram os principais destinos
das exportações nacionais de bens. Os seus pesos conjuntos concentram mais de metade das
exportações totais (63,9%).

A China foi o principal cliente de Angola, com um peso de 52,9%, entretanto verificaram-se
decréscimos das vendas na ordem dos 42,6%, face ao mesmo período do ano anterior, sobretudo
devido à redução dos combustíveis (Petróleo bruto).

As exportações para a Índia registaram, igualmente, uma redução do Top 10 dos Principais Países
Exportadores, destacando-se, sobretudo, a redução das vendas dos combustíveis2.

Entretanto, em sentido contrário aos países acima citados, as exportações para os Países Baixos
registaram um crescimento no mês de Maio de 2023 (50,5%), maioritariamente devido ao aumento
da venda do petróleo bruto.

Principais FOB Maio FOB Maio Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

China 1 322 977 009,68 2 305 401 834,22 42,6% 52,9%

Índia 332 694 820,55 449 820 052,36 26,0% 13,3%

Países Baixos 186 895 367,71 124 178 404,99 50,5% 7,5%

Estados-Unidos-da-América 186 128 397,88 45 386 968,20 310,1% 7,4%

Canadá 96 280 773,32 4 189,39 2 298 105,1% 3,8%

Brasil 84 194 685,69 5 047 295,99 1 568,1% 3,4%

Itália 76 235 430,19 337 700 325,99 77,4% 3,0%

Suazilandia 60 986 450,00 0,00 2,4%

Emirados Árabes Unidos 44 814 280,84 196 689 253,11 77,2% 1,8%

Bélgica 29 541 047,34 27 165 065,10 8,7% 1,2%

Outros 81 031 553,93 1 480 355 172,16 94,5% 3,2%

Total Geral 2 501 779 817,13 4 971 748 561,51 49,7% 100,0%

ANÁLISE POR GRUPOS DE PRODUTOS - IMPORTAÇÕES DE BENS


Em Maio de 2023, as importações de bens decresceram 16,2%, face ao mesmo período do ano
anterior, atingindo US$ 1 311 milhões.

As máquinas e aparelhos, combustíveis e bens agrícolas e alimentares, embora tenham registado


reduções de 5,3%, 52,7% e 20,7%, respectivamente, foram os principais grupos de produtos
adquiridos do exterior, com global de 55,9%.

Destaca-se, por outro lado, o crescimento dos grupos de produtos como veículos e outros materiais
de transporte, químicos e metais Comuns.
2 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 50
Categoria CIF Maio CIF Maio Homóloga Peso
de Produtos 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

Máquinas e Aparelhos 301 121 570,76 318 122 961,74 5,3% 23,0%

Combustíveis 244 725 894,07 517 340 238,02 52,7% 18,7%

Bens Agrícolas e Alimentares 186 649 930,46 235 414 027,10 20,7% 14,2%

Veículos e Outros Materias de Transporte 149 064 381,36 120 733 962,80 23,5% 11,4%

Químicos 103 639 885,34 87 716 886,77 18,2% 7,9%

Metais Comuns 103 523 345,30 82 106 099,13 26,1% 7,9%

Outros 94 521 880,14 86 776 630,81 8,9% 7,2%

Plásticos e Borrachas 58 997 274,88 60 098 371,13 1,8% 4,5%

Materiais Têxteis 53 199 429,40 39 426 145,55 34,9% 4,1%

Minerais e Minérios 12 203 499,83 15 377 509,55 20,6% 0,9%

Madeira e Cortiça 3 653 044,36 1 660 731,37 120,0% 0,3%

Total Geral 1 311 300 135,90 1 564 773 563,97 16,2% 100,0%

PRINCIPAIS PAÍSES DE ORIGEM


Em Maio de 2023, China, Portugal, Emirados Árabes Unidos, Índia e o Togo foram os principais fornecedores
de bens para Angola, representando globalmente mais de metade das importações totais (57,5%).

As importações provenientes da China representaram o maior contributo, com um peso de 17,1%,


principalmente em resultado das importações das máquinas e aparelhos, metais comuns e veículos e outros
materiais de transporte.

O Togo, apesar de figurar na quinta posição, atingindo um peso de 5,5%, foi o país cujas importações mais
crescimento registou (180 839 365,2%), sobretudo nos Combustíveis3.

Principais CIF Maio CIF Maio Homóloga Peso


Países 2023 (USD) 2022 (USD) Relativa

China 224 677 599,57 206 298 017,76 8,9% 17,1%

Portugal 175 706 231,40 182 062 732,58 3,5% 13,4%

Emirados Árabes Unidos 146 718 736,24 89 082 134,29 64,7% 11,2%

Índia 134 479 166,90 138 563 233,03 2,9% 10,3%

Togo 72 335 786,07 40,00 180 839 365,2% 5,5%

Estados-Unidos-da-América 66 606 784,08 37 527 485,60 77,5% 5,1%

África-do-Sul 45 144 262,06 35 101 795,00 28,6% 3,4%

Reino Unido 39 764 531,08 53 226 174,31 25,3% 3,0%

Bélgica 35 108 241,31 22 629 666,55 55,1% 2,7%

França 34 012 587,58 42 905 688,10 20,7% 2,6%

Outros 336 746 209,61 757 376 596,75 55,5% 25,7%

Total Geral 1 311 300 135,90 1 564 773 563,97 16,2% 100,0%

3 Combustíveis: compreende a exportação de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, isto é, de petróleo bruto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 51
DECLARAÇÕES ADUANEIRAS

No mês de Maio, os serviços regionais tributários da Administração Geral Tributária registaram a


submissão de 35 752 Declarações Aduaneiras, nos seus distintos regimes aduaneiros.

Tendo em referência o número acima mencionado, destaca-se a Terceira Região Tributária (províncias
de Luanda e Bengo) com um total de 20 499 Documentos Únicos submetidos, correspondente a
57% do número total destas submissões.

Vale referir que 60% das Declarações Aduaneiras submetidas na Terceira Região Tributária
correspondem ao regime de Importação Definitiva, ao passo que, aproximadamente 26% são
referentes ao regime de Importação Simplificada de Mercadorias.

No período em análise tramitaram na Sexta Região Tributária (províncias de Cunene e Cuando


Cubango), 7 188 Declarações Aduaneiras (20% do número total das submissões processadas a nível
nacional), sendo os regimes mais submetidos a Importação Temporária Simplificada de Veículos
(42%), Importação Simplificada de Bens de Viajantes (41%) e Importação Definitiva (9%).

Durante o mês de Maio, também esteve em destaque a Primeira Região Tributária (províncias de
Cabinda e Zaire), onde foram tramitados um total de 6 341 processos, cujo peso total das Declarações
Aduaneiras submetidas a nível nacional corresponde a 18%. Este serviço regional tributário registou
como principais regimes submetidos a Importação Simplificada de Mercadorias (20%), Exportação
Simplificada de Mercadorias (19%), Exportação Temporária Simplificada de Veículos (16%), Re-
importação de Veículos (14%), Exportação Definitiva (13%) e Importação Definitiva (12%).

Regime Aduaneiro Código de Regime 1.ª RT 2.ª RT 3.ª RT 4.ª RT 5.ª RT 6.ª RT 7.ª RT Total

Exportação Definitiva EX1 845 996 31 49 201 379 2 471

Exportação Simplificada de Bens de Viajantes EXV1 12 113 4 129

Exportação Simplificada de Mercadorias EXS1 1 234 301 1 33 119 1 688

Exportação Temporária EX2 8 64 3 7 1 83

Exportação Temporária Simplificada de Veículo EXS2 1 030 1 9 30 1 070

Reexportação EX3 12 47 1 4 64

Re-exportação Simplificada de Veículo EXS3 29 54 139 222

Armazenagem Aduaneira IM7 33 2 35

Importação Definitiva IM4 736 12 275 219 75 669 1 13 975

Importação Simplificada de Bens de Viajantes IMV4 29 58 1 111 4 8 2 962 4 172

Importação Simplificada de Mercadorias IMS4 1 264 6 5 354 199 217 181 31 7 252

Importação Temporária IM5 7 41 1 5 54

Importação Temporária Simplificada de Veículo IMS5 278 1 3 016 102 3 397

Re-importação IM6 1 16 1 1 5 24

Re-importação Simplificada de Veículo IMS6 858 23 881

Trânsito Aduaneiro IM8 10 176 42 7 235

Total Geral 11 332 76 20 499 457 354 7 188 837 35 752

FOLHA TRIBUTÁRIA 52
?

1
O selo fiscal é o mecanismo de controlo fiscal, cujo objectivo centra-se no
combate ao contrabando e a contratação, proteção da receita fiscal, bem
como garantir a fiabilidade dos produtos introduzidos no território nacional.

Os ganhos que esta medida trará para a economia de Angola são:


- Promoção do comercio lícito e da sã concorrência, na medida em que

2
se oferece vantagem para os operadores económicos que actuam na
formalidade;
- Fiabilidade dos produtos introduzidos no mercado nacional;
- Justiça Tributária;
- Aumento da Receita Tributária;
- Melhoria do ambiente de negócios, dentre outras.

3
Os produtos que serão selados antes de serem introduzidos no mercado
nacional são os produzidos localmente e importados para fins comerciais,
nomeadamente bebidas alcoólicas, tabaco e sucedâneos.

4
Na primeira fase de implementação do PROSEFA, as bebidas alcoólicas
como as cervejas, cidras e RTD, bem como os medicamentos, não foram
abrangidos. A integração destes produtos à presente obrigatoriedade, está
prevista para 2023.

Decreto Executivo N.º 64/23, de 12 de Maio.


A MINHA OPINIÃO
O IMPOSTO E O “PÃO NOSSO DE CADA DIA”
FRANCISCO SIVONE
TÉCNICO TRIBUTÁRIO DA DELEGAÇÃO ADUANEIRA DO PORTO DE LUANDA
SERVIÇO REGIONAL TRIBUTÁRIO DA 3.ª REGIÃO TRIBUTÁRIA

A necessidade de nos alimentarmos é anterior ao reconhecimento da nossa existência e


passará incólume até ao final dos nossos dias. Os alimentos são vitais, não sendo por isso
casual que Abraham Maslow1 tivesse colocado as necessidades alimentares nos alicerces
da sua célebre pirâmide, nem infundados os apelos da medicina, que recomenda a fazer dos
alimentos poderosos medicamentos.

A questão alimentar está no centro da discussão à escala global. No momento em que escrevo
este artigo, decorre em Dacar, no Senegal, o último dia da Cimeira Alimentar Africana2, sob
a égide do Banco Africano de Desenvolvimento. Participam do evento 34 chefes de Estado e
de governo, que reflectem em torno da autossuficiência alimentar em África.

A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, aprovada em 2015, definiu 17 Objectivos
de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS). Intitulado Fome Zero e Agricultura Sustentável, o
ODS 2, prevê entre outros, o compromisso de erradicar a fome e a má nutrição nos próximos
7 anos, sendo esta uma meta pouco provável de ser alcançada, se nos ativermos às variáveis
contingênciais com que o mundo se confronta.

1. Na sua teoria representada por uma pirâmide, definiu cinco categorias de necessidades humanas, elencando as necessidades fisiológicas como sendo de sobrevivência e de
satisfação inadiável.
2. Realizada de 25 a 27 de Janeiro de 2023.

FOLHA TRIBUTÁRIA 54
Grande parte dos sistemas alimentares há muito se vinham debatendo com as alterações
climáticas, inflacções e os desafios de recuperar dos efeitos da COVID-19. Certo é, que o
eclodir do conflito na Europa fez despoletar a tempestade perfeita, não fossem os contendores
responsáveis pelo fornecimento de 47% dos cereais consumidos no mundo.

Sobre o consumo de alimentos, os sinais não são animadores. De 2015 a 2021 o mundo
consumiu 2,5 bilhões de toneladas de alimentos3, dos quais, o pão e os cereais, com 626
milhões de toneladas, perfilaram no topo das preferências.

Angola não está à margem dos efeitos da conjuntura internacional. Enquanto subscritor
da Agenda 2030, tem o compromisso de promover resiliência ao seu sistema alimentar,
tornando-o apto a resistir aos choques e tensões, próprios do contexto internacional, marcado
por rápidas e imprevisíveis mutações.

O cenário desafiador impõe um olhar sistémico, que se proponha examinar toda a cadeia
logística alimentar, que para lá da produção, seja capaz de identificar e eliminar disrupções em
todos os sectores transversais da economia. Da conservação à distribuição, até à disposição
dos alimentos à mesa do consumidor, urge apurar os factores que inviabilizam o acesso aos
alimentos, na quantidade e qualidade requeridas.

A radiografia ao sistema alimentar nacional leva a proceder à avaliação do peso da política


tributária, uma vez que o imposto está presente em toda a cadeia por que passam os
alimentos. Estão os impostos a estimular a produção e o acesso aos alimentos? Estará a
política tributária a contribuir para a edificação da auto-suficiência alimentar nacional?

Fruto de um passado pouco auspicioso, os desafios de Angola são enormes. Os investimentos


em infra-estruturas de apoio à produção, e os programas de diversificação económica levarão
o seu tempo até se consolidarem. Como consequência, a oferta local de alimentos é ainda
deficitária, o que remete o País ao esforço de importar.

A política fiscal voltada às importações é marcadamente extra-fiscal. Pouco mais de metade


das linhas tarifárias4 na Pauta Aduaneira vigente, está isenta do pagamento do imposto
de importação. Mais de 90% das sementes, dos fertilizantes, das máquinas e ferramentas
manuais para agricultura, horticultura e silvicultura, está isenta do pagamento dos direitos
de importação.

Desde 2020, e circunscrito nas medidas de alívio fiscal em face da pandemia, o Imposto
sobre o Valor Acrescentado (IVA) incidente na importação e na distribuição de insumos
agrícolas e alimentos, viu a sua taxa reduzida em 35% (vide ilustração gráfica).

Produtos altamente consumidos, que fazem parte da dieta alimentar angolana, ainda
importados, como é o caso das carnes das aves e miudezas de animais, das espécies bovina,

3. Statista – site on-line de publicação de dados estatísticos (www.satista.com)


4. É a representação precisa e detalhada de um produto na pauta aduaneira, ao qual lhe corresponde a taxa referente ao imposto.

FOLHA TRIBUTÁRIA 55
ovina, e suína, bem como o açucar de cana, o arroz, o grão de milho, o feijão, as sêmolas, as
rações animais e a generalidade dos óleos vegetais, estão abrangidos na carga fiscal5 de 9%.

O imposto sobre os rendimentos provenientes da actividade de exploração agrícola, avícola,


pecuária, piscatória e silvícola é calculado à taxa de 10%, contra os 25% representativo da
taxa geral do Imposto Industrial, cobrado aos proventos de outros ramos de actividade.

A política fiscal voltada para a tributação de produtos alimentares é concebida segundo uma
perspectiva diferenciada, que se traduz no alívio do peso do imposto sobre os alimentos
essenciais. Por essa razão, são questionáveis as narrativas que apontam os impostos, como
determinante exclusivo na formação do preço de aquisição dos alimentos.

O acesso aos alimentos a preços compatíveis demanda uma abordagem ampla e


multissectorial. Entram para as contas a necessidade de alavancar a produção interna. Quer
se importe ou se produza, metas excedentárias deverão ser alcançadas para o incremento
de reservas alimentares estratégicas, capazes de colmatar eventuais défices de oferta e
assegurar preços competitivos. A aposta na eficiência do sector logístico e de transporte,
aliada à disponibilidade de uma malha funcional de vias de comunicação, é um factor a ter
em consideração.

Sendo uma questão de sobrevivência da espécie, a abordagem sobre os alimentos é


incontornável. Contudo, não sendo o imposto um fim em si mesmo, nem as receitas fiscais
prescindíveis, deve ser assegurada a renda das empresas e das famílias, para que não falte
o “pão nosso de cada dia”.
5. A carga fiscal é o somatório de todos os impostos tornados obrigatórios na importação, designadamente, direitos de importação (isento), o IVA (7%) e os Emolumentos Gerais
Aduaneiros (2%).

TAXAS DO IVA INCIDENTES SOBRE OS ALIMENTOS ESSENCIAIS E INSUMOS AGRÍCOLAS

AÇUCAR DE CANA 7%
ADUBOS E FERTILIZANTES 5%
ANIMAIS VIVOS COMESTÍVEIS DOMESTICADOS 5%
ARROZ BRANQUEADO, SEMI BRANQUEADO, MESMO POLIDO OU GLACEADO 7%
BATATA PRONTA A CONSUMIR 7%
BATATA SEMENTE 5%
CARNES E MIUDEZAS DA ESPÉCIE DAS AVES, SUINAS, OVINAS E 7%
CEIFEIRAS E DEBULHADORAS 5%
CHOCADEIRAS E MÁQUINAS PARA ORDENHAR 5%
FEIJÃO 7%
FERMENTO PARA A PANIFICAÇÃO 7%
FORNOS PARA PADARIAS, PASTELARIAS, OU PARA INDÚSTRIA DE BOLACHAS E.. 7%
LEITE 7%
MILHO EM GRÃO 7%
MILHO PARA SEMENTEIRA 5%
ÓLEO ALIMENTAR VEGETAL 7%
OVOS DAS AVES 7%
PEIXES SECOS OU EM SALMORA, COM EXCEPÇÃO DO BACALHAU 7%
PICARETAS, ENXADAS, ALVIÕES, SACHOS, ANCINHOS E RASPADEIRAS 5%
PREPARAÇÕES ALIMENTICIAS PARA BEBÉS E CRIANÇAS DE TENRA IDADE 7%
RAÇÕES PARA PEIXES E AVES 5%
SAL REFINADO IODIZADO 7%
SEMENTES 5%
TRIGO EM GRÃO 5%
TAXA GERAL DO IVA 14%

0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16%

FOLHA TRIBUTÁRIA 56
PSICOLOGIA DO DINHEIRO
O DINHEIRO E O TRABALHO INFANTIL EM ANGOLA
POR FÁTIMA SAMPAIO FERNANDES PSICÓLOGA DA SAÚDE
OPsA CEP N.º 2148

A Quinha tinha onze anos quando a trouxeram do Cuanza Sul para Luanda. A Dona Amélia
pedira ajuda à Tia São, que prometera que lhe traria uma boa menina para ela criar. A Tia
São falou com a mãe da Quinha, que ficou muito feliz por levarem a Quinha para Luanda:
“É melhor mesmo, senão daqui a nada está grávida como as irmãs. Assim ao menos vai
estudar”. A Quinha não queria ir para longe da mãe, mas, por outro lado, conhecer Luanda
parecia uma aventura. A Tia São entregou a Quinha à Dona Amélia. A Dona Amélia agradeceu
e fechou a porta: “Ficas aqui neste colchão, até vermos um lugar melhor. Tens de acordar às
5:00 e ajudar as crianças a prepararem-se para a escola! E não quero cá lágrimas e dizeres
que tens saudades da tua mãe, senão apanhas na cara! Se ela gostasse de ti, não te deixava
vir!”. Durante anos, a Quinha era sempre a primeira a acordar, tratava do pequeno-almoço
dos dois filhos mais novos da Dona Amélia, acordava os meninos, vestia-os, esperava que
comessem e levava-os para a escola, que ficava perto de casa. Depois voltava e tratava de
varrer e limpar o quintal, depois limpava toda a casa. Preparava o almoço da Dona Amélia.
Tratava da roupa de todos: lavava e engomava. Ia à praça, quando necessário. Enquanto
não estivesse tudo pronto e os meninos de volta em casa, não podia ir à escola, e por isso
chegava sempre atrasada. A Dona Amélia dizia que ela não fazia nada direito, que era uma
preguiçosa, e que ainda por cima era burra, com notas sempre baixas na escola. Todos os
dias havia um motivo para bater na Quinha, que tinha as costas e as pernas cheias de marcas
e cicatrizes de porrada. Quando o namorado da Dona Amélia estava em casa, a Quinha
não podia ficar na sala. Quando a Ricardina, filha mais velha da Dona Amélia, ficava lá em
casa, era a Quinha que cuidava do bebé e que ficava de pé, ao lado da Ricardina, para fazer
tudo o que a Ricardina pedisse: “Vai aquecer a papa do bebé! Fica só com o bebé ao colo!

FOLHA TRIBUTÁRIA 57
Troca-lhe a fralda!”. Aos catorze anos, em Agosto, quando a Dona Amélia decidiu ir de férias
com os filhos mais novos a Portugal, a Quinha perguntou, com medo (e muita esperança no
coração), se podia ir visitar a mãe. A Dona Amélia disse-lhe logo que nem pensar, pois tinha
de cuidar da casa e dos cachorros: “Mas, em Dezembro, vens connosco também de viagem,
que eu preciso de ajuda e a Ricardina também! Tens muita sorte de teres ficado connosco,
até vais viajar para a Europa!”.

O Pedrinho tinha nove anos e era o irmão mais velho. Viviam todos com a avó. Todos os dias
ficava diante de uma instituição de prestígio, em Luanda, a engraxar sapatos. O dinheiro
era para a avó, que fazia as compras e cozinhava para todas as crianças. Nenhum deles ia à
escola. Às vezes, a avó pegava no mais pequenino, e ficava com ele ao colo a pedir esmola
à frente de um shopping. O Pedrinho não gostava quando a avó fazia isso com os irmãos
mais pequeninos: “Eu já trabalho, avó! Eu trago dinheiro!”. Os senhores de fato, a quem
engraxava os sapatos, eram muito simpáticos, por vezes conversavam com ele, davam-lhe
algum dinheiro a mais, e todos o conheciam. O Pedrinho sonhava que um dia um desses
senhores o poderia pôr na escola, ou aos seus irmãos, e por isso sorria sempre e engraxava
com entusiasmo. Um dia, quando ele estava a ir para casa, ao fim da tarde, foi atacado por
um grupo de três rapazes mais velhos. Roubaram-lhe o dinheiro e a mochila onde estava tudo
o que usava para engraxar sapatos. Bateram-lhe, rasgaram-lhe a camisa e riram dele. Quando
chegou a casa, desatou a chorar no colo da avó.

As crianças, camada mais frágil da nossa sociedade, representam também, infelizmente,


uma força de trabalho e um meio de rendimento. Trazem dinheiro para casa ou proporcionam
serviços. Isso é crime, mas é um crime com o qual nos deparamos todos os dias, de tal
modo que já nem somos capazes de o ver. Entramos em casa dos nossos amigos, que nos
apresentam os filhos e a “filha de criação”, que trouxeram do interior do país, para lhe dar
uma educação, e não nos choca que ela não se sente com as restantes crianças à mesa
ou que seja ela a trazer a comida e a levantar os pratos sozinha. É natural. Mandamos
engraxar os sapatos antes de entrarmos no serviço. Por vezes reparamos que o menino parece
bem pequenino. Perguntamos-lhe a idade: “Oh tens doze anos? Bem pequenino assim?”,
deixamos cem kwanzas e entramos no nosso local de trabalho e nunca mais pensamos nele.
É normal. É natural. É a vida. Fazer o quê?

Mas não. Não é natural. Não devia ser normal. O trabalho infantil é crime.

Alberto Carvalho Francisco, Chefe de Departamento do Intercâmbio do Gabinete Jurídico e


de Intercâmbio do MAPTSS (alberto.francisco@maptss.gov.ao), escreveu um excelente artigo
sobre o importante tema do trabalho infantil em Angola, cujos pontos principais passamos
a transcrever:

“As crianças e adolescentes que são forçados a trabalhar são impactados por esse facto.
O trabalho traz prejuízo ao rendimento escolar, traz prejuízo aos momentos de lazer, de
descanso. O trabalho, por mais que seja permitido a partir dos 14 anos (de acordo com a
Lei n.º 7/15, de 15 de Junho, Lei Geral do Trabalho), impacta a vida daquele adolescente.

FOLHA TRIBUTÁRIA 58
A criança que começa a trabalhar muito cedo tem um rendimento escolar precário, tem
menos chances de uma boa formação e qualificação, e, como resultado, poderá tornar-se
um adulto menos qualificado, logo mal remunerado. A história repete-se no âmbito da sua
família, num ciclo vicioso. É o que alguns especialistas chamam de “ciclo intergeracional
de pobreza”. Neste contexto, para além das infâncias perdidas, do potencial de ocorrência
de acidentes de trabalho, que podem deixar sequelas irreversíveis, há também a questão da
continuidade do ciclo da pobreza.

São inúmeros os factores conjugados que levam ao trabalho infantil, mas a pobreza e a
miséria social extrema são os preponderantes.

A informalidade tende também a alocar a criança no processo de trabalho por ser uma
mão-de-obra mais barata ou até gratuita, o que é bastante comum em algumas famílias,
perpetuando o ciclo intergeracional da pobreza e do trabalho infantil.

Muito mais do que o acesso, a permanência de crianças e adolescentes nas escolas, sobretudo
de adolescentes, tem sido um desafio, uma vez que elas buscam trabalho fora da escola.

O trabalho infantil nas ruas é o que tem ganhado maior incidência, e, por incrível que pareça,
é o mais invisibilizado, apesar de ser o mais visível.

O trabalho infantil na agricultura constitui também um problema muito grave, sobretudo


porque a maioria das crianças que labutam no campo tem idade inferior a 14 anos, ou seja,
estas crianças pertencem a uma faixa etária em que o trabalho é totalmente proibido. E elas
trabalham com substâncias agrotóxicas, e estão próximas de animais ferozes. Os perigos do
trabalho do campo para as crianças são imensos, pelo que não podemos minimizar o tema.

Existe também o trabalho infantil doméstico, que, além de naturalizado, é invisível, porque
ocorre no seio familiar, seja no da própria criança, seja no domicílio de terceiros, que
prometem aos pais melhores condições de vida e de educação para os menores, mas os
submetem à condição de servência ou escravidão.

Durante a pandemia da Covid-19, houve um crescimento da exploração do trabalho infantil.


Tal risco continua iminente e representa um recuo nos esforços que estavam a ser feitos em
todo o mundo, sendo África o continente mais afectado pela exploração infantil.

Nota-se que os efeitos da crise socioeconómica, agravados pela pandemia, pelo desemprego,
pela informalidade e, principalmente, pelo aumento da evasão escolar, nos coloca perante
uma explosão do trabalho infantil em Angola.

A luta contra o trabalho infantil deve ser feita através de Planos Nacionais contra o Trabalho
Infantil, em conformidade com a meta 8.7 do objectivo 8.°: “Trabalho Digno e Crescimento
Económico”, constante da Agenda dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (2016-
2030).

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Decorreu, de 15 a 20 de Maio de 2022, em Durban, África do Sul, a 5.ª Conferência Global
sobre a Erradicação do Trabalho Infantil, com a participação de Angola, tendo o evento
culminado com a ênfase na necessidade de todos os Estados-membros criarem condições
para a erradicação de todas as formas de trabalho infantil até 2025. Um aspecto importante
frisado durante a 5.ª Conferência Global de Durban foi: “Nothing for us without us”. Significa
que os adultos não podem decidir sobre os problemas das crianças sem o envolvimento das
mesmas. Elas merecem e devem ser ouvidas, e devem ter participação activa nos processos
de decisão sobre os problemas que as afligem.

Em Angola, foi aprovado o Plano de Acção Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil
(PANETI), aprovado pelo Decreto Presidencial n.º 239/21, de 29 de Setembro, com o
objectivo de combater e erradicar o trabalho infantil em Angola, tendo como Coordenadora da
Comissão Interministerial de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil a Senhora Ministra
da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), e como Coordenador
Adjunto o Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher (MASFAMU), de acordo
com o Decreto Presidencial n.º 168/21, de 14 de Outubro, visando a tomada de medidas
eficazes, imediatas e integradas, que facilitem o trabalho dos distintos agentes na defesa
dos direitos da criança, e no combate ao trabalho infantil e erradicação das piores formas de
trabalho infantil até ao ano de 2025.

Nesta conformidade, e para a concretização do tão almejado desígnio, julga-se imperioso o


envolvimento de todos, de forma individual ou colectiva.

Somos todos chamados a intervir nesta problemática para auxiliar as entidades governamentais,
com destaque para aqueles que lidam directamente com a questão da protecção da criança;
para as organizações sindicais; para as associações patronais, que devem prestar maior
atenção aos menores que já atingiram a idade mínima de admissão ao emprego, e àqueles
que estejam a exercer algum trabalho; e para a sociedade civil em geral, com ênfase para as
organizações não governamentais ligadas à causa dos direitos da criança.

Uma criança precisa de cuidados, precisa de estudar, de brincar, de se alimentar


condignamente, de ir assumindo responsabilidades adequadas à sua idade, e, acima de
tudo, precisa de ser criança.
A ideia de que “o trabalho dignifica o homem”, apesar de estar enraizada na mente de muitas
pessoas, vem perdendo força a cada dia, no que toca à criança. A população vem tomando
consciência da importância de se erradicar o trabalho infantil e dar cada vez mais atenção,
educação e afecto às crianças, na busca do desenvolvimento pessoal e do desenvolvimento
da própria nação.

A educação para todas as crianças (meninos e meninas) é a chave para garantir o sucesso
desta luta. Uma criança fora do sistema do ensino cai, com mais facilidade, nas malhas da
exploração infantil. Portanto, não basta que se criem condições para o acesso das crianças e
adolescentes à educação. É necessário que se construam escolas condignas e se providencie
uma educação de qualidade. Muitas crianças abandonam o sistema de ensino devido às
grandes distâncias que têm de percorrer diariamente, quantas vezes sem terem o que comer,

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sendo a única refeição aquela que é fornecida pelos estabelecimentos de ensino. Daí a
necessidade de se criarem mecanismos que visem não somente o acesso, mas também
o retorno das crianças, vítimas do trabalho precoce, e que garantam a permanência das
mesmas nas escolas, apostando-se também em incentivos económicos para o aumento da
renda das famílias, como a merenda escolar e programas de promoção do auto-emprego.

Nas várias regiões do nosso país, há crianças que realizam diferentes formas de trabalho
com baixíssimas remunerações, sendo, muitas vezes, escravizadas. Elas não têm a menor
escolha, e passam o tempo a trabalhar, sem estudar e sem se divertirem, como deveriam.

Em Angola, a eliminação do trabalho infantil e do trabalho forçado tem sido objecto de


actuação de todos os agentes do Estado, no que toca ao seu combate, com destaque para
o INAC (Instituto Nacional da Criança), no sector informal, e para a Inspecção Geral do
Trabalho, no sector formal.

O PANETI (Plano de Acção Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil) é o mecanismo


adequado para pôr cobro a esta triste e chocante situação que a todos preocupa. No nosso
país, o trabalho infantil não constitui um fenómeno de difícil solução, desde que haja o
necessário engajamento de todos, a comparticipação dos cidadãos e o envolvimento dos
distintos actores.”

E nós? O que estamos nós a fazer pelas crianças do nosso país? Qual é a parte que nos cabe
na erradicação do trabalho infantil em Angola?

Para reflectirmos.

Força!

Fique bem! In

FOLHA TRIBUTÁRIA 61
CALENDÁRIO REGIME GERAL

FISCAL 2023
ACRÓNIMOS

Imposto sobre o Valor Acrescentado IVA


Imposto Especial de Consumo IEC
Imposto Industrial II
Imposto sobre Aplicação de Capitais IAC
Imposto sobre o Rendimento de Trabalho IRT
OBRIGAÇÕES DECLARACTIVAS Imposto de Selo
Imposto Predial
IS
IP
Imposto sobre Veículos Motorizados IVM
E DE PAGAMENTO Imposto Especial de Jogos IEJ

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MAIO | N.º 60

FOLHA TRIBUTÁRIA
MAIO 2023 | N.º 60

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FOLHA TRIBUTÁRIA 63
RESENHA
LEGISLATIVA
DE JANEIRO A JUNHO DE 2023

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