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SECTORES DE PROPRIEDADE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO

Arcénio Orlando Limeme1


Munilda Carlos Batista2

Resumo:  Os três sectores de propriedade dos meios de produção, consistem em formas de
compatibilidade e de coexistência, entre iniciativas económicas diversas, Pública, Privada e
Cooperativa, bem como entre três tipos de propriedade que se complementam entre si. O Sector
Público, acumulação de propriedade de gestão é condição necessária dado que pode haver bens
públicos geridos por empreses privadas ou cooperativas e pode haver intervenção pública na
gestão de empresas privadas embora a título excepcional. O Sector Privado, tem beneficiado das
privatizações as quais procuram o seu alargamento económico, este Sector dimensiona-se a
partir da verificação da propriedade ou de gestão privadas, com natural excepção das empresas
Cooperativas. O sector cooperativo- os meios de produção comunitários, possuídos e geridos
por comunidades locais, os meios de produção objecto de exploração colectivas por
trabalhadores, e os meios de produção geridos por pessoas colectivas sem carácter lucrativo e
com objectivo de solidariedade social. As cooperativas são, indubitavelmente, a sua
componente mais importante pela sua tradução e pesos qualitativos e quantitativo e
ainda pela sua distribuição por um variado leque de actividade.

Palavras-chaves: O Sector Público; Sector Privado; sector cooperativo.

Introdução

Partindo do pressuposto que no contexto da organização económica o Estado assume


várias incumbências quanto à actividade económica privada: em primeiro lugar cabe ao
Estado regular o próprio mercado, ou seja, garantir a livre concorrência, o
desenvolvimento económico e a protecção dos consumidores; quanto às empresas
privadas o Estado remete a sua actividade para o quadro jurídico resultante da
Constituição e da Lei, mas garante à partida o apoio às pequenas e médias empresas
desde que estas sejam economicamente viáveis. O exercício da iniciativa económica
faz-se no mercado e através do mercado pressupõe condições de concorrência potencial
ou efectiva. Por esta razão todas constituições próprias de economias de mercado
garantem e explicitam estes direitos ou liberdades, variando a amplitude dessa garantia
conforme o tipo de regime económico que se trate.
Nesta pesquisa destacar-se-á sectores de propriedade dos meios de produção, a luz da
doutrina e dos preceitos leigais, partindo do testo constitucional e a Lei n. o 23/2009 de 8
1
Graduando em Direito pela Universidade Rovuma
2
Licencianda em Direito pela Universidade
de Setembro, aplica-se a todos os tipos de cooperativas, independentemente do seu
objecto ou grau e às organizações afins cuja legislação especial para ela expressamente
remeta.

1. Sectores de Propriedade dos Meios de Produção

 os três sectores de propriedade dos meios de produção, consistem em formas de


compatibilidade e de coexistência, entre iniciativas económicas diversas, Pública,
Privada e Cooperativa, bem como entre três tipos de propriedade que se complementam
entre si. O Sector Público, é hoje formado pelo núcleo estadual em resultado das
privatizações realizadas nos últimos anos, por isso os bens que encontramos dentro do
Sector Público, registam propriedade e gestão do Estado ou de outras entidades
públicas. O Sector Privado, tem beneficiado das privatizações as quais procuram o seu
alargamento económico, este Sector dimensiona-se a partir da verificação da
propriedade ou de gestão privadas, com natural excepção das empresas Cooperativas.
Segundo Kula3

Quanto ao Sector Cooperativo e Social, goza de uma protecção


reforçada patente não só como também no âmbito da
organização económica propriamente dita. A última Revisão
Constitucional trouxe uma dimensão mais abrangente para este
Sector que hoje engloba não só as Cooperativas, os bens
comunitários e os bens auto-gestionários como também os bens
cujo objecto seja mutualista ou de solidariedade social, desde
que, não prossigam o lucro.

Em uma análise reflexiva pode dizer-se, que a propriedade e o modo social de gestão
são critérios determinadores dos sectores de propriedade dos meios de produção, quer
sejam utilizados em simultâneo como sucede no caso do Sector Público, quer sejam,
utilizados em alternativa, como sucede no caso do Sector Privado, quer ainda
privilegiando um deles como se faz com a gestão relativamente ao Sector Cooperativo e
Social.

2. Sectores de propriedade dos meios de produção na CRM

3
KULA, W. (1979). Tipologia dos Sistemas Económicos”. Rio de Janeiro: Editora FGV.
Em consonância com o previsto no artigo 99 da CRM, a economia nacional garante a
coexistência de três sectores de propriedade dos meios de produção. 2. O sector público
é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertence ao Estado ou
a outras entidades públicas. 3. O sector privado é constituído pelos meios de produção
cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas, sem
prejuízo do disposto no número seguinte. 4. O sector cooperativo e social compreende
especificamente: a) os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por
comunidades locais; b) os meios de produção destinados à exploração colectiva por
trabalhadores; c) os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem
carácter lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social,
designadamente entidades de natureza mutualista.

3. Estrutura de propriedade dos meios de produção

Nos sistemas de economia de mercado, a actividade económica depende


essencialmente da capacidade dos indivíduos de organizarem a produção e distribuição
de bens ou serviços com objectivo de assim obter rendimentos de que esperam ser os
principais beneficiários. Propriedade privada, iniciativa privada e livre concorrência,
são, por isso, três princípios básicos para o funcionamento da economia.
A propriedade garante o uso fruição e disposição de bens e a iniciativa garante a
possibilidade da sua livre composição e utilização produtiva4.
O exercício da iniciativa económica faz-se no mercado e através do mercado
pressupõe condições de concorrência potencial ou efectiva. Por esta razão todas
constituições próprias de economias de mercado garantem e explicitam estes direitos ou
liberdades, variando a amplitude dessa garantia conforme o tipo de regime económico
que se trate. Existe três sectores de titularidade dos meios de produção: a) público; b)
privado; c) cooperativo. Actividade económica distribui-se por qualquer desses sectores
tento como base objectivos diferenciados.

4
O direito de iniciativa privada é um direito independente do direito de propriedade visto que
pode haver iniciativa económica não fundada na propriedade e vice-versa. A titulo
exemplificativo a primeira situação, é o caso de exploração económica de bens públicos por
entidade privadas, e, o da segunda a exploração de bens privados por cooperativas. Contudo, na
maioria das situações a liberdade de iniciativa privada tem como suporte económico á
propriedade privada.
O sector público – tem de ser entendido no âmbito das incumbências gerais do estado
em matéria económica e social articulado com outras formas de regulação
constitucionalmente previstas.
No sector privado – concentra-se actividade económica que se organiza e desenvolve
livremente de acordo com os objectivos lucrativos que lhes são inerentes, sujeitando-se
aos condicionamentos e as restrições constitucional ou legalmente previstas.
O sector cooperativo e social- possui a sua filosofia própria em matéria de objectivos,
combinado os económicos e os sócias que se reflectem a sua organização.

3.1 O Sector público

O sector publico é constituído pelos meios de produção cuja a propriedade e gestão


pertence ao estado ou a outras entidades públicas. Acumulação de propriedade de gestão
é condição necessária dado que pode haver bens públicos geridos por empreses privadas
ou cooperativas e pode haver intervenção pública na gestão de empresas privadas
embora a titulo excepcional.
Assim fazem parte do sector público: os meio de produção publico geridos
directamente pela administração publica ou por outras entidades publicas, empresas
publicas ou sociedades de capital mistos, quando maioritariamente controladas elo
estado e deste que este tem a maioria nos órgãos de gestão. Através do sector público5
o estado produz bens prestando serviços ora em concorrência com empresas privados ou
cooperativas ora em monopólio natural ou legalmente protegida.

3.2 Sector privado

5
No Sector Público integram-se os meios de produção pertencentes ao Estado ou a outras
entidades públicas territoriais desde que organizadas em empresas ou unidades de produção por
estes geridos. Tanto vale ser essa gerência tutelada directamente como serviço administrativo
quer através de entidades criadas especialmente para o efeito. Através do Sector Público, o
Estado produz bens ou prestações e serviços ora em concorrência com empresas privadas ou
Cooperativas ora em monopólio natural ou legalmente protegido. O Sector Público, é o conjunto
das actividades económicas de qualquer natureza exercida pelas entidades públicas (Estado,
Associações e Instituições Públicas, quer assentes na representatividade e na descentralização
democrática, quer resultantes da funcionalidade - tecnocrática e da concentração por eficiência).
O sector privado6 é constituído pelos bens e unidade de produção cuja propriedade ou
gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas. Estão, assim, naturalmente
abrangido todo meio de produções que sejam propriedade de entidades privadas,
excepto se forem geridos por cooperativas em obediência aos princípios cooperativos.
Pertence igualmente ao sector privado todo os meios de produção que sejam
propriedades pública mais cuja gestão tenha sido por via contratual ou não, entregue a
entidades privadas. O Sector Privado, está sujeito a regras próprias, tanto no que
respeita ao estatuto dos investidores como no tocante às próprias actividades exercidas.
Isso porque cabe ao Estado garantir o direito de propriedade privada e de iniciativa
privada, os quais pertencem aos direitos fundamentais análogos.

Segundo FREITAS, 7

Já no contexto da organização económica o Estado assume várias


incumbências quanto à actividade económica privada: em primeiro
lugar cabe ao Estado regular o próprio mercado, ou seja, garantir a livre
concorrência, o desenvolvimento económico e a protecção dos
consumidores; quanto às empresas privadas o Estado remete a sua
actividade para o quadro jurídico resultante da Constituição e da Lei,
mas garante à partida o apoio às pequenas e médias empresas desde que
estas sejam economicamente viáveis.

Podem ser bens de domínio público ou de empresas públicas cuja gestão tenha
concedido a entidades privadas ou simplesmente empresas de capital misto em que o
estado não tenha nomeado a maioria dos gestores. Tendo a isso direito de além de todas
as restantes onde o estado seja minoritário.

4. Sector cooperativo

6
O Sector Privado, tem um enquadramento próprio decorrente do Direito Comercial e em
particular do Código das Sociedades Comerciais, o qual estabelece uma tipologia obrigatória
para aquelas Sociedades, no entanto, o Estado enquadra de outras formas de iniciativa privada
usando para esse efeito a sua intervenção indirecta na Economia, quer através de actos
proibitivos como acontece na Defesa da Concorrência. Em qualquer caso o regime de mercado
não dispensa uma atitude reguladora do Estado capaz de garantir a subordinação do poder
económico ao poder político democrático e a livre concorrência entre agentes económicos.
7
FREITAS, Eduardo de. As características do sector privado. Brasil Escola.1998
O sector cooperativo e social compreende os meio de produção geridos por
cooperativas de acordo como os princípios cooperativos, (independentemente da forma
de propriedade, que tanto pode ser pulica, privada ou cooperativa). Os meios de
produção comunitários, possuídos e geridos por comunidades locais, os meios de
produção objecto de exploração colectivas por trabalhadores, e os meios de produção
geridos por pessoas colectivas sem carácter lucrativo e com objectivo de solidariedade
social.
As cooperativas são, indubitavelmente, a sua componente mais importante pela sua
tradução e pesos qualitativos e quantitativo e ainda pela sua distribuição por um variado
leque de actividade. A nível internacional as institucionalização do movimento
cooperativo encontra expressão na aliança cooperativa internacional, que aprovou em
1937, os seguintes princípio de: a) adenção livre e controlo democrático; b) distribuição
de excedentes pelos associados na produção de volume dos contributos dos cooperantes;
c) limitação da taxas de júris, no caso de haver pagamento de júris de capital social; d9
neutralidade política, religiosa e racial; e) vendas a pronto; e f) fomento da produção
cooperativa.
Estes princípios foram mais tarde aperfeiçoados e reformulados pelo congresso da
aliança, ocorrido em Viena em 1966, em que se reafirmou no essencial, definição de 04
princípios nomeadamente: a) filiação voluntária; b) organização democrática; c)
limitação de júri pago ao capital social; d) repartição equitativa dos excedentes e
economias eventuais.

4.1 As Cooperativas

Em confinidade com o previsto no artigo 2 da Lei n. o 23/2009 de 8 de Setembro, as


Cooperativas8 são pessoas colectivas autónomas, de livre constituição. de capital e
composição variáveis e de controlo democrático, em que os seus membros obrigam-se a

8
Em consonância com artigo 03 da Lei n.o 23/2009 de 8 de Setembro que aplica-se a todos os
tipos de cooperativas, independentemente do seu objecto ou grau e às organizações afins cuja
legislação especial para ela expressamente remeta, as cooperativas podem ser de primeiro grau
ou de segundo grau, sendo estas últimas designadas também de grau superior. Consideram-se
cooperativas de primeiro grau, aquelas que são constituídas por pessoas singulares elou pessoas
colectivas, cujo objectivo assenta na prestação directa de serviços aos seus membros. São de
segundo grau as cooperativas que consistem em uniões, federações e confederações de
cooperativas, cujo objectivo é a coordenação, a orientação e a organização, em maior escala,
dos serviços de interesse de suas filiadas.
contribuir com bens e serviços para o exercício de uma actividade económica, de
proveito comum, através de acções mútuas e mediante partilha de risco, com vista à
satisfação das suas necessidades e aspirações económicas e um retomo patrimonial
predominantemente realizado na proporção de suas operações.

Na perspectiva de MANDEL 9
As Cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre
constituição, de capital e composição variáveis, que, através da
cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação
das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais
daqueles, (p.34).

As Cooperativas, na prossecução dos seus objectivos, podem realizar operações com


terceiros, sem prejuízo de eventuais limites fixados pelas leis próprias de cada ramo, os
cooperadores destinam os excedentes a um ou mais dos objectivos seguintes:
desenvolvimento das suas Cooperativas, eventualmente através da criação de reservas,
parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício dos membros na proporção das
suas transacções com a Cooperativa, apoio a outras actividades aprovadas pelos
membros.

4.2 Liberdade do exercício da actividade cooperativa

Nos termos do artigo 04 da Lei n.o 23/2009 de 8 de Setembro, as cooperativas podem


exercer livremente qualquer actividade económica desde que respeitem a lei e seus
princípios. As cooperativas prosseguem qualquer actividade, sem limitações, que possa
ser desenvolvida por empresas privadas ou outras pessoas jurídicas da mesma natureza,
bem como as que são realizadas por pessoas colectivas de direito privado sem fins
lucrativos. A utilização da forma cooperativa não isenta da obrigatoriedade da
conformidade do exercício da actividade com a lei, da obtenção de autorização e
licenças e de outras formalidades exigíveis nos termos legais, devendo as entidades de
quem dependem as referidas autorizações e licenças ter em conta especial natureza e
função social das cooperativas. Os actos administrativos que contrariem o disposto nos
números anteriores estão feridos de ineficácia jurídica.

9
MANDEL, Iniciação à Teoria Económica, tradução portuguesa, Afrontamento, s./d., 86.
4.3 Objecto e Acto cooperativo

Nos termos do no. 1 do artigo 6 da LC, denominam-se actos cooperativos os


praticados entre as cooperativas e seus membros, entre estes e aquelas e pelas
cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos seus objectivos. O acto
cooperativo realizado em cumprimento ao seu objectivo social, vinculado à actividade
dos sócios e por conta destes, não implica operação de mercado nem contrato de compra
e venda de produto ou mercadoria, por não traduzir qualquer vantagem patrimonial para
aquela. Não são consideradas como receitas nem sujeitos à facturação o resultado das
operações de mercado realizadas pela cooperativa, quando identificadas com o seu
objecto e realizadas no cumprimento das obrigações assumidas perante os seus
membros com a prática de actos cooperativos. As Cooperativas podem constituir-se
com um objecto multírarnal e desenvolver actividades de vários ramos, desde que os
respectivos estatutos indiquem qual o principal.

4.4 Forma de constituição das cooperativas

As cooperativas, quer do primeiro, quer do segundo grau, constituem e através de um


contrato de sociedade que pode ser celebrado por documento escrito e assinado, pelo
menos, pelo número mínimo de membros exigidos para a constituição da cooperativa,
com assinatura reconhecida presencialmente pela autoridade competente, devendo ser
celebrado por escritura' pública, nos casos em que a lei determinar, em conformidade
com o previsto no artigo 10 da Lei n. o 23/2009 de 8 de Setembro. Grosso modo o n o. 1
do artigo 05 do mesmo dispositivo consagra que as cooperativas, no prosseguimento do
seu objecto e obrigações, podem realizar operações com terceiros do mesmo modo que
realizam com os seus membros, sem prejuízo de eventuais limites estabelecidos na
presente Lei ou nas disposições estatutárias de cada ramo cooperativo.

4.5 Admissibilidade Cooperativistas


Na perspectiva legal ao abrigo do artigo 29 Lei n.o 23/2009 de 8 de Setembro, podem
ser admitidos como membros de uma cooperativa de primeiro grau todas as pessoas,
singulares ou colectivas, sem qualquer tipo de discriminação, que desenvolvam ou
estejam aptos a realizar as actividades prosseguidas pela cooperativa, detenham
capacidade civil e que preencham os requisitos e condições previstas na presente Lei e
nos estatutos da cooperativa, desde que requeiram a sua admissão à direcção da mesma.
As pessoas colectivas só são admitidas como membros quando realizem as mesmas
actividades económicas das pessoas singulares ou que não tenham finalidade lucrativa.
A admissão de membros na cooperativa observa as condições de reunião, controle e
prestação de serviços pela cooperativa. A admissão só pode ser negada por motivo
impessoal, razoável e objectivo. Sobre a deliberação, da direcção cabe recurso à
assembleia geral. O candidato a cooperativista pode assistir à reunião da assembleia
geral e usar da palavra na discussão do ponto da agenda de trabalho relativo ao recurso,
mas sem direito a voto.

4.5 Órgão sociais

Órgão sociais das cooperativas: a) a Assembleia Geral; b) a Direcção; c) o Conselho


Fiscal ou Fiscal Único. Os estatutos podem ainda consagrar outros órgãos, bem como
dar poderes à assembleia geral ou à direcção para constituírem comissões especiais, de
duração limitada, para a realização de determinadas actividades.
Os órgãos sociais das cooperativas10 obedecem ao princípio da democracia interna e as
suas deliberações são tomadas por maioria simples, com a presença de mais de metade
dos seus membros efectivos, exceptuando o disposto especialmente para a assembleia
geral. Nos órgãos sociais da cooperativa, o respectivo presidente tem voto de qualidade.

10
No tange Funcionamento doa órgãos sociais, o artigo 42 da LC, a excepção da assembleia
geral, nenhum outro órgão pode funcionar ou deliberar sem que estejam preenchidos, pelo
menos metade dos seus membros, devendo proceder-se, no caso contrário e no prazo de um
mês, ao preenchimento das vagas verificadas, sem prejuízo de estas serem ocupadas por
membros suplentes, sempre que os estatutos assim estabeleçam. Das reuniões dos órgãos sociais
da cooperativa é lavrada acta e obrigatoriamente assinada pelo respectivo presidente da reunião
e por outro membro presente. As delibações dos órgãos sociais são obrigatórias para todos os
destinatários. Das deliberações da assembleia geral cabe recurso para os tribunais judiciais com
prazo prescricional de três anos. A assembleia geral pode fixar, no silêncio dos estatutos, uma
remuneração aos membros dos órgãos da cooperativa.
É sempre feita por escrutínio secreto a eleição dos órgãos da cooperativa ou a
deliberação sobre assuntos de incidência pessoal dos cooperativistas.

5. Princípios Cooperativos

As Cooperativas, na sua constituição e funcionamento, obedecem aos seguintes


princípios cooperativos, que integram a declaração sobre a identidade Cooperativa
adoptada pela Aliança Cooperativa Internacional:
a) Princípio de adesão voluntária e livre. – As Cooperativas são organizações
voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e dispostas a
assumir as responsabilidades de membro, sem discriminações de sexo, sociais, políticas
raciais ou religiosas; b) Princípio: Gestão democrática pelos membros. – As
Cooperativas são organizações democráticas geridas pelos seus membros, os quais
participam activamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os
homens e as mulheres que exerçam funções como representantes eleitos são
responsáveis perante o conjunto dos membros que os elegeram. Nas Cooperativas do
primeiro grau, os membros têm iguais direitos de voto (um membro, um voto), estando
as Cooperativas de outros graus organizadas também de uma forma democrática;

c) Princípio de Participação económica dos membros. – Os membros contribuem


equitativamente para o capital das suas Cooperativas e controlam-no democraticamente.
Pelo menos parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da Cooperativa. Os
cooperadores, habitualmente, recebem, se for caso disso, uma remuneração limitada
pelo capital subscrito como condição para serem membros;
d) Princípio de Autonomia e independência. – As Cooperativas são organizações
autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros. No caso de entrarem em
acordos com outras organizações, incluindo os governos, ou de recorrerem a capitais
externos, devem fazê-lo de modo que fique assegurado o controlo democrático pelos
seus membros e se mantenha a sua autonomia como Cooperativas; e) Princípio de
Educação, formação e informação. – As Cooperativas promovem a educação e a
formação dos seus membros, dos representantes eleitos, dos dirigentes e dos
trabalhadores, de modo que possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento das
suas Cooperativas. Elas devem informar o grande público particularmente, os jovens e
os líderes de opinião sobre a natureza e as vantagens da cooperação;
f) Princípio de Intercooperação. – As Cooperativas servem os seus membros mais
eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em conjunto,
através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.

Conclusão

Em consonância com o previsto no artigo 99 da CRM, a economia nacional garante a


coexistência de três sectores de propriedade dos meios de produção. 2. O sector público
é constituído pelos meios de produção cuja propriedade e gestão pertence ao Estado ou
a outras entidades públicas. 3. O sector privado é constituído pelos meios de produção
cuja propriedade ou gestão pertence a pessoas singulares ou colectivas privadas, sem
prejuízo do disposto no número seguinte. 4. O sector cooperativo e social compreende
especificamente: a) os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por
comunidades locais; b) os meios de produção destinados à exploração colectiva por
trabalhadores; c) os meios de produção possuídos e geridos por pessoas colectivas, sem
carácter lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade social,
designadamente entidades de natureza mutualista.

 Os três sectores de propriedade dos meios de produção, consistem em formas de


compatibilidade e de coexistência, entre iniciativas económicas diversas, Pública,
Privada e Cooperativa, bem como entre três tipos de propriedade que se complementam
entre si. O Sector Público, é hoje formado pelo núcleo estadual em resultado das
privatizações realizadas nos últimos anos, por isso os bens que encontramos dentro do
Sector Público, registam propriedade e gestão do Estado ou de outras entidades
públicas. O Sector Privado, tem beneficiado das privatizações as quais procuram o seu
alargamento económico, este Sector dimensiona-se a partir da verificação da
propriedade ou de gestão privadas, com natural excepção das empresas Cooperativas.

Referência Bibliográfica

Frank, A. G. (1989). Dez Teses acerca dos Movimentos Sociais. Lua Nova. São Paulo;
Kula, W. (1979). Tipologia dos Sistemas Económicos”. Rio de Janeiro: Editora FGV;
São Paulo;
Mandel, G. (2000). Iniciação à Teoria Económica, tradução portuguesa, Afrontamento.

Legislação

MOCAMBIQUE, constituição da República da república de Moçambique, – publicado


no BR no 51 1a série de 22 de Dezembro, Maputo impressa nacional de 2004;

MOCAMBIQUE, Lei n.' 23/2009 de 8 de Setembro- Aprovada pela Assembleia da


República, aos 30 de Abril de 2009.

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