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A transmissão do direito real de propriedade tem por base dois grandes sistemas:
• Sistema francês (sistema do título): apenas o título é necessário para que haja a
transmissão da propriedade. O contrato é suficiente transferir o direito de propriedade.
Para a transmissão da propriedade imobiliária, basta o título. É o próprio contrato que
transmite a propriedade. Existe um motivo para a França ter adotado esse sistema, e
esse motivo é a Revolução Francesa. Na época da Revolução Francesa, os bens de capital
(terras) eram um dos maiores símbolos da perpetuação do sistema de castas que
existiam, do sistema de privilégios, da nobreza, dos proprietários de terras que existiam.
Então, um contraponto feito desde logo pelo Código Napoleônico foi a eleição do
contrato como o elemento central econômico que viabilizava a ascensão da burguesia,
e como forma de prestigiá-lo, determinou-se que o próprio contrato transmitisse a
propriedade, independentemente da prática de qualquer ato. É verdade que a
propriedade imobiliária tinha ainda um sistema registral para produção de efeitos
contra terceiros e publicidade (oponibilidade erga omnes), ou seja, um sistema
declarativo; mas a transmissão em si se dava através do título, isto é, no exato momento
da celebração do negócio jurídico. Então, em uma compra e venda que se queria
praticar, o comprador pagava o preço, o vendedor entregava a coisa, e a propriedade
se transmitia no momento da celebração do contrato. Esse sistema francês se contrapõe
ao sistema alemão.
• Sistema alemão (sistema do modo): aqui há uma completa desvinculação entre o ato
de registro e a celebração do negócio jurídico. Primeiro se celebra o negócio jurídico
(exemplo: compra e venda), e depois se pratica outro ato no Registro Imobiliário. E é
esse outro ato que transmite o direito de propriedade e fica completamente
desvinculado com o negócio jurídico. A esse fenômeno do direito alemão, dá-se o nome
de Princípio da Abstração. O negócio jurídico fica completamente desvinculado ao seu
exercício, separado da execução. Por isso, no direito alemão, o registro não é
contaminado pelo título e, consequentemente, tem-se uma presunção absoluta de
veracidade.
Assim, o direito registral brasileiro toma como base o direito alemão, mas não o
utiliza em sua integralidade, vez que nós (Brasil) temos a necessidade de registrar o título que,
por sua vez, pode contaminar o registro e faz presunção relativa de veracidade (juris tantum).
Nos termos do artigo 1.784 do CC, os direitos são transmitidos no exato momento
da morte (princípio ou direito de saisine). Os direitos não ficam acéfalos um só segundo.
Quando a pessoa falece, ela transmite todo o seu patrimônio aos seus sucessores,
ainda que esses sucessores não saibam do falecimento, e ainda que a partilha não seja feita.
O que acontece, na verdade, é que esses direitos são reunidos numa massa
(espólio), que é transmitida de forma unitária, com natureza imobiliária inclusive (artigo 80, II,
do CC). E essa massa patrimonial é transmitida imediatamente e de forma indivisa porque o
nosso ordenamento parte do pressuposto da ideia de que os direitos não podem ficar sem
titular.
A simples destinação pública que o poder público faz de uma área anteriormente
particular já o torna proprietário, independendo de registro para tanto. O registro é declaratório.
A propriedade da terra se torna pública simplesmente por ser pública a sua
destinação. No momento em que a terra é vinculada a uma determinada finalidade pública, o
Poder Público adquire a propriedade.
Exemplo: o Poder Público vai construir uma barragem no rio próximo a um sítio, e
promete ao sitiante que o local não seria afetado pela inundação. Ocorre que o sitiante chega
ali, em um belo dia, e constata que seu sítio está, em sua maior parte, debaixo d’água. Ali
aconteceu um esbulho possessório, uma desapropriação indireta. O sitiante não conseguirá
mais reivindicar a propriedade daquela área porque ela está afetada ao serviço público, mas
poderá pleitear uma indenização (no máximo) pela desapropriação que se realizou por ato de
força do Poder Público.
A aquisição dos imóveis públicos segue uma lógica diferente, porque o particular
perde esse direito de reivindicar a área e passa a ter ao seu favor o direito de uma indenização,
sujeita a prescrição.
Enunciado 503 Jornadas DCiv CEJ/CJF: “É relativa a presunção de propriedade decorrente do registro imobiliário,
ressalvado o sistema Torrens”.