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Ema Glória

1. O Decreto-Lei n.º 22/16, de 22 de fevereiro prevê a aplicação de uma coima


às publicações informativas que não tratem em igualdade de condições
todos os candidatos a eleições locais. Em face desta disposição normativa, a
Comissão Nacional de Eleições aplicou uma coima a uma rádio local com o
fundamento de esta ter organizado um debate entre os candidatos dos dois
maiores partidos às eleições para a câmara municipal, excluindo todos os
demais.
Concorda com a aplicação desta coima?

A Comissão Nacional de Eleições (órgão do Estado) faz uma interpretação


do decreto-lei e aplica uma coima, ou seja, é uma Interpretação Oficial. É
uma interpretação que não tem eficácia externa, não tem efeito vinculativo,
vincula apenas os que trabalham para eles.
Temos de ter em conta o Elemento teleológico, no sentido de perceber qual
é que é a rácio desta norma, ou seja, o se pretende evitar? Pretende evitar
que haja concorrentes prejudicados face a outros, ou seja, procura
salvaguardar a igualdade das candidaturas.
Perante isto, suscitasse uma questão, que é a questão de efetivamente uma
rádio fazer um programa que claramente prejudica uns candidatos face a
outros e a montante temos uma regra jurídica que não prevê precisamente
uma sanção para as rádios, mas apenas para as publicações informativas.
De facto, parece que o legislador ao querer acautelar a igualdade entre
todos os candidatos do quadro da imprensa, nas palavras da lei se
esqueceu de prever a situação das rádios e só previu as publicações
informativas, portanto, temos uma interpretação extensiva, isto é, há uma
desarmonia entre a letra e o espírito da lei, portanto, o legislador disse
menos do que o que queria ter dito e por isso, vamos estender a todas as
situações que deviam estar regidas por aquelas situações.

Nota: Publicações informativas, tipicamente não são rádios, nem tv´s, são
publicações escritas, portanto, falarmos de rádios já ultrapassa aquilo que
são os sentidos da palavra publicação à luz do art.9º, nº2, portanto,
Interpretação Extensiva.
Ema Glória

OUTRA OPÇÃO:

Também podemos estar perante uma Interpretação Declarativa, porque


publicações abrange tudo aquilo que é publicado, seja rádio, televisão,
jornais e revistas.

2. Suponha que para evitar que os alunos ERASMUS durmam no campus, um


regulamento da Universidade Europeia prevê que é proibido dormir no
Campus, sob pena de aplicação de sanções pelo Reitor. José, professor da
Universidade, adormeceu durante 5 minutos no bar da Faculdade logo após
o almoço.
Ser-lhe-á aplicável o disposto no regulamento? Pode ser sancionado pelo
Reitor?

O que o regulamento prevê é que é proibido dormir no campus e quem


dormir pode ser sancionado.
Qual é a razão desta norma? O elemento teleológico é evitar que os alunos
Erasmus durmam no campus.
Mas, a regra ficou demasiado ampla, porque qualquer situação de que
qualquer pessoa que durma no campus pode ser sancionada (segurança).
Se formos demasiado literalistas concluímos que é uma regra problemática.
Portanto, olhamos para o Elemento literal e teleológico e vemos que o
preceito ficou demasiado amplo. Os termos em que a regra está escrita
estão demasiado amplos, e portanto, se a letra esta demasiado aberta
temos de a fechar, ou seja, procedemos a uma interpretação restritiva, para
evitar que situações como a do professor que adormeceu depois do almoço
na cadeira do bar não seja sancionado pelo reitor, isto baseado no elemento
teleológico.

3. Perante os comportamentos desagradáveis de Manuel, a sua mulher


Beatriz, médica anestesista, decidiu colocar anestésicos na sopa de Manuel,
que o deixaram a dormir por três dias. Logo que acordou, e apercebendo-se
do sucedido, Manuel, considerando-se agredido, desfere vários murros em
Ema Glória

Beatriz, a qual consegue, no depois, esconder-se, telefonar à Polícia e


descrever o sucedido. Aprecie as condutas.

Quando a Beatriz coloca medicamentos na sopa de Manuel incorre numa


situação de ofensa à integridade do mesmo, e, portanto, temos uma sanção
punitiva criminal.
Por Beatriz ser médica podia ser alvo de uma sanção preventiva e até
mesmo expulsa da ordem dos médicos e deixar de exercer, por fazer este
tipo de atuações que são verdadeiramente criminosas.
A reação de Manuel não foi de todo uma ação de legitima defesa, porque
não temos um requisito essencial da legitima defesa que é a atualidade,
portanto, a atuação de Manuel é uma agressão sem qualquer base na tutela
privada.

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