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Curso: Direito Tributário

Aula: O Estado e a Necessidade de Receita


Professor: Mauro Lopes

Resumo

Introdução
Nesta aula será visto o que é o Estado, um breve conceito, e por qual motivo ele necessita arrecadar receita
e por quais meios ele o faz.

Estado
1. Conceito
Costuma-se conceituar Estado analisando-se seus três principais elementos. São eles: Povo, Território e
Poder Público Soberano (ou Governo).

Povo: associação, agrupamento de pessoas;

Território: base geográfica sobre a qual as pessoas se agrupam;

Poder Público Soberano (Governo):

Sendo assim, Estado é um grupo, uma associação de pessoas (Povo) situada em determinado espaço
geográfico (Território) e submetido a um governo soberano (Poder Público Soberano).

Poder Público
Povo Território Soberano ESTADO

Há alguns autores que defendem a existência de um quarto elemento, qual seja, a finalidade, isto é, o
Interesse Público.
Tal tese é minoritária. Mas não pelo fato de se rejeitar a Finalidade como um elemento essencial do
Estado. Mas porque ela, a finalidade, é compreendida, ou seja, está implícita ao elemento Poder Público
Soberano (Governo). Isso porque um Poder Público Soberano só se justifica em razão da busca e
obtenção dos interesses do Povo.
Em suma, a divergência diz respeito apenas ao fato de o elemento Finalidade ser ou não implícito ao
elemento Poder Público Soberano (Governo), ou seja, se a finalidade é um elemento autônomo.
Poder Público
Povo Território ESTADO
Soberano

Finalidade (busca
pelo interesse
2. Necessidade de arrecadar receita público)

Uma vez que a finalidade é uma característica intrínseca ao elemento Poder Público Soberano (já que a
soberania só seria justificada em razão da finalidade de sua existência), o Estado precisa realizar uma série
de atividades para atingir essa finalidade, isto é, para atingir o interesse público. Dentre as várias atividades
que o Estado precisa executar, destaca-se: construir estradas, prestar serviços, editar leis, decidir conflitos,
dentre outras.

Para que o Estado possa atingir essa finalidade ele precisa de dinheiro, de recursos financeiro, de Receita.

Em suma, uma vez que a Finalidade (satisfação do interesse público) é uma característica inerente a um
dos elementos essenciais do Estado – Poder Público Soberano – o Estado, para atingir essa finalidade,
precisa arrecadar recursos financeiros.

2.1 Contexto brasileiro

Existem várias formas de arrecadar recursos financeiros. Por exemplo, uma pessoa física arrecada dinheiro
mediante a exploração lícita de atividade econômica.

Dentro da Ordem Constitucional brasileira, a Constituição Federal determina em seu art. 1701 que a Ordem
Econômica é fundada na livre iniciativa. Além disso, um dos princípios basilares da Ordem Econômica é o da
livre concorrência (art. 170, IV).

Esse dispositivo revela que é lícito aos particulares exercerem livremente atividade econômica, uma vez que
a Ordem Econômica brasileira é baseada na livre iniciativa e tem como princípio norteador a livre
concorrência.

Nesse contexto, ao Estado também é permitida a exploração direta de atividade econômica, entretanto
apenas em caráter excepcional, conforme disposto no art. 173 da Constituição Federal

Art. 173, CF: Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse
coletivo, conforme definidos em lei. [destacamos]

Isso significa que não é a partir da exploração de atividade econômica que o Estado irá auferir as principais
receitas de que necessita para custear suas atividades. A exploração de atividade econômica, como visto, é
papel secundário do Estado no plano da Ordem Econômica.

E qual é o papel primordial do Estado dentro da Ordem Econômica?

1
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar
a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
IV - livre concorrência;
O art. 174 da CF define o papel fundamental do Estado no plano da Ordem Econômica como sendo de
Agente Regulador. Isto é, o Estado normatiza, regula, fiscaliza (ex.: evitar concorrência desleal de modo a
impedir violações ao princípio da livre concorrência2).

Art. 174, CF. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as
funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo
para o setor privado.

Portanto, tem-se

PRIMÁRIA Agente Normativo e Regulador (Art. 174,


CF)

Exploração direta de atividade econômica


SECUNDÁRIA
PARTICIPAÇÃO DO (Art. 173, CF)
ESTADO NA ORDEM
ECONÔMICA

Quando ao Estado, diante de situações excepcionais, é permitida a exploração direta de atividade


econômica, esta será feita mediante Empresas Estatais, as quais podem ser Empresas Públicas (ex.: Caixa
Econômica Federal) ou Sociedade de Economia Mista (ex.: Banco do Brasil), as quais atuarão conforme as
mesmas regras as que estão submetidas quaisquer empreendimentos privados. É dizer, o Estado atuará,
via de regra, sem nenhum privilégio em relação às empresas privadas, conforme disposto no art. 173, §2º da

Ex.: Caixa Econômica Federal

EMPRESAS ESTATAIS

Ex.: Banco do Brasil

CF3.

EMPRESA PÚBLICA

SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA

Em outras palavras, o Estado quando, excepcionalmente, explorar atividade econômica o fará sem garantia
de lucro, pois estará sujeito às mesmas regras que qualquer outra empresa, isto é, enfrentará as mesmas
dificuldades que o Mercado apresenta aos demais empreendimentos privados.

2
Em razão disso, o Estado possui órgãos como o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para evitar
atividades que caracterizem violações aos princípios basilares da Ordem Econômica, como a criação de Monopólios.
3
Art. 173. [...]
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às
do setor privado.
Isso permite concluir que a exploração de atividade econômica não é o meio pelo qual o Estado irá auferir
recursos para custear suas atividades de modo a atingir a sua finalidade (satisfação do interesse público).

Em sendo assim, o meio pelo qual o Estado arrecadará os recursos financeiros necessários é a Tributação,
isto é, a coleta de tributos. Dito de outro modo, o meio pelo qual o Estado arrecada recursos financeiros
para prestar serviços de modo a satisfazer o interesse público é a instituição e arrecadação de tributos.

Por essa razão os humanistas afirmam que o tributo é o preço da liberdade. Ao passo que a Constituição
federal assegura liberdades (no plano econômico, propriedade, dentre outras), é necessário a arrecadação
de tributos de modo que seja viável a manutenção e garantia dessas liberdades, uma vez que a exploração
de atividade econômica não é um caminho viável ante as intempéries do Mercado.

Em suma, o tributo, em um regime de economia desestatizada, assume um papel primordial, pois sem ele o
Estado não conseguiria exercer suas atividades essenciais.

Em Estados com economia estatizada, como a China que controla muitas atividades econômicas, a
tributação não é elevada. Em contrapartida, os cidadãos possuem suas liberdades bastante restringidas. Por
isso que se diz que o tributo é o preço da liberdade.

3. Mapa Mental da Aula

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