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DELEGAÇÃO REGIONAL DE LISBOA E VALE DO TEJO

CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO MÉDIO TEJO


SERVIÇO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE TOMAR

MÓDULO 0567 Noções de Fiscalidade


ÍNDICE

I – Atividade Financeira do Estado


II – Direito Financeiro, Tributário e Fiscal
III – Impostos – Conceitos Gerais
III. IMPOSTOS – CONCEITOS GERAIS

• Noção e fases do imposto


• Tributação direta e tributação indireta
• Classificação dos impostos
• Finalidades fiscais e extrafiscais dos impostos
• Objetivos da tributação
• Benefícios fiscais
IMPOSTO
• Definição de IMPOSTO:
O Imposto é uma prestação tributária coativa, pecuniária,
unilateral, criada por lei a favor do Estado ou Entidade Pública
, sem carácter de sanção, para dar cobertura às despesas
públicas com objetivos de ordem económica e social.

CARATERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DOS IMPOSTOS


NATUREZA DO IMPOSTO
• A definição de imposto contém os vários elementos que
caraterizam a NATUREZA DO IMPOSTO:

– Prestação Tributária Coativa


– Prestação Pecuniária
– Prestação Unilateral
– Prestação Estabelecida por Lei
– Prestação Sem Carácter de Sanção
PRESTAÇÃO TRIBUTÁRIA COATIVA
Os sujeitos ativos do imposto a quem a lei confere o direito delançar
e cobrar determinado imposto, exigem a prestação de todos os
sujeitos passivos (contribuintes) que se encontrem nas condições
previstas na lei.

O imposto é uma prestação tributária coativa, porque o Estado


obriga o seu pagamento a todos os cidadãos que se encontram nas
situações previstas na lei.
PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA
O imposto é uma prestação que se traduz em dar dinheiro.

O imposto é uma prestação pecuniária, porque é entregue em


dinheiro.
PRESTAÇÃO UNILATERAL
❖ A PRESTAÇÃO UNILATERAL:

O sujeito ativo do imposto recebe a prestação e nada dá em


troca, direta e imediatamente.

O imposto é uma prestação unilateral, porque o sujeito ativo,


Estado, recebe o valor e não retribui direta ou imediatamente com
algo em troca.
PRESTAÇÃO ESTABELECIDA POR LEI
❖ PRESTAÇÃO ESTABELECIDA POR LEI:

A obrigação do imposto deriva de uma lei

O imposto é uma prestação estabelecida por lei, porque é a lei,


e só a lei, que atribui ao Estado o poder de tributar o imposto
que é, portanto, uma obrigação legal.
PRESTAÇÃO SEM CARÁCTER DE SANÇÃO
❖ PRESTAÇÃO SEM CARÁCTER DE SANÇÃO:

O imposto distingue-se de outras prestações pecuniárias e unilaterais


impostas pelo Estado, mas a título de sanção como por exemplo as
coimas.

O imposto é uma prestação sem carácter de sanção, porque não


é tributado como resultado de qualquer infração ou ilegalidade
cometida.
IMPOSTOS VS TAXAS
• Os IMPOSTOS são as chamadas RECEITAS FISCAIS, e são
devidos ao Estado sem qualquer contrapartida, ou seja, sem
que o Estado tenha de entregar ou fazer algo de concreto em
troca.

• É claro que é sobre tudo com estas RECEITAS FISCAIS que o


Estado pode fazer face às despesas públicas em geral
Exemplos de Impostos:
– IVA
– IRC
– IRS
– IMI
– (…)
IMPOSTOS VS TAXAS
• As TAXAS são receitas coativas do Estado, mas devidas em
contrapartida de um serviço prestado, direta e/ou
imediatamente.

São exemplos de Taxas:

– Taxa de saneamento

– As propinas

– As taxas moderadoras
• As MULTAS (natureza não fiscal) e as COIMAS (natureza

fiscal) são também receitas coativas do Estado impostas


como penalização a infrações cometidas pelos cidadãos ou
sociedades.
DISTINÇÃO IMPOSTOS VS OUTRA
RECEITAS
• A sua NATUREZA, concretamente:

– A unilateralidade (face às taxas, que são bilaterais – direta


e imediatamente)

– O carácter não sancionatório (face às multas e às coimas,


que são sanções)
• As TAXAS são prestações coativas que resultam de contratos
bilaterais:

– As taxas dão lugar a que o Estado receba, total ou


parcialmente,uma prestação ou retribuição em troca de um
serviço prestado.

– As taxas têm uma utilidade individualizada, ao contrário dos


impostos que se destinam a aplicar em função de todos. Só
são aplicadas ou cobradas a quem pretenda utilizar o
respetivo serviço.
DISTINÇÃO IMPOSTOS VS OUTRAS
RECEITAS (CONTINUAÇÃO)
As MULTAS e as COIMAS são prestações coativas

As MULTAS têm natureza não fiscal e destinam-se apenalizar as


infrações cometidas pelos cidadãos e empresas (por exemplo:
uma multa de trânsito paga à GNR ou uma multa por lançamento
de resíduos poluentes num rio paga à Inspeção Geral do
Ambiente), que resultam de um facto ilícito e têm um fim
punitivo.
– As COIMAS já têm natureza fiscal uma vez que se destinam
a penalizar pela falta de cumprimento de uma prestação
tributária (por exemplo uma coima pela falta do pagamento
do IRS ou IRC).
SUJEITOS DO IMPOSTO

• Sujeito ATIVO do Imposto:


– É aquele que recebe o valor do Imposto

– Portanto é sempre o Estado que é a quem a lei atribui o direito


de cobrar impostos

• Sujeito PASSIVO do Imposto:


– São os que pagam o valor do imposto

– É sempre o contribuinte que é a quem a lei exige o pagamento


dos impostos

– Os contribuintes podem ser pessoas singulares ou coletivas, ou


seja, são sujeitos passivos os cidadãos individuais e as empresas
FASES DO IMPOSTO
• O Direito Fiscal regula os impostos em cadaum dos seus
momentos

Consideram-se QUATRO FASES na relação jurídicado imposto:

1. Incidência
2. Lançamento
3. Liquidação
4. Cobrança
FASE 1: INCIDÊNCIA DO IMPOSTO
• Definição:

A INCIDÊNCIA é a definição legal dos atos ou situações sujeitas a


imposto e das pessoas sobre as quais recai o dever de os prestar

• A incidência do imposto é: saber sobre QUEM ou O QUÊ se aplicam as


normas desse imposto

• Se se define uma pessoa como sujeito de um imposto, diz-se que se


trata duma INCIDÊNCIA PESSOAL ou SUBJETIVA

• Quando, ao invés, se define algo que é passível desse imposto, então


fala-se em INCIDÊNCIA REAL ou OBJETIVA
FASE
I
N O QUÊ
REAL
C (Está sujeito ao
(Objetiva)
I Imposto)
D
Ê
N
PESSOAL QUEM
C (Está sujeito ao
(Subjetiva)
I Imposto)
A

1Exemplo: Imposto Municipal sobre os Imóveis


A incidência real do IMI são os próprios imóveis e a incidência
pessoal são os proprietários desses imóveis
FASE 2: LANÇAMENTO MPOSTO
O LANÇAMENTO do imposto é um conjunto de procedimentos que
levam à identificação do sujeito passivo e ao apuramento do valor sobre
o qual irá incidir esse imposto
• Ao lançamento corresponde apenas um processo administrativo que é
levado a cabo pelos serviços fiscais. O lançamento é originado por um
facto tributário, ou seja, um facto gerador da obrigação de pagar o
imposto
• A esse valor dá-se o nome de Matéria Coletável.
• Exemplo: Rendimento auferido/transação comercial
FASE 3: LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO
A LIQUIDAÇÃO do imposto traduz-se na aplicação da taxa legal à
matéria coletável para determinar o valor de imposto a pagar (a
coleta)

• Nesta fase procede-se à aplicação da taxa legal ao valor (matéria


coletável) sobre o qual ela incide.

• Este processamento é feito pelos serviços da Direção-Geral de


Contribuições e Impostos (DGCI), que também comunica ao sujeito
passivo a Coleta apurada, ou seja, o montante a pagar.
• É a partir da liquidação que se estabelece a relação jurídico-
tributária obrigatória.
FASE 3: LIQUIDAÇÃO DO IMPOSTO
• Exemplo: Liquidação do IVA de uma operação:
– Base de incidência 10.000,00€
(matéria coletável)
– Taxa de Imposto aplicável 23 %
(IVA à taxa normal)
– Valor do IVA 10.000,00 X 0,23
(coleta) = 2.300,00 €

• Definições:
– A MATÉRIA COLETÁVEL é o valor sobre o qual irá incidir a
taxa do imposto.
– A COLETA é o valor que resulta da aplicação da taxa de
imposto à matéria coletável.
FASE 4: COBRANÇA DO IMPOSTO
• Definição:

A COBRANÇA é o pagamento do imposto por parte do


contribuinte sujeito passivo e a entrada do valor do imposto
nos cofres do Estado.

• A cobrança é a última das 4 fases da vida do imposto e,


quando ela se concretiza, extingue-se o seu efeito pois
cumpriu-se a prestação tributária.

• A cobrança é efetuada através das Tesourarias da Fazenda


Pública, ou seja, nas Repartições de Finanças
FASE 4: COBRANÇA DO IMPOSTO
• A cobrança de dívidas fiscais faz-se em duas modalidades:

– Pagamento voluntário (sempre que o contribuinte o cumpre dentro


do prazo estabelecido na lei)
– Cobrança coerciva (sempre que o pagamento não for efetuado até ao
final do prazo, legalmente estabelecido)

• Expirado o prazo legal para o pagamento do imposto, a DGCI


instaura um processo de execução fiscal.

• A partir do dia seguinte ao final do prazo para o pagamento


voluntário, começam a vencer-se juros moratórios (de mora).
• Definição:
Os Juros Moratórios são os juros devidos pelo atraso de pagamento
das obrigações fiscais, cujas taxas (de juro) estão fixadas na lei
TRIBUTAÇÃO DIRETA E TRIBUTAÇÃO
INDIRETA
• Tributação Direta:
Incide sobre todos os rendimentos auferidos epatrimónio
detido.
Exemplos impostos tributação direta: IRC e IRS.

• Tributação Indireta:
Incide sobre todos os atos (despesa e/ou
consumo).
Exemplo imposto tributação indireta: IVA

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