Você está na página 1de 1

… Pesqui

Economia social
providencia economico-social

… … …
Esta página ou seção foi marcada para revisão devido a
incoerências ou dados de confiabilidade duvidosa.
Saiba mais

A Economia Social reúne as atividades econômicas


que não visam só o lucro e, embora sejam de caráter
privado, compartilham seus objetivos com o setor
público.

Princípios e características da
Economia Social

A Economia Social constitui a esfera do chamado


terceiro setor, sendo o primeiro setor, o setor público
(Estado, Governo) ; sendo o segundo setor, o setor de
empresas privadas.

Na esfera da Economia Social, estão o associativismo, o


cooperativismo e o mutualismo, como formas de
organização da atividade produtiva (Ong s-
organizações autônomas; visam a melhoria da
qualidade social; projetos sociais; organizações não
governamentais).

Ao longo dos últimos 150 anos, a Economia Social vem


ganhando expressão e seus objetivos passam
necessariamente pela solidariedade e pelo
desenvolvimento integrado da comunidade e do
Homem. Nesta sequência de ideias, a Economia Social
ou Terceiro Sector pode eventualmente substituir a
ação do Estado ou ser um prolongamento deste na
implementação de suas políticas sociais.

Basicamente inclui dois tipos de organizações: aquelas


que funcionam como empresas, embora não visem ao
lucro (liminarmente relacionadas com o movimento
cooperativo), e as organizações privadas mantidas por
donativos, quotizações, trabalho voluntário, doações e
recursos públicos, tais como associações e fundações:

Adesão voluntária e livre;

Gestão democrática e participativa;

Ausência de finalidades lucrativas;

Autonomia face ao Estado e às pessoas jurídicas de


direito público.

A evolução histórica da Economia


Social

As raízes do Terceiro Sector remontam às ações


assistenciais, de proteção social e caridade da Igreja
Católica, voltadas aos grupos sociais mais
desfavorecidos (idosos, doentes, pessoas com
deficiência, vitimas da pobreza, crianças).

Posteriormente à Revolução Francesa, surgem as


organizações de cariz mutualista, assentes na
entreajuda e dispensando apoios externos. São
exemplos do movimento mutualista as Associações de
Socorros Mútuos e as caixas econômicas, como o
Montepio Geral.

A primeira fase deste sector está ligada às experiências


e iniciativas revolucionárias do século XIX, inspiradas
no Socialismo utópico de Saint-Simon e Fourier, no
Social - Cristianismo de Le Play e no Liberalismo
econômico, que pregavam o cooperativismo, o
mutualismo e o associativismo como alternativa à
economia capitalista.

O associativismo, na forma de sindicatos e associações


de classe, associações culturais, cientificas,
recreativas, convivenciais, surge em reação ao
liberalismo ortodoxo, que suprimia as corporações.

O cooperativismo surge quase em simultâneo,


traduzindo-se numa significativa invenção social,
baseada na cooperação, tida como uma forma de
associação popular de entreajuda e, simultaneamente,
uma empresa não submetida ao comando do fator
capital.

As causas para o aparecimento destes movimentos


prenderam-se às consequências sociais da Revolução
Industrial - à pauperização e à superexploração da
classe operária. Baseados em princípios como a
entreajuda, a cooperação e a caridade, em detrimento
do lucro privado, mobilizando e gerindo recursos
monetários e não monetários (donativos e trabalho
voluntário), constituíram-se formas de atividade
econômica mais solidária, democrática e participativa.
Estes movimentos foram organizados e protagonizados
por cidadãos e grupos da sociedade civil com o
objectivo de fazer face às necessidades sociais da
época.

A título ilustrativo podemos salientar as primeiras


cooperativas de consumo e as sociedades de socorros
mútuos, as primeiras como garantes do acesso a bens
e serviços de primeira necessidade e as segundas
como protecção em caso de invalidez ou morte.

A segunda fase é consequência da primeira, com a


expansão dos movimentos supra mencionados em
atividades como a beneficência, a protecção social, a
banca, o consumo e a produção de bens e serviços, os
cuidados de saúde e a alfabetização.

Na viragem para o século XX, assiste-se à


institucionalização destas organizações pelo
reconhecimento do seu importante papel em situações
de fragilidade, através da sua consagração na Lei. É
também neste contexto que todas estas experiências
passam a ser apelidadas de Economia Social,
sobretudo e primeiramente em França, aliás berço do
conceito.

Da Economia Social ao Estado-Providência

A “transição” da Economia Social para o Estado-


Providência é considerada como a terceira fase deste
sector de actividade, e é geralmente situada no período
posterior à Segunda Guerra Mundial. Esta fase
caracteriza-se pela perda de importância do Terceiro
Sector em favor do Estado, que chamou a si a
protecção social. A ideia de crescimento económico no
pós-Guerra levou a considerar-se que estariam
superadas todas as crises e gerou grande confiança no
sistema para manter o bem-estar das populações.

Esta realidade teve como consequência a


instrumentalização, a transformação, fragmentação e
regulação do Terceiro Sector por um período que durou
cerca de trinta anos, uma vez que o Estado passou a
controlar grande parte das organizações privadas
voltadas à acção social. As mais afectadas parecem ter
sido as associações e as mutualidades, cujo modelo
serviu de formato aos sistemas de Segurança Social. A
estas organizações do Terceiro Sector, coube o acesso
a benefícios fiscais e apoios diversos, nem sempre
numa perspectiva de autonomia e auto-
sustentabilidade económica.

O Estado-Providência corresponde a uma forma de


reencaixamento do económico no social, corrigindo os
efeitos do mercado. Na mesma linha de raciocínio, para
Dias (2005: 46-48), o conceito e a prática de Estado-
Providência estão associados às denominadas
economias mistas, com objectivos inerentes ao bom
funcionamento da economia e do mercado, a par da
solução total ou parcial de problemas sociais.

São ainda identificadas três tipologias de Estado-


Providência: o tipo liberal, o corporativo e o
universalista.

Ao Estado-Providência de tipo liberal estão


associados os planos de bem-estar mais modestos que
abrangem sobretudo os mais desfavorecidos. Ainda
neste contexto, influenciado pelo ética do trabalho, o
Estado funciona como elemento favorecedor do
Mercado pelos baixos preços e pela subsistência dos
esquemas privados.

Por seu, turno, o Estado-Providência assente num


modelo corporativo privilegia a preservação das
diferenças de estatutos de classes. Neste caso, o
sistema é influenciado pela Igreja e tem uma
preocupação notória com a família tradicional.

Por fim, resta a abordagem ao Estado-Providência


de tipo universalista, baseado num regime social-
democrata, em que se promove a participação plena
dos cidadãos, e especificamente a dos trabalhadores,
no sentido de assegurar a qualidade dos seus direitos e
garantias.

A crise deste sistema se deve à forma como a esfera


económica se torna constituinte do social, e não aos
fundamentos ideológicos do Estado-Providência. Nesta
lógica, os mecanismos de produção de solidariedade
tornam-se abstractos, formais e ilegíveis, em nada
contribuindo a burocracia a eles associada.

Numa igual perspectiva de crise, são apontadas outras


causas como a deterioração rápida da qualidade dos
bens oferecidos, criticando-se a insuficiente
contribuição do Estado-Providência para a redução das
desigualdades, pois os programas sociais mais
importantes beneficiam sobretudo as classes médias.

Uma vez que se aborda a questão da crise do Estado-


Providência, julga-se oportuno apresentar a análise e a
critica de um dos importantes teóricos na temática –
Karl Marx. Nesta sequência de ideias, este autor
denomina o Estado-Providência de “muleta do capital”,
pois defende que sem a intervenção crescente do
Estado, “o capitalismo desmoronar-se-ia”. Marx
defende que o Estado está ligado à emergência da
burguesia, funcionando como um “aparelho de
dominação de uma classe”.

Ao tecer criticas, Marx apresenta igualmente soluções


que passariam sobretudo pelo desaparecimento do
Estado em prol do Comunismo, crendo assim numa
sociedade de relações económicas e sociais mais
igualitárias, sem necessidade, portanto, de uma
“máquina redistribuidora dos rendimentos”. A
solidariedade estaria assim expressa pela existência de
relações sociais de tipo comunitário.

Na mesma linha de ideias, à crise do Estado-


Providência deveria seguir-se a redefinição das
fronteiras e das relações entre Estado e a Sociedade,
assentes na substituição da estatização pela
socialização, na descentralização (aumentando as
tarefas e as responsabilidades das colectividades
locais nos domínios sociais e culturais) e na
autonomização (transferindo para as colectividades
não públicas tarefas de serviço público). Este
empowerment societal deveria originar a redução da
procura do Estado e o reencaixe da solidariedade na
sociedade.

A revitalização da Economia Social

O final da década de 1970, por seu turno, é marcada


por uma crise económica e social, acompanhada por
uma progressiva globalização económica e pelas
transformações nas políticas do mercado e da
protecção social, reflexo das crescentes dificuldades
fiscais do Estado (em crise e retracção). Estas
facilidades levaram os governos a procurar transferir
para o sector privado a provisão de um conjunto de
bens e serviços públicos.

A redução do crescimento económico durante os anos


1980, associada ao crescimento do desemprego e a um
ambiente de incerteza, gerou um sentimento de
desconfiança em relação à capacidade do sistema para
garantir o bem-estar e sua sustentabilidade a curto
prazo.

Estas realidades impulsionaram a revitalização do


Terceiro Sector (sexta fase), refletindo-se na
constituição de estruturas federativas de representação
comum a nível internacional e transnacional e na
reafirmação da identidade comum, enfatizando os seus
princípios.

O Terceiro Sector sofreu também uma renovação, como


forma de adaptação e de resposta a novos problemas
sociais, como as novas formas de pobreza, a exclusão
social e o desemprego. Para além das tradicionais
organizações, surgem as Organizações Não
Governamentais (ONG) em áreas de intervenção tão
inovadoras como o comércio justo ou o crédito
solidário.

A consolidação das organizações do terceiro Sector


foram acompanhadas pela criação de novos quadros
jurídicos em vários países da União Europeia, com
destaque para algumas iniciativas. Dentre as mais
significativas podem-se destacar cooperativas em Juiz
de fora e as Empresas de Inserção em França e na
Bélgica.

Em jeito de conclusão desta análise ao fenómeno da


Economia Social, cumpre referir que a sua existência
acompanhou a história da humanidade, com altos e
baixos de visibilidade e intervenção, todavia
procurando sempre adaptar-se e dar resposta aos
problemas sociais e realidades locais. Cumpre
acrescentar, como principal conclusão, que a Economia
Social e Estado-Providência têm evoluções inversas,
quando um perde expressão, o outro tende a ganhá-la

Evolução histórica da Economia


Social em Portugal

Ver também

Notas e referências

Última modificação há 1 ano por JMagalhães

PÁG I N A S R E L AC I O N A DA S

Terceiro setor

Escola de Administração de Lisboa

Cooperativismo
associação autônoma de pessoas ou organizaç…

Conteúdo disponibilizado nos termos da CC BY-SA 3.0 ,


salvo indicação em contrário.

Condições de utilização • Política de privacidade •


Versão desktop

Você também pode gostar