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DIREITO PENAL – I
Cruzeiro-SP
2012
2
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO – FACIC
Palavras chaves:
Ementa:
Critérios de Avaliação:
Atividades, Debates e Trabalhos Acadêmicos, todos facultativos, que poderão acrescer pontos à nota das
provas.
Bibliografia:
BÁSICA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. V.1. 15ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
______. Tratado de Direito Penal. V.2. 15ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal - Parte Geral. V. 1. 15 ed.São Paulo: Saraiva, 2011.
COSTA JÚNIOR, Paulo José da. Curso de Direito Penal. 8 ed. São Paulo: DPJ, 2005.
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal. 16 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993.
JESUS, Damásio E. de. Direito Penal. V.1. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
______, Código Penal Anotado. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. V.1. 25 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
______, Código Penal Interpretado. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
COMPLEMENTAR
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro. São Paulo: Jurídica Brasileira, 2000.
ESTEFAM, André. Direto Penal. São Paulo: Saraiva, 2010.
ISHIDA, Válter Kenji. Curso de Direto Penal. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
_______. Código Penal Comentado. 9 ed. São Paulo: RT, 2009.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direto Penal. 5 ed. São Paulo: RT, 2009.
_______. Código Penal Comentado. 9 ed. São Paulo: RT, 2009.
DIREITO PENAL – IV – PROFESSOR MÁRCIO GODOFREDO DE ALVARENGA.
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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO – FACIC
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 06
1. Conceito de crime.................................................................................................. 08
2. Antijuridicidade ...................................................................................................... 36
5. Tentativa................................................................................................................ 47
9. Culpabilidade......................................................................................................... 53
INTRODUÇÃO
Inicialmente, deve ser consignado que apesar do esforço que fazemos em
retirarar das obras os conceito necessários ao estudo dos temas por nós estudados,
insistimos em lembrar aos nobres e valorosos colegas de que a leitura constante da
Doutrina se faz extremamente necessária neste fase de vossas vidas acadêmicas,
ocasião em que lembrando-nos da brilhante citação feita pelo célebre doutrinador
Damásio Evangelista de Jesus, na apresentação do livro “A paixão no banco dos
réus”, de autoria da Dra. Luiza Nagib Eluf (procuradora de justiça do Ministério
Público de São Paulo, especializada na área criminal):
1
ELUF, Luiza Nagib. A Paixão no banco dos réus. São Paulo: Saraiva, 2002.
Não obstante, reiteramos que nossa função não vai além de orientá-los, visto
que em verdade, o acadêmico aprende devido à sua dedicação, cabendo o
professor o papel de coadjuvante nesta empreitada, motivando o discente a ouvir
sua vocação, bem como se limitando a oferecer debates, contextualizações e
indicação de obras, momento em que, o próprio personagem principal do processo
ensino-aprendizagem encontra o caminho do conhecimento e faz sua história
particular.
1. Conceito de crime
2
Segudo Acquaviva (2000, p. 1237), podemos entender como sendo o raciocínio consistente em descobrir que
um fato jurídico reporduz a hipótese contida na norma jurídica. É a revelação do liame lógico de uma situação
concreta, específica, com a previsão genérica, hipotética da norma, revelada pelo aplicador da lei.
Segundo o conceito fornecido por Capez (2011, p. 136), fato típico é o fato
material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto
na lei penal.
a) Conduta;
d) Tipicidade.
3
Por razões didáticas, passaremos a adotar esta concepção como norte para a continuidade de nosso estudo
da Teoria Geral do Crime.
1.2.1 Conduta
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Valendo reforçar que o Resultado e Nexo Causal são necessários apenas aos crimes materiais (aqueles que
exigem um resultado naturalístico (concreto) para se consumar, ou seja, a consumação coincide com a
ocorrência do evento, como no homicídio, que somente se consumará com a morte da vítima). Desta forma,
em se tratando de crimes formais ou de mera conduta, tanto o resultado quanto o nexo causal serão
dispensáveis (ocasião em que restando a realização de um resultado teremos apenas o exaurimento do crime,
como no caso do crime de corrupção passiva, no qual o agente público consuma o crime quando solicita a
vantagem indevida, apenas o exaurindo quando a recebe), observando Nucci (2009, p. 173), que são os delitos
formais, aqueles que se contentam com a ação humana esgotando a descrição típica, havendo ou não
resultado naturalístico (por exemplo no crime de formação de quadrilha, o qual se consuma com a mera
associação dos delinquentes, sem a necessidade do cometimento de nenhum outro delito), igualmente, os
delitos de mera conduta (caso em que são os delitos consumados com a mera atividade do agente, como por
exemplo o crime de violação de domicílio).
Nesse Estado (formal e positivista) não havia campo para a interpretação das
normas, que deveriam ser cumpridas sem discussão. O lema era: “Lei se cumpre,
não se discute, nem se interpreta”. Período em que a interpretação da norma penal
ficava reduzida a um mero exercício lógico formal.
Ex.: Um homem arrasta uma mulher pelos cabelos para dentro de uma
cabana na mata (floresta). Qual crime cometeu?
observação quanto à finalidade da ação, bem como, “a forma como é praticada esta
ação”, passando-se a valorizar, além do resultado, a conduta do agente.
Ex.: Matar alguém, do ponto de vista objetivo, sempre vai configurar a mesma
ação, mas matar um sujeito para vingar o estupro sofrido pela filha difere de matar
alguém para receber dinheiro (como faz o pistoleiro).
Sendo que a Culpa em sentido amplo abrange tanto o dolo quanto a culpa
em sentido estrito (responsabilidade pelo fato).
Ex.: "EMENTA: Habeas corpus. Ato obsceno (art. 233 do Código Penal). 2.
Simulação de masturbação e exibição das nádegas, após o término de peça
teatral, em reação a vaias do público. 3. Discussão sobre a caracterização da
ofensa ao pudor público. Não se pode olvidar o contexto em se verificou o ato
incriminado. O exame objetivo do caso concreto demonstra que a discussão está
integralmente inserida no contexto da liberdade de expressão, ainda que
inadequada e deseducada. 4. A sociedade moderna dispõe de mecanismos
próprios e adequados, como a própria crítica, para esse tipo de situação,
dispensando-se o enquadramento penal. 5. Empate na decisão. Deferimento da
ordem para trancar a ação penal. Ressalva dos votos dos Ministros Carlos Velloso e
Ellen Gracie, que defendiam que a questão não pode ser resolvida na via estreita do
habeas corpus”.(STF – 2ª T. – HC nº 83.996-7-RJ – Rel. Min. Gilmar Mendes –
decisão de 17.08.05 – m. v. – DJU 26.08.05, pág. 65).
Esta teoria, que teve como grande expoente Jescheck, definiu ação como
comportamento humano socialmente relevante, critica os finalistas por estes não
levarem em consideração o aspecto social do comportamento humano, contudo,
dependendo do enfoque prático, esta teoria poderá encontrar como óbice o Princípio
da Legalidade, bem como, na proibição de revogação de lei pelos costumes (art. 2º
da LICC) – costume contra legem.
5
Dentre estas, enumera e pontua Ishida (2010, p. 76): a Causalista (Hungria e Noronha) – movimento corpóreo
capaz de produzir alteração no mundo (sem dolo ou culpa), sendo requisitos a ação ou omissão voluntária; a
Finalista (Damásio e Mirabete) – comportamento humano consciente dirigido a uma finalidade, abrangindo o
dolo e a culpa e a Constitucionalista (Luiz Flávio Gomes) – realização voluntária de um fazer ou não fazer,
típico, dominado ou dominável pela vontade.
6
Comportamento positivo (fazer).
7
Comportamento negativo (deixar de fazer aquilo que se está obrigado a fazê-lo em atenção a um dever legal).
8
Lembrando que nem os animais nem tampouco os fenômenos naturais, desprovidos da influência humana,
poderão ensejar a prática de qualquer delito. Por oportuno, leciona Fernando Capez, in Curso de Direito
Processual Penal. 16 ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 180), que com a Constituição Federal de 1988, tornou-se
possível em crimes contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular (art. 173, § 5º), bem
como nas condutas e atividades lesivas ao meio ambiente (art. 225, § 3º), tornou-se possível a incriminação das
pessoas jurídicas, manifestando-se o Superior Tribunal de Justiça nesse sentido, contudo, “desde que haja a
imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício” (STJ, 5ª T.,
REsp 889.528/SC, rel. Min. Félix Fischer, j. 17-4-2007, DJ 18 jun. 2007, p. 303).
9
Momento em que observamos que se acrescentarmos a este conceito a exteriorização do pensamento e o
Elemento Subjetivo do Tipo, teremos os elementos da conduta.
Nesse mesmo exemplo, o 3º que passa pelo local e não socorre (ou tenta
socorrer) responderá pela omissão pura (art.135 do CP).
Com efeito, leciona Mirabete (2010, p. 94), que são apontados pela Doutrina
como elementos do dever de agir:
Ainda segundo Mirabete (2010, p. 95), responde por crime culposo o omitente
nas seguintes hipóteses:
a) Pai que, ouvindo os gritos do filho, não o socorre pensando que se trata de
uma brincadeira, enquanto este se afoga (erro de apreciação da situação típica);
b) Sujeito que joga substância inflamável em lugar de água para apagar o
incêndio, deixando de verificar a natureza do líquido (erro na execução da ação);
c) Garantidor supõe que a vítima está afogando-se em um lugar profundo do
rio, onde seria impossível salvá-la, permitindo que se afogue em águas rasas (erro
sobre a possibilidade de agir).
1.2.1.1 Consciência
1.2.1.2 Vontade
A vontade é conceituada por Nucci (2009, p. 193) como sendo o querer ativo
do ser humano, apto a desencadear movimentos corpóreos tendentes à realização
dos seus propósitos, lecionando o citado mestre que:
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Segundo Nucci (2009, p. 195), Não há consciência nos estados de: a) sonambulismo, doença de quem age ou
fala durante o sono, tornando seus sentidos obtusos. Trata-se de um “sono patológico”, quando o enfermo
nem percebe estar dormindo, embora mantenha a sua atividade locomotora; b) narcolepsia, outra doença que
provoca acessos repentinos de sono, transportando o enfermo a um estado de irrealidade, permitindo-lhe, no
entanto, continuar a ter movimentos e ralações com o meio ambiente.
11
Conduta: “pedra angular” da teoria do delito, RT, 573/318.
1.2.1.3 Finalidade
Porém, foi com a Teoria Finalista da Ação, que tomou força no final da
década de 1920 e início dos anos 30, sendo seu maior defensor Hans Welzel, que
passou-se a acentuar-se a observação quanto à finalidade da ação, bem como, “a
forma como é praticada esta ação”, valorizando-se, além do resultado, a conduta
praticada pela agente e sua motivação.
Alguns tipos penais não admitem o dolo eventual, v.g., o crime de receptação
previsto no “caput” do art. 180 do Código Penal. O sujeito para ser enquadrado
neste crime deverá saber que o objeto receptado é produto de furto, visto que se
agir com imprudência, deverá ser enquadrado no § 3º do referido artigo.
Ainda quanto ao dolo, cabe informar que este é formado apenas por
consciência e vontade, sendo um fenômeno puramente psicológico. Assim
sendo, analisar o dolo é saber se o agente quis praticar a conduta ou poderia prever
o resultado, assumindo o risco de produzi-lo.
Dolo de dano: vontade de produzir uma lesão efetiva a um bem jurídico. Ex.:
furto, roubo etc;
a) Conduta voluntária;
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Lembrando que a culpa em sentido lato comporta tanto o dolo quanto a culpa em sentido estrito.
c) Nexo causal;
d) Tipicidade;
e) Previsibilidade;
Incapacidade para o exercício do pátrio poder, Manutenção do exercício do pátrio poder, tutela ou
tutela ou curatela; curatela;
1.2.2 Resultado
igualmente, com sua conduta imprudente uma lesão corporal grave (por exemplo,
perfuração do útero e bexiga) – CP, art. 127.
Podemos conceituar o nexo causal como sendo uma relação física que liga a
conduta do agente ao resultado naturalístico.
A Teoria adotada pelo nosso Código Penal foi a da “conditio sine qua non”
ou Teoria da equivalência das condições (como afirma Mirabete) ou Teoria da
equivalência dos antecedentes, segundo a qual, todos os antecedentes causais se
equivalem, de modo que não há uma causa mais importante do que outra,
tampouco, diferença entre causa e concausa (outra causa, que, ligada à primeira,
concorre para ao resultado). Assim, todos os fatos que concorrem para a ocorrência
do resultado são considerados causa.
ESPÉCIES DE CAUSAS:
o Dependentes Preexistente
o Absolutamente Concomitante
o Independentes Superveniente
Preexistente
o Relativamente Concomitante
Superveniente
Exemplo citado por Capez (2009, p. 167): Agente atira na sogra, mas ela
morre em consequência de um envenenamento anterior provocado por uma nora,
por ocasião do café matinal – “causa mortis”: intoxicação e não hemorragia causada
pelo ferimento com arma de fogo. Por ser anterior a conduta, denomina-se
preexistente.
Exemplo citado por Capez (2009, p. 167): No exato momento em que o genro
está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dois assaltantes entram na
residência e efetuam disparos contra a velhinha, matando-a instantaneamente –
“causa mortis”: hemorragia causada pelo ferimento com arma de fogo e não
intoxicação.
Exemplo citado por Capez (2009, p. 168): Após o genro haver inoculando
veneno letal na artéria da sogra, um maníaco invade a casa e mata a “indesejável”
senhora a facadas – “causa mortis”: hemorragia causada pelo ferimento com arma
branca e não intoxicação.
Ex.: Agente atira na vítima (visando matar), porém, esta se assusta, tem um
ataque cardíaco e morre. Assim, o tiro provocou o susto e indiretamente a morte (e
não a hemorragia traumática causada pelo disparo).
1.2.4 Tipicidade
Neste ponto, observamos que o sujeito que praticou a conduta, não buscou
apenas matar, mas sim, se defender legitimamente, razão pela qual, a adequação
típica correta, não é aquela que o classifica como homicida, visto que não ocorreu
crime de homicídio, pois, embora tenhamos um fato típico, este não será antijrídico.
Há fatos, entretanto, que apesar de antijurídicos, não são típicos, v.g., “fuga
de presos sem ameaça ou violência e sem colaboração de outrem” ou “dano
culposo”, pois falta a tipicidade, que constitui um elemento do FATO TÍPICO.
Portanto, deve-se frisar a distinção entre Tipo Penal, Tipicidade e Fato Típico:
2. Antijuridicidade
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Por essa razão é comum afirmar-se que o conceito de antijuridicidade é estabelecido a contrário senso, visto
que toda conduta prevista em lei, quando praticada deve ser considerada como ilícita, apenas não o sendo se
existir uma causa que disponha em contrário, ou seja, uma causa que justifique tal conduta, por isso, estas
causas podem ser denominadas “justificativas”.
14
São estas as mais comuns.
Por oportuno, se faz necessário uma análise mais detida das causas gerais.
Estado de necessidade
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Sendo esta causa um resquício da fase da vingança privada.
16
Nesse caso, parte da Doutrina entende que na verdade, as causas supralegais afastam a própria tipicidade e
não a antijuridicidade. Nesse sentido Capez (2011, p. 297), citando como exemplo a perfuração da orelha da
recém-nascida por sua mãe.
Ainda, cabe esclarecer, que esta excludente pode ser aplicada para a
proteção de qualquer bem jurídico tutelado pelo Direito, inclusive, em benefício de
terceiro, estendendo-se a discriminante aos co-autores e partícipes. Exemplo: um
incêndio na faculdade, Simas atira uma cadeira contra a porta de vidro da sala de
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Nesse sentido, a redução de pena deve ser considerada como direito subjetivo do réu, do qual, o juiz
aplicador da lei não pode se furtar a conceder.
aula, sendo seguido por Edu e Giordano, que juntos a quebram, possibilitando,
assim, a saída dos demais alunos.
Com previsão Legal no Código Penal em seu art. 23, III, “primeira figura”, esta
causa excludente não possui definição legal, sendo reservada tal tarefa à Doutrina,
sendo este fixado segundo a seguinte justificação: “Quem cumpre (agente público)
regularmente um dever não pode ao mesmo tempo praticar um ilícito penal, uma vez
que a lei não contém contradições. Ex.: O policial que emprega força física para
efetuar uma prisão, gerando lesões no preso; O fiscal sanitário que viola domicílio;
Com previsão Legal no Código Penal em seu art. 23, III, “2ª figura”, esta
causa excludente, assim como ocorre no estrito cumprimento do dever legal,
igualmente, não possui definição legal, sendo reservada tal tarefa à Doutrina, que
com base no entendimento, segundo o qual, “qualquer pessoa pode exercitar um
direito subjetivo ou faculdade previstos na lei (penal ou extrapenal), garante em tais
circunstâncias a exclusão da ilicitude de uma conduta, em tese, típica.
Não obstante, como não existe definição legal para determinadas causas
excludentes de ilicitude, algumas questões polêmicas permeiam a Doutrina e a
Jurisprudência, verbi gratia:
Legítima defesa
A seu turno, consideramos ato humano, como sendo o agir contra força da
natureza ou ato de um animal (estado de necessidade), salvo se o ataque do animal
foi instigado por outrem.
Descriminantes putativas
3. Objetos do crime
homicídio é a pessoa que morre; no furto é a coisa alheia móvel sobre a qual se
opera a subtração etc.
4. Crime consumado
Casos de impunibilidade
5. Tentativa
Prevê o Código Penal em seu Art. 15, que: “O agente que, voluntariamente,
desiste de prosseguir na execução, ou impede que o resultado se produza, só
responde pelos atos já praticados”.
Obs.: Nos crimes de mera conduta e formais, v.g., ato obsceno (art. 233 do
CP), não é possível a ocorrência de arrependimento eficaz, visto que encerrada a
execução o crime já esta consumado, não existindo resultado naturalístico a ser
evitado.
7. Arrependimento posterior
Requisitos:
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Denominação doutrinária, visto que a norma em comento não possuí rubrica.
Quadro comparativo:
8. Crime impossível
Crime impossível
9. Culpabilidade
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De acordo com o magistério de Capez, podemos observar que, em se tratado de conceito analítico de crime,
o mesmo adota a concepção bipartida, a qual excluí a culpabilidade.
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Teoria que trata especificamente da Culpabilidade, empregada pelos adeptos da Teoria causal-naturalista da
ação.
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Para alguns doutrinadores já com o advento da Teoria Psicológico-normativa, o elemento subjetivo já
abandonara a culpabilidade, contudo, segundo Capez (2011, p. 329) isto se deu com a Teoria Normativa Pura,
decorrente da Teoria Finalista da Ação de Wezel (1930), todavia, salientamos que trata-se aqui, puramente de
uma discussão acadêmica.
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No entanto, leciona Capez (2011, p. 331), que da Teoria Normativa Pura haveria uma derivação, denominada
Teoria limitada da culpabilidade, a qual ao ser ver teria sido a adotada pelo Código Penal Pátrio, divergindo da
primeira, apenas no que se refere ao tratamento legal atribuído às descriminantes putativas fáticas, visto que o
referido Estatuto represivo as teria tratado como erro de tipo (art. 20, §1º), enquanto as descriminantes
putativas por erro de proibição, ou erro de proibição indireto, seriam consideradas apenas como “erro de
proibição”, nos termos do disposto no art. 21, o que ao nosso modesto ver, valeria apenas discutir no campo
acadêmico mais aprofundado, momento em que, justificamos a presente nota em razão do respeito que
nutrimos em relação aos nobres acadêmicos.
quais, não é possível a aplicação de pena, bastanto para tanto apenas que se afaste
um destes elementos por meio da verificação de uma dirimente23.
9.1.1 Imputabilidade
Com efeito, leciona Nucci (2009, p. 289), que o binômio necessário para a
formação das condições pessoais do imputável consiste em sanidade mental e
maturidade.
23
Causa excludente de culpabilidade.
24
Nesse sentido Nucci (2009, p. 290-291) ; Capez (2011, p. 335-336) e Mirabete (2010, p. 196).
pode ser imputável, mas não ser responsável pela infração praticada,
quando não tiver a possibilidade de conhecimento do injusto ou
quando dele for inexigível conduta diversa.
Deste modo, o sujeito pode ser imputável, mas não ser responsável pela
infração praticada, quando não tiver a possibilidade de conhecimento do injusto
ou quando dele for inexigível conduta diversa. Por exemplo: Na coação moral
irresistível - gerente de banco (Imputável) – retira do cofre o dinheiro e entrega aos
assaltantes que mantém seus empregados sob a mira de armas de fogo -
inexigibilidade de conduta diversa.
25
Atenção: Dirimente é toda causa que exclui a culpabilidade, assim, a inimputabilidade é uma dirimente, pois,
se o agente, por exemplo, é doente mental, deverá ser isento de pena, nos termos do art. 26 “caput” do Código
Penal, afastando-se assim a culpabilidade.
26
WELZEL, Hans. Derecho penal alemán: parte geral. 11. Ed. Santiago: Editora Jurídica de Chile, 1970. p. 221.
27
Jesus (2010, p. 510)
I – Quanto ao agente:
II – Quanto ao fato:
28
Na lição do Mestre Bitencourt (2010, p. 406), não se trata aqui de verificar como agiria o homem médio, mas
sim o sujeito em questão, pois, somente se pode dirigir um juízo de culpabilidade ao autor quando este podia
conhecer o injusto e adequar o seu proceder de acordo com esse entendimento.
c) excesso esculpante;
d) excesso acidental.
9.2.2 Menoridade
29
Requisito que não é pacífico na doutrina.
30
Vide ANEXO – I – p. 70.
9.2.5 Embriaguez
Caso fortuito: situações raras, o agente age sem dolo ou culpa. Ex.: sujeito
que recebe medicamentos que combinados causam embriaguez;
Força maior: força externa, contra a vontade do agente. Ex.: sujeito coagido,
física ou moralmente à fazer uso de substâncias alucinógenas.
Nessa esteira, leciona Capez (2011, p. 340 apud DAMÁSIO, 1995, p. 451):
(...)
c) Sono: nessa última fase, e somente quando grandes doses são ingeridas,
o agente fica em estado de dormência profunda, com perda do controle das funções
fisiológicas (fase em que ocorrem, comumente os crimes omissivos) - “FASE DO
PORCO”.
Com fundamento legal no Código Penal, art. 21, 2ª figura, o erro de proibição
escusável, consiste na hipótese em que o agente atua sem consciência potencial da
ilicitude, razão pela qual não deve sofrer prejuízo de censura, caso pratique um fato
típico e antijurídico.
Nesse exemplo, o homem comete o crime, mas deve ser isentado de pena,
pois, não existe juízo de reprovabilidade em sua conduta, visto que agiu acreditando
estar fazendo um bem aos filhos, educando-os, bem como, acobertado por um
direito, que de fato não existe. Sendo igualmente desculpável sua conduta, em razão
de suas condições de isolamento do mundo moderno, vivendo o mesmo sob o rito
das tradições.
Sobre o tema, leciona Mirabete (2010, p. 190), que se o agente não tinha
possibilidade de consciência sobre a ilicitude da ação (por deficiência intelectual, por
impossibilidade física, por circunstância de tempo e de lugar etc.), não será punido.
31
TRF, 2ª Região, 3ª T., Ap. 1999.02.0362777-3-RJ, Rel. Juiz convocado Guilherme Drefenlhaeler, j. 1º-12-1999,
unânime, DJU, 27-6-2000, p. 228.
Para Andreucci (2010, p. 112), o nosso Código Penal adotou a teoria unitária,
ao não estabelecer em seu art. 24 qualquer diferenciação entre o estado de
necessidade justificante e o exculpante, tratando, na opinião deste doutrinador, em
se verificando um estado de necessidade, de uma causa excludente de ilicitude.32
A posição que nos parece, com a devida vênia aos mestres, ser a mais
correta, é a defendida pelo festejado doutrinador Cesar Roberto Bitencourt, segundo
a qual, o nosso Código Penal consagra o estado de necessidade como excludente
da antijuridicidade, sem as restrições adotadas pela doutrina alemã, não
estabelecendo a ponderação de bens (maior, igual ou menor valor), nem tampouco
definindo a natureza destes ou as condições de seus titulares.
32
Nesse sentido Costa Júnior (2006, p. 64)
33
A culpabilidade, Revista Pernambucana de Direito Penal e Criminologia, 1954, p. 163.
34
Apud José Antonio Sainz Canteiro, La exigibilidad de conducta adecuada a la norma en derecho penal, p. 84.
Data máxima venia, ousamos discordar do mestre Capez, nos filiando aos
doutrinadores que reconhecem o excesso exculpante como uma dirimente.
Sendo pacífico que podemos definir causas supralegais como sendo aquelas
que não estão contidas na legislação de forma expressa, porém, presentes em
Sobre a paixão, afirma Mirabete (2008, p. 282) que esta “é uma profunda e
duradoura crise psicológica”, completando Capez (2011, p. 344), trata-se de um
“sentimento lento, que vai se cristalizando paulatinamente na alma humana até
alojar-se de forma definitiva”.
35
Se o sujeito agir sob “mera influência”, a emoção atenuará a pena de maneira mais branda, na forma de uma
CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE GENÉRICA, conforme o disposto no artigo 65, III, “c” do Código Penal.
Culpabilidade
CRIME = FATO TÍPICO e ANTIJURÍDICO
Juízo de reprevabilidade da
conduta e pressuposto de
aplicação da pena.
Na concepção bipartida
a) Conduta; não integra o conceito de
crime.
Elementos da conduta:
CULPA
(em sentido Imprudência
estrito)
(ação)
Negliência
b) Nexo Causal (somente nos crimes materiais*); (omissão)
A tipicidade material
abrange o juízo de
desaprovação da conduta
e do resultado e o juízo da
imputação objetiva desse
resultado.
36
GOMES, Luiz Flávio e outro. Direito Penal, v.2, parte geral, São Paulo: RT, 2003.
Obediência hierárquica a:
Ex.: Policial que usando Ex.: Policial que recebe ordem de Ex.: Carcereiro, que recebe
de força necessária e um superior (sem determinação ordens para não abrir as
moderada para efetivar judicial), para deter o advogado celas durante um incêndio
uma prisão, causa uma do réu, de modo a impedir o provocado pelos presos,
lesão corporal no preso. contato momentâneo deste com o causando-lhes ferimentos
réu preso. graves.
a) Imputablidade;
Elementos da Culpabilidade b) Potencial consciência da ilicitude;
c) Exigibilidade de conduta diversa.
Imputabilidade
Desenvolvimento mental incompleto: em
razão da menoridade (criança ou adolescente)
ou por inadaptação social (ex.: o silvícula
inadaptado).
Completa
Acidental
Incompleta Diminuirá a pena de 1/3 a 2/3
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De acordo com RODRIGUES, Ana Paula da Fonseca; CAPOBIANCO, Rodrigo Júlio. Como se preparar para o
exame de ordem. 3 ed. São Paulo: Método, 2006, p. 70.