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Aula 4 - 02.03.23
Matéria da Aula:
- As contribuições especiais de melhoria
De facto, nas contribuições especiais de melhoria está em causa atuação de uma entidade
publica a qual visa valorizar o património do contribuinte.
Exemplo: Com a realização da Expo de 1998, os proprietários dos imoveis situados naquela
zona de Lisboa viram o valor dos seus imoveis aumentar, uma vez que se registou uma
melhoria significativa nas infraestruturas e nos acessos locais. Portanto, naquela altura, os
proprietários foram chamados ao pagamento de uma contribuição especial de melhoria por
causa da atuação do Estado.
São introduzidas em 1997 em sede de Revisão Constitucional por ser nesta altura que se
começou a determinar o conceito de imposto e de taxa como conceitos rígidos e inflexíveis.
De facto, foram inúmeras as dúvidas que surgiram quanto à classificação desta contribuição,
porém de modo a proteger o contribuinte e tendo por base opo princípio da legalidade seria
mais protetor do contribuinte classificá-la como um imposto. Na verdade, as exigências de
legalidade relativas aos impostos são superiores, uma vez que a intervenção da Assembleia da
República é obrigatória quando se trata de todo o processo inerente à criação ou alteração dos
impostos.
Assim, reconduziram-se as contribuições financeiras a favor de entidades publicas aos
impostos, no entanto as exigências de legalidade que de tal classificação derivam pressupõe
um processo de criação normativa que pode ser demorado e exigente.
No entanto, por haver uma necessidade de facilitar a criação de determinadas imposições,
facilitou-se o processo de criação das mesmas, não as sujeitando ao processo legislativo
rígido dos impostos (exigido constitucionalmente), mas sim aplicando-lhe o regime das taxas.
ATENÇÃO: Não se aplicam as exigências de legalidade do Artigo 165 nº1 al.i) da CRP.
Existe, no entanto, uma certa controvérsia doutrinária:
Sérgio Vasques: não adota a posição maioritária seguida pelo Tribunal Constitucional,
afirmando que parece ser mais protetor do contribuinte, até que se crie o regime geral
de contribuições financeiras, as contribuições financeiras a favor de entidades
publicas sujeitarem-se, de forma isolada, ao princípio da legalidade.
Consensualmente, a doutrina concorda com o facto de estas contribuições não serem
taxas, e apresentarem simultaneamente unilateralidade e bilateralidade.
Nota: A suavização da rigidez dos conceitos de imposto e taxa permitiria reconduzir estas
contribuições à figura de imposto.
Tributos associativos
o Pagamento de quotas a ordens profissionais
o Bilateralidade: justifica-se o pagamento pela representação e proteção de
interesses por parte da Ordem (aproximação ao conceito de taxa).
o Relevante interesse público: a Ordem disciplina o modo como a profissão é
exercida garantindo à comunidade que o exercício dessa profissão é
controlado (aproximação ao conceito de imposto).
Contribuições para a Segurança Social pagas pelos Trabalhadores
o Bilateralidade: são pagas tendo em vista a garantia do Estado apoiar situações
de maior vulnerabilidade, ou seja, existe uma contraprestação do Estado.
o Unilateralidade: pode existir a contribuição sem que haja a contraprestação, ou
seja, nada garante que o contribuinte beneficiará de apoio estadual (na
verdade, existem trabalhadores que contribuem a vida toda para a Segurança
Social sem nunca necessitarem do apoio do Estado)
Taxas reguladoras
o São pagas com o propósito de regular determinada atividade
o São imposições que são devidas a entes públicos menores integrados na
administração indireta ou então entidades que contam com um estatuto
independente e que se justificam pela atividade de regulação de um
determinado setor económico.
o Bilateralidade: entre a entidade regulada e reguladora (aproximação ao
conceito de taxa)
o Podem ser entendidas como forma de limitar a atuação (aproximação ao
conceito de imposto)