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Logística Naval e Administração Financeira Militar

Escola Naval
CFR AN Duarte Ramos
Objetivos

Conhecer os principais elementos e funções do Orçamento do


Estado;

Entender o quadro legal de referência associado à elaboração do


Orçamento de Estado;

Identificar os princípios e regras relativos à elaboração e execução


orçamental.
Agenda

Definição de Orçamento, seus elementos e funções


O quadro legal de referência do orçamento do Estado
Constituição da República Portuguesa (CRP)
Lei Enquadramento Orçamental
Princípios e regras orçamentais
Lei do Orçamento
Orçamento por Programas
Decreto–lei de Execução Orçamental
Regras que podem constar do DL de execução orçamental
O Ciclo Orçamental
O que é o Orçamento?

“Previsão, em regra anual das despesas a realizar pelo Estado e dos processos de
as cobrir, incorporando a autorização concedida à Administração Financeira para
cobrar receitas e realizar despesas e limitando os poderes financeiros da
Administração em cada período anual”.
António Sousa Franco

“…documento, apresentado sob a forma de lei, que comporta uma descrição


detalhada de todas as receitas e de todas as despesas do Estado, propostas pelo
Governo e autorizadas pela Assembleia da República, e antecipadamente previstas
para um horizonte temporal de um ano.”
Paulo T. Pereira et al in “Economia e Finanças Públicas”
Dimensões do Orçamento

- Económico,
Dimensões do Orçamento do Estado: - Político,
- Jurídico

Económico - consiste numa previsão de receitas e despesas

Para além da previsão das Receitas, o OE define claramente um limite


para as Despesas, permite que as verbas públicas sejam geridas de forma
racional, eficiente e transparente.

Dentro das funções económicas do Orçamento, duas perspetivas:


Racionalidade económica
Eficácia, como quadro de elaboração de políticas financeiras
Franco, 2015; Pereira et al, 2012
Dimensões do Orçamento

Político - configura uma autorização política concedida pela Assembleia da


República.

A autorização política concedida ao Governo pela Assembleia da República


(AR), visa garantir os direitos fundamentais dos cidadãos, assegurando que
o património dos particulares só será atingido na medida em que tal for
consentido pelos seus representantes, os deputados.

Pretende atingir duas ordens de efeitos:


Equilíbrio e separação de poderes
Garantia do respeito dos direitos fundamentais
Franco, 2015; Pereira et al, 2012
Dimensões do Orçamento

Jurídico - constitui um instrumento, sob a forma de lei, que limita os


poderes financeiros do Estado
O OE serve de base a toda a atividade financeira do Estado e existe um
conjunto de normas destinadas a regulamentar a realização de despesas
e a cobrança de receitas, limitando a ação financeira.
Limitação dos poderes
Princípio do consentimento
Franco, 2015; Pereira et al, 2012
Função do Orçamento

Síntese das funções do Orçamento do Estado

Influencia e é influenciado pelo quadro macroeconómico

Todas as receitas e despesas têm um fundamento e um objetivo

Reflete as políticas e as prioridades de um governo

Uma autorização com um conteúdo jurídico-político preciso, que visa


garantir uma utilização racional e adequada dos meios obtidos através da
tributação e dos instrumentos de ordenação e regulação da economia
Orçamento - conclusão

Em resumo, o Orçamento do Estado é :

UMA PREVISÃO (PLANEAMENTO) ANUAL;

INCLUI AS RECEITAS A COBRAR;

CONTÉM AS DESPESAS A REALIZAR;

LIMITA O PODER FINANCEIRO DO ESTADO;

CONFIGURA UMA AUTORIZAÇÃO POLÍTICA.


Documentos Enquadrantes do Orçamento

UEM
PROGRAMA DO GOVERNO
PaEC – Pacto de
Estabilidade e Crescimento

Nacional

PEC – Programa de GRANDES OPÇÕES DO PLANO


Estabilidade e Crescimento

DEO – Documento de
Estratégia Orçamental
ORÇAMENTO DO
ESTADO
Programa do Governo

É o documento onde constam as


principais orientações políticas e
as medidas a adotar ou a propor
para governar Portugal.
Leis das Grandes Opções

As Grandes Opções do Plano são instrumentos


da política económica do Governo que
fundamentam a orientação estratégica da
política de desenvolvimento económico e social.

São elaboradas pelo Governo que as apresenta


à Assembleia da República como proposta de
lei até 30 de Abril, acompanhadas de um
relatório que as fundamenta.
OE – Quadro Legal de Referência

CRP

LEO
(Lei 151/2015)

Lei do Orçamento

Decreto – lei de Execução Orçamental


OE – Quadro Legal de Referência

CRP

LEO
(Lei 151/2015)

Lei do Orçamento

Decreto – lei de Execução Orçamental


Constituição da República
Constituição da República

Administração Serviços Integrados – detém autonomia


Central administrativa
Serviços e fundos autónomos – detêm
autonomia administrativa e financeira
(administração central autónoma)
Setor Público
Administrativo Administração Local Freguesias
(SPA) Concelhos / Municípios

Administração Regiões Autónomas


Regional

Segurança Social
Sector Empresarial do Estado – SPE – Empresas Públicas
Sector Empresarial Local – Empresas municipais, intermunicipais e metropolitanas

Orçamento Estado
Constituição da República
Constituição da República

Administração Serviços Integrados – detém autonomia


Central administrativa
Serviços e fundos autónomos – detêm
autonomia administrativa e financeira
(administração central autónoma)
Setor Público
Administrativo Administração Local Freguesias
(SPA) Concelhos / Municípios

Administração Regiões Autónomas


Regional

Segurança Social
Sector Empresarial do Estado – SPE – Empresas Públicas
Sector Empresarial Local – Empresas municipais, intermunicipais e metropolitanas

Orçamento Estado
Orçamento – Adm Regional e Local

Independência orçamental
Orçamentos são elaborados, aprovados, executados e fiscalizados de forma autónoma
por órgãos próprios (o Tribunal de Contas possui delegações nas regiões autónomas)

Poderes mais extensos no caso da Administração Regional


- Estatutos Político-Administrativos próprios
- Têm poderes tributários (podem criar impostos)
- Capacidade de recorrer ao crédito

O poder da Administração Central é meramente de fiscalização do cumprimento das leis


(não da composição das receitas e despesas)
Inspeção Geral de Finanças e Inspeção Geral da Administração do Território

Paulo T. Pereira et al in “Economia e Finanças Públicas”


OE – Quadro Legal de Referência

CRP

LEO
(Lei 151/2015)

Lei do Orçamento

Decreto – lei de Execução Orçamental


Lei do Enquadramento Orçamental (LEO)

O disposto na presente
lei prevalece sobre
todas as normas que
estabelecem regimes
orçamentais.
Lei do Enquadramento Orçamental (LEO)
Lei do Enquadramento Orçamental (LEO)

Orçamento do Estado – Princípios e Regras

Objetivo

Visam a apresentação racionalizada e homogénea da informação


financeira de forma a conseguir um efeito positivo sobre a
transmissão da imagem fiel.
Princípios e regras orçamentais

Princípios Orçamentais
Unidade e Universalidade (art.9)
Estabilidade Orçamental (art.10)
Sustentabilidade das Finanças Públicas (art.11)
Solidariedade Recíproca (art.12)
Equidade Intergeracional (art.13)
Anualidade e Plurianualidade (art.14)
Não Compensação (art.15)
Não Consignação (art.16)
Especificação (art.17)
Economia, Eficiência e Eficácia (art.18)
Transparência Orçamental (art.19)
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras

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LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras

Orgânica
Visa organizar o Orçamento de Estado e fazer a cisão de cada um dos orçamentos dos
serviços;

Funcional
Tem como objectivo especificar os fins e atividades típicas do Estado. Orienta em
termos da identificação das prioridades do Estado na satisfação das necessidades
coletivas;

Económica

Permite a criação de um Sistema Nacional de Contas e o agrupamento destas por


forma a produzir indicadores de gestão, analisar gastos, tratar dados
informaticamente, etc.
Classificação orgânica

A despesa pública é discriminada por departamentos da administração pública, que em


regra correspondem a ministérios;

Em cada ministério a despesa encontra-se desagregada pelos diversos capítulos que


correspondem a serviços ou grupos de despesa.

A cada ministério corresponderá um orçamento

Permite o controlo do Poder Executivo pelo Poder Legislativo!

Esta classificação permite que sejam atribuídas de forma clara as dotações orçamentais
para cada serviço público.
Classificação funcional

A despesa pública é desagregada pelos diferentes domínios de intervenção do Estado. com as


grandes funções do Estado em que elas se inserem, permitindo, assim, quantificar os dinheiros
públicos que são consagrados aos diversos domínios de ação.

Contem as funções e subfunções, a que correspondem finalidades específicas.

Em Portugal vigora, desde 1995, o esquema de classificação proposto pelo FMI.

É independente da organização político-administrativa, não existe uma correspondência biunívoca


entre subfunção e departamento.
Classificação económica

Segundo esta classificação as despesas públicas são divididas em duas grandes categorias:

Despesas Correntes

Despesas de funcionamento - Realizam-se para custear, direta ou indiretamente, bens ou


serviços que tendem a ser consumidos no decurso do período financeiro em que a sua provisão
tem lugar;
(Exemplo: Vencimentos, combustíveis.)

Despesas de Capital

Destinam-se a custear, direta ou indiretamente, o financiamento de ativos ou a redução de


passivos; Construção de infraestruturas públicas;
(Exemplo: reembolso de empréstimos.)
Classificação económica

Trata-se, pois, de uma classificação que tem por fundamento a diferente natureza das despesas
públicas no plano económico.

No caso das despesas correntes a administração Pública que as realiza está, de algum modo, a
consumir riqueza, num processo continuo que é exigido pelo simples funcionamento dos serviços.

No caso das Despesas de Capital não se pode falar em consumo de riqueza: os recursos utilizados
são, de um modo geral, transformados em ativos destinados a melhorar o equipamento
socioeconómico do país.
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras

Utilização do mínimo de recursos que assegurem os adequados padrões de


qualidade do serviço público (Economia)

Promoção do acréscimo de produtividade pelo alcance de resultados


semelhantes com menor despesa (Eficiência)

Utilização dos recursos mais adequados para atingir o resultado que se


pretende alcançar (Eficácia)
LEO – Princípios e Regras
LEO – Princípios e Regras

CAPÍTULO III
Regras orçamentais
SECÇÃO I: Regras Gerais
Regra do saldo orçamental estrutural (art.º 20)
Excedentes orçamentais (art.º 21)
Desvio significativo (art.º 22)
Mecanismo de correção do desvio (art.º 23)
Situações excecionais (art.º 24)
Limite da dívida pública (art.º 25)

SECÇÃO II: Regras específicas


Saldos orçamentais (art.º 27)
Regras específicas para os subsetores da adm. regional e local (art.º 28)
Limites de endividamento (art.º 29)
OE – Quadro Legal de Referência

CRP

LEO
(Lei 151/2015)

Lei do Orçamento

Decreto – lei de Execução Orçamental


Lei do Orçamento do Estado
Lei do Orçamento do Estado

Harmonização do Orçamento com os Planos

O Orçamento do Estado é desenvolvido de harmonia com as Grandes Opções do Plano


(GOP), que têm como função principal a orientação das finanças públicas nacionais.

A Lei das GOP é qualitativa enquanto a do Orçamento é quantitativa.

Caso o Orçamento contrarie de forma evidente as linhas orientadoras das GOP, deve
declarar-se a ilegalidade da lei que o aprova.

O entendimento actual da harmonização do Orçamento com os planos decorre da


“accountabillity”, entendida como o fornecimento de explicações ou justificações e
consequente aceitação da responsabilização.
Lei do Orçamento do Estado

Orçamento por Programas

Sem prejuízo da sua especificação de acordo com as classificações orgânica, funcional e


económica, as despesas inscritas nos orçamentos que integram o Orçamento do Estado
podem estruturar-se por programas.

A estruturação por programas deve aplicar-se às seguintes despesas:

Despesas de investimento e desenvolvimento dos serviços integrados e fundos e serviços


autónomos;

Despesas de investimento co-financiadas por fundos comunitários;

Despesas correspondentes às leis de programação militar.


Lei do Orçamento do Estado

Orçamento por Programas

Os Programas aparecem como a expressão de decisões e orientações superiormente


tomadas, quer no âmbito sectorial, quer nas áreas mais alargadas da Administração.

Estrutura:
Programas Orçamentais;

O programa orçamental inclui as despesas correspondentes a um conjunto de carácter


plurianual que concorrem, de forma articulada e complementar, para a concretização
de um vários objectivos específicos,

Inclui um conjunto de indicadores que permitam avaliar a economia, a eficiência e a


eficácia da sua realização.
Lei do Orçamento do Estado

Orçamento por Programas

Medidas

A medida corresponde a despesas de um programa orçamental,


correspondentes a um projeto ou atividade bem especificada e
caraterizada.

Projetos ou atividades

Despesa correspondente a uma ação individual da medida.


OE – Quadro Legal de Referência

CRP

LEO
(Lei 151/2015)

Lei do Orçamento

Decreto – lei de Execução Orçamental


Dec-lei Execução Orçamental
O Ciclo Orçamental (LEO)

Ciclo orçamental
Ano n-1 Ano n Ano n+1

Elaboração Apresentação Votação Promulgação e Execução Conta do Estado


do OE 1OUT(1,4) 30NOV (3) Publicação até
1JAN – 31DEZ até 30JUN
31DEZ
45 dias(2)

Fase I Fase II Fase III Fase IV


Elaboração do Discussão e votação Execução e Elaboração,
Orçamento e da Proposta de Lei fiscalização do discussão, votação e
respectiva Proposta de Orçamento do fiscalização da
Lei Estado Conta do Estado

(1) LEO, art.º 36, n.º 1


(2) LEO, art.º 38, n.º 2
(3) (CRP art.161, al. g) e LEO, art.º 38, n.º 1
(4) Prazos situações especiais: LEO, art.º 39
O Ciclo Orçamental (LEO)
Processo Elaboração do Orçamento

https://www.dgo.gov.pt/politicaorcamental/Paginas/ConhecerProcessoElaboracaoOE/index.aspx
FINANÇAS PÚBLICAS I – Orçamento
Escola Naval
CFR AN Duarte Ramos

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