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RESUMO SOBRE PESSOAS COLETIVAS:

1. DISCUSSÃO EM TORNO DA PERSONALIDADE COLETIVA:


Esta matéria levanta dúvidas porque estamos a considerar pessoas jurídicas entidades que não são
«seres humanos».
Várias teses vão tentar colmatar esta questão. Umas teses falam em ficção jurídica (certas entidades vão
ser tratadas como pessoas, ao poderem ser sujeitos das relações jurídicas). Outras falam na personalidade
coletiva como um meio criado pelo Direito para proteger certos interesses e fins. Também há as teses
organicistas, que consideram a pessoa coletiva um agrupamento de pessoas singulares.
MENEZES CORDEIRO entende pessoas coletivas como uma pessoa jurídica que não corresponde a um ser
humano.
Ideias mais importantes:
1) Ao contrário do que acontece com as pessoas singulares, a personalidade coletiva é atribuída às
entidades;
2) Ao contrário do que acontece com as pessoas singulares, as pessoas coletivas irão prosseguir fins;
3) Para que uma entidade seja pessoa coletiva, não é necessário que haja o substrato. É preciso que haja
um ato que constitua essa pessoa coletiva. E para extinguir a pessoa coletiva, é necessário outro ato.
Nota: muitas vezes, as entidades parecem pessoas coletivas, mas não o são: associações sem
personalidade jurídica e comissões especiais. Explicar a razão de não terem personalidade e aplicar o
regime dos artigos 195º- 201º.

2. QUE TIPOS DE PESSOAS COLETIVAS TEMOS?


Princípio da tipicidade: isto significa que só são admitidas pessoas coletivas tipificadas (reguladas ou
previstas) na lei. O direito civil e direito comercial são ramos do direito que regulam esta matéria. Existe
liberdade de constituir pessoas coletivas, mas têm de ser as pessoas coletivas que a lei regula.
Dentro das pessoas coletivas privadas, encontramos três tipos ou modalidades:
• ASSOCIAÇÕES: artigos 167º e ss;
• FUNDAÇÕES: artigos 185º e ss;
• SOCIEDADES: artigos 980º e ss;
Normalmente, diferenciamos o substrato pessoal do substrato patrimonial para contrapor associações e
fundações. Isto significa que as associações são compostas por pessoas (associados) e as fundações
partem de um conjunto de bens, que vão servir para desempenhar um determinado fim.
Também, há diferenças entre o fim lucrativo e o fim não lucrativo, e esta diferenciação está relacionada
com as sociedades e associações. Ou seja, a finalidade dos sócios vai ser a de retirar, através da atividade
prosseguida, lucros para distribuir. Nas associações, não há esse fim lucrativo.
• O facto de uma associação fazer atividades para ter dinheiro para desempenhar os seus fins não
significa que tenha fim lucrativo.
• O facto de uma sociedade ter fim lucrativo não significa que a atividade corra bem e que tenha
sempre lucro.

3. QUANDO É QUE HÁ PERSONALIDADE COLETIVA?


Nota: têm sempre de cruzar o regime geral e o regime especial. As disposições dos artigos 157º e seguintes
aplicam-se às associações, fundações e sociedades (por analogia). As disposições especiais são as dos
artigos 167º e seguintes (associações), 185º e seguintes (fundações) e 980º e seguintes (sociedades).

• Associação: i) 158º-1» temos de ter um ato de constituição em escritura pública ou outro meio; ii)
167 e 168º ditam as formas e formalidades (o que devem especificar, escritura pública, intervenção
do notário, publicação como necessária para que se produzam efeitos).

TUTORIAS TGDC II- Turma A


• Fundações: 158º-2 + 185º1 e ss. Vamos ter o ato de instituição, a elaboração dos estatutos e o
reconhecimento. Atenção à «prossecução de fins de interesse social».
• Sociedade: 980º e ss. Temos de ter um contrato de sociedade. 2 ou mais pessoas contribuem com
bens ou serviços para exercer uma atividade económica, para repartir os lucros.
Há discussão sobre as sociedades e a sua personalidade jurídica. Pires Lima e Antunes Varela consideram
que não há personalidade jurídica. Menezes Cordeiro considera que podem ter personalidade jurídica se
cumprirem os requisitos do 167º (analogia).
• Associações sem personalidade jurídica e comissões especiais: não há personalidade jurídica. Artigo
195º e ss. Atenção às liberalidades feitas às associações sem personalidade e à responsabilidade por
dívidas.

4. A CAPACIDADE JURÍDICA DA PESSOA COLETIVA:


Princípio da especialidade (artigo 160º1): as pessoas coletivas têm os direitos e obrigações necessários e
convenientes para prosseguir os seus fins. O fim da pessoa coletiva é que vai determinar a sua capacidade
jurídica? A doutrina dominante considera que sim (Prof. Oliveira Ascensão discorda).
As pessoas coletivas não vão ter os direitos e deveres inseparáveis à pessoa singular, como o direito a vida
(artigo 160º2).
Os atos das pessoas coletivas (dos seus representantes, agentes ou mandatário) podem dar origem à
responsabilidade civil das pessoas coletivas. (artigo 165º)
Considera-se que a liberdade contratual é abrangida nos «direitos» que as pessoas coletivas podem vir a ter,
dependendo do seu fim.

QUESTÃO RELEVANTE: Uma sociedade pode fazer doações? Como é que vamos enquadrar o artigo 160º1?
Considera-se que as sociedades podem fazer doações.

5. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA PESSOA COLETIVA:


Nota: relacionar sempre as regras gerais que se aplicam às fundações e associações (e sociedades, por
analogia, artigo…) com as regras específicas de cada modalidade.
Aspetos relevantes:
• Denominação- 167º
• Sede- 167 + 159º
• Órgãos e composição devem constar dos estatutos- 162º + 167º + 186º2
• Órgão da administração- 162º + 170º e ss
• Órgão Fiscal- 162º + 170º e ss
• Assembleia geral: 170º- não há nas fundações, mas há na associação (ter em conta o substrato)
A saber: princípio da divisão de poderes, princípio da colegialidade, princípio da livre aceitação e princípio
da responsabilidade.

6. O PROBLEMA DO LEVANTAMENTO/ DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


COLETIVA:
• A personificação de uma entidade leva a que esta tenha vontade e património autónomos
• A personalidade jurídica pode ser utilizada para fins ilícitos ou para que certas pessoas tenham um
escudo que lhes livre de incorrer em responsabilidade civil
• O levantamento da personalidade jurídica será o modo de apagar a pessoa coletiva para chegar à
pessoa singular que está por trás.

TUTORIAS TGDC II- Turma A

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