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CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL II

DIREITO
EMPRESARIAL
PEL LHAR
D S ALUN S

Elaborado por
Organizado pela Prof.ª Alessandra Lignani de Miranda Laura Oliveira Feliciano
Starling e Albuquerque Mariana Barros Mendes
Enzo Scaramussa Colombi Guidi
Dedico esse caderno a todos meus ex-
alunos e ex-alunas que passaram pelo
mundo do Direito Empresarial.
Dedico também aos meus atuais alunos e
alunas, que irão mergulhar nesse
interessante universo da matéria.
Enfim, dedico a você que deseja vivenciar
uns momentos da disciplina mais amada
(mesmo que por poucos) do pedaço.
E tenham certeza: todo aprendizado é
válido e o melhor da vida é saber que
seremos eternos aprendizes...

Dedico a todos os discentes que


passaram e passarão por esta matéria.
Espero que nós (ex e eternos aprendizes)
tenhamos conseguido facilitá-la de
alguma maneira para os que não são tão
chegados à disciplina e a deixado mais
atraente aos que se identificam. Bons
estudos!
A existência desse caderno veio
exatamente de uma história que nós, ex-
alunos e alunas, construímos ao longo do
período acadêmico, a partir de cadernos
separados por matérias, períodos e
disciplinas. Criamos e escrevemos esse
conteúdo com base no que foi ministrado
em sala de aula, em especial pela Prof.ª
Alessandra Lignani de Miranda Starling e
Albuquerque, fruto de nossas anotações e
estudos, com intuito de, principalmente,
facilitar o entendimento e a fixação da
matéria a todos.
O Caderno
Toquinho
Novo Millennium: Toquinho

Sou eu que vou seguir você


Do primeiro rabisco até o bê-a-bá
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha, duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel

Sou eu que vou ser seu colega


Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas bimestrais
Você vai ver
Serei de você confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel

Sou eu que vou ser seu amigo


Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem seus primeiros raios de
mulher
A vida se abrirá num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel

O que está escrito em mim


Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer

Só peço a você um favor


Se puder
Não me esqueça num canto qualquer

Só peço a você um favor


Se puder
Não me esqueça num canto qualquer
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ROTEIRO DE AULA - UNIDADE I

TEORIA GERAL DO DIREITO SOCIETÁRIO

EMENTA: Teoria Geral do Direito Societário - princípios do


direito societário. Sociedades Empresariais Código Civil -
Sociedades contratuais menores Classificação - sociedades
contratuais e estatutárias - obrigações societárias. Analisar as
alterações legislativas. (LLE – Liberdade Econômica).

1 SUJEITOS DE DIREITO

São todos os capazes de assumir direitos e obrigações. Podem haver dois tipos de
classificações:

a) 1. Naturais: Pessoas físicas e nascituro.


a) 2. Inanimados: Pessoa jurídica, espólio, massa falida, etc.

b) 1. Não personificados: Espólio (quando o sócio vem a morrer e deixa o


patrimônio dele que pode estar envolvendo até mesmo a atividade empresarial e,
consequentemente, a sociedade que ele tem constituída), nascituro, massa falida.
Ex1: Sociedade em conta de participação (SCP) que é uma sociedade não
personificada, ou seja, que não precisa virar uma pessoa jurídica, bem como não
precisa ter o registro enquanto tipo societário, mas estará inserida dentro da
previsão legal. Haverá o sócio ostensivo (devidamente registrado; a sociedade vai
estar registrada; irá ter uma personificação) e o sócio participante (irá entrar como
participante, ou seja, sócio investidor. Logo, se amanha esse investimento quebrar
quem terá o problema da massa falida será o sócio ostensivo – o registrado – e não
o sócio participante. Esse último só perderá dinheiro). Ex2: Se amanha as ações da
empresa que comprei caíram posso continuar com meu volume de ações, apenas
perderei dinheiro.
b) 2. Personificados (pessoa física e jurídica): Quando eu tenho a caracterização
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e individualização da personalidade.

OBS: A diferença é que os personificados podem fazer tudo o que a lei


expressamente não veda, e os não personificados só podem fazer o que a lei
expressamente autoriza.

1.2 PESSOAS JURÍDICAS:

1.2.1 Quanto ao Ramo de Direito:


a) Pessoa Jurídica de Direito Público: União, Estado, Municípios, Autarquias
e Fundações.
b) Pessoa Jurídica de Direito Privado: Empresas Públicas, de economia mista
e demais sociedades.

b) 1. Pessoas Jurídicas de Direito Privado:


 Fundações: Reserva patrimônio para fim específico (interesse social).
 Associações: Une esforço pessoal com capital, mas sem objetivos
econômicos.
 Organizações Religiosas
 Partidos Políticos
 EIRELI (art. 980-A CC)
 Sociedades: Unem esforço pessoal com capital com fins econômicos (Art.
981- 985/CC). A sociedade é a união de sócios e de pessoas ou de
estruturas societárias com capital com finalidade econômica
(lucratividade). Essas sociedades passam a ter características próprias de
consolidação desse ramo.

Tem fins econômicos? Se sim, será a sociedade em sentido amplo e se não, serão
as associações.

ATENÇÃO! As sociedades empresariais são organizações mais complexas e com


o lucro como finalidade principal, enquanto as sociedades simples são
organizações menos complexas e possuem o lucro como algo secundário.
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Precisamos entender e internalizar quais são os elementos necessários para a


constituição de uma sociedade? Para que isso aconteça, tenho que saber o que está
por trás de uma sociedade.

2 ELEMENTOS DE UMA SOCIEDADE

São válidos para todos os tipos de sociedade. Não envolve somente a questão
empresarial propriamente dita.

OBS: Quando você está e/ou convive com alguém (namorado, irmão, pais, entre
outros) também está vivendo em sociedade.

 Acordo de vontade: O que tem por trás de um acordo de vontade? O que


está estabelecido em um acordo de vontade entre as partes? Um acordo de
interesse é quando os interesses estão alinhados.
 Reunião de investimentos: Aqui, em tese, é que todo mundo possa fazer
seu investimento efetivo, ou seja, a pessoa vai entrar com o bem/dinheiro e a
sociedade vai se formar. Reunião de investimento é a reunião de interesses.
Mas nem sempre as pessoas terão a mesma condição, um entra com mais
(70%) na sociedade e outro com menos (30%), por exemplo. São elementos
de qualquer sociedade. Quando penso em sociedade tenho que reunir ali
situações de interesse, ou seja, o que está por trás dessa reunião de
interesses. O que é interesse? Toda relação é voltada por interesse (Ex:
namoro, casamento, etc). Quando você está com alguém há uma
indentificação com a pessoa e, do mesmo modo ocorre no cenário
empresarial. Se houver conflito de interesses as relações não permanecem,
assim como ocorre no caso da sociedade. Deve-se buscar a indentificação,
pontos em comum, afinidade. Ex: X colocou tudo na sociedade e Y (o outro
sócio) nada. Sociedade foi fluindo e bombando. Os sócios não estão mais
satisfeitos na sociedade e X quer sair. O que fazer? X colocou todo
investimento, mas Y só sairá se levar 50% que não colocou efetivamente na
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sociedade. Y não colocou 50%, mas tinha a expertise da coisa, sabia do


know-how da coisa, ou seja, tinha conheciemntos técnicos e práticos
referentes à determinada atividade.
 Duas ou mais pessoas: Quando se pensa em sociedade, se fala de duas ou
mais pessoas. Essa é a regra de uma convivência em sociedade, haver
afinidade entre as pessoas que a compõem.
 Fins lucrativos: No contexto empresarial há fins lucrativos.

OBS: Os elementos de uma sociedade devem estar associados a tudo isso.

3 ELEMENTOS DO CONTRATO DE SOCIEDADE

Elementos que irão constituir/fomentar o contrato.

 Contribuição pessoal de cada sócio (bens, dinheiro): O que cada sócio vai
contituir naquela sociedade.
 Interesse comum (cada sócio tem direito a parte dos benefícios): O que
cada sócio vai fomentar para que tal sociedade possa ser constituida, ou seja,
o que eu e o outro podemos oferecer para a integração dessa sociedade.
 Intenção de constituir uma sociedade (affectio societatis): Está voltada a
questão do afeto, ao desejo de estar junto. Isso vai ser identificado em
classificações (quando é uma sociedade de capital, sociedade de pessoas).
Mas o que a gente fomenta por trás disso é que algo surge para que tenha o
interesse de manter aquela vontade de estar junto em sociedade.
 Finalidade lícita: Quando pensamos em constituir um contrato também é
pensado na licitude do objeto. Pensamos que estamos fazendo um contrato
para a constituição de algo que é lícito. O objeto ilícito – considerado pela
legislação brasileira – não consegue ser registrado, constitído como um
elemento de uma sociedade.
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4 PRINCÍPIOS DO DIREITO SOCIETÁRIO

4.1 PRINCÍPIOS ELEMENTARES DO DIREITO SOCIETÁRIO

 A personalidade da pessoa jurídica é distinta das personalidades dos


seus sócios e administradores. Ou seja, um não pode ser
confundido/misturado com o outro.
 O patrimônio da pessoa jurídica é distinto dos patrimônios de seus
sócios e administradores. Logo, não há mistura patrimonial via de regra.
Não há mistura de patrimônio.
 A existência da pessoa jurídica é distinta das existências de seus sócios
e administradores. Ou seja, das pessoas que compõem essa sociedade, isto
pe, da figura estrututal de seus sócios.

4.2 PRINCÍPIOS DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS REGULARES

 Liberdade de Associação (affectio societatis): Affectio societatisé a


intenção de constituir sociedade, vontade de montar a sociedade consolidada
com alguém.É poder escolher quem vai ser seu sócio, com quem tem a
intenção de construtir a sua sociedade. Sociedades em que a pessoa do
sócio interfere. A figura do sócio é necessária para configuração dessa. É o
desejo de constituir sociedade.
 Subsidiariedade da responsabilidade dos sócios pelas obrigações
sociais (apenas, indiretamente, subsidiariamente, portanto, esgotado o
patrimônio da sociedade, poderá ser alcançado o patrimônio dos sócios
para pagamento de dívidas da sociedade, a depender do TIPO
SOCIETÁRIO escolhido): O tipo societário constituído é que vai identificar
como será a subsidiariedade (primeiro atingir a sociedade e depois, caso a
sociedade não pague, os sócios serão atingidos de acordo com a sociedade
formada). Ou seja, a subsidiariedade vai depender do tipo societário
constituído. Essa subsidiariedade é indireta, pois primeiro tenho que esgotar o
patrimônio da sociedade para depois alcançar a responsabilidade dos sócios.
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É uma susidiariedade de responsabilidade de sócio pelas obrigações sociais.

Art. 795 do NCPC. Os bens particulares dos sóciosnão respondem


pelas dívidas da sociedade senão nos casos previstos em lei.
§ 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da dívida da
sociedade, tem o direito de exigir que primeiro sejam excutidos os bens da
sociedade.

Logo:
1) A execução recai sobre os bens da sociedade, até o esgotamento do patrimônio
dela.
2) O saldo da dívida recai sobre o patrimônio do sócio, na forma e limite do tipo
societário adotado.

Lei da Liberdade Econômica nº 12.784/2019 – princípios que norteiam o Direito


Societário.

4.3 PRINCÍPIOS DA AUTONOMIA DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA

 Nome próprio (firma ou denominação): A pessoa jurídica se obriga em seu


próprio nome - REPRESENTADA (e não representada/não é incapaz).
 Domicílio próprio: é domiciliada no local onde são registrados seus atos
constitutivos.
 Nacionalidade própria: Registrada no Brasil é brasileira, não tendo qualquer
influência sobre a PJ a nacionalidade de seus membros.
 Capacidade processual própria: A sociedade tem legitimidade para estar
em juízo, será representada por quem tiver indicado no contrato social (art.
75, VIII do NCPC).
 Imputablilidade própria: A PJ pode cometer duas espécies de crime: 1.
Contra o meio ambiente (art. 225, §3°CF); 2. Contra a ordem econômica e
financeira e popular (art. 173, §5°CF) – a pena recaíra sobre o patrimônio
social e poderá recair no patrimônio dos sócios.
 Patrimônio próprio: A PJ responde com seu patrimônio por todas as
obrigações assumidas em seu nome. O patrimônio dos sócios somente
poderá ser alcançado depois de esgotado o da sociedade (art. 1.024 CC).
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5 CONSEQUENCIA DA PERSONIFICAÇÃO

5.1 AUTONOMIA PATRIMONIAL

Autonomia significa ter condução da sua própria vida; condução separada da


sociedade. Autonomia para separar a sociedade, o patrimônio da sociedade
daqueles que estão por trás dela.

 Distinção entre patrimônio dos sócios e da empresa;


 Separação de direitos e obrigações (representante atua em nome da pessoa
jurídica);
 Sócios não são donos do patrimônio da empresa (não se pode usar o cartão
da empresa para comprar coisas pessoais entre outras coisas para não
configurar confusão patrimonial. Deve haver a separação do que é seu e do
que é da empresa para não haver confusão);
 Quotas representam capital composto pelos ativos e passivos (variável).

Existem dois tipos de patrimônio:


(1) Subscrito: Algo que efetivamente o sócio promete disponibilizar. Aquilo que o
sócio promete. É o patrimônio pessoal dos socios.
(2) Integralizado: O que efetivamente vai para sociedade/é colocado. Patrimônio
social.

5.2 REPONSABILIDADE DOS SÓCIOS

Autonomia de patrimônio não é limitação de responsabilidade.

 Sociedades: Responsabilidade ilimitada (soc. em nome coletivo);


Responsabilidade mista (soc. em comandita); Responsabilidade limitada (Ltda
e S/A).
 Objetivo: Incentivar investimentos.
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OBS: A limitação inicia após o registro nas Juntas.

ATENÇÃO! Subscrito é o que você promete, enquanto o integralizado é o que


você cumpriu e efetivamente foi disponibilizado. Então, quando falta a integralização
de quota, há um descumprimento da relação patrimonial societária.

6 PRINCÍPIOS DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS REGULARES

6.1 PREVALÊNCIA DA VONTADE OU ENTENDIMENTO DA MAIORIA


NAS DELIBERAÇÕES SOCIAIS

Normalmente prevalecerá a vontade da maioria, salvo quórum estabelecido (art.


1010, §2°, CC c/c art. 1053, CC).

Ex: 5 sócios LTDA ( A 12,5% – B 12, 5% – C 25% – D 25% - E 25% = A,B,C (sim)
D/E (não) = 3 x 2. Em casos que aconteçam essa soma e não há como resolver o
problema, pois a soma de A, B e C da 50% e de D e E tambem é de 50%. Então, o
certo é fazer o voto por cabeça, ou seja, contar quantos há para um lado e quantos
há para o outro (3x2) e, isso terá que ser feito no momento de uma deliberação
societária. Além disso, também deve ser observado fundamentalmente o que está
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previsto no contrato social, bem como o que estabelece a lei, pois muitas vezes o
contrato social pode não estabelecer tudo que é devido e necessário para aquela
sociedade. Logo, observa-se a regra de acompanhar o que já está posto na lei.

6.2 PROTEÇÃO DOS SÓCIOS MINORITÁRIOS

A vontade da maioria deve prevalecer em proveito do empreendimento comum.


Entretanto, isso não significa desproteger os sócios minoritários, que poderão,
judicialmente afastar o majoritário que vier a cometer falta grave no exercício de
suas atribuições (art. 1030, CC). Os sócios minoritários também tem que ter seus
direitos respeitados. Eles também têm direito de voto, análise, manifestação e
prevalência. E irão ter situações específicas que eles poderão deliberar, inclusive,
sobre a permanência ou não de um sócio majoritário. Lógico que na prática isso se
torna mais dificil, mas não é impossível o direito dele de se manifestar/posicionar no
sentido do que está sendo cumprido ou não pela sociedade.

7 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES E TIPOS DE


RESPONSABILIDADES

7.1 SOCIEDADE SIMPLES (ART. 997 AO ART. 1038 CC)

Possui normas próprias, podendo também constituir-se nos tipos existentes de


sociedade empresária. Podem utilizar firma ou denominação (art. 997, II CC). São
aquelas que exploram atividade econômica não empresarial (sociedade de
médicos, contadores).

As sociedades simples estão previstas no § único do art. 966 do CC. Portanto, nem
todos os tipos societários serão enquadrados como sociedade simples. O art. 982, §
único, estabelece que algumas sociedades, no caso a sociedade por ações que
engloba a sociedade anônima e a sociedade comandita por ações serão sempre
empresárias e as demais podem seguir como simples ou empresárias.
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Regra: Toda Cooperativa, é sempre sociedade simples (art. 982, § único).


ENUNCIADO 477 - Art. 983: O art. 983 do Código Civil permite que a sociedade
simples opte por um dos tipos empresariais dos arts. 1.039 a 1.092 do Código Civil.
Adotada a forma de sociedade anônima ou de comandita por ações, porém ela será
considerada empresária.

Mesmo a sociedade simples não tendo as caracteristicas de uma sociedade


empresária, ela terá que ser observada, vez que vários de seus arts. estabelecidos
serão seguidos pelas sociedades empresárias. A sociedade simples será como uma
sociedade mãe, pois para tudo que não tiver nos capítulos próprios da sociedade
empresaria estabelecida no código na lei, ela vai poder regulamentar e dizer os
caminhos que serão percorridos.

7.2 SOCIEDADE EMPRESÁRIA (ART. 966 CC)

Pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade (duas ou mais pessoas) –


nome empresarial: firma ou denominação.

OBS: Sociedade empresária - seus sócios não são empresários; o empresário é a


própria sociedade.
Empresário é gênero. ESPÉCIEIS: Empresário individual (pessoa física) e
sociedade empresária (pessoa jurídica).

OBS: SOCIEDADE EMPRESÁRIA, pessoa jurídica, tem, patrimônio próprio,


distinto do patrimônio dos sócios que a integram. Bens particulares DIFERENTE
dos bens sociais (art. 1024 CC).

Na sociedade empresária a responsabilidade dos sócios é subsidiária, já que


primeiro devem ser executados os bens da própria sociedade, podendo ser ainda
limitada, como exemplo: LTDA e SA, dependendo do tipo societário utilizado. Ou
seja, a respondabilidade dos socios é subsidiária dependendo do que for constituído.

Ademais, a sociedade empresária possui regramentos, assim como todo direito


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societário possui regramento. E esse regramento previsto para o direito societário


vai estar diretamente relacionado a um contexto chamado de separação patrimonial.

ATENÇÃO!

EMPRESÁRIA É A SOCIEDADE E NÃO AQUELES QUE ESTÃO CONSTITUÍDOS


DENTRO DELAS, ESTES SÃO SÓCIOS DE UMA EMPRESA. Empresa é
sociedade, então João e Maria não constituiram uma empresa. João e Maria
constituíram uma sociedade empresária. Eles são sócios dessa sociedade
empresária.

7.3 SOCIEDADE SIMPLES X SOCIEDADE EMPRESÁRIA

A SOCIEDADE EMPRESÁRIA tem por objeto o exercício da empresa e são regidas


pelo Direito Empresarial. Aqui eu exerço uma atividade empresarial. Já a
SOCIEDADE SIMPLES tem por objeto o exercício de atividade econômica não
empresarial (intelectual, científica, literária, etc) e são regidas pelo Direito Civil.

A SEMELHANÇA entre ambas é que possuem finalidade lucrativa, enquanto a


DIFERENÇA é o objeto social. O objeto é o que vai distinguir para fins de
enquadramento para sociedade.

O que diferencia é a possibilidade ou não de substituição de quem organizou a


atividade, sem prejuízo dela. Quando os sócios são substituíveis sem prejuízo do
alcance da finalidade, estamos diante de uma empresa. Quando a saída do sócio ou
empreendedor inviabilizar o negócio, isto não é empresa, já que a atividade não
alcança, sem o retirante a finalidade para a qual foi constituída.

7.4 REGISTRO

É aquilo que constitui a personalidade e declara a atividade. É o que forma a pessoa


jurídica e identifica a sociedade. Após a identificação da sociedade, ela estará
constituída e consolidada.
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É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis,


na respectiva sede, antes do início da sua atividade (art. 967 CC). A sociedade
empresária vai ter seu registro no órgão público competente que é na junta
comercial – registro público de empersas mercantis. Na sociedade não empresarial
o registro será feito no órgão competente. Ex: Advocacia – no caso dos advogados
será na ordem dos advogados da seccional que o sócio/sociedade/as pessoas que
constituíram esse agrupamento constituíram a sociedade. E se não for atividade
específica com órgãos de classe que exigem a sua consolidação e enquadramento e
inscrição, deve ser feito no cartório de registro de pessoas juridicas.

OBS: Registro não é requisito para a caracterização do empresário. Para que serve
o registro? Para dar publicidade a terceiros e constituir a personalidade jurídica.
Pode existir o comerciante sem registro (comerciante irregular), a sociedade sem
registro (sociedade de fato).

OBS: O registro gera efeitos “ex nunc”, não retroage. Além disso, é constitutivo da
personalidade e declarativo da atividade.

8 SOCIEDADES

8.1 DEFINIÇÃO DE SOCIEDADE

União entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a conjugar esforços para a
realização de um objetivo comum e, ao final, partilharem resultados.

Existem as sociedades personificadas e as não personificadas, sendo que nesta


última, caso a sociedade fique por um prazo despersonificada, ou seja, sem
personalidade, isso pode gerar a ela de responsabilidades ainda maiores.

8.1.1 Personificadas (com registro)


 Sociedade simples: RCPJ (registro obrigatório); Sócio pode contribuir com
prestação de serviços; Na sociedade limitada, por exemplo, não é permitido
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que os sócios cumpram com prestação de serviço, deve haver contribuição


efetiva no capital; Exercem atividade civil.
 Sociedade empresária: RPEM (JC) (registro obrigatório); Todos os sócios
devem contribuir com bens, dinheiro ou crédito; É vedada contribuição de
sócio apenas com prestação de serviços; Exercem atividade empresária.

8.1.2 Sociedades não personificadas: Sociedades comuns são aquelas que não
tem contrato social registrado no órgão competente. Ex: sociedade em conta de
participação (C/P).

ENTES DESPERSONALIZADOS – SOCIEDADE NÃO PERSONIFICADA:


Sociedade em comum; (art. 986/990 CC); Sociedade em conta de participação
(SIMPLES CONTRATO); (art. 991/996 CC); Consórcios ( Lei. 11.795/2008 – art. 2º e
3º).

OBS: O consórcio aqui destacado é para aquisição de bens ou serviços para


autofinanciamento, não deve ser confundido com consórcios públicos ou então com
o consórcio da L. S/A.

OBS: As Sociedades Empresárias só adquirem personalidade jurídica com o efetivo


registro dos atos constitutivos no Registro de Empresas competente. Enquanto
referido registro não for levado a efeito, as Sociedades, antes denominadas
“irregulares”, deverão reger-se pelo disposto nos artigos 986 a 990 do Código Civil e,
subsidiariamente, no que forem compatíveis, com as normas das sociedades
simples (Arts. 997 a 1.038).

Existem sociedades que são por disposição da lei o regramento despersonificada,


ou seja, sem esse regramento obrigatório de registro mas que foram devidamente
constituídas/formalizadas, pois, em tese, elas não são equiparadas diretamente com
uma sociedade. São muito mais próximas de um contrato do que efetivamente uma
sociedade. Ex: Situação dos investidores/sócios participantes, ou seja, “Sociedade
em Conta de Participação”.

8.1.2.1 Sociedade em conta de participação (SCP): Não é sociedade (não há


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autonomia patrimonial); Funcionamento: sócios investidores, não ostensivos dão


recursos aos ostensivos para que estes apliquem em seu próprio nome; Os sócios
ostensivos aparecem como únicos operadores; Não são registradas; Diferença para
sociedade irregular (são contratadas de modo formal); Duas faces: Interna
(sociedade) externa – inexiste a sociedade.

Essa socidade não precisa da obrigatoriedade de estar registrada pelo regramento


jurídico. Mas a sociedade com quem ela negocia precisa estar devidamente
registrada, nominada e qualificada para que o sócio participante possa ingressar
nela e se tornar um ivestidor, mesmo que seja temporário ou para algo específico.
Mas essa sociedade (SCP) não tem a obrigatoriedade dessa regularização
formalizada de um registro. Logo, há de se distinguir da sociedade comum irregular
e a SCP que é permitida por lei o enquadramento não personificado dela.

8.2 CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES

A doutrina e jurisprudência enfrentam superficialmente. Existem 5 tipos


societários:sociedade em nome coletivo, em comandita simples, limitada, em
comandita por ações e anônima; sociedade limitada unipessoal (por mais que a
sociedade unipessoal não seja efetivamente uma sociedade se pensarmos no
critério básico que a sociedade é formada por mais de uma pessoa. Mas com o
regramento de 2019, enquandrando e acrescentando essa possibilidade para a
sociedade limitada há como entender a unipessoalidade dela); sociedade em conta
de participação – não é tipo societário (simples contrato);

A classificação das sociedades pode se dar em função da regularidade de sua


constituição, em função do grau de dependência dos sócios, em função das regras
gerais e em função da responsabilidade dos sócios. Vejamos:

8.2.1 Sociedades Regulares e Irregulares: Operam antes de formalmente


constituídas. Efetivamente existem: Unem pessoas e capital. Tem personalidade
jurídica? Não há efeito prático (art. 990). Há teórica autonomia patrimonial. A
sociedade irregular pode ser provada por qualquer meio.
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Riscos qualquer sociedade vai ter, mas o risco quanto a irregularidade/não


registro/regularização documental, pode haver consequências de não conseguir
separar o patrimônio – autonomia patrimonial (art. 1.024 do CC).

Com a ausência de registro, consequentemente, há um problema quanto a


automonia patrimonial do sócio, ou seja, a separação do patrimônio na sociedade da
empresa em relação aos seus sócios pode colocar em risco e se tornar
comprometido.

Portanto, para evitar isso acaba-se provando e vinculando a relação de existência


regular, pois aquele que está dentro de uma situação irregular assume o risco da
responsabilidade e, além disso, aqueles terceiros que contratam e negociam com
uma sociedade irregular podem usar de todos os meios de prova para poderem
identificar e enquandrar aquela sociedade a fim de buscar a responsabilidade
daquele que estão por trás dela já que não está devidamente regularizada –
consequencias iniciais sobre esse regramento.

8.2.2 Sociedade de Pessoas e de Capital: Na sociedade empresária, sempre há


pessoas e capital e, a classificação decorre da importância destes elementos.
 Consequências: Negociabilidade das participações e sucessão causa mortis
(morte dos sócios).

Nas sociedades de pessoas (relação pessoal) os sócios remanescentes decidem e


autorizam a alienação (há dissolução parcial). Nesse tipo de sociedadeparte-se do
pressuposto que a figura do sócio está diretamente vinculada a sociedade. Logo, se
torna mais complicado falar que determinada pessoa criou uma sociedade, pois ela
depende da existência dessa determinada pessoa, depende do nome dela.
Consequentemente, até para a substituição desse criador, futuramente, quando ele
vier a falecer, é necessário quehajam outras pessoas ali vinculadas. Se o nome de
alguma pessoa estiver vinculado ao do criador de certa sociedade, o criador
arcarácom as consequências das responsabilidades e, muitas das vezes, seu nome
não vai poder permanecer de acordo com o tipo societário que foi ali constituído
para uma sociedade de pessoas.
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Já nas sociedades de capitala negociação é livre (não há dissolução parcial). Ex:


Sociedades limitadas, em nome coletivo ou em comandita simples são de pessoas
ou de capital, dependendo do contrato.

Sociedade anônima e sociedade comanditas por ações é sempre empresária e


sempre de capital. Portanto, a estrutura delas permite mudar e fazer efeitos de
negociação muito mais simplicaficados do que na sociedade em nome coletivo, por
exemplo, onde há um sócio com responsabilidade ilimitada que o nome civil dele
interefe na composição da sociedade. Logo, se o sócio vem a falecer amanha, ele
precisará ser substituído, porque senão não há como se desvincular dessa pessoa.
Os direitos sucessórios e a relação de direito civil de herança sempre estarão
protegidos.

8.2.3 Sociedades Institucionais e Contratuais:


 Contratuais: Tem por base a teoria geral do contrato. Tem um padrão
contratual formatado.
 Institucionais: São instituições que estabelecem suas regras. São aquelas
voltadas para estruturas estatutárias; a forma de constituição dela – ela vem
de um estatuto; ela tem até uma demanda mais complexa para a sua
consolidação.
 Sociedades por tempo indeterminado: Os sócios podem se retirar? Isso
tudo tem que ser bem esclarecido. O contrato tem que deixar claro e o
estatuto também. As relações entre os sócios tem que firmar o momento e a
modalidade de saída de um sócio.

9 TIPOS SOCIETÁRIOS

• Sociedade em Nome Coletivo (art. 1039 ao art. 1044 CC);


• Sociedade por Comandita Simples (art. 1045 ao art. 1051 CC);
• Sociedade Limitada (art. 1052 ao art. 1087 CC);
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• Sociedade Anônima1 (art. 1088 e 1089 c/c a Lei 6.404/1976 (Lei da SA);
• Sociedade em Comandita por Ações ( art. 1090 ao art. 1092 CC).

REGRA: Sociedade Anônima, é sempre empresária (art. 982, p.único)

OBS: Considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de


atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 982 CC c/c art. 967 – RPEM –
Registro Público de Empresa Mercantis) e simples as demais, salvo as exceções
expressas.

OBS: Os empresários individuais ou sociedades empresárias que se enquadrarem


como microempresa ou empresa de pequeno porte, deverão acrescentar aos nomes
empresariais as terminações ME ou EPP.

OBS: Quando se falar de microempresa ou pequena empresa, tratam-se de


conceitos ligados ao Direito Tributário (Lei Complementar 123/06).

A expressão empresa deve ser substituída por empreendimento.

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Sobre o assunto é importante mencionar os diferentes tipos de Sociedade Anônima de Capital
Fechado e Aberto: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/empresa-capital-aberto/.
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19

COMPARATIVO

Empresário Individual: Pessoa física; Indivíduo; Nome: firma; Patrimônio único


(pessoal = empresa); Responsabilidade direta e ilimitada.

EIRELI: Pessoa Jurídica; Uma só pessoa; Nome: firma ou denominação; Patrimônio


próprio≠pessoa jurídica; Responsabilidade limitada; Capital social mínimo de 100
S.M. integralizado no ato da constituição; Apenas uma, por pessoa; Regras da Ltda,
no que couber; Risco: Teoria da DPJ (art. 50 CC).

Sociedade Limitada: Pessoa Jurídica; Duas ou mais pessoas; Nome: firma ou


denom.; Patrimônio próprio ≠ sócios; Personalidade Jurídica sociedade ≠ dos sócios;
Responsabilidade sócios limitado ao capital social integralizado (art.1052 CC);
Responsabilidade subsidiária (bens sociais); Risco: Teoria da DPJ ( art. 50 CC).
20

ROTEIRO DE AULA - UNIDADE II

SOCIEDADE LIMITADA

EMENTA: Princípios formadores dos contratos sociais – As


regras contratuais na Sociedade Limitada. A Responsabilidade.
O Capital. Os sócios. A Administração. A exclusão, retirada. A
dissolução. As deliberações.

1 SOCIEDADES

1.1 CONCEITO

As sociedades, de forma geral (as empresárias e as não empresárias), podem ser


entendidas como “contrato em que pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir
com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados” – Art. 981, CC.

Deste contrato, resultam: PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO (Art. 44,


CC).

2 ELEMENTOS CARACTERIZADORES (ART. 981, CC)

2.1 CONTRATO

Por instrumento público ou particular, registrado (sociedades personificadas) ou não


levado a registro (sociedade em comum e em conta de participação).
21

2.2 PESSOAS

Naturais ou jurídicas, a depender do tipo societário.

2.3 CONTRIBUIÇÃO DE BENS E/OU SERVIÇOS E PARTILHA DOS


RESULTADOS

No contrato, tem que dizer qual será o capital, quanto cada sócio irá subscrever e
integralizar, qual é a forma que o capital está inserido e contextualizado dentro de
uma sociedade. É preciso saber a contribuição de cada sócio, pois em decorrência
dessa contribuição é que iremos identificar o percentual de participação societária,
as questões e funções voltadas para esse capital. É importante lembrar que existem
tipos societários que não permitem todos esses regramentos.

ATENÇÃO!

Capital subscrito: O prometido. Vai interferir na autonomia patrimonial.


Capital integralizado: O que efetivamente foi cumprido e disponibilizado para a
sociedade.

2.4 AFFECTIOSOCIETATIS

2.5 PARTICIPAÇÃO NO LUCRO E NAS PERDAS

É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e
das perdas (art. 1.008).
22

3 INTRODUÇÃO SOCIEDADE LIMITADA (LTDA)

É o tipo societário mais utilizado no nosso país. E essa informação justifica-se em


dois fatores: 1. Éuma sociedade contratual, o que confere segurança às relações
jurídicas firmadas entre os seus sócios no momento de constituição da mesma e
maior flexibilidade no momento de colocarem suas vontades no papel; 2. É uma
sociedade que possibilita a limitação da responsabilidade e a limitação diminui
significativamente o risco empresarial.

Foi criada pelo legislador (Decreto 3.708/1.919) com a finalidade de permitir que
pequenos e médios empreendedores gozem da prerrogativa de limitação da
responsabilidade.

3.1 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL (ART. 1.052 AO 1.087, CC)

3.1.1 Aplicação subsidiária das normas da sociedade simples (art. 1.053, caput,
CC): É aquela que integra/preenche as lacunas que a legislação, eventualmente,
não abarca.

Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo,


pelas normas da sociedade simples.

3.1.2 Aplicação supletiva das normas da Sociedade Anônima (Lei 6.404/1.976)


– art. 1.053, p. único, CC: Destina-se a suprir omissões de caráter contratual,
desde que expressamente permitido em contrato e não incompatível com a sua
estrutura.

Art. 1.053, § único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da


sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima.

3.2 CONSTITUIÇÃO

É uma sociedade contratual: Nasce da vontade dos sócios e deve ser formalizada
por meio de um contrato escrito, que deve ser levado a registro antes do início das
23

atividades, dentro do prazo de 30 dias (registro).

3.2.1 Registro: Na Junta Comercial (quando empresária) e no Cartório de registro


civil das pessoas jurídicas (quando sociedade simples).

4 SOCIEDADE LIMITADA (DEC. 3.708/1919 – LEI 10.406/2002)

 Histórico: Diverge da história do direito comercial. É uma legislação que teve


origem alemã (iniciativa legislativa Alemã);
 Contratualista: Características da Sociedade de Pessoas. Esse tipo de
sociedade tem como base o contrato, ou seja, a estrutura de um contrato
social. É uma sociedade contratualista. Deve-se observar a importancia do
contrato social para regulamentar essa sociedade;
 Limitação da Responsabilidade: Característica da Sociedade de Capital -
para atender pequenos e médios empreendedores;
 1.892 na Alemanha: Primeira legislação;
 O primeiro documento legal sobre ela foi em 1919, sendo o Decreto 3.708
(Lei das Limitadas), com 19 artigos – era chamada de sociedade por quotas
de responsabilidade limitada. Posteriormente, o CC revogou esse Decreto na
parte do Direito de Empresa (Lei 10.406 de 2002, CC) e transformou, a partir
do art. 1.052 ao art. 1.087 do CC a parte de dispositivos legais relacionados a
sociedade limitada.
 Por que mudar a legislação (DEC  CC)? Iniciativa do legislador, não havia
demanda do comércio para as alterações.
 Hoje em dia, a LTDA representa mais de 90% das sociedades brasileiras,
possuem uma atuação absolutamente conhecida e consolidada.
24

Tramita no Senado Federal o PLS 487 de 2013 e são exemplos de alterações:

Na sociedade limitada o sócio também é chamado de cotista. Ademais, a


responsabilidade do sócio será até a integralização da capital e, antes disso, a
responsabilidade é solidária. Depois da integralização não há mais responsabilidade
solidária. A responsabilidade será limitada ao valor de suas quotas (art. 1.052 do
CC).

Nas omissões do capítulo (arts. 1.052 a 1.057 do CC), questões que envolvam
quotas e responsabilidade dos sócios serão regidas pelas regras da sociedade
simples. E, pode ocorrer ainda uma situação específica que é a possibilidade de
regência supletiva da LTDA, a qual ocorre quando estiver disposto no contrato sobre
a possibilidade de uma sociedade limitada ter o seu regramento voltado para as
regras da S/A (Lei 6.404/76).

Normas no Código Civil – Subsidiário # Supletivo: Utilizaremos as regras da


sociedade simples na omissão dos arts. 1.052 ao art. 1.087 do CC. Então, segue
subsidiariamente as normas da sociedade simples (art. 997/1.038, CC). E quando
estiver escrito “regência supletiva” no contrato da LTDA, a resposta será buscada na
lei da S/A (Lei 6.404/76) – supletivamente (o que for compatível pode ser utilizado e
25

o que não for, não poderá ser aproveitado). Ex1: Acordo de quotistas (para compra
e venda de quotas)  São as negociações de alguns sócios para deliberar sobre
venda de quotas/deliberações que eles querem definir; tipos de votação para uma
determinada matéria que eles podem definir entre si. Ex2. Emissão de debentures,
abertura do capital (exclusivo da S/A)  Isso não é permitido para uma sociedade
limitada, pois é uma cacaracteristica exclusiva da S/A e não é compativel com a
LTDA. Há doutrinadores entendendo a possibilidade de debentures na sociedade
limitada, mas isso ainda não está pacificado.

4.1 REGRAS DO CONTRATO SOCIAL NA LTDA (ART. 1.054 C/


BASE NO ART. 997, CC)

 Não é permitido o sócio de indústria – enunciado 222, 3ª Jornada de Dir. Civil,


CJF. O sócio deve ter efetivamente participação. O contrato não permite que
um indivíduo entre com serviço. Ex: Um entra com o serviço e o outro com a
indústia/capital. Não pode a contribuição societária ser na modalidade de
serviço, tem que ser na modalidade de capital.

222 – Art. 1.053: O art. 997, V, não se aplica a sociedade limitada na


hipótese de regência supletiva pelas regras das sociedades simples.

 Indicações do contrato não são exaustivas – enunciado 214, 3ª Jornada de


Dir. Civil, CJF.

214 – Arts. 997 e 1054: As indicações contidas no art. 997 não são
exaustivas, aplicando-se outras exigências contidas na legislação
pertinente, para fins de registro.

4.1.1 Constituição – Contrato Social:

 Necessidade de registro do contrato social – enunciado 383, 4ª Jornada de


Direito Civil, CJF.

A falta de registro do contrato social (irregularidade ordinária – art. 998) ou


de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997
(irregularidade superveniente – art. 999, p. único) conduz à aplicação das
regras da sociedade em comum (art. 986).
26

Caso a sociedade não esteja registrada, é uma sociedade despersonificada,


recaindo nas regras da sociedade comum.

Art. 303. PLS 487/13: A sociedade limitada rege-se pelas normas das
sociedades por quotas e, nas omissões destas e do contrato social, pelas
aplicáveis à sociedade anônima fechada.

4.1.2 Contrato é plurilateral: O contrato social é um contrato plurilateral, pois está


vinculado a vários sócios. No Brasil não havia previsão no direito brasileiro da
sociedade unipessoal, mas agora já existe a sociedade unipessoal limitada devido a
Lei 13.874/2019.

Exceção: Subsidiário integral de S/A, unipessoalidadetemporária (máximo 180 dias


– art. 1.033, CC) e sociedade unipessoal de advogado (art. 15 do Estatuto da OAB).
Agora também é possível na advocacia ter uma sociedade unipessoal de um
advogado, não sendo uma sociedade empresária.

 A designação “sociedade por quotas de responsabilidade limitada” foi


substituída por “sociedade limitada”;
 Art. 1.150, CC: O contrato social da LTDA deve ser escrito, porque os sócios
deverão levá-lo a registro no órgão competente.
 O registro da sociedade LTDA empresária deve ser feito na Junta Comercial
e o da sociedade LTDA simples no Cartório de Registro das Pessoas
Jurídicas.

Art. 302. Do PSL 487/13: A sociedade limitada é constituída por um ou mais


sócios, pessoas naturais ou jurídicas, com a responsabilidade restrita ao
valor de suas quotas.
Parágrafo único. Todos os sócios respondem, solidariamente, pela
integralização do capital social.

 PRAZO: Deve levar antes do início das atividades, mas tendo o prazo de 30
dias para fazê-lo (art. 976 CC c/c art. 36 Lei 8.934/94).
27

4.2 ASPECTOS GERAIS DA SOCIEDADE LIMITADA

4.2.1 Conceito: É aquela formada por duas ou mais pessoas, assumindo todas, de
forma subsidiária, responsabilidade solidária pelo total do capital social (art. 302, p.
único do PLS 487/13). Ou seja, há uma limitação de responsabilidade dos sócios.
Portanto, somente será possível ultrapassar a sociedade e chegar até o sócio em
casos específicos de desconsideração (há requisitos para desconsiderar).

4.2.2 Características e natureza jurídica: Caracterizam-se por terem nelas os


sócios de responsabilidade limitada, podendo ser constituídas, por duas ou mais
pessoas do mesmo modo que se constituem as sociedades contratuais, seja por
documento público ou particular; poderão usar de uma firma social, trazendo,
nesse caso, pelo menos de um dos sócios, ou uma denominação particular; em
qualquer hipótese, ao nome social deve ser acrescida a palavra limitada ou a
frase sociedade de responsabilidade limitada, por extenso ou abreviadamente;

Enunciado 65, 1ª Jornada de Dir. Civil, CJF – Art. 1.052: a expressão


“sociedade limitada” tratada no art. 1.052 e seguintes do novo Código Civil
deve ser interpretada stricto sensu, como “sociedade por quotas de
responsabilidade limitada”.

4.2.3 Constituição: Devem constituir-se obedecendo aos preceitos do CC, e nos


casos omissos as regras da sociedade simples, ou da Lei das S/A. É necessário um
acordo escrito dos sócios; cada sócio aporta uma parcela do capital social –
valores/bens disponibilizados para a consolidação/constituição dessa sociedade (por
isso, são chamados de quotistas).

4.2.4 Capital social: É a contribuição inicial dos sócios para a formação da


sociedade. O ato inicial para a contribuição do capital social (ou subscrição)
representa uma manifestação de vontade em tornar-se sócio da sociedade, podendo
a subscrição ocorrer de imediato ou em até 180 dias. Até a integralização do capital,
a responsabilidade do sócio é solidária (art. 1.052, CC).

ATENÇÃO ao que diz o Manual de Registro da Sociedade Limitada sobre o


Capital Social:
28

4.3 CLÁUSULAS ESSENCIAIS E NÃO ESSENCIAIS

4.3.1 Cláusulas essenciais: A base das cláusulas essenciais está na parte de


sociedade simples. Porém, nem tudo que é aplicado a sociedade simples será
aplicado a sociedade empresária. É necessário observar a compatibilidade. Decreto
1.800/96 (regulamentou a Lei 8.934/94 – dispõe sobre Registro de empresas
mercantis). Vejamos:
 Tipo de sociedade empresária adotado;
 Declaração precisa e detalhada do objeto a ser operado (qual é a atividade da
empresa);
 Capital social, com a forma e o prazo de integralização, definindo ainda a
participação de cada sócio;
 Qual a extensão da responsabilidade dos sócios;
 Nome e qualificação dos administradores (isso não mais será exigido, após a
alteração imposta pelo novo código civil);
 Nome da sociedade empresária, com endereço de sua sede e filiais;
 Duração da sociedade;
 Definição do termo do exercício social;
 Declaração de desimpedimento para a participação do sócio na sociedade.
29

As cláusulas essenciais são aquelas indispensaveis para o contrato social, como,


por exemplo, as que classificam os sócios, bem como a que dispõe sobre o capital
social, entre outras.

Ademais, é preciso ficar atento ao ao tipo de sociedade empresária que está sendo
adotada, pois no caso de uma sociedade de pequeno porte e de duas pessoas, não
há necessidade de cláusula de direito fiscal.

OBS: Podem ser opostas inúmeras outras cláusulas não essenciais.

4.4 O SÓCIO E A SOCIEDADE

Sócios estabelecem contratos em que criam uma nova pessoa jurídica. Nascem
direitos e obrigações para com a sociedade e para com os sócios. Relações
plurilaterais de interesses convergentes e divergentes.

Podem ser sócios tanto pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas (HOLDING2 =
sociedade que tem por objeto participar de outras sociedades).

4.5 DEVERES E DIREITOS

4.5.1 Deveres dos sócios(art. 255, PLS 847/13):

4.5.1.1 Integralização do capital social:O primeiro compromisso do sócio é aportar


o capital que se comprometeu no ato de subscrição (subscrever = adquirir /
integralizar = pagar). A partir do momento que ele integraliza o capital, ele se torna
sócio. Se o sócio não aportou, é um sócio remisso (sócio que não integralizou o
capital para a sociedade) e surge para os demais sócios a faculdade de expulsão do
mesmo, com cobrança de perdas e danos ou ação de execução para cobrar o valor
a integralizar mais perdas e danos.

2
Sobre esse tipo de empresa que vem cada dia mais sendo utilizada: ler a matéria a seguir que relata
os tipos de Holdings, sua participação na bolsa e sua utilização no dia a dia:
https://appinveste.com.br/holding/.
30

Na expulsão o sócio recebe de volta valores que integralizou, devidamente


corrigidos, deduzindo-se eventuais perdas e danos. Na cobrança o sócio volta a ter
direitos a partir do pagamento.

OBS: A integralização do Capital Social é um dos principais deveres do sócio. Se o


mesmo já está começando a descumprir algo que foi estabelecido entre as partes
nesse primeiro momento, é melhor abrir o olho.

A partir do momento que eu tenho esse capital social ele será convertido em quotas.
As quotas serão o percentual daquele sócio de acordo com o capital que ele
disponibilizar para a sociedade. É com base nesse percentual de quotas que vou
identificar o quanto aquele sócio vai possuir do capital social daquela sociedade.
Para fazer essa identificação é necessário conventer o número de quotas para
identificar qual será o percentual de determinado sócio no contrato social.

O Direito Brasileiro adotou o sistema da pluralidade de quotas, as quais são a


parte percentual daquele sócio de acordo com o capital que ele disponibilizar para a
sociedade. O Brasil, da tendência do direito comparado, (1) não estipulou valor
predeterminado das quotas, mínimo ou máximo; (2) não consagrou a exigência de
integralização inicial de um certo percentual do capital social total; (3) não fixou
qualquer prazo para efetiva integralização; (4) não fixou um capital mínimo para
constituição.

 TEMA POLÊMICO: As quotas preferenciais são um tema polêmico no


direito societário. É como se eu estivesse “copiando” o que a sociedade
anônima tem, que possui 3 tipos, sendo os 2 primordiais: a) Ações ordinárias3
(detém o poder de voto em assembleia) e b) Ações preferenciais (aquelas
que têm a preferência em receber antecipadamente os seus dividendos).
Antes a sociedade limitada não previa isso. Então, entrou em vigor a IN

3
Sobre as ações preferenciais e ordinárias: https://conteudos.xpi.com.br/aprenda-a-
investir/relatorios/acoes-
ordinarias/#:~:text=A%C3%A7%C3%B5es%20ordin%C3%A1rias%20garantem%20poder%20de,mo
mento%20do%20pagamento%20de%20dividendos.
31

38/2017, ANEXO II, item 1.4, queaceitou as quotas preferenciais, o que


possibilitou a utilização pela sociedade limitada.

ATENÇÃO! Na sociedade limitada NÃO se pode contribuir com prestação de


serviço.
32

Sócio remisso é aquele sócio que ainda no integralizou a totalidade das quotas.
Quando o sócio tem pendência com a sociedade, os demais sócios que já
integralizaram suas quotas terão responsabilidade solidária entre si.

Há opções para aquele, sócio remisso, que está em mora quanto à integralização de
suas quotas, quais sejam:
 Pugar a mora e indenizar a sociedade pelos danos emergentes da mora (art.
255, §7º do PLS 487/13);
 Execução extrajudicial (art. 255, §2º do PLS 487/13);
 Sujeitar-se à cobrança judicial;
 Exclusão da sociedade (1) com diminuição do capital social; ou (2) com a
aquisição das ações pelos sócios, terceiros ou pela própria sociedade.

ATENÇÃO!

A responsabilidade solidaria é sobre todo o capital social ou sobre as quotas não


integralizadas?

Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é


restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela
33

integralização do capital social.

DAS QUOTAS – ENUNCIADOS/JORNADAS

Enunciado 12, 1ª Jornada de Direito Comercial - A regra contida no art.


1.055, § 1º, do Código Civil deve ser aplicada na hipótese de inexatidão da
avaliação de bens conferidos ao capital social; a responsabilidade nela
prevista não afasta a desconsideração da personalidade jurídica quando
presentes seus requisitos legais.

Enunciado 18, 1ª Jornada de Direito Comercial - O capital social da


sociedade limitada poderá ser integralizado, no todo ou em parte, com
quotas ou ações de outra sociedade, cabendo aos sócios a escolha do
critério de avaliação das respectivas participações societárias, diante da
responsabilidade solidária pela exata estimação dos bens conferidos ao
capital social, nos termos do art. 1.055, § 1º , do Código Civil.

Enunciado 224, 3ª Jornada de Dir. Civil - Art. 1.055: A solidariedade entre


os sócios da sociedade limitada pela exata estimação dos bens conferidos
ao capital social abrange os casos de constituição e aumento do capital e
cessa após cinco anos da data do respectivo registro.

Enunciado 225, 3ª Jornada de Dir. Civil - Art. 1.057: Sociedade limitada.


Instrumento de cessão de quotas. Na omissão do contrato social, a cessão
de quotas sociais de uma sociedade limitada pode ser feita por instrumento
próprio, averbado no registro da sociedade, independentemente de
alteração contratual, nos termos do art. 1.057 e parágrafo único do Código
Civil. – não é uma alteração contratual de imediato, mas há a possibilidade
de fazê-la também.

Enunciado 391, 4ª Jornada de Dir. Civil - Arts. 1.031, 1.057 e 1.058: A


sociedade limitada pode adquirir suas próprias quotas, observadas as
condições estabelecidas na Lei das Sociedades por Ações.

Acordo de quotistas (pacto parassocial): Na S/A esse acordo é chamado de


acordo de acionista. O acordo de quotistas é quando todos ou alguns sócios
resolvem deliberar sobre alguma matéria fazem um pacto para não haver problemas
futuros.
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Todos os sócios ou apenas alguns deles, podem contratar, entre si, regras
específicas para sua atuação societária. São regras extraordinárias ao
contrato social. Esse acordo de quotistas pode envolver apenas uma parte
dos sócios ou, até, a sua totalidade, embora essa hipótese seja de
aplicação prática mais rara.

O acordo de quotistas envolve tudo que é lícito e compatível com o tipo


societário adotado.

Os acordos entre sócios, chamados de pactos parassociais, é uma


convenção paralela ao contrato social, que é a principal convenção que
define os atributos de existência e funcionamento da sociedade.

(extraído da obra – Entenda a sociedade limitada e enriqueça com seus


sócios – Gladston Mamede e Eduarda Cotta Mamede)

A responsabilidade social é a obrigação de integralizar valores, responsabilidade


pela efetiva integralização (solidária). Respondem pela paridade do valor dado à
integralização de bens pelo prazo de 05 anos.

Após a integralização a regra é a não responsabilidade. Contudo, há exceções


previstas em lei e decorrentes da desconsideração da personalidade jurídica.

 Como era no decreto 3.708/19: Deve-se estipular no instrumento de


constituição que a responsabilidade dos sócios é limitada à importância total
do capital social (art. 2º).
 Como é agora no Código Civil: Na sociedade limitada, a responsabilidade
de cada sócio é restrita ao valor de sua quota, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social (art. 1.052, CC).

A responsabilidade dos sócios, atualmente, é limitada à integralização do capital


social. Cada sócio é diretamente responsável pela integralização da quota por ele
subscrita. Ademais, relativamente à integralização das quotas subscritas pelos
demais sócios, responde cada sócio de forma indireta ou subsidiária, bem como
estando as quotas completamente integralizadas, não respondem os sócios com os
seus bens particulares pelas obrigações sociais.

Caso não estejam integralizadas todas as quotas, o sócio que não integralizou a
quota que subscreveu responde com seus bens particulares. Se insuficientes,
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respondem os demais sócios, subsidiariamente, inclusive com seus bens


particulares.

A responsabilidade de cada sócio continua sendo limitada ao capital social total não
integralizado, ou seja, os sócios possuem responsabilidade solidária pelo capital
total não integralizado, com direito de regresso em face do sócio que não levou a
efeito a integralização de suas quotas (art. 1.052).

LOGO, em relação a responsabilidade social:


1. Em regra, sócios não devem responder com seu patrimônio pessoal pelas
dívidas da sociedade – princípio da autonomia patrimonial das pessoas
jurídicas (art. 1.024). A responsabilidade dos sócios sempre será
subsidiária, que só pode ser quebrada em casos específicos. Nos casos de
insolvência haverá benefício de ordem.
2. Variação conforme o capital da sociedade – qual é o limite da
responsabilidade? O montante que faltar para a integralização.
3. Responsabilidade solidária até a integralização do capital integralizado, ou
seja, os sócios possuem responsabilidade solidária pelo capital total não
integralizado, com direito de regresso em face do sócio que não levou a
efeito a integralização de suas quotas (art. 1.052).

Além da não integralização, há também a responsabilidade solidária no caso das


deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade
dos que expressamente as aprovam (art. 1.080, CC). Isso é valido tanto para as
normas legais quanto para normas contratuais.

Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente


todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade (art.
1.055, § 1º, CC).

OBS: Na omissão do contrato social, será observado o estabelecido no art. 1.057.

Casos de responsabilidade dos sócios:


 Casos de responsabilização direta do sócio (art. 1.015 do CC – Teoria
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Ultra Vires): Prática de ato ilícito, prática de ato com excesso de mandato ou
prática de ato contra o estabelecido no contrato social.
 Teoria da desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 e Lei
13.874/2019 – Lei da Liberdade Econômica): Consiste em desconsiderar a
personalidade jurídica da empresa ineficaz, relativamente a determinados
atos, com o objetivo de impedir a concretização de fraudes e abusos de
direitos cometidos em nome da personalidade da sociedade comercial.

4.5.1.2 Dever de lealdade: É a forma de tratamento, valores da empresa e dos


sócios, é ser leal na sociedade. A lealdade é observada na atitude dos sócios. Esse
é o segredo das sociedades.

 Os sócios devem realizar todas as ações exigidas para a sociedade atingir o


seu fim, qual seja, o lucro;
 Qualquer ação que atrapalhe tal objetivo é infração ao dever de lealdade. Ex:
Brigar na sociedade; gritar; tratar mal os funcionários; usar recursos em
proveito próprio; entre outros.
 Usual: Concorrência com a própria sociedade.
 Sócios investidores podem participar de outras sociedades com um mesmo
fim, desde que não assumam posição de administração.

4.5.1.3 Votar no interesse da sociedade;

4.5.1.4 Exercer direitos essenciais com diligência e probidade;

4.5.1.5 Expulsão dos sócios: Sócio recebe de volta valores que integralizou,
devidamente corrigidos, deduzindo-se eventuais perdas e danos. Deve-se a uma
rescisão parcial da sociedade, por atitude unilateral. É uma pena social, interna à
sociedade.

A regra é a expulsão judicial, ou seja, sempre deve ser feita através de uma
declaração judicial, mas há exceções: a) A primeira é a expulsão por infração ao
dever de integralizar, que é extrajudicial; b) E a segunda é aquela decorrente de
37

expressa previsão no contrato social, também extrajudicial. Em ambos os casos


deve haver justa causa (infração dos deveres sociais).

Além disso, o tipo de indenização depende da razão da exclusão:


a) Se for por falta de integralização: Recebe os valores que anteriormente
pagou à sociedade;
b) Se for por outra razão: Recebe parcela do patrimônio social (valor
patrimonial das quotas).

4.5.1.6 Sigilo; informação;

4.5.1.7 Não participar como sócio ou administrador de sociedade concorrente,


salvo quando autorizado pelo contrato social ou totalidade dos sócios.

4.5.1.8 Abster-se de contratar com a sociedade em condição de favorecimento


ou não equitativa.

4.5.2 Direitos dos sócios (art. 256, PLS 487/13):

4.5.2.1 Participar no resultado social; pró-labore;

 Participar no resultado social: Todos devem participar do resultado social e


qualquer cláusula em sentido contrário é nula. Pode haver especificações na
forma de distribuição, não sendo a mesma proporcional ao capital de cada
cotista (distribuição em função do montante de recursos que cada sócio
gerou, por exemplo). Todavia, pode o sócio ficar sem receber seu montante
dependo do lucro que a sociedade receber.
 Pró-labore: Não se confunde com a remuneração paga ao funcionário da
empresa. O pró-labore é a retirada do sócio que tem serviço, que faz alguma
coisa na sociedade. Nem todo sócio irá receber seu pró-labore ou ter um
percentual/valor/remunaração/retirada a ser recebido em relação a sua
participação, pois efetivamente muitos sócios podem não estar no exercício
direto de uma atividade empresarial. Portanto, ele irá receber sua participação
38

lucrativa de acordo com seu percentual de quotas e resultados. Mas o sócio


que tem uma atividade/função dentro da sociedade passa a ter um valor a ser
recebido que vem com sua contraprestação de trabalho. Esse sócio que está
fazendo uma contraprestação do seu trabalho dentro da empresa, também
terá participação dos lucros e resultados? Sim, ele terá tanto participação nos
lucros quanto a contraprestação pelo trabalho que ele presta dentro da
sociedade. Destaca-se que essa remuneração é a título de pró-labore. É
direito dele de receber essa participação.
o Contraprestação em função dos serviços prestados à sociedade (não
se confunde com uma remuneração paga ao funcionário da empresa).
É a retirada do sócio que tem serviço, ou seja, que faz alguma coisa
dentro da própria sociedade.
o Duas formas de remuneração: (1) distribuição de lucros; ou (2)
pagamento de contraprestação pelo trabalho.
o Doutrinadores dizem que a diferença é acadêmica, pois mesmo que
não haja trabalho, se o Contrato Social disser que tem que pagar pró-
labore o pagamento será devido.
o Entendo que pró-labore só com o trabalho, se não houver não há que
se pagar, nem mesmo se o contrato social disser que há o pagamento.
Cláusula que determine o pagamento a todos deve ser interpretada
como determinação de que todos os sócios podem trabalhar na
sociedade. Pagamento de pró-labore sem trabalho é distribuição
disfarçada de lucros.
o O valor é estabelecido pela Assembleia ou Reunião de Sócios.

4.5.2.2 Participar das deliberações sociais: Éo seu direito de voto, sua


manifestação. É a forma de como o sócio vai se posicionar diante de uma
sociedade. Os sócios podem se reunir através de acordo de assionistas/pactos
parassociais, sendo um modo de unificação de votos em deliberações societárias.
Eles podem decidir em comum acordo, bem como unificar os entendimentos e
buscarem um resultado para isso. Ressalta-se que os sócios que têm direito a voto
são aqueles que estão cumprindo seus deveres diante da integração social.
 É o direito de votar em Assembleias ou reuniões de sócios.
 Direito de participar da administração das sociedades limitadas.
39

 Não pode, como regra, ser limitado, somente se os sócios estiverem em falta
no cumprimento de seus deveres sociais.
 Toda cota tem direito à um voto nas deliberações sociais.

4.5.2.3 Fiscalizar a administração: O sócio tem o dever de fiscalização.


 Regra geral: Os sócios majoritários administram e os sócios minoritários
fiscalizam. Ocorre que, normalmente, quem acaba fiscalizando é o sócio
majoritário e o minoritário tem o dever de fiscalização. Isso porque,
geralmente o minoritário não participa da rotina da sociedade, logo não tem
costume de fiscalizar. Contudo, é obrigação do majoritário dar
satistifação/prestar contas ao minoritário sobre o que está acontecendo na
sociedade. O administrador, sócio majoritário, tem que trazer os resultados
combinados a sociedade.
 A fiscalização é irrestrita quanto a qualidade e quantidade;
 Restrita no tocante à forma – quatro formas distintas: (1) Consulta direta aos
livros sociais, sempre que enterrem necessário; (2) Ação judicial de prestação
de contas; (3) Aprovação de contas da administração nas Assembleias ou
reuniões ordinárias dos sócios; (4) Instituição de Conselho Fiscal.

4.5.2.4 Retirar-se da sociedade: É o direito de sair da sociedade. A regra das


sociedades limitadas é que os sócios sempre poderão se retirar. Exceção:
Sociedades limitadas por tempo determinado. Nestes casos só pode se retirar se
houver a alteração do contrato social (CC, art. 1.077) ou até que se justifique fatos
ou ocorrências, caso contrário você fica “amarrado” a essa sociedade.

O valor a ser recebido será o valor patrimonial na data da manifestação do interesse


em se retirar.

OBS: Questão de justiça deve verificar a questão dos minoritário que são expulsos
da sociedade sem justa causa, tendo em vista ações contrárias a seus interesses
pelos majoritários.

4.5.2.5 Direito de em relação as quotas: Direito de preferência. É o direito de


40

cessão de quotas. O sócio possui o direito de preferência para adquirir a quota de


alguém quando essa pessoa decidir sair da sociedade. Para tanto, tudo deve estar
estalecido em uma regra contratual.
 Todos os sócios têm direito a subscrever as novas ações em aumento de
capital para manter sua proporção.
 Esse direito deve ser exercido no prazo do contrato social ou em 30 (trinta)
dias se ele nada estabelecer.
 Se nem todos exerceram segue direitos dos demais sócios em aumentar sua
participação (direito de acrescer), também em trinta dias.
 Somente após tal prazo pode ser subscrito por terceiros.

OBS: Ao vender/ceder a quota a terceiros é necessário observar o que está disposto


no contrato de como vai ser essa cessão. Você pode ter uma regra única em seu
contrato diferente do que está posto na lei estabelecida para efetuação de quotas
para terceiros. Mas se não estiver estabelecido nada no contrato, o que valerá é a lei
(arts. 1.055-1.057, CC).

4.5.2.6 Participar do acervo patrimonial em caso de liquidação da sociedade.

4.6 DINHEIRO X CAPITAL

4.6.1 Capital: São valores que são investidos, objetivando a produção de


sobrevalor: juros, aluguel, lucro, etc. Quando pensamos em capital no cenário de
uma empresa, é um capital que esta preso em outro negócio que muitas vezes é o
ativo/passivo dela.

4.6.2 Dinheiro: Valores que se gastam, em atos econômicos, para atender às


necessidades ou aos desejos da pessoa.

Em relação a pessoa física, capital e dinheiro também não são a mesma coisa.
Dinheiro é fato econômico (Ex: jantar fora, comprar roupa para malhar, comprar uma
maquiagem nova, etc). Já o capital é a conversãodo rendimento em algo mais
lucrativo, rentável. Se estou gerando rendimento, estou gerando capial. Se você usa
41

o dinheiro para transformar em investimento, como o uber, por exemplo, estamos


falando em capital, pois estou produzindo um sobrevalor para esse meu
investimento.

Não basta colocar no contrato social de uma empresa a regra e as cláusulas, se não
souber movimentar o capial dela, bem como transformar esse rendimento, pois a
empresa tem que ter capital para se mover. Caso isso não ocorra, ela pode vir a
falência com a queda de rendimentos.

Aumento de capital é qualquer que seja a modalidade de bens que consiga


converter em capital, ou seja, quando consigo colocar uma estimativa de bens.

4.7 DA NOVA GOVERNANÇA DAS LIMITADAS/DELIBERAÇÕES


DOS SÓCIOS

O Código Civil criou um modelo de gestão empresarial para as limitadas que muito
se assemelha ao modelo das sociedades anônimas. As deliberações dos sócios
serão computadas conforme a participação deles na sociedade podendo ser
realizadas em Assembleia ou reunião de sócios. Dessa forma, foram criados 03
órgãos de deliberação:
1) Administradores (órgão executivo): CC, art. 1.010 c/c art. 1.060;
2) Conselho Fiscal (órgão fiscalizador e opinativo): CC, art. 1.066;
3) Assembleia Geral e/ou Reunião de Sócios (órgão deliberativo): CC, art. 1.072.

É necessário observar a estrutura societária. Deve-se levar em consideração o


tamanho da sociedade e a quantidade de sócios. Isso porque muita das vezes os
sócios mesmo que administram a sociedade dependendo do seu tamanho. Somente
no caso de empresas maiores será necessária a governança coorporativa (trazer
regras mais técnicas, menos cheias de mimimi; regras servem para qualquer um;
cada deve cumprir a sua função – REGRAS DE GOVERNANÇA), como no caso da
S/A. Com essas regras de governança há uma relação muito mais transparente que
se aproxima das regras de compliance da transparência e questões éticas.
42

OBS: Não é obrigatório ter essa estrutura, depende do tamanho da sociedade que
estiver sendo constituída.

4.8 ADMINISTRAÇÃO DA LTDA

Deve-se a possibilidade de ter uma administração direta pelos próprios sócios ou


uma administração contratada. É possível ter pessoas contratas para administrar a
sociedade.

Essa foi a grande alteração do Código Civil vigente. A administração agora é


complexa, similar à administração das S/A e ocorre por órgãos com competência
própria e específica. Os administradores (Diretoria) podem ser chamados de
administradores ou de diretores. A lei menciona administradores e esses são
responsáveis pela condução diária dos negócios sociais.

Semelhança aos antigos sócios-gerentes, podendo todos os sócios assumirem estas


condições. O sócio retirante era administrador, agora o novo sócio não assume
condição automaticamente. Ademais, não sócios podem ser administradores
(eleição por ¾ do capital social, se o capital já estiver integralizado; se não estiver,
eleição por unanimidade). A eleição deve ser transcrita em livro social, levando-se à
registro na Junta quando não feito através do próprio contrato.

4.9 ADMINISTRAÇÃO DA LTDA (ARTS. 1052 a 1087, CC)

A administração envolve também responsabilização (desconsideração da PJ, teoria


ultra vires). O sócio quando se retira da sociedade tem regras a cumprir no prazo de
dois anos.

 O sócio que se retira (cessão ou exclusão) responde solidariamente por suas


obrigações como sócio pelo período de 2 anos, exceto nas obrigações
tributárias que seguem as regras do CTN.
 A responsabilidade é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem
solidariamente pela integralização do capital social.
43

 Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem até 5


anos da data do registro da sociedade.
 A sociedade será administrada por uma ou mais pessoas (sócios ou não
sócios) designadas no contrato social ou em ato separado.
 O administrador substitui a figura do sócio-gerente (Dec. 3708/1919).

Quando o administrador é responsável diretamente pelos seus atos pode ser


aplicado a teoria ultra vires (CC, art. 1.015).

Art. 1.063, CC. O exercício do cargo de administrador cessa pela


destituição, em qualquer tempo, do titular, ou pelo término do prazo se,
fixado no contrato ou em ato separado, não houver recondução.
ALTERAÇÃO Lei 13.792/2019
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua
destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas
correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição
contratual diversa. (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019).

Ou seja, o sócio nomeado adminstrador no contrato é diferente de um outro que é


somente sócio. Logo, quando o primeiro está dentro da sociedade ele tem que ter
aprovação correspondente de quota de mais da metade do capital social, pois se o
contrato não dispuser outra regra, vai seguir essa regra. O sócio administrador vai
ter muita das vezes responsabilidade direta, mas quando há varias pessoas
administrando isso deve constar no contrato ou em ata, devidamente documentado.

4.9.1 Aspectos práticos dos administradores:

O administrador (sócio administrador ou administradores não sócios) pode ser


responsabilizado diretamente pelos seus atos através da teoria ultra vires (art.
1.015), ou seja, por algum ato praticado fora da atividade societária, fora do objeto
ou que tenha sido feito sem a anuência dos demais. A teoria ultra vires se torna
muito exclusiva dentro da limitada.

(a) A sociedade será administrada por uma ou mais pessoas, designadas no


Contrato Social ou em ato separado – poderá haver a delegação para pessoas
jurídicas, uma vez que o art. 1.060 sequer fala em pessoa física, devendo referida
gerência reger-se pelo ato constitutivo daquela e, levando-se em conta os
44

entendimentos das Juntas Comerciais locais;


(b) A administração da sociedade caberá, separadamente (individualmente) a todos
os sócios, se omisso o Contrato Social, não aproveitando aos sócios que
posteriormente adquirirem essa qualidade (Art. 1.013 c/c Art.1.060);
(c) Para designação dos administradores da sociedade, os quais não sejam sócios,
caso o Contrato Social assim permita, deverá se observar o seguinte quórum (Art.
1.061): 1. Capital não integralizado: unanimidade dos sócios; 2. Capital
integralizado: no mínimo dois terços do capital social.
(d) O administrador poderá ser designado em Contrato Social ou em ato separado.
Se investido em ato separado, deverá tomar posse no Livro de Atas de
Administração em 30 dias e requerer a averbação de sua nomeação junto ao
registro competente em 10 dias – no primeiro caso a sanção para o inobservância
do prazo é a nulidade da designação, e no segundo caso, não há sanção prevista;
(e) Estabelece o artigo 1.011 do novo Código que o administrador deverá agir, no
exercício de suas funções, com o cuidado e diligência que todo homem probo
costuma empregar na administração de seus próprios negócios;
(f) As disposições concernentes ao mandato aplicam-se aos administradores (Art.
1.011, § 2º);
(g) Em caso de omissão do Contrato Social, os administradores poderão
desempenhar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade, salvo a oneração de
ou a venda de bens imóveis, que depende da vontade da maioria dos sócios (Art.
1.015);
(h) Aos atos praticados em excesso pelos administradores não responde a
sociedade, desde que (i) a limitação de poderes esteja inscrita ou averbada no
registro próprio da sociedade, (ii) prove-se que era conhecida do terceiro e (iii) se
trate de operação evidentemente estranha aos negócios da sociedade (Art. 1.015, §
único) – TEORIA ULTRA VIRES;
(i) É vedado ao administrador fazer-se substituir no exercício de suas funções (Art.
1.018); e
(j) Dever de prestação de contas dos administradores, apresentando inventário,
balanço patrimonial e o resultado econômico (Art. 1.021).

OBS: No Projeto do Novo Código Comercial (PL 1572/11 convertido no PLS


487/13), a temática da Administração da LTDA é tratada nos Arts. 244 ao 254.
45

Ressalta-se que papel do administrador sócio ou não sócio é muito sério e deve ser
observado dentro das sociedades, principalmente no contexto da LTDA ou S/A. Ele
precisa saber da importância e dos riscos de ser responsabilizado, vez que os outros
sócios estarão nos seus direitos de fiscalizar, exigir documentação, prestação de
conta, etc.

4.10 CONSELHO FISCAL NA LTDA

Outro caminho para a governança utilizado na LTDA. É um órgão não obrigatório,


pois não há a necessidade de criar em uma sociedade com poucos sócios. É um
órgão necessário quando há uma dimensão maior da LTDA, uma sociedade
gigantesca.
 Função semelhante ao órgão da Sociedade por Ação: fiscalizar a
administração e assessorar os administradores e sócios;
 Membros eleitos em assembleia ou reunião de sócios;
 Três ou mais membros, com respectivos suplentes;
 Não podem ser membros aqueles impedidos de administrar (art. 1011); os
administradores da sociedade ou de outras por ela controlada, os
empregados ou parentes destes até 3 grau;
 Minoritários com 20% tem direito a assento no conselho fiscal;

4.10.1 Obrigaçõesdo Conselho Fiscal na LTDA: Tal conselho emite pareceres,


convoca reuniões, entre outras funções. Além disso, deve ser observado a
necessidade e a credibilidade que esse conselho vai passar, pois se há a criação de
um conselho fiscal que não realiza seu dever de fiscalização (o qual independe dos
sócios, pois estes tem o dever de fiscalizar independente do conselho fiscal), será
criando mais uma burocracia dentro da sociedade,onde mais pessoas podem ser
responsabilizadas.
 Examinar no mínimo trimestralmente livros, papéis e o estado do caixa da
sociedade, emitindo pareceres que devem ser lavrados no livro respectivo;
 Emitir pareceres anualmente sobre os negócios sociais, denunciando erros
fraudes ou crimes que descobrirem;
46

 Convocar a assembleia se os administradores retardarem por mais de trinta


dias a convocação da assembleia anual ou sempre que motivos urgentes
determinarem tal convocação.
 O Conselho Fiscal é uma “faculdade” das sociedades limitadas, ficando à
critério dos sócios sua instituição ou não;
 Crítica que se faz à previsão deste instituto é a possibilidade dos sócios
minoritários que representem pelo menos um quinto do capital social
elegerem um dos membros do conselho fiscal e seu suplente e, no entanto,
não podem estes mesmos sócios minoritários, requererem a instituição do
Conselho Fiscal, restando latentes seus direitos caso os sócios
representando a maioria do capital social resolvam por não instituí-lo.
 O Conselho Fiscal será composto de, no mínimo, 03 membros e seus
suplentes, sócios ou não, eleitos em Assembleia Geral Anual.
 Estão impedidos de participar do Conselho Fiscal os inelegíveis do artigo
1.011 do novo código (impedidos por lei especial, condenados a crimes
patrimoniais, consumidor e meio ambiente, com efeitos de pena em vigência),
os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra por ela controlada,
os empregados de quaisquer delas ou cônjuges e parentes até terceiro grau.
 Não há qualquer impedimento previsto no Código Civil que impeça os sócios
de participarem do Conselho Fiscal. Sua instituição deveria se dar como
forma de profissionalizar a fiscalização e opinião sobre a gestão da
sociedade. Uma vez que um dos sócios faça parte desse órgão, a
credibilidade do Conselho e, por conseguinte, da sociedade restariam
abalados.
 Existe realmente independência do Conselho Fiscal, ou é meramente formal,
uma vez que ainda os estranhos à sociedade, nomeados conselheiros,
seriam pelos próprios sócios.
 O Conselho Fiscal possui função fiscalizadora e opinativa, e a remuneração
de seus membros deve ser fixada anualmente pela Assembleia de Sócios que
os elegerem (Art. 1.068).
47

4.11 ASSEMBLEIA OU REUNIÃO NA LTDA

Regra deliberativa. A sociedade limitada tem dois caminhos: assembleia ou reunião.


Nesse caminho de assembleia ou reunião ela vai deliberar.

A assembleia é obrigatória em sociedades com mais de 10 sócios. A reunião acaba


funcionando para sociedades com menos de 10 sócios. Ademais, devem ocorrer ao
menos uma vez por ano, até o quarto mês subsequente ao término do exercício
social.

A Assembleia tem exclusividade nas seguintes matérias: 1. Aprovação de contas


da administração; 2. Designação de administradores, destituição dos
administradores, definição da remuneração dos administradores e dos
membros do conselho fiscal quando não estabelecidas no contrato social; 3.
Modificação do contrato social; 4. Deliberação de aprovação quanto a
incorporação, fusão e a dissolução da sociedade; 5. Pedido de declaração de
falência, nomeação dos liquidantes e o posterior julgamento de suas contas; 6.
Pedido de concordata (os administradores podem fazer – desde que urgente e
com aprovação de mais de 50% do capital). Está previsto na lei, mas o termo
técnico usado hoje em dia é recuperação.

OBS: Há tambem a possibilidade de juntar com os sócios e tomar deliberações


pactuas/pré-estabelecidas através do acordo de cotista, chamado também de
parassocial, ou então já deixar isso previsto no contrato social.

4.11.1 Deliberações dos sócios:

As deliberações possuem regras. Vejamos:

Art. 1.072, CC. As deliberações dos sócios, obedecido o disposto no art.


1.010, serão tomadas em reunião ou em assembleia, conforme previsto no
contrato social, devendo ser convocadas pelos administradores nos casos
previstos em lei ou no contrato.

Assembleia de Sócios, não existia, agora é obrigatória para sociedade com mais
48

de 10 sócios. Anual. As decisões são de acordo com o capital social.

Reunião de Sócios, não existia, veio substituir as assembleias, com menos de 10


sócios. É descomplicada e pode ser regida pelo contrato.

ALTERAÇÃO Quórum – LEI 13792/2019:


Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios
serão tomadas (Redação dada pela Lei nº 13.792, de 2019)
I - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social,
nos casos previstos nos incisos V e VI do art. 1.071;
II - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social, nos
casos previstos nos incisos II, III, IV e VIII do art. 1.071;
III - pela maioria de votos dos presentes, nos demais casos previstos na lei
ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada.

Enunciado 226, 3ª Jornada de Dir. Civil, CJF – Art. 1.074: A exigência da


presença de três quartos do capital social, como quórum mínimo de
instalação em primeira convocação, pode ser alterada pelo contrato de
sociedade limitada com até dez sócios, quando as deliberações sociais
obedecerem à forma de reunião, sem prejuízo da observância das regras do
art. 1.076 referentes ao quórum de deliberação.

4.11.2 Exclusão de sócio (art. 1.085):

Para exclusão do sócio há regras a serem cumpridas.

IN DREI Nº 54, DE 17 DE JANEIRO DE 2019. Altera o Manual de Registro


de Sociedade Limitada, aprovado pela Instrução Normativa DREI nº 38, de
2017. Art. 1º O Manual de Registro de Sociedade Limitada, aprovado pela
Instrução Normativa DREI nº 38, de 2017, passa a vigorar com as seguintes
alterações:
2.2.6 EXCLUSÃO DE SÓCIO
2.2.6.1-A Justa causa em sociedades compostas por apenas dois sócios
Sem a necessidade de reunião ou assembleia, o sócio que detiver mais da
metade do capital social poderá excluir o sócio minoritário da
sociedade, se entender que este está pondo em risco a continuidade da
empresa, em virtude de atos de inegável gravidade.
A efetivação da exclusão do sócio minoritário se dará mediante
arquivamento de alteração do contrato social:
a) desde que haja previsão de exclusão por justa causa no contrato social
ou em alteração anterior devidamente arquivada; e
b) que contenha expressamente os motivos que justificam a exclusão por
justa causa. (NR)

ALTERAÇÃO – LEI 13.792/2019


Art. 1.085. Ressalvado o disposto no art. 1.030, quando a maioria dos
sócios, representativa de mais da metade do capital social, entender que
um ou mais sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em
virtude de atos de inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade,
mediante alteração do contrato social, desde que prevista neste a exclusão
por justa causa.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios
49

na sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser


determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para
esse fim, ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu
comparecimento e o exercício do direito de defesa.(Redação dada pela
Lei nº 13.792, de 2019)

Art. 1.086. Efetuado o registro da alteração contratual, aplicar-se-á o


disposto nos arts. 1.031 e 1.032.

Em relação ao § único do art. 1.085 do CC, numa sociedade com dois sócios a
exclusão pode ser feita de forma mais simplificada. Mas quando há mais de dois
sócios se faz necessário que seja feita a partir da convocação de uma reunião ou
assembleia especialmente para falar da exclusão. Deve haver motivos para o sócio
ser excluído, essa decisão não é livre, ele não pode ser excluido simplesmente
porque alguém quer.

Expulsar sócio majoritário extrajudicialmente (depende do quórum, se ele tem um


quórum maior é mais difícil) e judicialmente é muito difícil. A exclusão extrajudicial
tem que estar prevista no contrato.

No caso de falência de um sócio e, caso esteja estabelecido no contrato social que a


quota parte desse sócio falecido irão para seus herdeiros, os outros socios podem
recusar a entrada de um herdeiro. Nesse caso, eles podem pagar a quota desse
herdeiro que não foi aceito.

4.11.3 Deliberações na LTDA:

LEI Nº 13.792, DE 3 DE JANEIRO DE 2019. O PRESIDENTE DA


REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1 o Esta Lei modifica o quórum de deliberação nas sociedades de
responsabilidade limitada nos casos mencionados.
Art. 2º O § 1º do art. 1.063 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1.063.
§ 1º Tratando-se de sócio nomeado administrador no contrato, sua
destituição somente se opera pela aprovação de titulares de quotas
correspondentes a mais da metade do capital social, salvo disposição
contratual diversa.” (NR)
Art. 3º O caput do art. 1.076 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002
(Código Civil), passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1.076. Ressalvado o disposto no art. 1.061, as deliberações dos sócios
serão tomadas:” (NR)
Art. 4º O parágrafo único do art. 1.085 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002 (Código Civil), passa a vigorar com a seguinte redação:
50

“Art. 1.085.
Parágrafo único. Ressalvado o caso em que haja apenas dois sócios na
sociedade, a exclusão de um sócio somente poderá ser determinada
em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim,
ciente o acusado em tempo hábil para permitir seu comparecimento e o
exercício do direito de defesa.” (NR)
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

4.11.4 Alteração Lei 13.792/2019


51

ROTEIRO DE AULA - UNIDADE III

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA.


BLINDAGEM PATRIMONIAL E PLANEJAMENTO JURÍDICO.

EMENTA: Teoria ultra vires societatis. Alteração do contrato


social. Desconsideração da Personalidade Jurídica Dissolução
e Resolução de Sociedades Contratuais.

1 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NA LTDA

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo


desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de
atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2ºEntende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato
entre os patrimônios, caracterizada por:
I -cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do
administrador ou vice-versa;
II -transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações,
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos
de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica.

A desconsideração da personalidade jurídica está prevista no art. 50 do


CC.Contudo, foram feitas alterações nesse artigo na Lei nº 13.874/2019 (Lei da
Liberdade Econômica), que trouxe uma vertente mais detalhada do que é a
desconsideração.

A base/regra da desconsideração da personalidade jurídica significa que vou deixar


de observar a pessoa jurídica para um possível objeto e adentrar na figura dos
52

sócios. É uma forma de desconsiderar a PJ em um caso concreto. É não observar o


que está posto na sociedade jurídica, “tirar o véu” e observar o interno, ou seja, as
figuras que envolvem a sociedade. Será uma busca direta para a responsabilização
dos sócios em situações que envolvam a personalidade jurídica sendo
desconsiderada.

Antigamente, na época em que foi implementada (década de 70) a desconsideração


era para casos excepcionais para se atingir os sócios que compõem essa
sociedade. Contudo, outras leis como o CDC, algumas vertentes da legislação
ambiental, estabeleceram condicionantes de desconsideração em larga escala. Isso
significa que para a vertente do Direito Empresarial a desconsideração tem como
vertente máxima atingir os bens pessoais dos sócios apenas em casos
excepcionais, ou seja, em casos específicos na lei, enquanto na vertente
consumerista e trabalhista essa teoria da desconsideração acabou sendo dividida
em teoria maior e teoria menor:

 Teoria maior (art. 50, CC):Teoria que engloba o direito empresarial, em que
se aplica nos casos excepcionais a desconsideração. Deve-se comprovar o
desvio de finalidade, confusão patrimonial, dolo, etc. É teoria maior pois
depende de mais requisitos para ser alcançada.
 Teoria menor (art. 28, §5º, do CDC): O mero inadimplemento da pessoa
jurídica é suficiente para uma desconsideração. Há menos requisitos para
serem cumpridos. Contudo, o direito empresaral discorda dessa teoria menor,
pois não é o não pagar/não cumprir, a inadimplência (o não pagamento, no
vencimento, de uma obrigação líquida) não é o suficiente para uma
desconsideração, pois quando tratar-se de uma falência, por exemplo,
prevista no art. 94 da Lei 11.101/05, existem situações próprias e específicas
para que ocorra essa situação de inadimplência que não será viés para uma
desconsideração. Logo, a desconsideração deve estar muito clara para que
não ocorra sem necessidade pré existente. Isso porque as vezes empresas
quebram não por situações de fraude e outras previstas no art. 50 do CC,
mas sim em decorrência do próprio mercado, como está ocorrendo na
pandemia, em que empresas estão fechando por questões financeiras, como
uma situação global, fora do seu próprio contexto. Logo a situação de
53

pandemia, por exemplo, não pode ser entendida em uma teoria menor.

Nesse sentido, o desvio de finalidade ocorre quando há a utilização da pessoa


jurídica com o propósito de lesar credores e a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza (§ 1º, art. 50, CC). Logo, é necessário observar por quem ele está sendo
lesado, pois muita das vezes ele não está sendo lesado por todos os sócios, e sim
pelo sócio administrador ou sócio não administrador que estão exercendo esse
desvio de responsabilidade e serão responsabilizados diretamente, o que não
ocorrerá com os sócios não estão inseridos nesse contexto.

Desvio de finalidade é diferente de confusão patrimoninal (§ 2º, art. 50, CC), que é a
não separação adequada entre o patrimônio da empresa e o patrimônio daqueles
que compõem a atividade empresarial. Nos incisos desse art. há exemplos de
confusão patrimonial. O inciso I, por exemplo, dispõe sobre quando a sociedade está
fazendo algo que era pra ser feito pelo administrador ou sócio, ou o inverso disso
(quando o sócio ou administrador está adotando medidas, tomando decisões,
anotando deliberações em relação a sociedade).

Não há problema em usar patrimônio da empresa, como apartamento, carro, etc, se


houver a separação clara do que é patrimonio da empresa e do que é dos sócios. O
problema é a confusão patrimonial e não é possível fazer o desmembramento (inciso
II).

Já no inciso III a autonomia patrimonial é a separação do que é dos sócios e da


empresa propriamente dita e está prevista no art. 1.024 do CC. Tal instituto trata
dessa separação patrimonial, até mesmo porque nos dois tipos de sociedade (LTDA
e S/A) que estão sendo estudadas os sócios possuem limitação de
responsabilidade.

Outra situação que englora essa vertente é a junção do que está posto no desvio de
finalidade com a confusão patrimonial e lembrar que a extensão das obrigações
desse artigo também se aplicam as obrigações de sócio e administrador
relacionados a pessoa juridica. Existem situações que ocorrem inversão onde sócios
de uma atividade empresial esvaziam seu patrimonio pessoal e jogam para dentro
54

da sociedade para dívidas particulares não relacionadas a atividade empresarial


para amanha, quando venham a ser cobradas daquele sócio, ele fala que não tem
nada, o que consequentemente mostra uma situação de confusão e descaracteriza
a pessoa do sócio, caracterizando a desconsideração inversa da personalidade
jurídica, de acordo com a doutrina.

Outra coisa que deve ser levada em consideração é a existência de grupo


econômico. A mera existência de grupo econômico sem apresentar requisistos que
caracterizem a desconsideração não cabe a desconsideração. Não é porque uma
pessoa jurídica de um grupo com outras 10 pessoas jurídicas integrantes de um
grupo econômico, ou seja, uma possível situação de ocorrência de uma
desconsideração que isso será padronizado para as demais situações. Essa é a
vertente que se adota para o cenário empresarial.

Além disso, não constitui desvio de finalidade a mera expansão (como a alteração
do CNAE) ou alteração de finalidade daquela atividade econômica.

A ideia é que irei desconsiderar, ou seja, deixar de observar a pessoa jurídica para o
possível objeto de adentrar na pessoa dos sócios. Dessa maneira, a
desconsideração nada mais é do que uma forma de não olhar a pessoa jurídica em
um caso concreto e olhar o interno da sociedade, ou seja, os sócios.

Quando ocorre o desvio de finalidade? Quando eu tenho a utilização da pessoa


jurídica com o propósito de lesar credores e a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza.

O sócio pode usufruir de patrimônio da sociedade? Sim, não há problema,


desde que devidamente delimitado o que é do sócio e o que é da empresa. Mas o
uso não adequado do patrimônio da empresa pode gerar uma confusão, de modo
que a contraprestação não é feita e a realidade não é exposta. A autonomia
patrimonial(separação entre sócio e sociedade) é muito importante para a
desconsideração da PJ.
55

2 TEORIA ULTRA VIRES SOCIETATIS– RESPONSABILIZAÇÃO


DIRETA

Art. 1.015. No silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos


os atos pertinentes à gestão da sociedade; não constituindo objeto social, a
oneração ou a venda de bens imóveis depende do que a maioria dos sócios
decidir.
Parágrafo único. O excesso por parte dos administradores somente pode
ser oposto a terceiros se ocorrer pelo menos uma das seguintes hipóteses:
I -se a limitação de poderes estiver inscrita ou averbada no registro próprio
da sociedade;
II -provando-se que era conhecida do terceiro;
III - tratando-se de operação evidentemente estranha aos negócios da
sociedade.

Esse artigo adota uma questão de responsabilização direta. Não é uma


responsabilização na vertente da desconsideração da personalidade jurídica. É o
que chamamos de TeoriaUltra Vires, ou seja, é quando o administrador age com
excesso por algo que vem ser oposto a terceiro se ocorrer uma dessas situações
que estão elencadas nesse artigo. Então, quando impera esse artigo é analisado a
responsabilidade direta dos administradores, dentro do contexto da sociedade
simples e da LTDA quando esta segue as regras da sociedade simples.

Osarts. 158 e 159 da Lei 6.404/76 tratam da responsabilização dos administradores


diante de uma S.A., que não se aplica o art. 1.015 do CC, pois há um artigo próprio
e específico para aplicabilidade da responsabilização dos administradores quando
voltado para vertente da regra do art. 1.015. É uma legislação específica.

Princípio da autonomia (art. 1.024 do CC):

Art. 1.024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por
dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais.

Há uma regra principiológica da autonomia patrimonial. Não se pode esquecer da


separação patrimonial, que mostra a distinção entre os bens dos sócios e os bens
da sociedade. Nessa vertente empresarial, é preciso internalizar que não é só
separar, é até mesmo para fins de execução – 1º os bens da sociedade para depois
executar os bens do sócio. No momento de buscar a execução dos bens dos sócios
deve ser observado o tipo de responsabilidade ali estabelecido. Ex: Se eu estiver
56

diante de uma LTDA e S/A, não é simplesmente separar e executar a sociedade e


os sócios automaticamente. Tem que observar na vertente de que, se não for caso
da desconsideração da personalidade jurídica, não poderá ser utilizado o art. 50.
Não é executar a sociedade e depois automaticamente os sócios, executa a
sociedade e a depender do tipo societário, executa os sócios. E, para executar os
bens dos sócios, tem que observar se o caso efetivo foi ou não de desconsideração
da personalidade jurídica.

3 INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA (ART. 133 A 137 DO CPC)

Para que aconteça o incidente, é necessário cumprir todo o regramento, bem como
observar a ordem estabelecida para que ocorra esse acidente. Não é meramente um
desconsidere-se no piloto automático, devendo respeitar, inclusive, os princípios
constitucionais de ampla defesa e contraditório. Então, para que ocorra esse
incidente, será aberto o momento de defesa, manifestação e análise de quem está
efetivamente com a razão.
57

ROTEIRO DE AULA - UNIDADE IV

A IMPORTÂNCIA DO COMPLIANCE, A LEI ANTICORRUPÇÃO E O


CENÁRIO EMPRESARIAL BRASILEIRO.

EMENTA: Análise da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013) e


importância da mesma no ambiente empresarial. Os riscos da
blindagem patrimonial e o papel do compliance (estar em
conformidade com as regras e as leis).

1 CONCEITO DE INTEGRIDADE E COMPLICE

De acordo com o Google, o COMPLIANCE é o conjunto de disciplinas que


implementam e fazem cumprir as normas legais, políticas e diretrizes de uma
empresa, bem como detectam e tratam qualquer ato interno de violação a norma
que possa ocorrer (extraído da wikipédia).

Compliance vem do verbo em inglês “tocomply”, que significa cumprir, executar,


satisfazer. Assim, Compliance significa estar em conformidade com as regras e com
as leis, ou seja, é o cumprimento das regras por aquele que exerce uma atividade
empresarial e está inserido dentro da seara empresarial do direito brasileiro.

O compliance está ligado a transparência das relações. “Eu cumpro as regras”,


desde questões internas a questões externas da empresa.

Vale ressaltar que existe um sistema mundial de anticorrupção. Ex: FCPA, UK


BRIBERY ACT.
58

2 O CASO ENRON4

Companhia americana de energia criada em 1985, a partir da união de duas


empresas do setor de óleo e gás, foi uma das companhias que mais se beneficiou
do ambiente inovador gerado pelo início da era da internet e do mundo digital na
metade nos anos 1990. Foi considerado um exemplo da gestão moderna, entre
1996 e 2001, pela revista Fortune.

O problema é que o modelo inovador estava assentado em uma fraude, e no final de


2001 a Enron teve sua falência decretada. O escândalo gerado pelas fraudes não
refletiu apenas sobre a empresa, seus funcionários e acionistas, mas também a
confiança da população, do mercado de capitais, do sistema financeiro norte
americano, incluindo as agências de classificação de risco.

DICA DE DOCUMENTÁRIO!

“Enron: The Smartest Guys in the Room” (2005).

Esse caso trouxe para os EUA uma situação de flutuação de risco e um um alerta
para todos, de modo que não basta ter uma legislação que trate punições sem que
seja verificado como acontece essas situações na prática. Os EUA já tinham leis
anticorrupção e fraude antes da Empresa Enron ser criada. No entanto, após o
escandalo da Enron de fraude gigantesca, quase desestruturando o oeste dos EUA
(Califórnia), o caso virou emblemático, pois após sua ocorrência, houve um alerta
para o sistema de gorvernança corporativa, vez que restou claro no caso que a alta
cúpula da empresa que a geria através de fraudes, e o sistema de anticorrupção
passou a ter um peso ainda maior para o combate da corrupção.

4
Sobre o Caso Enron leia as notícias abaixo. Ademais, uma importante interligação se dá com a Lava
Jato no Brasil e outros esquemas de corrupção de empresas.
https://www.marcosassi.com.br/grandes-fraudes-da-historia-o-caso-enron
https://www.linkedin.com/pulse/compliance-o-que-caso-enron-e-lava-jato-t%C3%AAm-em-comum-z-
silveira/?originalSubdomain=pt.
59

3 ESTRUTURA DO SISTEMA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

Sistema pelo qual as empresas e as demais organizações são dirigidas,


monitoradas e incentivadas; envolvendo o relacionamento entre sócios,
conselho de administração, diretoria, órgão de fiscalização e o controle de
demais partes interessadas”. (Andreza Merçon)

É o sistema adotado pelas empresas com intuito de fazer um monitoramento


eincentivar a relação de todos os envolvidos (todos os setores da empresa) para
seguirem o mesmo foco/trilha empresarial.

O papel dos agentes de Governança Corporativadevem estar em conformidade


com políticas internas e externas. É a criação de mecanismos necessários para que
haver o controle de qualquer desvio de finalidade ou regra que determinada
empresa venha ocasionar ao sistema ou à sua própria estrutura.

4 PROGRAMA DE INTEGRIDADE X PROGRAMA DE COMPLIANCE

4.1 PROGRAMA DE INTEGRIDADE

Está previsto no art. 41 do Decreto n.º 8.420/2015. Vejamos:

Art. 41. Para fins do disposto neste Decreto, programa de integridade


consiste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos
e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à
denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de ética
e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar e sanar
desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados contra a
administração pública, nacional ou estrangeira.

Deve-se a adoção de atitudes correta, éticas e transparentes para a sua empresa.


Fazer o que é certo. É o instrumento que compõe uma boa govenança corporativa.

4.2 PROGRAMA DE COMPLIANCE

É um dos instrumentos de um programa de integridade. É fazer o que é preciso, ou


seja, tomar medidas e agir com condutas e regramentos que precisam ser
respeitados. Os pilares/valores da empersa precisam ser adotados por todos e o
60

código de conduta precisa ser respeitado.

Governança Corporativa (MACRO) engloba o programa de integridade e programa


de compliance. O programa de integridade engloba o programa de compliance (pois
a governança deve estar alinhada a esse programa de integridade). E o programa
de compliance é a base de tudo (é o cumprimento de todo esse cenário/contexto).

4.2.1 Objetivo para ser atingido com o Programa de Compliance: Garantir


credibilidade frente a clientes, fornecedores, acionistas e colaboradores, de forma
transparente, assegurar que a estrutura organizacional e os procedimentos internos
estão em conformidade com os regulamentos externos e internos, além de permitir
que a companhia mantenha suas finanças saudáveis, minimizando riscos de perdas.
Ex: Odebresch5 – eles tinham um programa de compliance mas por trás eles
estavam envolvido com fraudes gigantescas.

Esse processo de credibilidade mostra a cara/vertente da empersa do mercado. O


que ela falar o mercado vai acreditar na conduta dela. É a credibilidade.

4.2.2 Pilares de um programa de compliance: São vários pontos que precisam ser
abordados e cumpridos, pois não adianta impor algo para os funcionários de piso
enquanto a alta cúpula da empresa está envolvida com corrupção. O topo e a base
devem falar a mesma língua. É necessário ter código de conduta claro; regras a
cumprir. Preciso estabelecer todo monitoramento de auditoria. Deve ter isso

5
A corrupção era tão institucionalizada na empresa que até departamento de corrupção tinha:
https://exame.com/negocios/jamais-uma-maquina-de-corrupcao-como-esta-havia-sido-descoberta/.
61

funcionando todo o dia da empresa.

Os pilares de um programaa de compliance são:


 Suporte da Alta Administração: O topo e a base da empresa tem que falar
a mesma língua;
 Avaliação de riscos e determinação de respostas aos riscos;
 Definição de políticas e procedimentos;
 Comunicação e treinamento;
 Due diligence de terceiros: É necessário vigiar/diligenciar; saber o que o
outro que está na ponta, como, por exemplo, o fornecedor, está
fazendo/atuandocomo a empresa quer que ele atue. O programa de
compliance deve estar funcionando diaramente na empresa. A empresa deve
criar essa cultura e isso não acontece da noite para o dia.Deve haver um
processo de tranformação da mentalidade/estrutura dos negócios
empresariais. Deixar o “jeitinho brasileiro de lado”;
 Monitoramento e auditoria do funcionamento do programa;
 Disponibilização de um mecanismo para reporte ou auxílio, de forma
anônima e/ ou confidencial, em relação a condutas, ou suspeitas de
condutas, criminosas;
 Investigação de, e respostas para, condutas inconsistentes com os
objetivos do programa.

Ex: Verde – vermelho – amarelo. O verde são as pessoas corretas, que não
precisam de ninguém para vigiar, vez que por si só sabem que não irão furtar
dinheiro, por exemplo, pois não as pertencem – já sabem o que está inserido na
integridade. O vermelho são as pessoas corruptas, que não ficam preocupadas com
nada e mesmo com a câmeras de segurança, por exemplo, irão furtar dinheiro. E, o
amarelo são as pessoas passíveis de mudanças que cometem alguns deslizes,
como, por exemplo, beber e digirigir, mas que podem mudar o comportamento. São
essas pessoas, que equivalem a 80% da sociedade, que a empresa vai atingir
implementando uma nova cultura. É nesse cenário que o Compliance tem que atuar
a fim de fazer o processo da cultura de mudança de perfil de atividade empresarial.
62

EXEMPLO DE CASOS DE COMLIANCE FAMOSOS

1. CASO SIEMENS: A empresa alemã subornou várias outras empresas em


diversos países. Ela havia estabelecido dentro de sua estrutura o pagamento de
proprina liberado. A empresa declarava no imposto de renda “pagamento de
proprina” e isso era como uma cultura dentro da empresa. Havia caixa dois que
chega em 1 bilhão de euros (o caixa dois era permitido dentro da sua estrutura).
Toda a diretoria foi substituída, fazendo um acordo de cooperação além da
implementação da governança corporativa e de programas de Compliance. A
empresa pagou 450 milhões de dólares a justiça americana e 350 milhões a SEC
que coordena a bolsa de valores de NY. Mas, hoje em dia, a Siemens é um
exemplo, de modo que pagou multa e mudou a sua forma de pensar, sendo
referência no cumprimento de regras de compliance.

http://w3.siemens.com.br/home/br/pt/cc/compliance/diretrizes/pages/default.aspx

2. CASO PETROBAS:Em 2014, a Operação Lava Jato, após se tornar destaque no


noticiário em âmbito internacional, desmascarou um enorme esquema de corrupção
e lavagem de dinheiro envolvendo a Petrobras, a maior companhia estatal brasileira
importante petrolífera no cenário mundial. Como consequência, a Petrobras
anunciou em 2014 a criação de uma diretoria de governança corporativa e
compliance.

http://www.petrobras.com.br/pt/quemsomos/perfil/transparencia-e-etica/
https://www.youtube.com/watch?v=A83dP4bar0A

4.2.3 Risco Reputacional: É a consequencia do não cumprimento das regras de


compliance e as empresas não querem passar por isso. Mas as que passam podem
mudar adotando medidas que viabilizem a imagem dela no mercado, pois se não
passam a sofrer o risco reputacional (reputação é balançada/estremecida).

 Há uma valoração das marcas no mercado: Maior visibilidade internacional e


nacional. Ex: Caso Natura (http://www.cgu.gov.br/assuntos/etica-e-
integridade/empresa-pro-etica).
63

 A disseminação de informações, via internet, são extremamente rápidas.


 Compliance Officer tem como uma das funções evitar que a marca seja
afetada por irregularidade e escândalos.

O risco reputacional está associado à percepção do Grupo pelos diversos


grupos de interesse com os quais o Banco se relaciona, tanto internos como
externos, no desenvolvimento de suas atividades, e que possam ter um
impacto adverso sobre os resultados ou as expectativas de
desenvolvimento dos negócios. Dentre eles encontram-se aspectos
jurídicos, econômico-financeiros, éticos, sociais e ambientais. (Banco
Santander – http://www.santanderannualreport.com/2013/pt/relatorio-de-
sustenabilidade/gestao-do-risco-reputacional-e-conformidade.html)

4.2.3.1 A figura do “COMPLIANCCE OFFICER”: É a pessoa que vai ficar no


processo de buscar informações; analisardenúncias da empresa; verificar os pilares
estabelecidos da empresa; se os códigos de conduta estão sendo cumpridos, entre
outras atividades. O compliance officer tem como uma das funções evitar que a
marca seja afetada por irregularidade e escândalos. Ele pode ser tanto do
corporativo interno da empresa ou externo – vai depender da demanda da empresa.

Para ser essa pessoa é necessário ter uma bagagem ética na sua historia,
conhecimento empresarial, desenvolvimento profissional e multidisciplinaridade
(visão ampla do cenário,visão de CEO); saber apresentar soluções, riscos e
alternativas no intuito de proteger a empresa e as pessoas que estão ali inseridas
dos desvios de conduta que podem acontecer. Entretanto, se não estiver agindo
corretamente, também será responsabilizado junto a empresa. A responsabilização
é civil, administrativa e penal: erro deliberado; negligência com a implantação e/ou
execução do programa.

5 CARACTERÍSTICAS DE UM COMPLIANCE OFFICER DE SUCESSO:

https://www.youtube.com/watch?v=VTG_TG2iKTQ
64

ROTEIRO DE AULA - UNIDADE V

EMPRESAS FAMILIARES. PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO.


HOLDING.

EMENTA: Análise conceitual de empresas familiares e suas


relações no mercado brasileiro.

1 EMPRESAS FAMILIARES

Empresas familiares são empresas que possuem a base formada na família. É um


agrupamento de pessoas da mesma família que se juntam e, para que o negócio
flua, normalmente, há a interferência de um fundador, representado por algum
membro da família, que consequentemente fará o início do negócio familiar daquela
empresa ali estabelecida. Há uma sucessão de geração para geração.

Logo, empresas familiares são relações familiares e negócios, onde família é o


espaço privilegiado da afetividade e os negócios são as questões econômicas e de
administração das empresas. Ou seja, é a união do afeto (familiar) e dos negócios
no mesmo contexto.

A S/A vem de uma natureza capitalista, logo está menos ligada a questão do
afecctio/família. Em contrapartida a LTDA está mais ligada a questão do affectio,
mas ela também pode ter um viés capitalista. Logo, a empresa familiar é a junção
dessa relação. É envolver família, negócio, administração de negócios que incluem
famílias, afeto e negócios.

A empresa e a família só sobreviverão e se sairão bem se a família servir a


empresa. Nenhuma das duas se sairá bem se a empresa for digirida para
servir à familia. (DRUCKER, Peter)

Ou seja, a empresa deve ser dirigida para servir a família, para, por exemplo, não vir
65

a falir futuramente. Assim, nesse contexto familiar é importante ter regras a serem
seguidas por todos. A base tem que ser estruturada para que funcione, pois caso
contrário dificulta o processo sucessório da empresa, o processo de transição de
geração da empresa.

Vale ressaltar que empresas familiares representam 90% dos empreendimentos no


Brasil. Além disso, segundo o Sebrae e o IBGE, geram 65% do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro e empregam 75% da força de trabalho. Apenas 5% das
empresas familiares chegam até a 3º geração, isso pela falta de regras
estabelecidas, o que pode e o que não pode. Ex. de empresas familiares: Natura,
Gol, Gerdau, MRV, TAM, Localiza, CSN, etc.

DICA DE DOCUMENTÁRIO

“Nascidos em berço de ouro” retrata a história de jovens nascidos em berços de


ouro, como a de Jamie Johnson, herdeiro da Johnson &Johnson.

Existem duas caregorias de empresas familiares: a) As que têm problema


envolvendo a família; b)As que irão ter problemas. Isso porque, nem sempre os
profissionais estão preparados para lidar com a natureza especial deste tipo de
empresa. Os profissionais de direito devem tratar das melhores soluções para essas
empresas familiares.

1.1 PONTOS FORTES DA EMPRESA FAMILIAR:


1. Agiligade na tomada de decisões (devido a confiança), flexibilidade de processos,
menos burocracia; 2. Disposição de familiares para investir capital próprio; 2. Prestar
garantais pessoais para levantar recursos; 3. Força da imagem do fundador perante
o mercado (mostra a importancia de seu papel no mercado); 4. Confiança mútua,
interesses comuns; 5. Permanência da cultura e dos valores.

1.2 PONTOS FRACOS DA EMPRESA FAMILIAR:


1. Não conseguem se manter após a mudança de líder por não disporem de
planejamento jurídico; 2. Não possuem práticacs de gestão adequada; 3. Problemas
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diversos: como contratações baseadas em critérios subjetivos; 4. Ddependência das


decisões do dundador; 5. Extração de recursos da empresa para o sustento de
muitos descendentes e suas novas famílias; 6. Vulneráveis acontecimentos não
empresariais como casamento, divórcio e falecimento de sócio.

ATUALIDADES

Sobre o tema:
https://www.conjur.com.br/2018-set-23/gustavo-ribeiro-planejamento-estrategico-
empresa-familiar
https://www.conjur.com.br/2019-fev-24/karime-costalunga-governanca-juridica-
empresa-familiar
https://www.conjur.com.br/2014-dez-14/bem-planejada-formacao-holdings-
familiares-traz-beneficios

2 PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

2.1 PROCESSO DE SUCESSÃO EM EMPRESA FAMILIAR

A sucessão é o teste supremo da empresa familiar. É um processo de transição


complexo, desafiador, com recompensas extraordinárias ou desfechos trágicos. É o
veículo que leva a família de um estágio para outro. Família, propriedade e gestão –
há a relação da família em si, que já não é fácil. Portanto, não dá para ter um padrão
de solução de caso. O advogado deve se aprofundar no conhecimento da relação de
determinada família e interligar com outras áreas do direito, além do direito
societário. Deve haver mutildisciplinariedade (ouvir profissionais de outras áreas que
lidam com aquela família) na sucessão.

Qualquer empresa pode passar por um processo sucessório. Ex: A família pode
vender a empresa, pedir a falência, a paralização da atividade da empresa ou até
mesmo ter a sua falência decretada. Não quer dizer que obrigatóriamente terá que
ter a sucessão mas pode acontecer.
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O direito a herdar é inerente àquele que tem a relação de direito na sucessão civil.
Logo, esse direito a herança vai estar assegurado desde que não tenha ocorrido
nenhuma situação atípica, como, por exemplo, o caso da Suzana Richthofen, que
perdeu o direito a harença por ter mandado matar os pais. No caso de uma empresa
em que os herdeiros não tenham cometido nenhum delito e venham a suceder a
empresa pode ser que esses herdeiros tenham o perfil de sucessores ou não. O
herdeiro somente vai querer receber as quotas e participações que tem direito mas
não vai querer trabalhar na empresa. Já o sucessor vai dar continuidade aos
negócios empresariais estabelecidos pela família.

Vale ressaltar que herdeiro e sucessor não sao sinônimos. Eu posso herder mas
posso não sucesseder nos apectos de negócios empresariais, como outros podem
suceder e manter-se como herdeiros dentro do negócio e dentro da estrutura
familiar.

Não há caminho certo para sucessão. Deve-se buscar entender o que a familia quer
com esse processo de sucessão para alcançar o objetivo desejado. Portanto, poderá
haver consequências extraordinárias ou trágicas.

 Direito de família afetivo e Direito Sucessório Econômico: Elaboração


mínima de testamentos; resistência em modificação da legítima; resistência
com o próprio planejamento; herança deve ser distribuída segundo a lei.

 Consequências: Herdeiros surpreendidos com a morte; empresas totalmente


despreparadas; luto familia e empresarial.

2.1.1 Alternativvas para a estrutura de uma Empresa familiar?


1. Estabelecer uma governaça corporativa: Ou seja, criar um mecanismo de
estruturação empresarial onde a família possa participar, mas que a conduta seja
técnica. Deve-se separar as formas de negociação. Empresa e família devem estar
aliados na mudança de cultura familiar para que a estrutuação de sucessão
empresarial dê certo. Os fundadores da empresa devem respeitar e obedecer esse
formato de negócio. Logo, deve ser algo muito bem feito e bem pensado.
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E, com esse novo formato de negócio deve-se pensar na vertente,


consequentemente, de gestão, negócio, na estruturação de família e,
consequentemente, na proteção da propriedade, na relação patrimonial e, assim,
transferir/trazer para o cenário da empresa familiar uma estrutura mais sólida. Dessa
forma, é possível melhorar a qualidade da atividade que a empresa desenvolve, bem
como as relações que a empresa possui entre seus familiares juntamente com seus
funcionários e toda equipe ali vinculada.

Com isso, há uma aproximação da vertente do compliance, isto é, conduta de


transparência/correta/adequada/ética. Quando falamos de empresa familiar
pensamos na estrutura sucessória (planejamento), estrutura societária, gestão dos
negócios patrimoniais, e vincular isso aos negócios, a empresa familiar.

2. Gestão da propriedade do negócio para preservar a empresa dos desapegos


e dramas da família: Como vou analisar com meu cliente quem vai gerir a
empresa? Ex: Avô esta a 40 anos gerindo a empresa e o neto chega e assume a
empresa do nada. Diante desse cenário, tudo isso deve ser devidamente pensado e
ponderado no momento de fazer a gestão/mudança/estruturação de gestão com a
propriedade;

3. Criar um conselho de adminstração de família: A família pode ter um conselho


de adiministração de família e junto a seus gestores dessa estrutura de governança
corporativa eles conseguem fluir e fazer a coisa andar. Conseguem até mesmo
observar se os herdeiros têm o perfil efetivamente de sucessores;

4. Usar dos instrumentos do Direito de Família para evitar a dissipação do


patrimônio familiar – cláusulas de incomunicabilidade, inalienabilidade,
impenhorabilidade, pacto antenupcial, pacto de convivência, testamento: Pode
haver a criação de instrumentos e mecanismos previstos dentro do direito de família
para trazer para essa realidade/cenário;

5. Acordos parassociais – criando órgãos societários e cláusulas de


organização empresarial: Pois nesses pactos herdeiros e sucessores de uma
determinada formatação ou configuração ou núcleo familiar podem estabelecer os
69

seus pactos, relações e formatações de como eles irão tratar as coisas dentro da
empresa com intuito de evitar conflitos;

6. Constituição de Holding: Pois quando eu penso, por exemplo, em uma holding


patrimonial que vai administrar o patrimônio, os negócios da família, eu tento criar
uma modalidade com intuido de afastar um futuro conflito para quando vier a ocorrer
o evento morte, por exemplo;

7. Ultilização das ferramentas: brainstorming, swot (=FOFA), 5W2H (who?


What? When? Why? How? How much?), missão – visão – valores: Mecanismos
e ferramentas para se discutir quais serão os melhores caminhos e alternativas para
aquele caso específico de determinada família/cliente;

8. Interdisciplinariedade das áreas (Direito, Contabilidade, Psicologia, etc).

3 EMPRESA FAMILIAR - GRANDES QUESTÕES

1. Os conflitos societários são, ou deveriam ser, disciplinados juridicamente


de modo diverso, quando a empresa é familiar? Tratar os conflitos de forma que
possam ser minimizados e não seja preciso levar problemas para uma relação caso
ocorra um divórcio, falecimento de algum sócio dentro dessa estrutura familiar, pois,
assim, há a possibilidade de manter a relação societária, mesmo que abalada as
relações familiares estruturadas. Logo, ao pensar na vertente jurídica deve-se
entender cada um dos ramos e que o direito não deve caminhar sozinho. É
necessário unificar as áreas para haver uma multi-integração e
multidisciplinariedade a fim de minimizar esses conflitos.

2. Que tipo de tratamento, nós, os profissionais do direito, devemos dar aos


conflitos de interesse regido pelo direito de família ou pelo direito societário,
diante de uma empresa familiar? Deve haver diálogo entre as disciplinas, pois
caso contrário pode criar mais problema para determinado caso de empresa familiar.
Não deve haver separação entre as matérias, ou seja, tratar um primeiro e o outro
depois. O ideal é conversar as áreas, principalmente nesses casos de empresas
70

familiares. Ex: “Isso posto no seu contrato societário está dialogando com o seu
direito de família, com a proteção patrimonial do seu direito de família, com a
estrutura do divórcio e outras relações?”.

3. Que laços de parentesco entre sócios devem existir para se considerar


determinada sociedade como familiar? Hoje em dia os laços de parentescos se
modificaram, as estruturas familiares hoje em dia estão modificadas. Logo, quando
paramos para pensar em uma empresa familiar, há de se pensar na modificação
dessas estruturas familiares, pois ao criar uma padronização da minha empresa
familiar, muita das vezes aqueles que participarão da minha sucessão tratarão disso
de forma completamente diferente daqueles que estavam na geração anterior.

4. São suficientes os laços societários entre parentes, para se configurar a


empresa familiar, ou e ainda indispensável a influência de certa cultura
(familiar) na condução dos negócios sociais? Como as famílias mudaram os
seus padrões de estruturação familiar, o direito empresarial também deve ir nessa
vertente. O direito empresarial também precisa entender a importância de mudar
essas relações e esses laços societários, pois quando alguém vier a falecer, todos
daquela família poderão passar a ter direito àquela herança.

Por esse motivo, todos vão mergulhar na empresa, na sociedade, no contrato


societário daquela empresa (mais uma dificuldade a se estabelecer com aqueles
envolvidos nesses laços). Logo, quanto maior for a transparência das relaçoes, seja
dentro da gestão do negócio, da gestão da propriedade e dentro da relação da
família, você evita problemas que podem vir a surgir posteriormente.

Ressalta-se, assim, a importância de trazer para o direito empresarial o feeling que


existe dentro das relações familiares. Preciso trazer a vertente da família para o
negócio, do negócio para gestão da propriedade patrimonial, pois todos eles devem
estar em sintonia.

5. O compromisso ético entre os sócios, numa empresa familiar, deve ser, ou


não, mais acentuado que nas sociedades em geral?
71

6. Ser irmão ou pai do sócio miniritário deve inibir moralmente determinadas


condutas do controlador, ainda que plenamente lícitas? Ex: Eu controladora de
empresa familiar faço uma confusão, transferindo dinheiro pra lá e pra cá. E aí, você,
como irmão ou pai daquele sócio minoritário vai se inibir a tomar condutas mesmo
que sejam lícitas? Quando essa relação societária entre majoritário e minoritário
começa a gerar conflitos, passamos a ter problemas que serão rompidos até mesmo
moralmente, pois quando há essa relação de minoritário e majoritário e o minoritário
começa a não aprovar a conduta do sócio majoritário, inicia-se o conflito entre eles e
ao gerar esse conflito societário haverá um problema empresarial, que refletirá na
empresa e, consequentemente, na família, ou o inverso.

7. Os vínculos familiares seriam suficientes para a inibição de eventuais


abusos do parente empresário?

8. Para coibir sociedade familiar de fachada, em que um dos sócios faz o


investimento e administra os negócios, a Eireli seria uma solução?

9. E a sociedade entre cônjuges, com o retrocesso do CC/2002 em função do


regime de casamento, seria a melhor saída?

10. E como fica a desconsideração da personalidade jurídica, a gradação dos


traços patrimoniais nas relações societárias e familiares, quando se
entrecruzam numa empresa familiar? A desconsideração pode vir a prejudicar
aquela relação familiar em torno de determinada empresa. Muitos laços são
quebrados e tragédias familiares acontecem devido a problemas que ocorrem na
empresa.

11. A dissolução daa sociedade conjugal (divórcio) e a partilha de bens,


quando desencadeia entre os ativos do casal, encontram-se quotas da
sociedade limitada, fazendo surgir entre os ex-conjuges um vínculo societário,
inexistente antes dela. Seria familiar a empresa a partir de então?
72

3.1 FERRAMENTA SWOT (FOFA)

Em português signifca voce refletir sobre suas forças, fraquezas, oportunidades e


suas ameaças. Essa ferramente é extremente utilizadas nas empresas familiares,
em metorias, e outras, bem como para encontrar saídas, alternativas para os
conflitos que envolvam administração de empresas. É uma ferramenta também
importante para conversar com o cliente com intuito de fazer o mapeamento da
empresa. Não é exclusivo somente para empresa familiar, mas para outros divesos
tipos de empresas, áreas e situações, e até mesmo relacionamentos amorosos e
com nós mesmos para nos auto-avaliarmos.

Ex: Quais são as forças que sua empresa familiar possui? Somos muito amigos, há
confiança mútua, trabalhamos muito juntos. Fraquezas? Família do meu irmão vive
colocando picuinha na nossa conversa, que gera uma ameaça para nossas
relações. Os filhos querem suceder a empresa mas têm essa dificuldade de
relacionamento com o pai que impede. Logo, o advogado deve pensar em uma
estrutura mais profissionalizada, criar uma estrutura de governança corporativa,
vamos pensar uma gestão em que todos irão participar e não vão mais levar os
conflitos para o almoço de domingo, por exemplo. Haverá a separaçãodas áreas
para que as picuinhas não entrem nas relações. Deve haver a separação das
relações familiares até mesmo para uma futura sucessão, para que a empresa
possa alcançar um resultado positivo. Assim, haverá a separação de empresa,
família, patrimônio, propriedade e negócios.

4 HOLDING FAMILIAR

É um tipo de holding. Ela surge no ambiente familiar. A partir do momento que


analiso a existência da empresa e verifico vínculo familiar, há a caracterização da
holding familiar. A cultura empresarial da empresa familiar costuma ser centralizada
e constituir alguns vícios como: privilégios para familiares, falta de reinvestimento
dos lucros e outras práticas que podem comprometer até a produtividade. Além
disso, a cultura empresarial é que as relações familiares com todos os seus conflitos
acabam interferindo na gestão da empresa.
73

Nesse contexto, surge a holding familiar como alternativa nos negócios familiares
para alavancar os investimentos, manter o controle e administração centralizados,
além de direcionar o crescimento do Grupo.

4.1 ORIGEM

Meados de 1780, nos Estados Unidos, mais especificamente no Estado da


Pensilvânia, onde havia uma autorização legislativa para que cerca de quarenta
sociedades assumissem participação no capital de outras sociedades. Em 1888, no
estado de Nova Jersey, surgiu a primeira lei geral autorizando a aquisição de ações
de uma companhia por outra sociedade.

4.2 CONCEITO DE HOLDING

“Hold” – segurar. A expressão holding company, ou simplesmente holding, serve


para designar pessoas jurídicas (sociedades) que atuam como titulares de bens e
direitos, o que pode incluir bens imóveis, bens móveis, participações societárias,
propriedade industrial (patente, marca etc.), investimentos financeiros etc.
Habitualmente, as pessoas mantêm esses bens e direitos em seu patrimônio
pessoal. (MAMEDE, Gladston. Holding familiar e suas vantagens: Planejamento
jurídico e econômico do patrimônio e da sucessão familiar / Gladston Mamede,
Eduarda Cotta Mamede. – 9. ed. rev., atual e ampl. – São Paulo: Atlas, 2017, P. 28).

4.3 FUNDAMENTO LEGAL

Artigo 2 da Lei das Sociedades Anônimas:

Art. 2º Pode ser objeto da companhia qualquer empresa de fim lucrativo,


não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes. [...]
§ 3º A companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda
que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de
realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais.

Holding não é um tipo empresarial. É uma forma de organização de empresas.


74

4.4 PRINCIPAIS FINALIDADES DA HOLDING

A holding visa benefícios como: 1. Planejamento sucessório e tributário; 2.


Organização das atividades empresariais; e, 3. Instância societária para proteção da
participação nas empresas controladas e para controle do patrimônio familiar.

4.5 HOLDING COMO PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO

A possibilidade de se criar uma holding familiar permite inserir os herdeiros em uma


sociedade, em igualdade de condições, especificando ainda quem serão os
herdeiros que terão funções de administração. A sucessão premeditada permite
“experimentar” com os herdeiros analisando a melhor forma de inserção dos
mesmos na organização da empresa familiar, sendo preparados para a sucessão.
Os herdeiros poderão ser sócios ou serem preparados para assumirem uma
administração profissional. É possível até mesmo adotar um modelo misto, em que
alguns herdeiros assumem o papel do sócio e, outros assumirão funções
administrativas, a depender das características de cada um.

4.5.1 A constituição de uma holding: 1. Antecipa o procedimento sucessório; 2.


Evita conflitos; 3. Permite que o processo de sucessão seja conduzido pelo próprio
orientador da família em vida; 4. A sucessão hereditária não abarca a distribuição de
bens, mas sim a distribuição da participação societária na holding; 5. A transferência
das quotas ou ações da sociedade de participação pode ser feita ANTES ou APÓS a
morte (Ex. doação, testamento, usufruto); e, 6. LEMBRAR DA IMPORTÂNCIA DO
REGISTRO PÚBLICO DO ATO, SOB PENA DE NÃO SER OPONÍVEL PERANTE
TERCEIROS (cônjuges, credores, etc).
75

ROTEIRO DE AULA – UNIDADE VI

NOVOS NEGÓCIOS EMPRESARIAIS – STARTUP, REDES SOCIAIS,


PROTEÇÃO DE DADOS

EMENTA: Conceito. Características.Cronograma de Evolução


de uma Startup. Cláusulas societárias, relações com
fornecedores, regras tributárias e trabalhistas, vesting.
Panorama geral do mercado de startups. Proteção de Dados e
a relação com os negócios empresariais.

1 COMÉRCIO ELETRÔNICO6

Comércio eletrônico, também conhecido como E-commerce em inglês, são os atos


de circulação de bens, prestação ou intermediação de serviços em que as tratativas
pré-contratuais e a celebração do contrato se fazem por transmissão e recebimento
de dados por via eletrônica, normalmente no ambiente da internet. Assim, no
estabelecimento virtual o consumidor ou adquirente de bens ou serviços acessa o
estabelecimento exclusivamente por uma transmissão eletrônica de dados, enquanto
o estabelecimento físico é acessível pelo deslocamento no espaço. Atualmente, a
grande parte dos empresários possuem tanto o estabelecimento físico, como
ovirtual.

Noe-commerce7, há a possibilidade de ser vendido essencialmente dois tipos de


produto:

6
Sobre o assunto importante ler:
https://am.jpmorgan.com/br/pt/asset-management/adv/insights/ltcma/what-ecommerce-holds-for-
economy-and-markets/
https://economiadeservicos.com/2019/05/10/a-relacao-entre-o-comercio-eletronico-a-economia-
digital-e-os-acordos-de-comercio/
O E-commerce foi fundamental durante a pandemia e empresas de varejo ligadas a esse tipo de
venda conseguiram, inclusive, aumentar os seus lucros, frente ao mesmo período do ano passado.
Um exemplo disso são Magazine Luiza; Americanas e Via Varejo (Holding das Casas Bahia, Ponto
Frio, entre outras).
7
A Cielo lançou uma plataforma digital para ajudar os empreendedores com diversos cursos muito
legais: https://www.cielo.com.br/cursos-gratuitos-para-seu-negocio/.
76

1. Produto físico: Bens materiais de diferentes nichos, como moda,


eletrodomésticos, tecnologia, etc;
2. Produto digital: Estes produtos são vendidos online e disponibilizados da
mesma forma, ou seja, o consumidor pode fazer o download do produto em
seu dispositivo ou utilizá-lo na web.

IMPORTANTE!

ESTABELECIMENTO VIRTUAL ≠ ESTABELECIMENTO FÍSICO: No


estabelecimento virtual o consumidor ou adquirente de bens ou serviços acessa
exclusivamente por trasmissão eletrônica de dados, enquanto o estabelecimento
físico é acessível pelo deslocamento no espaço.

1.2 NOME DE DOMÍNIO

Os estabelecimentos virtuais são identificados por possuírem endereço eletrônico


que é seu nome de domínio (www.). O nome de domínio tem duasfunções: técnica,
para proporcionar a interconexão entre equipamentos; e jurídica, para identificar o
estabelecimento virtual na rede.

O registro do nome de domínio é feito junto ao Núcleo de Informação e


Coordenação do Ponto BR (NIC.br), uma associação civil de direito privado sem fins
econômicos.

Ex1: Mercado Livre - MercadoLivre.com Atividades de Internet LTDA (Situada


Santana do Parnaíba no Estado de São Paulo). Ex2: Wine (Centro de Operações
Serra - Maior site de distribuição de vinhos na América Latina (2ª Maior nomundo).

Lembre-se! O consumidor não faz jus à troca de produto em perfeito estado, sendo
o fornecedor apenas obrigado a trocar o produto quando viciado. A única exceção
são os produtos comprados pela internet que, mesmo sem vício, podem ser
trocados, no prazo de 07 dias (é o chamado direito de arrependimento).
77

1.2 PRINCIPAIS CATEGORIZAÇÕES DE COMÉRCIO ELETRÔNICO

1.2.1 E-commerce B2C (Business-to-Customer): Este é o modelo de comércio


eletrônico mais comum, onde empresas e lojas virtuais vendem seus produtos
diretamente ao consumidor final. Por exemplo, canais de venda online do
Submarino, Casas Bahia, Americanas e outras lojas virtuais são comércios
eletrônicos B2C.

1.2.2 E-commerce B2B (Business-to-Business): Como o próprio nome já indica


do inglês, ecommerces B2B trabalham de “negócio para negócio”. Ou seja, trata-se
da venda de produtos entre empresas. Nessa categoria entram as empresas SaaS
(Software as a Service), como empresas que oferecem sistemas de marketing,
soluções de atendimento ao cliente - como o próprio JivoChat.

1.2.3 E-commerce C2C (Customer-to-Customer): Por fim, temos uma categoria


que vêm se popularizando cada vez mais - o comércio eletrônico entre clientes. O
maior exemplo seria o comércio realizado em plataformas como o OLX, onde
consumidores podem vender seus próprios objetos ou insumos à outros
consumidores do produto em seu dispositivo ou utilizá-lo na web.

1.3 CANAIS DE VENDA DOS COMÉRCIOS ELETRÔNICOS

1.3.1 LOJA PRÓPRIA: Neste modelo, o empreendedor normalmente utiliza uma


plataforma para criar sua própria loja virtual e lança seu negócio online em um site
na web por exemplo. Aqui, você tem controle sobre seu domínio, de forma que se
torna possível personalizar os elementos e menus de sua página, integrar outros
sistemas e ferramentas para complementar seus serviços e ter completo controle
sobre o cadastro de produtos, clientes, vendas, etc.

1.3.2 DROPSHIPPING: A partir deste canal de venda, você não faz o controle de
estoque e na verdade age apenas como um intermediador de negociações entre o
cliente final e a indústria ou fornecedor. Ou seja, quando um cliente compra um
produto em sua página, o pedido é encaminhado para a indústria, de forma que eles
78

cuidem de toda a logística e envio. Um dos exemplos é a plataforma Shopify.

1.3.4 REDES SOCIAIS: Especialmente com o lançamento do Instagram Shopping,


hoje você também já pode transformar seu perfil comercial na rede social em uma
vitrine digital, onde conseguirá ofertar produtos e impulsioná-los através de
anúncios. Inclusive, isso também é possível diretamente a partir da página de seu
negócio no Facebook. A vantagem de alavancar as redes sociais para seu comércio
eletrônico é, principalmente, seu enorme alcance, assim como as ferramentas de
anúncio já inclusas, como é o caso do Facebook Ads.

1.3.5 MARKETPLACES: Os marketplaces são empresas que permitem comércios


eletrônicos a anunciar seus produtos diretamente dentro da plataforma ou através de
integrações com as lojas virtuais. No Brasil, os maiores nomes entre marketplaces
são Mercado Livre, Amazon, Americanas, Casas Bahia, entre outros.

ATUALIDADES

E-COMMERCE NA AMÉRICA LATINA CRESCE MAIS DE 50% NA PANDEMIA. O


levantamento foi feito nos primeiros sete meses do ano. Segundo a pesquisa da
PayU, fintech e divisão de pagamentos digitais da Prosus: “O varejo passou de uma
média de 5,1 milhões de consumidores mensais para 8,9 milhões no mês de julho.
Comparando este comportamento aos primeiros sete meses de 2019, o número de
consumidores, transações e vendas registraram um crescimento superior a 50% na
América Latina.”
Setores que apresentaram crescimento:
Moda: aumento médio mensal de 100% em comparação com o ano anterior;
Utensílios domésticos: registrou crescimento superior a 200% depois de maio;
Streaming: os períodos de isolamento em casa levaram a um aumento no consumo
de entretenimento online, com crescimento mensal médio de 100% em comparação
ao ano anterior;
Varejo: na transição das vendas físicas para as virtuais registrou um crescimento
significativo desde maio.

OBS1: Sobre o tema interessante notar a variação do valor dessas empresas no


79

mercado, tanto no Brasil quanto ao redor do mundo sendo que hoje em dia o valor
de mercados delas é maior do que antes da Pandemia. Entre as gigantes do Varejo
eletrônico no Brasil estão Magalu (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e Americanas
(LAME4), o salto é realmente enorme.
https://exame.com/negocios/magalu-vende-mais-via-varejo-ganha-mercado-quem-
ganha-no-e-commerce/

OBS2: O Mercado Livre (empresa argentina) passou a Vale como a maior empresa
da América Latina, doideira né? Mas calma, economistas dizem que costuma
acontecer um revezamento entre quem cresce mais por década, empresas de
tecnologia e commodities, a última década foi marcada pelo crescimento
exponencial das de tecnologia e a baixa nos preços das commodities (petróleo,
minério, etc).
https://www.infomoney.com.br/mercados/mercado-livre-ultrapassa-a-vale-e-se-torna-
a-empresa-mais-valiosa-da-america-latina-
confiraranking/#:~:text=S%C3%83O%20PAULO%20%E2%80%93%20Na%20%C3
%BAltima%20quinta,mais%20valiosa%20da%20Am%C3%A9rica%20Latina.

2 START-UP

Formato de negócio que na vertente empresarial ela vem sendo aplicado


principalmente quando eu quero criar algo. Tenho uma ideia e quero implantá-la.
Quero que essa ideia se desenvolva de forma extremamente rapida e que depois de
testada e validada, essa ideia possa se multiplicar/replicar e conquesentemente
gerar um escalanamento (vou transformar a minha ideiade forma a fazer com que
outros entrem nesse cenário e que possam inclusive ser investidores ou sócios da
ideia). Geralmente modelo disruptivo.

A ideia central desse modelo é que eu posso ter um crescimento tal que, muita das
vezes, não vou nem querer continuar no negócio. As startups hoje estão muito
voltadas a questão de gerar valores que podem agregar na mudança de paradigma
nos negócios empresariais.
80

O conceito de start-up está na LC 123/06 – LC 167/19 no art. 65-A, §§1º e 2º. Eu


vou buscar uma inovação simples, eu enquadro a start-up nesse formato, onde eu
venha transformar e da mesma forma incentive o mercado, para que eu traga maior
renda, maior quantidade de emprego, melhor resultado e visibilidade de forma mais
rápida e versátil.

A startup é uma empresa nova, até mesmo embrionária ou ainda em fase de


constituição, que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e
desenvolvimento de ideias inovadoras. É formada por um grupo de pessoas à
procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em
condições de extrema incerteza, pois está atrelada a algo novo, de alto risco.

Ser repetível significa ser capaz de entregar o mesmo produto novamente em


escala potencialmente ilimitada, sem muitas customizações ou adaptações para
cada cliente. Isso pode ser feito tanto ao vender a mesma unidade do produto várias
vezes, ou tendo os produtos sempre disponíveis, independente da demanda. Ser
escalável é crescer cada vez mais, sem que isso influencie no modelo de negócios.
Crescer em receita, mas com custos crescendo bem mais lentamente, fazendo com
que a margem de lucro seja cadavez maior.

Normalmente está ligado à tecnologia. O modelo de negócios é como a startup gera


valor – ou seja, como transforma seu trabalho em dinheiro.

Há certa coerência de processos internos e organização (justamente por ser algo


novo). Possui significativo controle de gastos e custos (geralmente baixos por
estarem focadas no aprimoramento do produto ou serviço). Possuem como
características: inovação; tecnologia; disrupação; cosmopolita. Além disso, existem
diversos sub-nichos de atuação das startups, como fintech (bancos digitais. Ex.
NuBank), edtech (plataformas educacionais), agrotech (ligadas a agropecuária),
entre outras.
81

ATUALIDADES

Tema recentíssimo, o Presidente Jair Bolsonaro pretende enviar ao Congresso o


Marco Legal das Startups, nesse que pode ser mais um movimento visando o
fomento e a desburocratização da atividade empresarial. No começo do mandato
houve a aprovação da Lei de Liberdade Econômica.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/10/19/governo-prepara-envio-ao
congresso-de-pl-que-cria-marco-legal-das-startups.ghtml

O projeto de lei inclusive foi aprovado recentemente na Câmara.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/14/camara-aprova-texto-base-de-
projeto-que-estabelece-marco-legal-das-startups.ghtml

2.1 CRONOGRAMA DE EVOLUÇÃO DE UMA START-UP

Deve-se desenvolver uma ideia a partir de uma conversa com outras pessoas ou
algum problemavisualizado e, a partir dai a ideia será desenvolvida. Depois de
desenvolvida, a formação do time deve ser feita de forma estruturada, burocratizada,
com a criação de um contrato e documentos que comprovem a relação que está
sendo construída, pois caso contrário há o risco de haver sérios problemas (acordo
de confiabilidade, acordo de sócios, etc). Caso isso não esteja formalizado, não há
como comprovar que a ideia foi sua, quem era seu sócio ou não, que a pessoa que
roubou sua ideia trabalhava com você e a levou para outra pessoa, entre outros
diversos problemas.

É preciso estruturar a relação primeiro e depois validar a ideia. Além disso, também
deve haver um planejamento do negócio, vez que há mais chances de dar certo
quando tudo está bem planejado. Vale ressaltar que todas as empresas criadas,
independente do modelo constituído (tradicional ou não – start-up/disruptivo), é
necessário observar a LGPD, pois caso contrário haverá a responsabilização pela
não proteção de dados.
82

1. Ideia – Desenvolvimento de ideia a partir dos recursos que o


empreendedor tem à sua disposição;
2. Formação do time – Necessário para desenvolver a ideia. Assinatura de
acordos entre sócios. Eventual ajuste de ideia;
3. Criação – Planejamento do negócio a ser desenvolvido. Existe um time
capaz de desenvolver o negócio com seus próprios recursos.
4. Validação – O produtor/serviço criado é testado no mercado. São
criadas metas. Podem ser obtidas vendas ou investimentos.
5. Escalar – O Produto/serviço é oferecido ao público. Captação de
clientes. Pode necessitar de investimento para atingir escala.
6. Consolidar – Já existem clientes e vendas recorrentes. Concorrentes
podem ser adquiridos. Empresa pode ser vendida. Investimento
adicional pode ser obtido (apoiar causas ou determinados negócios de
empresas; SharkTank).

2.2 CAPITAL

O capital usado, além do próprio dinheiro do empreendedor, pode vir de diferentes


fontes:

 INVESTIDOR-ANJO: Especializado em apoiar projetos em fase inicial.


Experientes, bem-sucedidos, confiantes e entendem as tendências e
oportunidades do mercado, tem envolvimento direto que acontece de fato por
meio do contrato societário. O papel do anjo é ajudar o empreendedor,
fazendo a empresa dar certo, mas o dinheiro do investidor-anjo (ou sócio
investidor) não vai resolver tudo.
 CAPITAL SEMENTE: Momento inicial em que o investidor-anjo investe na
empresa dinheiro suficiente, pois o objeto é vender sem perder de vista o
respeito ao meio ambiente e à sociedade.
 VENTURE CAPITAL: Modalidade de financiamento de empresa, em troca
de participação societária, implicando em responsabilidades conjuntas
para investidores e empreendedores. Aplicam recursos em startups que já
83

tenham testados seus produtos e estão prontas para crescer, traz à empresa
os sócios investidores.
 INVESTIMENTO COLETIVO: O objetivo é reunir diversas pessoas que
possam colaborar com pequenas quantias e, assim, viabilizar uma ideia, um
negócio ou um projeto, recebendo, ou não, uma contrapartida por isso. É uma
forma rápida e relativamente simples de captar valores para a execução de
uma ideia ou projeto de apelo popular, com uma baixa contrapartida.
 SUBVENÇÕES, EDITAIS E BOLSAS: Incentivos fiscais (facilitação ou
isenção do pagamento de impostos) fornecidos pela prefeitura, ou ainda
editais públicos.

2.3 DOCUMENTOS

Existem alguns tipos de contratos que devem estar presentes no contidiano das
startups, quais sejam:

1. Contrato de Memorando de Entendimento: Contrato preliminar, antes da


formulação de vínculo societário. Utilizado para regularização da ideia desde
o início, alinhamento das bases negociais, expectativas e linhas de ação
entre duas ou mais partes. O memorando é um acordo de troca de
informações e de cooperação mútua entre as partes, com o alinhamento de
tudo que foi discutido e acordado, bem como a previsão de soluções para
hipóteses;
2. Acordo de Sócios: Prevê regras básicas referentes ao vínculo societário
com intuito de antever problemas.
3. Termos de Polícitica de Privacidade;
4. Resting e Cliff: Específico para quem trabalha com startup. Cliff e Vesting se
tratam de duas cláusulas presentes em contratos de opção de compra que
definem a possibilidade de oferecer um percentual da empresa para um
terceiro, seja essa pessoa prestadora de serviços ou funcionária. Dito isso, o
cliff é a cláusula que define o intervalo de tempo em que o parceiro deverá
manter a relação contratual com a empresa sem ter efetivamente o direito a
adquirir parte da empresa. Já o vesting é a cláusula que regulamenta a
84

aquisição de certo percentual da empresa ao longo do tempo e condicionado


à prestação de um serviço, definindo-se marcos temporais para que esse
terceiro adquira gradualmente o direito de comprar o percentual combinado.
Na prática, o cliff é um período que antecede o vesting no qual a pessoa com
quem se firmou o contrato deve manter suas atividades regularmente, porém
sem ter direito a adquirir um percentual da empresa. Já o vesting é o período
em que essa mesma pessoa poderá, caso queira, adquirir o percentual
ofertado de forma proporcional ao período de vesting;
5. Contrato de Confidencialidade;
6. Contratos de Investimentos.

2.4 STARTUPS UNICÓRNIO

O termo startup unicórnio nasceu no ano 2013 quando o fundador da Cowboy


Ventures o, Aillen Lee, o descreveu como empresas eram valorizadas em mais de 1
bilhão de dólares sem terem capital na bolsa de valores. Ex. Netflix, Stone, 99, Ifood,
NuBank, entre outros.

ATUALIDADES

Outra notícia legal é que recentemente o Brasil ganhou mais um unicórnio,e está se
colocando como um dos países que mais incentivam o crescimento dessas
empresas.

https://oglobo.globo.com/economia/brasil-tem-mais-um-unicornio-veja-quais-sao-as-
start-ups-nacionais-que-superaram-marca-de-us-1-bilhao-24666641

https://dcomercio.com.br/categoria/inovacao/brasil-entra-para-elite-dos-paises-com-
melhoresstartups#:~:text=O%20Brasil%20entrou%20na%20lista,empresas%20de%
20tecnologia%20(startups).&text=Ela%20analisou%201%20mil%20empresas,%2C%
20Israel%2C%20Canad%C3%A1%20e%20Alemanha.
85

3 LEI DE PROTEÇÃO DE DADOS

3.1 CONCEITO

A Lei Geral de Proteção de Dados (nº 13.709/2018) surgiu da necessidade de


regulação da forma de utilização dos dados relativos à pessoa natural.

3.1.1 Dado pessoal: É todo aquele relacionado à pessoa natural identificada ou


identificável, conforme a conceituação dada pela lei, (artigo 5º, I, da Lei
13.709/2018). Ou seja, dados pessoais são todas informações que podem identificar
uma pessoa, podendo ser números, características pessoais, qualificação pessoal,
dados genéticos, fotos, e-mails etc.

Ainda, dentro desta categoria, temos os dados pessoais sensíveis, denominados no


artigo 5º, II, da Lei 13.709/2018, como sendo informações que podem ser utilizadas
de forma discriminatória e, portanto, carecem de proteção especial, aqueles que
falam sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a
sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente
à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando relacionado a uma
pessoa natural.

3.2 CONHECIMENTO DE ALGUNS TERMOS DA LEI

3.2.1 Titular: Pessoa natural a quem se referem os dados pessoais – objeto de


tratamento.

3.2.2 Controlador: Pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, a quem


competem as decisões referentes ao tratamento de dados pessoais.

3.2.3 Operador: Pessoa natural ou jurídica, de direito público ou privado, que realiza
o tratamento de dados pessoais em nome do controlador.
86

3.2.4 Encarregado: Pessoa indicada pelo controlador e operador para atuar como
canal de comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e a Autoridade
Nacional de Proteção de Dados.

3.2.5 Tratamento: Toda operação realizada com dados pessoais, como as que se
referem a coleta, produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
transmissão, distribuição, processamento, arquivamento, armazenamento,
eliminação, avaliação ou controle da informação, modificação, comunicação,
transferência, difusão ou extração.

3.2.6 Relatório de Impacto à Proteção de Dados Pessoais: Documentação do


controlador que contém a descrição dos processos de tratamento de dados pessoais
que podem gerar riscos às liberdades civis e os direitos fundamentais, bem como
medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de risco.

3.3 BASES LEGAIS QUE AUTORIZAM O TRATAMENTO DE DADOS

1. Mediante o fornecimento de consentimento pelo titular;


2. Para o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador;
3. Pela administração pública;
4. Para a realização de estudos por órgão de pesquisa;
5. Quando necessário para a execução de contrato;
6. Para o exercício regular de direitos em processo judicial, administrativo ou
arbitral;
7. Para a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de terceiros;
8. Para a tutela da saúde, em procedimento realizado por profissionais;
9. Quando necessário para atender aos interesses legítimos do controlador ou
de terceiros;
10. Para a proteção do crédito, inclusive quanto ao disposto na legislação
pertinente;
11. Confirmar a existência de tratamento de seus dados pessoais;
12. Acessar seus dados pessoais;
87

13. Corrigir dados pessoais incompletos, inexatos ou desatualizados;


14. Anonimização, bloqueio ou eliminação de dados pessoais desnecessários,
excessivos ou tratados em desconformidade com a LGPD;
15. Portabilidade de dados pessoais a outro fornecedor de produto ou serviço;
16. Obtenção de informações sobre as entidades públicas e privadas com as
quais o controlador realizou o compartilhamento de dados pessoais;
17. Eliminação de dados tratados com o seu consentimento;
18. Obtenção de informações sobre a possibilidade de não consentir com o
tratamento de dados pessoais e sobre as consequências da negativa;
19. Revogação do consentimento dado para o tratamento de dados pessoais;
20. Portabilidade dos dados, vide artigo 18, V.

3.4 MEDIDAS QUE EMPRESAS DEVEM TOMAR PARA SE


PROTEGEREM

3.4.1 Auditoria sobre o Tratamento: Identificação do nível de tratamento de dados


executados na empresa, conforme descreve o artigo art. 5º, X, e adequação aos
princípios norteadores instruídos na Lei, atualizações contratuais e inclusão de
cláusulas de tratamento de dados.

3.4.2 Gestão e relacionamento com o Titular: Criação de banco de dados para


controle dos pedidos dos titulares dos dados (acesso, confirmação, anonimização,
consentimento, portabilidade, etc).

3.4.3 Relatório de Impacto: Atendimento à ANPD e demais órgãos do Sistema


Nacional de Proteção do Consumidor que poderá solicitar ao controlador relatório de
impacto à proteção de dados pessoais.

3.4.4 Governança do Tratamento: Criação de regras de boas práticas e de


governança que estabeleçam procedimentos, normas de segurança, ações
educativas e mitigação de riscos no tratamento de dados pessoais.
88

ATUALIDADES

A Lei Geral de Proteção de Dados entrou em vigor recentemente e pegou todo


mundo de surpresa, após o Senado não votar a MP que adiava a sua vigência
pegando a todos de surpresa rs #cadadiaum7x1diferente. Assim as empresas (e até
o governo) ainda buscam se adaptar, inclusive já aconteceu a primeira condenação.

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2020/09/18/lei-geral-de-protecao-de-
dados-entra-em-vigor

https://www.conjur.com.br/2020-set-30/compartilhar-dados-consumidor-terceiros-
gera-indenizacao

https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2020/09/23/mp-move-primeira-acao-com-
base-na-lgpd-desde-que-a-lei-passou-a-vigorar.htm
89

ROTEIRO DE AULA – UNIDADE VII E VIII

INTRODUÇÃO AO DIREITO FALIMENTAR. DISPOSIÇÕES COMUNS


À RECUPERAÇÃO E À FALÊNCIA.RECUPERAÇÃO JUDICIAL E
EXTRAJUDICIAL. FALÊNCIA

EMENTA: Histórico sobre o direito falimentar: a evolução do


direito falimentar. A preservação da empresa e a reforma do
direito falimentar. Princípios de direito falimentar. Disposições
comuns à recuperação judicial e à falência: quantias não
exigíveis; suspensão do prazo prescricional; universalidade e
competência do juízo falimentar; administrador judicial; comitê
de credores; assembléia geral de credores; função do MP nos
processos falimentares.Visão global da recuperação da
empresa. Recuperação judicial: pedido e processo. Órgãos. O
plano de recuperação judicial. Recursos. Encerramento.
Recuperação judicial de microempresa e empresa de pequeno
porte. Recuperação extrajudicial. Homologação facultativa;
Homologação obrigatória. Credores não sujeitos à recuperação
extrajudicial. Requisitos para a caracterização da falência no
direito brasileiro: impontualidade injustificada; execução
frustrada e atos de falência. Pedido de falência: sujeito ativo;
sujeito passivo; rito. A defesa do devedor e o depósito elisivo.
Sentença falimentar e recursos: natureza jurídica da sentença
de falência, requisitos e recursos cabíveis. Efeitos da falência.
A liquidação do patrimônio do falido. Classificação dos créditos.
Pagamento dos credores. Encerramento da falência e das
obrigações do falido.
90

1 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO

1.1 RECUPERAÇÃO JUDICIAL, EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA (LEI


11.101/2005)

A Lei 11.101/2005 entrou em vigor em 08/06/05 (120 dias) etramitou por 11 anos no
Congresso Nacional.

Comparativo com o antigo:


 Dec.Lei 7.661/45: evolução histórica. Havia institutos da falência e da
concordada preventiva, por exemplo, que hoje já não existem, vez que tal
legislação foi modificada, alterada e revogada.
 Extinção da concordata (art. 192 LRF) Introdução do instituto da Recuperação
Judicial e Extrajudicial.
 Foi mantida a falência, mas com profundas mudanças no processo falimentar,
uma nova estruturação, inclusive com o intuito de otimizar e preservar os
bens, ativos e demais recursos da empresa , alterou a ordem de classificação
dos créditos, profissionalizou a administração da falência, visando à completa
modernização e racionalização da execução concursal do empresário
insolvente.

1.2 DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.2.1 Disciplina: Recuperação Judicial, Recuperação Extrajudicial e Falência (art.


1º).

1.2.2 Aplicação: Empresário e sociedade empresária (art. 1º LFRE) - art. 966 CC e


art. 982 CC. Ou seja, se aplica ao conceito macro de empresário (empresário
individual, EIRELI, nome com sociedade nome coletivo, comandida simples,
comandita por ações, LTDA e S/A). Logo, dentro dessa regra teremos a
aplicabilidade voltada para quem pode ter a lei de falência diretamente sendo
atingida por ela ou pleiteando/usando dessa legislação a seu favor no caso de uma
possível recuperação judicial.
91

1.2.3 Não se aplica: Às sociedades empresárias (art. 2º LFRE) + art. 966 § único
CC (prof.intelectual) + art. 971CC (produtor rural) + 982, §único, CC (cooperativa).
No art. 2º da lei há os exlucidos, ou seja, aqueles que não serão contemplados
diretamente, mas que indiretamente serão e, consequentemente, serão incluídos no
processo falimentar.

1.2.4 Juízo competente: Principal estabelecimento≠ sede ou filial da empresa que


tenha sede fora do Brasil. O art. 3º da lei prevê que o juízo poderá deferir e
homologar a recuperação judicial, bem como decretar a falência. Não é qualquer
localização da empresa que irá definir o juízo competente, será o local do principal
estabelecimento. O estabelecimento (art. 1142 do CC) é aquele complexo de bens,
que dentro existe o ponto comercial (diferença entre sede, filial, etc). Aqui o foco é
no principal estabelecimento. Algumas vezes o principal estabelecimento será
equiparado e equivalente a uma sede, ou seja, o local onde a empresa tem sua
maior relação contratual, o seu berço. Em outros casos, o principal estabelecimento
não será o mesmo que a sede da empresa, pois nem sempre será a sede da
empresa/o local onde começou o estabelecimento ou onde há o seu principal
estabelecimento. Logo, vou buscar onde ela tem o maior volume de negócios,
negociações, decisões e deliberações.

LEMBRE-SE! A recuperação é exclusivamente proposta pelo devedor. Já a falência


pode ser proposta tanto pelo devedor quanto pelo credor. Então, para o devedor
saber onde é o principal estabelecimento é muito mais fácil. As vezes o credor não
tem esse conhecimento de imediato.

Relembrando alguns conceitos:


 EMPRESÁRIO (art. 966CC): “Considera-se empresário quem exerce
profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços”. Empresários são os empresários
individuais, eirelli e as sociedades empresárias.
 SOCIEDADE EMPRESÁRIA (art. 982 CC): “Salvo as exceções expressas,
considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de
atividade própria de empresário sujeito a registro, e simples, as demais.”
92

Cooperativa (soc. Simples) S/A (soc.empresária). As sociedades empresárias


são as sociedades em nome coletivo, comandita simples, comantida por
ações, S/A, limitada e a unipessoal limitada.

As sociedades simples são aquelas sociedades empresariais previstas no § único


do art. 966, exercidas por profissionais liberais ou dispostas e determinadas em lei,
como, por exemplo, a cooperativa que sempre será uma soc. simples. Já a S/A
sempre será uma soc. empresária, independentemente do seu objeto. Logo, toda e
qualquer S/A vai passar por um processo falimentar, pois a natureza da S/A é
empresária e, portanto, pode se valer dos benefícios e “malefícios” da lei. Assim,
elas sofrem as consequências e as questões que envolvem essa possível estrutura
falimentar.

2 RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL (ART. 161 a 167)

Primeiramente, deve-se entender o conceito de recuperação. A recuperação é o


efeito que é dado para quem está diretamente envolvido na coisa. Ou seja, só pode
se recuperar – sofrer o processo de recuperação, superar a crise – efetivamente
quem está vivendo e sofrendo a situação. Logo, para isso, terá dois institutos
previstos na lei, a recuperação judicial (formalização da recuperação em um
processo de plano, de imediato) ou a extrajudicial (recuperação fora do judiciário que
deve ser levada ao juiz para homologação).

Contudo, no CPC é previsto que aquilo que as partes decidem, como, por exemplo,
um novo contrato ou formatação, gera, consequentemente, uma aceitação entre as
partes. E, isso por si só é objeto de uma possível ação para que haja a
judicialização. Então, não é necessário, muita das vezes, homologar o acordo. Mas
para que não ocorra vatangem exarcebada para um lado em detrimento do outro é
prefirível a homologação.

Quem se recupera é quem está exercendo o papel de empresário gênero (individual,


eirelli ou nas suas subsistências societárias) e que está sofrendo diretamente a
situação. Essa ficção jurídica (pessoa física – empresário indivídual – ou jurídica.
93

Pessoa que está vestida daquela máscara que é a empresa) é que vai estar ali
pleiteando a recuperação judicial ou extrajudicial com intuito de superar a crise.

A nova lei autoriza a recuperação extrajudicial, anteriormente chamada “concordata


branca”, que é a renegociação/acordo com os seus credores e em cima disso será
feito o preenchimento do regramento da sua concordata extrajudicial. Somente será
necessário passar pelo judiciário para homologação. Ela vai ser
reformulada/renegociada. Essa renegociação ocorre fora do vies judicial. O devedor
que preencher os requisitos (art. 48 – mesmos da recuperação judicial) pode propor
e negociar com os seus credores o plano de recuperação extrajudicial. Alguns
autores entendem que o plano deve ser homologado judicialmente para ter eficácia
jurídica, enquanto outros entendem não ser necessário (art. 162).

O devedor nesta modalidade, pode escolher os credores com quem quer negociar.
Para fazer parte do plano o credor deve aderi-lo. Cotudo, não é permitido pleitear
diretamente colocando alguns tipos de credores, como por exemplo, com o credor
trabalhista, vez que o empregador, numa grande empresa, pode muita das vezes,
“engolir” o empregado, prejudicando a relação com o trabalhador. Portanto, em
regra, os créditos trabalhistas nao poderão ser inseridos nessa recuperação.

Isso não se aplica aos titulares de créditos de natureza tributária (o fisco possui
regramento próprio. Logo, o fisco tratará diretamente com o devedor a melhor forma
de renegociar a dívida em uma possível recuperação extrajudicial ou judicial.

Ressalta-se que em certas situações na recuperação extrajudicial não é possível tais


medidas serem adotadas, mas de forma geral é possível fazer renegociações,
trabalhista ou créditos decorrentes de acidente de trabalho, etc (art. 161). Logo,
alguns credores vão estar representados por seus sindicatos ou por convenção
coletiva ou farão negociações diretas, vez que o fisco não negocia diretamente na
estrutura da atividade. Ele negocia por fora, vez que o código tributário possui regras
próprias de negociação.
94

3 RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Os objetivos estão previstos no art. 47 e dispõem, basicamente, sobre a


possibilidade de superar a crise. A regra é que essa fosse a intenção, mas há muitas
empresas, até mesmo que envolvidas em falcatruas, que pedem a recuperação, pois
não querem fechar as portas, mas não têm condições de se recuperar.

Os objetivos são a superação de crise, manutenção de atividade, preservação da


empresa, manter a função social, vez que fechando as portas, consequentemente,
haverá o desemprego para a região onde está instalada a empresa.

A recuperação judicial é uma forma da empresa sair da crise que ela passa (art. 47 e
48 da Lei 11.101/05 – objetivos/princípios dentro da lei). Os objetivos servem para
entender o que é necessário tratar para superar a crise, isto é, da manuntenção da
empresa, da manutenção da atividade produtiva, entre outros assuntos nesse
processo de crise. A intenção inicial é de superação da crise. Mas o indíce de
empresa que consegue se recuperar é baixo, pois muita delas não conseguem a
estrutura de manutenção do negócio e acabam entrando em crise e,
consequentemente, sendo decretadas falidas. Logo, quando há esse cenário de
crise efetiva, não há mais que se falar em recuperação.

OBS: Não é necessário passar por uma recuperação para haver falência. A
empresa devedora pode pedir a autofalência e o credor também pode pedir a
falência da empresa. Os dois instituos não estão vinculados.

Quem pode requerer a recuperação é o próprio devedor, ou seja, o empresário.


Além disso, também deve ser observado os requisitos para solicitar uma
recupareção judicial, vide art. 48. A empresa precisa estar registrada há mais de 2
anos no órgão competente, ou seja, na junta comercial do estado em que ela se
encontra e não pode ter pleiteado uma recuperação judicial em menos de 5 anos.

É necessário observar também os créditos sujeitos à recuperação judicial (art. 49),


os meios de recuperação (art. 50) que terei que utilizar para pedir a recuperação,
95

pois será formlado dentro dessa recuperação um plano de recuperação, onde terá
tudo que está sendo proposto e analisado. É o coração do processo. Ressalta-se
que nesse caso alista enumerativa não é taxativa.Empresas de capital aberto, por
exemplo, devem expor para todos os seus investidores, acionistas, o plano de
recuperação para que todos estejam cientes do que está acontecendo com a
empresa. Algumas regras devem estar claras. Se não tiver esse plano no processo
de recupreção, este não será deferido/aprovado. É importante entender também que
quem vai deliberar sobre o assunto éo credor e o devedor.

3.1 ENVOLVIDOS NA FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL: Juiz (juízo


competente); MP; Adm. Judicial (auxiliar do juízo, ou seja, pessoa para fazer o meio
de campo entre credores, devedores, MP, comite de credores, todos os envolvidos
no processo falimentar); Comitê de Credores (CC); Assembleia Geral de Credores
(AGC); Devedor.

Quem vai tratar na conversa e tratar dessa relação é exatamente o credor e o


devedor, pois se o juiz não aceitar o plano e os credores estiverem de acordo com
tal, a decisão estará com os credores, em regra. Há situações em que o juiz poderá
intervir. Mas nessa nova lei (nº 11.101/2005) a relação entre credor e devedor está
mais proxima com intuito, justamente, de facilitar esse processo de recuperação.

Ressalta-se que existem outras modalidades para se negociar essa recuperação


judicial (caso da “Oi” – foram feitas mediaçoes – gestões adequadas de conflito fora
da judicialização expressa).
96

Essas são as figuras comuns que estão envolvidas no processo de falência ou


recuperação. Não há uma distinção expressa nas pessoas que estão envolvidas no
processo de falência e recuperação. É necessário entender o papel de cada um
nesse processo/da situação efetiva. As funções são diferentes dependendo do que
está sendo demandado no momento. Ex. Se estou falando de um processo de
recuperação judicial, o administrador judicial terá tarefas voltadas a recuperação
judicial. Logo serão feitas tratativas de acordo com o processo, seja tratativas de
recuperação ou tratativas de falência.

No processo recuperação os credores irão receber fatias, ou seja, parte daquilo que
eles tem direito/tem a receber dos créditos que estão relacionados a ele e que
efetivamente eles irão receber em decorrência disso. Já no processo falimentar, ao
invés de todo mundo estar pegando fatias desse bolo e comendo em conjunto de
acordo com o plano de recuperação, quando olho para todos que estão no contexto
de falência, terei que dividir entre os que são credores concursais, ou seja, que
existiram antes da decetação da falência, e os credores extraconcursais, isto é,
que surgem após a decretação da falencia, como por exemplo, um adm. judicial,
caso o processo não esteja vindo de uma recuperação e já tenha começado,
efetivamente, da falência.

Não existe uma regra própria para dizer “para se chegar no processo de falência
preciso passar pelo processo de recuperação”. Não existe esse elo/obrigatoriedade
de relação. Eu posso vir de uma recuperação para falência, por exemplo:
RECUPERAÇÃO em FALÊNCIA – CONVOLAÇÃO (TRANSFORMAÇÃO) EM
FALÊNCIA (ART. 73): Os casos de convolação são os expressamente previstos na
lei: por deliberação em AGC (I); não apresentação do plano pelo devedor, no prazo
legal, (II); quando houver sido rejeitado o plano pela assembléia (III); por
descumprimento do plano (IV).

Na recuperação busco como superar uma crise. Já no processo falimentar busco o


fechamento dessa atividade empresarial, não é mais voltado para superar uma crise
e sim para verificar como vai ser a atividade da empresa após a falência, como a
empresa vai encerrar as suas atividades.
97

4 PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL ORDINÁRIO


98

Quando o devedor (é quem tem a legitimidade) entra com um processo de


recuperação judicial é necesário fazer um pedido de recuperação (art. 51). Há uma
série de documentos necessários que ele terá que incluir no pedido. Depois o juíz
fará uma analise de processamento, irá verificar se o devedor preencheu os
99

requisitos de admissibilidade previstos no art. 48 da lei. Um dos requisitos


obrigatórios é que a empresa deve estar registrada. A análise é feita para saber se o
pedido poderá prosseguir ou não. Assim, o juiz pode proferir a decisão de
processamento para dizer que o pedido pode prosseguir.

Ressalta-se que a relação de recuperação é vinculada/direcionada ao credor e ao


devedor. Quem trata dela é o credor e o devedor e não especificamente o juiz
competente, ele não tem todas as tratativas necessárias para dizer se pode ou não
seguir com o processo naquele parâmetro.

Após a decisão de processamento deferida pelo juiz, será feita a publicação do


primeiro edital (art. 52, § 1º c/c art. 7º da lei 11.101/05) para que os credores sejam
chamados ao processo e se habilitem, vez que irão decidir junto ao devedor se a
empresa vai se recuperar ou não, pois até então as trativas eram somente entre o
juiz e o devedor.

Além de habilitar os credores, o juízo também nomeia um administrador judicial (art.


21 da lei 11.101/05), que ficará como intermediário entre juízo competente e devedor
e os credores. O administrador judicial é qualquer pessoa idônea que tenha
habilidades e competências para poder dirimir, tratar dessas questões, conflitos que
estão inseridos nesse contexto empresarial. Ele vai conduzir o processo. Vai fazer
as verificações dos créditos, de quem são os efetivos credores, etc. Feito isso, será
dado o prazo para que os credores possam se habilitar (15 dias).

Nesse mesmo tempo, também será aberto um prazo para os devedores


apresentarem um plano de recuperação (prazo de 60 dias do edital – art. 53). O
plano de recuperação é a essência/coração do processo. Logo, o devedor que não o
apresenta é levado a uma convolação em falência (art. 53 e 73, II), ou seja, ele tira
sua chance de vir a se recuperar e o juiz decreta a falência da empresa. O plano é
como o devedor vai cumprir com os seus débitos.

Diante da publicação do edital, no momento em que o devedor apresentou o plano e


os credores habilitaram seu crédito, eles poderão estar de acordo ou não com esse
crédito, ou seja, o valor que o devedor alega ter que pagar ao credor pode não ser o
100

que efetivamente o credor tem a receber. Logo, pode haver divergências e o credor
pode impugnar o crédito através da ação de impugnação ao crédito.

Ressalta-se que as declarações de crédito ou divergências dos credores ocorrerá no


prazo de 15 dias do edital – art. 7º, § 1º. A impugnação ao crédito é um tratativa
mais específica, onde o credor replica essa decisão que deferiu o processamento ou
converteu em falência, caso o devedor não apresente os requisitos nessários para
um pedido de recuperação. Assim, os credores se habilitam e mesmo assim podem
haver divergências.

Assim, ao haver essa nova relação de credores pode haver a chamada impugnação
aos créditos ou divergência do crédito, que ocorre paralelamente ao processo de
recuperação, onde os credores vão se manifestar acerca da aceitação dos créditos
ou não. Se o credor se habilitar, não terá contestação para ser feita ao crédito. Ou,
caso ele não esteja de acordo com o crédito, poderá impugná-lo. Logo, há
mecanismos de impugnação (divergência ou impugnação). Mas a impugnação não é
obrigatória. Caso todos os credores estejam satisfeitos com os créditos, não será
necessário impugná-los.

Ao devedor apresentar e protolocar o plano de recuperação no prazo da lei, será


aberto um novo prazo prazo com a publicação de novo edital para que os credores
possam observar e analisar o plano de recuperação. No primeiro edital, juntado na
petição inicial, somente será necessário dizer quem são os credores e qual valor
deve ser pago a cada.

Após isso, o administrador judicial faz a análise dos créditos e ao ver que os
credores não possuem nenhuma divergência a ser alegada, os credores passam a
analisar o plano de recuperação. Ao analisar o plano, surge mais uma modalidade a
ser discutida para analisar a forma, isto é, as condições de pagamento. Não será
mais analisado a quantidade, o valor especifico que deve ser pago.

Assim, para análise das condições de pagamento surgirá um novo prazo para os
credores apresentarem subjeção ao plano (PUBLICAÇÃO DO EDITAL COM A
RELAÇÃO DOS CREDORES – prazo: 45 dias contados do fim do prazo para as
101

declarações e divergências, vide art. 7º, § 2º e PUBLICAÇÃO DE EDITAL –aviso


aos credores acerca do recebimento do plano em cartório, vide art. 53, § único).

Os credores possuem prazo para se manifestarem acerca da objeção (DECURSO


DO PRAZO PARA OBJEÇÃO DOS CREDORES – A. Se o aviso do art. 53, § único,
já tiver sido publicado: 30 dias contados da publicação do edital contendo a relação
dos credores – art. 55. B. Se ainda não tiver sido publicado o aviso do art. 53, §
único: 30 dias a partir do momento que ocorrer essa publicação – art. 55, § único).
Assim,decorrido o prazo de 30 dias sem nenhum dos credores apresentarem
objeção ao plano, significa, na prática, que os credores estão satisfeitos com tal para
que a empresa possa se recuperar.

OBS: Os credores tem 15 dias para se habilitarem no processo. Todavia, o credor


pode se habilitar depois e será chamado de credor retardatário, pois chegou depois
da publicação do primeiro edital. Ademais, esse credor retardatário sofrerá algumas
consequências previstas no art. 10 da Lei 11.101/05, como, por exemplo, os riscos
de não receber o crédito no momento oportuno que ele gostaria.

ATENÇÃO!

Na recuperação (arts. 53, 54 e ss da lei) é como se eu tivesse um


pedaços/fatiasdaquele mesmo bolo. Existem vertentes que todos estão recebendo
fatias daquele mesmo bolo. Nessa modalidade o bolo será repartido de acordo com
o que foi estabelecido na organização e superação da crise.

Já no processo de falência é como se existisse uma fila. Nesse sentido, caso um


credor se habilite de forma retardatária, pode ser que já tenham repartido parte
daquilo que seria cabível/possível a você. Portanto, sofrerá algumas consequências.
O que a lei garante é que possa ser feito uma reserva de quantia, vez que existem
demandas que ainda não estarão em fases executórias, não terão tratativas
executórias imediatas. Logo, não há como tratar disso efetivamente com o crédito
expresso, líquido e certo podendo ser cobrado. Mas ainda é possível demandar
quantias consideradas ilíquidas.
102

Assim, o art. 6º da lei trata dessas quantias ilíquidas para que o credor retardatário
não sofra consequências, ou seja, chegue no momento de pleitear algo e não vir a
contextualizar. Ex. Crédito trabalhista – nesse tipo de crédito, muita das vezes é
pleiteado algo que poderá ser recebido ou não. Logo, se eu não tenho isso definido
(o que efetivamente vou e não vou receber), consequentemente, haverá o risco de
uma reserva de quantia, ou seja, ainda está sendo demandado uma quantia ilíquida,
mas pode manter esse valor reservado para o credor, caso ele venha a receber.
Caso contrário, essa quantia volta ao bolo e é repartida com os demais credores
inseridos nesse contexto. Essa é a função da reserva de quantia.

Quando houver ausência de objeções ao plano (art. 55), significa dizer que os
credores estão de acordo com o plano de recuperação da empresa. Logo, haverá a
aprovação do plano, pois se há ausência de objeção ao plano e de impugnação, o
juiz poderá sentenciar concedendo a recuperação, vez que os credores estão de
acordo com o plano. A relação é direta entre credor e devedor. São os credores que
aprovam o plano.

No curso do processo, com a chegada de novos credores podem surgir


impugnações ao crédito (valor) e objeções ao plano (forma/pagamento). Quando
isso acontece, haverá a necessidade de ser feito um procedimento técnico que é a
convocação da Assembléia Geral de Credores (art. 36 e 56 – prazo: até 150 dias
do deferimento do processamento). Essa assembleia de credores é justamente
para discurtir se o plano será aprovado ou não, alterado ou rejeitado.

Além disso, é dividida em classes de credores, conforme art. 35 e 41 e ss da Lei


11.101/05. O administrador judicial que comanda a assembléia. Deve acontecer
essa convocação da assembleia para situações de divergência e impugnação. Com
a avaliação da assembleia, há 3 caminhos:
1. A Assembléia Geral aprova o plano (art. 56, § 2º): O plano já foi aprovado
pelos credores, logo o juiz vai sentenciar de acordo com os credores;
2. A Assembéia Geral altera o plano: Os credores pedem a alteração do
plano, vez que não estão de acordo com o que está sendo apresentado.
Assim, caso a assembléia apresente uma proposta de alteração do plano e
ao apresentá-la,o devedor concorda (art. 53, § 3º) e diz que tem como alterar
103

o plano, o mesmo o altera seguindo o que a assembléia estabeleceu, fazendo


as alterações solicitadas. Mas não são todas as vezes que o devedor
concorda com a alteração apresentada, pois em algumas ele nao terá
condições de cumprir. Caso isso aconteça, o devedor corre o risco de sofrer o
processo de falência, pois caso os credores não concordarem o juiz decretará
a falência;
3. A assembléia geral rejeita o plano e o juiz decreta a falência (arts. 56, §
4º e art. 73, III): Os credores não estão de acordo com o plano apresentado
pelo devedor, então, consequentemente, irão rejeitar a recuperação, o que
leva ao devedor ao processo de falência (art. 73 e 74 da lei).

Agora, se a empresa tem o seu plano aprovado e passa pelo processo de


recuperação, o devedor terá a condicionante de cumprir o seu plano de
recuperação, pois, caso não o cumpra, terá como consequencia a falência (art. 61).

Uma outra situação é quando o devedor tem seu plano aprovado (arts. 73 e 74 da
lei) e mesmo assim, não o cumpre, o que gera o pedido dos credores de convolação
a falência por descumprimento do plano.

Há também uma outra vertente, prevista no art. 48 da lei, que é quando o juiz, ao
analisar as situações, observa que algumas classes estão tendo divergências e
outras não, ou seja, as classes de credores nao estão se entendendo entre si, bem
como não conseguem chegar a um acordo em relação a essa estrutura assemblear.
Assim, será dado uma margem a mais para que o juiz, nesse caso específico do art.
48, § 1º da lei, possa definir se a empresa vai se recuperar ou não. Ele é quem irá
decidir.

A partir do deferimento da decisão de processamento da recuperação judicial da


empresa, o juiz vai suspender as ações e execuções demandadas contra essa
empresa no prazo de 180 dias, conforme art. 6º da lei. Isso para que o devedor
possa estruturar o plano, para que ele possa respirar e se organizar.

ATENÇÃO! O processo de recuperação não é simplesmente um mero processo. É a


forma que a empresa tem para buscar se recuperar.
104

OBS: Caso a empresa seja uma S/A de capital aberto, o plano de recuperação deve
ser publicado nos veículos de comunicação da empresa, vez que é necessário dar
satisfação aos credores, acionistas, entre outros.

5 INTRODUÇÃO AO HISTÓRICO DA FALENCIA ALIMENTAR

5.1 A FALÊNCIA DE UMA EMPRESA É ALGO BOM OU RUIM?

Como tudo no direito, a resposta é depende: para a empresa que faliu, seus
credores, seus empregados e aqueles que estão envolvidos é ruim, sem dúvida;
para os advogados, é algo muito bom (exceto se eles também forem credores); mas
e para a sociedade em geral, para aqueles que não são os empresários e não estão
vinculados diretamente com a empresa envolvida na quebra?

Deve ser analisado o passivo e o ativo da empresa. A situação dela com os sócios,
entre outros. São varias perguntas que irão surgir para realmente saber se foi bom
ou não ter a falência decretada.

A falência é antes de mais nada uma proteção à sociedade organizada. A razão é o


vínculo econômico que cria uma interdependência plena dos meios de produção
(dos agentes econômicos). Exemplo claro e absoluto foi a crise do ano de
2007/2008 e 2009. O direito não só permite,ele exige que as empresas que não
conseguem permanecer rentáveis sejam extintas. MAS SÓ AQUELAS QUE NÃO
SÃO RENTÁVEIS EFETIVAMENTE.

Existem crises diversificadas que podem levar aquela determinada empresa a sofrer
um processo falimentar. Então essa situação empresarial não é simplesmente
porque ela não tem condições de superar. É o caminho que apareceu para ela
diante de outras vertentes/problemas que tiveram no mercado e geraram a crise
para aquela empresa. Não é exclusivamente passivo e ativo empresarial que gera
crise, um vírus também pode gerar, por exemplo. Tudo isso pode ter consequências
105

para determinada empresa e, com isso,não permanecer mais rentável.

5.2 A HISTÓRIA DA FALÊNCIA

a) Execução pessoal – devedor tornava-se escravo;


b) Execução passa ao patrimônio do devedor (iniciativa individual dos credores
– quem receber primeiro se beneficia);
c) Concurso de credores sobre o patrimônio – feito privadamente (credor toma
posse e aliena, dividindo receita com os demais);
d) Iniciativa do Estado, com divisão entre devedor de boa-fé e má-fé (a questão
da concordata) – isso quando existia no Decreto 7.661/45 as quesões que
envolviam a concordata.

5.3 A HISTÓRIA DA FALÊNCIA NO BRASIL

Dentro desse contexto histórco evolutivo, havia:


a) Até o Código Comercial, o devedor deveria entregar as chaves do comércio
sob pena de prisão;
b) Com o C.Com: Regulamenta a concordata (Decreto 7.661/45) suspensiva,
desde que inexistente a fraude ou má-fé (aprovação de maioria dos credores
e 2/3 em valor); caracterização da falência por cessação de pagameto;
c) Dec. 7661/45: Manteve caracterização da falência em pressupostos objetivos,
e centrou as decisões no juiz. As concordatas dependiam de critérios
objetivos;
d) Lei 11.101/2005: Voltou à dar importância aos credores nessa relação com o
devedor. Uma das grandes mudanças dessa lei foi dar importância a essa
relação existente entre devedor e credor. Tal lei tem muito mais tratativas
voltadas para deliberações do credor para com o devedor, que irão definir os
caminhos dessa relação e não mais, necessariamente, o juiz, o poder
judiciário. Isso porque quanto mais empresas fechadas pior para economia do
pais, devido ao aumento do desemprego, pessoas não conseguirão se
sustentar, etc, o que gera consequências a outras empresas devido a
diminuição do poder de compra.
106

5.4 DA NOVA LEI DE FALÊNCIA – ESCOPO – RECUPERAÇÃO X


FALÊNCIA

O processo de recuperação é um instrumento para a tentativa de salvamento da


empresa em crise econômica (característica publicista em razão da função social da
empresa, ou seja, o papel que ela tem para economia, sociedade, para os direitos
em si) preconizado pelo art. 170, III da CF. A atividade empresarial deve ter
harmonia em suas relações, entre trabalhador, empregado e empregadores. A
empresa também é importante para uma base constitucional, ou seja, de
preservação de uma empresa de mercado, de função social, pois ela ajuda a
economia continuar.

O objetivo desse escopo foi tentar viabilizar uma solução de mercado, ou seja, tentar
fazer com que o mercado indicasse a possibilidade e o caminho a ser seguido.
Mercado avalia o tipo de crise e direciona a solução: a) Crise econômica (crise de
mercado); b) Crise financeira (fluxo de caixa); c) Crise patrimonial (crise estática).
São crises diversas que acontecem e é necessário parar com a atividade
empresarial. Logo, buscar a falência é um caminho. Não quer dizer que a empresa
está fazendo mal pra sociedade. Ela tem a quebra decretada, mas quer pagar todo
mundo e encerrar suas atividades de forma digna.

Nem toda falência é um mal. Empresas em déficit tecnológico, administrativo,


financeiro, devem ser encerradas. Visão macroeconômica: a inadimplência causa
danos não só ao credor direto, mas sim a diversos outros agentes econômicos. É
interesse do mercado recuperar as empresas em dificuldades. Se não há solução de
mercado é porque ela efetivamente não é viável. Ela tem a quebra decretada mas
deseja pegar a todos. Nesse contexto, passamos a entender a vertente desse
processo falimentar, ou seja, como isso vai servir para caracterizar uma
possibilidade de falência.
107

5.5 PRESSUPOSTOS PARA CARACTERIZAÇÃO DA FALÊNCIA

O Atual Sistema Brasileiro de Falência:


a) Devedor deve ser sociedade empresária ou empresário individual;
b) Insolvência: (b.1) Impontualidade injustificada (acima de 40 salários mínimos
– depende de protesto); (b.2) Execução frustrada (certidão narratória do
processo); (b.3) Prática de ato de falência – atos descritos no art. 94, III – rol
exemplificativo;

O pedido falimentar pode ser feito pelos credores e pelo próprio devedor. São duas
situações:
 Autofalência (art. 105 da Lei nº 11.101/05): Solicitada pelo devedor. Ocorre
quando a própria sociedade empresária ou o empresário individual, ou a
eirelli, ou qualquer outro tipo de sociedade estudada pode pedir a sua
autofalência. Opróprio devedor pede a sua falência.
 Falência (art. 94 da Lei º 11.101/05): Solictada pelo credor. Os credores
pedem a falência do devedor devido a insolvência da empresa. Há
pressupostos para caracterizar a falência.

OBS: O devedor pode não querer pleitear a autofalência, não querer pedir a
falência. Como consequencia disso, isto é, esse não pedido de falência, os credores
solicitam o pedido de falência. Portanto, existem dois caminhos. Em contrapartida,
na recuperação só existe um caminho que é o devedor pedindo a sua falência diante
da situação, já que é somente ele que pode se recuperar.

ATENÇÃO!

Uma empresa pode fechar por n motivos. Não é necessário que passe por uma
falência para fechá-la. Pode haver o fechamento por baixa na empresa, por
inexistência da empresa, por não haver mais interesse na continuidade da atividade
empresarial, entre outros. A falência só é um instuto possível a mais para
fechamento de empresa.
108

5.6 FALÊNCIA

Quando os credores pedem a falência do devedor/sociedade


empresária/empresário.

5.6.1 Caracterização (art. 75): Afastamento do devedor das suas atividades.

5.6.2 Impontualidade (art. 94, I): Não pagar obrigação líquida, no vencimento, de
quantia cuja soma ultrapasse 40 salários mínimos (pode ser um título a partir deste
valor ou vários títulos que somados ultrapassem esse limite mínimo ou, ainda,
admite-se o pedido se houver reunião de credores, em litisconsórcio ativo). Não é
qualquer valor que pode ser pedido no processo de falência e sim um crédito que
ultrapasse 40 salários mínimos. Se o meu crédito por si só não for suficiente para
alcançar essa somatória, posso me unir a outros credores para juntos formarmos o
valor mínimo permitido para o pedido falimentar com base na impontualidade.

5.6.3 Execução Frustrada (art. 94, II): Executado por qualquer quantia líquida, não
paga, não deposita, não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal.
Ex. X entrou com um pedido de execução em face do devedor, que é devidamente
citado e não faz nada quanto ao processo. Logo, será qualquer quantia, vez que X já
acionou um alerta ao executado com o processo de execução sem êxito. Assim,
como X não obteve êxito, poderá converter essa execução frustada em um pedido
falimentar para cobrar qualquer quantia líquida.

5.6.4 Prática de ATOS DE FALÊNCIA = atos ruinosos (art. 94, III): Atos
praticados que serão tragos, efetivamente, para a realidade, como, por exemplo, que
o devedor está simulando uma venda, transferindo patrimônio, não está quitando a
sua dívida, está favorecendo um credor em detrimento de outro, etc. Assim, haverá
a criação de mecanismos para comprovar essas situações de fraude. É necessário
provar a fraude para ser possível a utilização da prática de atos de falência como
fundamento para o pedido de falência, vide art. 94, III.
109

5.7 ANÁLISE GERAL (PROCEDIMENTO FALIMENTAR):

5.7.1 Fase Pré-falimentar: Escopo é verificar os dois pressupostos, possibilidade e


viabilidades existentes para o pedido de falência, ou seja, fundamentais da falência.
É fase do pedido de falência;

5.7.2 Fase Falimentar: Escopo é determinar o ativo e o passivo do devedor, realizar


o ativo (o que a empresa tem em sua estrutura, ou seja, o que a empresa deixou
para que esse ativo possa pagar o passivo empresarial e, com isso, o pagamento de
seus débitos e, consequentemente, zerando o que ele teria de pendência com seus
credores) e o pagamento do passivo admitido. É quando é decretada a falência com
a sentença do juiz;

5.7.3 Fase Pós Falimentar: Escopo é preparar a reabilitação dos representantes


legais da sociedade falida, quando condenados por crime falimentar. Mas isso vai
depender efetivamente do que estiver acontecendo com aquela empresa, pois se a
empresa não estiver respondendo a crime falimentares ela irá ficar afastada nesse
processo por 5 anos. Se ela estiver respondendo por crimes falimentares o prazo
será de 10 anos.

OBS: Existem situações que os credores podem não receber nada, assim como
também podem.

5.8 FASE PRÉ FALIMENTAR (PROCEDIMENTO FALIMENTAR)

É o pedido de falência com seu normal processamento.

5.8.1 Legitimados para requerer a falência (art. 97):


 O próprio devedor(auto falência – é obrigação desprovida de sanção) – art.
105/107;
 O sócio do devedor (seria o caso de divergência entre os sócios e os
administradores); o credor empresário  o real interesse (recebimento do
título).
110

5.8.2 Competência:
 A competência é do principal estabelecimento do devedor, vide art. 3º;
 Competência universal: Todosos processos devem correr em face do juízo
universal;
 5 exceções: (i) Ações em que a massa for autora; (ii) Ações ilíquidas já em
tramitação; (iii) Reclamações trabalhistas; (iv) Execuções fiscais; (v) Ações de
conhecimento tendo a União como interessado. (art. 6, §1º, §2º, §7º + art. 76).

5.9 QUEM PODE REQUERER A FALÊNCIA (ART. 97)

 AUTOFALÊNCIA (art. 105, 106, 107): É quando o devedor em crise


econômico-financeira, que não tenha condições de pleitear a sua recuperação
judicial, poderá requerer a autofalência.
 PRAZOS:
- Prazo para defesa, para elisão do pedido ou para requerer a recuperação
judicial (art. 95 e 98);
- Citado o devedor terá 10 dias para contestar o pedido, nestemesmo prazo
poderá para elidir o pedido (afastar o pedido), depositar o valor.
 DEPÓSITO ELISIVO = total do crédito + juros + correção + honorários.
 E ainda no mesmo prazo poderá requerer sua recuperação judicial desde que
preencha os requisitos (art. 48).
 SOLUÇÕES PARA O DEVEDOR NA AÇÃO FALIMENTAR.

5.10 FALÊNCIA DOS SÓCIOS - RESPONSABILIDADE ILIMITADA


(ART. 81)

Estabelece que a decretação da falência da sociedade com sócios solidários e


ilimitadamente responsáveis acarreta, também a falência destes, sujeitando-os aos
mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida. Em relação as
sociedades com RESPONSABILIDADE LIMITADA dos sócios, estes só responderão
depois de apurada a sua responsabilidade (art. 82).
111

5.11 FASE PRÉ FALIMENTAR (PROCEDIMENTO FALIMENTAR)

1. INICIAL PROTOCOLIZADA: Citação para defesa em 10 dias (legislação


anterior – 24 horas);

2. 4 HIPÓTESES (vide organograma – Ricardo Negrão, Manual de Direito


Comercial e de Empresa) - art. 94,I, II, III: a) Pagamento para elidir a
decretação da falência; b) Defender sem depósito; c) Defender com depósito;
d) Requerer a recuperação judicial;

3. SENTENÇA DENEGATÓRIA – RECURSO APELAÇÃO;

4. SENTENÇA DECLARATÓRIA – RECURSO AGRAVO.


4.1 Sentença Declaratória: (i) Conteúdo genérico de qualquer sentença; (ii)
Requisito específicos do artigo 99 da lei; (iii) Termo Legal de Falência (art.
99, II) – período suspeito.

5. EFEITOS JURÍDICOS:
5.1 Para a Pessoa Jurídica: Obriga a todos os credores; Provoca a
dissolução da empresa; Forma a massa falida; Suspende as ações individuais;
Faz vencer créditos antecipadamente; Suspende fluência de juros.

5.2 Para os Sócios ( art. 102/103 – art. 115/116)


 Administradores: Assumem obrigação de cooperação com o
processo de falência;
 Administradores e não administradores: Como regra não
responderão por dívidas da sociedade;
 Administradores e não administradores: Fica vedado a exploração
INDIVIDUAL de atividade empresarial.

OBS: Sócios condenados por crime falimentar ficam impedidos de participar de


outras sociedades enquanto não habilitados.
112

INABILITAÇÃO DO FALIDO (art. 102): O falido fica inabilitado para exercer


qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença
que extingue suas obrigações (art. 181, §1º - 5 anos).

5.3 Sobre os atos praticados pela sociedade:


 Objetivamente ineficazes (art. 129);
 Subjetivamente ineficazes (art. 130).

6. SOBRE OS CONTRATOS:
 Regra geral: Resolução dos contratos bilaterais não cumpridos e dos
unilaterais por decisão do administrador (com autorização do comitê de
credores). Os contratos só podem ser cumpridos se resultarem em
diminuição do passivo.

OBS: Cláusula de rescisão por falência é válida e deverá ser respeitada (art.
117/118).

6.1 Efeitos Jurídicos:


6.1.1 Compra e Venda (falência do comprador):
 Mercadoria não despachada: Administrador avalia cumprimento. Se
quiser cumprir o vendedor entra no concurso;
 Mercadoria despachada: Pode obstar se não tiver sido vendida;
 Entrega 15 dias anteriores ao pedido: Restituição se não houver
pagamento e/ou revenda;
 Entrega antes 15 dias: Habilitação do crédito.

6.1.2Compra e Venda – falência do vendedor:


 Coisas compostas não entregues: Devolve as partes e requer
indenização da massa;
 Coisas móveis: Pagamento em parcelas – habilitação do crédito;

6.1.3Compra e venda de imóveis: Não podem ser rescindidos. Se o falido é


o comprador, direitos arrecadados e vendidos em juízo; se o falido é o
113

vendedor, continua recebendo as parcelas e outorga escritura ao final.

6.1.4 Contrato de Conta Corrente: Encerra-se na data da declaração da


falência. Apura-se direito ou obrigação em fase do banco. Sobre os contratos:
 Alienação Fiduciária: Fiduciária pode pedir a restituição do bem e
consolidar a propriedade em sua titularidade.
 Contratos em moeda estrangeira: Os contratos serão convertidos em
moeda nacional no dia declaração da falência;

ATENÇÃO! É possível fechar uma empresa sem ela ter passado obrigatoriamente
pelo procedimento falimentar. A falência é apenas um instituto possível a mais para
a falência.

6.12 FASE FALIMENTAR (PROCEDIMENTO FALIMENTAR)

Declarada a falência – início da Fase Falimentar (art.108).

6.12.1 Arrecadação: Ato pelo qual o administrador judicial (re)toma a posse de


todos os bens de propriedade da massa falida, bem como arrecada bens que estão
nos estabelecimentos da massa.

6.12.2 Pedidos de restituição (art. 85/86/87-90): Tudo o que for arrecadado que
não for de “propriedade” da massa, será objeto de pedido de restituição (art. 85 e
ss).
 Bens de domínio de terceiros (alienação fiduciária, leasing, reserva de
domínio). O dinheiro também é objeto do pedido de restituição;
 Compra e venda a prazo com bens entregues nos 15 dias anteriores ao
pedido de falência;
 Adiantamento de Crédito ao Exportador (ACC);
 Ação Revocatória julgada procedente (art. 136).

6.12.3 Publicação da Relação de Credores (art. 99 e art. 7º, §1º e §2º):


 Credores não incluídos: Habilitação de crédito ao administrador (prazo de 15
114

dias);
 Credores incluídos que não concordam apresentam manifestação de
inconformidade ao administrador (prazo de 15 dias);
 Republicação – em até 45 dias após publicação;
 Prazo de 10 dias – Impugnação judicial ao rol de credores (tanto para incluir
quanto para modificar o crédito constante do rol).

6.12.4 Liquidação (art. 139-148): É a realização do ativo (venda do patrimônio)


para pagamento do passivo (pagamento dos credores). Deve ser feito
imediatamente após a arrecadação. Há duas fases: a) Venda dos ativos; b)
Pagamento do passivo.

6.12.4.1 Venda dos Ativos:


 Venda Ordinária:
A. Segue ordem de preferência:
a) Alienação da empresa (venda operando – obviamente sem as
dívidas – art. 145, par. 1º.);
b) Alienação de filiais (contrato de trespasse);
c) Alienação de bens em blocos;
d) Alienação de bens individuais.
B. Modalidades (art. 142):
a) Publicação 15 dias para bens móveis e 30 para bens imóveis;
b) Leilão: venda por voz; segue regras do CPC; não há diferença
entre bens móveis e imóveis;
c) Propostas: entrega em cartório de envelopes lacrados com o
preço que estão dispostos a pagar; hora determinada são
abertos os envelopes;
d) Pregão: começa com envelopes lacrados. Quem tiver dentro do
limite de 90% da maior oferta, irá para leilão, manifestando em
viva voz lances com novas propostas.

 Venda Extraordinária (art. 144/145): Outras formas de alienação (Ex: fusão,


incorporação, criação de sociedades dos empregados, etc). Há duas
115

hipóteses: por decisão judicial ou em caso de elevado grau de consenso (2/3


dos créditos).

 Venda Sumária: Inviabilidade do procedimento ordinário e extraordinário


(valores irrisórios); Deverá ser ofertado por ordem de preferência dos
credores.

 Sucessão Empresarial: Não há sucessão em caso de alienação ordinária da


empresa (art.141,II).Na alienação extraordinária não há sucessão quando
formada empresa de empregados (outras hipóteses há sucessão), vide art.
145, §1º.Observação em relação às comuns fraudes.

6.12.5 O pagamento na falência: Há uma ordem de preferência. Vejamos:


1. Credores trabalhistas e por acidente do trabalho (art.83, I): Limite de 150
salários mínimos; Saldo salarial – antecipação de 3 meses, até o limite de 5
salários mínimos (art. 151); Representantes comerciais autônomos; CEF,
pelo valor do FGTS.
2. Credores com Garantia Real (art. 83,II): Até o limite do valor do bem
gravado: Créditos não sujeitos à rateio; Valor do bem – saldo a maior retorna
à massa; saldo a menor faz credor transformar-se em quirografário; Venda
em separado ou em conjunto: venda em conjunto leva adefinição de
participação proporcional nos ganhos ou nas perdas.
3. Fisco (art. 83, III): União, Estados, D. Federal, Territórios, Municípios e
Autarquias (dívida ativa); Ordem interna - União Autarquias Federais 
Estados e DF  Autarquias Estaduais  Municípios; Não suspensão de
execuções: correm paralelas (quem receber primeiro); Penas por infrações
administrativas – credor subquirografário.
4. Privilégio Especial (art. 83, IV): Determinado pela lei – Ex.: hotel sobre
bagagem; Não está sujeito à rateio.
5. Privilégio Geral ( art. 83, V): Debêntures com garantia flutuante, credor por
benfeitorias necessárias ou úteis, armazéns gerais, entre outros; Não está
sujeito à rateio.
6. Quirografários (art. 83, VI): Todos os demais.
7. Subquirografários (art. 83, VII e VIII): Multas contratuais, multas
116

administrativas, debêntures subordinadas, diretores sem vínculo


empregatício.
8. Sócios ou Acionistas.

6.13 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO

6.13.1 Classificação dos créditos:


 Créditos concursais (art. 83);
 Créditos extraconcursais (art. 84);
 Pedido de restituição (art. 85);
 PAGAMENTO DOS CREDORES (art. 148 ao art.153);
 EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES/ENCERRAMENTO;
 FALÊNCIA (art. 158);
 CRIMES FALIMENTARES (ART. 168 ao 188);
 Pedido  Sentença declaratória  Sentença de encerramento Sentença
de extinção  Fase pré-falimentar  Processo de Falência  Extinção das
obrigações.
117

ORGANOGRAMAS

Os incisos abaixo representam os pedidos de falência pelos credores em relação ao


devedor (art. 1º da Lei 11.101/05) e estão inseridos na fase pré-falimentar.

ARTIGO 94, I - IMPONTUALIDADE DO DEVEDOR

A impontualidade está relacionada a pagamento, ou seja, a algo que efetivamente


não foi pago até a data de vencimento. Uma obrigação. Essa obrigação não paga no
vencimento gera para o devedor a impontualidade. Não há justificativa para o não
pagamento.

Título de crédito é um documento que não preciso levar ao juízo para provar que
efetivamente tenho direito em relação a esse documento, assim como ocorre na
118

ação de execução de título, vez que o documento por si só possui força para ser
requerido. Posso pular essa etapa e executar esse título/crédito.

Em relaçao ao título protestado, primeiramente há de se falar sobre o que é protesto


na relação empresarial, sendo o instituto pelo qual X vai em um cartório específico
de título de crédito levar aquele documento vencido que tentou receber, mas Y não
pagou no prazo de vecimento. Logo, a obrigação de X é líquida e o mesmo poderá
protestar tal documento no cartório de protesto para que este tome as medidas
necessárias ecobre o devedor a quantia devida.

No entanto, observa-se que mesmo após o protesto no cartório, Y (devedor)


continua inadimplente. Assim, outra alternativa juridica a X (credor) é a falência
desse devedor com base no art. 94, I, da Lei 11.101/05, sendo o requisito
justamente a impontualidade, protesto e dívida no valor acima de 40 salários
mínimos.

Vale ressaltar que um título é o suficiente para pedir a falência com base no art. 94,
I, dependendo do valor desse título. Mas, por exemplo, se um credor ter um titulo no
valor de 10 mil e quiser pedir a falência do devedor, terá que procurar outros
credores para que as dívidas desses somadas as suas, deem o valor de 40 salários
mínimos.
119

ARTIGO. 94, II - EXECUÇÃO FRUSTADA

A diferença do inciso I para o II é que este trata da execução frustada, ou seja, será
dado entrada a ação de execução de título extrajudicial, a ação será protolocada,
executa do tramite processual, o devedor é encontrado e citado, mas não nomeia
bens a penhora, por exemplo, e fica 100% inerte.

Neste inciso o devedor é executado por qualquer quantia líquida enão efetua o
pagamento, não deposita e nem nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo
legal (CPC – processo de execução). Assim, o credor que não tem o pagamento da
sua dívida, tem, assim, a execução frustada.

Diante disso, esse credor irá pegar uma certidão da Vara de Execução, mostrar ao
juiz e comprovar a inércia do devedor e, como consequencia jurídica, esse credor
tem como pleitar o pedido de falência com base no art. 94, II, da Lei 11.101/05. Não
120

é necessário protestar, assim como ocorre no inciso I.

ATENÇÃO!

O organograma dos incisos I e II do art. 94 da Lei nº 11.101/05 são iguais, mudando


mínimas coisas. Logo, há coisas que se serão aplicadas do mesmo modo aos dois.
Vejamos:

Após o credor pedir a falência, em ambos, o juiz despachará pedindo a citação do


devedor, isto é, será aberto o prazo para o devedor contestar, vez que possui o
direito de se defender. Após a citação, o devedor não contesta, bem como não
realiza o depósito elisivo, ficando inerte.

OBS: DEPÓSITO ELISIVO, previsto no art. 98, § único da Lei 11.101, siginifca a
somatória do valor devido acrescido de juros e honorários. É um combo que o
devedor, para não ter sua falência decretada, pode depositar. Logo, se o devedor
faz o depósito desse combo, poderá ter dívida, mas não poderá mais ser decretado
como falido. É uma forma de afastar a falência em relação àquele devedor.

Uma outra possibilidade é quando o devedor contesta mostrando que o credor está
equivocado, comprovando o pagamento ou a prescrição das dívidas, entre outros
argumentos de defesa. O defedor contesta, mas não realiza o depósito elisivo.

Contudo, ressalta-se que caso o devedor não conteste, não haverá revelia, ou seja,
não siginifica que o réu é confesso. O juiz vai analisar os fatos e dizer se o devedor
deve decretar a falência ou negá-la.

Há também a possibilidade de o devedor contestar e realizar o depósito elisivo, de


modo que o juiz pode analisar a dívida mas não mais decretar a falência do devedor
devido ao depósito elisivo. De outro modo, o devedor pode não contestar, mas
realizar o depósito elisivo, de forma a concordar com o credor que ele está devendo,
121

não pagou. E, como ainda está na fase pré-falimentar, o devedor encerrará o


assunto, vez que nãoquer que seja decretada a sua falência.

Além disso, o devedor também pode apresentar o pedido de recuperação judicial no


prazo da contestação. Isso porque o devedor pode, quando o credor pede a sua
falência, tentar converter esse pedido de falência em uma recuperação judicial.
Porém, isso só poderá ocorrer se ele não tiver pleitedo nenhum pedido de
recuperação dentro do prazo de cinco anos (art. 48).

ARTIGO 94, III - ATOS RUINOSOS OU ATOS DE FALÊNCIA

São as situações específicas em que o credor pede a falência do devedor por ter
provas que comprovem as falcatruas que ele está fazendo, como, por exemplo,
simulando vendas, esvaziando o patrimônio da empresa, entre outros. O rol do
inciso III, art. 94, é meramente exemplificativo.
122

Esse inciso representa uma fase pré-falimentar, ou seja, antes da decretação da


falência. Não há no inciso III o depósito elisivo.

AUTOFALÊNCIA (ART. 105)


123
124

REFERÊNCIAS E INDICAÇÃO DE LEITURA

Organograma retirado do livro do Ricardo Negrão (NEGRÃO, Ricardo. Manual de


Direito Comercial e de Empresa, v. 3, Ed. Saraiva). Leitura super indicada!
125

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No caso do juiz decretar a falência (art. 99 da Lei nº 11.101/05), este vai determinar
todas as etapas do processo falimentar,o devedor será afastado de sua atividade e
quem passará a gerir o negócio em si é a figura do administrador judicial.

O administrador judicial, vide art. 7º da Lei 11.101, fará a verificação dos créditos,
bem como a prepararação de toda a documentação com intuito de publicar o edital
para que os demais credores possam se habilitar. Com a habilitação, as classes
serão organizadas de acordo com a ordem de preferência prevista em lei.

Enquanto isso ocorre, o administrador judicial vai consolidar e transformar a massa


falida (dívidas, o ativo e o passivo empresarial) para convertê-la em um bolo
empresarial, no sentido configurado, e dividir entre os credores com intuito de pagar
as dívidas aos credores concursais, ou seja, aqueles que existem antes da
decretação da falência e estão concorrendo entre si, juntamente com os credores
extraconcursais, isto é, os que surgem após a decretação da falência, como, por
exemplo, o administrador judicial que será nomeado após a decretação da falência,
quando não há recuperação judicial antes, pois, nesse caso, o administrador já está
inserido no procedimento.

Vale ressaltar que a diferença da recuperação para a fase falimentar é que nessa
primeira é como se houvesse um bolo que estivesse sendo repartido entre as partes.
Já na falência, ao invés de todo mundo comer o bolo junto, haverá uma ordem de
pagamento para que os credores possam receber de acordo com a ordem de
pagamento da sua classe, vide art. 83 da Lei 11.101/05.

A partir do momento que o devedor paga todos os seus credores, a empresa será
extinta. A sua versão falimentar será encerrada e ela poderá voltar a funcionar
somente depois de cinco anos de pausa.
126

Contudo, se uma determinada empresa que teve a falência decretada por situação
de responsabilidade e crime falimentar, elá terá uma punição de 10 anos de pausa
para que possa retormar com suas atividades.

Observa-se que há fases no processo falimentar: (1) Pré-falimentar, (2) Falimentar


(onde vai ser apurado se a empresa permanece exercendo sua atividade com intuito
de diminuir o prejuízo) e (3) Pós-falimentar. Essas fases existem para que seja
possível encerrar o processo falimentar pagando todos os credores. Na prática,
muitas empresas não conseguem quitar suas dívidas, o que faz com que elas não
voltem a exercer suas atividades, a não ser quando são compradas por outras.

Quando uma empresa é vendida em fase falimentar ou em recuperação, quem


compra não adquire o passivo da empresa. O devedor que está recebendo o
dinheiro pela compra que deverá quitar as suas dívidas, o seu passivo empresarial.

OBS: Dentro do processo falimentar pode ser pleitada a desconsideração da


personalidade jurídica dos sócios.
127

ROTEIRO DE AULA - UNIDADE IX

SOCIEDADE ANÔNIMA E MERCADO FINANCEIRO

EMENTA: Sociedades estatutárias - S/A e C/A - Estatuto Social


- valores mobiliários - Comissão de Valores Mobiliários (CVM) -
Administração da companhia - poder de controle - acordo de
acionistas - deliberação social - mutações societárias (fusão,
cisão e incorporação). Mercado de Capitais.

Lei 6.404/76 c/c Lei 10.303/2001

1 SOCIEDADE ANÔNIMA

1.1 CONCEITO

Sociedade por ações: Temos, no sistema jurídico brasileiro, duas sociedades por
ações – as sociedades anônimas e as sociedades comanditas por ações. Sociedade
Anônima também chamada de sociedades institucionais, tendo seu capital dividido
em ações e os titulares destas ações são denominados acionistas. São
consideradas sociedade de capital, pois vivem em função deste, não merecendo
atenção especial a pessoa dos sócios.

É a sociedade em que o capital é dividido em ações, limitando-se a responsabilidade


do sócio ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas, ou seja, as ações
são negociadas. A S/A, independentemente de qual seja seu objeto social, será
sempre uma sociedade empresária ( art. 2º, § 2º).

Vale ressaltar que toda sociedade por ações (S/A e comandita por ações) tem em
sua natureza a atividade empresarial.
128

1.2 CARACTERÍSTICAS E NATUREZA

1.2.1 Fim lucrativo: A S/A (companhia) pode ser objeto de qualquer empresa de fim
lucrativo e não contrário à lei, à ordem pública e aos bons costumes (art. 2º).

1.2.2 Participação em outras: A Sociedade pode ter por objeto participar de outras
sociedades, possibilidade de pertencerem à sociedade menores ou incapazes, sem
que esse fato acarrete nulidade para a mesma (art. 2º, §º3).

1.2.3 Estatuto: Será constituída por meio de estatuto social (art. 2º, §3º) a divisão
do capital social em partes, em regra, de igual valor nominal (ações).Cada empresa
terá um estatuto/estrutura única que é apresentado aos acionistas, diferentemente
de uma sociedade de pessoas em que para um sócio entrar haverá a
adequação/ajustes de certas cláusulas contratuais. Além disso, os acionistas (nome
dos sócios na sociedade por ações) estará vinculado a suas ações, isto é, as ações
que estão efetivamente vinculadas a ele.

1.2.4 Livre acesso: Ocorre o livre acesso das ações por parte dos sócios, não
afetando à estrutura da sociedade a entrada ou retirada de qualquer sócio; a
possibilidade da subscrição do capital social mediante apelo ao público.

3 RESPONSABILIDADE

Responsabilidades dos sócios limitada apenas ao preço de emissão das ações


subscritas ou adquiridas, não respondendo, assim, os mesmos, perante terceiros,
pelas obrigações assumidas pela sociedade; ou seja, não existe, aqui, a
responsabilidade solidária entre os sócios, como ocorre na sociedade limitada. O
sócio somente é responsabilizado pelas ações que ele possui, ele não é reponsável
pelas ações dos outros. Assim, se as ações estiverem totalmente integralizadas, o
acionista não terá mais “qualquer responsabilidade” ( art. 1º).

OBS: Os acionistas controladores, porém, que são majoritários e que usam


efetivamente seu poder, bem como os administradores, poderão responder
129

pessoalmente pelos danos causados por atos praticados com culpa ou dolo ou com
abuso de poder.

3.1 Nome empresarial: Uso de uma denominação ou nome de fantasia para nome
comercial, devendo, contudo, a essa denominação será sempre acrescidas as
palavras sociedade anônima, por extenso ou abreviadamente, ou antecipada da
palavra companhia que, por igualmente, poderá ser abreviada (art.3º). Mas quando
há uma homenagem ao fundador, por exemplo, você pode colocar o nome do
fundador.

4 CLASSIFICAÇÃO DAS S/A

Companhia fechada são aquelas que não admitem a negociação de valores


mobiliários no mercado de capitais. Assim, não oferecem seus títulos ou ações ao
público, têm as negociadas por intermédio dessas instituições especiais. Esta
sociedade só vai estar entre os seus acionistas e seus investidores específicos.

Companhia aberta são aquelas que admitem à negociação dos seus valores
mobiliários no mercado de capital (Bolsa de Valores ou mercado de balcão). Essas
companhias emitem títulos que podem ser ofertados ao público, e somente os
valores mobiliários de emissão de companhia registrada na CVM – Companhia de
Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado. (art. 4º, §1º).

CVM – é uma autarquia federal, que, ao lado do Banco Central, realiza o controle e
a supervisão do mercado de capitais, obedecendo às regra do Conselho Monetário
Nacional (Lei 6.385/76).
 Diversos Papéis da CVM: 1.Responsável pela análise da Governança
Corporativa; 2. Receber o registro do IPO (porta para o mercado financeiro).

O MERCADO DE CAPITAS É COMPOSTO DA BOLSA DE VALORES E DO


MERCADO DE BALCÃO.

 Bolsa de Valores: é uma entidade privada, constituída pela associação de


130

sociedades corretoras, que exercem a negociação de valores mobiliários,


com monopólio territorial. Dependem da autorização do Banco Central para
serem criadas e são fiscalizadas pela CVM. A bolsa é onde eu tenho a central
de todas as empresas que estão no mercado financeiro, ou seja, as empresas
que estão realmente vinculadas a essa estruturação. É uma entidade privada.
Além disso, o papel da bolsa está voltada a vida das ações, ou seja, uma S/A
fechada não está na bolsa de valores, vez que não está vinculada a esse
mercado de vendas de ações. Caso a S/A fechada queira vender as suas
ações, terá que vender entre sócios e acionistas do capital fechado. Não é
qualquer pessoa que vai estar ali diretamente.

 Mercado de Balcão: Constitui-se em toda operação de valores mobiliários


realizada fora da Bolsa de Valores, por meio de instituição financeira ou
sociedade corretora. A estrutura do mercado de balcão é voltada para
intituições financeiras e sociedades corretoras, que são as empresas que
cuidam disso para você.

OBS: A Bolsa de Valores opera somente o mercado secundário, pois realiza a


compra e venda de ações. Já o Mercado de Balcão opera no mercado primário e
secundário, pois além de comprar e vender ações, também subscreve os valores
mobiliários, ou seja, a emissão de novas ações só poderá ser feita por meio do
mercado de balcão.

Exemplo de Bolsas de Valores no Brasil: B³ BRASIL BOLSA BALÇÃO - Maior


Bolsa de Valores da América Latina; Única do Brasil após a quebra da Bolsa do Rio;
Está entre as 20 maiores do mundo; Quase 3 milhões de investidores.

4 BOLSA DE VALORES – HISTÓRIAS E OBJETIVOS

A primeira bolsa de valores oficial do mundo foi criada em 1531 na Antuérpia/Bélgica


com o objetivo de financiamento de empresas, investimentos de pessoas físicas e
jurídicas e vendas de commodities.
131

5 BOLSA DE VALORES AO REDOR DO MUNDO

 NYSE: Walmart, General Electric, AT&T, Johnson & Johnson


 London Stock Exchange: Astrazeneca, Glaxosmithkline, HSBC, British
American Tobacoo.
 Nasdaq: Facebook, Google, Amazon, Apple e Microsoft.
 EURONEXT: ASML Holding, Anheuser-Busch InBev, Air Liquide, Airbus.
 TOKYO STOCK EXCHANGE: Fast Retailing, Softbank, Tokio Electron
Limited, KDDI Corporation, Fanuc Corporation.
 HKEX: Tencent, AIA, China Construction Bank, HSBC Holdings.
 SHANGHAI STOCK EXCHANGE: ICBC, Ping An Insurance, Petrochina,
Agricultural Bank of China, Bank of China.

ATENÇÃO!

A bolsa e o dólar, em tese, são inversamente proporcionais, ou seja, quando o dólar


sobe a bolsa cai e vice-versa. Isso poeque o dólar é a moeda de maior utilização do
mundo e a bolsa é como um mecanismo de investimento. Ambos ficam oscilando.

CURIOSIDADE

Por que o símbolo do touro e do urso representam o mercado financeiro? Ambos


estão relacionados com as oscilações do mercado financeiro.O touro porque quando
vai dar uma chifrada, ele vai de baixo para cima e isso relaciona-se com a ascenção
do mercado financeiro. Já o urso, pois ele ataca de baixo para cima, então
representa a situação de queda da bolsa. Vale ressaltar ainda que ambos os
cenários, tanto de queda quanto de ascensão da bolsa são capazes de gerar
resultado para quem está investindo.

6 VALORES MOBILIÁRIOS

As sociedades anônimas podem emitir títulos de investimento ou valores mobiliários,


para a captação de recursos para a realização da atividade empresarial. Os
132

principais títulos emitidos por uma sociedade anônima são: a) ações; b) debêntures;
c) partes beneficiárias; d) bônus de subscrição; e) commercialpaper (nota
promissória)

6.1 AÇÕES: As ações são valores mobiliários que representam frações do capital
social, que concedem ao seu titular a qualidade de acionista da companhia, além de
um conjunto de direitos e deveres. Aqui, surge um problema, ou seja, qual o valor de
uma ação? A resposta é diversificada, pois depende de qual finalidade se almeja,
logo, de acordo com o objetivo pretendido, o valor da ação será determinado.

OBS: As ações são indivisíveis em relação a companhia (art. 28) e devem ser
nominativas (art. 20 c/c art. 31).

Segundo Fabio Ulhoa Coelho (2006, p. 183 -184), os valores são:


A. Valor nominal: É o valor obtido pela simples divisão do capital social pelo
número de ações. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o
capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. É
vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal.
B. Valor patrimonial: Resulta da divisão do patrimônio líquido da companhia
pelo número de ações. É o valor a que tem direito o acionista na liquidação
da sociedade ou amortização da ação.
C. Valor de negociação: É o valor obtido na sua venda, que pode variar em
razão de uma série de fatores, tais como comportamento do mercado,
desempenho da companhia e outros.
D. Valor econômico: É obtido por meio de avaliação com técnicas específicas
(fluxo de caixa descontado) e diz respeito ao valor que poderá ser pago por
uma ação em razão da rentabilidade da companhia.
E. Preço de emissão: É fixado pelos fundadores da companhia, sendo o preço
pago por quem subscreve a ação. É vedada a emissão de ações por preço
inferior ao seu valor nominal. A contribuição do subscritor que ultrapassar o
valor nominal (ágio) constituirá reserva de capital. As ações da companhia
aberta somente poderão ser negociadas depois de realizados 30% (trinta por
cento) do preço de emissão.
133

As ações, conforme a natureza dos direitos ou vantagens que confiram a seus


titulares, são ordinárias, preferenciais, ou de fruição. As ações ordinárias da
companhia fechada e as ações preferenciais da companhia aberta e fechada
poderão ser de uma ou mais classes.

a) AÇÕES ORDINÁRIAS (art. 16 c/c art. 110): Também chamadas de comuns, pois
conferem aos seus titulares os direitos comuns de acionistas, ou seja, direito de
voto, de participação nos lucros e perdas da sociedade, sem privilégios ou
limitações. São ações de emissão obrigatória. As ações ordinárias de companhia
fechada (art. 15) poderão ser de classes diversas, em razão de: I - conversibilidade
em ações preferenciais; II - exigência de nacionalidade brasileira do acionista; ou III -
direito de voto em separado para o preenchimento de determinados cargos de
órgãos administrativos.

b) AÇÕES PREFERENCIAIS (art. 17 c/c art. 111 c/c art. 15, §2º): São aquelas
ações que concedem aos seus titulares certas vantagens. As preferências ou
vantagens das ações preferenciais podem consistir: I - em prioridade na distribuição
de dividendo, fixo ou mínimo; II - em prioridade no reembolso do capital, com prêmio
ou sem ele; ou III - na acumulação das preferências e vantagens de que tratam os
itens I e II.

OBS: As ações preferenciais podem ou não conceder o direito de voto. O número de


ações preferenciais sem direito a voto, ou sujeitas à restrição no exercício desse
direito, não pode ultrapassar 50% (cinquenta por cento) do total das ações emitidas.

As ações preferenciais poderão ser divididas em classes, e o estatuto da companhia


com ações preferenciais declarará as vantagens ou preferências atribuídas a cada
classe dessas ações e as restrições a que ficarão sujeitas, e poderá prever o
resgate ou a amortização, a conversão de ações de uma classe em ações de outra e
em ações ordinárias, e destas em preferenciais, fixando as respectivas condições.

c) AÇÕES DE FRUIÇÃO (art. 44): Também chamadas de ações de gozo, são


aquelas atribuídas ao acionista, que amortizou suas ações ordinárias ou
preferenciais. São mantidos todos os direitos da ação amortizada. Amortização
134

significa a distribuição ao acionista, sem redução do capital social e a título de


antecipação, o valor a que teria direito em caso de liquidação da sociedade. A
amortização pode ser integral ou parcial e abranger todas as classes de ações ou só
uma delas.

6.2 PARTES BENEFICIÁRIAS (ART. 46)

A companhia fechada pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor
nominal e estranhos ao capital social, denominados “partes beneficiárias”. As partes
beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a
companhia, consistente na participação nos lucros anuais.

 A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação de


reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 10% dos lucros anuais da
companhia (art. 46, §2º).
 É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direito privativo de
acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos
administradores.
 É proibida a criação de mais de uma classe ou série de partes beneficiárias.
 As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições
determinadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a
fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados
à companhia.
 É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias (art. 47, §2º).
 O estatuto poderá prever a conversão das partes beneficiárias em ações,
mediante capitalização de reserva criada para esse fim

6.2 DEBÊNTURES

A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de
crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver,
do certificado, ou seja, assemelha-se a um empréstimo feito pela companhia, sendo
o credor o debenturista. A debênture terá valor nominal expresso em moeda
135

nacional, salvo nos casos de obrigação que, nos termos da legislação em vigor,
possa ter o pagamento estipulado em moeda estrangeira. A companhia poderá
efetuar mais de uma emissão de debêntures, e cada emissão pode ser dividida em
séries.

A debênture poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no


lucro da companhia e prêmio de reembolso, e poderá ser conversível em ações nas
condições constantes da escritura de emissão.

6.3 BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO E COMMERCIAL PAPPER

BS - Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições


constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será
exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de
emissão das ações.

Os bônus de subscrição serão alienados pela companhia ou por ela atribuídos,


como vantagem adicional, aos subscritores de emissões de suas ações ou
debêntures. Os acionistas da companhia gozarão de preferência para subscrever a
emissão de bônus.

CP – Criado pela Instrução nº. 134/90 da Comissão de Valores Mobiliários, é uma


espécie de nota promissória destinada à captação de recursos com o público em
geral, devendo ser restituído no prazo de 30 a 180 dias.

7 SOCIEDADE ANÔNIMA (S/A)

7.1 ÓRGÃOS DA SOCIEDADE ANÔNIMA Em regra, a companhia possui


quatro órgãos principais, que são: a) Assembléia Geral; b) Conselho de
Administração; c) Diretoria; d) Conselho Fiscal.
136

7.1.1 Assembleia Geral (art. 121/137): A assembleia-geral é o órgão máximo da


companhia, sendo convocada e instalada de acordo com a lei e o estatuto; tem
poderes para decidir todos os negócios relativos ao objeto da companhia e tomar as
resoluções que julgar convenientes à sua defesa e desenvolvimento.
Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício
social, deverá haver 1 (uma) assembleia-geral para:
I. Tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as
demonstrações financeiras;
II. Deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de
dividendos8;
III. Eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o
caso;
IV. Aprovar a correção da expressão monetária do capital social. As deliberações
da assembléia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão
tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em
branco.

TIPOS DE ASSEMBLEIAS:
 Assembleia Geral: É a reunião de acionistas para a deliberação de matéria
de interesse para a sociedade; deve ser convocada e instalada na forma da
lei e do estatuto.
 Assembleia Geral Ordinária: Deve reunir-se pelo menos uma vez por ano,
nos 4 primeiros meses após o encerramento do exercício social; deve receber
a prestação de contas dos administradores, analisar as demonstrações
financeiras, deliberar a destinação do lucro líquido e distribuir os dividendos,
eleger ou destituir os administradores e os membros do Conselho Fiscal e
aprovar a correção da expressão monetária.

8
Os dividendos das empresas são temas muito discutidos, seja nas sociedades que conhecemos
rotineiramente até as grandes companhias. Recentemente o Ministro da Economia propôs a
tributação de dividendos das empresas como forma de desoneração da folha salarial. Para entender
um pouco mais sobre o assunto:
https://www.google.com.br/amp/s/www.sunoresearch.com.br/noticias/dividendos-certamente-tributados-
paulo-guedes/amp/
https://www.google.com.br/amp/s/www.euqueroinvestir.com/dividendos-o-que-voce-precisa-
saber-sobre-tributacao/amp/.
137

 Assembleia Geral Extraordinária: Pode ser convocada e instalada a


qualquer tempo, sempre que houver necessidade de deliberação sobre
assuntos fora da rotina da cia., que não sejam de competência da Assembleia
Ordinária.
 Assembleias Especiais: Tratam dos interesses dos titulares de ações
preferenciais, de debêntures e de partes beneficiárias, para deliberar sobre
temas referentes à comunidade de direitos e interesses específicos de cada
grupo.

7.1.2 Conselho de Administração (art. 138/142): A administração da companhia


competirá, conforme dispuser o estatuto, ao conselho de administração e à diretoria,
ou somente à diretoria. O conselho de administração é órgão de deliberação
colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores. Será
composto por, no mínimo, 3 (três) membros, eleitos pela assembléia-geral e por ela
destituíveis a qualquer tempo. As companhias abertas terão, obrigatoriamente,
conselho de administração; nas demais, este órgão é facultativo.

Quando o Conselho de Administração e obrigatório:


a) Quando se tratar de companhia aberta.
b) Quando se tratar de sociedade de capital autorizado (art. 168, da Lei de S/A
diz o que é).
c) Quando se tratar de sociedade de economia mista. A sociedade de economia
mista, obrigatoriamente terá Conselho de Administração.

7.1.3 Diretoria (art. 143/160): É órgão obrigatório em qualquer sociedade


anônima (aberta ou fechada). A Diretoria representará a companhia e executará as
deliberações do Conselho de Administração e da Assembléia Geral, sendo
composta por 2 (dois) ou mais diretores, eleitos e destituíveis a qualquer tempo pelo
conselho de administração, ou, se inexistente, pela assembléia-geral. Poderão ser
eleitos para membros dos órgãos de administração pessoas naturais, devendo os
membros do conselho de administração ser acionistas e os diretores residentes no
país, acionistas ou não.
138

7.1.4 Conselho Fiscal (art. 161 a 165-A): A companhia terá, obrigatoriamente, um


conselho fiscal, e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente
ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas. O conselho
fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e
suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral.

7.2 DIREITOS E DEVERES DOS ACIONISTAS (CAP.X ART. 106)

O acionista é o titular de ações da sociedade por ações, sendo a sua principal


obrigação a de integralizar (efetuar o pagamento) as ações subscritas ou adquiridas.
Verificada a mora do acionista (não realização do pagamento), a companhia pode, à
sua escolha (art. 107):
a) Promover contra o acionista, e os que com ele forem solidariamente
responsáveis, processo de execução para cobrar as importâncias devidas; ou b)
Mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista. Além
do dever anterior, o acionista possui um conjunto de direitos assegurados por lei.
Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos
de:
I. Participar dos lucros sociais;
II. Participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III. Fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV. Ter preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis
em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição;
V. Retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.

7.3 ACIONISTA CONTROLADOR (ART. 116)

É aquele que detiver de modo permanente a maioria dos votos nas deliberações em
assembléia. Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o
grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que:
a) É titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a
maioria dos votos nas deliberações da assembléia-geral e o poder de eleger a
maioria dos administradores da companhia;
139

b) Usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o


funcionamento dos órgãos da companhia.

OBS: O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados
com abuso de poder.

7.4 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (ART. 175 e SS)

Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração
mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão
exprimir, com clareza, a situação do patrimônio da companhia e as mutações
ocorridas no exercício:
1. Balanço patrimonial: As contas serão classificadas segundo os elementos
do patrimônio que registrem e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento
e a análise da situação financeira da companhia.
2. Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados: A demonstração de
lucros ou prejuízos acumulados.
3. Demonstração do resultado do exercício: A demonstração do resultado do
exercício.
4. Demonstração das origens e aplicações de recursos: A demonstração
das origens e aplicações de recursos indicará as modificações na posição
financeira da companhia.

7.5 DISSOLUÇÃO DA COMPANHIA (ART. 206/219)

Dissolve-se a companhia:
1. De pleno direito: a) pelo término do prazo de duração; b) nos casos
previstos no estatuto; c) por deliberação da assembléia-geral; d) pela
existência de 1 (um) único acionista, verificada em assembléia-geral ordinária,
se o mínimo de 2 (dois) não for reconstituído até à do ano seguinte; e) pela
extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.
140

2. Por decisão judicial: a) quando anulada a sua constituição, em ação


proposta por qualquer acionista; b) quando provado que não pode preencher
o seu fim, em ação proposta.

OBS1: Após a dissolução, inicia-se a liquidação, na forma prevista no estatuto ou


determinada em Assembléia.

OBS2: Assim, extingue-se a companhia: pelo encerramento da liquidação; ou pela


incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras
sociedades.

 Transformação da sociedade: É a operação pela qual a sociedade passa,


independentemente de dissolução ou liquidação, de um tipo para outro. É
necessário proceder a alteração do ato constitutivo, obedecendo-se aos
preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela
sociedade. Assim, havendo a transformação, os direitos dos credores não
serão prejudicados (art. 220/222).
 Incorporação de sociedades: Significa a absorção de uma ou mais
sociedades, de mesmo tipo ou de tipos diversos, por uma outra, que lhe
sucede em todos os direitos e obrigações (art. 223 c/c 227).
 Fusão de sociedades: É a operação pela qual se unem duas ou mais
sociedades para formar uma sociedade nove, que lhes sucederá em todos os
direitos e obrigações. Desaparecem, no caso, as sociedades que se fundem;
os credores das sociedades poderão discordar da fusão e pleitear a sua
anulação (art. 223 c/c 228).
 Cisão de sociedades: É a transferência de parcelas do patrimônio de uma
sociedade para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já
existentes (art. 223 c/c 229).

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