Você está na página 1de 64

Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Matéria: Direito Penal


Professor: Dicler Forestieri Ferreira
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

Aula 3 – Teoria do Crime (Parte 2)

Sumário
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

1- Ilicitude ou Antijuridicidade ............................................................ 4


2- Causas Excludentes de Ilicitude ...................................................... 6
2.1- Estado de Necessidade .................................................................................................. 8
2.2- Legítima Defesa........................................................................................................... 11
2.3- Estrito Cumprimento do Dever Legal ............................................................................ 14
2.4- Exercício Regular de Direito ......................................................................................... 15
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

2.5- Excesso Punível ........................................................................................................... 16


2.6- Ofendículos ................................................................................................................. 17

3- Culpabilidade ............................................................................. 18
3.1- Teoria Limitada x Teoria Extremada ............................................................................. 20
3.2- Pressupostos e Excludentes da Culpabilidade ............................................................... 22
4- Lista de exercícios ......................................................................... 35
5- Gabarito ........................................................................................ 45
6- Questões Comentadas ................................................................... 46
7- Referencial Bibliográfico................................................................ 64

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 2 de 64
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br
3 de 64
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Teoria e Questões comentadas
Direito Penal
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

1- Ilicitude ou Antijuridicidade

Ainda estudando os elementos do crime no contexto da teoria geral do


crime, hoje vamos tratar da ilicitude e da culpabilidade.
Lembre-se que a teoria tripartida didaticamente divide o crime em fato
típico, ilicitude e culpabilidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Crime

Antijurídico
Fato Típico Culpável
(ou Ilícito)
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Excludentes de
Elementos: Elementos:
Ilicitude:

Conduta Legítima Defesa Imputabilidade

Potencial
Estado de
Resultado Consciência sobre
Necessidade
a Ilicitude do Fato

Estrito
Nexo de Exigibilidade de
Cumprimento do
Causalidade Conduta Diversa
Dever Legal

Exercício Regular
Tipicidade
do Direito

Como nós já estudamos o fato típico na aula anterior, agora é a vez da


ilicitude e da culpabilidade.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 4 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
A antijuridicidade (ou ilicitude) é a contradição entre uma conduta e o
ordenamento jurídico.
A doutrina costumava mencionar duas espécies de antijuridicidade: a
formal e a material. A antijuridicidade formal seria a mera contrariedade
existente entre a conduta e a norma penal (lei), o que acabava por confundi-la
com a própria tipicidade (que significa a subsunção do fato à norma). A
antijuridicidade material seria a contrariedade da conduta em relação ao
sentimento comum de justiça (é o caráter antissocial do fato típico).
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Na verdade, para haver crime não basta a mera correspondência


da conduta humana ao tipo que a lei descreve (tipicidade), sendo
preciso, ainda, que essa conduta constitua uma lesão a um interesse
juridicamente protegido. A antijuridicidade deve, portanto, ser sempre
material, pois é a única que informa um juízo de valor sobre a conduta típica.
Nesse sentido, a antijuridicidade é toda conduta humana que fere o
interesse social protegido pela própria norma.
Quanto ao caráter da antijuridicidade, a doutrina indica a existência de
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

duas teorias: a subjetiva e a objetiva. Pela teoria subjetiva, o fato típico só


será antijurídico se o agente for dotado de capacidade para entender e avaliar
o caráter criminoso de sua conduta (os inimputáveis, dessa forma, não praticam
crime). Para a teoria objetiva, o fato típico será antijurídico
independentemente de o agente ser dotado de capacidade de avaliar o caráter
criminoso de sua conduta (os loucos, menores, silvícolas, portanto, praticam
crime embora esteja ausente a culpabilidade).

CARÁTER DA ANTIJURIDICIDADE

o fato típico só será antijurídico se o agente for


TEORIA SUBJETIVA dotado de capacidade para entender e avaliar o
caráter criminoso de sua conduta.

o fato típico será antijurídico mesmo que o agente


TEORIA OBJETIVA não seja dotado de capacidade para avaliar o caráter
criminoso de sua conduta.

Como decorrência do caráter indiciário da ilicitude, todo fato típico


presume-se antijurídico até prova em contrário, ou seja, até que esteja
demonstrada a presença de alguma causa que exclua a antijuridicidade da
conduta. Dessa forma, um fato típico não será ilícito ou antijurídico (mas
sim jurídico) quando existir uma causa excludente da ilicitude.
Concluindo, todo fato antijurídico é típico, mas nem todo fato típico
é antijurídico.

todos são

Antijurídico Típico

nem todos são

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 5 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

Mas você pode estar perguntando: Dicler, quais são as causas que
excluem a ilicitude?
A resposta será dada pelo próximo tópico.
Vamos a ele !!!
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

2- Causas Excludentes de Ilicitude

As causas excludentes de ilicitude (ou, ainda, justificativas, causas de


justificação, descriminantes, eximentes ou tipos permissivos) podem ser
genéricas ou específicas.
As causas específicas são as previstas na parte especial do Código
Penal, como por exemplo o art. 128 do CP:
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:


I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante
legal.

Podemos perceber, nesse artigo, que se um médico pratica um aborto


(conduta típica) para salvar a vida da gestante, por exemplo, não haverá crime,
já que a ilicitude fica afastada por um artigo específico do Código Penal. As
causas específicas não costumam cair em concursos.
As causas genéricas são as previstas na parte geral do Código Penal,
mais especificamente no art. 23:
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.

As causas genéricas são muito cobradas em concursos, e


estudaremos cada uma delas. Percebam também que a exclusão de ilicitude
exclui o próprio crime.
Além disso, parte da doutrina tem sustentado que existem causas
SUPRALEGAIS de exclusão de ilicitude, que seriam aquelas não expressas em
leis. Para essa doutrina, o direito não esgota todas as causas justificativas da
conduta humana e, por esse motivo, deve-se apreciar a ilicitude não apenas
com relação às normas legais, mas também com normas culturais e sociais.
Seria o caso, por exemplo, da mãe que fura a orelha da própria filha para colocar

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 6 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
um brinco ou de um sujeito que, consentindo, tem o braço tatuado por um
amigo. Nesse caso, nem a mãe nem o amigo responderiam por lesão corporal
por conta de uma excludente de ilicitude supralegal. Entretanto, essa posição
não é pacífica na doutrina, já que muitos autores acreditam que nesses casos
teríamos a exclusão do fato típico e nem chegaríamos à análise da
antijuridicidade. Para essa segunda corrente, a tipicidade considerada hoje é
também material, ou seja, analisa a contrariedade da conduta em relação ao
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

sentimento comum de justiça, e não apenas formal (correspondência entre o


fato concreto e a exata descrição da lei).
Seguem as principais causas supralegais de exclusão da ilicitude:
- ação socialmente adequada: é aquela que se realiza dentro do âmbito da
normalidade admitida pelas regras de cultura do povo – exemplo: corte de
cabelo do calouro aprovado no vestibular;
- princípio da insignificância: leva em consideração a insignificância das
lesões a um bem jurídico – exemplo: furto de caixa de fósforos;
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

- consentimento do ofendido em relação aos bens disponíveis: o


consentimento do ofendido, dependendo da situação, pode ter a natureza de
causa de exclusão da tipicidade, de causa supralegal de exclusão da
antijuridicidade ou de causa de diminuição da pena).

Específicas Previstas na parte especial do CP

Causas Legais Estado de Necessidade


de Exclusão de
Ilicitude
Legítima Defesa
Genéricas
Estrito Cumprimento do Dever
Legal

Exercício Regular de Direito

ação socialmente adequada


Causas
Supralegais princípio da insignificância
de Exclusão de
Ilicitude consentimento do ofendido em relação a
bens disponíveis

Vamos ao que mais importa para concursos, as causas de exclusão de


ilicitude genéricas:

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 7 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

Causas Genéricas de Exclusão de


Ilicitude

Estrito Exercício
Estado de Legítima
Cumprimento Regular de
Necessidade Defesa
de Dever Legal Direito
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Exclusão de ilicitude
Art. 23 do CP - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular
de direito.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo,
responderá pelo excesso doloso ou culposo.

2.1- Estado de Necessidade

O Estado de Necessidade é uma situação de perigo atual de interesses


protegidos pelo Direito, em que o agente, para salvar um bem próprio ou de
terceiros, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem.
Art. 24 do CP - Considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever
legal de enfrentar o perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado,
a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
São requisitos do estado de necessidade:
 situação de perigo ou situação de necessidade  deve ser atual;
 ameaça a direito próprio ou alheio  é necessário que os interesses em
litígio sejam protegidos pelo Direito;
 situação de perigo não causada voluntariamente pelo sujeito;
 inexistência de dever legal de enfrentar o perigo  o bombeiro, por
exemplo, não pode deixar de subir em um edifício incendiado invocando a
possibilidade de se queimar;

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 8 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
 inevitabilidade do comportamento lesivo  o agente não tem outro meio
de evitar o perigo a bem jurídico próprio ou de terceiros que não o de praticar
o fato necessitado; é inevitável a realização do comportamento lesivo;
 inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado  é o requisito da
proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem jurídico do
agente e a gravidade da lesão causada.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Perigo deve ser atual

O perigo deve antentar contra direito


Requisitos quanto próprio ou alheio
à situação de
perigo O perigo não pode ter sido causado
voluntariamente pelo agente

Requisitos Não pode existir dever legal de enfrentar


para o Estado o perigo
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

de
Necessidade
O comportamento deve ser inevitável

Requisitos quanto
O savrifício deve ser razoável
à conduta lesiva

O agente deve conhecer a situação


justificante

Percebemos também que, através do § 1º, pessoas com o dever legal de


enfrentar o perigo, tal como o bombeiro e o salva-vidas, não podem alegar o
estado de necessidade para se eximir de suas obrigações.

Exemplos clássicos de estado de necessidade cobrados em provas de


concursos
1. Dois náufragos nadam para uma tábua de salvação, onde só cabe uma
pessoa; para se salvar uma pessoa mata a outra;
2. Violação de domicílio para acudir vítimas de um outro crime;
3. Subtração de alimentos para salvar alguém de inanição;
4. Caso de antropofagia entre náufragos ou avião caído nos Andes;
5. Médico que deixa um paciente morrer para salvar outro, não tendo meios de
atender a ambos, etc.

O Código Penal adotou, como regra, o estado de necessidade


justificante pelo fato de permitir o sacrifício de bem de menor valor para salvar
outro de maior valor ou, pelo menos, sacrificar um bem de igual valor ao
sacrificado. Entretanto, em hipóteses excepcionais, adotou-se o estado de

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 9 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
necessidade exculpante, que ocorre quando o agente, numa situação de
perigo, sacrifica um bem jurídico alheio de valor superior ao defendido pela sua
conduta. Nesse caso, o juiz poderá tomar duas atitudes:
1. Aplicar o art. 24, § 2.º, do CP, que prevê a redução da pena de 1/3 a 2/3
quando, diante das circunstâncias subjetivas do agente, não era possível exigir-
lhe uma conduta diversa;
2. Excluir a culpabilidade se, pelas circunstâncias subjetivas do agente, não
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

seria possível exigir-lhe conduta diversa (esta é uma causa supralegal de


exclusão da culpabilidade).
Vamos esclarecer o assunto:

ESTADO DE NECESSIDADE

Permite o sacrifício de bem de menor valor para


JUSTIFICANTE
salvar outro de maior valor ou, pelo menos, o sacrifício
(regra no CP)
de um bem de igual valor ao sacrificado.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Ocorre quando o agente, numa situação de perigo,


EXCULPANTE
sacrifica um bem jurídico alheio de valor superior
(exceção no CP)
ao defendido pela sua conduta.

Quanto à pessoa que sofreu o sacrifício, o estado de necessidade pode


ser agressivo ou defensivo. O estado de necessidade agressivo ocorre
quando o agente sacrifica bem jurídico pertencente a um terceiro inocente para
preservar bem jurídico próprio ou alheio (nessa situação os prejuízos sofridos
pelo terceiro deverão ser reparados pelo autor da agressão que, por sua vez,
poderá pleitear o ressarcimento ao causador da situação de perigo, que causou
o estado de necessidade, por meio da via regressiva). O estado de
necessidade defensivo ocorre quando o agente sacrifica bem jurídico
pertencente ao causador da situação de perigo para preservar bem jurídico
próprio ou alheio (nesse caso, não haverá obrigação de reparar os prejuízos
sofridos ao causador da situação de perigo em virtude da ilicitude da sua
conduta).
ESTADO DE NECESSIDADE
Ocorre quando o agente sacrifica bem jurídico
AGRESSIVO pertencente a um terceiro inocente para preservar
bem jurídico próprio ou alheio.
Ocorre quando o agente sacrifica bem jurídico
DEFENSIVO pertencente ao causador da situação de perigo
para preservar bem jurídico próprio ou alheio.
O estado de necessidade recíproco ocorre quando duas pessoas se
encontram na mesma situação de perigo de modo que uma invoque o
estado de necessidade contra a outra (exemplo: dois náufragos disputam o
único colete salva-vidas – o que ganhar a disputa não terá praticado crime).
Entretanto, não se admite legítima defesa contra estado de
necessidade porque a pessoa que reage a um ataque justificado pelo estado
de necessidade estará também nesse estado, e não em legítima defesa, que
pressupõe uma agressão injusta.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 10 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

2.2- Legítima Defesa

A legítima defesa, tratada no art. 25 do Código Penal, ocorre quando a


pessoa, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, provocada por um ser humano, atual ou iminente, a direitos seus ou
de outrem.
Art. 25 do CP - Entende-se em legítima defesa quem, usando
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão,


atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
São seus requisitos:
 agressão humana injusta, atual ou iminente – agressão é a conduta
humana que ataca ou coloca em perigo um bem jurídico. Exige-se que seja
injusta, contrária ao ordenamento jurídico. Se a agressão for lícita, não há
legítima defesa. Além disso deve ser atual (está acontecendo) ou iminente (está
prestes a acontecer);
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

 direito do agredido (ou de terceiro) atacado – preserva-se o direito da


pessoa agredida. Não há legítima defesa se o agente provoca, há uma reação e
depois alega legítima defesa;
 repulsa com os meios necessários – o sujeito deve optar pelo meio
produtor de menor dano; se não resta outra alternativa, será necessário o meio
empregado;
 moderação na repulsa – encontrado o meio necessário, o sujeito deve agir
com moderação, isto é, não empregar além do que é necessário.
 conhecimento da situação justificante - mesmo se houver agressão
injusta, atual ou iminente, a legítima defesa fica afastada se o agente não
conhecia essa situação. Assim, se Paulo pretende matar Carlos, e este último
não sabe disso e dispara contra o primeiro, intencionalmente, Carlos não poderá
alegar legítima defesa pois não pretendia se defender, e sim praticar o crime.

Requisitos para a Legítima Defesa

O agente
A agressão
deve

deve pode
utilizar conhecer
ser ser

apenas os
a direito
meios moderada
atual ou próprio a situação
injusta necessários mente os
iminente ou justificante
para repelir meios
alheio
a agressão

Vale ressaltar que não age em legítima defesa quem aceita desafio para
luta, duelo ou briga. Outro ponto importante é que a lei brasileira não exige a
obrigatoriedade de o agente evitar a agressão (commudis discessus) na legítima

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 11 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
defesa, diferentemente do que ocorre com o estado de necessidade. No estado
de necessidade, a lei dispõe que “nem podia de outro modo evitar”, e não há
esse requisito para a legítima defesa. Assim, se durante a agressão o agente
tem a possibilidade de se defender com disparos ou fugir, ele pode fazer
qualquer um dos dois, podendo sempre exercitar seu direito de defesa quando
agredido, mesmo que haja outras formas de evitar a ameaça.
Aquele que atira em um cachorro que estava prestes a lhe atacar age em
estado de necessidade, pois não há uma agressão humana, mas sim animal,
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

não sendo possível se caracterizar a legítima defesa.


Entretanto, se for um animal treinado obedecendo ordens de seu dono, a
doutrina aceita a excludente da legítima defesa, tendo em vista que o animal é
utilizado como meio para uma agressão humana.
A seguir temos um quadro resumo com as principais diferenças entre
legítima defesa e estado de necessidade:
ESTADO DE NECESSIDADE LEGÍTIMA DEFESA
Conflito entre bens jurídicos. Ataque ou ameaça de lesão a um
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

bem jurídico
O bem jurídico é exposto a perigo. O interesse sofre uma agressão
O perigo pode advir de conduta A agressão deve ser humana.
humana, forças da natureza ou de
ataque de animais.
A situação de perigo deve ser A agressão injusta pode ser atual
atual. ou iminente.
A legítima defesa pode ser:

Legítima agressão injusta se volta contra


Quanto à Defesa Própria interesse do agente
titularidade
do interesse
Legítima
protegido agressão injusta se volta contra
Defesa de
interesse de terceiro
Terceiro

agressão injusta estiver


Real
Quanto ao efetivamente presente
aspecto
subjetivo do agente supõe, por erro, que
agente se encontra em uma
Putativa
Legítima situação que justifique a
defesa legítima defesa
pode ser
o agente apenas se defende,
Defensiva não atacando nenhum bem
Quanto ao jurídico do agressor
terceiro que
sofre a
quando o agente, além de se
ofensa
defender da agressão injusta,
Agressivo
ataca bem jurídico de terceiro
praticando fato típico

Legítima ocorre quando há repulsa ao


defesa excesso, ou seja, é a reação
sucessiva contra o excesso injusto

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 12 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
 Quanto à titularidade do interesse protegido:
a. Legítima Defesa Própria: quando a agressão injusta se volta
contra interesse do agente
b. Legítima Defesa de Terceiro: quando a agressão injusta ocorre
contra interesse de terceiro
 Quanto ao aspecto subjetivo do agente:
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

a. Real: quando a agressão injusta estiver efetivamente presente


b. Putativa: quando o agente supõe, por erro, que se encontra
em uma situação que justifique a legítima defesa. Aqui vale o
que falamos sobre estado de necessidade putativo: não exclui
a ilicitude da conduta e o agente responderá por erro de tipo ou
por erro de proibição, dependendo do caso concreto.
 Quanto ao terceiro que sofre a ofensa:
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

a. Defensiva: o agente apenas se defende, não atacando nenhum


bem jurídico do agressor
b. Agressivo: quando o agente, além de se defender da agressão
injusta, ataca bem jurídico de terceiro praticando fato típico.
Nesse caso não há crime, pois, a ilicitude da conduta fica
afastada.
 Legítima defesa sucessiva: ocorre quando há repulsa ao excesso, ou
seja, é a reação contra o excesso injusto. Vamos supor que Pedro dá
uma facada em João. João, para se defender, dispara diversos tiros
contra Pedro, sem necessidade desse excesso para conter a agressão.
Nesse caso, Pedro poderá se defender em legítima defesa contra o
excesso de João.

Vamos agora falar das hipóteses de cabimento e descabimento da


legítima defesa.
Hipóteses de cabimento da legítima defesa:

Hipóteses de Contra agressão injusta de inimputável (contra os atos


cabimento praticados por eles)
da legítima
defesa: Contra agressão acobertada por qualquer outra causa de
exclusão de culpabilidade

Legítima defesa real contra legítima defesa putativa

Legítima defesa real contra legítima defesa sucessiva

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 13 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

a) Contra agressão injusta de inimputável: ainda não estudamos a


inimputabilidade (ébrios habituais, menores de idade, doentes
mentais, etc.), mas vale ressaltar que cabe legítima defesa contra atos
praticados por eles.
b) Contra agressão acobertada por qualquer outra causa de
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

exclusão de culpabilidade: mesmo se o agressor não conheça o


caráter criminoso do ato praticado, cabe legítima defesa.
c) Legítima defesa real contra legítima defesa putativa: vamos
imaginar que Marcela vê Bruno colocando a mão no bolso, e acha que
este vai tirar uma arma para atirar nela. Bruno, na verdade, só tinha
o celular no bolso. Entretanto, se Marcela atirar em Bruno (legítima
defesa putativa), este pode proteger-se alegando legítima defesa real.
d) Legítima defesa real contra legítima defesa sucessiva: vamos
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

supor que Clara, agindo em legítima defesa, ataca Bruna com um pau
de madeira. Se Clara se excede no ataque, Bruna poderá se defender
alegando legítima defesa real.
Hipóteses de descabimento da legítima defesa:
Legítima defesa REAL contra legítima defesa REAL
Legítima defesa REAL contra estado de necessidade REAL
Legítima defesa REAL contra exercício regular de direito
Legítima defesa REAL contra estrito cumprimento do dever legal

Em todos esses casos, a agressão não é injusta, já que estamos falando


de causas de exclusão de ilicitude reais, impossibilitando a alegação de legítima
defesa.

2.3- Estrito Cumprimento do Dever Legal

Diferentemente do estado de necessidade e da legítima defesa, o Código


Penal não definiu o estrito cumprimento do dever legal, apenas afirmando que
não há crime quando o agente pratica o fato no estrito cumprimento do
dever legal. Assim, quem pratica uma conduta típica por força de uma
obrigação imposta por lei, não pode ser responsabilizado por ela.
No estrito cumprimento do dever legal o agente, apesar de praticar uma
conduta típica, age em estrito cumprimento de um dever que lhe é imposto por
lei. O agente não pratica crime, pois a excludente tira o caráter ilícito de sua
conduta.
Como exemplo, podemos citar o policial que cumpre mandado de prisão,
o oficial de justiça que executa mandado de despejo ou o carrasco que, nos
países onde a pena de morte é admitida, executa o condenado à morte.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 14 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
A excludente em questão pressupõe no executor um funcionário ou
agente público que age por ordem da lei, não se excluindo o particular que
exerça função pública (jurado, perito, mesário da Justiça Eleitoral etc.).
O dever legal decorre de lei, decreto, regulamento ou qualquer ato
administrativo, desde que de caráter geral. Não se admite a invocação dessa
excludente na hipótese de dever social, moral, religioso ou contratual. Se o
agente acredita na existência de um dever legal que, na verdade, não existe,
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

haverá o estrito cumprimento do dever legal putativo, que conduz a um erro


proibição.
O adjetivo estrito, além de limitar a incidência, exclui da justificativa
todos os atos que não se ajustarem perfeitamente ao comando normativo, como
aqueles que se excederem, atingindo as raias do abuso. O agente também deve
ter pleno conhecimento de que a sua conduta está amparada por essa
excludente.
O reconhecimento do estrito cumprimento de dever legal em relação a
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

um autor deve ser estendido ao coautor e aos partícipes do fato.


É importante destacar que não se admite cumprimento de dever
legal nos crimes culposos, pois a lei não obriga ninguém a não ser
imprudente, negligente ou imperito.

2.4- Exercício Regular de Direito

Da mesma forma que o estrito cumprimento do dever legal, o Código


Penal não possui uma definição para o exercício regular de direito, afirmando
apenas que é uma das causas excludentes de ilicitude. Esse instituto se
fundamenta na harmonia da ordem jurídica, já que uma ação que é permitida
por lei não pode ser, ao mesmo tempo, proibida pela mesma lei. Assim, o
exercício regular de um direito, mesmo que tipificado, nunca é antijurídico.
Essa causa de exclusão da antijuridicidade deriva de um princípio lógico,
pois a lei não poderia punir uma pessoa que exercitou regularmente um direito
reconhecido pelo próprio ordenamento jurídico. Sendo assim, esta excludente
caracteriza-se pela utilização de um direito ou faculdade que pode decorrer da
lei, de um fim social ou dos costumes, permitindo ao agente que pratique
condutas dentro dos limites estabelecidos e com finalidades diversas.
O ordenamento só pode punir o exercício irregular ou abusivo do direito.
Atualmente, o exercício abusivo de um direito é repudiado pelo novo Código
Civil, que considera que também comete ato ilícito (ilícito civil) o titular de um
direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (art. 187). Nessas
hipóteses de exercício irregular ou abusivo, portanto, a excludente deve ser
afastada (haverá antijuridicidade, portanto).
Nos esportes regulamentados, as lesões produzidas dentro dos limites
regulares estabelecidos para a sua prática não podem ser punidas por

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 15 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
constituírem exercício regular de direito. Haverá crime apenas quando ocorrer
excesso do agente, ou seja, quando a pessoa desobedecer intencionalmente às
regras esportivas, causando resultados lesivos (exemplo: violência
desproporcional cometida pelo jogador de futebol que chuta propositadamente
a boca de um adversário caído no chão). Por outro lado, nos esportes não
regulamentados a responsabilidade criminal pelas lesões deve ser analisada de
acordo com os seguintes mecanismos:
a) da adequação social, que pode excluir a tipicidade; ou
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

b) do consentimento do ofendido, que pode excluir a ilicitude.


No que tange às intervenções médicas e cirúrgicas, para a incidência
da excludente é indispensável o consentimento do paciente ou de seu
representante legal, sob pena de responder pelo delito de constrangimento
ilegal (art. 146 do CP). Na hipótese de iminente perigo de vida, a intervenção
médica poderá ser feita sem o consentimento do paciente, sem que isso
configure crime (exemplo: o médico poderá realizar a transfusão de sangue a
uma “testemunha de Jeová” que corre risco de vida, mesmo que esta tenha
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

negado o consentimento).

2.5- Excesso Punível

Haverá excesso nas excludentes de ilicitude, quando o agente intensificar


de forma desnecessária (dolosa ou culposa) a sua conduta (anteriormente lícita)
por meio do uso imoderado (desproporcional) dos meios necessários para
repelir agressão. Nessa situação, o agente sobre o qual recai o excesso poderá
se defender dessa agressão, configurando a chamada legítima defesa
sucessiva. Ou seja, alguém se defende do excesso na legítima defesa.
Excesso punível
Art. 23, Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste
artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
O excesso possui as seguintes modalidades:
– Excesso doloso (ou consciente): ocorre quando o agente deliberadamente
quer um resultado além do necessário, caso em que responderá por este como
crime doloso;
– Excesso culposo (ou inconsciente): ocorre quando o agente, quebrando o
dever objetivo de cuidado, dá causa a um resultado não desejado (involuntário)
em decorrência da utilização de um meio além do que era necessário;
responderá pelo excesso a título de culpa, se o resultado excessivo for previsto
como crime culposo;
– Excesso exculpante: ocorre quando a intensificação desnecessária resulta
da alteração do ânimo pelo medo ou a surpresa. Nessa hipótese o agente deve
ser absolvido por falta de culpabilidade em decorrência da inexigibilidade de
conduta diversa.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 16 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
CIÊNCIA DA SITUAÇÃO JUSTIFICANTE
Em qualquer excludente de ilicitude a sua alegação só gera efeitos se o
agente, no momento da conduta, sabia que estava amparado por uma causa
justificativa. Para exemplificar, se uma pessoa revida uma agressão injusta,
deve haver a consciência de estar agindo em legítima defesa.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

2.6- Ofendículos

Ofendículos são obstáculos, colocados pelo proprietário, que impedem a


penetração de alguém numa propriedade. Dessa forma eles dificultam que uma
pessoa invada um domicílio, bem jurídico protegido pelo art. 150 do CP.
Nas palavras de Fernando Capez: “são aparatos facilmente perceptíveis
destinados à defesa da propriedade e de qualquer outro bem jurídico. Exemplo:
cacos de vidro ou pontas de lança em muros e portões, telas elétricas,
cães bravios. Como trata-se de dispositivos que podem ser visualizados sem
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

dificuldade, passam a constituir exercício regular do direito de defesa da


propriedade, já que a lei permite até mesmo o desforço físico para a preservação
da posse (novo CC, § 1º do art. 1.210). Há quem os classifique como legítima
defesa preordenada, uma vez que, embora preparados com antecedência, só
atuam no momento da agressão”. De uma forma ou de outra, em regra, os
ofendículos constituem causa de exclusão de ilicitude.

SIM LEGÍTIMA DEFESA PREORDENADA

OFENDÍCULO EXISTE AGRESSÃO EXCLUDENTE DE


AUTUAL OU IMINENTE ILICITUDE

EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO


NÃO

Resumidamente, o que deve ficar na cabeça do concurseiro que vai fazer


uma prova é:
- se não houver uma agressão atual ou iminente ao direito de propriedade, ou
seja, se ninguém está querendo invadir a sua casa, os ofendículos configuram
uma forma de exercício regular de direito;
- a partir do momento que passa a existir uma agressão atual ou iminente ao
direito de propriedade, os ofendículos configuram uma legítima defesa
preordenada.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 17 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

3- Culpabilidade

Culpabilidade é o juízo de censura que recai sobre a formação e a


manifestação de vontade do autor de um fato típico e antijurídico e que tem
como objetivo a imposição da pena.
Já sei que essa definição ficou “feia”. Sendo assim, vamos facilitar as
coisas. Culpabilidade é o entendimento que será feito por quem julga,
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

sobre a capacidade que tinha o sujeito ativo do delito de saber o que


fazia no momento da conduta delituosa, de portar-se como a lei
desejava ou ainda de entender e perceber as circunstâncias,
motivações ou consequências desta conduta.
Para os que adotam a teoria bipartida, a culpabilidade não faz parte do
conceito de crime (fato típico e antijurídico), sendo apenas um mero
pressuposto para a aplicação da pena (é o elo entre o crime e a pena). Já para
os seguidores da teoria tripartida, a culpabilidade é elemento característico e
indissociável ao crime (fato típico, antijurídico e culpável).
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Por meio desse juízo de valor, verifica-se se o autor tinha a possibilidade


de realizar a conduta na direção da ordem jurídica e de evitar o mal cometido.
Pelo fato de a responsabilidade penal objetiva ter sido superada pela
subjetiva, a análise do dolo e da culpa passou a ser determinante para a
tipificação das condutas. A responsabilidade objetiva baseava-se
exclusivamente na relação natural de causa e efeito, punindo-se o agente pelo
mero acaso, independentemente da sua conduta, comissiva ou omissiva, ter
sido dolosa ou culposa. A responsabilidade penal subjetiva só foi adotada a
partir da constatação de que somente podem ser aplicadas sanções ao homem
causador do resultado lesivo que, por meio do seu comportamento, poderia tê-
lo evitado.

IMPORTANTE
A Teoria Geral do Crime adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro utiliza a
responsabilidade penal subjetiva, ou seja, a análise do dolo e da culpa é
determinante para a tipificação das condutas.
Sobre a culpabilidade, surgiram as seguintes teorias a respeito dos
requisitos para a responsabilização do agente:
a) Teoria psicológica: esta teoria está relacionada à teoria clássica ou
naturalística da conduta. Para a teoria psicológica, a culpabilidade é o
vínculo psicológico entre a conduta e o resultado, por meio do dolo e da
culpa. A conduta é vista num plano naturalístico como causa do resultado,
desprovida de qualquer valoração. A ação é o componente objetivo do
crime, enquanto a culpabilidade é o elemento subjetivo que tem como
únicos elementos o dolo e a culpa. Além disso, a imputabilidade
(capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito do fato e de
determinar-se de acordo com esse entendimento) é vista como
pressuposto da culpabilidade, e não como seu elemento. As principais
críticas à essa teoria são a impossibilidade de isenção de pena em casos
como a coação moral irresistível e a obediência hierárquica à ordem

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 18 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
manifestamente ilegal, já que nesses casos o agente age com dolo e é
imputável; e a impossibilidade de explicar a culpa inconsciente, quando
não há vínculo psicológico entre o autor e o fato por ele praticado, que
sequer foi previsto. Como o Código Penal adota a teoria finalista da ação,
analisando o dolo e a culpa no fato típico, e não na culpabilidade, essa
teoria não é adotada.
b) Teoria psicológico-normativa ou normativa: é uma evolução da
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

teoria psicológica, e busca explicações lógicas para casos como a coação


moral irreversível. A culpabilidade passa a ter 3 elementos: a
imputabilidade (que passa a ser elemento, ao invés de pressuposto), o
dolo ou culpa (que já existiam na teoria psicológica), e a exigibilidade de
conduta diversa (acrescentada nessa teoria). Dessa forma, o agente só
seria responsabilizado se fosse imputável, agisse com dolo ou culpa e, no
caso concreto, fosse possível exigir dele um comportamento diferente do
criminoso (o que não acontece, por exemplo, na coação moral
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

irreversível). Além disso, o dolo passa a ser normativo, ou seja, o sujeito


precisa ter consciência atual da ilicitude, de que a ação ou omissão é
injusta aos olhos da coletividade, ou não pode ser responsabilizado. Essa
teoria continua a considerar dolo e culpa como elementos da
culpabilidade, e, por esse motivo, não é adotada em nosso ordenamento
jurídico.
c) Teoria normativa pura: surge com a teoria finalista de Hans Welzel e
transfere os elementos psicológicos (dolo e culpa) para o fato típico,
integrando o elemento conduta. Assim, a culpabilidade passa a ser
puramente normativa, ou seja, puro juízo de valor ou reprovação,
excluído qualquer dado psicológico. O dolo passa a ser natural, ou seja,
desprovido da consciência de ilicitude e composto apenas de consciência
e vontade. A consciência de ilicitude continua na culpabilidade, mas passa
a ser elemento autônomo desta e tem como característica o fato de ser
potencial (não mais atual), ou seja, o agente deve ter, no caso concreto,
a possibilidade de conhecer que o fato praticado é ilícito, com base no
senso comum (assim, a culpabilidade não é excluída se o agente, apesar
de não saber que a conduta era ilícita, tinha condições de sabe-lo). Dessa
forma, na teoria normativa pura a culpabilidade é formada por 3
elementos: imputabilidade, potencial consciência da ilicitude e
exigibilidade de conduta diversa.
d) Teoria estrita ou extremada e teoria limitada da culpabilidade: são
derivações da teoria normativa pura, possuindo os mesmos elementos
que esta. Entretanto, existem distinções no tratamento dado às
descriminantes putativas. Para a teoria extremada, todas as espécies de
descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da norma
(erro de proibição), seja sobre uma situação de fato (erro de tipo), são
consideradas erro de proibição, evitando-se a desigualdade no
tratamento de situações análogas. Já para a teoria limitada, que é a

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 19 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
adotada pelo Código Penal, erro e tipo e erro de proibição são tratados
como institutos diversos. Falaremos mais das discriminantes putativas
ainda nessa aula.
Vamos fazer um resumo sobre as teorias da culpabilidade:

Teoria Teoria Estrita ou


Teoria Teoria
Psicológico Extremada e
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Psicológica Normativa Pura


Normativa Teoria Limitada

• Relacionada à • Elementos da • Surge com o • Derivações da


teoria clássica ou culpabilidade: finalismo, de Teoria Normativa
naturalística da imputabilidade, Hans Welzel Pura
conduta dolo ou culpa e • Elementos da • Elementos da
• Elementos da exigibilidade de culpabilidade: culpabilidade:
culpabilidade: conduta diversa imputabilidade, imputabilidade,
dolo e culpa • Dolo passa a ser potencial potencial
• Imputabilidade normativo, ou consciência da consciência da
como pressuposto seja, o sujeito ilicitude e ilicitude e
da culpabilidade precisa ter exigibilidade de exigibilidade de
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

consciência da conduta diversa conduta diversa


atual ilicitude • Dolo e culpa • Teoria
passam a integrar Extremada: todas
o fato típico (no as descriminantes
elemento putativas são
conduta) erros de proibição
• Dolo passa a ser • Teoria
natural Limitada: erro
de tipo e erro de
proibição são
tratados como
institutos
diversos. É
adotada pelo
CP!

3.1- Teoria Limitada x Teoria Extremada

É muito importante sabermos diferenciar a teoria limitada da


culpabilidade e a teoria extremada da culpabilidade, derivações da Teoria
normativa pura da culpabilidade.
Fique tranquilo que este assunto é mais cobrado em provas da área
jurídica (magistratura, procuradoria e defensoria) da banca CESPE/UnB,
entretanto, por zelo, resolvi abordá-lo em nosso curso, mesmo sabendo não ser
essa a sua banca. Tentarei ser bem sucinto para não gastar muito os seus
neurônios.
1. Teoria Limitada da Culpabilidade: estabelece que o erro do agente pode
recair tanto sobre a situação fática quanto sobre os limites ou a própria
existência de uma causa de justificação.
Caso o agente incida em erro sobre uma situação fática, a hipótese
será de exclusão do dolo. Para chegar a essa conclusão, a teoria sugere que
tipicidade e ilicitude sejam entendidos como um só ente. Há uma norma que
proíbe a conduta (tipicidade), e outra, excepcional, que a permite (ilicitude). Da
união desses dois elementos surge uma outra figura, chamada injusto penal.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 20 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Quando o agente tem plena consciência em relação aos elementos objetivos do
tipo, mas erra sobre o contexto fático que lhe permitiria agir amparado sobre
uma excludente de ilicitude, não se pode falar que o mesmo agiu dolosamente.
Afinal, para que o injusto doloso se configure, necessário é que exista
consciência e vontade em relação aos elementos do tipo penal, bem como
consciência e vontade de infringir o ordenamento jurídico.
Em suma, para que o injusto se configure, o agente tem de agir
dolosamente no sentido de lesar o ordenamento jurídico. O agente precisa saber
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

que sua conduta não é permitida, e ainda assim desejar executar seu plano
finalístico. Dessa forma, o erro sobre situação fática, excluindo o dolo, afasta
consequentemente a tipicidade da conduta, pelo que a doutrina a ele se refere
como erro de tipo permissivo.
Por outro lado, se o erro do agente recair sobre os limites ou a
existência de uma causa de justificação, passa a se configurar o erro de
proibição. Explicaremos essa hipótese através de um exemplo.
Ex: Josiel é lavrador na minúscula cidade de Atitudelândia. Na localidade,
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

prevalece o coronelismo, com séculos de submissão do poder judiciário aos


interesses dos grandes proprietários de terra. Inclusive, existe na cidade uma
certeza quanto ao direito do marido eventualmente matar a mulher em caso de
traição. Afinal, foram seis os poderosos julgados por esse crime ao longo dos
anos, tendo todos sido absolvidos. Quando Josiel flagra sua esposa na cama
com um amante, o mesmo não tem dúvidas: dispara contra a mulher, matando-
a. Logo após, dirige-se à Delegacia e se apresenta espontaneamente à
autoridade policial, contando o que acontecera e dizendo que sabia estar agindo
em legítima defesa da honra.
Note-se que, no exemplo acima, não existe qualquer dúvida ou engano
com relação à situação fática. Houve a traição. O adultério estava configurado.
Logo, o erro do agente não recai sobre os fatos, mas sim, sobre a existência de
uma causa justificante, a legítima defesa da honra.
Ao entender estar amparado por uma causa de justificação, inexiste para
o agente potencial consciência da ilicitude de sua conduta, motivo pelo qual o
crime será excluído pela ausência de culpabilidade. Inclusive o erro, nesse caso,
é considerado como uma hipótese de erro de proibição.
A Exposição de Motivos do Código Penal admite expressamente que o
ordenamento jurídico nacional adote a Teoria Limitada da Culpabilidade.
Resumindo a teoria limitada da culpabilidade, temos:

TEORIA LIMITADA DA CULPABILIDADE (adotada pelo CP)

Exclui o dolo e,
Erro sobre situação fática consequentemente,
afasta-se a tipicidade.

Caracteriza-se erro de
Erro sobre a existência ou os
proibição e afasta-se a
limites da causa justificante
culpabilidade

2. Teoria Extremada da Culpabilidade: qualquer erro que recaia sobre uma


causa de justificação configura um erro de proibição, por faltar-lhe potencial

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 21 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
consciência da ilicitude de sua conduta. Logo, tratar-se-ia de uma hipótese
excludente da culpabilidade.

TEORIA EXTREMADA DA CULPABILIDADE

Qualquer erro que recaia Caracteriza-se erro de


sobre uma causa de proibição e afasta-se a
justificação culpabilidade
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

3.2- Pressupostos e Excludentes da Culpabilidade

O Código Penal adotou, segundo a doutrina, a teoria limitada da


culpabilidade, derivada da teoria pura.
De acordo com esta teoria, a culpabilidade é composta pelos seguintes
elementos:
– imputabilidade;
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

– potencial consciência da ilicitude;


– exigibilidade de conduta diversa.
Pode ocorrer que uma pessoa tenha praticado um homicídio (fato típico)
não acobertado por causas de exclusão de ilicitude (antijurídico). Mesmo assim,
pode não responder pelo delito, como, por exemplo, no caso de ser menor de
18 anos. Na situação apresentada faltou, na culpabilidade, o elemento
imputabilidade, que é um pressuposto da imposição da pena.

Elementos da
Culpabilidade

Potencial
Exigibilidade de
Imputabilidade Consciência da
Conduta Diversa
Ilicitude do Fato

Quando falta algum dos elementos da culpabilidade acima mencionados,


embora exista o crime, o agente deve ser absolvido.
A teoria normativa pura deu origem à teoria limitada da culpabilidade
(adotada pelo CP) e à teoria extremada da culpabilidade. Tais teorias serão
abordadas no final desta aula.

IMPUTABILIDADE
Imputabilidade é a capacidade psíquica do agente de entender o caráter
criminoso de sua conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Essa capacidade resulta do somatório da maturidade do agente, da sua sanidade
mental e da possibilidade de dirigir sua conduta de acordo com o que determina
a norma jurídica.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 22 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Portanto, imputável é o agente mentalmente desenvolvido e
mentalmente são, que possui a inteira capacidade de entender o caráter
criminoso do seu ato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ele
ficará sujeito a uma medida de segurança. Quando a capacidade de
entendimento do caráter criminoso do ato for parcial o agente será semi-
imputável (parágrafo único do art. 26 do CP) e será beneficiado com a redução
da pena.
Para se apurar a inimputabilidade, existem três critérios:
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

– Critério biológico: segundo esse critério, a verificação da inimputabilidade


do agente depende exclusivamente da existência de doença mental ou de um
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que possuiriam a força de
gerar a presunção absoluta de inimputabilidade;
– Critério psicológico: segundo esse critério, a inimputabilidade do agente
depende da demonstração de que, no momento da prática do crime, não tinha
a capacidade de entender o caráter criminoso e autodeterminação;
– Critério biopsicológico: segundo esse critério, a inimputabilidade do agente
estará configurada se o agente, no momento do crime, não tinha capacidade de
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

entender o caráter criminoso do fato, nem de determinar-se de acordo com esse


entendimento, em razão de doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado. Esse critério possui três requisitos:
a) Causal: existência de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
ou retardado;
b) Consequencial: perda da capacidade de entender e querer; e
c) Cronológico: a inimputabilidade deve estar presente no momento do crime.

Sistema
Sistema Biológico Sistema Psicológico
Biopsicológico

• O agente é • O agente é • O agente é


inimputável quando inimputável quando inimputável quando,
possui alguma doença não tem condições de além da anomalidade
mental ou entender o caráter biológica, não possui
desenvolvimento criminoso da conduta capacidade de
mental incompleto ou ou não consegue entendimento do ato
retardado orientar-se segundo ou não controla sua
• É adotado pelo CP esse entendimento vontade
como exceção - • Não é adotado pelo • Adotado como
para os menores de CP regra pelo CP
18 anos (que são
sempre inimputáveis)

O Código Penal adotou como regra o critério biopsicológico e


excepcionalmente, para os menores de 18 anos (art. 27 do CP), o critério
biológico.

Menores de dezoito anos


Art. 27 do CP - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 23 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
São, portanto, causas que excluem a imputabilidade:
Inimputáveis
Art. 26 do CP - É isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

– a doença mental: significa qualquer enfermidade física ou psíquica,


permanente ou transitória, que seja capaz de eliminar totalmente a capacidade
de entender ou de querer do agente. O conceito deve ser o mais amplo possível
para abranger psicóticos, esquizofrênicos, loucos, epilépticos, dependentes
químicos etc. Deve ser constatada por perícia médica;
– o desenvolvimento mental incompleto: significa o desenvolvimento que
ainda não se concluiu, compreendendo os menores de 18 anos (o agente torna-
se imputável no dia em que completa 18 anos, independentemente do horário
em que nasceu) e os silvícolas que não assimilaram os valores da vida civilizada
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

(se estiver adaptado e integrado à vida civilizada será imputável);


– o desenvolvimento mental retardado: significa o desenvolvimento que,
apesar de ter sido concluído, permite uma reduzidíssima capacidade mental. É
o caso dos oligofrênicos e dos surdos-mudos (estes devem se submeter à perícia
para a fixação do grau de retardamento sensorial, podendo, assim, serem
imputáveis, semi-imputáveis ou inimputáveis, de acordo com o resultado dessa
avaliação);
Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
– a embriaguez completa acidental: embriaguez é a intoxicação aguda
produzida pelo álcool ou substância de efeitos análogos (exemplo: cocaína,
morfina, éter, clorofórmio etc. – não precisam estar incluídas na Portaria do
Ministério da Saúde, bastando somente a constatação desses efeitos por
perícia).
A embriaguez possui três estágios (ou fases):
1.º) embriaguez incompleta (ou semiplena): estágio caracterizado pela
excitação, alegria ou euforia do agente;
2.º) embriaguez completa (ou plena): estágio caracterizado pela
agressividade, intolerância, contestação ou violência do agente, que já atua com
as faculdades mentais reduzidas;
3.º) embriaguez em estado letárgico (ou coma alcoólico): estágio
caracterizado pela total inércia do agente, que só pode cometer crimes pela
conduta omissiva.
São espécies de embriaguez:
a) não acidental: é aquela causada pela conduta do próprio agente; este
se embriaga por seus próprios meios, seja culposamente (ex.: ingerir
quantidade de álcool superior ao que normalmente está acostumado por

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 24 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
distração) ou por sua vontade (ex.: beber para comemorar a formatura no curso
de direito);
b) acidental: provocada por caso fortuito ou força maior;
Exemplo de embriaguez por caso fortuito: A, enquanto visita um alambique,
escorrega e cai dentro de um barril cheio de cachaça. Se, ao fazer a ingestão
da bebida ali existente vier a embriagar-se, sua embriaguez decorrerá de caso
fortuito.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Exemplo de embriaguez por força maior: durante um assalto, a vítima do crime


de roubo, após ser amarrada pelos criminosos, é obrigada a ingerir bebida
alcoólica e vem a se embriagar.
c) patológica: é aquela equiparada à doença mental;
d) preordenada: é aquela em que o agente embriaga-se com a intenção de
praticar um crime ou para ter coragem de praticá-lo. Esta espécie não exclui a
culpabilidade, e, ainda faz agravar a pena (art. 61, II, l do CP).
Circunstâncias agravantes
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:
II - ter o agente cometido o crime:
l) em estado de embriaguez preordenada.
É importante observar que em relação à embriaguez não acidental,
voluntária ou culposa, completa ou incompleta, a imputabilidade não pode ser
excluída em virtude da adoção da teoria da actio libera in causa (ou ações livres
na causa – art. 28, II, do CP).
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
Embriaguez
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância
de efeitos análogos.
ACTIO LIBERA IN CAUSA
A imputabilidade deve existir ao tempo da prática do fato (ação ou omissão),
dessa forma, é incabível uma imputabilidade subseqüente.
Se, por exemplo, o agente praticou o fato no momento em que não tinha
capacidade de compreensão ou determinação, por causa de uma doença
mental, ele não será considerado imputável se readquirir a normalidade psíquica
em um momento posterior.
Ou seja, os actio libera in causa são casos de conduta livremente desejada, mas
cometida no momento que o agente se encontra em estado de inimputabilidade.
Sobre o significado das palavras, temos:
- ACTIO  conduta;
- LIBERA  vontade livre; e
- IN CAUSA  elo entre a conduta praticada e o resultado desejado.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 25 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

Dolosa
(completa ou
incompleta) Nunca excluem a
Não Acidental imputabilidade
Culposa
(completa ou
incompleta)

Se completa,
Caso Fortuito exclui a
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

(completa ou imputabilidade.
incompleta)
Embriaguez Acidental Se incompleta,
Força Maior reduz a pena de 1/3
a 2/3
(completa ou
incompleta)

Pode excluir a imputabilidade


Patológica
(quando considerada doença mental)

Não exclui a imputabilidade e é uma


Preordenada
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

agravante genérica

Resumindo as causas excludentes de imputabilidade, temos:

Menoridade Penal

Causas Excludentes Doença mental e desenvolvimento mental


da Imputabilidade incompleto ou retardado

Embriaguez completa, proveniente de


caso fortuito ou força maior

Em se tratando da doença mental, do desenvolvimento mental


incompleto ou retardado ou da embriaguez proveniente de caso fortuito ou força
maior, é possível que o agente venha a ter uma capacidade parcial de
entender o caráter ilícito do fato praticado. Sendo assim, ficará caracterizada
uma situação de semi-imputabilidade (arts. 26, § único e 28, § 2º do CP) e,
consequentemente, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3.
Art. 26, Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois
terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental
ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 28, § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
de acordo com esse entendimento.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 26 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

Inimputáveis • Absolvição Imprópria (medida de


segurança)

• Não há absolvição
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Semi Inimputáveis • Há diminuição de pena ou substituição


por medida de segurança

A emoção e a paixão, em regra, não excluem a imputabilidade (art. 28, I


do CP).
Emoção e paixão
Art. 28 do CP - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

A emoção é um estado de ânimo ou de consciência caracterizado por


uma viva excitação do sentimento.
A paixão é a emoção em estado crônico perdurando como um sentimento
profundo e monopolizante (amor, ódio, vingança, avareza, ambição, ciúme,
etc.).
Pode-se dizer que enquanto a emoção é passageira, a paixão é
duradoura. De acordo com Código Penal, a emoção e a paixão não excluem a
imputabilidade. A pessoa, cometendo o crime em um desses estados, sofrerá
um processo e receberá pena. Ressalta-se, entretanto, que pode haver, em
circunstâncias especiais, uma diminuição da pena, como acontece no crime de
homicídio:
Caso de diminuição de pena
Art. 121, § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de
relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz
pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
IMPORTANTE
1 – O crime será praticado mediante paixão quando a motivação para a conduta
for baseada em um sentimento prévio que o agente já traz consigo, antes de
agir delituosamente. Ex.: matar por desejo de vingança, lesionar por invejar a
beleza da outra pessoa;
2 – A emoção corresponde a um estado de espírito momentâneo, um transtorno
ocasional. Não existe vocação prévia motivando o crime, mas apenas um
sentimento momentâneo, que acaba por induzir à prática do delito. Ex.: matar
um desconhecido após ter sido ofendido moralmente durante uma discussão no
trânsito;
3 – Não esqueça: a paixão e a emoção não excluem a imputabilidade penal,
salvo se forem equiparadas à doença mental, hipótese em que serão tratadas
nos termos do art. 26 do CP.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 27 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE
Não basta, para a incidência do juízo de censurabilidade, somente a
imputabilidade. Exige-se ainda que o agente tenha consciência, ainda que
mínima, de que a sua conduta é contrária ao ordenamento jurídico.
Potencial consciência da ilicitude significa, portanto, a possibilidade
de o agente conhecer, mediante algum esforço de consciência, a
antijuridicidade de sua conduta. Não é necessário que o agente tenha
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

conhecimento de que a sua conduta se enquadre em um determinado tipo


penal; basta uma consciência material, de natureza meramente profana (que o
fato é antissocial, errado, censurável etc.).
Quando o agente desconhece ou está impossibilitado de conhecer a
antijuridicidade da sua conduta haverá erro de proibição. Erro de proibição,
portanto, é o erro que recai sobre a ilicitude do fato. Nele, o agente pensa
que está agindo licitamente quando, na verdade, age ilicitamente.
Ex: A pega a carteira de seu amigo, sabendo ser dele, e retira determinada
quantia em dinheiro que este lhe deve, na convicção de que está certo ao agir
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

assim.
Na situação apresentada, A praticou a conduta típica do delito de exercício
arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP), mas não tinha potencial
consciência de que a conduta era ilícita.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 do CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre
a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável,
poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
A primeira parte do aludido dispositivo obedece ao princípio da
inescusabilidade do desconhecimento formal da lei, que é indispensável sob o
risco de as leis não serem mais obedecidas (art. 3.º da LINDB). Entretanto, na
segunda parte do artigo a própria lei admite a possibilidade de que alguém não
possua a potencial consciência da proibição contida, que o leva a atuar com
desconhecimento do injusto. Apesar de estarem contidos no mesmo artigo, não
se deve confundir o desconhecimento da lei com a sua errônea compreensão
(erro de proibição).

DESCONHECIMENTO DA LEI ≠ ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO

Ex: A sabia que a conduta de Ex: Porém, achou que, pelo fato do
retirar dinheiro da carteira de amigo possuir uma dívida consigo, tal
outrem caracteriza o crime de conduta fosse aceita e acabou praticando
furto. a conduta do crime de exercício arbitrário
das próprias razões (art. 345 do CP).

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 28 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
O erro de proibição pode ser de duas espécies:
1. Inevitável, invencível ou escusável: é aquele que não tinha como ser
evitado. Pelo dispositivo legal acima, este tipo de erro isenta a pena, ou seja,
exclui a culpabilidade.
2. Evitável, vencível ou inescusável: é aquele que poderia ter sido evitado
se o agente tomasse um pouco mais de cuidado. Também pelo dispositivo legal,
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

este tipo de erro gera uma possível causa de diminuição da pena de um sexto
a um terço.
O conceito de erro evitável ou inevitável não deve ser arguido
subjetivamente, em relação ao agente que desempenhou a conduta analisada.
O que alguns têm por inevitável, pode perfeitamente ser visto como evitável
por outros. Este conceito deve ser arguido à luz do chamado “homem médio”.
Entretanto, dificilmente a banca coloca um caso e pede para que você analise
sobre a evitabilidade do erro. O comum é a questão já mencionar se o erro é
evitável ou não e cobrar do aluno a consequência.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Evitável causa geral de diminuição da pena


PROIBIÇÃO

poderia ter sido evitado se o de um sexto a um terço


ERRO DE

agente tomasse um pouco


mais de cuidado 1/6 a 1/3

Inevitável isenta a pena  exclui a


não tinha como ser evitado culpabilidade

O erro de proibição não deve ser confundido com o erro de tipo. Este
incide sobre os elementos constitutivos do tipo legal e atua sobre a conduta
para determinar a exclusão da tipicidade ou a responsabilização por crime
culposo, se houver previsão legal deste.
Assim, todo erro de proibição pressupõe a potencial (e não atual) falta de
consciência da ilicitude, mas só o erro que não podia ser evitado (escusável ou
inevitável) excluirá a potencial consciência da ilicitude e, consequentemente, a
culpabilidade.
A seguir, estamos reforçando a diferenciação entre erro de tipo e erro de
proibição, pois o assunto é muito cobrado em provas de concursos.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 29 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

ERRO DE TIPO ≠ ERRO DE PROIBIÇÃO


(estudado na aula anterior) (estudado nesta aula)

O agente desempenha uma conduta


Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

O agente desempenha uma sabendo que ela corresponde a


conduta por acreditar que ela um crime previsto na norma
não corresponde a crime jurídica, ou seja, ele sabe que o que
previsto no ordenamento penal, faz configura-se como tipo penal.
ou seja, ele só pratica a conduta Todavia, equivoca-se por acreditar
por acreditar que o que faz não é estar diante de uma circunstância
crime. que eliminaria a ilicitude da conduta
e, consequentemente, o crime.

Ex: João pega a carteira de seu


Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

amigo, sabendo ser dele, e retira


Ex: o agente destrói aparelho
determinada quantia em dinheiro
celular de terceiro por acreditar
que este lhe deve, na convicção de
ser seu próprio aparelho. Ele sabe
que está certo ao agir assim. Na
que não existe crime em destruir
situação apresentada, João praticou
seu celular, já que o crime de
a conduta típica do delito de exercício
dano presume que a coisa seja
arbitrário das próprias razões, mas
alheia.
não tinha potencial consciência de
que a conduta era ilícita.

ESPÉCIES DE ERRO DE PROIBIÇÃO


O erro sobre a ilicitude do fato ou erro de proibição, pode ser dividido em
três espécies:
1) Erro de proibição direto: quando o erro do agente recai sobre o
conteúdo proibitivo de uma norma penal. Ou seja, o agente, por erro
inevitável, realiza uma conduta proibida, ou por desconhecer a norma proibitiva,
ou por conhece-la mal, ou por não compreender o seu verdadeiro âmbito de
incidência.
2) Erro de proibição indireto: também representa erro de proibição a
suposição errônea de uma causa de justificação, se o autor erra sobre a
existência ou os limites da proposição permissiva (erro de permissão).
3) Erro mandamental: incide sobre o mandamento contido nos crimes
omissivos, sejam eles próprios ou impróprios. É o erro que recai sobre uma
norma impositiva (que manda fazer) que está implícita, evidentemente, nos
tipos penais omissivos.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 30 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
Existem circunstâncias onde o sujeito, mesmo sabendo que está
realizando uma conduta típica e ilícita, não tem condições de realizar uma
conduta diferente. Dessa forma, as situações que excluem a culpabilidade não
sendo exigível do agente uma conduta diferente são:
a) Coação moral irresistível; e
b) Obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Coação irresistível e obediência hierárquica


Art. 22 do CP - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de
superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
A coação é o emprego de força física ou de grave ameaça contra alguém,
no sentido de que faça alguma coisa ou não. Pode ser de duas espécies::
 Coação física (vis absoluta)  é o emprego de força bruta tendente a
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

que a vítima faça alguma coisa ou não. Como exemplo, temos o


brutamontes que segura a mão de uma senhora bem idosa a força e faz
com que ela dispare uma arma e venha a atingir uma pessoa que morre.
Tendo em vista que a vítima não manifesta qualquer forma de vontade
através da conduta praticada, então a coação física irresistível representa
um fato atípico.
 Coação moral (vis compulsiva)  é o emprego de grave ameaça contra
alguém, no sentido de que realize um ato ou não. Como exemplo, temos a
pessoa que ameaça atirar em alguém, caso esse alguém não bata no
ciclano.
Nesse caso, a responsabilidade penal se desloca da figura do coagido ou
coato para o coator que, segundo o art. 62, II do CP, responderá de forma
agravada. Ou seja, a pessoa que bateu na outra não será responsabilizada
penalmente, mas sim aquele que deu a ordem para haver a agressão,
caracterizando uma causa excludente de culpabilidade, pois não
podíamos exigir do agressor uma conduta diferente da que foi apresentada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
Para não confundir as duas espécies de coação, segue mais um bizu.

FFMC
Coação Física (vis absoluta)  Fato atípico
Coação Moral (vis compulsiva)  excludente de Culpabilidade

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 31 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Qual é o tipo de coação abordado no CP?
Resposta: O art. 22 do CP trata da coação moral irresistível.

A obediência hierárquica à ordem não manifestamente ilegal para


figurar como causa excludente da culpabilidade requer os seguintes requisitos:
a) que a relação de subordinação se funde no direito administrativo (afasta,
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

portanto, relações empregatícias, familiares, religiosas etc.) e que a ordem não


seja manifestamente ilegal;
b) que haja estrita observância da ordem dada.
Se o subordinado sabe que a ordem é ilegal e mesmo assim a cumpre,
deverá responder pelo crime praticado, incorrendo na hipótese de concurso de
agentes, porém com a pena diminuída (art. 65, III, c, do CP) em consideração
ao dever legal de obediência à ordem do superior, existente em relação aos
subordinados (podem até sofrer punições administrativas diante da
desobediência).
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
III - ter o agente:
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de
violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
Se a ordem não é manifestamente ilegal e o subordinado não tinha
condições de avaliar a ilegalidade, exclui-se a exigibilidade de conduta diversa,
ficando isento de pena. Se a ordem é manifestamente ilegal, mas o subordinado
a supõe legal, incorre em erro de proibição evitável, fazendo jus a uma
diminuição da pena (art. 21 do CP).
O cumprimento à ordem legal exclui a antijuridicidade da conduta pelo
estrito cumprimento do dever legal (art. 23, III, 1.ª parte, do CP).
O temor reverencial, que não deve ser confundido com a obediência
hierárquica, é o simples receio (sem ameaça) de desagradar pessoa a quem se
deve profundo respeito. Se, no entanto, houver uma ameaça, a conduta poderá
configurar verdadeira coação, devendo o juiz analisar a irresistibilidade do
temor.

DESCRIMINANTES PUTATIVAS
As descriminantes putativas ocorrem nas hipóteses, em que o agente
acredita estar amparado por uma causa legal de exclusão da antijuridicidade
(descriminante) que não existe (putativa).
Sendo assim, ele acredita estar amparado pelo estado de necessidade,
legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de
direito. Porém, não há tais situações no caso concreto.
Descriminantes putativas
Art. 20 § 1º do CP - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 32 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o
erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.
Todas as excludentes de ilicitude listadas no art. 23 do CP, quando
ocorrerem situações imaginárias, deixam de ser excludentes de
ilicitude e passam a ser excludentes de culpabilidade. É o que ocorre, por
exemplo, com a legítima defesa putativa.
Legítima defesa putativa  ocorre quando o agente supõe erroneamente que
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

está na iminência de sofrer uma agressão injusta e, em virtude disso, reage. É


uma falsa percepção da realidade, ou seja, só existe na mente do agente
(situação imaginária).
Ex: A, um agente que, em rua mal iluminada, se depara com um inimigo
portando um objeto brilhante em suas mãos e, pensando estar na iminência de
uma agressão, lesa o desafeto. Verificando-se que o inimigo não iria atingi-lo,
pelo fato do objeto brilhante ser um telefone celular, não há legítima defesa real
por não ter ocorrido à agressão que justificaria a reação, porém, existe a
excludente da culpabilidade por erro plenamente justificado pelas circunstâncias
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

(Art 20, § 1o do CP).

LEGÍTIMA DEFESA;
ESTADO DE NECESSIDADE;
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL; E
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO.

NORMAIS PUTATIVOS

EXCLUDENTES DE EXCLUDENTES DE
ILICITUDE CULPABILIDADE

Há quem separe as descriminantes putativas em dois grupos:


1) Descriminante putativa por erro de proibição é quando o agente age
imaginando uma situação em razão de uma consideração equivocada dos limites
autorizadores da justificadora. Há uma perfeita noção da realidade, mas o
agente avalia erroneamente os limites da norma autorizadora. Vamos supor,
por exemplo, que Karen bate em Guilherme, provocando-lhe diversas lesões.
Terminando o crime, Karen se levanta e vai embora. Guilherme sabe que a
agressão cessou, entretanto, acha que está amparado pela legítima defesa,
persegue Karen e disparar contra ela. Mas a legítima defesa só é admissível
para perigo atual ou iminente. Assim, por erro, Guilherme imaginou a existência
de uma causa de exclusão de ilicitude, que, de fato, não se apresenta. Nesse
caso, as consequências são exatamente as mesmas do erro de proibição: se a
descriminante for escusável, isenta de pena afastando a culpabilidade; se
inescusável apenas reduz a pena de 1/6 a 2/3.
2) Existem também as descriminantes putativas por erro de tipo. Segundo
o art. 20, § 1º do CP, “É isento de pena quem, por erro plenamente justificado

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 33 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo”. A descriminante putativa por erro de tipo é quando
o autor imagina que está praticando uma conduta lícita, pois supõe existir uma
situação que, de fato, não existe. Se tal situação existisse, a conduta seria lícita.
Vamos supor, por exemplo, que Maria vê José tirar algo do bolso. Imaginando
ser uma arma, Maria dispara contra José, acreditando estar agindo em legítima
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

defesa. Mas José, na verdade, só estava tirando do bolso um lenço. Nesse caso,
as consequências são exatamente as mesmas do erro de tipo: se a
descriminante for escusável, isenta de pena afastando o dolo e a culpa; se
inescusável afasta o dolo, mas o agente responderá pelo crime culposo, se
previsto em lei.
Assim, percebam a diferença: na descriminante putativa por erro de
tipo, o erro recai sobre a realidade da situação, que não existe; já na
descriminante putativa por erro de proibição, o agente entende a realidade
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

(não se engana quanto aos fatos), mas acredita que age sob uma excludente
de ilicitude.
Cuidado para não confundirem as descriminantes putativas com o delito
putativo (do qual falamos na aula passada). No delito putativo, o agente acha
que está cometendo um crime quando, na verdade, não está. Já nas
descriminantes putativas o agente comete o crime achando que está coberto
por uma excludente de ilicitude, por incidir em um erro.
Quadro resumo das excludentes de culpabilidade de acordo com os
respectivos elementos:

ELEMENTO EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE


 doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado (art. 26 do CP)
 menoridade (art. 27 do CP)

IMPUTABILIDADE  embriaguez completa, proveniente de caso


fortuito ou força maior (art. 28, §1º do CP)
Com exceção da menoridade que adota o critério
biológico, todos as outras excludentes de
imputabilidade adotam o critério bio-psicológico.

POTENCIAL
 Erro inevitável sobre a ilicitude do fato (erro de
CONSCIÊNCIA DA
proibição) (art. 21 do CP)
ILICITUDE

 Coação moral irresistível (art. 21, 1ª parte do


CP)
EXIGIBILIDADE DE
 Obediência à ordem não manifestamente ilegal
CONDUTA DIVERSA
de superior hierárquico (art. 21, 2ª parte do CP)
 Descriminantes putativas (art. 20 § 1º do CP)

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 34 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

4- Lista de exercícios

1- (FCC/MPE-PA/Promotor de Justiça/2014) Segundo sua classificação


doutrinária dominante, o chamado ofendículo pode mais precisamente
caracterizar situação de exclusão de
a) antijuridicidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

b) tipicidade.
c) periculosidade.
d) culpabilidade.
e) punibilidade.

2- (FCC/TRF 2ª Região/Técnico Judiciário/2012) Inclui-se, dentre


outras causas excludentes da ilicitude,
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

a) a coação irresistível.
b) a obediência hierárquica.
c) a embriaguez voluntária.
d) a emoção.
e) o estado de necessidade.

3- (FCC/TCE-RO/Procurador/2010) A licitude da conduta


a) não exclui o crime, interferindo tão-somente na pena.
b) não pode ser admitida em razão de causa de justificação não prevista em lei.
c) não repercute na esfera cível, se reconhecida no juízo criminal.
d) afasta a culpabilidade da ação típica praticada pelo agente.
e) não exclui a possibilidade de punição pelo excesso doloso ou culposo.

4- (FCC/TJ-PI/Assessor Jurídico/2010) A respeito do instituto da


legítima defesa, considere:
I. Não age em legítima defesa aquele que aceita o desafio para um duelo e mata
o desafiante que atirou primeiro e errou o alvo.
II. Admite-se a legítima defesa contra agressão pretérita, quando se tratar de
ofensa a direito alheio.
III. A injustiça da agressão deve ser considerada quanto à punibilidade do
agressor, não podendo, por isso, ser invocada quando houver repulsa a
agressão de doente mental.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) III.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 35 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.

5- (FCC/TCE-GO/Analista de Controle Externo/2014) Considere:


I. Cícerus aceitou desafio para lutar.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

II. Marcus atingiu o agressor após uma agressão finda.


III. Lícius reagiu a uma agressão iminente.
Presentes os demais requisitos legais, a excludente da legítima defesa pode ser
reconhecida em favor de
a) Lícius, apenas.
b) Cícerus e Marcus.
c) Cícerus e Lícius.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

d) Marcus e Lícius.
e) Cícerus, apenas

6- (FCC/TCE-SP/Procurador/2011) No estado de necessidade,


a) há necessariamente reação contra agressão.
b) o agente responderá apenas pelo excesso culposo.
c) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem
jurídico e a gravidade da lesão causada.
d) a ameaça deve ser apenas a direito próprio.
e) inadmissível a modalidade putativa.

7- (FGV/CODEBA/Advogado/2016) Diego e Júlio César, que exercem a


mesma função, estão trabalhando dentro de um armazém localizado no Porto
de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em razão de problemas na
fiação elétrica. Existe apenas uma pequena porta que permite a saída dos
trabalhadores do armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se
espalha, apenas dá tempo para que um dos trabalhadores saia sem se queimar.
Quando Diego, que estava mais próximo da porta, vai sair, Júlio César,
desesperado por ver que se queimaria se esperasse a saída do companheiro, dá
um soco na cabeça do colega de trabalho e passa à sua frente, deixando o
armazém. Diego sofre uma queda, tem parte do corpo queimada, mas também
consegue sair vivo do local. Em razão do ocorrido, Diego ficou com debilidade
permanente de membro. Considerando apenas os fatos narrados na situação
hipotética, é correto afirmar que a conduta de Júlio César
a) configura crime de lesão corporal grave, sendo o fato típico, ilícito e culpável.
b) está amparada pelo instituto da legítima defesa, causa de exclusão da
ilicitude.
c) configura crime de lesão corporal gravíssima, sendo o fato típico, ilícito e

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 36 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
culpável.
d) está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclusão
da ilicitude.
e) está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclusão
da culpabilidade.

8- (FGV/MPE-RJ/Estágio Forense/2014) Entende-se por culpabilidade:


Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

a) a relação de contrariedade formal entre uma conduta típica e o ordenamento


jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da
ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa;
b) a relação de contrariedade formal e material entre uma conduta típica e o
ordenamento jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial
consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa;
c) a adequação formal e material entre uma conduta dolosa e/ou culposa frente
a uma norma legal incriminadora, pressupondo-se ainda a sua prévia
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

antijuridicidade;
d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que
pratica um fato típico e antijurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a
potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa;
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que
pratica um fato típico e ilícito, tendo como requisitos a imputabilidade, a
consciência plena da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa.

9- (FCC/TRT 9ª Região/Técnico Judiciário/2015) São causas de


inimputabilidade previstas no Código Penal, além de doença mental e
desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força
maior; idade inferior a 18 anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito
ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito
ou força maior; legítima defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.

10- (FGV/DPE-RO/Analista/2015) O Sr. Pedro, 88 anos, diagnosticado


com doença de Alzheimer, empurrou violentamente a cuidadora que dava banho
nele. Ela se desequilibrou e, na queda, bateu com a cabeça no chão, vindo a
falecer após uma semana no CTI. Do ponto de vista penal, o Sr. Pedro é:
a) inimputável em decorrência da idade avançada;
b) semi-imputável em virtude da interdição civil;
c) inimputável em função de sua demência neurodegenerativa;
d) semi-imputável já que não houve intenção de matar;

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 37 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
e) imputável por ser a vítima fatal do sexo feminino.

11- (FCC/TJ-RR/Juiz Substituto/2015) Se o agente, em virtude de


perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, a
a) circunstância atuará como atenuante, a ser considerada na segunda etapa
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

do cálculo da pena.
b) pena poderá ser substituída por tratamento ambulatorial, mas não por
internação.
c) pena será reduzida de um a dois terços, podendo-se considerar, na escolha
do redutor, o grau de perturbação da saúde mental.
d) hipótese será de absolvição imprópria, com imposição necessária de medida
de segurança.
e) pena será reduzida de um a dois terços, não se admitindo, porém, a
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

substituição por medida de segurança.

12- (FCC/TRF 4ª Região/AJOJ/2014) No direito brasileiro legislado, desde


que subtraia por completo o entendimento da ilicitude ou a determinação por
ela, a embriaguez terá, genericamente, o condão de excluir total ou
parcialmente a imputabilidade penal quando for
a) não premeditada.
b) não preordenada.
c) oriunda de culpa consciente.
d) oriunda de culpa inconsciente.
e) oriunda de caso fortuito.

13- (FGV/TCE-RJ/Auditor Substituto de Conselheiro/2015) A


embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a culpabilidade quando:
a) for preordenada;
b) decorrer de força maior e diminuir a capacidade de entender a ilicitude do
fato;
c) for culposa;
d) for patológica;
e) for habitual.

14- (FGV/TCM-SP/Agente de Fiscalização/2015) Dois prefeitos de


cidades vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião
cansativa de negócios. Ricardo bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa
sua intenção, acabou ficando embriagado. Enquanto isso, Bruno bebia apenas
refrigerante, mas foi colocado em seu copo um comprimido de substância
psicotrópica por um eleitor de sua cidade, que também o deixou completamente
embriagado. Após, ainda alterados, cada um volta para a sede de sua prefeitura

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 38 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.
Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:
a) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu
de força maior;
b) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de
pena;
c) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

embriaguez nunca exclui a imputabilidade penal;


d) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente
perante a Câmara de Vereadores;
e) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi
culposa e do segundo decorreu de força maior.

15- (FCC/TRE-AP/AJAA/2015) Maria é aprovada no vestibular para uma


determinada Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

recebida pelos alunos veteranos da universidade e submetida a um trote


acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a fazer, Maria foi
amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar
completamente embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter
ilícito de um fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento. Maria
é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o seu veículo que estava
estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por
policiais, desacatou-os. Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,
a) terá a pena reduzida de um a dois terços.
b) estará isenta de pena.
c) terá a pena reduzida de metade.
d) terá a pena reduzida em 1/6.
e) terá a pena aumentada de 1/3.

16- (FCC/TJ-CE/Juiz/2014) Na coação moral irresistível, há exclusão da


a) antijuridicidade.
b) culpabilidade, por inimputabilidade.
c) culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.
d) tipicidade.
e) culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude.

17- (FUNIVERSA/Secretaria da Criança-DF/Especialista:


Direito/2015) O filho de Túlio foi sequestrado e ameaçado de morte por
Márcio, que forçou Túlio a subtrair malotes de um carro forte no intuito de obter
o dinheiro necessário para pagar o resgate.
Nesse caso hipotético, a conduta de Túlio estará acobertada por
a) legítima defesa.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 39 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
b) inexigibilidade de conduta diversa.
c) exclusão de antijuridicidade.
d) exercício regular de direito.
e) atipicidade.

18- (FGV/TCE-BA/Analista de Controle Externo/2013) A doutrina


Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

majoritária brasileira reconhece como elementos do crime a tipicidade, a


ilicitude e a culpabilidade. Sobre estes elementos, assinale a assertiva incorreta.
a) O Superior Tribunal de Justiça reconhece que a falta de tipicidade material
pode, por si só, tornar o fato atípico.
b) A legítima defesa, o estado de necessidade, a obediência hierárquica e o
exercício regular do direito são causas excludentes da ilicitude ou
antijuridicidade.
c) O agente, em qualquer das hipóteses de exclusão da ilicitude, responderá
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

pelo excesso doloso ou culposo.


d) O pai que protege a integridade física de seu filho do ataque de um animal
está amparado pela excludente da ilicitude do estado de necessidade.
e) A embriaguez voluntária e até mesmo a culposa não excluem a
imputabilidade penal.

19- (FCC/TCM-GO/Procurador de Contas/2015) A respeito das causas


excludentes da culpabilidade, é correto afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito
público entre superior e subordinado.

20- (FCC/TJ-AL/Juiz Substituto/2015) O erro inescusável sobre


a) a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
b) elementos do tipo permite a punição a título de culpa, se acidental.
c) elementos do tipo isenta de pena.
d) elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.
e) a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta.

21- (FCC/TCE-CE/Procurador do MP de Contas/2015) A diferença entre


erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na
circunstância de que

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 40 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do
injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

22- (FCC/TJ-PE/Juiz Substituto/2015) Em matéria de erro, correto


afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de
conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de
punição por crime culposo.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.


d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena,
considerando-se as condições ou qualidades da vítima, e não as da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime.

23- (FCC/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2014) Caio, agente da polícia,


durante suas férias, resolve manter a forma e treinar tiros. Vai até um terreno
baldio e ali alveja uma caçamba de lixo. O agente imaginava-se sozinho e, sem
querer, acerta um mendigo que ali dormia, dentro da caçamba. Em tese,
ocorreu:
a) Descriminante putativa.
b) Causa legal de exclusão da culpabilidade.
c) Caso fortuito, ou força maior criminógena.
d) Erro de tipo.
e) Erro na execução (aberratio ictus).

24- (FCC/TRT 9a Região/TJAA/2015) Maria, a fim de cuidar do machucado


de seu filho que acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento da criança
ácido corrosivo, pensando tratar-se de uma pomada cicatrizante, vindo a
agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no Código
Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 41 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

25- (FCC/DPE-MA/Defensor Público/2015) Se o agente oferece propina a


um empregado de uma sociedade de economia mista, supondo ser funcionário
de empresa privada com interesse exclusivamente particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.
c) erro de tipo.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.


e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.

26- (FCC/TCE-AM/Auditor Substituto de Conselheiro/2015) O erro


sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na


sentença.
e) é um crime impossível

27- (FUNIVERSA/Secretaria da Criança-DF/Especialista:


Direito/2015) Alícia, estrangeira, grávida de três meses e proveniente de país
que não coíbe o aborto, ingeriu substância abortiva acreditando não ser proibido
fazê-lo no Brasil.
Nesse caso hipotético, o fato descrito poderá configurar.
a) erro de tipo.
b) erro na execução.
c) erro de proibição.
d) aberratio criminis.
e) descriminante putativa.

28- (FCC/TJ-SE/Juiz Substituto/2015) A, cidadão americano, vem para o


Brasil em férias, trazendo alguns cigarros de maconha. Está ciente que mesmo
em seu país o consumo da substância não é amplamente permitido, mas, como
possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle
policial do aeroporto, é detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação,
é possível alegar que A encontrava-se em situação de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 42 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

29- (FCC/MPE-PE/Analista/2012) Um oficial de justiça, em cumprimento a


mandado judicial, recolhe à prisão o irmão gêmeo da pessoa que deveria
ser presa. Preenchidos os demais requisitos legais, poderá ser reconhecida em
favor do oficial de justiça a ocorrência de
a) erro sobre a pessoa.
b) estrito cumprimento de dever legal putativo.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

c) estado de necessidade putativo.


d) erro sobre a ilicitude do fato.
e) erro determinado por terceiro.

30- (FCC/DPE-SP/Defensor Público/2007) “Luquinha” Visconti, homem


simples da periferia de São Paulo, adquiriu carteira de habilitação acreditando
na desnecessidade da realização de exames de habilitação. Está sendo
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

processado por falsidade ideológica e uso de documento falso. Em sua defesa


deverá ser argüido:
a) erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal, que exclui o dolo.
b) erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal, porém vencível, sendo
punível pela culpa.
c) estado de necessidade exculpante.
d) erro sobre a ilicitude do fato, excluindo-se a culpabilidade pela exigibilidade
de conduta diversa.
e) erro sobre a ilicitude do fato, excluindo-se a culpabilidade pela falta desta
consciência.

31- (FGV/TRT 12ª Região/AJOJ/2017) Oficial de Justiça ingressa em


comunidade no interior do Estado de Santa Catarina para realizar intimação de
morador do local. Quando chega à rua, porém, depara-se com a situação em
que um inimputável em razão de doença mental está atacando com um pedaço
de madeira uma jovem de 22 anos que apenas caminhava pela localidade.
Verificando que a vida da jovem estava em risco e não havendo outra forma de
protegê-la, pega um outro pedaço de pau que estava no chão e desfere golpe
no inimputável, causando lesão corporal de natureza grave.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que, de acordo
com a doutrina majoritária, a conduta do Oficial de Justiça:
a) não configura crime, em razão da atipicidade;
b) não configura crime, em razão do estado de necessidade;
c) configura crime, mas o resultado somente poderá ser imputado a título de
culpa, em razão do estado de necessidade;
d) não configura crime, em razão da legítima defesa;
e) configura crime, tendo em vista que não havia direito próprio do Oficial de
Justiça em risco para ser protegido.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 43 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

32- (FCC/TJ-SC/Juiz Substituto/2017) Um cidadão americano residente


no Estado da Califórnia, onde o uso medicinal de Cannabis é permitido, vem ao
Brasil para um período de férias em Santa Catarina e traz em sua bagagem uma
certa quantidade da substância, conforme sua receita médica. Ao ser revistado
no aeroporto é preso pelo delito de tráfico internacional de drogas. Neste caso,
considerando-se que seja possível a não imputação do crime, seria possível
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

alegar erro de
a) proibição indireto.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) tipo.
e) subsunção.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 44 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

5- Gabarito

1 A 10 C 19 D 28 D

2 E 11 C 20 A 29 B

3 E 12 E 21 B 30 E
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

4 A 13 D 22 B 31 D

5 A 14 B 23 D 32 A

6 C 15 B 24 E

7 D 16 C 25 C

8 D 17 B 26 A
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

9 C 18 B 27 C

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 45 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

6- Questões Comentadas

1- (FCC/MPE-PA/Promotor de Justiça/2014) Segundo sua classificação


doutrinária dominante, o chamado ofendículo pode mais precisamente
caracterizar situação de exclusão de
a) antijuridicidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

b) tipicidade.
c) periculosidade.
d) culpabilidade.
e) punibilidade.
Resolução:
Estudamos que, dependendo da existência de agressão atual ou iminente ao
direito de propriedade, o ofendículo pode ser uma hipótese de legítima defesa
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

preordenada ou de exercício regular de direito. Em ambas as hipóteses temos


causas excludentes de ilicitude ou antijuridicidade.
Gabarito: A

2- (FCC/TRF 2ª Região/Técnico Judiciário/2012) Inclui-se, dentre


outras causas excludentes da ilicitude,
a) a coação irresistível.
b) a obediência hierárquica.
c) a embriaguez voluntária.
d) a emoção.
e) o estado de necessidade.
Resolução:
Basta lembrarmos das causas excludentes de ilicitude.

RESUMO SOBRE AS EXCLUDENTES DE ILICITUDE

 ESTADO DE NECESSIDADE
 LEGÍTIMA DEFESA
 ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
 EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
 CAUSAS ESPALHADAS PELA LEGISLAÇÃO
 CAUSAS SUPRALEGAIS

Gabarito: E

3- (FCC/TCE-RO/Procurador/2010) A licitude da conduta


a) não exclui o crime, interferindo tão-somente na pena.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 46 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
b) não pode ser admitida em razão de causa de justificação não prevista em lei.
c) não repercute na esfera cível, se reconhecida no juízo criminal.
d) afasta a culpabilidade da ação típica praticada pelo agente.
e) não exclui a possibilidade de punição pelo excesso doloso ou culposo.
Resolução:
Análise das alternativas:
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

(A) ERRADA. A ilicitude é um elemento do crime, dessa forma, a sua exclusão


afasta a responsabilidade penal.
(B) ERRADA. A doutrina admite as causas supralegais de exclusão da ilicitude.
(C) ERRADA. Algumas causas excludentes de ilicitude no Direto Penal também
excluem a ilicitude no Direito Civil, de acordo com o art. 188 do Código Civil:
Art. 188 do CC - Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente.
(D) ERRADA. Ilicitude e culpabilidade são elementos distintos do crime.
(E) CERTA. Vide art. 23, § único do CP.
Gabarito: E

4- (FCC/TJ-PI/Assessor Jurídico/2010) A respeito do instituto da


legítima defesa, considere:
I. Não age em legítima defesa aquele que aceita o desafio para um duelo e mata
o desafiante que atirou primeiro e errou o alvo.
II. Admite-se a legítima defesa contra agressão pretérita, quando se tratar de
ofensa a direito alheio.
III. A injustiça da agressão deve ser considerada quanto à punibilidade do
agressor, não podendo, por isso, ser invocada quando houver repulsa a
agressão de doente mental.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) I.
b) III.
c) I e II.
d) I e III.
e) II e III.
Resolução:
Análise das afirmativas:

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 47 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
I. CERTA. Na legítima defesa é necessário repelir injusta agressão. A partir
do momento em que há a concordância em duelar, afasta-se o elemento citado.
Além disso, o "duelo" é uma prática não permitida no Brasil.
II. ERRADA. Na legítima defesa a agressão deve ser atual ou iminente e não
pretérita.
III. ERRADA. A injustiça deve ser em relação ao agredido, que, sofrendo
injustamente, repele seu agressor. Independe das condições físicas ou
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

psíquicas de quem agride.


Gabarito: A.

5- (FCC/TCE-GO/Analista de Controle Externo/2014) Considere:


I. Cícerus aceitou desafio para lutar.
II. Marcus atingiu o agressor após uma agressão finda.
III. Lícius reagiu a uma agressão iminente.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Presentes os demais requisitos legais, a excludente da legítima defesa pode ser


reconhecida em favor de
a) Lícius, apenas.
b) Cícerus e Marcus.
c) Cícerus e Lícius.
d) Marcus e Lícius.
e) Cícerus, apenas
Resolução:
Análise das hipóteses:
I. Caracteriza-se o exercício regular do direito.
II. Para se caracterizar a legítima defesa a agressão deve ser atual ou iminente.
III. Agora sim caracterizou-se a legítima defesa.
Gabarito: A

6- (FCC/TCE-SP/Procurador/2011) No estado de necessidade,


a) há necessariamente reação contra agressão.
b) o agente responderá apenas pelo excesso culposo.
c) deve haver proporcionalidade entre a gravidade do perigo que ameaça o bem
jurídico e a gravidade da lesão causada.
d) a ameaça deve ser apenas a direito próprio.
e) inadmissível a modalidade putativa.
Resolução:
Análise das alternativas:

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 48 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
(A) ERRADA. No estado de necessidade a pessoa age em uma situação de
perigo atual. A agressão, se for atual ou iminente, pode dar ensejo à legítima
defesa.
(B) ERRADA. O agente pode ser responsabilizado tanto pelo excesso culposo,
como pelo excesso doloso. Vide art. 23, § único do CP.
(C) CERTA. A proporcionalidade é uma característica obrigatória para se
configurar o estado de necessidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

(D) ERRADA. No estado de necessidade a situação de perigo pode ser a direito


próprio ou alheio.
(E) ERRADA. É cabível sim e, neste caso, teremos uma causa excludente de
culpabilidade.
Gabarito: C

7- (FGV/CODEBA/Advogado/2016) Diego e Júlio César, que exercem a


mesma função, estão trabalhando dentro de um armazém localizado no Porto
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

de Salvador, quando se inicia um incêndio no local em razão de problemas na


fiação elétrica. Existe apenas uma pequena porta que permite a saída dos
trabalhadores do armazém, mas em razão da rapidez com que o fogo se
espalha, apenas dá tempo para que um dos trabalhadores saia sem se queimar.
Quando Diego, que estava mais próximo da porta, vai sair, Júlio César,
desesperado por ver que se queimaria se esperasse a saída do companheiro, dá
um soco na cabeça do colega de trabalho e passa à sua frente, deixando o
armazém. Diego sofre uma queda, tem parte do corpo queimada, mas também
consegue sair vivo do local. Em razão do ocorrido, Diego ficou com debilidade
permanente de membro.
Considerando apenas os fatos narrados na situação hipotética, é correto afirmar
que a conduta de Júlio César
a) configura crime de lesão corporal grave, sendo o fato típico, ilícito e culpável.
b) está amparada pelo instituto da legítima defesa, causa de exclusão da
ilicitude.
c) configura crime de lesão corporal gravíssima, sendo o fato típico, ilícito e
culpável.
d) está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclusão
da ilicitude.
e) está amparada pelo instituto do estado de necessidade, causa de exclusão
da culpabilidade.
Resolução:
Na situação apresentada, Júlio Cesar praticou um fato típico ao golpear Diego.
Entretanto, existia um perigo atual, não provocado pela vontade de Júlio Cesar
e o golpe na cabeça foi efetuado com o intuito de se salvar.
Como Júlio Cesar não tinha o dever legal de enfrentar o perigo, configurou-se o
estado de necessidade (art. 24 do CP) que funciona como causa excludente de
ilicitude.SSIDADE

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 49 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de
enfrentar o perigo.
Gabarito: D
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

8- (FGV/MPE-RJ/Estágio Forense/2014) Entende-se por culpabilidade:


a) a relação de contrariedade formal entre uma conduta típica e o ordenamento
jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial consciência da
ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa;
b) a relação de contrariedade formal e material entre uma conduta típica e o
ordenamento jurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a potencial
consciência da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa;
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

c) a adequação formal e material entre uma conduta dolosa e/ou culposa frente
a uma norma legal incriminadora, pressupondo-se ainda a sua prévia
antijuridicidade;
d) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que
pratica um fato típico e antijurídico, tendo como requisitos a imputabilidade, a
potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa;
e) o juízo de reprovabilidade que se exerce sobre uma determinada pessoa que
pratica um fato típico e ilícito, tendo como requisitos a imputabilidade, a
consciência plena da ilicitude e a inexigibilidade de conduta diversa.
Resolução:
A relação de contrariedade entre a conduta típica e o ordenamento jurídico é
uma característica da ilicitude ou antijuridicidade. Sendo assim, eliminamos as
alternativas (A) e (B).
A adequação entre uma conduta e a norma é uma característica da tipicidade.
Sendo assim, eliminamos a alternativa (C).
Na pg. 13 da aula foi definido o conceito de culpabilidade:
Culpabilidade é o juízo de censura que recai sobre a formação e a manifestação
de vontade do autor de um fato típico e antijurídico e que tem como objetivo a
imposição da pena.
Esse conceito se amolda às alternativas (D) e (E).
Entretanto, a alternativa apresenta um pequeno erro ao final, pois os elementos
(pressupostos) da culpabilidade são:
– imputabilidade;
– potencial consciência da ilicitude;
– exigibilidade de conduta diversa.
Ou seja, não há que se falar em consciência plena da ilicitude.
Gabarito: D

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 50 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
9- (FCC/TRT 9ª Região/Técnico Judiciário/2015) São causas de
inimputabilidade previstas no Código Penal, além de doença mental e
desenvolvimento mental incompleto ou retardado:
a) emoção e paixão; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força
maior; idade inferior a 18 anos.
b) idade inferior a 16 anos; embriaguez voluntária; coação irresistível.
c) idade inferior a 18 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

ou força maior.
d) idade inferior a 21 anos; embriaguez completa, decorrente de caso fortuito
ou força maior; legítima defesa.
e) emoção e paixão; idade inferior a 18 anos; embriaguez preordenada.
Resolução:
Lembremos do quadro resumo sobre as excludentes de culpabilidade:

ELEMENTO EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE


Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

 doença mental ou desenvolvimento mental


incompleto ou retardado (art. 26 do CP)
 menoridade (art. 27 do CP)
IMPUTABILIDADE  embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior (art. 28, §1º do CP)
Com exceção da menoridade que adota o critério
biológico, todos as outras excludentes de
imputabilidade adotam o critério bio-psicológico.

POTENCIAL
 Erro inevitável sobre a ilicitude do fato (erro de
CONSCIÊNCIA DA
proibição) (art. 21 do CP)
ILICITUDE

 Coação moral irresistível (art. 21, 1ª parte do


INEXIGIBILIDADE CP)
DE CONDUTA  Obediência à ordem não manifestamente ilegal
DIVERSA de superior hierárquico (art. 21, 2ª parte do CP)
 Descriminantes putativas (art. 20 § 1º do CP)

Gabarito: C

10- (FGV/DPE-RO/Analista/2015) O Sr. Pedro, 88 anos, diagnosticado


com doença de Alzheimer, empurrou violentamente a cuidadora que dava banho
nele. Ela se desequilibrou e, na queda, bateu com a cabeça no chão, vindo a
falecer após uma semana no CTI. Do ponto de vista penal, o Sr. Pedro é:
a) inimputável em decorrência da idade avançada;
b) semi-imputável em virtude da interdição civil;
c) inimputável em função de sua demência neurodegenerativa;
d) semi-imputável já que não houve intenção de matar;
e) imputável por ser a vítima fatal do sexo feminino.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 51 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Resolução:
O Alzheimer é uma doença mental que, nos termos do art. 26 do CP, pode
excluir a culpabilidade.
Inimputáveis
Art. 26 do CP - É isento de pena o agente que, por doença mental
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse


entendimento.
Gabarito: C

11- (FCC/TJ-RR/Juiz Substituto/2015) Se o agente, em virtude de


perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, não era inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, a
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

a) circunstância atuará como atenuante, a ser considerada na segunda etapa


do cálculo da pena.
b) pena poderá ser substituída por tratamento ambulatorial, mas não por
internação.
c) pena será reduzida de um a dois terços, podendo-se considerar, na escolha
do redutor, o grau de perturbação da saúde mental.
d) hipótese será de absolvição imprópria, com imposição necessária de medida
de segurança.
e) pena será reduzida de um a dois terços, não se admitindo, porém, a
substituição por medida de segurança.
Resolução:
Questão com base no art. 26, § único do CP.
Art. 26, Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
Gabarito: C

12- (FCC/TRF 4ª Região/AJOJ/2014) No direito brasileiro legislado,


desde que subtraia por completo o entendimento da ilicitude ou a determinação
por ela, a embriaguez terá, genericamente, o condão de excluir total ou
parcialmente a imputabilidade penal quando for
a) não premeditada.
b) não preordenada.
c) oriunda de culpa consciente.
d) oriunda de culpa inconsciente.
e) oriunda de caso fortuito.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 52 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Resolução:
São espécies de embriaguez:
a) não acidental: é aquela causada pela conduta do próprio agente; este se
embriaga por seus próprios meios, seja culposamente (ex.: ingerir quantidade
de álcool superior ao que normalmente está acostumado por distração) ou por
sua vontade (ex.: beber para comemorar a formatura no curso de direito);
b) acidental: provocada por caso fortuito ou força maior;
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Exemplo de embriaguez por caso fortuito: A, enquanto visita um alambique,


escorrega e cai dentro de um barril cheio de cachaça. Se, ao fazer a ingestão
da bebida ali existente vier a embriagar-se, sua embriaguez decorrerá de caso
fortuito.
Exemplo de embriaguez por força maior: durante um assalto, a vítima do crime
de roubo, após ser amarrada pelos criminosos, é obrigada a ingerir bebida
alcoólica e vem a se embriagar.
c) patológica: é aquela equiparada à doença mental;
d) preordenada: é aquela em que o agente embriaga-se com a intenção de
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

praticar um crime. Esta espécie não exclui a culpabilidade, e, ainda faz


agravar a pena (art. 61, II, l do CP).
Aquela que atende ao enunciado da questão está determinada no art. 28, § 1º
do CP.
Art. 28, § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.
Gabarito: E

13- (FGV/TCE-RJ/Auditor Substituto de Conselheiro/2015) A


embriaguez provocada pelo uso do álcool pode excluir a culpabilidade quando:
a) for preordenada;
b) decorrer de força maior e diminuir a capacidade de entender a ilicitude do
fato;
c) for culposa;
d) for patológica;
e) for habitual.
Resolução:
Tanto a embriaguez patológica (por doença), como a embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou foça maior são aptas a excluir a culpabilidade.
Gabarito: D

14- (FGV/TCM-SP/Agente de Fiscalização/2015) Dois prefeitos de


cidades vizinhas, Ricardo e Bruno, encontram-se em um bar, após uma reunião
cansativa de negócios. Ricardo bebia doses de whisky e, mesmo não sendo essa
sua intenção, acabou ficando embriagado. Enquanto isso, Bruno bebia apenas
refrigerante, mas foi colocado em seu copo um comprimido de substância

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 53 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
psicotrópica por um eleitor de sua cidade, que também o deixou completamente
embriagado. Após, ainda alterados, cada um volta para a sede de sua prefeitura
e apropriam-se de bens públicos para proveito próprio.
Considerando o fato narrado, é correto afirmar que:
a) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez de ambos decorreu
de força maior;
b) Ricardo deverá responder pelo crime praticado, enquanto Bruno é isento de
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

pena;
c) Ricardo e Bruno deverão responder pelos crimes praticados, pois a
embriaguez nunca exclui a imputabilidade penal;
d) Ricardo e Bruno, caso sejam denunciados, responderão criminalmente
perante a Câmara de Vereadores;
e) Ricardo e Bruno são isentos de pena, pois a embriaguez do primeiro foi
culposa e do segundo decorreu de força maior.
Resolução:
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

A embriaguez de Ricardo foi culposa e, por isso, não tem o condão de excluir a
culpabilidade. Por outro lado, a embriaguez de Bruno, foi provocada por caso
fortuito ou força maior e, por isso, tem o condão de excluir a culpabilidade e,
consequentemente, isentá-lo de pena.
Gabarito: B

15- (FCC/TRE-AP/AJAA/2015) Maria é aprovada no vestibular para uma


determinada Universidade Federal. No dia da matrícula, Maria, caloura, é
recebida pelos alunos veteranos da universidade e submetida a um trote
acadêmico violento. Além de outras coisas que foi obrigada a fazer, Maria foi
amarrada em uma cadeira de bar e obrigada a ingerir bebida alcoólica até ficar
completamente embriagada e sem qualquer possibilidade de entender o caráter
ilícito de um fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento. Maria
é liberada do trote e sai do bar, dirigindo-se até o seu veículo que estava
estacionado em via pública, sem conseguir movimentá-lo. Abordada por
policiais, desacatou-os. Neste caso, no que concerne ao crime de desacato,
a) terá a pena reduzida de um a dois terços.
b) estará isenta de pena.
c) terá a pena reduzida de metade.
d) terá a pena reduzida em 1/6.
e) terá a pena aumentada de 1/3.
Resolução:
Pela situação apresentada, a embriaguez de Maria foi proveniente de força
maior e, por isso, tem o condão de excluir a culpabilidade e, consequentemente,
isentá-la de pena.
Perceba que esta questão da FCC e a anterior da FGV são bem parecidas.
Gabarito: B

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 54 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira

16- (FCC/TJ-CE/Juiz/2014) Na coação moral irresistível, há exclusão da


a) antijuridicidade.
b) culpabilidade, por inimputabilidade.
c) culpabilidade, por não exigibilidade de conduta diversa.
d) tipicidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

e) culpabilidade, por impossibilidade de conhecimento da ilicitude.


Resolução:
Lembre-se do bizu apresentado na pg. 24.

FFMC
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

Coação Física (vis absoluta)  Fato atípico


Coação Moral (vis compulsiva)  excludente de Culpabilidade

Além disso, o candidato deveria saber que, conforme quadro da questão 9, a


coação moral irresistível atua no elemento inexigibilidade de conduta diversa.
Gabarito: C

17- (FUNIVERSA/Secretaria da Criança-DF/Especialista:


Direito/2015) O filho de Túlio foi sequestrado e ameaçado de morte por
Márcio, que forçou Túlio a subtrair malotes de um carro forte no intuito de obter
o dinheiro necessário para pagar o resgate.
Nesse caso hipotético, a conduta de Túlio estará acobertada por
a) legítima defesa.
b) inexigibilidade de conduta diversa.
c) exclusão de antijuridicidade.
d) exercício regular de direito.
e) atipicidade.
Resolução:
Em decorrência da estima e do sentimento de proteção que um pai possui em
relação ao seu filho, não era exigível de Tulio que tivesse uma conduta diversa,
senão furtar os malotes do carro forte.
Sendo assim, Tulio terá a sua conduta acobertada pela coação moral irresistível,
o que exclui a culpabilidade.
Gabarito: B

18- (FGV/TCE-BA/Analista de Controle Externo/2013) A doutrina


majoritária brasileira reconhece como elementos do crime a tipicidade, a
ilicitude e a culpabilidade. Sobre estes elementos, assinale a assertiva incorreta.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 55 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
a) O Superior Tribunal de Justiça reconhece que a falta de tipicidade material
pode, por si só, tornar o fato atípico.
b) A legítima defesa, o estado de necessidade, a obediência hierárquica e o
exercício regular do direito são causas excludentes da ilicitude ou
antijuridicidade.
c) O agente, em qualquer das hipóteses de exclusão da ilicitude, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

d) O pai que protege a integridade física de seu filho do ataque de um animal


está amparado pela excludente da ilicitude do estado de necessidade.
e) A embriaguez voluntária e até mesmo a culposa não excluem a
imputabilidade penal.
Resolução:
Análise das alternativas:
(A) CERTA. Estudamos na aula demonstrativa que o princípio da
insignificância é uma causa supralegal de exclusão da tipicidade material.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

É um postulado hermenêutico voltado à descriminalização de condutas


formalmente típicas. Trata-se de um exemplo em que a falta de tipicidade
material pode tornar o fato atípico.
(B) ERRADA. A obediência hierárquica é causa de exclusão da culpabilidade. As
demais estão corretas.
(C) CERTA. Vide art. 23, § único do CP.
(D) CERTA. Como a agressão não é humana, não há que se falar em legítima
defesa, mas sim em estado de necessidade decorrente de uma situação de
perigo atual.
(E) CERTA. Tanto a embriaguez patológica (por doença), como a embriaguez
completa, proveniente de caso fortuito ou foça maior são aptas a excluir a
culpabilidade.
Gabarito: B

19- (FCC/TCM-GO/Procurador de Contas/2015) A respeito das causas


excludentes da culpabilidade, é correto afirmar que
a) o desconhecimento da lei nos crimes culposos isenta o agente de pena.
b) o erro invencível sobre a ilicitude do fato não isenta o réu de pena.
c) na coação moral irresistível o coator responde por dolo e o coacto por culpa.
d) as descriminantes putativas excluem a culpabilidade.
e) na obediência hierárquica é dispensável a existência de relação de direito
público entre superior e subordinado.
Resolução:
Análise das alternativas:
(A) ERRADA. Segundo o art. 21 do CP, o desconhecimento da lei é inescusável.
Tal regra se aplica tanto aos crimes dolosos, como aos crimes culposos.
(B) ERRADA. Ainda sobre o art. 21 do CP, o erro sobre a ilicitude do fato, se

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 56 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
(C) ERRADA. O coacto ou coagido ficará isento de pena e terá a culpabilidade
excluída.
(D) CERTA. Todas as excludentes de ilicitude listadas no art. 23 do CP, quando
ocorrerem situações imaginárias (putativas), deixam de ser excludentes de
ilicitude e passam a ser excludentes de culpabilidade.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

(E) ERRADA. A relação citada não é dispensável.


Gabarito: D

20- (FCC/TJ-AL/Juiz Substituto/2015) O erro inescusável sobre


a) a ilicitude do fato constitui causa de diminuição da pena.
b) elementos do tipo permite a punição a título de culpa, se acidental.
c) elementos do tipo isenta de pena.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

d) elementos do tipo exclui o dolo e a culpa, se essencial.


e) a ilicitude do fato exclui a antijuridicidade da conduta.
Resolução:
Questão simples, pautada no art. 21 do CP.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 do CP - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
diminuí-la de um sexto a um terço.
Lembre-se que o erro inevitável é escusável e que o erro evitável é inescusável.
Devemos inverter os prefixos.

Evitável / Inescusável
causa geral de diminuição da pena
PROIBIÇÃO

poderia ter sido evitado se o de um sexto a um terço


ERRO DE

agente tomasse um pouco


mais de cuidado 1/6 a 1/3

Inevitável / Escusável isenta a pena  exclui a


não tinha como ser evitado culpabilidade

Gabarito: A

21- (FCC/TCE-CE/Procurador do MP de Contas/2015) A diferença entre


erro sobre elementos do tipo e erro sobre a ilicitude do fato reside na
circunstância de que
a) o erro de tipo exclui a culpabilidade, o de fato a imputabilidade.
b) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a culpabilidade.
c) o erro de tipo exclui a reprovabilidade da conduta, o de fato o elemento do

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 57 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
injusto.
d) o erro de tipo exclui o dolo, o de fato a invencibilidade do erro.
e) a discriminante putativa é o que distingue o erro de tipo do erro de fato.
Resolução:
Vejamos o esquema a seguir:
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

ERRO DE TIPO ≠ ERRO DE PROIBIÇÃO

Atua excluindo o dolo, mas Atua isentando a pena e excluindo


permite a punição por crime a culpabilidade (se inevitável) ou
culposo, se previsto em lei (art. reduzindo a pena (se evitável) (art.
20 do CP). 21 do CP).

Gabarito: B
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

22- (FCC/TJ-PE/Juiz Substituto/2015) Em matéria de erro, correto


afirmar que
a) o erro sobre a ilicitude do fato exclui a culpabilidade, por não exigibilidade de
conduta diversa
b) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal não exclui a possibilidade de
punição por crime culposo.
c) o erro sobre a ilicitude do fato, se evitável, isenta de pena.
d) o erro sobre elemento constitutivo do tipo penal exclui a culpabilidade.
e) o erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena,
considerando-se as condições ou qualidades da vítima, e não as da pessoa
contra quem o agente queria praticar o crime.
Resolução:
Segundo o art. 20, caput do CP, o erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto
em lei.
Lembremos do caso do caçador que, no meio da mata, atira em um arbusto que
está se mexendo por achar que se tratava de um animal, quando na verdade
existia uma pessoa atrás.
Como o erro de tipo exclui o dolo, o caçador não responderá por homicídio
doloso, mas poderá responder por homicídio culposo.
Gabarito: B

23- (FCC/TRF 2ª Região/Juiz Federal/2014) Caio, agente da polícia,


durante suas férias, resolve manter a forma e treinar tiros. Vai até um terreno
baldio e ali alveja uma caçamba de lixo. O agente imaginava-se sozinho e, sem
querer, acerta um mendigo que ali dormia, dentro da caçamba. Em tese,
ocorreu:

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 58 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
a) Descriminante putativa.
b) Causa legal de exclusão da culpabilidade.
c) Caso fortuito, ou força maior criminógena.
d) Erro de tipo.
e) Erro na execução (aberratio ictus).
Resolução:
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Lembre-se que no erro de tipo o agente desempenha uma conduta por


acreditar que ela não corresponde a crime previsto no ordenamento penal,
ou seja, ele só pratica a conduta por acreditar não ser crime aquilo que faz.
Gabarito: D

24- (FCC/TRT 9a Região/TJAA/2015) Maria, a fim de cuidar do


machucado de seu filho que acabou de cair da bicicleta, aplica sobre o ferimento
da criança ácido corrosivo, pensando tratar-se de uma pomada cicatrizante,
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

vindo a agravar o ferimento. A situação descrita retrata hipótese tratada no


Código Penal como:
a) erro de proibição.
b) erro na execução.
c) estado de necessidade.
d) exercício regular de direito.
e) erro de tipo.
Resolução:
Novamente caracterizou-se o erro de tipo. Maria desempenhou uma conduta
por acreditar que ela não correspondia a crime previsto no ordenamento
penal, ou seja, ele só praticou a conduta por acreditar não ser crime aquilo que
fez.
Se o erro de tipo for caracterizado como vencível, Maria poderá responder por
lesão corporal culposa.
Gabarito: E

25- (FCC/DPE-MA/Defensor Público/2015) Se o agente oferece propina


a um empregado de uma sociedade de economia mista, supondo ser funcionário
de empresa privada com interesse exclusivamente particular, incide em
a) erro sobre a pessoa.
b) descriminante putativa.
c) erro de tipo.
d) erro sobre a ilicitude do fato inevitável.
e) erro sobre a ilicitude do fato evitável.
Resolução:
Antes de analisar a questão, devemos saber que oferecer propina a um
funcionário público é fato típico do crime de corrupção ativa (art. 333 do CP).

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 59 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
Corrupção ativa
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário
público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Passemos a diferenciar a conduta desejada da conduta realizada.

CONDUTA DESEJADA ≠ CONDUTA REALIZADA


Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

Oferecer propina a um Oferecer propina a um funcionário


funcionário de empresa privada. público.

Não é crime !!! È crime de corrupção ativa !!!

Percebe-se que o agente desempenhou uma conduta por acreditar que ela
não correspondia a crime previsto no ordenamento penal, o que caracterizou
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

o erro de tipo.
Gabarito: C

26- (FCC/TCE-AM/Auditor Substituto de Conselheiro/2015) O erro


sobre a pessoa contra a qual o crime é praticado
a) não isenta de pena o agente.
b) exclui o dolo.
c) exclui o dolo, mas prevalece a culpa.
d) não isenta de pena o agente, porém deve sempre ser considerado na
sentença.
e) é um crime impossível
Resolução:
Questão com base no art. 20, § 3º do CP.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Gabarito: A

27- (FUNIVERSA/Secretaria da Criança-DF/Especialista:


Direito/2015) Alícia, estrangeira, grávida de três meses e proveniente de país
que não coíbe o aborto, ingeriu substância abortiva acreditando não ser proibido
fazê-lo no Brasil.
Nesse caso hipotético, o fato descrito poderá configurar.
a) erro de tipo.
b) erro na execução.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 60 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
c) erro de proibição.
d) aberratio criminis.
e) descriminante putativa.
Resolução:
A agente desempenha uma conduta sabendo que ela corresponde a um
crime previsto na norma jurídica (aborto), ou seja, ela sabe que o que faz
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

configura-se como tipo penal. Todavia, equivoca-se por acreditar estar diante
de uma circunstância que eliminaria a ilicitude da conduta e,
consequentemente, o crime.
Dessa forma, caracterizou-se o erro de proibição.
Gabarito: C

28- (FCC/TJ-SE/Juiz Substituto/2015) A, cidadão americano, vem para


o Brasil em férias, trazendo alguns cigarros de maconha. Está ciente que mesmo
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

em seu país o consumo da substância não é amplamente permitido, mas, como


possui câncer em fase avançada, possui receita médica emitida por especialista
americano para utilizar substâncias que possuam THC. Ao passar pelo controle
policial do aeroporto, é detido pelo crime de tráfico de drogas. Nesta situação,
é possível alegar que A encontrava-se em situação de erro de:
a) tipo.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) proibição indireto.
e) tipo indireto.
Resolução:
O erro sobre a ilicitude do fato ou erro de proibição, pode ser dividido em três
espécies:
1) Erro de proibição direto: quando o erro do agente recai sobre o conteúdo
proibitivo de uma norma penal. Ou seja, o agente, por erro inevitável, realiza
uma conduta proibida, ou por desconhecer a norma proibitiva, ou por conhece-
la mal, ou por não compreender o seu verdadeiro âmbito de incidência.
2) Erro de proibição indireto: também representa erro de proibição a
suposição errônea de uma causa de justificação, se o autor erra sobre a
existência ou os limites da proposição permissiva (erro de permissão).
3) Erro mandamental: incide sobre o mandamento contido nos crimes
omissivos, sejam eles próprios ou impróprios. É o erro que recai sobre uma
norma impositiva (que manda fazer) que está implícita, evidentemente, nos
tipos penais omissivos.
A situação apresentada pelo enunciado caracterizou um erro de proibição
indireto, pois A supôs que a receita médica seria uma causa de justificação, mas
tal suposição foi errônea.
Gabarito: D

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 61 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
29- (FCC/MPE-PE/Analista/2012) Um oficial de justiça, em cumprimento
a mandado judicial, recolhe à prisão o irmão gêmeo da pessoa que deveria
ser presa. Preenchidos os demais requisitos legais, poderá ser reconhecida em
favor do oficial de justiça a ocorrência de
a) erro sobre a pessoa.
b) estrito cumprimento de dever legal putativo.
c) estado de necessidade putativo.
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

d) erro sobre a ilicitude do fato.


e) erro determinado por terceiro.
Resolução:
Estudamos que ocorre uma situação putativa quando alguém age dentro
de uma situação imaginária supondo estar acobertado por algum instituto
jurídico. Dessa forma, o oficial de justiça achou que estava prendendo uma
pessoa, mas na verdade ele estava prendendo outra.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

O fato originou um estrito cumprimento do dever legal putativo.


Gabarito: B

30- (FCC/DPE-SP/Defensor Público/2007) “Luquinha” Visconti, homem


simples da periferia de São Paulo, adquiriu carteira de habilitação acreditando
na desnecessidade da realização de exames de habilitação. Está sendo
processado por falsidade ideológica e uso de documento falso. Em sua defesa
deverá ser argüido:
a) erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal, que exclui o dolo.
b) erro sobre o elemento constitutivo do tipo penal, porém vencível, sendo
punível pela culpa.
c) estado de necessidade exculpante.
d) erro sobre a ilicitude do fato, excluindo-se a culpabilidade pela exigibilidade
de conduta diversa.
e) erro sobre a ilicitude do fato, excluindo-se a culpabilidade pela falta desta
consciência.
Resolução:
Luquinha achou que o fato era permitido, quando, na verdade, era
proibido; ou seja, tivemos um erro de proibição que atuará na culpabilidade de
modo a exclui-la ou atenuá-la pela falta de consciência da ilicitude.
Gabarito: E

31- (FGV/TRT 12ª Região/AJOJ/2017) Oficial de Justiça ingressa em


comunidade no interior do Estado de Santa Catarina para realizar intimação de
morador do local. Quando chega à rua, porém, depara-se com a situação em
que um inimputável em razão de doença mental está atacando com um pedaço
de madeira uma jovem de 22 anos que apenas caminhava pela localidade.
Verificando que a vida da jovem estava em risco e não havendo outra forma de

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 62 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
protegê-la, pega um outro pedaço de pau que estava no chão e desfere golpe
no inimputável, causando lesão corporal de natureza grave.
Com base apenas nas informações narradas, é correto afirmar que, de acordo
com a doutrina majoritária, a conduta do Oficial de Justiça:
a) não configura crime, em razão da atipicidade;
b) não configura crime, em razão do estado de necessidade;
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

c) configura crime, mas o resultado somente poderá ser imputado a título de


culpa, em razão do estado de necessidade;
d) não configura crime, em razão da legítima defesa;
e) configura crime, tendo em vista que não havia direito próprio do Oficial de
Justiça em risco para ser protegido.

A situação configurou uma hipótese de legítima defesa de terceiro.


Gabarito: D
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

32- (FCC/TJ-SC/Juiz Substituto/2017) Um cidadão americano residente


no Estado da Califórnia, onde o uso medicinal de Cannabis é permitido, vem ao
Brasil para um período de férias em Santa Catarina e traz em sua bagagem uma
certa quantidade da substância, conforme sua receita médica. Ao ser revistado
no aeroporto é preso pelo delito de tráfico internacional de drogas. Neste caso,
considerando-se que seja possível a não imputação do crime, seria possível
alegar erro de
a) proibição indireto.
b) tipo permissivo.
c) proibição direto.
d) tipo.
e) subsunção.
Resolução:
Questão semelhante à 28. O erro sobre a ilicitude do fato ou erro de proibição,
pode ser dividido em três espécies:
1) Erro de proibição direto: quando o erro do agente recai sobre o conteúdo
proibitivo de uma norma penal. Ou seja, o agente, por erro inevitável, realiza
uma conduta proibida, ou por desconhecer a norma proibitiva, ou por conhece-
la mal, ou por não compreender o seu verdadeiro âmbito de incidência.
2) Erro de proibição indireto: também representa erro de proibição a
suposição errônea de uma causa de justificação, se o autor erra sobre a
existência ou os limites da proposição permissiva (erro de permissão).
3) Erro mandamental: incide sobre o mandamento contido nos crimes
omissivos, sejam eles próprios ou impróprios. É o erro que recai sobre uma
norma impositiva (que manda fazer) que está implícita, evidentemente, nos
tipos penais omissivos.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 63 de 64
Direito Penal
Teoria e Questões comentadas
Prof. Dicler Forestieri Ferreira
A situação apresentada pelo enunciado caracterizou um erro de proibição
indireto, pois A supôs que a receita médica seria uma causa de justificação, mas
tal suposição foi errônea.
Gabarito: A
Direitos autorais reservados (Lei 9610/98). Proibida a reprodução, venda ou compartilhamento deste arquivo. Uso individual.

7- Referencial Bibliográfico

Código Penal.
MIRABETE, Julio Fabbrini; FABBRINI, Renato N.. Manual de Direito
Penal: Parte Geral. 30. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte Geral. 18. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014.
Cópia registrada para Rodrigo Lima (CPF: 086.602.404-21)

BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 7. ed. São Paulo:


Saraiva, 2012.

Prof. Dicler Forestieri Ferreira


www.exponencialconcursos.com.br 64 de 64

Você também pode gostar