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Faculdade de Direito de Varginha – FADIVA

Fundação Educacional de Varginha – FUNEVA


Decreto nº 68.179 de 08/02/1971

A EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA - EIRELI:


Aspectos, características e sua função na legislação brasileira

VARGINHA / MG
2013
2

RESUMO

Tivemos um avanço jurídico que, após varias tentativas fracassadas de se introduzir no


ordenamento jurídico brasileiro alguma hipótese de limitação da responsabilidade pessoal
do empresário individual, a Lei n. 12.441/2011 foi publicada no Diário Oficial da União
(DOU), que foi em circulação no dia 12/07/2011, e vem regular a empresa individual de
responsabilidade limitada ou, resumidamente, “EIRELI”. Esse novo instituto jurídico autoriza
determinada pessoa natural a constituir pessoa jurídica para a exploração de empresa, sem
a necessidade de se juntar a algum sócio, fazendo e acabando assim com sociedades
constituídas de “laranjas”. Afinal, antes da Lei n. 12.441/2011 o empresário individual não
tinha escolha: se quisesse explorar determinada empresa, sem a colaboração de sócios,
estaria arriscando todo o seu patrimônio pessoal o tornando penhorável. A presente
monografia tem a humilde pretensão de analisar, criticamente, positiva e negativamente,
alguns aspectos, características, comparações do regime jurídico da EIRELI com outros
institutos semelhantes, abordar seu histórico de criação, e analisar este instituto que existe
em outros países. Finalmente, a EIRELI foi inaugurada com a recente vigência da Lei n.
12.441/2011, em janeiro de 2012.

Palavras-chave: Empresário Individual de Responsabilidade Limitada. Empresário Individual.


Responsabilidade Limitada. EIRELIS em Legislações de outros países.

ABSTRACT
3

We had a legal advance that, after several failed attempts to enter the Brazilian legal
system any chance of limiting the personal liability of the individual entrepreneur, the
Law n. 12.441/2011 was published in the Official Gazette (DOU), which was in
circulation on 12/07/2011, and is a regular individual limited liability company or,
briefly, "EIRELI." This new legal institution authorizing a particular person to be
natural entity for the operation of the company without the need to join any partner,
and doing thus ending corporations incorporated "oranges". After all, before Law n.
12.441/2011 the individual entrepreneur had no choice: if he wanted to explore
certain company, without the collaboration of partners, would be risking all his
personal assets making the attachable. This monograph is a humble claim to
analyze, critically, positively and negatively, some aspects, characteristics,
comparisons of the legal regime of EIRELI with other similar institutes, addressing its
historical creation and review this institute that exists in other countries. Finally,
EIRELI was inaugurated with the recent enactment of Law nº 12.441/2011 in January
2012.

Keywords: Individual Entrepreneur Limited Liability. Individual entrepreneur. Limited


Liability. EIRELIS Legislations in other countries.

INTRODUÇÃO
4

Após muitos reclamos da comunidade jurídica e empresarial, finalmente foi


aprovada no Senado Federal a limitação de responsabilidade ao empresário
individual.
A Lei nº 12.441/2011 promoveu mudanças no Código Civil para criar a
empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), espécie de pessoa
jurídica formada por apenas uma pessoa.
Pode-se admitir como razoavelmente consensual a idéia de que qualquer país
do mundo, para obter crescimento econômico, precisa captar investimentos. O
investimento em atividades produtivas é a grande fonte de riqueza das economias
modernas, gerando renda, tributos, empregos e todos os demais benefícios indiretos
daí derivados.
Contudo, ao investir em atividades naturalmente arriscadas, os agentes
econômicos calculam ainda que superficialmente suas chances de sucesso ou
fracasso de seus negócios. Naturalmente, se a probabilidade das perdas superar a
perspectivas dos ganhos, é razoável presumir que não haja desejo ou intenção de o
agente assumir exposição de riscos.
Diante disso, para estimular o empreendedorismo é necessário que se
viabilize ao investidor formas de limitar suas perdas, de modo a não expor a
totalidade de seu patrimônio em caso de fracasso do negócio para o qual contribuiu
financeiramente.
Os mecanismos jurídicos de redução de risco empresarial podem ser vários,
dentre os quais se podemos citar: 1) Isenção de responsabilidade por determinados
atos; 2) Diluição do risco por intermédio de contratação de seguro; 3) Limitação de
responsabilidade do empreendedor ao total do patrimônio investido no negócio ou a
parte dele.
Os moldes utilizados em diversos países, embora em único objetivo que é a
limitação das perdas do empresário individual, diferem em sua operacionalização,
ora admitindo a existência de sociedade unipessoal de responsabilidade
limitada, ora admitindo a afetação ou separação de alguns bens (estabelecimento)
do patrimônio do empresário, para que estes, respondam unicamente pelas dívidas
oriundas da atividade;
O Brasil, como se pode constatar ao se verificar a data dos diplomas legais
supracitados, está décadas atrasado nessa regulamentação. Entre nós, para atingir
o objetivo da limitação patrimonial, sempre se lançou mão da constituição de
5

sociedades de responsabilidade limitada com sócios que eram “testas de ferro” ou


os famosos “laranjas”, sendo muito comuns aos casos de sociedades de fachada em
que a divisão do capital social se dava na proporção de 99 % para um sócio e 1 %
para o outro completar este quadro social.
E terminando, o ultimo motivo que influenciou a criação das EIRELIS foi a sua
compatibilidade com a legislação, contendo inclusive alguns remédios contra
possíveis fraudes.

BREVE HISTÓRICO DO NOVO INSTITUTO JURÍDICO – EIRELI


6

São diversos, os artigos que comentam as informações constantes do próprio projeto


de lei (PL n°4.605/2009), enfatizados na certeira e elogiada iniciativa do Deputado Federal
Marcos Montes Cordeiro (DEM-MG). Importante também acrescentar que o projeto teve
embasamento em dois importantes colaboradores, que a seguir, relembramos.
O primeiro colaborador, que tivemos a lembrança mencionada no próprio teor do
projeto de lei, foi Guilherme Duque Estrada de Moraes. Em seu artigo sobre a necessidade
de uma lei que atribuísse ao empresário individual a responsabilidade limitada foi
embasamento teórico utilizado no projeto de lei n°4.605/2009. Sendo assim, vale conhecer
que, Guilherme Duque Estrada de Moraes foi "coordenador e entusiasta da
desburocratização e da modernização das estruturas e práticas da administração
pública" apaixonado pelo assunto, que para nossa infelicidade e a dele próprio não chegou a
viver a concretização de sua idealização e seu sonho, em razão de seu trágico falecimento
no vôo 3054 da TAM em 17/07/2007. Contudo, seu artigo serviu de inflamação para com a
necessidade de se instituir a figura do empresário individual de responsabilidade limitada, ao
conclamar a existência de tal instituto em vários ordenamentos jurídicos de diversos países,
demonstrando visivelmente que o Brasil estava ultrapassado no tratamento do empresário
individual.
O segundo colaborador nesta caminhada, que merece nossa menção, foi o professor
Paulo Vilela Cardoso, grande estudioso mineiro morador da cidade de Uberaba/MG.
Professor Paulo, foi quem auxiliou o Dep. Marcos Montes Cordeiro em sua precisa análise
das legislações estrangeiras que serviram de molde para a formulação do instituto. Também
se elogia, e claro, é justo aplaudir os colaboradores que levaram adiante a pesquisa e o
entusiasmo para que o instituto surgisse, tal equipe que perseverante e liderada pelo
professor discutiram e debateram por horas e horas todos os diversos institutos estrangeiros
para o desenvolvimento do projeto que resultou na lei n°12.441.
Entretanto, vale lembrar, sem sobras de dúvidas, o exemplo dos estudos de Calixto
Salomão Filho em sua obra "A sociedade unipessoal"1. Eles foram muito importantes no
projeto para reformulação da antiga e revogada Lei de Sociedade por quotas de
responsabilidade limitada, liderada pelo professor Arnoldo Wald, que já tinha pretensão da
criação da sociedade unipessoal, restando todavia prejudicado pela superveniência da lei
n°10.406/02, o então novo Código Civil.
Inclusive, a apesar da empresa individual de responsabilidade limitada, não ser
espécie de sociedade, conforme se explicará mais adiante, lembra-se que existem no direito
brasileiro duas formas excepcionais de sociedades unipessoais. Tratam-se das empresas

1 (SALOMÃO FILHO, Calixto. A sociedade unipessoal. São Paulo: Malheiros, 1995.)


7

públicas, comumente constituídas com a integralidade do capital titularizado por um único


Ente Público (art.5º, II, do Decreto-lei n°200/1967); e ainda a subsidiária integral (art.251 da
LSA, Lei n°6.404/1976), em crescente utilização, a qual configura em sociedade anônima
constituída com por único acionista que seja sociedade brasileira.
O renomado Professor Sylvio Marcondes Machado2 já tinha uma idéia norteada em
sua obra na década 50 do século passado sobre a necessidade do instituto do empresário
individual de responsabilidade limitada. Assim, o autor põe numa reflexão de que a
doutrinária internacional é antiga, quando no século XIX juristas como Jessel, Passov e
Oscar Pisko já idealizavam a responsabilidade limitada ao comerciante individual3.

A EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

Após uma breve na história acerta da lei 12.441/2011, vale apena discutir que a
primordial novidade introduzida, encontra-se na limitação de responsabilidade outorgada à
pessoa física isoladamente, o que permite analisar os aspectos da atividade empresarial,
incluído seu risco, de forma consideravelmente mais detalhada e segura.

2 (MACHADO, Sylvio Marcondes. Limitação da responsabilidade de comerciante


individual. São Paulo: Max Limonad, 1956.)

3 (MACHADO, Sylvio Marcondes apud NONES, Nelson. A sociedade unipessoal: uma


abordagem à luz do Direito Italiano, Espanhol e Português. In: Novos Estudos Jurídicos. Ano
VI, n.12, p.13-32, abril/2001.)
8

A partir de janeiro de 2012, os interessados em explorar atividade empresarial no


Brasil passaram a ter mais uma opção, além das já conhecidas sociedade empresária e
empresário individual. Trata-se da "empresa individual de responsabilidade limitada" ou a
chamada "EIRELI".
Inserida no ordenamento pela Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, a empresa
individual de responsabilidade limitada, conforme o Projeto de Lei que lhe deu origem (nº
4.605/2009), surge com o intuito de incentivar a formalização de milhares de
empreendedores que atuam em nosso país de forma desorganizada e de desestimular a
criação de sociedades que na prática são constituídas por uma única pessoa, ou na maioria
dos casos, em 99 % sócio majoritário e 1 % o sócio “laranja” com o intuito de se beneficiar
da limitação de responsabilidade.
Na atuação como empresário individual 4, a pessoa física tem o desfrute de
tomar as decisões e orientar o rumo dos negócios isoladamente, sem necessidade
de convocar as intermináveis reuniões ou deliberar com sócios – porque inexistem –,
dando uma suntuosa rapidez em processos decisórios. Além disso, o empresário
individual equipara-se à pessoa jurídica empresária para fins de tributação 5.
Na contramão, ao compor sociedade, as pessoas físicas e/ou jurídicas envolvidas
obtêm duas principais vantagens sobre o Empresário Individual e sobre a EIRELI. É uma
composição que não tem preço, não tem custo e simplesmente vai além, a união de capitais
e de conhecimentos técnicos e analíticos, que são compartilhados na doação de intelecto
entre os sócios no desenvolvimento da atividade6.
A novidade trazida pela nova lei da EIRELI é inserir a figura existente nas sociedades
limitadas e anônimas, que conforme explicado anteriormente, tem a separação patrimonial
entre os sócios e a sociedade e a decorrente limitação de responsabilidade, e que o sócio
responde unicamente pela integralização de suas cotas ou ações, sem ser afetado pelo
endividamento da sociedade, na possibilidade de uma empresa individual, com autonomia
do empresário, para colocar suas decisões à frente do negócio, figura típica do empresário

4 (C.C, artigo 966)

5 (Artigo 146, II e 150 do Decreto n.º 3.000/1999, artigo 4º da Lei 7.689/1988 e artigo 2º, I,
da Lei n.º 9.715/1998.)

6 (C.C, artigo 981)


9

individual, e com obter a vantagem da limitação de sua responsabilidade, tal como a


sociedade limitada.
E finalmente, em termos teóricos, a solução dada pelo legislador, e afirmada
pelo entendimento do Departamento Nacional de Registro do Comércio,
corresponde à tendência antecipada por Calixto Salomão, que via na tendência
Jurídica Brasileira uma inclinação para a modalidade societária de proteção
patrimonial do empresário individual7. Contudo, a EIRELI foi incluída no rol das
pessoas jurídicas de direito privado8. O DNRC, por sua vez, com a Instrução
Normativa nº. 117 de 2011, regulou as "decisões do titular", a possibilidade de
continuidade da empresa pelos sucessores do titular falecido e a transferência de
titularidade, em declarada opção por um modelo societário de proteção patrimonial
do empresário individual que adote a forma da EIRELI para condução dos seus
negócios.

CARACTERÍSTICAS, ELEMENTOS E REQUISITOS DO EMPRESÁRIO


INDIVIDUAL

7 SALOMÃO FILHO, Calixto. O novo direito societário. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 231.
Nesta obra, o autor discorre acerca das diferentes teorias sobre o patrimônio e a subjetividade
jurídica da empresa (ou do estabelecimento, na forma da lei portuguesa), identificando como as
formas societárias trazem as vantagens da perpetuidade ou continuidade da empresa e sua
transferibilidade, traços claramente incorporados ao regime brasileiro da EIRELI.

8 (C.C, artigo 44, I, com redação dada pela Lei 12.441/2011).


10

Separação patrimonial e limitação de responsabilidade

Com as modificações advindas pela Lei nº 12.441/2011 no nosso Código Civil que
trouxe no caput do artigo 980-A do Codex, "a empresa individual de responsabilidade
limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo
vigente no País", tal qual é a vantagem da limitação de responsabilidade que abandonou a
exclusividade das sociedades.
Com efeito, a limitação de responsabilidade, que decorre da separação do
patrimônio entre a pessoa titular e a EIRELI, tem sua previsão legal no artigo 1.052
do Código Civil. Ou seja, figura idêntica àquela aplicável aos sócios da sociedade
limitada, com a diferencial de que a titularidade da EIRELI não necessitar de sócios
para responder solidariamente por eventual não integralização do capital.
A redação original do Projeto de Lei nº 18/2011, que expressamente previa
em seu artigo 2º, parágrafo 4º, que:

Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da


empresa individual de responsabilidade limitada, não se confundindo em
qualquer situação com o patrimônio da pessoa natural que a constitui,
conforme descrito em sua declaração anual de bens entregue ao órgão
competente.

Contudo, o parágrafo 4º foi alvo de veto na aprovação do projeto de lei, que


considerou a expressão "em qualquer situação" alvo de divergências quanto à aplicação das
hipóteses gerais de desconsideração da personalidade jurídica, conforme razões
apresentadas:

Não obstante o mérito da proposta, o dispositivo traz a expressão 'em


qualquer situação', que pode gerar divergências quanto à aplicação das
hipóteses gerais de desconsideração da personalidade jurídica, previstas no
art. 50 do Código Civil. Assim, e por força do § 6º do projeto de lei, aplicar-
se-á à EIRELI as regras da sociedade limitada, inclusive quanto à
separação do patrimônio.

Assim sendo, e com base no artigo 2º, parágrafo 6º, da Lei nº 12.441/2011, o
qual prevê que "aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no
que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas", e diante de uma
leitura aprofundada o que se pode concluir é que poderão recair sobre os bens do
11

sócio eventuais dívidas e débitos previdenciários e também, dívidas trabalhistas, ou


em casos de violação à lei, como ocorre com as demais sociedades.
De qualquer modo, permaneceu para este tipo de empresa a obrigação de
honrar suas dívidas no limite de seu capital social, resguardado o patrimônio pessoal
do sócio.

Integralização Mínima do Capital Social

O caput do artigo 980-A da Lei nº 12.441, de 11 de julho de 2011, impõe que a


totalidade do capital social integralizado não poderá ser inferior a cem vezes o maior salário-
mínimo vigente no país, conforme redação:

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será


constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País.

Este é um aspecto merece uma sinuosa reflexão, pois precisamos entender que a
fixação de um valor mínimo é necessário, já que existe de fato uma separação entre o
patrimônio aplicado na atividade econômica exercida pela EIRELI e o patrimônio pessoal
particular do seu único sócio e também este capital mínimo é para atingir o patamar de
investimento inicial do empresário para suportar o ônus da atividade empresarial, mas, fixar
esse valor em cima do salário-mínimo não é o mais cabido.
O artigo 7º, inciso IV de nossa Constituição Federal é nítido ao destacar que
“salário-mínimo, fixado em lei..., vedada sua vinculação para qualquer fim”, sendo que o
legislador ao estipular que o capital social não poderá ser inferior a 100 vezes o “maior
salário-mínimo vigente no país” não considerou que muitos doutrinadores e até
jurisprudência atribuem ao piso salarial fixado no inciso V do artigo 7º da Carta Magna e na
Lei Complementar n.º 103/00 com texto “Art. 1o Os Estados e o Distrito Federal ficam
autorizados a instituir, mediante lei de iniciativa do Poder Executivo, o piso salarial de que
trata o inciso V do art. 7o da Constituição Federal para os empregados que não tenham piso
salarial definido em lei federal, convenção ou acordo coletivo de trabalho”, nos termos de
suas legislações internas. Temos diversos exemplos como o estado do Rio de Janeiro, onde
o piso salarial foi reajustado em 14,13% pela Lei 6.163/2012 de 10/02/2012 e que esta
fixação não foi embasada em estudos sobre a capacidade econômico-financeira dos
prováveis interessados nesta espécie tributária.
12

Nome Empresarial

Começamos relembrando que o nome empresarial é o elemento identificador do


empresário ou da sociedade empresária9, conforme redação dada no Artigo 980-A,
parágrafo 1º, da Lei 12.441/2011, estabelecendo que o nome empresarial deverá ser
formado pela inclusão da expressão “EIRELI” após a firma/razão social ou da denominação
social da empresa.
A firma/razão social contém o nome de seu único sócio empresário, completo ou
abreviado, aditando-lhe se quiser, por exemplo, “Douglas Eduardo Gomes EIRELI”,
enquanto a denominação é composta pelo nome empresarial e por expressão que indique o
objeto social da empresa, por exemplo, “Positiva EIRELI”.

ASPECTOS TRIBUTÁRIOS

Neste aspecto, vale ressaltar que a EIRELI, como uma espécie de empresa
(empresário individual ou sociedade empresária, dependendo de comportamento adotado e
de seu sócio único), também pode gozar do SIMPLES NACIONAL10, regime tributário das
microempresas (ME) e das empresas de pequeno porte (EPP), desde que se enquadre

99 (C.C, art. 1.155/1.168)


13

como uma delas. Além do SIMPLES, a EIRELI também pode optar pelo enquadramento nos
seguintes regimes tributários: lucro real 11, lucro presumido12.
Para fins, o tratamento no aspecto de modalidade empresária não se aplica ao caso,
mas sim sua classificação para fins tributários.
Como se vê, a Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006, criou o
Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, trazendo prescrições
de natureza societária e tributária, principalmente, e atendendo as previsões constitucionais
conforme a leitura abaixo dos artigos 146, inciso III, alínea "d", e 170, inciso IX:

Art. 146. Cabe à lei complementar:[...]


III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
[...]
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as
microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art.
155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da
contribuição a que se refere o artigo 239.
e
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e
na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta
igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais);
e (Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 2011)
II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário,
receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e
igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil
reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 2011).

10 (Lei complementar n.º 123/2006, artigo 12 e seguintes.)

11 (Decreto n.º 3.000/1999, artigo 246 e seguintes.)

12 (Decreto n.º 3.000/1999, artigo 516 e seguintes.)


14

No dia 10 de novembro de 2011 foi editada a Lei Complementar n.º 139, que, entre
as várias alterações na legislação da Microempresa, incorporou às modificações inseridas
no Código Civil pela Lei n.º12.441/2011 para possibilitar expressamente esse
enquadramento:

Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou


empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples,
a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se
refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil),
devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro
Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que (...).

Então, conforme acima exposto, podemos dar exemplo: a firma da empresa


individual pode ser Douglas Eduardo Gomes EIRELI ME ou Douglas Eduardo Gomes
EIRELI EPP, e sua denominação Douglas Eduardo Gomes Positiva Soluções para Você
EIRELI ME ou Douglas Eduardo Gomes Positiva Soluções para Você EIRELI EPP. Nesse
sentido, corrobora o parágrafo único do artigo 17 da Instrução Normativa n.º 118/2011 do
Departamento Nacional de Registro de Comércio – DNRC que dispõe: “no caso mencionado
no caput, à expressão ‘ME’ ou ‘EPP’ será aditada ao nome empresarial escolhido”. E ainda,
podemos então lembrar de que a denominação da microempresa e da empresa de pequeno
porte dispensa a inclusão do objeto da empresa na denominação, conforme prevê o art. 72
da Lei Complementar nº 123/2006.
E como ainda se vê, e conforme previsão do artigo 17, inciso XII, da Lei
Complementar nº 123/2006, é excluída do SIMPLES Nacional a empresa que realizar
cessão ou locação de mão-de-obra. Razão esta, que o parágrafo 5º do art. 980-A do Código
Civil dispõe a cessão à EIRELI de certos direitos vinculados à atividade profissional de seu
titular, o que não acontece com o inverso, ou seja, a prestação de serviços pelo sócio como
pessoa natural com a posterior cessão dos direitos para a empresa individual. O inciso XI do
artigo 17 da Lei Complementar nº 123/2006 igualmente afasta tributação diferenciada, a
empresa que tenha como objeto a prestação de serviços que decorrem do exercício de
atividade intelectual, de natureza científica, desportiva, artística, cultural e técnica, bem
como a que preste serviços de corretor, de despachante, instrutor ou de qualquer tipo de
intermediação de negócios.

Aspectos econômicos

Neste tópico, como já visto anteriormente, a EIRELI trouxe avanço no que tange ao
avanço econômico, pois, a limitação da responsabilidade outorgada à pessoa física na figura
15

do sócio na sociedade unipessoal, permite um cálculo detalhado e preciso, incluindo o risco.


Tais fatores estimulam a livre iniciativa dos milhares de pequenos empreendedores
individuais do país e o crescimento econômico intrínseco.
Além disso, caso tudo que foi exposto anteriormente seja acatado pelo Judiciário –
exigência menor de uma integralização de capital social e, no sentido de que pode ser
constituída EIRELI por pessoa jurídica, aparece mais uma possibilidade para o
desenvolvimento de estratégias societárias e tributárias. Também vale destacar que não há
prejuízo para o mercado, em nenhuma hipótese, de tal possibilidade. Afinal, na atualidade
em que vivemos, já é possível a criação da subsidiária integral, além da constituição de
sociedades limitadas, anônimas e em conta de participação exclusivamente entre pessoas
jurídicas.
A lei ainda impõe uma previsão legal da vantagem adicional àqueles que auferem
renda através da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou
voz, uma vez que poderão designar a referida receita à EIRELI. Este benefício expõe por
ser mais importante na hipótese de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada -
EIRELI constituída por pessoa física, que escolher por explorar referidos direitos
individualmente, como pessoa jurídica e com limitação de responsabilidade.

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DAS REGRAS DA SOCIEDADE LIMITADA

O parágrafo 6º do artigo supracitado, determina que se apliquem à empresa


individual de responsabilidade limitada, no que lhe couber, as regras previstas para
as sociedades limitadas.
16

Este dispositivo confirma que o veto presidencial não seria conveniente, visto
que limitar a responsabilidade patrimonial dos sócios, é uma previsão expressa nos
dispositivos aplicáveis às sociedades limitadas.

Regras de encerramento da EIRELI

Sobre o tema, a Lei n.º 12.441 de 11 de julho de 2011, no artigo 980-A do


Código Civil, permite que seja atribuída à empresa individual de responsabilidade
limitada com a finalidade de prestação de serviços de qualquer natureza, a
remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou imagem,
nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculado à
atividade profissional.
É de suma importância reafirmar que a criação da empresa individual de
responsabilidade limitada explore atividade como pessoa física, sem utilizar qualquer
menção à limitação. Em outras palavras, as EIRELIs não revogam a figura do
empresário individual – pessoa física. É a presunção, entretanto, que as EIRELIs
passem a ser regra no tempo/espaço, substituindo a exploração de atividades como
infimamente pessoas físicas, e também várias outras sociedades criadas
simplesmente para fachada.

A FALÊNCIA DO ANTIGO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL E A EIRELI


17

Previu o artigo 2º da lei 11.101 de 02 de fevereiro de 2005, que seriam aplicados os


benefícios da recuperação de empresas e falências às sociedades empresárias13, inclusive
ao empresário individual.
Ainda, sobre o empresário individual, sempre se criticou que a eventual declaração
de sua falência, que se resumiria à verdadeira constrição e alienação da integralidade de
seu patrimônio, respeitando-se somente os bens absolutamente impenhoráveis do artigo
649 do Código de Processo Civil e os bens de família protegidos pela Lei n.º8.009/90,
conforme preceitua o artigo108, parágrafo 4º da Lei de Falências.
Nítida e pacífica é a possibilidade de recuperação de crédito pelo empresário
individual, benefício correntemente utilizado, tanto para a recuperação judicial ordinária
(artigos 47 a 69 da Lei 11.101/05) quanto para a recuperação judicial especial de
empresários individuais optantes pelo Simples Nacional (artigos 70 a 72 da Lei 11.101/05).
Entretanto, importa que a falência do empresário individual acarretará na
arrecadação de todo o seu patrimônio pessoal, bem como a inabilitação do empresário para
a atividade empresarial durante todo o processo falimentar, conforme artigo 102 da mesma
Lei Falimentar, como se segue:

Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial
a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas
obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181 desta Lei. Parágrafo
único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.

Ainda, nos termos do art.103, desde a decretação da falência, o devedor perde o


direito de administrar os seus bens ou deles dispor.

Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde


o direito de administrar os seus bens ou deles dispor. Parágrafo único. O
falido poderá, contudo, fiscalizar a administração da falência, requerer as
providências necessárias para a conservação de seus direitos ou dos bens
arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte ou
interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos
cabíveis.

13 Importa asseverar as exceções previstas na própria legislação, destacando-se ainda as sujeição


das sociedades simples e sociedades cooperativas ao instituto da insolvência civil prevista dos
arts.748 A 786-A do Código de Processo Civil.
18

E no caso da empresa individual de responsabilidade limitada, a chamada EIRELI,


como ficaria?
É de nítida constatação que, acaso seja decretada a falência da EIRELI, incorrerá a
arrecadação somente dos bens de propriedade da pessoa jurídica de atividade empresarial,
não cabendo a arrecadação dos bens pessoais do titular da empresa individual para
pagamento aos credores.
Entretanto, poderíamos dizer que seriam aplicáveis ao titular sócio unitário da EIRELI
as normas previstas nos artigos 102 e 103 acima citados?
A resposta poderia, em princípio, ser respondida como negativa. A previsão de
inabilitação do artigo 102 é somente ao empresário, ou seja, ao empresário individual ou à
própria sociedade empresária. No caso da empresa individual de responsabilidade limitada,
a inabilitação seria à própria pessoa jurídica, e não ao seu titular pessoa natural/física. Vale
lembrar que os sócios na sociedade empresária, se optarem pelo regime de
responsabilidade limitada, não serão considerados falidos, salvo caso da extensão da
falência por meio do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Enfim, o titular
da EIRELI somente seria atingido em casos muito excepcionais, e se acaso a falência fosse
estendida justificadamente sobre a pessoa natural, em razão de seus atos, como explica o
professor Gladston Mamede “sobre a possibilidade do juiz estabelecer a inabilitação de
forma extensiva aos sócios ou administradores na falência de sociedades.
Daí surge um problema: Decretada a falência, sem motivos determinantes a
sentença extensiva dos seus efeitos, os credores assistirão à completa liberação do titular
pessoa natural da EIRELI sobre as obrigações decorrentes daquela atividade empresarial.
Fato que também ocorre às falências das sociedades empresárias. Obviamente que dentro
do próprio processo falimentar caberá nos termos do artigo 82 da Lei Falimentar a
propositura de incidente de apuração de responsabilidade do sócio-administrador da
empresa individual de responsabilidade limitada, permitindo-se a identificação de eventuais
atos ilícitos e crimes falenciais capazes de alcançar o patrimônio pessoal do empresário
individual. Mas, em regra, o titular da empresa individual de responsabilidade limitada, não
será atingido, mesmo que a inabilitação se estenda até a sentença que efetivamente ponha
a declarar a extinção das obrigações, essa não dirá a respeito ao titular da EIRELI, que
poderá ser sócio de outras sociedades empresárias ou, espantem, registrar-se como
empresário individual, em sua figura clássica.
Sabe-se que são várias as obrigações do falido perante seus credores e não se
extingue pela mera arrecadação e alienação de patrimônio, perdurando pelo prazo de até 5
ou 10 anos, conforme previsto pelo artigo 158 da Lei Falimentar:
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Art. 158. Extingue as obrigações do falido:


I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50%
(cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o
depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto
não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto
nesta Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da
falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta
Lei.

Então, assim, somente após o decurso dos prazos dos incisos III ou IV, ou diante a
da raríssima hipótese de pagamento integral de todos os créditos existentes ou da possível
ocorrência de pagamento de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários,
poderá o falido requerer em juízo a sentença que declare a extinção de suas obrigações
conforme o artigo 159, para finalmente desabilitar o impedimento do artigo 102.
Veja, a continuação das obrigações não atinge os sócios da sociedade falida, e
também não atingirá o titular da EIRELI, salvo as hipóteses de identificação superveniente
de bens que foram irregular ou ilicitamente alienados, ou créditos de direito do falido em
recebimento judicial ou não, podendo ser exigidos pelos credores que ainda não tenham
recebido na concorrência falimentar. Mas os prazos do artigo 158 em nada poderão impedir
o titular da empresa individual de responsabilidade limitada - EIRELI de exercer outra
profissão ou mesmo especular e titularizar quotas ou ações em outras sociedades
empresárias. E, conforme já dito, poderá sim realizar na junta comercial sem qualquer
impedimento nova inscrição de empresário individual, só não podendo criar nova empresa
individual de responsabilidade limitada - EIRELI, em face do impedimento de figurar em uma
empresa individual por vez, conforme a nova redação do artigo 980-A, parágrafo 2º do
Código Civil.

CONCLUSÃO

O que podemos aproveitar de tudo o que foi exposto é que a modificação


trazida pela legislação é extremamente positiva, visto que, não obstante a pequenas
críticas em relação à nomenclatura, devem ser aplaudidas, por se constituírem um
incentivo ao estímulo ao exercício da atividade empresarial através da limitação da
responsabilidade da pessoa que institui a EIRELI e evitar a constituição de
sociedades de fachada.
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Mas, contudo, o regime jurídico da EIRELI, instituído pela Lei 12.441/2011, é passível
de algumas críticas. Uma dessas críticas é quanto à imposição de um piso para o capital
inicial, que não pode ser inferior a 100 (cem) salários mínimos, visto que igual restrição não
é imposta às sociedades e, poderá ser facilmente contornada na prática.
Agora, quanto às nomenclaturas adotadas, algumas delas não se enquadram bem
no mundo jurídico. Sendo a EIRELI uma nova modalidade de pessoa jurídica, não é
justificada a utilização de nomenclaturas exclusivas das sociedades, como “capital social” e
“denominação social”. Por outro lado, sendo um sujeito de direito autônomo, com direitos e
obrigações próprios, deveria o Legislador ter nominado-a de “empresário individual de
responsabilidade limitada” – dessa forma haveria preservação dos princípios que norteiam a
teoria jurídica da empresa adotada pelo Código Civil. Ademais, totalmente inócua a
autorização para a constituição de EIRELI para explorar os reflexos econômicos de direitos
autorais.
Porém, é preciso reconhecer que, na prática empresarial, a nomenclatura é o que
menos importa. O que é realmente relevante, é a diminuição de custos e riscos com o
propósito de incentivar o ingresso de mais agentes empresariais no mercado. É verdade que
não há empresa sem risco. Porém, também é verdade que quanto mais puder nossa
legislação diminuir os riscos de perda patrimonial daqueles que se aventuram a produzir ou
circular bens ou serviços para o mercado, mais teremos pessoas estimuladas a exercerem
empresa.
É importante frisar que, muitas vezes, o insucesso da atividade empresarial
não deve ser atribuído a um agir doloso ou culposo do explorador da atividade. A
crise econômica que assola determinado empresário ou sociedade empresária pode
decorrer de diversos fatores como, por exemplo, condições de mercado, mudanças
na economia e na política.
Assim, nos parece justo impedir a limitação da responsabilidade, e extinguir a
figura que colocava em risco o patrimônio pessoal da pessoa física, por meio do
empresário individual, apenas para dar maiores garantias e satisfazer os credores. A
inexistência de previsão legal de uma figura como a EIRELI acabava por estimular
a criação de sociedades de fachada, em que apenas um dos sócios era, de fato,
participante das atividades da pessoa jurídica, ou até mesmo levava o indivíduo a
não explorar a empresa.
Razões estas que podemos agradecer aos idealizadores do projeto de lei,
que, foram imprescindíveis para nos trazer a mudança legislativa.
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Infelizmente, andando na mão contrária, e incorrendo na falta de legislação


trazendo uma falha no que tange a morte do empresário individual, e, com a criação
da EIRELI, verificamos que haverá uma tendência de desaparecimento da figura
jurídica do Empresário Individual, visto que, para crescimento econômico a pessoa
opte por blindar seu patrimônio pessoal.
Outro aspecto que deve ser levantado, é que, a limitação da responsabilidade
do cotista da EIRELI também não é intransponível. Inferindo-se a prática de atos
abusivos por parte do solitário cotista, será possível ser atingido seu patrimônio
pessoal, pois a pessoa jurídica não pode ser utilizada para acobertar fraudes.
Também a decretação de falência da EIRELI deverá seguir os mesmos moldes da
falência das sociedades empresárias, causando uma espécie de fato que o
impedimento de exercício de atividade empresarial não atingirá seu titular,
permitindo sua continuidade ou mesmo novo registro como empresário individual,
mesmo antes do encerramento da falência. Não obstante, pensamos que essa nova
figura jurídica terá enorme sucesso na prática empresarial, estimulando, ainda mais,
a exploração da atividade econômica geradora de empregos, tributos e avanço
social.
E finalmente, espero ter demonstrado quais são os pontos positivos,
negativos, e que podem ser remediados acerca das Empresas Individuais de
Responsabilidade Limitada. O que deu pra perceber, ao fazer esta monografia, foi
que os países que já adotaram as EIRELIS, tinham os justamente os mesmos
medos que os legisladores/juristas brasileiros apresentavam, contudo, neles foram
encontradas soluções para sanar esses problemas. Tirando como base o Brasil, os
empresários individuais, nas suas obrigações mercantis, tinham, antigamente, o
incentivo de desburocratização de sua atividade, haja visto, que continuavam com o
registro de pessoa física e não havia uma separação patrimonial. Ocorre que, com a
evolução do mercado, várias obrigações, administrativas e fiscais, surgiram para
esta figura, como a obrigatoriedade do registro no Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica, a apresentação de demonstrações contábeis, a necessidade de Declarar
Renda como pessoa jurídica diversa da pessoa física, enfim, varias obrigações
societárias. Justamente então, nos perguntamos se no campo das obrigações o
empresário individual se encontra em igualdade com as sociedades, porque não
desfrutar também de mecanismos de limitação patrimonial? As sociedades,
principalmente as limitadas, já são forma encontrada de atuação individual contando
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com esse privilégio, pois o empresário, conta com laranjas que apenas garantem a
pluralidade de sócios, sendo na prática ele próprio o administrador e comandante do
negócio, constituindo uma irregularidade. E por último, espera-se que esse novo
instrumento posto à disposição do segmento empresarial seja amplamente utilizado,
e com isso, conseqüentemente, mais empresas sejam iniciadas e movimentem,
aqueçam a economia brasileira de forma próspera, positiva, ajudando o progresso
nacional, social e até político.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MACHADO, Sylvio Marcondes. Limitação da responsabilidade de comerciante


individual. São Paulo: Max Limonad, 1956.

MACHADO, Sylvio Marcondes apud NONES, Nelson. A sociedade unipessoal:


uma abordagem à luz do Direito Italiano, Espanhol e Português. In: Novos
Estudos Jurídicos. Ano VI, n.12, p.13-32, abril/2001.
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SALOMÃO FILHO, Calixto. O novo direito societário. 4. ed. São Paulo: Malheiros,
2011.

SALOMÃO FILHO, Calixto. A sociedade unipessoal. São Paulo: Malheiros, 1995.

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