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Registro de Imóveis
Georreferenciamento
1.1 Georreferenciamento

Georreferenciar um imóvel é definir a sua forma, dimensão e localização, através de


métodos de levantamento topográfico que vai tornar as coordenadas geográficas do imóvel
conhecidas em um dado sistema de referência. É obrigatório para todas as propriedades rurais.

O Incra, em atendimento ao que preconiza a Lei 10.267/01, exige que este


georreferenciamento seja executado de acordo com a sua Norma Técnica para
Georreferenciamento de Imóveis Rurais, que impõe a obrigatoriedade de descrever seus limites,
características e confrontações através de memorial descritivo executado por profissional
habilitado – com a emissão da devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), por parte
do CREA – contendo as coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais,
georreferenciadas ao Sistema Geodésico Brasileiro, com a precisão posicional de 50 cm sendo
atingida na determinação de cada um deles (art. 176, § 4º, da Lei 6.015/75, com redação dada
pela Lei 10.267/01).

Cabe ao INCRA, além de proceder a descrição com a técnica de georeferenciamento, a


responsabilidade em certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe
a nenhuma outra constante do seu cadastro e que o memorial atende às exigências técnicas,
conforme ato normativo próprio.

São duas as exigências previstas em lei: 1) tornar a descrição do imóvel com a técnica do
georreferenciamento, procedimento feito pelo engenheiro contratado e; 2) certificação do
poligonal objeto do memorial descritivo, ato de responsabilidade do INCRA. Não estará
cumprida a lei, se não forem realizadas as duas providências.

1.2 Casos exigidos e prazos

A identificação (descrição) georreferenciada é obrigatória sempre que o imóvel rural sofrer


desmembramento, parcelamento, remembramento, e qualquer outra espécie de alteração no
seu corpo, bem como na hipótese de alienação, a teor do art. 176, § 4º, da Lei nº 6.015/73:

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§ 4º A identificação de que trata o § 3º tornar-se-á obrigatória para
efetivação de registro, em qualquer situação de transferência de imóvel
rural, nos prazos fixados por ato do Poder Executivo.

A norma é complementada pelo art. 10 do Decreto Federal nº 4.449/2002 (cuja redação


foi alterada pelo art. 50 do Decreto nº 9.311/2018), que estabeleceu prazos, de acordo com a
área superficial ostentada pelo imóvel, para a obrigatoriedade do georreferenciamento, os quais
(prazos) se aplicam tanto para os casos de alteração do corpo do imóvel quanto para os casos
de alienação:

Art. 10. A identificação da área do imóvel rural, prevista nos §§ 3o e 4o do


art. 176 da Lei no 6.015, de 1973, será exigida nos casos de
desmembramento, parcelamento, remembramento e em qualquer situação
de transferência de imóvel rural, na forma do art. 9o, somente após
transcorridos os seguintes prazos:

I - noventa dias, para os imóveis com área de cinco mil hectares, ou


superior;

II - um ano, para os imóveis com área de mil a menos de cinco mil hectares;

III - cinco anos, para os imóveis com área de quinhentos a menos de mil
hectares;

IV - dez anos, para os imóveis com área de duzentos e cinquenta a menos


de quinhentos hectares;

V - quinze anos, para os imóveis com área de cem a menos de duzentos e


cinquenta hectares;

VI - vinte anos, para os imóveis com área de vinte e cinco a menos de cem
hectares; e

VII - vinte e dois anos, para os imóveis com área inferior a vinte e cinco
hectares.

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§ 2º Após os prazos assinalados nos incisos I a IV do caput, fica defeso ao
oficial do registro de imóveis a prática dos seguintes atos registrais
envolvendo as áreas rurais de que tratam aqueles incisos, até que seja feita
a identificação do imóvel na forma prevista neste Decreto:

I - desmembramento, parcelamento ou remembramento; (Incluído pelo


Decreto nº 5.570, de 2005)

II - transferência de área total; (Incluído pelo Decreto nº 5.570, de 2005)

III - criação ou alteração da descrição do imóvel, resultante de qualquer


procedimento judicial ou administrativo.

§ 3º Ter-se-á por início de contagem dos prazos fixados nos incisos do


caput deste artigo a data de 20 de novembro de 2003.

O §3º do citado artigo fixa a data a partir da qual se contarão os prazos fixados no caput
do art. 10. Vide o quadro abaixo para melhor ilustrar, os prazos que ainda estão por se findar:

ÁREA DO IMÓVEL VENCIMENTO DO PRAZO DE CARÊNCIA


100 a menos de 250 hectares VENCIDO
25 a menos de 100 hectares 20/11/2023
0 a menos de 25 hectares 20/11/2025

O art. 225, § 3º, da lei nº 6.015/73 dispõe que a descrição georreferenciada também deve
ser adotada nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, independentemente de sua
dimensão e área:

Art. 225 - Os tabeliães, escrivães e juizes farão com que, nas escrituras e
nos autos judiciais, as partes indiquem, com precisão, os característicos, as
confrontações e as localizações dos imóveis, mencionando os nomes dos
confrontantes e, ainda, quando se tratar só de terreno, se esse fica do lado
par ou do lado ímpar do logradouro, em que quadra e a que distância

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métrica da edificação ou da esquina mais próxima, exigindo dos
interessados certidão do registro imobiliário.

§ 3º Nos autos judiciais que versem sobre imóveis rurais, a localização, os


limites e as confrontações serão obtidos a partir de memorial descritivo
assinado por profissional habilitado e com a devida Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART, contendo as coordenadas dos vértices
definidores dos limites dos imóveis rurais, geo-referenciadas ao Sistema
Geodésico Brasileiro e com precisão posicional a ser fixada pelo INCRA,
garantida a isenção de custos financeiros aos proprietários de imóveis rurais
cuja somatória da área não exceda a quatro módulos fiscais.

Desse modo, as retificações judiciais ou administrativas de área de imóveis rurais também


estão sujeitas à obrigatoriedade do georreferenciamento, respeitadas as hipóteses e os prazos
legais. Não sendo o caso de georreferenciamento obrigatório, a retificação poderá ser feita
independentemente.

1.3 Procedimento

O procedimento será iniciado com a prenotação do título na serventia, apresentados, no


mínimo: a) requerimento do titular do domínio com firma reconhecida; b) memorial descritivo
e planta com descrição georreferenciada do imóvel rural; c) certificação dos trabalhos técnicos
no INCRA; d) ART, quitada do profissional habilitado para realização do ato.

Assim, o procedimento para o georreferenciamento consiste em três etapas:

1. O profissional habilitado executa os serviços de campo e de elaboração do memorial


descritivo e planta;
2. Obtenção junto ao INCRA, por meio do sistema SIGEF, da certificação de que a poligonal
objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu
cadastro georreferenciado, e que o memorial atende às exigências técnicas;
3. Averbação, na matrícula do imóvel, da descrição apurada no levantamento
georreferenciado;

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Registros públicos / Alberto Gentil ... [et.al.]. – 3. Ed. – Rio de Janeiro: Método, 2022. 1312 p.; 23cm.

Manual de direito civil: volume único / Flávio Tartuce. – 10. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2020.

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