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Registro Imobiliário: Teoria e Prática

Semana 03

• Verificar a atuação básica do Registro de Imóveis em face das Cédulas


de Crédito, Retificações, Georreferenciamento, Aquisição de Imóvel Rural
por Estrangeiro, Estatuto da Cidade e Alienação Fiduciária;
• Identificar que há legislações esparsas com reflexos imediatos no
Registro Imobiliário, por isso precisam ser conhecidas e estudadas, a fim de
que o operador do Direito atue tecnicamente de modo correto;
• Ter um contato mais aprofundado e reflexivo com a Lei nº 6.015/73
(Lei dos Registros Públicos), com a Lei nº 9.514/97 (alienação fiduciária),
com a Lei nº 10.267/01 (georreferenciamento), Leis nº 5.709/71 e 6.634/79
(Aquisição de Imóvel Rural por Estrangeiro, fora e dentro da Faixa de
Fronteira, respectivamente), Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01) e com
a vasta legislação que trata das Cédulas de Crédito [Rural (Decreto-lei nº
167/67), Industrial (Decreto-lei nº 413/69), Exportação (Lei nº 6.313/75),
Comercial (Lei nº 6.840/80), Produto Rural (Lei nº 8.929/94), Bancário (Lei nº
10.931/04) e Imobiliário (Lei nº 10.931/04)].

Estimado(a) colega e aluno(a), muito bom reencontrá-lo(a) para


trabalharmos juntos. Vamos lá, com ânimo e disposição, para nossa terceira
e última semana de estudos da disciplina “Registro Imobiliário: Teoria e
Prática”.

Os temas da exposição, desta semana, são muito amplos e requerem


muita atenção! Vejamos...

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Semana 03

Cédulas de Crédito

Sobre esta matéria, recomendo a você estudar os textos e a planilha


que foram disponibilizados na Sala Virtual. Esses materiais darão um bom
embasamento para suas reflexões, ok?!

Retificações

Hodiernamente, a sociedade está evoluindo e os ordenamentos jurídicos


sendo aprimorados para reconhecer o consenso como meio de resolução
de suas questões. Até a publicação da Lei nº 10.931/04, que alterou a Lei
nº 6.015/73 (arts. 212 ao 214), entre outras, era preciso uma ação judicial
para que fosse autorizada a retificação de um registro imobiliário. Assim,
hoje é possível se alcançar uma retificação diretamente através do Registro
Imobiliário, sem a necessidade de um processo judicial para tanto. Mas, para
isso, a participação de potenciais interessados é necessária no expediente
de retificação.

Importa destacar que as retificações têm por mote fazer com que o
sistema registral esteja constantemente sendo aprimorado. Visa, com isso,
a observância dos princípios registrais. Por exemplo, quando a descrição
de um imóvel é precária, o instituto da retificação pode ser aplicado para
oportunizar o cumprimento do princípio da especialidade objetiva e, em
última instância, a segurança jurídica.

É preciso compreender que existem diversas formas de retificação, umas


mais simples, outras mais complexas de serem implementadas. O inciso I
do art. 213 da Lei nº 6.015/73 contém os casos de retificação simples, para
os quais não se exige a participação dos ocupantes dos imóveis lindeiros.
Entretanto, se o caso incidir no inciso II (alteração de área ou inclusão de
medidas perimetrais), tal providência será fundamental.

Os procedimentos a serem observados pelo Registrador Imobiliário

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estão expressos nos parágrafos do art. 213. Este relevante profissional do


Direito (art. 3º da Lei nº 8.935/94) atuará como presidente do ato, exigindo
o cumprimento das formalidades definidas pela lei para que só então possa
deferir o ato de retificação, via averbação.

Georreferenciamento

Introdução

Cadastro não é registro. O cadastramento do imóvel rural tem como


órgão responsável o INCRA, o qual emite o Certificado de Cadastro de
Imóvel Rural – CCIR1.

Este cadastramento simples não se confunde com o especial, também


conhecido como Georreferenciamento, o qual tem fonte normativa
conforme segue:

• Lei nº 10.267/01
• Decreto nº 4.449/02
• Decreto nº 5.570/05
• Ofícios-Circulares nº 123 a 125/07-CGJ/RS
• Decreto nº 7.620/11 (de 21 de novembro de 2011)

1 LEI Nº 4.947/66
Art. 22 - A partir de 1º de janeiro de 1967, somente mediante apresentação do Certificado de Cadastro, expedido
pelo IBRA e previsto na Lei n º 4.504, de 30 de novembro de 1964, poderá o proprietário de qualquer imóvel rural
pleitear as facilidades proporcionadas pelos órgãos federais de administração centralizada ou descentralizada,
ou por empresas de economia mista de que a União possua a maioria das ações, e, bem assim, obter inscrição,
aprovação e registro de projetos de colonização particular, no IBRA ou no INDA, ou aprovação de projetos de
loteamento.
§ 1º - Sem apresentação do Certificado de Cadastro, não poderão os proprietários, a partir da data a que se refere
este artigo, sob pena de nulidade, desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda imóveis rurais.
§ 2º - Em caso de sucessão causa mortis nenhuma partilha, amigável ou judicial, poderá ser homologada pela
autoridade competente, sem a apresentação do Certificado de Cadastro, a partir da data referida neste artigo.
§ 5o Nos casos de usucapião, o juiz intimará o INCRA do teor da sentença, para fins de cadastramento do imóvel
rural. (Parágrafo incluído pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)
§ 6o Além dos requisitos previstos no art. 134 do Código Civil e na Lei no 7.433, de 18 de dezembro de 1985, os
SERVIÇOS NOTARIAIS são obrigados a mencionar nas escrituras os seguintes dados do CCIR: (Parágrafo incluído
pela Lei nº 10.267, de 28.8.2001)
I – código do imóvel;
II – nome do detentor;
III – nacionalidade do detentor;
IV – denominação do imóvel;
V – localização do imóvel.

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Questões específicas relacionadas com o georreferenciamento

a) Comunicações para Atualização dos Dados Cadastrais


Decreto nº 4.449/02
Art. 4º Os serviços de registros de imóveis ficam obrigados a comunicar
mensalmente ao INCRA as modificações ocorridas nas matrículas,
decorrentes de mudanças de titularidade, parcelamento, desmembramento,
loteamento, unificação de imóveis, retificação de área, reserva legal e
particular do patrimônio natural, bem como outras limitações e restrições
de caráter dominial e ambiental, para fins de atualização cadastral.
Art. 5º O INCRA comunicará, mensalmente, aos serviços de registros
de imóveis os códigos dos imóveis rurais decorrentes de mudança de
titularidade, parcelamento, desmembramento, loteamento e unificação, na
forma prevista no § 1º do art. 4º.
Parágrafo único. Os serviços de registro de imóveis efetuarão na
matrícula respectiva, de ofício, a averbação do novo código do imóvel
fornecido pelo INCRA.

b) Conceito
Art. 9º A identificação do imóvel rural, na forma do § 3º do art.
176 e do § 3º do art. 225 da Lei no 6.015, de 1973, será obtida a partir
de memorial descritivo elaborado, executado e assinado por profissional
habilitado e com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica - ART,
contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis
rurais, georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, e com precisão
posicional a ser estabelecida em ato normativo, inclusive em manual técnico,
expedido pelo INCRA.
§ 1º Caberá ao INCRA certificar que a poligonal objeto do memorial
descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro
georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme
ato normativo próprio.
§ 2º A certificação do memorial descritivo pelo INCRA não implicará
reconhecimento do domínio ou a exatidão dos limites e confrontações
indicados pelo proprietário.
§ 3º Para os fins e efeitos do § 2º do art. 225 da Lei no 6.015, de 1973,
a primeira apresentação do memorial descritivo segundo os ditames do
§ 3º do art. 176 e do § 3º do art. 225 da mesma Lei, e nos termos deste
Decreto, respeitados os direitos de terceiros confrontantes, não caracterizará

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irregularidade impeditiva de novo registro desde que presente o requisito


do § 13 do art. 213 da Lei no 6.015, de 1973, devendo, no entanto, os
subseqüentes estar rigorosamente de acordo com o referido § 2º, sob
pena de incorrer em irregularidade sempre que a caracterização do imóvel
não for coincidente com a constante do primeiro registro de memorial
georreferenciado, excetuadas as hipóteses de alterações expressamente
previstas em lei. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005)

c) Forma de Retificação
§ 4º Visando a finalidade do § 3º, e desde que mantidos os direitos de
terceiros confrontantes, não serão opostas ao memorial georreferenciado
as discrepâncias de área constantes da matrícula do imóvel. (Redação dada
pelo Decreto nº 5.570, de 2005)
§ 5º O memorial descritivo, que de qualquer modo possa alterar o registro,
resultará numa nova matrícula com encerramento da matrícula anterior
no serviço de registro de imóveis competente, mediante requerimento do
interessado, contendo declaração firmada sob pena de responsabilidade
civil e criminal, com firma reconhecida, de que foram respeitados os direitos
dos confrontantes, acompanhado da certificação prevista no § 1º deste
artigo, do CCIR e da prova de quitação do ITR dos últimos cinco exercícios,
quando for o caso. (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005)
§ 6º A documentação prevista no § 5º deverá ser acompanhada de
declaração expressa dos confinantes de que os limites divisórios foram
respeitados, com suas respectivas firmas reconhecidas.
§ 8º Não sendo apresentadas as declarações constantes do § 6º, o
interessado, após obter a certificação prevista no § 1o, requererá ao oficial
de registro que proceda de acordo com os §§ 2º, 3º, 4º, 5º e 6º do art. 213
da Lei no 6.015, de 1973.

d) Casos de Exigência e Prazos


Art. 10. A identificação da área do imóvel rural, prevista nos §§ 3º e 4º do
art. 176 da Lei no 6.015, de 1973, será exigida nos casos de desmembramento,
parcelamento, remembramento e em qualquer situação de transferência de
imóvel rural, na forma do art. 9º, somente após transcorridos os seguintes
prazos: (Redação dada pelo Decreto nº 5.570, de 2005)
I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou
superior;
II - um ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil

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hectares;
III - cinco anos, para os imóveis com área de quinhentos a menos de
mil hectares;
IV - dez anos, para os imóveis com área de duzentos e cinquenta a
menos de quinhentos hectares; (Redação dada pelo Decreto nº 7.620, de
2011)
V - treze anos, para os imóveis com área de cem a menos de duzentos
e cinquenta hectares; (Incluído pelo Decreto nº 7.620, de 2011)
VI - dezesseis anos, para os imóveis com área de vinte e cinco a menos
de cem hectares; e (Incluído pelo Decreto nº 7.620, de 2011)
VII - vinte anos, para os imóveis com área inferior a vinte e cinco hectares.
(Incluído pelo Decreto nº 7.620, de 2011)
§ 2º Após os prazos assinalados nos incisos I a IV do caput, fica defeso
ao oficial do registro de imóveis a prática dos seguintes atos registrais
envolvendo as áreas rurais de que tratam aqueles incisos, até que seja feita
a identificação do imóvel na forma prevista neste Decreto: (Redação dada
pelo Decreto nº 5.570, de 2005)
I - desmembramento, parcelamento ou remembramento; (Incluído pelo
Decreto nº 5.570, de 2005)
II - transferência de área total; (Incluído pelo Decreto nº 5.570, de 2005)
III - criação ou alteração da descrição do imóvel, resultante de qualquer
procedimento judicial ou administrativo. (Incluído pelo Decreto nº 5.570, de
2005)
§ 3º Ter-se-á por início de contagem dos prazos fixados nos incisos do
caput deste artigo a data de 20 de novembro de 2003.

Decreto nº 5.570/05
Art. 2º A identificação do imóvel rural objeto de AÇÃO JUDICIAL,
conforme previsto no § 3º do art. 225 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, será exigida nas seguintes situações e prazos:
I - imediatamente, qualquer que seja a dimensão da área, nas ações
ajuizadas a partir da publicação deste Decreto;
II - nas ações ajuizadas antes da publicação deste Decreto, em trâmite,
serão observados os prazos fixados no art. 10 do Decreto no 4.449, de 2002.

e) Jurisprudências Específicas

Ementa: AGRAVO INTERNO. AÇÃO DE USUCAPIÃO. FASE REGISTRAL.

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GEORREFERENCIAMENTO. NECESSIDADE. É exigido o georreferenciamento


para a identificação de imóvel rural, objeto de ação judicial (art. 2º do
Decreto n.º 5570/2005). Mantida a interlocutória que indeferiu o pedido
de dispensa dogeorreferenciamento para o registro da área usucapida.
DECISÃO QUE SE MANTÉM POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS,
TENDO EM VISTA A AUSÊNCIA DE ELEMENTOS CAPAZES DE ALTERAR A
CONVICÇÃO FORMADA. NEGADO PROVIMENTO AO AGRAVO INTERNO.
UNÂNIME. (Agravo Nº 70041169434, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Nelson José Gonzaga, Julgado em 03/03/2011)

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE USUCAPIÃO. FASE


REGISTRAL. GEORREFERENCIAMENTO. NECESSIDADE. É exigido o
georreferenciamento para a identificação de imóvel rural, objeto de ação
judicial (art. 2º do Decreto n.º 5570/2005). Mantida a interlocutória que
indeferiu o pedido de dispensa dogeorreferenciamento para o registro da
área usucapida. NEGADO SEGUIMENTO ao recurso, por decisão monocrática.
(Agravo de Instrumento Nº 70040552929, Décima Oitava Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson José Gonzaga, Julgado em
23/12/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. USUCAPIÃO. PEDIDO DE DISPENSA DO


GEORREFERENCIAMENTO. INDEFERIMENTO. EXISTÊNCIA, NO MESMO
FEITO, DE DECISÃO COLEGIADA, TRÂNSITA EM JULGADO, DETERMINANDO
A REALIZAÇÃO DO ATO PROCEDIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO
AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO, POR DECISÃO DO RELATOR. (Agravo
de Instrumento Nº 70039896832, Décima Oitava Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Pedro Celso Dal Pra, Julgado em 17/11/2010)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. USUCAPIÃO. BENS IMÓVEIS.


GEORREFERENCIAMENTO. NECESSIDADE PARA REGISTRO. Sendo pacífico
o entendimento desta Corte acerca da necessidade da realização de
georreferenciamento para o registro do imóvel, impõe-se que o julgador
a quo requeira a realização de tal levantamento, sob pena de tornar
inócua a determinação contida na sentença. Nos termos do art. 33, do
Código de Processo Civil, o autor deve arcar com os honorários da perícia
requerida pelo magistrado. Porém, litigando o demandante sob o pálio
da AJG, tal verba deve ser suportada pelo Estado. Precedentes da Corte.
AGRAVO PROVIDO. DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº

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70038549317, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:


Walda Maria Melo Pierro, Julgado em 21/09/2010)

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. USUCAPIÃO. CERTIFICAÇÃO JUNTO


AO CADASTRO NACIONAL DE IMÓVEIS RURAIS. GEORREFERENCIAMENTO.
DOCUMENTAÇÃO EXIGÍVEL SOMENTE QUANDO DO REGISTRO
IMOBILIÁRIO. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. AGRAVO PROVIDO DE
PLANO. (Agravo de Instrumento Nº 70028344737, Décima Sétima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado
em 21/01/2009)

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. USUCAPIÃO (BENS IMÓVEIS).


GEORREFERENCIAMENTO. FASE PROCESSUAL. NECESSIDADE INEXISTENTE.
Presente nos autos levantamento planimétrico que permite conhecer a exata
extensão do imóvel pretendido usucapir, prescindível se mostra a realização
de georreferenciamento, obrigatório apenas para fins de registro no Álbum
Imobiliário. AGRAVO PROVIDO DE PLANO. (Agravo de Instrumento Nº
70026512467, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Bernadete Coutinho Friedrich, Julgado em 29/09/2008).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGISTRO DE IMÓVEIS. RETIFICAÇÃO.


OBRIGATORIEDADE DA REALIZAÇÃO DE GEORREFERENCIAMENTO,
INDEPENDENTEMENTE DA DIMENSÃO DA ÁREA CUJO REGISTRO
IMOBILIÁRIO SE PRETENDE RETIFICAR. DECRETOS NS. 4.449/2002 E
5.570/2005. OFÍCIO-CIRCULAR N. 123/2007-CGJ. O art. 2º do Decreto n.
5.570/2005 especifica que a identificação de imóvel rural objeto de ação
judicial prevista no § 3º do art. 225 da Lei n. 6.015/1973 e proposta a
partir da publicação do referido Decreto deve ser exigida imediatamente,
qualquer que seja a dimensão da área. Obrigatória, portanto, a realização
de georreferenciamento na hipótese dos autos, porque proposta, a ação,
mais de um ano depois de publicado o Decreto n. 5.570/2005. RECURSO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70022778906, Vigésima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino Flores de Camargo,
Julgado em 30/07/2008).

Ementa: Dúvida. Registro de imóveis. Imóvel rural em condomínio com


mais de 500 hectares. Escritura pública de compra e venda de parte da área.
Georreferenciamento. Desnecessidade. Hipótese em que não transcorreu o

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prazo legal de 08 anos, de modo que não se faz necessária a apresentação


do georreferenciamento, nos termos do artigo 10, IV, §3º, do Decreto nº
4.449/02, com redação dada pelo Decreto nº 5.570/05. Apelação provida.
(Apelação Cível Nº70043693605, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Carlos Cini Marchionatti, Julgado em 31/08/2011).

Aquisição de Imóvel Rural por Estrangeiro

Para melhor compreensão do assunto, analisar o artigo em anexo.

Alienação Fiduciária

ASPECTOS RELEVANTES DA CRIAÇÃO DO INSTITUTO

Caso da Encol: Súmula do STJ prestigiando os contratos ocultos em


detrimento de hipoteca registrada.

Restrição a Financiamentos com base na Hipoteca

A insegurança jurídica inibiu novas contratações (financiamentos) e


aumentou o custo das transações imobiliárias (a segurança jurídica está
diretamente relacionada com o custo do dinheiro e reflexamente dos
direitos).

Necessidade de um novo instrumento: Criação da alienação Fiduciária.


Idéia central: Patrimônio Afetado.

FORMA DO CONTRATO

Redações revogadas

Art. 38. Os contratos resultantes da aplicação desta Lei, quando


celebrados com pessoa física, beneficiária final da operação, poderão ser
formalizados por instrumento particular, não se lhe aplicando a norma do
art. 134, II, do Código Civil.

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Art. 38. Os contratos de compra e venda com financiamento e alienação


fiduciária, de mútuo com alienação fiduciária, de arrendamento mercantil,
de cessão de crédito com garantia real e, bem assim, quaisquer outros atos
e contratos resultantes da aplicação desta Lei, mesmo aqueles constitutivos
ou translativos de direitos reais sobre imóveis, poderão ser celebrados por
instrumento particular, a eles se atribuindo o caráter de escritura pública,
para todos os fins de direito, não se lhes aplicando a norma do art. 134, II,
do Código Civil. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.223, de 2001)

Art. 38. Os contratos de compra e venda com financiamento e alienação


fiduciária, de mútuo com alienação fiduciária, de arrendamento mercantil, de
cessão de crédito com garantia real poderão ser celebrados por instrumento
particular, a eles se atribuindo o caráter de escritura pública, para todos os
fins de direito. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)

Redação em vigor:

Art. 38. Os atos e contratos referidos nesta Lei ou resultantes da


sua aplicação, mesmo aqueles que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis, poderão ser
celebrados por escritura pública ou por instrumento particular com efeitos
de escritura pública. (Redação dada pela Lei nº 11.076, de 2004)

O QUE É UM INSTRUMENTO PARTICULAR COM EFEITOS DE ESRITURA


PÚBLICA? Para alguns, a análise deve ser feita como se fosse uma escritura
pública, observando de modo complementar o art. 4º do Decreto nº
93.240/86. Outrossim, para outros a análise é feita como instrumento
particular, razão pela qual exigem, por exemplo, o reconhecimento das
firmas dos contratantes e testemunhas com base no art. 221, II, da Lei nº
6.015/73.

REQUISITOS DO CONTRATO

A própria Lei nº 9.514/97 indica os requisitos do contrato, os quais


precisam ser de conhecimento do Registro Imobiliário para fins de exigência
do seu cumprimento.

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São eles:

Art. 24. O contrato que serve de título ao negócio fiduciário conterá:


I - o valor do principal da dívida;
II - o prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito
do fiduciário;
III - a taxa de juros e os encargos incidentes;
IV - a cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a descrição
do imóvel objeto da alienação fiduciária e a indicação do título e modo de
aquisição;
V - a cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre
utilização, por sua conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária;
VI - a indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do
imóvel e dos critérios para a respectiva revisão;
VII - a cláusula dispondo sobre os procedimentos de que trata o art. 27.

GARANTIAS

É importante compreender quais são as garantias que podem ser


pactuadas com base na legislação. Vejamos o art. 17 da Lei nº 9.514/97:

Art. 17. As operações de financiamento imobiliário em geral poderão


ser garantidas por:
I - hipoteca;
II - cessão fiduciária de direitos creditórios decorrentes de contratos de
alienação de imóveis;
III - caução de direitos creditórios ou aquisitivos decorrentes de
contratos de venda ou promessa de venda de imóveis;
IV - alienação fiduciária de coisa imóvel.
§ 1º As garantias a que se referem os incisos II, III e IV deste artigo
constituem direito real sobre os respectivos objetos.
§ 2º Aplicam-se à caução dos direitos creditórios a que se refere o inciso
III deste artigo as disposições dos arts. 789 a 795 do Código Civil.
§ 3º As operações do SFI que envolvam locação poderão ser garantidas
suplementarmente por anticrese.

Art. 18. O contrato de cessão fiduciária em garantia opera a transferência


ao credor da titularidade dos créditos cedidos, até a liquidação da dívida

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garantida, e conterá, além de outros elementos, os seguintes:


I - o total da dívida ou sua estimativa;
II - o local, a data e a forma de pagamento;
III - a taxa de juros;
IV - a identificação dos direitos creditórios objeto da cessão fiduciária.

ATOS REGISTRAIS PROCEDIDOS PELO REGISTRO DE IMÓVEIS

Lei nº 6.015/73 – ATO DE REGISTRO


Art. 167, I
35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel. (Incluído pela
Lei nº 9.514, de 1997)
(ver art. 23 da Lei nº 9.514/97)

Lei nº 6.015/73 – ATO DE AVERBAÇÃO


Art. 167, II
17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando
submetidos a regime fiduciário.(Incluído pela Lei nº 9.514, de 1997)
(ver arts. 8º, 10, 11 e 16 da Lei nº 9.514/97)

DEMAIS ATOS REGISTRAIS

Qual ato praticar quando ocorrer o cancelamento da alienação fiduciária


e do regime fiduciário? Averbação.

Qual ato praticar quando ocorrer a consolidação da propriedade em


nome do credor fiduciário? Averbação.

E se os leilões forem negativos, pode o Registro de Imóveis proceder a


algum ato? Se sim, qual ato? Sim, através de ato de averbação.

DEMAIS PROCEDIMENTOS

Cumprimento normal das obrigações: Art. 25


Descumprimento das obrigações: Arts. 26 e 27

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CESSÕES

CREDOR: ART. 25
Art. 35. Nas cessões de crédito a que aludem os arts. 3º, 18 e 28 é
dispensada a notificação do devedor.

DEVEDOR: ARTS. 26 e 27

JURISPRUDÊNCIAS

REsp 1.263.500: Em face do art. 49, §3º, da Lei nº 11.101/05, devem


ser excluídos dos efeitos da recuperação judicial os créditos que possuem
garantia de cessão fiduciária.

REsp 881.270: Bem gravado com propriedade fiduciária, transferido à


terceiro à revelia do credor, é ato de clandestinidade incapaz de motivar a
posse; logo, não gera a usucapião ao terceiro.

REsp 251.427: Maquinário fixado artificialmente ao solo não pode ser


considerado bem imóvel para efeitos de alienação fiduciária.

REsp 910.207: Penhora dos “direitos” do devedor fiduciante.

REsp 1.155.716: A consolidação da propriedade de imóvel pelo credor


da dívida lhe dá a posse automática do bem.

Processo 0020189-10.2011.8.26.0100 (SP): Art. 26, §4º, da Lei nº


9.514/97: Notificação e publicação de edital. Não se admite a notificação
ficta, como ocorre no CPC (citação por hora marcada). Logo, é bem restrita
a possibilidade de publicação de edital.

Processo 0014550-74.2012.8.26.0100 (SP): Art. 29 da Lei nº 9.514/97:


Necessidade de prévia anuência do credor fiduciário em caso de partilha
de bens por separação/divórcio em que os direitos de devedor fiduciante
foram partilhados apenas para um dos cônjuges.

Processo 0006136-24.2011.8.26.0100 (SP): Art. 38 da Lei nº 9.514/97:


Necessidade de escritura pública.

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Enunciado 325 É impenhorável, nos termos da Lei nº 8.009/90, que


dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família, o direito real de
aquisição do devedor fiduciante.

Enunciado 506 Estando em curso contrato de alienação fiduciária, é


possível a constituição concomitante de nova garantia fiduciária sobre o
mesmo bem imóvel, que, entretanto, incidirá sobre a respectiva propriedade
superveniente que o fiduciante vier a readquirir, quando do implemento da
condição a que estiver subordinada a primeira garantia fiduciária; a nova
garantia poderá ser registrada na data em que convencionada e será eficaz
desde a data do registro, produzindo efeito ex tunc.

Enunciados 511 e 567 O fiduciante, ou seu representante legal ou


procurador regularmente constituído, será intimado, a requerimento do
fiduciário, pelo oficial do competente Registro de Imóveis, a satisfazer,
no prazo de 15 dias, a prestação vencida e as que se vencerem até a
data do pagamento, os juros convencionais, as penalidades e os demais
encargos contratuais, os encargos legais, inclusive tributos, as contribuições
condominiais imputáveis ao imóvel, além das despesas de cobrança e
de intimação. Decorrido o prazo sem a purgação da mora, o oficial do
competente Registro de Imóveis, certificando esse fato, promoverá a
averbação, na matrícula do imóvel, da consolidação da propriedade em
nome do fiduciário, à vista da prova do pagamento por este, do imposto de
transmissão inter vivos e, se for o caso, do laudêmio. Uma vez consolidada
a propriedade em seu nome, o fiduciário, no prazo de 30 dias, contados
da data daquele registro, promoverá público leilão para a alienação do
imóvel. Do leilão, mesmo que negativo, será lavrada ata que, subscrita pelo
leiloeiro, poderá ser averbada no registro de imóveis competente, sendo a
transmissão da propriedade do imóvel levado a leilão, sendo formalizada
mediante contrato de compra e venda. A avaliação do imóvel para efeito
do leilão deve contemplar o maior valor entre a avaliação efetuada pelo
município para cálculo do ITBI devido para a consolidação da propriedade
no patrimônio do credor fiduciário e o critério fixado contratualmente.

Estatuto da Cidade

Do Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01), o Registro de Imóveis deve

15
Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

conhecer que existem institutos jurídicos com reflexo imediato e outros com
aplicação indireta. Desapropriação, usucapião, superfície são institutos com
atos previstos explicitamente no rol do art. 167 da Lei nº 6.015/73. Porém, a
outorga onerosa do direito de construir, por exemplo, vai ter acesso através
da averbação de uma construção, a qual será autorizada apenas após o
necessário ajuste junto ao Município, sem vinculação direta com o Registro
Imobiliário.

É importante que o Registrador conheça as novidades da lei, todas as


implicações do Plano Diretor perante o andamento do serviço (controle
das aprovações), a necessidade da realização de audiências públicas ou do
Estudo de Impacto de Vizinhança para a instalação de empreendimentos
de grande porte, por exemplo. Enfim, são inúmeras as questões que dizem
respeito ao Registro de Imóveis e que podem interessar ao Registrador
consciente e preocupado com as questões locais.

E, para finalizar, é preciso deixar aqui uma crítica aos Municípios, pois
contam com institutos e mecanismos jurídicos excelentes para que a cidade
cumpra sua função social, mas, na grande maioria das vezes, deixam de ser
utilizados ou por desconhecimento, ou por desídia, o que vai de encontro
ao interesse público. Aqui o Registro Imobiliário pode atuar contribuindo
com seus conhecimentos para o desenvolvimento da cidade.

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

Fórum

No Fórum da Semana 3, analisaremos situações concretas


enfrentadas pelos Tribunais (jurisprudências sobre Cédulas de Crédito,
Georreferenciamento e Estatuto da Cidade), as quais serão apresentadas e
discutidas para compreender melhor os institutos e conceitos.

Analise as seguintes jurisprudências e exponha seu posicionamento


crítico.

1. RETIFICAÇÕES

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RETIFICAÇÃO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. No


que pese não haver indicação de prejuízos a terceiros, é de fundamental
relevância a desproporção entre a área pretendida a retificar e a área já
registrada, resultando em aumento de área de aproximadamente 104,73%.
Assim, havendo indícios de pretensão de aquisição de área é preciso cautela,
pois não restou devidamente comprovado o erro registral. NEGARAM
PROVIMENTO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70036835130, Vigésima
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rubem Duarte, Julgado em
06/07/2011

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. REGISTRO DE IMÓVEIS, DÚVIDA SUSCITADA.
REGISTRO DE FORMAL DE PARTILHA. DIFERENÇA DE DESCRIÇÃO, DE
MEDIDAS E DE ÁREAS. IMPROPRIEDADES DO TÍTULO. PRETENSÃO DE
RETIFICAÇÃO EM VIA INADEQUADA. 1. Tratando-se de processo de dúvida,
o objeto a ser apreciado, tanto na via administrativa como na judicial, é a
habilitação do título a ser levado a registro. Pretensões de retificação de
área só podem ser enfrentadas e decididas em ação de retificação, seja
no âmbito administrativo, seja no judicial, cuidando-se de distinto bem da
vida a ser tutelado, na medida em que seu objeto é o registro, enquanto
viciado por erro. Distinção entre os procedimentos regulados pelos arts.
198/202 e pelos arts. 212/213, todos da Lei dos Registros Públicos. 2. O
título levado a registro, formal de partilha, apresenta três impropriedades

17
Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

que o desabilitam a registro: a) a descrição compreende um único imóvel


enquanto a transcrição imobiliária indica a existência de dois pedaços de
terra distintos e separados entre si; b) as divisas da nova descrição estão
divorciadas daquelas constantes do registro público; c) significativa mudança
na descrição da área. 3. Procedência da dúvida por fundamentos distintos
aos da sentença. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70027488212,
Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine
Harzheim Macedo, Julgado em 12/03/2009)

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO.


AUSÊNCIA DE INTERESSE. Inviável o processamento de inicial de pedido
de divisão cumulado com demarcação, quando a discussão envolve na
realidade a sobra de áreas em relação ao constante no Registro Imobiliário,
das áreas que foram objeto de partilha em inventário. Assim, a questão não
pode ser resolvida como mera demarcação entre condôminos, sem antes se
passar pela retificação de registro de todas as áreas envolvidas. Negaram
provimento ao apelo. Unânime. (Apelação Cível Nº 70014850721, Décima
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mario Rocha Lopes
Filho, Julgado em 26/04/2007)

Fonte: 2009.036583-1 Tipo: Acórdão TJSC Data de Julgamento:


25/10/2011
Data de Aprovação Data não disponível
Data de Publicação: 01/11/2011
Estado: Santa Catarina
Cidade: Ascurra
Relator: Saul Steil
Legislação: Art. 213, da Lei nº 6.015/73.
Ementa

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO IMOBILIÁRIO.


DESMEMBRAMENTO. FÁTICO DO IMÓVEL EM QUATRO ÁREAS DISTINTAS
EM RAZÃO DA PASSAGEM DE VIAS. PÚBLICAS. NECESSIDADE DE NOVAS
MATRÍCULAS. INEXISTÊNCIA DE ERRO DA ÁREA DESCRITA NO REGISTRO.
IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. Somente há possibilidade jurídica para a
propositura de ação de retificação de registro quando a área nele mencionada
esteja incorreta. Havendo desmembramento fático da área primitiva em

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

duas outras, incabível se torna a sua permanência sob matrícula única, já


que distintos os imóveis e, assim, a retificação não é o meio hábil para a
substituição de um registro por outro ou mesmo o seu cancelamento. (Ap.
Cív. nº 52.195, de Blumenau, rel. Des. Carlos Prudêncio, j. 08.09.1998).

http://www.irib.org.br/html/noticias/noticia-detalhe.php?not=4783

CSM/SP: Imóvel rural seccionado por estrada. Divisão amigável.


Matrícula – abertura. Área inferior ao módulo rural.

Não é possível a abertura de matrícula decorrente de divisão amigável


para imóvel rural com área inferior ao módulo rural especificado para a
região, ainda que este tenha sido seccionado por estrada.

O Conselho Superior da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado de


São Paulo (CSM/SP) julgou a Apelação Cível nº 0006806-14.2014.8.26.0664,
onde se decidiu não ser possível a abertura de matrícula decorrente de divisão
amigável para imóvel rural com área inferior ao módulo rural especificado
para a região, ainda que este tenha sido seccionado por estrada. O acórdão
teve como Relator o Desembargador Hamilton Elliot Akel e o recurso foi,
por unanimidade, julgado improvido.

Trata-se de apelação interposta que busca reformar a sentença


proferida pelo juízo a quo, que julgou procedente a dúvida suscitada e
manteve a qualificação negativa da escritura pública de divisão amigável do
imóvel rural. Em suas razões, os apelantes sustentaram, em síntese, que a
apresentação do número do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR)
para a gleba menor é desnecessária, pois o desmembramento da gleba
original é decorrente de apossamento administrativo do Poder Público
ocorrido há mais de 50 anos e não de ato voluntário. Ademais, afirmaram
que não se trata de parcelamento irregular do solo e que não podem manter
na mesma matrícula mais de um imóvel. Por tal motivo, pleiteiam a abertura
de matrícula para a gleba menor, ainda que inferior ao módulo rural.

Ao analisar o caso, o Relator observou que não houve desapropriação


formal da área ocupada pela estrada, já que tal fato não consta na matrícula
imobiliária, devendo o título apresentado ser qualificado de acordo com
a realidade registral existente. Além disso, afirmou que o título pretende

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

extinguir o condomínio existente, dividindo o imóvel em dois, sendo que


um deles possuirá área inferior ao módulo de propriedade rural da região.
Por tal motivo, o Relator concluiu que “sob a ótica registral, o que se tem
é um imóvel descrito sem qualquer seccionamento ou desapropriação,
cuja divisão pretendida implicaria a abertura de matrícula com área inferior
ao módulo rural, o que não é permitido.” Finalmente, apontou que, sem a
apresentação do CCIR, também não é possível a abertura da matrícula para
o imóvel rural, conforme exigência contida no art. 176, § 1º, II, 3, “a” da Lei
de Registros Públicos e no Item 58, II, do Capítulo XX das Normas de Serviço
da Corregedoria Geral da Justiça de São Paulo.

Diante do exposto, o Relator votou pelo improvimento do recurso.

Fonte: 2007.049728-0
Tipo: Acórdão TJSC
Data de Julgamento: 01/12/2011
Data de Aprovação Data não disponível
Data de Publicação: 23/01/2012
Estado: Santa Catarina
Cidade: Blumenau
Relator: Henry Petry Junior
Legislação: Art. 267, VI, do Código de Processo Civil e arts. 212 e 213 da
Lei nº 6.015/73
Ementa

APELAÇÃO CÍVEL. COISAS. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO


IMOBILIÁRIO. EXTINÇÃO DO PROCESSO NA ORIGEM. CARÊNCIA DE
AÇÃO. – PRETENDIDO ACRÉSCIMO DE ÁREA AO IMÓVEL. AUMENTO
SUBSTANCIAL. INSCRIÇÃO REGISTRÁRIA. DIMENSÕES DA GLEBA. AUSÊNCIA
DE OMISSÃO OU IMPRECISÃO. INTUITO DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PRETENSÃO ESCORADA PELO USUCAPIÃO.
– SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. - “A ação de retificação
de registro não se presta para a aquisição de propriedade de imóvel
sem o correspondente título dominial, nem tampouco para o acréscimo
significativo da área original” (STJ, REsp. n. 689.628/ES. Quarta Turma, Rel.
Min. CESAR ASFOR ROCHA, j. em: 06.12.2005). Constatada a intenção dos
autores de ampliar em 113.406,41 m² (cento e treze mil, quatrocentos e seis,
quarenta e um metros quadrados) a área do imóvel, não havendo omissão

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

ou imprecisão das medidas apostas no registro e aliada à existência de


impugnação por parte de terceiro interessado, resta caracterizada a real
pretensão de aquisição de propriedade, o que não é possível por meio de
ação retificatória, mas, sim, por usucapião.

2. GEORREFERENCIAMENTO

AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGISTRO DE IMÓVEIS. RETIFICAÇÃO.


OBRIGATORIEDADE DA REALIZAÇÃO DE GEORREFERENCIAMENTO,
INDEPENDENTEMENTE DA DIMENSÃO DA ÁREA CUJO REGISTRO
IMOBILIÁRIO SE PRETENDE RETIFICAR. DECRETOS NS. 4.449/2002 E
5.570/2005. OFÍCIO-CIRCULAR N. 123/2007-CGJ. O art. 2º do Decreto n.
5.570/2005 especifica que a identificação de imóvel rural objeto de ação
judicial prevista no § 3º do art. 225 da Lei n. 6.015/1973 e proposta a
partir da publicação do referido Decreto deve ser exigida imediatamente,
qualquer que seja a dimensão da área. Obrigatória, portanto, a realização
de georreferenciamento na hipótese dos autos, porque proposta, a ação,
mais de um ano depois de publicado o Decreto n. 5.570/2005. RECURSO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70022778906, Vigésima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Aquino Flores de Camargo,
Julgado em 30/07/2008)

3. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA

“Processual civil. Locação. Penhora. Direitos. Contrato de alienação


fiduciária. O bem alienado fiduciariamente, por não integrar o patrimônio
do devedor, não pode ser objeto de penhora. Nada impede, contudo, que
os direitos do devedor fiduciante oriundos do contrato sejam constritos.
Recurso especial provido.” (REsp 260.880-RS, rel. Min. Félix Fischer, DJ
12.2.2001).

“O bem sujeito à alienação fiduciária não pode ser penhorado em


execução fiscal enquanto devedor o fiduciante, visto que aquele bem não lhe
pertence. Trata-se, portanto, de mero possuidor sujeito à responsabilidade
dos depositários. Porém nada obsta a constrição dos direitos que lhe advêm
do contrato, pois o art. 11, VIII, da Lei n. 6.830/1980 (Lei de Execuções

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

Fiscais) permite a constrição de direitos e ações. Precedentes citados: REsp


795.635-PB, DJ 7/8/2006; REsp 679.821-DF, DJ 17/12/2004, e REsp 260.880-
RS, DJ 12/2/2001. REsp 910.207-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em
9/10/2007).

Questionário Avaliativo

Nesta última semana, você precisará responder a atividade avaliativa da


disciplina, que contempla questões relacionadas aos conteúdos estudados.

Para ter aprovação na disciplina, você precisará obter nota igual ou


superior a sete no Questionário Avaliativo.

Acesse o Questionário Avaliativo, leia atentamente as questões e


registre suas respostas.

COLÉGIO REGISTRAL DO RIO GRANDE DO SUL. www.colegioregistralrs.


org.br

http://eduardoaugusto-irib.blogspot.com.br/. Ver temas sobre


retificação, georreferenciamento e aquisição de imóvel rural por estrangeiros.

GOMES, Marília Passos Apoliano. Da possibilidade de efetivação do


direito fundamental à moradia por meio das Zonas Especiais de Interesse
Social. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2598, 12 ago. 2010. Disponível em:
<http://jus.uol.com.br/revista/texto/17112>. Acesso em: 3 nov. 2010.

JURISPRUDÊNCIA REGISTRAL: http://www.kollemata.com.br

IRIB. www.irib.org.br

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Registro Imobiliário: Teoria e Prática
Semana 03

http://www.polis.org.br/publicacoes_interno.asp?codigo=160

http://www.citiesalliance.org/ca/node/1948

http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/
biblioteca/plano-diretor/publicacoes-institucionais/o-estatuto-da-cidade-
comentado

http://www.scribd.com/doc/30527708/O-Estatuto-Da-Cidade-
Comentado

http://www2.mp.pr.gov.br/direitoshumanos/mur_pub03.php

http://bit.ly/1GxFeto

http://vecam.org/article527.html

http://spol.unica.it/teleamm/

http://marcusfilgueiras.blogspot.com/2008/12/processo-
administrativo-eletrnico-no.html

http://www.luiseduardocarvalho.blogspot.com/

http://www.ibdu.org.br/

http://www.direitodoestado.com.br/

http://www.direitopublico.com.br/

http://www.ipdu.pe/

http://www.aidu-dirittourbanistico.it/

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http://www.diritto.it/materiali/urbanistica/index.html

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ALFONSIN, Betânia de Moraes. Direito a moradia: instrumentos e


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