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CAPÍTULO V

A ORGANIZAÇÃO DA ACTIVIDADE ECONÓMICA


5.1 – Sectores da Economia: público, privado e cooperativo
A actividade económica angolana está organizada em sectores.
Sector refere-se a cada uma das partes em que se divide o todo.
Aqui o termo Sector, refere a “titularidade dos meios de produção” ou seja, assenta na “natureza dos
sujeitos titulares da propriedade ou do poder de direcção ou gestão da actividade produtiva".
O artigo 92º da CRA considera que a organização económico-social, assenta no princípio da
coexistência dos sectores público, privado e cooperativo da propriedade dos meios de
produção.

5.1.1 - Sector Privado


É constituído pelos meios de produção cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas
singulares ou colectivas privadas (propriedade ou gestão privada). Abrange todos os
meios de produção que:
1) Sejam propriedade de entidades privadas, excepto os geridos por cooperativas;
2) Sejam propriedade pública, mas que a gestão tenha sido entregue a entidades
privadas;
3) Sejam propriedade mista, mas onde o Estado não detém uma maioria de gestores.
5.1.2 – Sector Cooperativo e social - propriedade ou gestão cooperativa - compreende
especificamente os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas, em obediência
aos princípios cooperativos. Compreende ainda
1) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos pelas comunidades locais;
2) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por trabalhadores;
3) Os meios de produção possuídos e geridos, por pessoas colectivas, sem carácter
lucrativo.
As Cooperativas são regidas pelos seguintes princípios:
a) Filiação voluntária (adesão livre);
b) Organização democrática (um homem, um voto);
c) Limitação do juro pago ao capital social;
d) Repartição equitativa de excedentes ou economias eventuais.
e) Autonomia e independência;
f) Cooperação (entreajuda) e livre acesso a informação dos membros.
Se uma cooperativa não respeitar os princípios cooperativos, sobretudo em termo de gestão, passa a
funcionar como uma sociedade comercial, passando a pertencer ao sector privado

O que são Cooperativas? São pessoas autónomas, de livre constituição, de capital e


composição variáveis, que, através da cooperação e entre ajuda dos seus membros, com
obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação das
necessidades e as aspirações económicas, sociais ou culturais dos seus associados.
5.1.3 Sector Público – este sector é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e
gestão pertence ao Estado ou a outras entidades públicas, (propriedade e gestão pública)
Assim, fazem parte deste sector, os meios de produção públicos geridos directamente pelo
Estado ou por outras entidades públicas, que poderão assumir a forma de institutos públicos,
entidades públicas empresariais, sociedades de capitais públicos e sociedades de capitais
mistos.
A acumulação da propriedade e gestão é condição necessária para que os meios de
produção sejam considerados como sendo do sector público. Isto porque se a
propriedade for pública e a gestão for privada, a unidade produtiva passa a funcionar
como privada ou seja será considerada como sendo do sector privado.
Desta forma, o sector público do Estado produz bens ou presta serviços:
a) Em concorrência com empresas privadas ou cooperativas;
b) Em monopólio natural;
c) Em monopólio legalmente protegido.

5.1.3 - O sector público em Angola


O sector público ou sector empresarial do Estado, englobava, essencialmente quatro figuras
distintas:
 As empresas públicas;
 As Empresas com domínio público;
 Participações públicas minoritárias

Os Bens Público ou do Estado


Nos termos do artigo 94º e da Constituição Angolana, os bens do Estado ou de outras
entidades públicas integram o domínio público ou o domínio privado.
Bens do domínio público do Estado
Incluem-se no domínio público do Estado, o conjunto de coisas que o Estado ou as
Autarquias Locais aproveitam para a prossecução dos seus fins, usando poderes de
autoridade, ou seja, através do Direito Público,
Inclui-se ainda, as coisas destinadas ao uso de todos, as coisas utilizadas pelos serviços ou
sobre as quais incida a actuação destes e as coisas que satisfaçam os fins de uma pessoa
colectiva pública.
Os bens de domínio públicos são propriedade do Estado e, como tal, são inalienáveis,
imprescritíveis e impenhoráveis, podendo, contudo a sua ocupação, uso e fruição ser
concedida a entidades privadas, através de concessões, cuja atribuição é da competência, em
princípio, do Titular do poder executivo (existem casos em que se transfere essa
competência para outras entidades de direito público).
Domínio privado do Estado
O domínio privado do Estado é constituído, por exclusão de parte, por todos outros bens que
não integram o domínio público.
Exemplo: A terra propriedade do Estado (art. 15º CRA). Aqui, o Estado actua como sujeito
de direito privado, sendo que a sua propriedade neste domínio segue o regime geral do
código civil, ainda que com algumas especificidades.
Assim, na base dessas especificidades é comum, no domínio privado do Estado, a distinção
entre domínio disponível (que a lei da terra define como concedível) e indisponível
(inconcebível nos termos da lei de terra). Lei 9/04.

a) Domínio privado disponível


Em principio são concedíveis os terrenos em que o estado tenha propriedade originaria
desde que não tenha entrado na propriedade privada de outra pessoa, ou que não sirvam a
nenhuma função especificamente administrativa do Estado.
O Estado pode conceder direito de superfície sobre terrenos urbanos que se não compreende
num plano de urbanização.

b) Domínio privado indisponível


O domínio privado indisponível (inconcebível) tem que ver com terrenos que, embora não
incluídos pela Lei no domínio público, sejam indisponíveis ao exercício das funções do
Estado, nomeadamente, os necessários à defesa nacional, preservação de monumentos,
instituição de reserva naturais, etc.
Não havendo normas específicas em contrário, todo o domínio privado do Estado é
concedível ou disponível.

Dentre os três sectores aflorados, de acordo a actual Constituição, o sector de


propriedade motor da actividade económica é o sector privado, isto porque consagrou-
se uma economia de mercado e o modo de produção capitalista.

Ao contrário, nos estado dirigistas e socialistas, o sector público é muito mais amplo do que
nos estados de opção liberal.

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