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AULA TEÓRICA 22/03/2024

22 de março de 2024 18:35

A Posse é um Direito, para além disso, é um Direito Real.


Há quem não entenda que seja um Direito Real, porque tem alguma fragilidade em termos de regime, porque em termos de ações de
restituição da posse e manutenção pode existir alguma fragilidade, e caso se entenda alguma fragilidade nas ações possessórias (Oliveira
Ascensão), O artigo 1281.º do Código Civil representa o limite da ação de defesa da posse, será por causa destes limites que não existe a
questão de Direito Real na posse.
O professor Bonifácio dita que o artigo 1281.º não é impeditivo, existem limites, mas não parecem abrir dificuldades relativamente à sua
natureza.

Vamos entrar no Estudo do Registo Predial, pelo qual configura uma aquisição tertium genus.
- Existe uma relação umbilical entre o registo e o direito civil, uma nota que o professor quer fazer é que nós temos de estar atento
ao artigo 408.º do Código Civil, é uma regra e princípio (Princípio do Consensualismo), se existir um contrato de compra e venda
válido, a coisa imóvel ou móvel, imagine-se que A vende a B um terreno, se esta venda for válida, no momento da celebração da
escritura pública, B torna-se proprietário, porque nós temos o sistema do CC Napoleónico com o princípio da consensualidade, que
é o mero efeito do contrato
- Contrariamente ao direito alemão e espanhol, A vende a B, se não existir registo, a propriedade não se transmite
- O registo português tem um efeito mais de proteção

- Objeto do Registo Predial: Artigo 1.º, destina-se a dar publicidade aos imóveis, o registo não tira ou dá direitos, mas o registo dá
publicidade à sua situação juridica, e protege este mesmo, a tutela dos direitos reais tem dois níveis de publicidade:
- Publicidade organizada
- Publicidade simples

- Princípios estruturantes do Registo Predial:


- Princípio da Instância: está presente no artigo 41.º, ou seja, somente é registado o imóvel quando o sujeito legítimo o faz, o
notário pode promover o registo ou a parte interessada no próprio registo

- Princípio da Obrigatoriedade do Registo: artigo 8-A e 8-B, existem algumas entidades com obrigatoriedade de registo,
podemos encontrar, em termos hipotéticos, situações de não registo. / no artigo 2.º temos obrigatoriedade de registo numa
lista enorme.

- Princípio da prioridade: no artigo 6.º, ou seja, temos uma regra clássica de prevalência.

- Princípio do Trato Sucessivo: encontra-se no artigo 34.º do Código do Registo Predial, o registo deve transmitir uma cadeia
ininterrupta de transmissões ou onerações (a sua violação resulta em nulidade do artigo 16.º/E do CRegPred)

- O artigo 408.º dita que existem exceções, pelo qual existe a compra com reserva de propriedade (artigo 409.º), nesta perspetiva
aquisitiva, devemo-nos focar do que se trata dos Efeitos Registais

- Efeitos Registais (quando se regista um imóvel, quais são os efeitos que o Registo tem presente?):
- Efeito enunciativo: artigo 4.º/1, dita que podem ser invocados pelas próprias partes e herdeiros, ou seja, ele dita que o
registo não dá nem tira direitos, A transmite a coisa a B, este último torna-se proprietário, se for registar, boa, se não for
registar, epá, também é bom. Ou seja, estamos num plano de publicidade no artigo 4.º.
- É um pouco contrário ao Direito Alemão, pelo qual eles exigem o registo para que se valide a propriedade.
- Temos uma exceção relativamente ao efeito enunciativo, que é um efeito constitutivo, no artigo 4.º/2, que consiste
nas situações de hipoteca (direito real de garantia), podemos dizer que a hipoteca somente é válida quando ela é
registada

- Efeito Consolidativo: está presente no artigo 5.º/1, diz-nos que A vende a B, B é titular da coisa, mas se B registar, esta
situação fica protegida, quer dizer que o artigo 5.º representa que o Direito de B é existente antes do registo, mas após o
registo existe uma proteção acrescida e um reforço da sua defesa contra possíveis oponibilidades, para B se acautelar, ele
deve efetuar este registo.

- Efeito Presuntivo: existe uma presunção de direito existente por parte do registo (no artigo 7.º), mas temos aqui uma
presunção ilidível, ou seja, pode ser revertida.

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- Efeito Atributivo: O artigo 17.º/2 invoca situações muito complexas relativamente a um terceiro, se o D se registar e estiver
como terceiro de boa-fé, se cumprir com os efeitos do artigo 17.º/2, podemos ter situações em que alguém que não é titular
da coisa, pode ser premiado porque registou, se a lei não der a propriedade, o registo poderá dar essa propriedade. Imagine-
se que A vende a B, B não regista, imagine-se que A vende a C, mas se C vender a D, e este último registar, pode ser
proprietário (artigo 17/2.º do CRegPred + artigo 298.º do CC).

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